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Síndrome de Hurler

Aline Bezerra – Marcos Lucas


Definição
 Mucopolissacaridose tipo I / gargolismo
 Doença hereditária de caráter autossômico
recessivo
 Incapacidade de produzir a enzima
lisossômica α-L-iduronidase
 Esta enzima participa da degradação de
polissacarídeos (glicosaminoglicanos) complexos
presentes na matriz extracelular e do tecido
cartilaginoso.
 A deficiência desta enzima leva ao acúmulo
desses polissacarídeos no lisossoma,
acarretando na disfunção de células, tecidos e
órgãos.
 É caracterizada por retardo mental,
deformidades esqueléticas múltiplas e
opacidade corneana.
Definição
 Costuma ter início dependendo
dos níveis de metabolismo dos
mucopolissacaridose na criança
entre os primeiros meses e os
primeiros anos de vida;
 Como a causa é hereditária e
genética o bebê já nasce com a
doença;
 Em virtude da ausência da alfa-L-
iduronidase com excreção
excessiva de dermatan e
heparansulfatos na urina.
Histórico
 1917: relato de MPS II (Charles Hunter);
 1919: MPS I (Gertrud Hurler);
 1962: síndrome de Scheie (forma menos grave de MPS I);
 1968~1970: os Drs. Fratantoni, Hall, Wiesmann e Neufeld
chegaram a diversas conclusões significativas, mostrando que
as células de pacientes afetados pela doença eram incapazes de
degradar glicosaminoglicanos.
 1991 e 1992: foi identificado mutações no gene que leva à
deficiência da enzima α-L-iduronidase, o que impulsionou a
pesquisa de estratégias terapêuticas específicas para a doença.
Incidência
 Afeta aproximadamente 1 para cada 100.000 pessoas;
 Atinge igualmente ambos os sexos;
 Não apresenta diferenças significativas nas taxas de
incidência de todas as populações.
GAG’s: dermatan sulfato
e heparan sulfato
Etiologia
 Ocorre em um indivíduo que herda duas cópias defeituosas do gene da
enzima α-L-iduronidase;
 25% de probabilidade de ser afetada por mucopolissacaridose tipo I,
25% de probabilidade de ser não-portadora (homozigoto não-afetada)
e 50% de probabilidade de ser heterozigoto não-afetada (portadora);
 Os pais são heterozigotos obrigatórios e assintomáticos.
Etiologia
 O acúmulo de carboidratos no interior dos lisossomos de
vários tecidos e órgãos, sobrecarrega os fibroblastos,
condrócitos e osteócitos, que perdem suas funções e
ocasionam as diversas más formações esqueléticas e anomalias
da cartilagem hialina.

Figura 3. Acúmulo de glicosaminoglicanos dentro dos lisossomas celulares.


(A) Fígado mostrando lisossomas distendidos em hepatócitos e em células de Kupfer. (B) Biopsia
conjuntiva mostrando fibroblastos com diversos lisossomas distendidos.
Sintomas
 Os indivíduos portadores da Síndrome de Hurler
mostram um andamento crônico e progressivo da doença
que afeta diversos órgãos e tecidos, mais notadamente o
sistema nervoso central. Estas características clínicas
levam à morte na infância, geralmente entre 8 e 10
anos de idade.
Sistema Nervoso
 Acúmulo de glicosaminoglicanos nos lisossomas dos
neurônios, o que gera acúmulo de glicolipídios;
 O depósito destas moléculas levam à diversas complicações da
doença no SNC como retardo mental grave e hidrocefalia.
Sistema Esquelético
 Anomalias ósseas leves no primeiro ano de vida,
detectadas através de raio x;
 Por fim, se nota uma displasia óssea progressiva que
envolve todos os ossos;
 Muitas vezes, aproximadamente aos 2 anos, as
articulações ficam rígidas e podem ser afetadas por uma
artropia progressiva.
Aparelho Respiratório
 Rinite e rinorréia crônicas são comuns;
 A traquéia estreitada, cordas vocais espessas, tecido
redundante na via aérea superior e o aumento da língua,
contribuem para obstruir as vias respiratórias;
 A insuficiência respiratória causa atelectasia, fôlego curto
e infecções pulmonares.
Audição
 A deficiência auditiva pode ser
de natureza condutora ou
neurosensorial, geralmente
ambas;
 Os fatores mais comuns são:
formação de cicatriz devido às
infecções recorrentes do
ouvido médio, disostose dos
ossos auditivos intrínsecos e
lesão do oitavo nervo craniano
(nervo auditivo).
Visão
 A turvação corneana é característico de pacientes com
Hurler e pode ser progressiva, obstruindo a visão;
 A degeneração retinal é freqüente, causando uma
diminuição da visão periférica e cegueira noturna;
 Estas complicações podem evoluir para cegueira total do
paciente.
Aparelho Cardiovascular
 O depósito de polissacarídeos dentro e ao redor da
válvula cúspide ocasiona regurgitação mitral e aórtica
progressivas;
 Com o aumento do depósito de GAG, a cardiomiopatia
pode levar à morte súbita relacionada com arritmia,
coronariopatia e colapso cardiovascular.
Aparelho Digestivo
 É comum observar-se protuberância do abdome, causada
por hepatoesplenomegalia progressiva;
 Geralmente apresentam fezes soltas e diarréias, às vezes
alternada com períodos de constipação grave provocada
por depósito de GAG’s no interior das células
ganglionares do sistema nervoso entérico.
Diagnóstico
 Para o correto diagnóstico da Síndrome de
Hurler, é imprescindível obter resultados
clínicos detalhados e efetuar testes
bioquímicos;
 Com base na demonstração de deficiência
da enzima lisossômica α-L-iduronidase, a
atividade enzimática pode ser medida na
maioria dos tecidos;
 O diagnóstico pré-natal é feito
rotineiramente com células cultivadas de
biópsia de fluido amniótico, utilizando o
mesmo método de monitoramento da
enzima α-L-iduronidase.
Diagnóstico
 Amniocentese (exame realizado na
gravidez).
 Anamnese (história familiar).
 Exame físico.
 Exame clínico.
 Exames e testes neurológicos.
 Exames laboratoriais (excreção excessiva
de dermatan e heparansulfatos na urina,
presença nos leucócitos de granulações
anormais.
A amniocentese, já nos primeiros
 Pesquisa da alfa-L-iduronidase no plasma, meses de gestação, permite o
lágrimas, urina, leucócitos ou nos diagnóstico da síndrome mediante a
constatação nas células fetais de
fibroblastos. grânulos metacromáticos quando
testadas pelo azul-de-toluidina
Prognóstico
 Indivíduos com a doença apresentam deficiências físicas e
mentais significativamente progressivas que levam à
morte geralmente no final da infância ou início da
adolescência.
Tratamento
 Não existe tratamento específico, apenas sintomático;
 O tratamento sintomático pode melhorar a qualidade de
vida dos indivíduos afetados e de suas famílias.
Prevenção
 O aconselhamento genético é a melhor maneira de obter
informações sobre a natureza, hereditariedade e
implicações de distúrbios genéticos;
 A avaliação do risco genético e o uso do histórico
familiar ajudam a esclarecer o estado genético para os
membros da família.
Bibliografia
 Anderson WAD, Kissane J M. Patologia. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1982.
 Bogliolo L. Patologia geral básica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1978.
 Grewal SS, et al. Hurler Syndrome: outcome of second hematopoietic cell transplantation in Hurler
syndrome. Bone Marrow Transplantation, Mineapolis, USA, 2001.
 Manifestações da Síndrome de Hurler. Universidade Nove de Julho. Acessado em 08 de maio de
2010. Disponível na internet: http://www4.uninove.br/ojs/index.php/saude/article/viewFile/1431/1302
 Mucopolissacaridose tipo I. MPS I Monografia da Doença. Acessado em 05 de maio de 2010.
Disponível na internet: http://www.genzyme.com.br/thera/az/br_pdf_mps_mono.pdf
 Síndrome de Hurler. Enciclopédia Ilustrada de Saúde. Acessado em 05 de maio de 2010. Disponível
na internet: http://adam.sertaoggi.com.br/encyclopedia/ency/article/001204.htm

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