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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA

COMARCA DA CAPITAL/SC

Autos n. 0901063-98.2015.8.24.0023

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, por sua Promotora


de Justiça, nos autos da Ação Civil Pública n. 0901063-98.2015.8.24.0023, por Ato de
Improbidade Administrativa em epígrafe, vem, tempestivamente, apresentar
MANIFESTAÇÃO SOBRE AS CONTESTAÇÕES, pelos motivos que passa a expor:

RELATÓRIO

Trata-se de Ação Civil Pública por Ato de Improbidade Administrativa ajuizada em face
de Gilmar Knaesel e Eder Martins pela prática de atos previstos em lei específica, com
aplicação das penas previstas no art. 12, incisos I, II e III da Lei 8.429/82, em virtude dos
prejuízos causados ao erário oriundos do irregular repasse de recursos financeiros pelo
Fundo Estadual de Incentivo ao Esporte - FUNDESPORTE à Federação Catarinense de
Handebol para a realização do evento "Itajaí Handball Cup 2006".

Em seguida, os requeridos apresentaram Defesa Prévia e a Inicial devidamente


recebida em 05 de março de 2018 (evento 76).

Devidamente citados, apresentaram as respectivas contestações (eventos. 119 e 127)

Vieram os autos para réplica.

É o breve relato.

Da CONTESTAÇÃO DE GILMAR KNAESEL


A defesa assegura que o réu agiu de boa-fé uma vez que tinha o parecer jurídico
favorável da Secretaria Estadual à concessão da subvenção social, dessa forma, acreditou
estar dentro da legalidade.

Ademais, defende que não há prática de ato ímprobo, diante da inexistência de ato
antijurídico, da ausência de dolo e/ou má-fé na sua conduta, ademais, alegou não ficou
demonstrado na inicial algum benefício que o acusado tenha obtido.

Por fim, segundo a defesa os princípios da razoabilidade e proporcionalidade teriam


sido violados na peça inicial, aduz que a sanção deve ser equivalente à gravidade da infração
praticada.

Inicialmente, o réu Gilmar Knaesel tenta se esquivar das acusações sob a alegação
de que houve boa-fé em seus atos. No entanto, assim como corrobora a inicial, não seria
admissível que um gestor público, ainda dotado de boa-fé, ter concedido a verba por meio de
subvenções sociais, que ainda que houvesse a concessão, esta deveria ter ocorrido em outra
modalidade.

Ora, não é através deste argumento que o réu irá eximir-se de qualquer
responsabilidade das irregularidades descritas nos presentes autos.

Outrossim, aduz que a concessão de subvenção à Federação Catarinense de


Handebol ocorreu baseada em parecer jurídico favorável, motivo pela qual entendeu não
estar configurada a prática de ato de improbidade administrativa.

No entanto, esse argumento não deve prosperar.

O réu, Gilmar Knaesel, aproveitou-se das atribuições do cargo de Secretário de


Estado de Turismo, Cultura e Esportes para aprovar em 04.20.2005 para a Federação
Catarinense de Handebol o projeto esportivo intitulado "Handball Cup 2006", sem que o
procedimento estivesse de acordo com os requisitos materiais e formais para a concessão
de verbas públicas, ademais, se quer participou do evento.

No entanto, o réu ocupava cargo público de Secretário de Estado, isto é, de alto nível,
por isso, não pode o gestor público alegar desconhecimento da lei uma vez que a concessão
e a prestação de contas estavam de maneira irregular.

Por fim, vislumbra-se que o réu Gilmar Knaesel foi um dos responsáveis pela
concessão irregular da verba para o evento de handebol, causando prejuízo ao erário e
violando os princípios regentes da administração pública.

Portanto, sua conduta ímproba está proporcional às sanções previstas na Lei de


Improbidade Administrativa.
DA CONTESTAÇÃO DE ÉDER MARTINS

A defesa alega, preliminarmente, que a citação por edital é nula, posto que não teria
sido cumprida toda as exigências que a determina a legislação federal. No mérito, por meio
de negativa geral, contestou os fatos apresentados na inicial.

Entretanto, cumpre ressaltar que foram realizadas tentativas de notificação em


endereços por diversas oportunidades as quais restaram inexitosas em notificar o réu
conforme consta nos eventos 89 - 100 - 108.

Durante as diligências para localizar o paradeiro do réu, o Oficial de Justiça se dirigiu


ao seguinte endereço: Rua Irineu Leopoldina, 97 frente, oficinas - CEP 88702-495,
Tubarão/SC (evento 01), Rua Júlio Boppré, 2326, Oficinas – CEP: 88702-360, Tubarão/SC
(evento 98), Rua Laguna 2286, Apto 302, Bloco F, Tubarão/SC (evento 106).

Sendo assim, esgotou-se as informações do banco de dados disponíveis, restando


suficiente ao cumprimento do previsto no art. 256, I, do Código de Processo Civil.

Nesse sentido:

"A citação por edital constitui medida excepcional, possível apenas após verificada a
impossibilidade de realização da citação pessoal. Dito isso, restando comprovado que os
endereços obtidos via Infoseg e SIEL não permitiriam o sucesso da diligência pessoal, a
citação ficta deverá ser autorizada, a qual passará a ter plena validade. Nos casos em que
reste comprovada a improbabilidade de se localizar pessoalmente o réu, a respeito de quem
já não se obteve informações por meio de sistemas seguros (Infoseg e SIEL), não há
necessidade de diligenciar, adicionalmente, em cadastros municipais e estaduais de pessoas
e contribuintes" (TJSC, AC n. 0316239-58.2014.8.24.0038, de Joinville, rel. Des. Sebastião
César Evangelista, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 28.07.2016).

Por tais razões, não merece prosperar a tese arguida.

Ainda,

REQUERIMENTOS:
Diante do exposto, o Ministério Público requer a improcedência e rejeição de todas as
alegações em sede de contestação promovida pelos réus conforme o exposto e, reitera todos
os pedidos constantes na inicial.

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