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PROCESSO DE ENFERMAGEM DO APARELHO DIGESTÓRIO

FISIOLOGIA E ANATOMIA:

O sistema gastrointestinal possui importante função vital, uma vez que possibilita a aquisição
energética e eletrolítica. Inicia-se pela boca, passando pelo esôfago, estômago, intestinos: delgado, grosso
e reto terminando com o ânus. A funcionalidade desse sistema, está na importância da digestão dos
alimentos e na transformação destes, tornando possível a absorção das partículas pela corrente sanguínea
e a eliminação das porções não digeridas e não absorvidas, assim como a excreção de outros elementos
residuais orgânicos que, em excesso, causariam complicações ao organismo.

• Boca – responsável pelo início da digestão e do paladar, mastigação, trituração e deglutição dos
alimentos;

• Esôfago – tubo muscular oco, localiza-se no mediastino, atravessa o diafragma em uma abertura
chamada de hiato diafragmático;

• Estômago – a junção gastroesofágica é a entrada do estômago, que está situado na porção superior
esquerda do abdome, abaixo do lobo esquerdo do fígado e do diafragma, sobrepondo-se à maior parte do
pâncreas. Órgão oco com capacidade de aproximadamente 1500 ml, o estômago armazena alimento
durante a alimentação, secreta líquidos digestivos e impulsiona alimentos parcialmente digeridos,
chamado quimo, para dentro do intestino delgado. O estômago possui quatro regiões anatômicas: cárdia
(entrada), fundo, corpo e piloro (saída). O músculo liso circular na parede do piloro forma o esfíncter pilórico
e controla a abertura entre o estômago e o intestino delgado.

• Intestino delgado – É o segmento mais longo do trato gastrointestinal, com a função de secreção e
absorção, o processo pelo qual os nutrientes entram na corrente sanguínea através das paredes intestinais.
Ele possui três partes: a mais proximal é o duodeno, a parte média é o jejuno e a parte distal é o íleo. Elas
terminam na válvula ileocecal. Essa válvula ou esfíncter, controla o fluxo do material digerido a partir do
íleo para dentro da porção cecal do intestino grosso e impede o refluxo de bactérias para dentro do intestino
delgado. Acoplado ao ceco está o apêndice vermiforme, um apêndice que possui pouca ou nenhuma
função fisiológica. Desembocando no duodeno pela ampola de Vater, está o ducto biliar comum, que
permite a passagem da bile e das secreções pancreáticas.

• Intestino grosso – Consiste em um segmento ascendente do lado direito do abdome, um segmento


transversal que se estende da direita para a esquerda, no abdome superior, e um segmento descendente
no lado esquerdo do abdome. O cólon sigmoide, o reto e o ânus completam a porção terminal do intestino
grosso.

• Ânus – Uma rede de músculos estriados, que forma os esfíncteres anais interno e externo, regula a
saída anal.

As porções simpática e parassimpática do sistema nervoso autônomo inervam o trato GI. Os


nervos simpáticos têm efeito inibitório sobre o trato GI, diminuindo a secreção gástrica e a motilidade e
provocando a constrição de esfíncteres e vasos sanguíneos. A estimulação parassimpática provoca
peristalse e aumenta as atividades secretoras. O relaxamento esfincteriano está sob influência
parassimpática, exceto para o esfíncter da parte superior do esôfago e o esfíncter anal externo, que estão
sob controle voluntário.

O trato gastrointestinal produz diversas substâncias, dentre as quais hormônios (gastrina e


secretina) e as enzimas (pepsina e ácido clorídrico), que são responsáveis pelo processo de digestão,
absorção e eliminação.

EXAME FÍSICO:

O exame físico do abdome deve seguir a ordem:

1. Inspeção; 2. Ausculta; 3. Percussão; 4. Palpação.

Inspeção

Deve ser a primeira etapa ou momento do exame físico. A observação permitirá a inspeção de
formas, abaulamentos, retrações, simetria, cicatriz umbilical, pulsação ou movimento, para isso deve-se
dividir mentalmente o abdome, em suas devidas regiões. A verificação de circulação colateral (veias
dilatadas, observadas na hipertensão portal ou obstrução da veia cava) e o contorno, se necessário, medir
o contorno abdominal, tendo como ponto de partida a cicatriz umbilical. Essa medida é útil para
acompanhar a evolução da ascite (Barriga d'água).

Formas

• Plano = normal;

• Globosso = predomínio do diâmetro anteroposterior sobre o transversal. Ex: obesidade e gravidez.


Hérnia, eventração umbilical, inguinal, deiscência pós cirúrgica, abcesso;

• Retraído = desidratação, caqueixa.

Simetria

• Abaulado generalizado = ascite, pneumoperitônio, obesidade, meteorismo;

• Abaulado localizado = tumor intracavitário.

• Desvio lateral = hérnia, retração de cicatriz cirúrgica, queimadura;

• Protundente = aumento da pressão intra-abdominal (ascite, tumor, hérnia).

• Circulação colateral na ascite = hipertensão portal e obstrução da veia cava;

• Dilatação da aorta = arterioesclerose, aneurisma.

Ausculta

Esta deve ser realizada através do uso do estetoscópio, seu objetivo é avaliar as condições da
motilidade intestinal, buscando auscultar ruídos hidroaéreos e vasculares que refletem as contrações de
segmentos não relaxados do estômago e do intestino. A observação das características e frequência dos
ruídos abdominais originam-se com a movimentação de ar e líquidos através do intestino delgado. Os
ruídos intestinais têm uma tonalidade aguda, gorgolejante (sons de água), em cascata, e ocorrem de forma
irregular, variando de momento a momento em intensidade, frequência e tonalidade, com frequência entre
3 e 30 vezes por minuto. Não se dê o trabalho de contá-los. Avalie os sons normais, hipo e hiperativos.

• Borborigmo: borbulhamento prolongado e intenso que reflete hiperperistalse ou aumento do conteúdo


das alças intestinais.

• Ruídos hidroaéreos aumentados: podem ser evidenciados em casos de diarreia, obstrução intestinal
(fase inicial).

• Ruídos hidroaéreos diminuídos: nos casos de íleo paralítico, obstrução intestinal (fase com edema e
isquemia/necrose da parede visceral), peritonite difusa (em geral associada à dinâmica do íleo).

Percussão

A técnica mais utilizada para a percussão do abdome é a digito digital em cada ponto a ser
examinado. Para facilitar a execução desta etapa, o enfermeiro pode padronizar a sequência por regiões.
O som característico do abdome vai depender do local específico palpado, podendo variar do timpânico
ou maciço. Um som timpânico revela a presença de ar encarcerado em vísceras ocas, estômago e alças
intestinais.

O som maciço ocorre sempre em condições normais, quando a estrutura percutida confere com
uma víscera sólida, como é o caso do fígado. No entanto, também ocorre macicez em presença de líquido,
fezes ou massas abdominais e tecido adiposo. Macicez nos flancos pode sugerir ascite, que deve ser
confirmada com outras manobras semiológicas, como o piparote. A percussão do fígado – é preciso
delimitar sua altura, na linha hemiclavicular média direita, geralmente no nível do quinto espaço intercostal
direito, identificando o som maciço. A seguir, percutir a borda inferior do fígado próxima ao rebordo costal.

A percussão do baço – inicia-se a altura da décima costela, na linha axilar média. Geralmente o baço não
pode ser percutido, por que o timpanismo do cólon oculta a macicez do baço.

Teste de piparote – (teste de onda líquida), o examinador coloca a mão espalmada no flanco esquerdo do
paciente e com a mão direita dá um piparote com o dedo médio no lado contralateral. Quando há ascite,
a onda líquida se transmite o examinador a sente na mão esquerda.

OBS: não percutir o abdome se o paciente for portador de aneurisma de aorta abdominal; isso poderia
levar a uma ruptura.

Palpação

Engloba duas etapas: superficial e profunda. A palpação superficial permite a avaliação da


sensibilidade e o grau de resistência da parede abdominal, assim como a identificação de massas
superficiais ou visceromegalias significativas. Deve ser realizada com pouca pressão nas mãos
sobrepostas, ou apenas com uma mão, com os dedos retos sobre a parede abdominal, com movimentos
leves e circulares. Todos os quadrantes devem ser explorados. A palpação profunda permite que seja
avaliado as estruturas abdominais profundas, como a presença de massa, vísceras, vasos, hérnias etc.
Deve ser realizada preferencialmente com as mãos sobrepostas, comprimindo o abdome cerca de 5 a 8
cm e usando as superfícies palmares dos dedos, explorando os quatro quadrantes. Sinais importantes de
inflamação intra-abdominal:

• Sinal de Rovsing: O enfermeiro deve comprimir a fossa ilíaca esquerda no sentido do cólon ascendente,
que produzirá dor intensa em quadrante inferior direito. Isso se dá devido ao deslocamento retrógrado dos
gases que irritam a área inflamada do apêndice cecal, é descrito positivo para o sinal de Rovsing.

• Sinal de Murphy: Normalmente a palpação hepática não causa dor. Para avaliar o aumento e inflamação
da vesícula ou colecistite, palpar o hipocôndrio direito, próximo ao epígastro, a presença de dor durante a
palpação evidencia quadros de colecistite.

• Teste de Blumberg: Ou descompressão brusca súbita da parede faz com que o deslocamento rápido
do peritônio inflamado provoque dor, indicando assim a presença de peritonite.

SONDAGEM NASOGÁSTRICA (CNG/SNG)

É a introdução de um cateter do nariz para a boca, pode ser chamada também de sonda de
LEVINE, possui uma luz única em tamanhos de 14 a 18 com 125 com de diâmetro. Tem indicação
terapêutica de curto prazo, variando de 3 a 4 semanas e é medida a ponta do nariz ao lóbulo da orelha e
deste até o apêndice xifoide.

Durante o procedimento o paciente deve ser posicionada em Semi-fowler, durante a introdução


da sonda deve-se pedir para o paciente deglutir, assim facilitará a introdução da sonda e haverá menos
riscos da mesma parar do pulmão.

Após a introdução da sonda deve-se fazer um teste para verificar se ela está no estômago, serão
necessários estetoscópio e uma seringa de 20ml. Injeta 20ml de ar e auscultar no estômago para confirma
se a sonda foi introduzida corretamente.

Materiais: Sonda Gástrica (Levine); Luva estéril; Seringa 20 ml; Xilocaína gel; esparadrapo; Gaze;
Biombo; Estetoscópio; toalha.

Procedimento: Lavar as mãos, reunir o material; Explicar o procedimento ao paciente mesmo que
inconsciente e familiares; Elevar a cabeceira da cama, deixando o paciente em fowler; Calçar luva estéril;
Medir a sonda gástrica do lóbulo da orelha, a ponta do nariz até o apêndice xifoide e realizar a marcação
com a fita adesiva; Lubrificar a sonda utilizando xilocaína gel; Introduzir lentamente a sonda em uma das
narinas, pedindo ao paciente que degluta para facilitar a descida da mesma até a marcação com a fita;
Observar sinais de cianose, dispneia e tosse, principalmente se paciente estiver inconsciente; Injetar 20
ml de ar na sonda e auscultar na altura do estômago; Fixar a sonda no nariz com a fita adesiva, fechá-la
ou conectá-la ao coletor; Deixar o paciente em posição confortável.

Obs: A sonda Orogástrica é um procedimento semelhante a SNG, só alterando o local de introdução,


sendo inserida na boca - Medição: Lóbulo da orelha, boca e deste até o apêndice xifoide.

SONDAGEM NOSOENTERAL (DOBBHOLL)

É a introdução de um cateter de poliuretano ou silicone, através da narina, passando pelo esôfago,


estômago, duodeno e jejuno com a finalidade de alimentar e hidratar. Medida da ponta do nariz ao lóbulo
da orelha e deste até a cicatriz umbilical. Teste de verificação: RAIO X. Paciente deve ficar em Fowler.

Materiais: Sonda; luva estéril; xilocaína gel, esparadrapo; gaze; biombo; toalha.

Procedimento: Lavar as mãos, reunir o material: explicar o procedimento; elevar a a cabeceira da cama,
deixando o paciente em Fowler; calçar luva estéril; medir a sonda e realizar a marcação; lubrificar a sonda;
introduzi-la lentamente nas narinas pedindo para que o paciente faça movimentos de deglutição; fixar a
sonda; aguardar 2h para mandar o paciente para o raio x; após o raio x retirar o fio-guia, manda para
esterilização (durante a retirada da sonda deve-se introduzir novamente o fio-guia para poder então retira-
la).

Diagnósticos relacionados ao sistema digestório:

Deglutição prejudicada relacionada a dificuldade para deglutir, dor epigástrica, evidenciado por
problema de comportamento alimentar.

Nutrição desequilibrada: menor do que as necessidades corporais relacionada a incapacidade


percebida de ingestão de alimentos, diarreia, ingestão de alimentos menor que a ingestão diária
recomendada, evidenciado por incapacidade de ingerir os alimentos.

Constipação relacionada a diminuição na frequência normal de evacuação, acompanhada por


eliminação difícil de fezes, evidenciado por alterações nos hábitos alimentares, ingestão de fibras
insuficientes, motilidade gastrointestinal diminuída.
Diarreia relacionada a eliminação de fezes soltas e não formadas, evidenciado por má absorção,
parasita, infecção, abuso de laxantes, ansiedade.

Incontinência intestinal relacionado a eliminação involuntária de fezes, evidenciado por alterações nas
funções cognitivas, anormalidade do esfíncter retal, capacidade do reservatório prejudicada,
diarreia crônica.

Termos técnicos: AFAGIA (impossibilidade de deglutir), CONSTIPAÇÃO (demora na passagem de fezes),


COPRÓLITO (massa endurecida nas fezes), DISFAGIA (dificuldade de deglutir), ÊMESE (ato de vomitar),
ENTERALGIA (dor intestinal), GASTRALGIA (dor de estômago), HALITOSE (mau hálito), HEMATÊMESE
(vômitos com sangue), MELENA ( fezes com sangue), PIROSE (sensação de ardência do estômago a
garganta), POLIDIPSIA (sede excessiva), REGURGITAÇÃO (volta de comida do estômago), SIALORRÉIA
(salivação excessiva).

PROCESSO DE ENFERMAGEM DO APARELHO URINÁRIO

FISIOLOGIA E ANATOMIA:

A eliminação da urina pelas mulheres, anatomicamente, é diferente nos homens, pois o canal
uretral é localizado entre o clitóris e a vagina. É um orifício pequeno e de difícil visualização, denominado
de meato uretral e se comunica com a bexiga. Grande parte das mulheres apresentam infecções urinárias
(IU), devido sua estrutura anatômica. A avaliação do Enfermeiro é indispensável no cuidado para a
prevenção da Infecção do trato urinário (ITU).

Diferente das mulheres, o meato urinário nos homens exerce, não somente a função de micção
como também permite a saída dos espermatozoides. Sua uretra possui três divisões: a próstata,
membranosa e peniana.

Para melhor compreensão deste tópico, é importante que você saiba os principais órgãos
responsáveis pelo processo de formação e eliminação da urina. São eles: Rins (esquerdo e direito e
glândulas sudoríparas), ureteres (esquerdo e direito) bexiga, uretra e meato uretral.

O rim é um órgão de estrutura côncava e convexa posicionado verticalmente, um em cada lado


da coluna vertebral, na parte posterior do peritônio e à frente aos músculos das costas. Suas diferenças
de tamanho estão relacionadas a posição anatômica do fígado, logo, o rim direito é menor. Sua função é
filtrar o sangue para que as escórias, produzidas pelo metabolismo, sejam eliminadas. Este mecanismo
funciona com o auxílio da artéria renal, que permite, por meio da divisão da aorta abdominal, a chegada
do sangue aos rins. O responsável pela produção da ureia é o néfron, denominado a unidade funcional do
rim. Constitui-se de glomérulo, cápsula glomerular, túbulo contornado proximal, alça nefrótica, túbulo distal
e túbulo coletor.

A rede capilar do glomérulo possui um amontoado de vasos sanguíneos dando origem ao


processo de filtragem do sangue e produção da urina. A filtração da água, aminoácidos, creatinina, ureia,
glicose e eletrólitos ocorre nos capilares glomerulares e impedem que moléculas grandes de proteínas e
células do sangue não sejam filtradas pelos mesmos. Isto significaria: lesão glomerular proveniente de
grandes moléculas proteicas presentes na urina(proteinúria). Segundo Potter, este componente nefrótico
é capaz de filtrar, cerca de 125ml por minuto. Sendo 1% excretado como urina e 99% reabsorvidos para o
plasma. Nas situações em que há um excesso de glicose no sangue que dificulta o filtrado glomerular,
a sua reabsorção fica prejudicada e favorece seu aparecimento na urina (glicosúria). Isto ocorre quando o
nível de glicose na corrente sanguínea excede ao valor 200mg/dl(11mmol/L). Nas gestantes e pacientes
com diabetes Melitus (DM) acontece com mais facilidade.

Nos adultos sem complicações renais, é possível eliminar uma média de 1200 a 1500ml/dia de
urina. Ao apresentar um débito urinário < que 30ml/h, significa provável comprometimento circulatório, no
volume sanguíneo ou renal. Para que ocorra a formação da urina, algumas etapas, neste processo
fisiológico, precisam ser cumpridas a fim de favorecer o bom funcionamento do sistema renal. São elas:

• Filtração glomerular: com aproximadamente 1.200ml/min de fluxo sanguíneo circulante nos rins;

O processo de filtração glomerular para o início da formação da urina se dá por meio da arteríola
aferente. Ela recebe este volume sanguíneo que imediatamente o transporta para dentro do glomérulo.
Neste momento ocorre a filtração. 20% deste é filtrado para o interior do néfron com uma contribuição
aproximada de 180L/dia de filtrado. Túbulos renais. Recebe o líquido filtrado ou ultrafiltrado, assim
chamado. Este é composto por água, eletrólitos e diminutas moléculas das quais possuem acesso livre
para passagem, diferente das hipermoléculas, que continuam na corrente sanguínea. Filtração eficiente.
Só será possível com a quantidade adequada do fluxo sanguíneo a fim de garantir uma resistente pressão
por meio do glomérulo.

• Reabsorção Tubular e secreção tubular. Nesta fase, a segunda e terceira etapas decorrem nos: Túbulos
renais; denominados de reabsorção tubular e secreção tubular. Na primeira, há saída de um elemento do
filtrado retornando para o interior dos capilares peritubulares ou vasos retos. Na segunda, ocorre a inversão
da primeira. Um elemento se desloca dos capilares peritubulares ou vasos retos para o interior do filtrado
tubular.

EXAME FÍSICO

Todo o exame físico é iniciado da cabeça aos pés (encéfalo caudal). Aqui, não será diferente.
Porém, daremos ênfase para o sistema renal. É de grande valia ouvir o relato do paciente e durante o
exame físico, pedir para que aponte o local onde há o incômodo. Na realização do exame físico é
importante que o profissional o realize de modo seguro e preciso a fim de identificar possíveis alterações.
As áreas de maior importância para a realização do exame físico urinário são compostas pelas regiões:
Suprapúbica; Genitália; Região lombar e; Membros inferiores.

Vejamos agora a técnica correta para a realização da palpação dos rins (Método de Devoto):

• Posicionar o paciente em decúbito dorsal confortavelmente;

• Posicionar uma das mãos sob as costas do paciente com os dedos sob as costelas inferiores;

• A outra mão (palma da mão) deverá ser colocada na região anterior ao rim com os dedos sobre o
umbigo;

Faça um leve movimento para cima, no mesmo momento em que o paciente inspira profundamente. Esta
técnica deverá ser feita em ambos os lados.

Durante a palpação dos rins, observe a face e/ou expressão de dor no paciente, o tamanho
aproximado e sua mobilidade, não esquecendo que o rim direito é menor. Neste momento você poderá
perceber o polo inferior arredondado e liso do rim entre as mãos. Esta percepção será mais dificultosa com
pacientes obesos. Nos casos de dor no exame, nas proximidades da 12ª costela e a coluna vertebral, é
sugestivo de alteração renal.

Ainda na região abdominal, é possível auscultar na linha média de ambos os lados dos quadrantes
superiores, sons. Se estiverem muito baixo, é sugestivo de estenose da artéria renal ou aneurisma aórtico.
Avalia-se também, se há presença de líquido na região peritoneal, uma outra casa de comprometimento
renal.

Para a avaliação da bexiga, solicite ao paciente:

• Desprezar a urina antes de iniciar o exame;

• Faça a percussão. Assim, você poderá identificar volume urinário residual;


• Sua técnica é iniciada na linha média, sobre a linha umbilical descendo até chegar na região inferior;

• Você perceberá uma alteração nos sons, de timpânico para maciço quando a bexiga é percutida;

• No caso de som maciço à percussão, após o esvaziamento da bexiga, significa que o esvaziamento
vesical foi incompleto.

Quanto as genitálias, é importante a avaliação, pois evitaremos diversos fatores que predispõem
a doenças do aparelho urinário. Nos homens, geralmente idosos, podem ser acometidos pela hiperplasia
benigna da próstata (HBP), muito comum nas disfunções urinárias. Seu exame deve ser realizado por
meio da palpação retal digital (ERD), de preferência anualmente em homens com 50 anos ou mais. Já
aqueles que possuem história de câncer deverão fazer com 45 anos. Para a realização do procedimento,
o profissional deverá:

Posicionar o paciente com a região peitoral e joelhos apoiados sobre a maca. O glúteo deverá ficar
elevado (posição genupeitoral) ou;

Posicionar o paciente em decúbito lateral esquerdo, flexionar o membro inferior direito (MID), ângulo
de 90°, de maneira que o joelho possa encostar no abdome e o membro inferior direito estirado.
A primeira posição é considerada mais adequada para a realização do exame;

Iluminar o local a ser visualizado;

Calçar luvas (obrigatório);

Inspecionar a região para possíveis achados;

Lubrificar o dedo enluvado e introduzir;

Observar tônus do esfíncter externo, sensibilidade, presença de tumores;

Avaliar os parâmetros semiológicos como:

• Volume; Forma; Limites; Superfície; Consistência e; Sensibilidade.

Uma próstata sem anormalidades apresentará um tamanho similar ao de uma castanha, na forma
triangular com limites nítidos, superfície lisa, consistência muscular e sensibilidade dolorosa. Qualquer
alteração destas citadas, é sugestivo de comprometimento prostático que pode levar ao distúrbio urinário.
Concomitante ao exame digital, faz-se também a coleta de sangue para a identificação do nível específico
da próstata a fim de correlacionar os dois exames. No sexo feminino, faz-se a visualização da vulva, do
meato uretral e da vagina. Para isto, a paciente deverá:

Ser posicionada em uma cama ginecológica, com apoio para ambas as pernas e de modo que fiquem
afastadas (posição ginecológica);

Observar a presença de divertículos na uretra;

Observar a ação favorável do estrogênio e para os tipos de herniação que podem ser visualizados na
vagina.

• Ureterocele – abaulamento da parede vaginal anterior para o interior da

uretra;

• Cistocele – herniação da parede da bexiga para dentro da abóbada vaginal;

• Prolapso pélvico – colo que se abaúla para o interior da abóbada vaginal;


• Enterocele – herniação do intestino para o interior da parede vaginal

posterior;

• Retocele – herniação do reto para o interior da parede vaginal.

Solicitar que a paciente tussa, estimulando a manobra de valsalva. Assim, você avaliará o sistema da
uretra do suporte muscular e ligamentoso.

Observar se há extravasamento da urina

Realizar a manobra de Marshall-Boney (posicionamento dos dedos indicador e médio sustentam a uretra
durante a manobra de valsalva. Se não houver extravasamento da urina durante a manobra de Marshall-
Boney, suspeita-se de incontinência urinária.

Observar presença de edema na face, tornozelos e região sacra;

Observar alterações no peso corporal. 1kg de peso que o paciente ganha, corresponde à 1000ml de
líquidos retidos.

A percussão também é realizada na região lombar com a finalidade para a percepção de sensação
dolorosa durante o procedimento. A técnica corresponde em:

Posicionar o paciente sentado sobre a maca ou em posição ortostática (de pé) com as costas voltadas
para o examinador (você);

Com a mão firme, e fechada, golpeie a região na altura dos rins. Se o paciente referir dor, é sugestivo
de comprometimento renal;

Fazer o procedimento em ambos os lados.

Faz-se necessário o exame físico nos membros inferiores para a avaliação dos reflexos tendinosos
profundos do joelho quanto a qualidade e simetria do seguinte modo:

Posicionar o paciente sentado sobre a maca, com os MI pêndulos. Toque, de modo delicado, com o
martelo para avaliação neurológica, no tendão patelar (localizado entre a patela e a tíbia). Você
perceberá que a região tibial se elevará como resposta ao estímulo tendinoso;

Certifique-se que o exame foi realizado de maneira correta. A ausência desse reflexo, é sugestivo para
a incontinência urinária. Pois a região sacra contém os mesmos nervos que circundam os
membros inferiores;

Observar o padrão de marcha, geralmente, há o apoio dos artelhos para depois apoiar os calcanhares
ao chão. Estes sugerem possibilidades para distúrbios supraespinhais para a incontinência
urinária.

CATETERISMO VESICAL

A cateterização vesical é uma alternativa invasiva, cujo uma sonda é introduzida no interior da
bexiga, através da uretra, objetivando drenar a urina ou instalar medicamento ou líquido. As sondagens
vesicais podem ser de dois tipos: A sonda de alívio a qual é inserida por um curto período de tempo e
removida logo em seguida, e a sonda de demora ou de retenção que pode manter-se no local por um
período prolongado.

O volume urinário esperado no adulto é de 30 a 50 ml/h e em crianças com menos de 1 ano


2ml/kg/h, crianças acima de 1 ano 1ml/kg/h.
Cateterismo de demora (sonda de folley acoplada ao sistema fechado).

É um procedimento estéril que consiste na introdução de uma sonda até a bexiga, através da
uretra, com a finalidade de facilitar a drenagem da urina ou instilar medicação ou líquido, com tempo de
permanência longo (pode variar de dias a meses), determinado pelo médico. A cada dia de permanência
com o cateter de demora soma-se 5-10% de risco de aquisição de infecção de trato urinário.

Cateterismo de alívio (Intermitente, sonda uretral).

 O cateterismo vesical intermitente ou cateterismo vesical de alívio é um procedimento que


visa o esvaziamento periódico da bexiga pela introdução de um cateter pelo meato urinário
até a bexiga. É considerado o primeiro tratamento em pacientes com disfunção de origem
neurológica ou idiopática do trato urinário inferior, que resultam no esvaziamento
incompleto da bexiga.

Indicações do cateterismo vesical

Paciente com retenção urinária ou obstruções vesicais;

Mensuração urinária em pacientes críticos;

Pacientes pré-operatórios;

Em cirurgias urológicas;

Grandes volumes de infusão e uso de diuréticos;

úlceras sacrais com incontinências;

Para ofertar conforto quando for necessário.

Observações:

cateter vesical em mulheres: 14 a 16 fr;

cateter vesical em homens: 18 a 20 fr;

com resistência uretral: 22 a 24 fr;

na mulher, a introdução do cateter pode atingir 7,5 cm

no homem, po possuir um canal uretral mais longo, esta introdução pode atingir de 15 a 25 cm;

no homem, a lubrificação deve ser diretamente na uretra, com 20ml de gel anestésico.

Materiais: bandeja de cateterismo vesical estéril (uma cuba rim, uma cuba redonda, uma pinça anatômica,
uma pinca kelly, gazes); sonda vesical de calibre adequado ao paciente (se o cateterismo for de demora,
sonda de folley, se dor de alívio, sonda uretral); xilocaína gel, luva estéril, duas seringas de 20ml (no
paciente masculino, 1 seringa servirá para introduzir a xilocaína no uretral); uma agulha 40x12; duas
ampolas de água destilada; esparadrapo; clorexidina, bolsa coletora de urina (sistema fechado)

Termos técnicos: retenção urinária (incapacidade de esvaziar a bexiga); incontinência urinária (perda
involuntária de urina); disúria (desconforto durante e após urinar); oligúria (diminuição da quantidade de
urina); poliúria (excesso de urina); polaciúria (necessidade de urinar com mais frequência que o normal);
hematúria (sangue na urina); piúria (presença de pus na urina); glicosúria (presença de glicose na urina);
anúria (ausência de produção de urina); colúria (urina com coloração escura); enurese (perda noturna
do controle da urina); noctúria (urinar com frequência durante a noite).
Diagnósticos de enfermagem relacionados ao sistema urinário:

Eliminação prejudicada relacionado a disúria, hesitação, incontinência urinária, noctúria, evidenciado


por infecção no trato urinário.

Incontinência urinária de esforço relacionado a perda involuntária de pequeno volume de urina,


evidenciado por deficiência intrínseca do esfíncter uretral.

Incontinência urinária de urgência relacionada a perda involuntária de urina que ocorre imediatamente
após uma forte sensação de urgência para urinar, evidenciado por capacidade vesical diminuída,
infecção na bexiga, uretrite atrófica, vaginite atrófica.

Retenção urinária relacionada a incapacidade de esvaziar a bexiga completamente, evidenciado por


bloqueio no trato urinário, esfíncter uretral muito potente, pressão uretral alta.

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