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3.

Objeto Social

3.1 o que é?

O objeto social constitui um elemento essencial do contrato de sociedade, pelo


que a falta da sua estipulação no pacto, constitui a nulidade do mesmo, nos termos do
artigo 42.º, n.º 1, alínea b.), do C.S.C. Podemos definir o objeto social, como a
atividade(s) económica específica que a sociedade se propõe a desenvolver.

Coutinho de Abreu, caracteriza o objeto social como “a atividade económica de


não mera fruição que o sócio ou os sócios se propõem exercer através da sociedade
(ou propõem que a sociedade exerça). Já José de Oliveira Ascensão, por sua vez, diz
nos que “o fim imediato, ou objeto, de uma sociedade é nos dado pelo artigo 980.º do
Código Civil. É uma empresa, caracterizada como o exercício em comum de certa
atividade económica, que não seja de mera fruição. Vimos por outro lado que, por
incidência do fim mediato, essa atividade deve ser em abstrato lucrativa”; José Engrácia
Antunes refere que “para que uma sociedade seja considerada comercial o conjunto de
atos mencionados nos respetivos estatutos como constituindo o seu objeto deve
consistir em atos de comércio...”

3.2 como é definido?

De modo geral, quando se decide abrir uma empresa, um dos primeiros passos é
formalizar o negócio. Será nesta etapa, que o empreendedor deverá definir o propósito
econômico, visto que todo negócio objetiva a geração de lucro. uma empresa não pode
exercer uma atividade para a qual não tenha o registro junto aos órgãos
competentes. Também é proibido emitir um documento fiscal em desacordo com o
produto vendido ou serviço prestado. Por estes motivos, a delimitação do objeto social
deve ser ponderada com atenção.

Concentre-se na descrição das atividades da empresa Acima de tudo, o objeto


social deve ser visto como um planejamento. Em resumo, deve-se incluir as prováveis
atividades que a empresa poderá exercer ao longo do tempo. Por isso, conhecer as
diferentes estruturas jurídicas ajuda a mensurar os objetivos, responsabilidade e
finalidade do negócio. Dessa forma, aconselha-se considerar a possibilidade de
expansão das atividades, o que evita a necessidade de alterar o contrato social quando
a empresa começar a crescer. Esta observação é válida principalmente quando se trata
da abertura de uma sociedade limitada, que deve ter um objeto social bem definido.
Visto que o código civil prevê o término automático da sociedade em caso de dissolução
ou extinção do objeto social.

Poderemos então depreender, que devidamente elencada a atividade que a


sociedade se propõe a exercer, é necessário que essa atividade esteja concretamente
determinada. Esta determinação decorre umas vezes de forma direta, outras de forma
implícita.

Em primeiro lugar, impõe-se que para que uma sociedade seja comercial, a
mesma terá que ter como objeto atos de comércio (cfr. artigo 1.º, n.º 2, do CSC). No
entanto, a prática de atos de comércio consubstancia uma noção muito vaga, pelo que
não é aceitável apenas este grau de determinação, face às disposições legais supra
elencadas. A inserção do objeto social no pacto social é de carácter obrigatório, pelo
que a sua não estipulação no mesmo corretamente redigida em língua portuguesa -,
gera a nulidade do contrato de sociedade (cfr. artigos 9.º, n.º 1, al. d), 11.º, n.º 1 e 42.º,
n.º 1, al. b), todos do CSC).

Tendo em conta a obrigatoriedade de publicidade do pacto social e estando o


mesmo disponível para consulta pública, o intuito do legislador foi claro ao prescrever a
obrigatoriedade de menção do objeto social no mesmo: a sociedade deve dar a
conhecer a sua atividade aos demais operadores do tráfego jurídico, inclusive ao estado.

3.3 o que a lei fala sobre ele?

A sociedade limitada é regulada pelas normas e disposições próprias inseridas


nos artigos 1.052 a 1.087 do Novo Código Civil, e uma das inovações diz respeito à
regência supletiva nas hipóteses de omissões e falta de regramentos.

Determina o artigo 1.053 do Código Civil que a sociedade limitada se rege nas
omissões e falta de regramentos pelas normas da sociedade simples, entretanto, no ato
constitutivo e na elaboração do contrato social, os sócios poderão prever e eleger a
regência supletiva pelas normas da sociedade anônima. Assim as lacunas e omissões
do capítulo atinente às sociedades limitadas poderão ser supridas pelas disposições
contidas na Lei 6404/76.

Cumpre ressaltar que antes do Novo Código Civil, a regência supletiva era
contratual, ou seja, aplicava-se a LSA quando omisso o contrato social, portanto os
sócios poderiam contratar contrariamente as disposições legais das sociedades por
ações. A inovação trazida pelo Novo Código Civil é a de que agora a regência é legal,
isto significa dizer que, na omissão dos artigos disciplinadores da sociedade limitada e
se prevista no contrato social, aplica-se a LSA e os sócios não poderão dispor
contrariamente sob pena de invalidade de cláusula contratual.

1 , “Direito comercial”, Volume IV – Sociedades Comerciais, 1993, pag.33.


2 “Direito da Sociedades”, 2013, pág.86,
3 “Curso de Direito Comercial”, Volume II, pág. 8
4 https://www.juridoc.com.br/en/blog/abrir-uma-empresa/4399-definir-objeto-social-empresa/

5 https://jus.com.br/artigos/7320/regencia-supletiva-na-sociedade-limitada

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