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DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (Área Judiciária) = TRE/SP

AULA 01: PESSOAS NATURAIS


Prof. Lauro Escobar

DIREITO CIVIL

AULA 01

PESSOA NATURAL

Professor: Lauro Escobar

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DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (Área Judiciária) = TRE/SP
AULA 01: PESSOAS NATURAIS
Prof. Lauro Escobar

Aula 01
Pessoas Naturais

Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula →


PESSOA NATURAL. Nascituro. Pessoa Natural: começo, fim, personalidade,
capacidade e legitimidade. Cessação da incapacidade, emancipação, registro civil
e nome. Domicílio. Ausência, morte natural e presumida. Direitos da
personalidade: direitos à integridade moral, física e intelectual.

Subitens → Pessoa Natural. Conceito. Existência. Personalidade: Início


(nascituro), Individualização (nome, estado e domicílio civil) e Extinção (morte e
ausência). Direitos da Personalidade. Capacidade: classificação. Incapacidade.
Emancipação. Registro e Averbação.

Legislação a ser consultada → Código Civil: arts. 1° até 39 (Pessoas


Naturais) e 70 até 78 (Domicílio).

Sumário
1. PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL ............................................. 03
1.1 Início ............................................................................................ 04
1.1.1 Nascituro ............................................................................... 07
1.1.2 Direitos da Personalidade ...................................................... 11
1.2 Individualização ........................................................................... 18
1.2.1 Nome ..................................................................................... 18
1.2.2 Estado ................................................................................... 23
1.2.3 Domicílio ............................................................................... 24
1.3 Fim da Personalidade ................................................................... 29
1.3.1 Morte Real ............................................................................. 29
1.3.2 Morte Presumida ................................................................... 30
1.3.3 Comoriência ........................................................................... 34
2. CAPACIDADE CIVIL ............................................................................ 36
2.1 Absolutamente Incapazes ............................................................ 38
2.2 Relativamente Incapazes ............................................................. 40

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2.3 Capacidade Plena ......................................................................... 46
3. EMANCIPAÇÃO ................................................................................... 47
4. REGISTRO E AVERBAÇÃO ................................................................... 51
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA .......................................................... 53
Bibliografia Básica ................................................................................. 57
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FCC) .......................................................... 57

CAROS AMIGOS E ALUNOS


Após a análise da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (que
não faz parte do Código Civil, mas está previsto em nosso edital), hoje vamos
abordar o tema “PESSOAS”, que é o primeiro ponto da Parte Geral do Código
Civil. Lembrem-se que estamos às ordens no fórum para esclarecer eventuais
dúvidas. Ok? Então vamos começar...
Genericamente, podemos conceituar PESSOA como sendo todo ente
físico ou jurídico, suscetível de direitos e obrigações; é sinônimo de sujeito de
direitos. No Brasil temos duas espécies de pessoas: as naturais e as jurídicas.
Ambas possuem aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações.
Hoje veremos somente as PESSOAS NATURAIS. Elas também são
conhecidas como Pessoas Físicas. No entanto a expressão “Pessoa Natural”,
além de ser mais técnica, é a preferida em concursos. Abordaremos os três
aspectos da pessoa natural e seus desdobramentos: a) personalidade; b)
capacidade; e c) emancipação. Na próxima aula veremos as Pessoas Jurídicas.

PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL

Personalidade é o conjunto de caracteres próprios da pessoa,


reconhecida pela ordem jurídica a alguém, sendo a aptidão para adquirir direitos
e contrair obrigações. É atributo da dignidade do homem. Prevê o art. 1° do
Código Civil que: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem
civil”. Assim, o conceito de pessoa inclui homens, mulheres e crianças. Ou seja,
qualquer ser humano sem distinção de idade, saúde mental, sexo, cor, raça,
credo, nacionalidade, etc. Por outro lado exclui os animais (que gozam de
proteção legal, mas não são sujeitos de direito), os seres inanimados, etc.

Observação. Os examinadores, nas questões das provas, muitas vezes


usam a expressão “personalidade civil” (é assim que está no art. 2°, CC);
algumas vezes preferem a expressão “personalidade jurídica”; e outras vezes

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usam somente o termo “personalidade”. No entanto convém esclarecer que
todas elas são usadas em concursos como expressões sinônimas.

Concluindo: pessoa natural (ou física) é o próprio ser humano.

INÍCIO DA PERSONALIDADE
Há muita polêmica doutrinária envolvendo o início da personalidade
civil. As três principais teorias são:
a) Teoria Natalista: a personalidade jurídica começa com o nascimento
com vida. A adoção desta teoria de forma absoluta leva à conclusão de que o
nascituro não é considerado pessoa, portanto, tem apenas expectativa de vida e
de direitos.
b) Teoria Concepcionista: a personalidade tem início desde a concepção.
Ou seja, no momento em que o óvulo fecundado pelo espermatozoide se junta à
parede do útero. A partir desse momento o nascituro já é considerado como
pessoa, e, como tal, tem todos os direitos resguardados pela lei, sendo
considerado sujeito de direitos.
c) Teoria da Personalidade Condicional: o nascituro possui personalidade
jurídica desde o momento da concepção, no entanto isso é condicionado ao
nascimento com vida. Nascendo com vida a personalidade retroage ao
momento de concepção do nascituro, conferindo a ele uma tutela jurídica que
atinge o passado. Essa corrente defende que o nascituro possui direitos,
entretanto estes estariam subordinados a uma condição suspensiva que seria o
próprio o nascimento com vida. Se não nascer com vida não houve
personalidade.
No Brasil a doutrina se manifesta de forma divergente, pois, se por
um lado a lei estabelece que a personalidade civil tem início com o nascimento
com vida, o mesmo dispositivo, logo a seguir assegura ao nascituro (falaremos
sobre essa expressão mais adiante) direitos desde sua concepção. Na doutrina
brasileira há ferrenhos defensores de todas as teorias.

No concurso como eu faço? Em uma prova objetiva o aluno deve se


limitar ao texto expresso da lei (Art. 2°, CC: A personalidade civil da pessoa
começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os
direitos do nascituro). Na dúvida ou omissão da banca opte pela teoria
natalista, que ainda é a mais aceita nos concursos. Já em uma prova
dissertativa cite as três teorias, expondo que no Brasil há ferrenhos defensores
principalmente da teoria da concepção e da natalidade, abordando os aspectos
mais relevantes de cada uma. Lembrem-se: a tendência atual é proteger, cada
vez mais, o nascituro e seus direitos desde a concepção. As principais bancas

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examinadoras (ESAF, FCC, CESPE e FGV) já perguntaram isso em provas
sendo que o gabarito, até agora, vem optando pela teoria natalista.
Outra coisa que se indaga é se o nascituro possui “personalidade
jurídica formal ou material”. Neste tópico tem-se acolhido o que leciona a
professora Maria Helena Diniz. Para ela a personalidade jurídica se classifica em:
Personalidade jurídica formal: é a aptidão para ser titular de “direitos
da personalidade” (ex.: direito à vida, direito à gestação saudável, etc.);
em relação a esta o nascituro tem desde a concepção.
Personalidade jurídica material: é a aptidão para ser titular de “direitos
patrimoniais”; quanto a essa o nascituro só a adquire a partir do
nascimento com vida.

Concluindo: para as principais bancas examinadoras dos últimos concursos,


chega-se à conclusão de que o nascituro possui apenas os requisitos
formais da personalidade civil.
Para muitos autores o Supremo Tribunal Federal teria adotado a corrente
natalista, quando apreciou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3510,
considerando constitucional o art. 5° da Lei n° 11.105/2005 (Lei de
Biossegurança) que trata do uso de células-tronco embrionárias em pesquisas
científicas para fins terapêuticos. Da longa ementa, destaca-se o seguinte
trecho:
“O Magno Texto Federal não dispõe sobre o início da vida humana ou o preciso
instante em que ela começa. Não faz de todo e qualquer estágio da vida humana
um autonomizado bem jurídico, mas da vida que já é própria de uma
concreta pessoa, porque nativiva (teoria natalista, em contraposição às
teorias concepcionista ou da personalidade condicional). E quando se
reporta a “direitos da pessoa humana” e até dos “direitos e garantias individuais”
como cláusula pétrea está falando de direitos e garantias do indivíduo-pessoa, que
se faz destinatário dos direitos fundamentais “à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade”, entre outros direitos e garantias igualmente
distinguidos com o timbre da fundamentalidade (como direito à saúde e ao
planejamento familiar)”.

Analisando a Lei
Pelo Código Civil, podemos afirmar que a personalidade da pessoa
natural ou física se inicia com o nascimento com vida, ainda que por poucos
momentos. Esta é a primeira parte do art. 2° do CC. Se a criança nascer com
vida, ainda que por um instante, já adquire a personalidade.
1. Nascimento: quando a criança é separada do ventre materno (parto
natural ou por intervenção cirúrgica), mesmo que ainda não tenha sido cortado
o cordão umbilical (isso significa a separação da criança do corpo da mãe e não
o nascimento em si).
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2. Com vida: há nascimento e há parto quando a criança, deixando o
útero materno, tenha respirado. Segundo a Resolução n° 01/88 do Conselho
Nacional de Saúde, nascer com vida significa respirar e ter batimentos
cardíacos (funcionamento do aparelho cardiorrespiratório). É nesse momento
que a personalidade civil terá início em sua plenitude, com todos os efeitos
subsequentes, conforme veremos.
Para se saber se nasceu viva e em seguida morreu, ou se já nasceu
morta, é realizado um exame chamado de docimasia hidrostática de Galeno,
que consiste em colocar o pulmão da criança morta em uma solução líquida; se
flutuar é sinal que a criança chegou a dar pelo menos uma inspirada e, portanto,
nasceu com vida; se afundar, é sinal que não chegou a respirar e, portanto,
nasceu morta, não recebendo e nem transmitindo direitos. No entanto,
atualmente a medicina dispõe de técnicas mais modernas e eficazes para tal
constatação (ex.: ultrassom).

Não caiam em pegadinhas Apesar de polêmica, esta questão tem sido


muito comum em concursos. Geralmente o examinador coloca uma alternativa
dizendo que a personalidade se inicia somente com a concepção (gravidez) da
mulher. Ou que a criança somente teria personalidade se nascer com “forma
humana” (ou seja, não tenha anomalias ou deformidades). E até mesmo que a
personalidade somente teria início com o “corte do cordão umbilical ou quando
desprendida a placenta”. Nenhuma dessas hipóteses foram aceitas pelo
nosso Direito.
Outra opção que não foi acolhida pelo nosso Direito é a teoria da
viabilidade. Para essa teoria, não basta que a criança nasça com vida para
adquirir a personalidade... é necessária, também, a viabilidade. Ou seja, só se
atribui a personalidade se a criança for viável (que é a perfeição orgânica
suficiente para continuar com vida após o nascimento: perspectiva de
sobrevivência). O exemplo clássico é o da criança anencéfala. Apesar do
plenário do Supremo Tribunal Federal recentemente ter decidido (8x2) que não
pratica o crime de aborto tipificado no Código Penal a mulher que decide pela
“antecipação do parto” em casos de gravidez de feto anencéfalo, se a mulher
decidir a levar a gravidez até o fim e se a criança nascer com vida, ela teve
personalidade. Ainda que morra momentos após o nascimento. Nesse curto
espaço de tempo ela teve personalidade, com todos os seus efeitos, conforme
veremos adiante.

Curiosidade
Vejamos o que diz o art. 29, da Resolução n° 01/88 do CNS:
Art. 29 Além dos requisitos éticos genéricos para pesquisa em seres humanos, as
pesquisas em indivíduos abrangidos por este capítulo conforme as definições que se
seguem, devem obedecer as normas contidas no mesmo.

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1. Mulheres em idade fértil: do início da puberdade ao inicio da menopausa;
2. Gravidez: período compreendido desde a fecundação do óvulo até a expulsão ou
extração do feto e seus anexos;
3. Embrião: produto da concepção desde a fecundação do óvulo até o final da 12a
semana de gestação;
4. Feto: produto da concepção desde o início da 13a semana de gestação até a
expulsão ou extração;
5. Óbito fetal: morte do feto no útero;
6. Nascimento vivo: é a expulsão ou extração completa do produto da
concepção quando, após a separação, respire e tenha batimentos cardíacos,
tendo sido ou não cortado o cordão, esteja ou não desprendida a placenta;
7. Nascimento morto: é a expulsão ou extração completa do produto da concepção
quando, após a separação, não respire nem tenha batimentos cardíacos, tendo sido
ou não cortado o cordão, esteja ou não desprendida a placenta;
8. Trabalho de parto: período compreendido entre o início das contrações e a
expulsão ou extração do feto e seus anexos;
9. Puerpério: período que se inicia com a expulsão ou extração do feto e seus anexos
até ocorrer a involução das alterações gestacionais (aproximadamente 42 dias);
10. Lactação: fenômeno fisiológico da ocorrência de secreção láctea a partir da
extração do feto e de seus anexos.

NASCITURO
O termo nascituro significa “aquele que há de nascer”. É o ser que já foi
gerado ou concebido, mas ainda não nasceu, embora tenha vida intrauterina e
natureza humana. Tecnicamente (teoria natalista) ele não tem personalidade,
pois ainda não é pessoa sob o ponto de vista jurídico. Apesar de não ter
personalidade jurídica, a lei põe a salvo os direitos do nascituro desde a
concepção. Trata-se da segunda parte do art. 2°, CC. Na realidade o nascituro
tem uma expectativa de direito. Ex.: o nascituro tem o direito de nascer e de
viver (o aborto é considerado como crime: arts. 124 a 127 do Código Penal,
salvo raríssimas exceções previstas em lei).

Proteção ao Nascituro. Apesar de juridicamente (corrente natalista) ainda


não ser considerado como pessoa, pode-se dizer que o nascituro:
É titular de direitos personalíssimos tais como vida, honra, imagem,
proteção pré-natal, etc.
Pode ser contemplado por doação (art. 542, CC) ou por testamento
(herança ou legado) e por seu quinhão hereditário (art. 1.798, CC),
sem prejuízo do recolhimento do imposto de transmissão.
Pode ser parte em um processo judicial (ativa ou passiva). Nesse
caso sua mãe irá representá-lo em juízo. Se a mãe não tiver o poder
familiar e o pai for falecido, será nomeado um curador ao nascituro
(curador ao ventre); se a mãe estiver sob curatela, o curador dela

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também será o do nascituro (art. 1.779, e seu parágrafo único, CC). Com
o nascimento com vida ele passa a ter a titularidade da pretensão do
direito material (que até então era apenas uma expectativa), mas
continuará sendo representado por seus pais.
Além disso, o art. 8° do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n°
8.069/90 – ECA) e a Lei n° 11.804/08 determina que a gestante tem condições
de obter judicialmente os alimentos para garantia do bom desenvolvimento do
feto (alimentos gravídicos), adequada assistência pré-natal, como consultas
médicas, remédios, etc., pois não é justo que a genitora suporte todos os
encargos da gestação sem a colaboração econômica do seu companheiro.
Finalmente entende-se plenamente cabível o exame de DNA para se
determinar a paternidade, como decorrência da proteção que lhe é conferida
pelos direitos da personalidade. Estabelece o parágrafo único do art. 1.609, CC
que o reconhecimento do filho “pode preceder o seu nascimento ou ser posterior
ao seu falecimento se ele deixar descendentes”.

Na realidade o principal direito do nascituro é o de ter direito à


sucessão. Se ele já foi concebido no momento da abertura da sucessão (morte
do de cujus) legitima-se a suceder de forma legítima (conferir arts. 1.784 e
1.798, CC). Também se legitimam a suceder por testamento “os filhos ainda
não concebidos de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao
abrir-se a sucessão” (art. 1.799, I, CC). Trata-se da prole eventual.

Assim, sendo conferidos cada vez mais direitos, nota-se um enorme


crescimento da teoria concepcionista (ainda não adotada para efeito de
concursos) para considerar o nascituro como uma pessoa natural, garantindo
assim, mais segurança à família. Justifica-se esta posição porque somente uma
pessoa pode ser titular de direitos... e o art. 2°, CC afirma que o nascituro tem
direitos... logo, tendo direitos, ele já poderia ser considerado como tendo
personalidade. A situação fica ainda mais definida (segundo os seguidores desta
teoria) com o art. 542, CC que estabelece: “A doação feita ao nascituro valerá,
sendo aceita pelo seu representante legal”. Ainda assim, será uma “doação
condicional”, pois somente se concretizará se o nascituro nascer com vida. Isso
ocorrendo, receberá o direito, no entanto, as obrigações acompanham esse
direito. Ou seja, ficará obrigado ao pagamento de impostos, como o da
transmissão do bem (ITCMD, IPTU, etc.). Assim, mesmo sendo recém-nascido,
houve o fato gerador (transmissão o bem), passando, a partir daí a ser sujeito
passivo de obrigação tributária.

Polêmicas à parte, o que se pode afirmar, sem medo de errar, é que o


nascituro é titular de um direito eventual. Exemplo: homem falece deixando
a esposa grávida. Não se pode concluir o processo de inventário e partilha

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enquanto a criança não nascer. O nascituro, nesta hipótese, tem direito ao
resguardo à herança. Os direitos assegurados ao nascituro estão em estado
potencial, sob condição suspensiva: só terão eficácia se nascer com vida. A
representação do nascituro se dá por intermédio de seus pais. Nascendo com
vida, as expectativas de direito se transformam em direitos subjetivos,
retroagindo ao momento de sua concepção.

Mas há um problema, de ordem filosófica, religiosa e jurídica


envolvendo o nascituro. Isto devido ao avanço da medicina, com as técnicas
de fertilização in vitro. Indaga-se: qual o momento em que podemos usar o
termo nascituro de uma forma técnica? Uma corrente afirma que a vida tem
início legal no momento da penetração do espermatozoide no óvulo, mesmo que
fora do corpo da mulher. Para outra corrente a vida somente teria início com a
concepção no ventre materno (embora ainda não se possa considerar como
sendo uma pessoa). Isto porque é com a nidação (fixação do óvulo fecundado
no útero) que se garante eventual gestação e o nascimento. Portanto somente
será considerado como nascituro, o óvulo fecundado que for implantado no
útero materno. Assim, o embrião humano congelado não poderia ser tido como
nascituro, embora tenha proteção jurídica como pessoa virtual, com uma carga
genética própria.

Com o objetivo de regulamentar o art. 225, §1°, inciso II da CF/88, foi


editada inicialmente a Lei n° 8.974/95, proibindo e considerando como crime a
manipulação genética de células humanas, a intervenção em material genético
humano e a produção, guarda e manipulação de embriões humanos destinados
a servir como material biológico disponível. No entanto foi aprovada a Lei n°
11.105/05, dividindo opiniões: trouxe esperança para alguns e indignação para
outros. Pela nova lei é permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de
células-tronco embrionárias, obtidas de embriões humanos produzidos por
fertilização in vitro, desde que: a) sejam inviáveis, ou estejam congelados há
três anos ou mais; b) haja consentimento dos seus genitores.

Importância de se nascer com vida


Como vimos, o nascituro tem expectativa de vida, sendo
imprescindível que ele nasça vivo, nem que seja por um segundo. Se nascer
vivo, adquire personalidade. Será um sujeito de direitos e obrigações. No
entanto, caso nasça morto, nenhum direito terá adquirido e/ou transmitido.
Observem no quadro a seguir.

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Demonstração Ordem de vocação hereditária
1. Descendentes (em concorrência com o
A B cônjuge sobrevivente): filhos, netos, bisnetos,
etc.

X Y 2. Ascendentes (em concorrência com o


cônjuge sobrevivente): pais, avós, bisavós, etc.
3. Cônjuge sobrevivente.
Z
4. Colaterais até o 4° grau: irmãos, sobrinhos,
tios, primos, tio-avô, etc.

Levando em consideração o quadro demonstrativo acima, suponhamos


que X comprou um apartamento e a seguir se casou com Y pelo regime de
separação parcial de bens. Faleceu um ano depois, deixando viúva grávida,
pais vivos e apenas aquele apartamento para ser partilhado. Para saber quem
será o proprietário do imóvel devemos aguardar o nascimento de Z. Não se
pode fazer a partilha antes de seu nascimento. Vejamos as situações que podem
ocorrer a partir daí.
Situações
1) Se Z (filho de X - descendente) nascer morto, o apartamento irá para A e
B, que são os pais (ascendentes) de X (observe o quadro da ordem de vocação
hereditária). Neste caso Y (que é o cônjuge sobrevivente) também terá direitos
sucessórios, pois atualmente é considerado herdeiro necessário e concorre com
os ascendentes do falecido.
2) Se Z (descendente) nascer vivo, herdará o imóvel, em concorrência com
sua a mãe Y, pois como vimos atualmente o cônjuge é considerado herdeiro
necessário e também concorre na herança com os descendentes do falecido.
Observem que neste caso os pais de X nada herdarão.
3) Se Z nascer vivo e logo depois morrer, os bens irão todos para sua mãe.
Isto porque inicialmente Z herdará parte dos bens de seu pai; no instante em
que nasceu vivo, ele foi um ‘sujeito de direito’. Morrendo a seguir, transmite
tudo o que recebeu a seus herdeiros. Como não tinha descendentes e nem
cônjuge (até porque era recém-nascido) e seu pai já havia falecido, seu único
herdeiro será o ascendente remanescente, ou seja, sua mãe. Neste caso A e B
nada herdarão.
É necessário dizer ainda, que todo nascimento deve ser registrado,
mesmo que a criança tenha nascido morta ou morrido durante o parto. Se for
natimorta, o assento será feito no “Livro ‘C’ Auxiliar". Neste livro irá constar
apenas: “o natimorto de Dona Fulana...”. Ou seja, não há previsão expressa que
se possa dar nome ao natimorto. No entanto, parte da doutrina entende que o

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“natimorto tem humanidade” e por isso teria sim, direito a um nome. Sobre o
tema, esclarece o Enunciado 01 da I Jornada de Direito Civil do CJF: “A proteção
que o Código confere ao nascituro alcança o natimorto, no que concerne aos
direitos da personalidade, tais como o nome, imagem e sepultura”. Essa é a
tendência de nosso Direito. Em São Paulo houve uma revisão das normas da
Corregedoria Geral, facultando o direito de atribuição de nome ao natimorto,
sem necessidade de duplo registro (nascimento e óbito).
Por outro lado, é inquestionável que se a criança nasceu viva e logo
depois morreu (chegou a respirar), serão feitos dois registros: a) nascimento
(constando o nome da criança, pois naqueles poucos segundos a criança teve
personalidade); b) óbito.

Observações
01) Durante nosso curso, às vezes, vamos mencionar a expressão
“Jornadas do CJF”. Na realidade estas “jornadas” foram encontros de pessoas
ligadas ao Direito Civil, promovidas pelo Centro de Estudos Judiciários do
Conselho da Justiça Federal (CJF), sob os auspícios do Superior Tribunal de
Justiça, em que foram aprovados alguns enunciados, que têm sido acolhidos
pelo mundo jurídico nacional. Quando nos referirmos a elas, vamos mencionar
qual jornada foi essa e o número do enunciado (como fizemos acima).
02) Segundo a doutrina, nascituro é uma expressão mais ampla do que
feto, pois este seria o nascituro somente depois que adquiriu a forma humana.
03) É importante salientar que a expressão natimorto não é considerada
juridicamente técnica. O vocábulo é composto pelas palavras latinas natus
(nascido) e mortus (morto), não tendo previsão no Código Civil. Possui um
duplo sentido. Os dicionários jurídicos conceituam o natimorto como sendo
"aquele que nasceu sem vida (morreu dentro do útero) OU aquele que veio à
luz, com sinais de vida, mas, logo morreu (morreu durante o parto)". Portanto,
qualquer uma dessas situações está correta para conceituar natimorto.

DIREITOS DA PERSONALIDADE (arts. 11 a 21, CC)


De uma forma geral, a doutrina classifica os direitos subjetivos em
pessoais, reais e da personalidade. Vejamos.
• Direitos Pessoais: derivam da relação de uma pessoa com outra pessoa
(proteção do cumprimento forçado das obrigações).
• Direitos Reais: derivam da relação da pessoa com a coisa (proteção da
propriedade).
• Direitos da Personalidade: derivam da relação da pessoa consigo mesmo
(bens que o cidadão guarda dentro de se corpo e intelecto). Eles são
atributos inerentes ao ser humano. Adquirindo personalidade (aptidão para
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adquirir direitos e contrair obrigações), o ser humano já adquire os
chamados direitos da personalidade, ou seja, o direito de defender o que
lhe é próprio, como sua integridade física ou corporal (vida, corpo,
órgãos, voz, imagem, liberdade, identidade, alimentos, etc.), intelectual
(liberdade de pensamento, autoria científica, artística e intelectual, etc.),
moral (honra, segredo pessoal ou profissional, privacidade, imagem, opção
religiosa, sexual, etc.). Os direitos da personalidade são subjetivos e seu
titular pode exigir de todos que sejam respeitados. Por isso dizemos que
eles são erga omnes (ou seja, extensíveis e oponíveis contra todos).
Observem que a relação dos direitos da personalidade não é
taxativa (é apenas exemplificativa). Lembrem-se: a dignidade é um direito
fundamental, previsto em nossa Constituição, que também prevê que são
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurando o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente
dessa violação (confiram também o art. 5°, inciso X, CF/88).

É interessante deixar claro uma nuance: os direitos fundamentais foram


criados para proteger os indivíduos do Estado; tem origem e finalidade na
necessidade de criar limites ao poder político na sua capacidade para ofender a
pessoa como indivíduo e cidadão. Já os direitos da personalidade foram
criados para proteger os indivíduos de si mesmos e de terceiros; são
reconhecimentos da dignidade da pessoa.
Estabelece o art. 11, CC que com exceção dos casos previstos em
lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis,
não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Assim, nem
mesmo o agente pode rejeitar esses direitos, colocando-se em uma situação de
risco e renunciando expressamente qualquer indenização futura decorrente de
uma lesão. No entanto nesse caso, levando-se em consideração o art. 945, CC,
pode haver uma redução no valor da indenização.
Sobre o tema, vejamos o Enunciado 04 da I de Direito Civil do CJF: “O
exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde
que não seja permanente nem geral”.
Apesar do Código fazer referência a apenas três características a respeito
do direito da personalidade (intransmissibilidade, irrenunciabilidade e
impossibilidade do seu exercício sofrer limitação voluntária) a doutrina lhe dá
maior extensão, afirmando que eles são:
• Inatos: os direitos da personalidade já nascem com o seu titular e
acompanham até sua morte; alguns direitos ultrapassam o evento morte
(honra, memória, imagem, direitos autorais, etc.).

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AULA 01: PESSOAS NATURAIS
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• Absolutos: são oponíveis contra todos (erga omnes), impondo à
coletividade o dever de respeitá-los, independentemente de qualquer
registro ou possibilidade de alegação de boa-fé de terceiros. A violação do
direito da personalidade resta caracterizada pelo simples atentado ao bem
jurídico tutelado, independentemente da intensidade da dor e do sofrimento
impostos ao titular, sendo suficiente para se dar direito ao lesado o direito
de reparação por dano moral. O dano moral é decorrência da violação do
direito da personalidade, caracterizado o prejuízo pelo simples atentado aos
interesses jurídicos personalíssimos, independente da dor e do sofrimento
causados ao titular (que servirão apenas para fins de fixação do quantum
indenizatório).
• Intransmissíveis: pertencem de forma indissolúvel ao próprio titular; não
podem ser transmitidos entre vivos ou causa mortis. Neste tópico, cabe
uma observação: embora estes direitos sejam intransmissíveis em sua
essência, os efeitos patrimoniais dos direitos da personalidade podem ser
transmitidos. Ex.: a autoria de uma obra literária é intransmissível; porém
podem ser negociados os direitos autorais sobre esta obra. Outro exemplo:
cessão da imagem mediante retribuição financeira. Além disso podem ser
protegidos os direitos da personalidade da pessoa morta.
• Irrenunciáveis: não podem ser abandonados nem abdicados; o seu titular
não pode abrir mão deles.
• Proibição de limitação voluntária ao exercício dos direitos da
personalidade: ninguém pode se obrigar a deixar de exercer esses
direitos; disso decorre que eles são inalienáveis.
• Indisponíveis: não podem ser cedidos, a título oneroso ou gratuito a
terceiros.
• Vitalícios: acompanham a pessoa desde seu nascimento (ou da concepção
para a teoria concepcionista) até a morte.
• Imprescritíveis: a proteção do direito da personalidade pode ser
reclamada judicialmente a qualquer tempo; vale durante toda vida, não
correndo os prazos prescricionais e não se extingue pelo não uso ou inércia
de seu titular. No entanto o direito à indenização pela violação do direito da
personalidade prescreve em três anos (art. 206, §3°, V, CC).
• Impenhoráveis: se não podem ser objeto de cessão ou venda, também
não pode recair penhora sobre os mesmos.
• Inexpropriáveis: ninguém pode removê-los de uma pessoa, nem ser
objeto de usucapião.

Atenção Já vi provas de concursos em que foram colocadas algumas das


expressões acima nas alternativas e a afirmação foi considerada como errada.

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Isto porque apesar de serem consideradas corretas pela doutrina, não estavam
previstas expressamente na lei. Portanto, cuidado... leiam bem o cabeçalho da
questão e comparem bem as alternativas. Se houver ambiguidade, fiquem com
o texto expresso da lei.

Analisemos os próximos artigos sobre os Direitos da Personalidade


Estabelece o art. 12, CC: Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a
lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem
prejuízo de outras sanções previstas em lei. Observem: cessar a ameaça ou
lesão e perdas e danos.
O parágrafo único desse artigo também prevê a possibilidade de defesa
do direito do morto, por meio de ação promovida por seus sucessores, ou
seja, pelo cônjuge sobrevivente (embora não mencionado na lei, estende-se
esse direito também aos companheiros), parentes em linha reta (descendentes
ou ascendentes) e os colaterais até quarto grau (irmãos, tios, sobrinhos,
primos, etc.). Percebe-se, assim, que os direitos da personalidade se
estendem desde a concepção, para além da vida da pessoa natural,
tutelando a personalidade do morto. Os parentes dele podem pedir
indenização em nome próprio, se provarem que os efeitos do ato ilícito
repercutiram também em suas pessoas. Ou seja, o ato envolve determinada
pessoa (que no caso já faleceu), mas também pode causar sofrimento a outras
pessoas a ela ligadas por estreitos laços de parentesco que não foram
diretamente atingidas. É o que se chama de dano reflexo (ou por ricochete).
O corpo, como projeção física da individualidade humana, é inalienável.
O art. 13 e seu parágrafo único, CC prevê o direito de disposição de partes,
separadas do próprio corpo em vida para fins de transplante, ao prever: Salvo
por exigência médica, é defeso (proibido) o ato de disposição do próprio
corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou
contrariar os bons costumes. A interpretação deste dispositivo, a contrário
senso, permite concluir que o ato de disposição que não acarreta diminuição
permanente da integridade física e não atenta contra os bons costumes é
permitido, como a disposição (ainda que onerosa) de cabelo e unhas
(segundo fiquei sabendo o famoso “Zé do Caixão” leiloou suas unhas).
Acrescente-se, ainda, a doação de sangue e leite materno.
O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na
forma estabelecida em lei especial (conferir com o art. 199, §4°, CF/88). Em
hipótese alguma será admitida a disposição onerosa de órgãos, partes ou tecido
do corpo humano.
Segundo o art. 14, CC, é válida, com objetivo científico, ou altruístico, a
disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da

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morte. Completa o parágrafo único estabelecendo que o ato de disposição pode
ser livremente revogado a qualquer tempo.

Resumindo. A disposição sobre o próprio corpo: a) é proibida quando


importar diminuição permanente da integridade física (salvo por exigência
médica), ou contrariar os bons costumes; b) é válida se não importar
diminuição permanente da integridade física ou contrariar os bons costumes; c)
é válida com o objetivo científico ou altruístico, para depois da morte, ou, em
vida, para fins de transplante. Lembrando que o Código Civil adotou o chamado
princípio do consenso afirmativo (termo usado pela doutrina e que caiu em
alguns concursos), segundo o qual o titular do direito pode manifestar sua
vontade em ser doador de órgãos, mas a qualquer tempo pode revogar esta
intenção.

OBSERVAÇÃO A Lei 9.434/97 (regulamentada pelo Decreto 2.268/97 e


posteriormente alterada pela Lei 10.211/01) trata do assunto, estabelecendo as
regras para transplantes. Permite-se a doação voluntária nas seguintes
hipóteses: a) órgãos duplos (rins) e b) partes recuperáveis de órgão (fígado) ou
de tecido (pele, medula óssea), sem que sobrevenham mutilações ou
deformações.
O art. 15, CC trata do direito do paciente, proibindo que uma pessoa
seja constrangida a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a
intervenção cirúrgica. Trata-se do princípio da autonomia do paciente (ou
consentimento esclarecido). Não há mais a chamada supremacia do interesse
médico-científico, que se invocava em nome da coletividade, em face ao
interesse individual. Atribui-se à pessoa a opção ao tratamento médico ou
intervenção cirúrgica para corrigir ou atenuar determinado mal ou doença. Todo
procedimento médico deve ser precedido de esclarecimentos e concordância do
paciente. O direito não pertence ao médico, à ciência, ou à família, mas,
exclusivamente, ao paciente que após ser informado do seu estado de saúde e
das alternativas terapêuticas, decidirá se se submete ou não ao tratamento ou à
intervenção cirúrgica. Mesmo que saiba ou tenha consciência de que isso
abreviará a sua expectativa da vida. Excetuam-se algumas hipóteses (ex.: a
pessoa não consegue expressar a sua vontade) em que o direito se desloca para
a família do enfermo. E em situações extremas, à presença do estado de
necessidade, em evidente risco de vida, pode o médico realizar a intervenção
necessária sem o consentimento de quem de direito.
Notem agora que os artigos de 16 a 19 do Código Civil tutelam o
direito ao nome (falaremos sobre ele logo adiante, em um item especial) e
contra o atentado de terceiros, expondo-o ao desprezo público, ao ridículo,
acarretando dano moral ou patrimonial.

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O art. 20, CC tutela, de forma autônoma, o direito à imagem e os
direitos a ele conexos. Esse direito é tão importante que a própria Constituição
Federal também trata do tema, assegurando a inviolabilidade da imagem e
prevendo indenização para o caso de violação (art. 5°, incisos X e XXVIII, letra
“a”, CF/88). Divide-se em: a) imagem-retrato (objetiva): é a representação
física da pessoa, implicando o reconhecimento de seu titular por meio de
fotografia, escultura, desenho, pintura, interpretação dramática,
cinematográfica, televisiva, sites, etc.; b) imagem-atributo (subjetiva):
refere-se ao conjunto de caracteres e qualidades cultivadas pela pessoa, como a
habilidade, competência, lealdade, respeitabilidade, boa fama etc.; é a
repercussão social da imagem. Decorre daí que uma inscrição indevida do nome
da pessoa em órgão de restrição ao crédito macula sua imagem subjetiva.
O direito à imagem se refere ao direito de ninguém ver seu rosto
estampado em público ou comercializado sem seu consenso e o de não ter sua
personalidade alterada, material ou intelectualmente, causando danos à sua
reputação. Como normalmente ocorre, há certas limitações ao direito de
imagem, com dispensa da anuência para sua divulgação. Vejamos algumas
situações: a) pessoas famosas (ex.: artistas, políticos, etc.), pois elas têm sua
imagem divulgada em razão de sua atividade; mas mesmo assim, não pode
haver abusos, pois a sua vida íntima deve ser preservada; b) necessidade de
divulgação da imagem por questões de segurança pública (ex.: publicação da
fotografia de um perigoso marginal procurado pela polícia); c) quando se obtém
uma imagem, mas a pessoa é tão somente parte do cenário, pois o que se
pretende divulgar é o acontecimento em si (ex.: um congresso, uma exposição
de objetos de arte, a inauguração de uma obra pública, um hotel ou um
restaurante, reportagens sobre tumultos, enchentes, shows, etc.). Há diversas
decisões de que não cabe direito de imagem em fotografia de acontecimento
carnavalesco, pois a pessoa que dele participa, de certa forma, “renuncia a sua
privacidade”. Na prática, todas estas questões são delicadas. Caberá ao Juiz,
diante de um caso concreto, decidir se houve abuso e se há direito à
indenização. Recomendamos o aluno, para fins de concurso, novamente se ater
ao texto legal.
O titular de um direito de personalidade, quando este for violado, poderá
pleitear reparação de danos patrimoniais e morais. E se ele já for falecido o
direito será exercido pelo cônjuge, ascendente ou descendente (trata-se do art.
20, parágrafo único, CC). Ficou famoso um caso em que uma empresa
elaborou um “álbum de figurinhas” estampando a fotografia de jogadores de
futebol. Como no caso havia o intuito de lucro da empresa e não houve o
consentimento dos atletas, concluiu-se que foi uma prática ilícita, sujeita à
indenização. Súmulas a esse respeito:

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Súmula 221 do STJ: ”São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de
dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito
quanto o proprietário do veículo de divulgação”.
Súmula 403 do STJ: “Independe de prova do prejuízo a indenização pela
publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou
comerciais”.
Finalmente, no art. 21, CC, nossa legislação tutelou o direito à
intimidade (art. 5°, X, CF/88), prescrevendo que a vida privada da pessoa
natural é inviolável (ex.: inviolabilidade de domicílio, de correspondência,
bancário, conversas telefônicas, etc.), prevendo a possibilidade de se requerer
medidas visando a proteção (impedir ou fazer cessar) dessa inviolabilidade.
Insere-se nesse tópico o chamado “direito ao esquecimento”, ou seja, o
direito que uma pessoa tem de que não sejam revolvidos fatos e ocorrência de
seu passado, que não interessam a mais ninguém. Nesse sentido é o Enunciado
531 da VI Jornada de Direito Civil do CJF: “A tutela da dignidade da pessoa
humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento”.

OBSERVAÇÕES

01) Recomendamos o aluno uma atenção especial comparativa entre os


arts. 12 e 20, CC. Observem que o art. 12 é mais genérico (direitos da
personalidade em geral) e o art. 20 é específico em relação ao direito de
imagem, sendo que neste os colaterais foram excluídos. Além disso, embora o
dispositivo não especifique, entende a doutrina que o companheiro(a) também é
parte legítima.
02) O Código Civil não exauriu a matéria referente aos direitos da
personalidade. O tratamento é bem genérico e a enumeração exposta é
meramente exemplificativa (e não taxativa), deixando margem para que se
estenda a proteção a situações não previstas expressamente, acompanhando,
assim, a rápida evolução dos costumes do mundo atual e tendo como
fundamento a dignidade da pessoa humana.
03) Segundo a jurisprudência do STJ, se houver violação aos direitos da
personalidade (intimidade, imagem, honra, etc.) é devida indenização também
por danos morais, pois estes são presumidos pela simples violação ao bem
jurídico tutelado (não é necessária a prova do dano moral). Exemplo clássico: a
inscrição indevida do nome do consumidor em cadastro de proteção ao crédito
implica violação a direito da personalidade, uma vez que tem maculada sua
honra e imagem perante a sociedade. O dano moral, nesse caso, é presumido e,
portanto, não precisa ser provado. No entanto, é de se acrescentar que um
mero dissabor não pode ser alçado ao patamar do dano moral, mas somente

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aquela agressão que exacerba a naturalidade dos fatos da vida, causando
fundadas aflições ou angústias no espírito de quem ele se dirige.
04) Embora agora não seja o momento de aprofundar, mas é interessante
deixar claro que a Pessoa Jurídica também pode ser titular de direitos da
personalidade no tange à honra, imagem e nome, pois o art. 52, CC
estabelece que “aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos
direitos da personalidade”.

Atenção Biografias Não Autorizadas


Questão interessante e que certamente será objeto de indagações em
concurso é o tema das “biografias não autorizadas”. Quanto a isso, o
Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar a Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 4815, decidiu, por unanimidade de votos, a
inexigibilidade de autorização prévia do indivíduo biografado para a
publicação de biografias em livros, filmes, novelas, séries, etc. Para a relatora,
Ministra Cármen Lúcia, essa autorização seria uma forma de censura, e estaria
em desacordo com os direitos fundamentais à liberdade de expressão da
atividade intelectual, artística, científica e de comunicação. O Ministro Luís
Roberto Barroso salientou que existe um conflito entre a liberdade de expressão
e o direito à informação, de um lado, e o direito à privacidade, à honra e à
imagem, de outro, porém, a Constituição Federal dá preferência à liberdade de
expressão. No entanto, os direitos do biografado não ficarão desprotegidos, pois
se houver abuso na liberdade de expressão deverá existir retificação, direito de
resposta, indenização e, dependendo da situação, até responsabilização penal. O
STF entendeu ser igualmente desnecessária autorização de pessoas retratadas
como coadjuvantes nas biografias ou de seus familiares em casos de pessoas
falecidas ou ausentes.

INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL


Individualiza-se a pessoa natural de três formas: nome, estado e
domicílio. Vejamos cada um deles.
A) NOME (ou nome civil)
O nome é o principal elemento de identificação. Desde os primórdios da
humanidade, serve como sinal exterior identificador, pelo qual se designa
e se reconhece uma pessoa, apresentando peculiaridades nos diferentes
povos, influenciando diretamente a vida de cada pessoa desde seu nascimento
até o fim da personalidade, inclusive com reflexos após a morte. É pelo nome
que ela fica conhecida no seio da família e da comunidade em que vive. O nome
é regulado pelo Código Civil e pela Lei n° 6.015/73 (Lei de Registros Públicos). É
considerado com um direito fundamental do homem desde o seu nascimento.
Trata-se de um direito da personalidade. Como é matéria de ordem

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pública, o Ministério Público intervém em todos os procedimentos judiciais ou
administrativos.
Prevê o art. 16, CC que toda pessoa tem o direito ao nome, nele
compreendido o prenome e o sobrenome. Trata-se de um direito absoluto
(oponível erga omnes), obrigatório (toda pessoa deve ter registro civil com
nome), indisponível (não pode ser cedido, alienado e nem renunciado a
qualquer título), imprescritível (não correm prazos prescricionais) e
personalíssimo, essencial para o exercício de direitos e cumprimento das
obrigações. Há uma proteção especial da lei em relação ao nome, mediante as
ações judiciais.
A lei protege a honra da pessoa, proibindo que o seu nome seja usado ou
empregado em situações agressivas à intimidade de quem se vê exposto à
veiculação pública que provoque depreciação ética, moral ou jurídica, mesmo
que a intenção na publicação ou representação não revele intuito difamatório
(art. 17, CC). A proibição não alcança a liberdade de informação, nos
limites estabelecidos pelos arts. 5°, IV, V e X, CF/88 (já analisamos o problema
das biografias não autorizadas). Além disso, não se pode usar o nome alheio em
propaganda comercial sem autorização (art. 18, CC), ou seja, o nome pode
ser usado desde que haja autorização para tanto, gratuita ou onerosa.
As pessoas jurídicas também possuem nome, sendo direito obrigatório
(devem ter), absoluto (oponível erga omnes) e exclusivo (como forma de
proteger seu patrimônio e relações jurídicas, o que não se aplica às pessoas
naturais, que constantemente convivem com homônimos). No entanto, em
relação a elas o nome pode ser negociado, sendo disponível, cessível,
renunciável e transmissível. No entanto o art. 1.164, CC ressalva que em se
tratando de sociedade empresária, o nome empresarial não pode ser objeto
de alienação, só podendo ser utilizado pelo adquirente do estabelecimento se o
contrato de aquisição assim o permitir e precedido do seu próprio, com a
qualificação de sucessor.
Relevância Jurídica
Para os cidadãos: em suas relações intraparticulares.
Para o Estado: necessidade de particularizar os indivíduos da sociedade.
Elementos constitutivos do nome
• Prenome (ou nome próprio)  é o nome individual da pessoa, servindo
para individuá-lo dos restantes filhos dos mesmos pais. Pode ser simples (ex.:
João, José, Rodrigo, Laura, Aparecida, etc.) ou composto (ex.: José Carlos,
Antônio Pedro, Ana Maria, etc.). Tratando-se de gêmeos com o mesmo nome, a
lei de registros públicos exige que seja um prenome composto diferenciado.

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• Patronímico ou Sobrenome (nome de família ou apelido de família) 
identifica a procedência da pessoa, o tronco familiar do qual provém, indicando
sua filiação ou estirpe; serve para individualizá-lo dos demais integrantes da
sociedade. Também ser simples ou composto. Atualmente, pelo princípio
constitucional da igualdade, não há uma ordem rigorosa na colocação do
sobrenome (pode ser primeiro do pai ou da mãe).
• Agnome  é o sinal distintivo entre pessoas da mesma família com nomes
iguais, que se acrescenta ao nome completo (ex.: Júnior, Filho, Neto, Sobrinho,
etc.).

Pseudônimo (que significa em latim “nome falso”) ou codinome


Consiste no nome atrás do qual se abriga um autor de obra cultural ou
artística, para o exercício desta atividade específica (ex.: cantor, ator, autor de
um livro, etc.). Um exemplo clássico é o de Malba Tahan, famoso escritor de
contos, lendas e costumes árabes. Quem não leu “O Homem que Calculava”? E
as “Lendas do Deserto”? ... Muitos pensavam que ele era árabe de tanto que
conhecia e escrevia sobre o tema. Mas ele era “brasileiríssimo”; um professor de
matemática chamado Júlio César de Mello e Souza, que usava este pseudônimo.
A lei de direitos autorais já consagrava o pseudônimo como um direito moral do
autor. Agora consta, de forma expressa, como um direito inerente à
personalidade do autor (art. 19, CC), gozando da mesma proteção que se
dá ao nome, quando usado para atividades lícitas. Lembrando, que no
exercício livre da manifestação do pensamento, veda-se o anonimato (art. 5°,
inciso IV, CF/88).

Questão interessante é a do heterônimo. Esta é uma palavra de origem


grega que indica “outros nomes”. Conceitualmente é diferente de pseudônimo,
pois o heterônimo indica diversas personalidades de uma mesma pessoa. O
exemplo clássico é de Fernando Pessoa (Fernando Antônio Nogueira Pessoa),
que usou diversos heterônimos, como Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de
Campos, Alexander Search (que só escrevia em inglês) entre outros, cada um
com uma espécie de abordagem e maneira de escrever, com tendências e
características distintas e peculiares. Fernando Pessoa também chegou a criar
semi-heterônimos (quando o heterônimo tem características semelhantes ao seu
próprio criador) como Bernardo Soares, Barão de Teive, Vicente Guedes, José
Pacheco, Pero Botelho, Antônio Mora, entre outros. Coisa de gênio...
Em relação ao nome há outros elementos facultativos como: a) nome
vocatório: designação pela qual a pessoa é conhecida (ex.: Aghata Cristie no
lugar de Dame Agatha Mary Clarissa Miller Cristie Mallowan; Pontes de Miranda
no lugar de Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda, etc.); b) axiônimo:
designação que se dá à forma cortês de tratamento ou à expressão de
reverência (ex.: Excelentíssimo, Professor, Doutor, ou que representam os
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títulos de nobreza ou eclesiásticos: Duque, Visconde, Bispo, Monsenhor, etc.);
c) alcunha (ou epíteto) é o apelido, geralmente tirado de uma particularidade
física, moral ou de uma atividade (ex.: Tiradentes, Zé do Caixão, etc.). Vocês
sabiam que o nome correto do Cazuza é Agenor de Miranda Araújo Neto?; d)
hipocorístico: são os diminutivos (ex.: Zezinho, Glorinha, Cidinha, etc.). Não
tenho visto estas expressões caírem em concursos.

Já caiu em concurso: a proteção do pseudônimo de autor de obra


artística, literária ou científica necessita de registro público? Resposta: Não!
Primeiro porque o art. 19, CC não faz esta exigência. Segundo porque a própria
Lei de Direitos Autorais (Lei n° 9.610/98) estabelece em seu art. 18 que: “A
proteção aos direitos de que trata esta lei independe de registro”. Assim,
embora o registro seja autorizado pela lei, ele não é obrigatório, bastando
apenas a sua notoriedade.

Em regra o nome é imutável. Ou seja, uma vez registrado não pode mais
ser alterado, No entanto... o princípio da inalterabilidade do nome sofre
diversas exceções em casos justificados. A lei e a jurisprudência admitem a
retificação ou a alteração de qualquer dos seus elementos. Na prática há um
maior rigor quanto à modificação do prenome e um menor rigor em relação ao
sobrenome.
A propósito, vejam a alteração que a Lei n° 9.708/98 fez na Lei de Registros
Públicos (LRP – Lei n° 6.015/73), em especial no art. 58: “O prenome será
definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos
notórios”. O parágrafo único deste mesmo dispositivo estabelece outra
possibilidade: “A substituição do prenome será ainda admitida em razão de
fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime,
por determinação, em sentença, de Juiz competente, ouvido o Ministério
Público”.
Outro exemplo é o previsto no art. 56 da própria LRP que permite que o
interessado, no primeiro ano, após completar a maioridade civil, altere seu
nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se a
alteração que será publicada pela imprensa (trata-se da única hipótese legal em
que a alteração do nome não precisa ser motivada). No entanto o art. 57
determina que qualquer alteração posterior de nome, somente será feita por
exceção e motivadamente, após audiência do Ministério Público, e por sentença
do Juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-
se a alteração na imprensa. Vejamos outras situações:
• Casamento: atualmente o art. 1.565, §1°, CC permite que qualquer
dos nubentes acrescente ao seu, o sobrenome do outro.

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• União estável: a lei permite que os conviventes adotem o patronímico
de seus parceiros, desde que haja concordância recíproca.
• Quando expuser seu portador ao ridículo ou situações vexatórias.
• Quando houver evidente erro gráfico (ex.: Nerson, Osvardo, Crovis,
etc.).
• Quando causar embaraços comerciais, profissionais, eleitorais e até
morais (ex.: homônimos).
• Uso notório e prolongado de um nome diverso do que figura no registro:
admite-se a alteração do nome adicionando-se o apelido ou alcunha,
como no caso de Edson Pelé Arantes do Nascimento, Luiz Inácio Lula da
Silva, etc.
• Acréscimo de sobrenome de padrasto ou madrasta (art. 57, §8° LRP:
parágrafo inserido pela Lei n° 11.924/09 – “Lei Clodovil Hernandez”):
depende de autorização judicial e deve haver o consentimento do
padrasto ou madrasta. Importante: a pessoa que modificou o seu
nome, para acrescer o do padrasto ou madrasta, continua a ser filho de
seus pais, de quem irá suceder e reclamar alimentos e demais efeitos
jurídicos. O fundamento do dispositivo legal é o afeto entre as partes.
• Adoção, reconhecimento de filho, divórcio, serviço de proteção de
vítimas e testemunhas (sentença do juiz, após ouvir o Ministério Público:
coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime),
tradução ou adaptação de nomes estrangeiros (Lei n° 6.815/80), etc.
Transexual
Questão que atualmente tem grande incidência em concurso é o caso do
transexual. Uma pessoa pode ter a forma de um sexo (ex.: masculino), mas a
mentalidade de outro (feminino). Notem que esta é uma situação diferente da
do homossexual, pois este se sente atraído pela pessoa do mesmo sexo, mas
não tem intenção de mudar de sexo. A jurisprudência vem acompanhando as
modificações havidas nesta área. Atualmente há a possibilidade de cirurgia para
a mudança de sexo em nosso País. Chama-se de transgenitalização a cirurgia
para adaptar o corpo (sexo biológico) à mente (sexo psíquico) da pessoa. Há
inúmeras decisões judiciais garantindo o direito dos transexuais de realizar
a cirurgia de transgenitalização pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O
Conselho Federal de Medicina reconhece o transexualismo como um “transtorno
de identidade sexual” e a cirurgia como uma solução terapêutica. Para tanto,
editou a Resolução n° 1.652 autorizando as cirurgias de mudança de sexo, mas
isto depende muito de caso a caso e de um acompanhamento médico e
psicológico multidisciplinar. A cirurgia traz reflexos na possibilidade de
retificação do assento de nascimento. Não só no que diz respeito ao nome
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(prenome), mas também no que concerne ao sexo (pois se trata de um estado
individual, informado pelo gênero biológico).
Em decisão recente, o Superior Tribunal de Justiça entendeu deve ser
expedida uma nova certidão civil, sem que nela conste qualquer anotação
sobre a decisão judicial e nem mesmo o termo “transexual”. Isto porque
tais observações na certidão significariam na continuidade da exposição da
pessoa a situações constrangedoras e discriminatórias. No entanto, a
informação de que o nome e o sexo foram alterados judicialmente deve ser
mantida nos livros cartorários, para não induzir terceiro de boa-fé em erro
quando da habilitação de eventual e futuro casamento. Há quem sustente que
nem esta informação deve ser mantida. Pergunta-se: e se o transexual casar
sem revelar o fato de ser operado? O casamento será realizado da mesma
forma, mas poderá ocorrer a anulação do casamento em razão do erro quanto à
pessoa. Hipoteticamente falando, teríamos uma possibilidade de caracterização
do erro quanto à pessoa do cônjuge.
A propósito, sobre o tema, recentemente vi cair em um exame da Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB) a seguinte assertiva, sendo a mesma
considerada como verdadeira: “aquelas pessoas portadoras de uma
incontrolável compulsão pela amputação de um membro específico de seu
corpo, em razão do desconforto de estarem presos em um corpo que não
corresponde à verdadeira identidade física que gostaria de ter, denominam-se...
wannabes”. Na realidade essa expressão deriva do inglês “wanna” (to want =
querer) e “be” (to be = ser). Ou seja, “querer ser”. Confesso que nunca tinha
ouvido essa expressão com conotação sexual. Para mim era apenas a famosa
música das “Spice Girls” (Wannabe), traduzida como “pretendente” (If you
wannabe my lover...). Enfim... aprendi essa resolvendo uma questão de Direito
da OAB. Vivendo e aprendendo...

B) ESTADO
Estado é a soma das qualificações da pessoa natural hábeis a identificá-la
na sociedade e produzir efeitos jurídicos; é o modo particular da pessoa existir.
Apresenta três aspectos:
Individual (ou físico)  é o modo de ser da pessoa quanto à idade,
sexo, cor, altura, saúde, etc. Algumas dessas particularidades, como a
idade exercem influência sobre a capacidade e o seu poder de praticar
atos da vida civil (maioridade ou menoridade).
Familiar  indica a situação que a pessoa ocupa na família: a) quanto
ao matrimônio (solteiro, casado, viúvo, divorciado); b) quanto ao
parentesco consanguíneo (ascendentes: pai, mãe, avós; descendentes:
filho, neto; colaterais: irmãos, tios, primos, etc.); c) quanto à afinidade
(sogro, sogra, genro, nora, cunhados, etc.).
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Político  identifica a pessoa a partir do local em que nasceu ou de sua
condição política dentro de um País: nacional (nato ou naturalizado),
estrangeiro, apátrida. Obs.: já vi cair em concurso o termo heimatlos.
Trata-se de uma expressão de origem alemã que significa apátrida
(pessoa que não é considerado nacional por qualquer País).
O estado é regulado por normas de ordem pública (suas regras não
podem ser alteradas pela vontade das partes). É irrenunciável, pois não se pode
renunciar aquilo que é uma característica pessoal. É uno e indivisível, pois
ninguém pode ser simultaneamente casado e solteiro; maior e menor, etc. Por
ser um reflexo da personalidade, é inalienável, não podendo ser objeto de
comércio. Trata-se de um direito indisponível (não se transferem as
características pessoais) e imprescritível (o decurso de tempo não faz com que
se percam as qualificações pessoais). As ações tendentes a afirmar, obter ou
negar determinado estado, também são chamadas de ações de estado (ex.:
investigação de paternidade, divórcio, etc.), sendo consideradas
personalíssimas.

C) DOMICÍLIO
O conceito de domicílio (domus, em latim, significa casa) surge da
necessidade legal que se tem de fixar as pessoas em determinado ponto do
território nacional, onde possam ser encontradas para responder por suas
obrigações. Exemplo: vou ingressar com uma ação judicial! Onde essa ação será
proposta? Resposta: em regra no domicílio do réu. E se uma pessoa morre,
onde deve ser proposta a ação de inventário? Resposta: no último domicílio do
“de cujus” (falecido). E assim por diante... O conceito de domicílio está sempre
presente em nosso dia-a-dia, mesmo que não percebamos. Inicialmente,
devemos fazer a seguinte distinção:
a) Moradia ou habitação: é o local onde a pessoa se estabelece
provisoriamente, sem ânimo de permanecer; é uma relação bem frágil entre
uma pessoa e o local onde ela está (ex.: alugar uma casa de praia por um mês,
aluno que ganha uma bolsa de estudos por três meses na França, casa usada
apenas para ficar nos fins de semana, feriados ou férias, etc.).
b) Residência: é o lugar em que o indivíduo se estabelece habitualmente,
com a intenção de permanecer, mesmo que dele se ausente temporariamente;
trata-se de uma situação de fato.
c) Domicílio: é a sede da pessoa, tanto física como jurídica, onde se
presume a sua presença para efeitos de direito e onde exerce ou pratica,
habitualmente, seus atos e negócios jurídicos. É o lugar onde a pessoa
estabelece sua residência com ânimo definitivo de permanecer (art. 70, CC),
convertendo-o, em regra, em centro principal de seus negócios jurídicos ou de

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sua atividade pessoal; trata-se de um conceito jurídico. Por isso está previsto
em diversos dispositivos esparsos em nossa legislação. Vejamos alguns:
art. 7°, LINDB: A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as
regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os
direitos de família.
art. 327, CC: o pagamento, de uma forma geral, deve ser feito no
domicílio do devedor (se o contrário não estiver previsto no contrato).
art. 1.785, CC: a sucessão abre-se no lugar do último domicílio do
falecido.
art. 94, Código de Processo Civil: a ação fundada em direito pessoal e a
ação fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra,
no foro do domicílio do réu.

O domicílio possui dois elementos


a) Objetivo: é o estabelecimento físico da pessoa; a fixação da residência.
b) Subjetivo: é a intenção, o ânimo de ali permanecer em definitivo (a
doutrina chama isso de animus manendi). Se uma pessoa viajou de férias para a
praia, evidentemente que seu domicílio não foi alterado, pois falta a intenção de
permanecer definitivamente neste local.

Regra Básica: O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela


estabelece a residência com ânimo definitivo (art. 70, CC). É também
domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão,
o lugar onde esta é exercida (art. 72, CC).

Outras Regras
A) Domicílio familiar: uma pessoa pode residir em mais de um local,
tomando apenas um como sendo o centro principal de seus negócios; este local
então será o seu domicílio. Mas se a pessoa tiver várias residências, onde
alternadamente viva, sem que se possa considerar uma delas como sendo o seu
centro principal, o domicílio pode ser qualquer delas → o Brasil adotou o sistema
da pluralidade domiciliar ou domicílio múltiplo (art. 71, CC).
B) Domicílio aparente, ocasional ou eventual: pode ocorrer que uma
pessoa não tenha uma residência habitual; ela não tem um ponto central de
negócios. O exemplo clássico é o dos circenses e ciganos que a cada momento
estão em uma localidade diferente (a doutrina os chama de adômidas). O
domicílio destas pessoas então será o lugar onde elas forem encontradas
(art. 73, CC). Trata-se de uma ficção jurídica, uma hipótese de aplicação da

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Teoria da Aparência, pois todo sujeito necessita de um local para ser
encontrado e ter um domicílio.
C) Domicílio profissional: o art. 72, CC considera como domicílio para
efeitos profissionais o lugar onde a atividade é desenvolvida: “É também
domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o
lugar onde esta é exercida. Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em
lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe
corresponderem”.
D) Mudança de domicílio (art. 74, CC): muda-se o domicílio,
transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. Estabelece
o parágrafo único do art. 74, CC que a prova da intenção resultará do que
declarar a pessoa às municipalidades que deixa e para onde vai. No entanto
essas declarações não podem ser impostas pelo Direito como condição essencial
para a caracterização da mudança de domicílio, devendo ser aplicada a parte
final do dispositivo que permite que, não se fazendo tais declarações, a
transferência de domicílio decorre da própria mudança, podendo ser aferida por
alguma conduta da pessoa: matricular o filho em um novo colégio, abertura de
conta bancária com novo endereço, transferir linha telefônica e assinatura de TV
a cabo, etc.
Observação: como se percebe a pessoa natural pode possuir duas modalidades
de domicílio: o familiar e o profissional. E, diante da pluralidade domiciliar,
ela pode ter dois domicílios familiares, ou dois profissionais, ou um familiar e
outro profissional, ou um familiar e dois profissionais, etc.

ESPÉCIES DE DOMICÍLIO
1) Domicílio Voluntário  escolhido livremente pela própria vontade do
indivíduo e por ele pode ser modificado (geral: art. 70, CC) ou estabelecido
conforme interesses das partes em um contrato (especial: art. 78, CC).
Também pode ser simples ou múltiplo (plural).
2) Domicílio Legal (ou necessário)  é o que decorre da lei em razão da
condição ou situação de certas pessoas. Deixa de existir a liberdade de escolha
do domicílio (art. 76 e seu parágrafo único, CC):
Incapazes (qualquer tipo de incapacidade): têm por domicílio o de seus
representantes legais (pais, tutores ou curadores). A doutrina costuma
chamar de domicílio de origem aquele que o filho adquire ao nascer ou
enquanto ele estiver sob o poder familiar.
Servidor Público: seu domicílio é o lugar onde exerce
permanentemente sua função. Cuidado: não se aplica ao servidor
público de função temporária.

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Militar em serviço ativo: o domicílio do militar do Exército é o lugar
onde está servindo; o da Marinha ou da Aeronáutica é a sede do
comando a que se encontra imediatamente subordinado. Aplica-se este
dispositivo, por analogia, também aos Policiais Militares estaduais.
Cuidado: se o militar está reformado (aposentado) não tem mais
domicílio necessário por este motivo.
Preso: é o lugar onde a pessoa cumpre a sentença (o que não é
necessariamente o local onde foi preso ou condenado). Cuidado: essa
regra não se aplica ao preso provisório (prisão temporária ou
preventiva); é necessário que haja uma decisão condenatória. Se o preso
ainda não foi condenado, seu domicílio será o voluntário.
Marítimos (são os oficiais e tripulantes da marinha mercante, chamados
de “marinheiros particulares”): marinha mercante é a que se ocupa do
transporte de passageiros e mercadorias. O domicílio legal é no lugar
onde o navio estiver matriculado. Cuidado: os examinadores gostam
de colocar como alternativa errada: “lugar onde o navio estiver
ancorado”.

Observações
01) Para quem gosta de métodos de memorização: PIS-M² (preso, incapaz,
servidor, militar e marítimo).
02) Como vimos, o Brasil possibilita a pluralidade domiciliar, por isso a
existência do domicílio legal não inibe eventual domicílio voluntário. Ex.:
funcionário público tem domicílio legal onde exerce suas funções (Município
“A”), mas reside com ânimo definitivo (domicílio voluntário) no Município “B”.
Nesse sentido a jurisprudência de nossos Tribunais: “Havendo mais de um
domicílio, sendo um necessário e outro voluntário, é faculdade do autor a
escolha do foro, tendo por base um ou outro domicílio”.
03) O art. 77, CC ainda traz uma situação especial para o Agente Diplomático
do Brasil que, citado no estrangeiro, alega extraterritorialidade, sem indicar
seu domicílio no país. Neste caso poderá ser demandado no Distrito Federal ou
no seu último domicílio.
O domicílio voluntário especial merece um destaque à parte. Segundo
a doutrina ele pode ser subdividido: a) domicílio contratual (art. 78, CC):
local especificado no contrato para o exercício e cumprimento das obrigações
dele resultantes; b) domicílio (ou foro) de eleição ou cláusula de eleição de
foro (previsto no art. 63 do Código de Processo Civil): escolhido pelas partes
para a propositura de ações relativas às obrigações. Essas duas espécies de
domicílio derivam de cláusula escrita. E quando se tratar de ação que verse
sobre imóveis a competência é a da situação da coisa.

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A jurisprudência atual se posicionou no sentido de se negar o foro de
eleição nos contratos de adesão, “quando constitui um obstáculo à parte
aderente, dificultando-lhe o comparecimento em juízo”. Ou seja, a
princípio a cláusula de eleição de foro não é abusiva. No entanto se isso criar
alguma dificuldade na defesa do aderente deve ser considerada nula. O STJ
entende ser cláusula abusiva, pois ela prejudica o consumidor, uma vez que o
obriga a responder ação judicial em local diverso de seu domicílio (“é nula a
cláusula que não fixar o domicílio do consumidor”). Lembrando que contrato de
adesão (ou por adesão) é aquele que já está pronto, elaborado de forma
unilateral. Ou você assina (adere) o contrato da forma como que ele foi redigido
ou o mesmo não sai. Não é possível ficar discutindo as cláusulas contratuais. Por
tal motivo a tendência é não ser possível colocar o foro ou domicílio de eleição
no contrato (até porque ele não foi eleito; foi imposto por uma das partes).
Estabelece o art. 63, §3°, do CPC: “Antes da citação, a cláusula de eleição de
foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que
determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu”.
Domicílio Pessoa Natural – Resumo
Regra = lugar onde estabelecer residência com ânimo definitivo (muda-se
o domicílio transferindo a residência).

Quando possui diversas residências = qualquer delas será o domicílio.

Quanto às relações concernentes à profissão = lugar onde a profissão é


exercida.

Quanto às relações concernentes à profissão em lugares diversos = cada


um deles constituirá domicílio.

Sem residência habitual = lugar onde for encontrada.

Agente diplomático do Brasil citado no estrangeiro = poderá ser demandado


no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.

Domicílio Necessário
Incapaz = representante ou assistente.

Servidor público = onde exercer permanentemente suas funções.

Militar (em geral) = onde servir.

Militar da Marinha ou Aeronáutica = sede do comando a que se encontrar


imediatamente subordinado.

Marítimo = onde o navio estiver matriculado.

Preso = onde estiver cumprindo a sentença.

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FIM DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL
Como vimos o início da personalidade se dá com o nascimento com vida,
acompanhando o indivíduo durante toda a sua vida. E termina com o fim da
existência da pessoa natural, ou seja, com a morte da pessoa (art. 6°, CC).
Verificada a sua morte, desaparecem, em regra, os direitos e as obrigações de
natureza personalíssima (ex.: dissolução do vínculo matrimonial, relação de
parentesco, etc.). Já os direitos não personalíssimos (em especial os de
natureza patrimonial) são transmitidos aos seus sucessores.
Num sentido genérico podemos dizer que há três espécies de morte:
a) real; b) civil; c) presumida. A doutrina acrescenta também a hipótese da Lei
n° 9.140/95 que reconheceu como mortos, para todos os efeitos legais (morte
legal), os “desaparecidos políticos”.

MORTE REAL
A personalidade civil termina com a morte física, deixando o indivíduo
de ser sujeito de direitos e obrigações. A morte, portanto, é o momento
extintivo da personalidade. A morte real se dá com o óbito comprovado da
pessoa natural. Tradicionalmente isso ocorre com a parada total do aparelho
cardiorrespiratório. No entanto, a comunidade científica mundial, assim como o
Conselho Federal de Medicina, tem afirmado que o marco mais seguro para se
aferir a extinção da pessoa física é a morte encefálica, inclusive para efeito de
transplante (Lei n° 9.434/97 – Lei de Transplantes). Isso porque a morte
encefálica é irreversível.
Inicialmente exige-se um atestado de óbito (para isso é necessário o
corpo) que irá comprovar a certeza do evento morte, devendo o mesmo ser
lavrado por profissional registrado no Conselho Regional de Medicina. Na
ausência deste, a Lei n° 6.015/73 (Lei de Registros Públicos) permite que a
declaração de óbito possa ser feita por duas testemunhas. Com este documento
é lavrada a certidão de óbito, por ato do oficial do registro civil de pessoa
natural, sendo esta a condição para o sepultamento.

MORTE CIVIL
A morte civil era a perda da personalidade em vida. A pessoa estava
viva, mas era tratada como se estivesse morta. Geralmente era uma pena
aplicada a pessoas condenadas criminalmente, em situações especiais.
Atualmente, pode-se dizer ela não existe mais. No entanto, há resquícios de
morte civil. Ex.: exclusão de herança por indignidade do filho, “como se ele
morto fosse” (observem esta expressão no art. 1.816, CC); embora viva, a
pessoa é ignorada, mas somente para efeitos de herança.

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MORTE PRESUMIDA
Ocorre quando não se consegue provar que houve a morte real. Nosso
direito prevê duas formas distintas para os casos em que não há a
constatação fática da morte (ausência de corpo):
Art. 6°, CC: morte presumida com declaração de ausência.

Art. 7°, CC: morte presumida sem declaração de ausência.


A) Art. 6°, CC
É uma situação mais complexa, pois exige a declaração de ausência,
que está prevista nos arts. 22 a 39, CC. Ausência é o desaparecimento de uma
pessoa do seu domicílio. A pessoa deixa de dar notícias de seu paradeiro por um
longo período de tempo, sem nomear um representante (procurador) para
administrar seus bens (art. 22, CC). Os efeitos da morte presumida são
patrimoniais (protege-se o patrimônio do ausente) e alguns pessoais (ex.: o
estado de viuvez do cônjuge do ausente). A ausência só pode ser reconhecida
por meio de um processo judicial composto de três fases: a) curadoria de
ausentes; b) sucessão provisória; c) sucessão definitiva. Vejamos cada uma
delas.

PRIMEIRA FASE: AUSÊNCIA


Arts. 22 a 25, CC. Ausente uma pessoa, qualquer interessado na sua sucessão
(e até mesmo o Ministério Público) pode requerer ao Juiz a declaração de
ausência e a nomeação de um curador, obedecendo a ordem do art. 25, CC.
Trata-se do velho exemplo do sujeito que saiu de casa para comprar um maço e
cigarros ou foi pescar e não voltou mais... Ele pode ter morrido mesmo... como
pode simplesmente ter “fugido de casa”. Ele deixou esposa, filhos, alguns bens
em seu nome, contas para pagar... E agora? Não se pode deixar tudo em
aberto... A solução é ingressar com essa medida judicial. Trata-se da curadoria
dos bens do ausente. Seus bens são arrecadados e entregues a um curador
apenas para que eles sejam administrados (não há efeitos pessoais). Durante
um ano (no caso do ausente não deixar representante ou procurador) ou três
anos (na hipótese em que ele deixou um representante) devem-se expedir
editais convocando o ausente para retomar a posse de seus haveres. Com a sua
volta opera-se a cessação da curatela, o mesmo ocorrendo se houver notícia de
seu óbito comprovado. Não retornando ao lar nestes prazos, passamos para a
fase seguinte.

SEGUNDA FASE: SUCESSÃO PROVISÓRIA


Arts. 26 a 36, CC. Se o ausente não comparecer no prazo (um ou três anos,
dependendo da hipótese), poderá ser requerida e aberta a sucessão
provisória e o início do processo de inventário e partilha dos bens. No

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processo de ausência a sentença do Juiz é dada logo no início do processo, para
que se inicie a sucessão provisória. Mas esta sentença determinando a abertura
da sucessão ainda não produz efeitos de imediato. O art. 28, CC prevê uma
cautela a mais. Ou seja, concede um prazo de mais 180 dias para que o
ausente reapareça e tome conhecimento da sentença que determinou a abertura
da sucessão provisória de seus bens. Assim, a sentença somente irá produzir
efeito 180 dias após sua publicação na imprensa. Trata-se, digamos, de uma
“última chance” que se dá ao ausente. Após este prazo, a ausência passa a ser
presumida. Nesta fase cessa a curatela dos bens do ausente. É feita a partilha
dos bens deixados e agora são os herdeiros (e não mais aquele curador), de
forma provisória e condicional que irão administrar os bens, prestando caução
(ou seja, dando garantias de que os bens serão restituídos no caso do ausente
aparecer). Se estes herdeiros forem descendentes, ascendentes ou cônjuge do
ausente, não precisam prestar caução.
Nesta fase os herdeiros ainda não têm a propriedade; exercem apenas a
posse dos bens do ausente. Apenas se antecipa a sucessão, sem delinear
definitivamente o destino dos bens desaparecido. Por isso os sucessores ainda
não podem vender os bens. Os imóveis somente podem ser vendidos com
autorização judicial. A sucessão provisória é encerrada se o ausente retornar ou
se comprovar a sua morte real. Convém acrescentar que o descendente, o
ascendente e o cônjuge (herdeiros necessários) que forem sucessores
provisórios do ausente e estiverem na posse dos bens terão direito a todos os
frutos e rendimentos desses bens. Ex.: Uma pessoa foi considerada “ausente”;
era proprietário de duas casas e uma fazenda. Seu filho entrou na posse dos
bens: mora em uma das casas, alugou a outra e tornou a fazenda
extremamente produtiva. Se seu pai retornar posteriormente, o filho não será
obrigado a restituir os aluguéis que recebeu com a casa e nem o que lucrou
explorando a fazenda. Já os demais sucessores (ex.: irmãos, tios, sobrinhos,
etc.) terão direito somente à metade destes frutos ou rendimentos.

TERCEIRA FASE: SUCESSÃO DEFINITIVA


Arts. 37 a 39, CC. Após 10 (dez) anos do trânsito em julgado da sentença de
abertura da sucessão provisória, sem que o ausente apareça, será declarada a
morte presumida. Nesta ocasião converte-se a sucessão provisória em
definitiva. Os sucessores deixam de ser provisórios, adquirindo a propriedade
plena (ou o domínio) e a disposição dos bens recebidos. Porém esta propriedade
é considerada resolúvel. Isto é, se o ausente retornar em até 10 (dez) anos
seguintes à abertura da sucessão definitiva terá direito aos bens, mas no
estado em que se encontrarem. Ou então terá direito ao preço que os
herdeiros houverem recebido com sua venda. Se regressar após esse prazo
(portanto após 21 anos do início do processo), não terá direito a mais nada.

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É nesta fase (na sucessão definitiva, ou seja, até 10 anos após o trânsito
em julgado da sentença de abertura da sucessão provisória) que também se
dissolve a sociedade conjugal, considerando-se rompido o vínculo
matrimonial. É o que prevê o art. 1.571, §1° do CC. Neste caso o cônjuge será
considerado viúvo (torna-se irreversível a dissolução da sociedade conjugal),
podendo se casar novamente.

No entanto este cônjuge não precisa esperar tanto tempo para se casar
novamente. Mesmo antes de ser considerado viúvo ele pode ingressar com um
pedido de divórcio. Até porque, com a edição da Emenda Constitucional n°
66/2010, tudo ficou muito mais simples, sem a necessidade de se ingressar
primeiro com a separação judicial e aguardar prazos. E, divorciada, a pessoa já
está livre para convolar novas núpcias.

É nesta fase também (assim que declarada a morte presumida e aberta a


sucessão definitiva) que há o pagamento de eventual indenização do seguro de
vida da pessoa desaparecida.

Interessante acrescentar que o art. 38, CC possibilita se requerer a


sucessão definitiva provando-se que o ausente conta com 80 anos de idade
e que de cinco datam as últimas notícias dele. Ou seja, independentemente de
sucessão provisória, se o ausente tinha mais de 80 anos, basta que se esperem
mais cinco anos sem notícias suas para que seja aberta a sucessão definitiva.
Exemplos: se a pessoa desapareceu quando tinha 82 anos, deve-se esperar
mais 5 anos, podendo requerer a sucessão definitiva quando teria 87 anos; se a
pessoa desapareceu com 77 anos, deve-se aguardar a data em que completaria
80 e a partir daí acrescentar mais 5 anos.

Resumindo
a) Ausência (curadoria dos bens do ausente): 01 ou 03 anos, dependendo
da hipótese (com ou sem representante), arrecadando-se os bens que
serão administrados por um curador.
b) Sucessão Provisória: é feita a partilha de forma provisória,
aguardando-se 10 anos.
c) Sucessão Definitiva: na abertura já se concede a propriedade plena e
se declara a morte (presumida) do ausente. Seu cônjuge é reputado viúvo.
Aguardam-se mais dez anos. Se o ausente retornar recebe os bens
existentes no estado em que se acharem (ou o preço em seu lugar).
d) Fim.

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Vejamos no gráfico abaixo, a demonstração das fases do processo.

Desaparecimento Início do Processo Morte Presumida Fim

1 ou 3 anos 10 anos 10 anos


Ausência Sucessão Sucessão
Curadoria Provisória Definitiva

B) Art. 7°, CC
Esta é uma situação mais simples, pois permite a declaração da morte
presumida sem decretação de ausência. Isso para melhor viabilizar o
registro do óbito, resolver problemas jurídicos e regular rapidamente a sucessão
causa mortis. Vejamos as duas situações excepcionais, expressamente
previstas no Código Civil:
For extremamente provável a morte de quem estava em perigo de
vida.
Pessoa desapareceu em campanha ou feito prisioneiro e não foi
encontrado até dois anos após o término da guerra.
Nestas hipóteses, não havendo corpo, recorre-se aos meios indiretos de
comprovação; a declaração de morte presumida é concedida judicialmente,
independentemente de declaração de ausência. Entretanto, só pode ser
requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a
sentença fixar a data provável do falecimento. Estabelece o art. 88 da Lei
de Registros Públicos (Lei n° 6.015/73): “Poderão os juízes togados admitir
justificação para o assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágios,
incêndio, terremoto ou outra qualquer catástrofe, quando estiver provada a
sua presença no local do desastre e não for possível encontrar o
cadáver para exame” (justificação judicial da morte).
Podemos dar como exemplo, as últimas tragédias aéreas ocorridas no
Brasil. Se um avião cai ou explode de forma que não haja possibilidade de
sobreviventes, ainda que não se encontre os corpos de todos os passageiros,
têm-se a certeza de que houve a morte de todos. Basta provar que aquela
pessoa desaparecida realmente estava no avião que se acidentou. E a Justiça
vem aplicando os arts. 7° do CC e 88 da LRP em conjunto, para declarar a
morte presumida sem a decretação de ausência. Tal declaração substitui
judicialmente o atestado de óbito. Com isso não se passa por aquelas longas
fases já mencionadas acerca da declaração de ausência com declaração de
ausência. Com esta declaração pode-se abrir a sucessão da mesma forma que
seria feito se houvesse morte real (por isso alguns autores ao invés de

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chamarem este instituto de morte presumida sem declaração de ausência,
preferem chamá-la de “morte real sem corpo”...).

COMORIÊNCIA
Comoriência é o instituto pelo qual se considera (presume-se) que duas
ou mais pessoas morreram simultaneamente, sempre que não se puder
averiguar qual delas pré-morreu, ou seja, quem morreu primeiro. Isso tem
especial interesse no Direito das Sucessões, uma vez que quando uma pessoa
morre, seus bens são imediatamente transmitidos aos herdeiros. Segundo o Art.
8°, CC: “Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se
podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-
se-ão simultaneamente mortos”. Ex.: um avião caiu e todos os passageiros
faleceram no acidente; nesse caso vamos presumir que todos eles morreram no
mesmo momento. Comoriência também é chamada de morte simultânea.
Trata-se de uma presunção relativa (juris tantum), ou seja, que
admite prova em contrário, pois pode ser afastada quando existirem provas
para atestar que a morte de uma das pessoas antecedeu à outra (ex.:
testemunhas que presenciaram o acidente, laudos e perícias médicas, etc.).
Observem: enquanto os arts. 6° e 7° estabelecem uma presunção acerca do
”evento morte”, o art. 8° estabelece uma presunção sobre o “momento da
morte”.
Aplica-se o instituto da morte simultânea sempre que houver uma
relação de sucessão hereditária entre os mortos. Se não houver esta
relação também não haverá qualquer interesse jurídico na questão. A
consequência prática da comoriência é que se os comorientes forem
herdeiros uns dos outros, não haverá transferência de bens e direitos
entre eles; um não sucederá o outro. Abrem-se cadeias sucessórias distintas e
autônomas.

EXEMPLO CLÁSSICO: vamos supor que um casal esteja viajando de carro


e sofre um grave acidente. Eles não têm descendentes e nem ascendentes e
nem deixaram testamento. Mas cada um tem um irmão. O marido teve morte
imediata; morreu no local do acidente. Já a esposa, embora muito ferida, foi
levada para o hospital faleceu somente no dia seguinte. Neste caso não se fala
mais em comoriência, pois há prova de que ela sobreviveu ao marido. No
momento da morte do primeiro cônjuge toda a herança se transmite para o
outro cônjuge. E com a morte deste último, a herança toda será transmitida
somente para o irmão do que morreu por último. Mas se não se conseguir
demonstrar quem morreu primeiro no acidente, aplica-se a comoriência. Neste
caso, a herança de ambos será dividida à razão de 50% para os irmãos
(colaterais) de cada cônjuge, se o regime de bens do casamento for o da
comunhão universal (ou comunhão parcial, mas todos os bens do casal foram
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adquiridos na constância do casamento). Portanto, a sucessão ocorrerá
separadamente para os colaterais (no máximo até o quarto grau) de cada um
dos falecidos, de modo que as respectivas heranças sejam mantidas nas
famílias consanguíneas correspondentes.
EXEMPLO COMPLETO DA DOUTRINA: Abel e seu único neto, Bernardo,
viajavam de ônibus, quando sofrem um grave acidente em que ambos falecem.
Abel, que é viúvo, possui como parente apenas um irmão (Carlos). Bernardo é
casado com Ana. Situações: 01) Se no acidente Abel (avô) morrer primeiro,
Bernardo (neto) será seu único herdeiro e receberá todos os seus bens. No
entanto como Bernardo também morreu, essa herança passará a ser de Ana.
Assim Ana receberá toda a herança de Abel e também a de Bernardo. 02) Se no
acidente Bernardo morrer primeiro, Ana ficará com a sua meação e mais uma
outra parte do direito de herança da outra metade em relação aos bens de
Bernardo (atualmente o cônjuge herda em concorrência com os descendentes e
ascendentes), herdando Abel (avô) a outra parte da herança de Bernardo. No
entanto como Abel também morreu, sua parte irá para Carlos (irmão de Abel e
tio-avô de Bernardo). Assim Carlos irá receber toda a herança de Abel (já que
Ana nada receberá de Abel) e mais uma parte da herança de Carlos. 03) Se não
for possível verificar quem faleceu primeiro, aplica-se a comoriência, sendo que
nesse caso nem o avô herda do neto e nem o neto herda do avô. Desta forma,
Ana recebe apenas os bens de Bernardo e Carlos recebe apenas os bens de
Abel.

Questão Polêmica E se duas pessoas falecerem em locais diferentes,


mas nas mesmas circunstâncias de tempo? Há autores que defendem a posição
de que somente haverá comoriência se as mortes se derem no mesmo
acontecimento, lugar e tempo. Outros (Maria Helena Diniz) afirmam: "Embora o
problema da comoriência tenha começado a ser regulado a propósito de caso de
morte conjunta no mesmo acontecimento, ele se coloca com igual relevância
em matéria de efeitos nos casos de pessoas falecidas em lugares
e acontecimentos distintos, mas em datas e horas simultâneas ou muito
próximas. A expressão “na mesma ocasião” não requer que o evento morte se
tenha dado na mesma localidade; basta que haja inviabilidade na apuração
exata da ordem cronológica dos óbitos.

Observação. Embora o Brasil tenha adotado a presunção de morte


simultânea, outros países acolheram sistemas diferentes, como por exemplo, a
“presunção de premoriência da pessoa mais velha”. Reforço: o Brasil não
adotou esse sistema (às vezes isso cai nos exames nas alternativas erradas).

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EFEITOS DO FIM DA PERSONALIDADE
São efeitos do fim da personalidade: dissolução do vínculo conjugal e
do regime matrimonial; extinção do poder familiar; extinção dos contratos
personalíssimos, etc. Outro efeito de suma importância é a extinção da
obrigação de prestar alimentos com o falecimento do credor. Observem que o
credor é a pessoa que estava recebendo a pensão alimentícia; morrendo não faz
mais jus ao benefício e este direito não se transmite a seus herdeiros. No
entanto, no caso de morte do devedor (que é a pessoa que paga a pensão
alimentícia), os herdeiros deste assumem a obrigação até as forças da herança.
Ou seja, a obrigação de prestar alimentos se transmite aos herdeiros.
Trata-se de uma inovação do atual Código, com previsão expressa no art.
1.700, CC.
Interessante reforçar que no Direito Civil não podemos aplicar em sua
plenitude o brocardo mors omnia solvit (a morte dissolve tudo). Como vimos,
alguns dos direitos da personalidade podem se estender após à morte
da pessoa. E sua vontade também pode sobreviver por meio de um
testamento. Ao cadáver é devido respeito. Os militares e os servidores públicos
de uma forma geral podem ser promovidos post mortem. Portanto, alguns
direitos ainda permanecem, podendo sofrer ameaça ou lesão e devem ser
respeitados, sendo tutelados pela lei, como o direito à imagem, à honra, ao
nome, aos direitos autorais, etc.

CAPACIDADE CIVIL

Embora baste nascer com vida para se adquirir a personalidade, nem


sempre se terá capacidade plena. Costuma-se dizer que a personalidade é a
potencialidade resultante de um fato natural (nascer com vida); já na
capacidade temos os limites desta potencialidade. Uma frase muito comum na
doutrina (e concursos) é que “a capacidade é a medida da personalidade”. Por
que isso? Como vimos, toda pessoa é capaz de direitos e deveres. Mas em que
medida isso ocorre? A resposta está nas espécies de capacidade. Vejamos.
• Capacidade de direito ou de gozo (ou de aquisição de direito):
própria de todo ser humano; inerente à personalidade; exprime a ideia
genérica da possibilidade de ser sujeito de direito. Adquire-se com o
nascimento com vida e extingue-se somente com a morte. É a capacidade
para adquirir direitos e contrair obrigações. Art. 1°, CC: “Toda pessoa é
capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Nasceu com vida? Sim!
Então tem personalidade. Tem personalidade? Sim! Então tem capacidade
de direito.

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• Capacidade de fato ou de exercício da capacidade de direito:
é a capacidade de exercitar pessoalmente (por si mesmo) todos os atos da
vida civil (por isso alguns autores também usam a expressão capacidade
civil), independentemente de assistência ou representação.

Não caiam em pegadinhas 1) Capacidade e personalidade são


conceitos sinônimos? –Não! 2) Capacidade de direito (gozo) pressupõe a
capacidade de fato? –Não! 3) Capacidade de fato pode subsistir sem a
capacidade de gozo? –Não! 4) Capacidade de direito e de exercício são atributos
inerentes a toda pessoa humana? –Não!
Resumindo: Toda pessoa natural tem capacidade de direito; esta é inerente à
personalidade. Quem tem personalidade (está vivo) tem capacidade de direito.
Mas essa pessoa pode não ter a capacidade de fato, pois pode lhe faltar a
plenitude da consciência e da vontade, limitando o exercício (e não o gozo)
dos direitos.

No Brasil não existe a incapacidade de direito.

A capacidade de direito não pode ser negada ao indivíduo, mas pode


sofrer restrições quanto ao seu exercício. Ex.: o menor de 16 anos, por ser
pessoa (está vivo, possui personalidade), tem capacidade de direito, podendo
receber uma doação; porém não tem capacidade de fato, não podendo vender o
bem que ganhou.
Quem possui as duas espécies de capacidade (de direito e de fato) tem a
chamada capacidade plena. Capacidade plena = capacidade de direito +
capacidade de fato.
Quem só possui a de direito tem a chamada capacidade limitada. A
incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil (em outras
palavras: é uma restrição ao poder de agir). Isso visa proteger as pessoas que
são portadoras de alguma deficiência jurídica apreciável, graduando a forma de
proteção: pode ser absoluta ou relativa. Veremos todas as hipóteses mais
adiante.

Por ora fiquemos com o seguinte resumo:


• Incapacidade Absoluta → Pessoas completamente privadas
(proibição total) de agir na vida civil (art. 3°, CC). A deficiência pode ser
suprida (o ato pode ser praticado) pela representação. Ou seja, os
representantes legais é que vão praticar o ato em nome do incapaz,
pois este não manifesta a sua vontade. A falta de representação no ato
acarreta a nulidade absoluta (ato nulo) do mesmo (art. 166, I, CC).

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• Incapacidade Relativa → Pessoas relativamente incapazes, ou
seja, que podem atuar na vida civil, embora com restrições (art. 4°,
CC). A deficiência pode ser suprida pela assistência. Ou seja, o próprio
incapaz decide se pratica ou não o ato, manifestando sua vontade. Se
praticar o ato, deve ser assistido por seu representante legal (que
apenas irá presenciar o ato e assinar, junto com o incapaz, a
documentação pertinente). A falta de assistência no ato acarreta a
nulidade relativa (ato anulável) do mesmo (art. 171, I, CC).
Reforçando: a incapacidade absoluta ou relativa refere-se ao exercício
pessoal dos direitos na órbita civil, pois em nosso direito não existe
incapacidade de direito (somente a incapacidade de fato ou de exercício).

CAPACIDADE DE FATO
Capacidade é a regra; incapacidade é a exceção. Ou seja, toda
pessoa tem a capacidade de direito (basta estar vivo). E há uma presunção
(relativa) da capacidade de fato. Como a incapacidade é a exceção, ela deve
ser comprovada e não restringe a personalidade ou a capacidade de direito;
ela apenas limita o exercício pessoal e direto dos direitos. A incapacidade
não se presume. Sendo uma ressalva ao exercício dos atos da vida civil, deve
ser interpretada restritivamente, sendo admitida apenas quando a lei
expressa e taxativamente prevê a situação (matéria de ordem pública).

A) ABSOLUTAMENTE INCAPAZES (art. 3°, CC)


Ocorre quando há proibição total do exercício do direito pelo incapaz,
acarretando, em caso de violação, a nulidade absoluta do ato jurídico (art.
166, I, CC). Os absolutamente incapazes possuem direitos que não podem ser
exercidos pessoalmente (eles devem ser representados), pois há uma
restrição legal ao poder de agir por si. Ocorre que atualmente só há uma
causa de incapacidade total, qual seja, o menor de 16 anos. Vejamos.

MENORES DE 16 (dezesseis) ANOS (também chamados de menores


impúberes). Trata-se de um critério puramente objetivo (etário). O legislador
parte do pressuposto que, devido a essa tenra idade, a pessoa ainda não atingiu
o discernimento pleno para distinguir o que pode ou não fazer. Devem ser
representados por seus pais. Na falta deles (faleceram ou perderam o poder
familiar), por tutor (nomeado pelos pais ou pelo Juiz).
A venda de um doce para uma criança de 12 anos é um ato
válido? Para alguns autores, rigorosamente, seria um ato nulo. No entanto,
tendo-se em vista o pequeno valor e levando-se em consideração a sua vontade
na situação concreta, é socialmente aceita, sendo o ato válido. A doutrina
chama isso de “ato-fato jurídico”. Sobre o tema, esclarece o Enunciado 138 da
III Jornada de Direito Civil do CJF: “A vontade dos absolutamente
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incapazes, na hipótese do inciso I do art. 3°, é juridicamente relevante na
concretização de situações existenciais a eles concernentes, desde que
demonstrem discernimento bastante para tanto”.

ATENÇÃO IMPORTANTÍSSIMO
Até 2015 nosso Código estabelecia em seu art. 3°: São
absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I. os
menores de dezesseis anos; II. os que, por enfermidade ou deficiência mental,
não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III. os que,
mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
Ocorre que no início de 2016 entrou em vigor a Lei n° 13.146/2015,
que instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que alterou diversos
dispositivos do Código Civil. Portanto, atualmente a redação do art. 3°, CC é a
seguinte: São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos
da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
O art. 2° da Lei n° 13.146/15 estabelece que “considera-se pessoa
com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou
mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdade de condições com as demais pessoas”.
Já o art. 6° da Lei n° 13.146/2015 deixou claro que a deficiência
não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: a) casar-se
e constituir união estável; b) exercer direitos sexuais e
reprodutivos; c) exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter
acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento
familiar; d) conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização
compulsória; e) exercer o direito à família e à convivência familiar e
comunitária; e f) exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção,
como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais
pessoas.
Assim, reforçando, atualmente só há uma causa de incapacidade
total, qual seja, o menor de 16 anos. Com a nova lei todas as demais
pessoas apontadas no dispositivo revogado passam a ser (ao menos em tese)
plenamente capazes para o Direito Civil, permitindo sua inclusão social, em
prol da dignidade.
Parte-se da premissa que a deficiência não é, em princípio,
causadora de limitações à capacidade civil. Mas isso não implica que o
portador de “deficiência mental severa” não possa ter sua capacidade limitada
para a prática de determinados atos (como veremos mais adiante na análise do

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art. 4°, CC), até porque ele ainda pode ser submetido ao regime da curatela. O
que se afastou foi sua condição de absolutamente incapaz.

B) RELATIVAMENTE INCAPAZES (art. 4º, CC)


Trata-se de uma situação intermediária entre a incapacidade total e a
capacidade plena. A incapacidade relativa diz respeito àqueles que podem
praticar por si os atos da vida civil, desde que assistidos por seus
representantes legais. O efeito da violação desta norma é gerar a
anulabilidade (ou nulidade relativa) do ato jurídico (art. 171, I, CC),
dependendo da iniciativa do lesado. Lembrando que alguns atos podem ser
praticados pela pessoa sem assistência, sendo considerados válidos e há outros
atos que podem ser ratificados ou convalidados pelo representante legal,
posteriormente.
A grande diferença entre os absolutamente incapazes e os
relativamente incapazes é que no primeiro caso a pessoa não pode praticar o
ato diretamente, devendo ser representada para a defesa de seus interesses; já
na segunda hipótese a pessoa pratica pessoalmente o ato, sua vontade é levada
em conta, mas ela não pode praticar este ato sozinha, sendo necessária a
assistência de quem de direito. E se houver um conflito de interesses entre o
incapaz e o assistente, o Juiz lhe nomeará um curador especial.
A Lei n° 13.146/2015 também alterou a relação das pessoas
relativamente incapazes do Código Civil. Anteriormente a redação era a
seguinte: art. 4°: “São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira
de os exercer: I. os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II. os
ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental,
tenham o discernimento reduzido; III. os excepcionais, sem desenvolvimento
mental completo; IV. os pródigos”.
Atualmente nosso Código estabelece: art. 4°: “São incapazes,
relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I. os maiores de
dezesseis e menores de dezoito anos; II. os ébrios habituais e os viciados em
tóxico; III. aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade; IV. os pródigos”.
Assim, percebem-se três alterações: a) em relação ao inciso II foi
suprimida a expressão “os que, por deficiência mental, tenham o discernimento
reduzido”; b) foi revogada a hipótese que fazia menção aos “excepcionais, sem
desenvolvimento mental completo”; c) foi inserida a seguinte hipótese: “aqueles
que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade”.
Vejamos as hipóteses atuais.
1) Maiores de 16 anos e menores de 18 anos  Também chamados
de menores púberes. Afirma a doutrina que a sua pouca experiência e
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insuficiente desenvolvimento intelectual não lhes possibilitam a plena
participação na vida civil. Eles somente poderão praticar certos atos mediante
assistência de seus representantes, sob pena de anulação. No entanto há atos
que o relativamente incapaz pode praticar mesmo sem assistência. Ex.: casar
(necessitando neste caso apenas de uma autorização de seus pais: 1.517, CC);
fazer testamento (art. 1.860, parágrafo único, CC); servir como testemunha
(art. 228, I, CC), inclusive em atos jurídicos e testamentos; aceitar mandato
(ser mandatário: art. 666, CC); ser eleitor, etc.
O menor, entre 16 e 18 anos, não pode, para eximir-se de uma
obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela
outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, espontaneamente se declarou maior
(art. 180, CC). Explicando: Em um contrato, um rapaz com 17 anos se passou
por maior de 18 anos e assumiu determinada obrigação. Depois, para não
cumprir esta obrigação, alegou ser menor e revelou sua idade verdadeira. Pela
lei o menor não poderá fugir desta obrigação, pois conscientemente declarou-se
maior (não se pode, para eximir de uma obrigação, alegar sua própria torpeza).
2) Ébrios habituais (alcoólatras) e os viciados em tóxicos  Nestes
casos deve haver um processo para se estabelecer os limites da curatela
(maior ou menor dependendo do grau de comprometimento da pessoa). A
dependência por álcool ou drogas faz com que a pessoa seja considerada
relativamente incapaz. No entanto se o grau de dependência atingir níveis
excepcionais, essa pessoa poderá ser considerada absolutamente incapaz.
3) Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade  Essa situação era prevista anteriormente como causa
de incapacidade absoluta. Agora trata-se de hipótese de incapacidade
relativa. Assim, embora tenha sido excluída do atual texto a expressão
"deficiência mental", a lei não veda a instauração de “um processo que irá
definir os termos da curatela” quando o deficiente não possa, por causa
transitória ou permanente, manifestar sua vontade (a lei não usa mais a
expressão “interdição”).
A regra passa a ser a garantia do exercício da capacidade legal por parte
do portador transtorno mental, em igualdade de condições com os demais
sujeitos. A curatela passa a ser medida excepcional e extraordinária, devendo
constar da sentença as razões e motivações de usa definição, preservados os
interesses do curatelado. O art. 84, §1°, do EPD, enfatiza que, quando
necessário, a pessoa com deficiência será submetida a curatela, proporcional
às necessidades às circunstâncias de cada caso, durando o menor tempo
possível. Mantém-se a legitimidade ativa do Ministério Público para ajuizar a
ação nos casos de “deficiência mental ou intelectual”, nos termos do art. 1.769,
CC, nos casos em que os deficientes que não consigam expressar sua vontade.

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Além do mais, segundo o art. 85, EPD, “a curatela afetará tão somente
os atos relacionado aos direitos de natureza patrimonial e negocial”,
mantendo o portador de transtorno mental o controle sobre os aspectos
existenciais da sua vida (direito ao próprio corpo, sexualidade, matrimônio,
privacidade, educação, saúde, trabalho e voto). Ou seja, a curatela é medida
que é tomada em benefício do portador de transtorno mental, sem que lhe
sejam impostas restrições indevidas.

Ao lado do instituto da curatela, inseriu-se um modelo alternativo,


chamado de tomada de decisão apoiada, ou seja, “o processo pelo qual a
pessoa com deficiência elege pelo menos duas pessoas idôneas, com as quais
mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na
tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e
informações necessários para que possa exercer sua capacidade” (art. 1.783-A,
CC, introduzido pelo EPD). Assim, em síntese, por iniciativa da pessoa com
deficiência que tenha qualquer dificuldade prática na condução de sua vida civil,
poderá ela optar pela curatela, diante de incapacidade relativa, ou pelo
procedimento de tomada de decisão apoiada.
Há outras alterações em nosso sistema jurídico por conta do Estatuto da
Pessoa Deficiente, mas que não convém aprofundar nesta aula, tais como a
possibilidade de servir como testemunha, poder se casar sem necessidade de
autorização do curador, etc.
Ainda é cedo para tecer críticas à nova legislação, especialmente em
cursos como esses que visam concursos públicos. Para nós o importante
é saber que houve a alteração e que a partir de agora os examinadores podem
elaborar questões diferentes. Deixemos que o tempo, a doutrina, a
jurisprudência e outras alterações legislativas (que certamente virão) se
encarreguem de aparar os problemas que surgirem. No entanto algumas
dúvidas são inevitáveis. Vamos nos restringir a duas.
Primeira. Sendo a pessoa portadora de transtorno mental submetida à
curatela e caso ela pratique algum negócio sem a participação do curador o
ato será nulo ou anulável? Pela boa técnica jurídica, o ato seria válido, pois a
pessoa não é mais incapaz. No entanto, como a intenção é proteger a
pessoa, deve-se fazer uma “aplicação analógica” dos arts. 166, I e 171, I,
CC. Penso que tudo vai depender dos termos da curatela que o juiz fixar.
Assim, o contrato assinado exclusivamente por deficiente capaz, mas sob
curatela, será nulo se o juiz fixar em sentença que o curador o representa
(aplicação do art. 166, I do CC por analogia) ou anulável se fixar que o assiste
(aplicação do art. 171, I do CC por analogia). Veremos isso melhor na aula
sobre os Negócios Jurídicos

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Segunda. Como a Lei não estabeleceu um regime de transição, as
pessoas que foram interditadas judicialmente por incapacidade absoluta
passarão a ser consideradas automaticamente como capazes? Penso que sim.
Pela LINDB ocorre a eficácia imediata da lei nova. Além disso, trata-se de uma
“lei de estado”. Ou seja, ser capaz ou incapaz é parte do estado da pessoa
natural. A lei de estado tem eficácia imediata e o levantamento da interdição,
ainda que decretado judicialmente, é desnecessário (o efeito é automático).
Continuemos...
4) Pródigos  são os que dilapidam os seus bens ou seu patrimônio,
fazendo gastos excessivos e anormais, podendo chegar à miséria. Trata-se de
um desvio de personalidade e não de uma alienação mental propriamente
dita. O exemplo clássico é o da pessoa viciada em jogos de azar, que de forma
compulsiva, dissipa seu patrimônio. Neste caso deve ser promovido o processo
que definirá os termos da curatela para a sua própria proteção, sendo que o
curador irá cuidar de seus interesses. Nesse caso o pródigo não pode (sem
assistência): emprestar, transigir, dar quitação, alienar (ou seja, vender, doar,
etc.), hipotecar, agir em juízo (vejam o art. 1.782, CC). O pródigo somente
fica privado dos atos que possam comprometer seu patrimônio. Portanto,
ele pode praticar pessoalmente atos jurídicos válidos que não impliquem a
redução do seu patrimônio, tais como atos de mera administração, exercer
profissão (excetuando-se as situações que se tratar de um empresário ou
comerciante), fazer testamento, reconhecer filhos, etc.

O pródigo pode se casar? Sim, ele pode se casar validamente sem que
haja autorização de seu curador, pois a restrição do pródigo é quanto a seu
patrimônio e não quanto a atos pessoais. Caso contrário haveria uma
indevida ingerência do curador em questões meramente pessoais e afetivas do
pródigo. Também não se impõe ao pródigo o regime da separação total de bens,
pois ele não consta no rol do art. 1.641, CC, que traz de forma taxativa
(numerus clausus) as hipóteses legais. No entanto a doutrina majoritária
entende que caso se deseje adotar qualquer outro regime de bens que não seja
o da separação de bens o curador deverá ser chamado a se manifestar, pois
nesse caso o casamento irar gerar efeitos patrimoniais.

Atenção Indígenas
O atual Código Civil afirma que a capacidade dos indígenas será
regulada por meio de lei especial (art. 4°, parágrafo único, CC). Portanto, o
atual Código não enquadrou genericamente o indígena como absoluta ou
relativamente incapaz... ele será regido por lei especial, que geralmente não
está no edital. A Lei n° 6.001/73 (Estatuto do Índio) coloca o índio e sua
comunidade, enquanto não integrado à comunhão nacional, sob o regime

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tutelar. E o órgão que deve assisti-los é a FUNAI. Art. 8° São nulos os atos
praticados entre o índio não integrado e qualquer pessoa estranha à
comunidade indígena quando não tenha havido assistência do órgão tutelar
competente. Parágrafo único. Não se aplica a regra deste artigo no caso em que
o índio revele consciência e conhecimento do ato praticado, desde que não lhe
seja prejudicial, e da extensão dos seus efeitos.

Cuidado com a expressão surdo-mudo. A redação atual do Código Civil


não faz mais menção a ela. Mas... e se essa expressão cair na prova? Como fica
a capacidade do surdo-mudo? –Depende! Se ele tiver discernimento e conseguir
expressar sua vontade, será plenamente capaz. Mas se a questão afirmar que
ele não tem discernimento ou não sabe exprimir sua vontade será considerado
relativamente incapaz, nos termos do art. 4°, III, CC. Portanto, tudo vai
depender do grau de sua expressão.

TUTELA E CURATELA
A tutela é um instituto de caráter assistencial que tem por finalidade
substituir o poder familiar. Protege o menor (impúbere ou púbere) não
emancipado e seus bens, se seus pais falecerem ou forem suspensos ou
destituídos do poder familiar, dando-lhes representação ou assistência no plano
jurídico. Pode ser oriunda de provimento voluntário, de forma testamentária, ou
em decorrência da lei. Observem que o tutor pode representar o incapaz (se
este for menor de 16 anos) ou assisti-lo (se ele for maior de 16, porém menor
de 18 anos). O tutor pode realizar quase todos os atos em nome do menor (não
poderá emancipá-lo, pois isso depende de sentença judicial). Observem que
poder familiar e tutela são institutos que se excluem. Somente se o menor não
tiver pais é que será nomeado o tutor.
Já a curatela é um encargo público (também chamado de munus)
previsto em lei e que é dado para pessoas maiores, mas que não estão em
condições de realizar os atos da vida civil pessoalmente, geralmente em razão
da impossibilidade de poder exprimir sua vontade ou da prodigalidade. O
curador além de administrar os bens do incapaz, deve, também, reger e
defender a pessoa. Decorre de nomeação pelo Juiz em decisão prolatada em
um processo especial. Segundo o art. 1.767, CC (redação dada pela Lei n°
13.146/2015), estão sujeitos a curatela: a) aqueles que, por causa
transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; b) os ébrios
habituais e os viciados em tóxico; c) os pródigos.

Segundo o art. 1.634, V, CC, compete aos pais, quanto à pessoa dos
filhos menores representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e
assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o
consentimento. Segundo o art. 1.747, I, CC, compete ao tutor representar o

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menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-lo, após essa
idade, nos atos em que for parte. O curador, por extensão (art. 1.781, CC)
também pode assistir o curatelado no caso de ser maior e relativamente incapaz
(ex.: ébrio habitual, pródigo, etc.).

Resumindo
Tutela: amparo a menores órfãos ou com pais suspensos ou
destituídos do poder familiar.
Curatela: amparo a maiores sem condições de praticar atos da
vida civil (relativamente incapazes).

Capacidade Processual X Capacidade Civil X Legitimação


O art. 70 do Código de Processo Civil de 2015 prevê que “toda pessoa
que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em
juízo”. Na realidade esta capacidade é chamada de genérica e se subdivide em:
a) Capacidade para ser parte em um processo. É inerente a toda pessoa
nascida com vida. Basta ter capacidade de direito para poder ser parte em um
processo.
b) Capacidade processual. Como vimos, os arts. 3° e 4°, CC enumeram as
pessoas consideradas absoluta e relativamente incapazes (capacidade de fato).
Elas não estão aptas a compreender a dinâmica processual, não podendo atuar
sozinhas nos litígios, ou seja, sem representação ou assistência.
Portanto uma pessoa pode ser parte em um processo e não ter
capacidade processual, pois é absoluta ou relativamente incapaz, devendo ser
representada ou assistida no processo. Ex.: pessoa com 14 anos que pleiteia o
reconhecimento de paternidade. Ela tem a capacidade de ser parte, porém por
ser absolutamente incapaz, não tem capacidade processual, devendo ser
representada por sua mãe no processo.
Assim, quem tem personalidade (e, portanto, capacidade de direito ou de
gozo) pode ser parte em uma demanda judicial, isto é, estar em juízo, integrar
um processo. No entanto, nem toda pessoa que é parte pode praticar os atos
processuais, pois pode lhe faltar a capacidade processual; elas não podem estar
validamente em juízo se não estiverem representadas ou assistidas.
Já legitimação é a aptidão para a prática de determinado ato
jurídico, em virtude de uma situação especial (os examinadores gostam
dessa expressão para confundir nas provas). A falta de legitimação (ou
legitimidade civil ou material) significa que, mesmo sendo capaz, a pessoa está
impedida por lei de praticar determinado ato.

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O exemplo clássico e mais simples é o seguinte. Imaginem um homem
casado sob o regime da comunhão de bens que comprou um sítio quando era
solteiro. Após o casamento ele quer vender este sítio. Esse homem é
plenamente capaz. No entanto, ainda que tenha comprado o imóvel quando era
solteiro e tenha se casado pelo regime da comunhão parcial de bens (o imóvel é
somente dele), necessitará da chamada outorga conjugal (art. 1.647, I, CC).
Somente com esta outorga é que ocorre a legitimação do negócio. Se ele vender
sem a outorga, o negócio será anulável (art. 1.649, CC). Outro exemplo.
Imaginem que esta mesma pessoa tenha três filhos e queira vender o sítio para
um deles. Ele pode fazer isso? Resposta: sim, ele pode... porém, nesse caso ele
necessita do consentimento de todos os demais herdeiros (art. 496, CC). Com
esse consentimento ocorre a legitimação para a venda. Se não houver o
consentimento a venda também poderá ser anulada. Outros exemplos:
irmãos, ainda que capazes, não podem se casar (art. 1.521, IV, CC); o tutor não
pode adquirir bens do tutelado, ainda que com autorização judicial (art. 1.749,
I, CC), etc.
CONCLUSÃO. A falta de legitimação não afeta a capacidade do agente,
mas sim a validade do ato que ele pratica em desacordo com a norma. O
agente não é incapaz para a prática dos atos da vida civil, mas sim para a
prática de um ato determinado e previsto na norma. Praticado o ato vedado, a
consequência será a invalidade, no grau que a lei determinar (nulidade ou
anulabilidade, dependendo da hipótese).

C) CAPACIDADE PLENA
Cessa a incapacidade ao desaparecerem as causas que a
determinaram. Assim, se uma pessoa é alcoólatra (ébrio habitual) ou viciado
em tóxico, ou, se por uma causa transitória ela não puder exprimir sua vontade
(art. 4°, II e III, CC: relativamente incapaz) e se essa causa desaparecer,
cessará a incapacidade, voltando ela a ter capacidade plena. Em relação à
menoridade, a incapacidade cessa no exato dia em que a pessoa completa
18 anos (art. 5°, caput, CC). Neste momento o indivíduo passará a gerir
sozinho todos os atos da sua vida civil, bem como, poderá ser responsabilizado
civilmente pelos danos causados a terceiros. Finalmente o menor também pode
adquirir a capacidade civil plena pela emancipação, que veremos a seguir.

Cessação da Incapacidade: a) maioridade (18 anos); b) cessação das causas


de incapacidade; c) emancipação.

Observação O STJ já pacificou entendimento de que a redução da


maioridade civil não implica cancelamento automático da pensão alimentícia.
Para exonerar-se o pai deve ingressar com ação própria e demonstrar que o

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filho tem condições de se sustentar sozinho. Caso contrário tem-se decidido que
a pensão continua até o término da faculdade (em regra aos 24 anos).

ATENÇÃO Não confundir capacidade civil com imputabilidade (ou


responsabilidade) penal, que também se dá aos 18 anos completos. E nem com
a capacidade eleitoral que se inicia, facultativamente, aos 16 anos.

EMANCIPAÇÃO

Emancipação é a aquisição da capacidade plena antes dos 18 anos,


habilitando o indivíduo para os atos da vida civil. Permite a antecipação da
capacidade plena.
Características: a) pura e simples (não se admitem condições ou termos); b)
irretratável e irrevogável (uma vez concedida não se pode voltar atrás); c)
definitiva (se a pessoa se divorciar ela permanece emancipada).

Atenção
01) Em casos raros a emancipação pode ser anulada (ex.: foi baseada em
documentos falsos, houve coação). Nestes casos, lembrem-se que anular
(cancelar ato inválido) é diferente de revogar (cancelar um ato válido).
02) Emancipar não significa “tornar-se maior”; a emancipação não é causa
de maioridade. Na realidade ela é causa de cessação de incapacidade ou de
antecipação da capacidade de fato (ou de exercício). Por isso é que se justifica o
fato de um menor emancipado poder vender sua casa (tem capacidade para
tanto) e não poder tirar carteira de habilitação (o art. 140, I, do Código de
Trânsito Brasileiro exige que para a condução de veículos automotores o
motorista seja penalmente imputável). O menor, embora emancipado,
continua sendo menor, principalmente para fins penais, permanecendo como
inimputável. Observem que o CTN faz referência ao Direito Penal
(imputabilidade) e não ao Direito Civil (capacidade). Portanto a emancipação
não antecipa a imputabilidade penal (que só ocorre aos 18 anos).
Concluindo: a plena capacidade jurídica não é condição suficiente para que a
pessoa natural esteja legalmente habilitada para determinados atos da vida
civil. Observação: embora menor, a pessoa civilmente emancipada pode ser
presa por inadimplemento de pensão alimentícia (que é uma “prisão civil”).
03) Reforçando: menoridade e incapacidade são conceitos
diferentes. Menoridade é o status da pessoa natural que não conta 18 anos de
vida. Portanto, ser maior ou menor decorre da idade. Já incapacidade é a

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restrição legal ao exercício dos atos da vida civil. Geralmente o menor é incapaz.
Mas pode ocorrer que um menor seja emancipado (é um menor capaz).

ADQUIRE-SE A EMANCIPAÇÃO (art. 5°, parágrafo único, CC):


1) Pela concessão dos pais ou apenas de um deles na falta do
outro (emancipação voluntária ou parental)  os pais reconhecem que seu filho
já tem maturidade suficiente para reger sua pessoa e seus bens. Deve ser
concedida pelos pais por instrumento público (escritura). O menor deve ter,
no mínimo, 16 anos completos, sendo necessária a anuência de ambos os
pais. Na falta de um deles (inexistência no assento de nascimento o nome do
pai, morte, destituição do poder familiar, etc.) permite-se que somente o outro
conceda.

Observações Importantes
Como este tipo de emancipação é um ato próprio dos pais, desnecessária
a aquiescência do menor para o ato. Também não é necessário que o
Ministério Público seja ouvido e nem que haja homologação judicial.
A escritura de emancipação deve ser registrada no Cartório de Registro
Civil das Pessoas Naturais (art. 9°, II, CC), sob pena de ineficácia perante
terceiros.
O fato dos genitores serem divorciados e de apenas um deter a guarda
judicial do filho não dispensa a autorização do outro para a emancipação,
pois este ainda mantém o poder familiar sobre o filho, sendo necessário o
ato conjunto.
A doutrina e a jurisprudência apontam no sentido de que, para evitar
situações de injustiça, a emancipação voluntária (parental) não exclui a
responsabilidade civil dos pais por ilícito cometido pelo menor emancipado
até que ele complete dezoito anos. Enunciado 41 da I Jornada de Direito
Civil do CJF: “A única hipótese em que poderá haver responsabilidade
solidária do menor de 18 anos com seus pais é ter sido emancipado
nos termos do art. 5°, parágrafo único, inciso I, do novo Código Civil”.
Reforço que a emancipação não autoriza que o menor de 18 anos possa
dirigir ou frequentar lugares para maiores de 18 anos.

2) Por Sentença do Juiz  ocorre em duas hipóteses: a) quando um


dos pais não concordar com a emancipação, contrariando a intenção do outro
(conflito de vontades entre os pais); b) quando o menor estiver sob tutela. O
tutor não pode emancipar o menor. Evita-se, assim, a emancipação
destinada apenas para livrar o tutor do encargo. Neste caso a emancipação deve
ser feita pelo Juiz, se o menor tiver 16 anos, ouvido o tutor, com a participação
do Ministério Público, depois de verificada a conveniência para o bem do menor.
A decisão do Juiz que concede a emancipação deve ser levada ao Registro de
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Pessoas Naturais (art. 9°, II, CC). Antes desse registro a emancipação não
produz qualquer efeito (art. 91 e parágrafo único da Lei de Registros Públicos
– Lei n° 6.015/73).
3) Pelo casamento  a idade nupcial (ou idade núbil) do homem e da
mulher é de 16 anos. O art. 1.517, CC exige a autorização de ambos os
pais, enquanto não atingida a maioridade (18 anos), sob pena de
anulabilidade do casamento (art. 1.550, CC). Caso os pais não consintam com
o casamento, ou em havendo divergência entre eles, a autorização poderá ser
suprida pelo Juiz. Após a celebração do casamento, os cônjuges (que ainda
continuam menores), serão considerados emancipados. O casamento também
deve ser registrado em registro público (art. 9°, I, CC).

Observações
O divórcio, a viuvez e mesmo a anulação do casamento não implicam no
retorno à incapacidade. O casamento nulo pode fazer com que se retorne
à situação de incapaz. Mas ainda assim, se o casamento for contraído de
boa-fé o ato produzirá efeitos de um casamento válido e a pessoa
continuará emancipada para os efeitos civis.
Somente em casos excepcionais admite-se o casamento de quem ainda não
alcançou a idade núbil (16 anos). Ex.: gravidez (art. 1.520, CC). Digamos
que uma jovem de 15 anos engravidou de seu namorado que tem 23 anos
e uma situação financeira confortável. Eles querem se casar. Mas a jovem
ainda não tem a idade núbil. Neste caso exige-se uma sentença judicial de
suprimento de idade.
A união estável (convivência pública, contínua e duradoura entre homem
e mulher e estabelecida com o objetivo de constituição de família), apesar
de ser reconhecida pela Constituição Federal como entidade familiar e
merecer proteção do Estado e ser equiparada ao casamento em diversos
diplomas legais, não é hipótese de emancipação legal.

4) Pelo EXERCÍCIO de emprego público EFETIVO  De acordo com a


teoria majoritária a respeito, excluem-se os simples interinos, contratados a
título temporário, diaristas e mensalistas sob o regime da Consolidação da Leis
do Trabalho e os nomeados para cargos em comissão. Também há o
entendimento que deve ser funcionário da administração direta (excluindo-se,
assim, os funcionários de autarquias). Lembrando do Direito Administrativo
as fases:
a) Nomeação: trata-se de ato administrativo unilateral e, de acordo com a
Constituição Federal, é a única forma de provimento originário; se for em
caráter efetivo depende de prévia aprovação em concurso público.

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b) Posse: investidura no cargo público; com a posse o nomeado torna-se
servidor, aceitando as regras legais de sua relação com a Administração (ato
bilateral); se o nomeado não tomar posse no prazo legal, o vínculo com a
Administração não se aperfeiçoa e o ato é tornado sem efeito (ainda não se
pode falar em exoneração).
c) Exercício: efetivo desempenho das atribuições do cargo público; embora a
pessoa torne-se servidor com a sua posse, somente com o exercício, as
relações jurídicas entre ela e a Administração serão formadas; é a partir daí
que começam a contar os prazos para os seus direitos, como remuneração,
férias, gratificação de natal, estabilidade, etc. Como a pessoa passa a ser
servidora a partir da posse, no caso dela não entrar em exercício dentro do
prazo legal, ocorrerá a sua exoneração. Pelo Código Civil somente nesta
fase haverá eventual emancipação do menor.

Observação: na prática há pouca aplicação deste dispositivo, pois os


editais de concursos públicos exigem que o candidato tenha, no mínimo, 18
anos completo e, nesse caso, ele já seria capaz pela idade.

5) Pela colação de grau em curso de ensino superior  também há


pouca aplicação prática devido às particularidades de nosso sistema de ensino.
Cuidado com as expressões (erradas): colação em grau em curso de ensino
médio, estar cursando faculdade, etc.

6) Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de


relação de emprego, desde que em função deles, o menor tenha
economia própria  é necessário que o menor tenha no mínimo 16 anos
completos, pois revela certo amadurecimento. Depois ele deve se estabelecer
civil ou comercialmente. Finalmente que, em função disso, receba renda
suficiente para se manter somente com sua economia própria (independência
financeira). Só após tudo isso é ele será considerado emancipado. Na prática há
uma grande dificuldade para se provar essa “economia própria”. Ex.: pessoa
que com 16 anos já é um artista, expondo obras em galerias mediante
remuneração; jogador de futebol ou artista de televisão profissional, etc. Em
razão da dificuldade prática os pais costumam simplesmente emancipar o
menor, com base no inciso I.

Vamos agora fornecer alguns conceitos rápidos e quadrinhos para


melhor fixar a matéria
Pessoa: é o ente físico ou jurídico suscetível de direitos e obrigações.
Pessoa natural (ou física): é o ser humano, considerado como sujeito de
direitos e obrigações.

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Personalidade Jurídica (Civil): aptidão genérica para adquirir direitos e
contrair obrigações.
Direitos da Personalidade: direitos subjetivos da pessoa de defender o
que lhe é próprio.
Capacidade: medida jurídica da personalidade; maior ou menor extensão
dos direito de uma pessoa.
Incapacidade: restrição legal ao exercício de atos da vida civil. Divide-se
em absoluta e relativa.
Cessação da Incapacidade: quando o menor atinge 18 anos e pela
emancipação.
Emancipação: formas de se adquirir a capacidade civil plena antes da
maioridade.

INCAPACIDADE

ABSOLUTA (art. 3°, CC) RELATIVA (art. 4°, CC)

1. Menores de 16 anos. 1. Maiores de 16 e menores de 18 anos.


2. Ébrios habituais e viciados em tóxico.
3. Os que, por causa transitória ou
permanente, não puderem exprimir sua
vontade.
4. Pródigos.

EMANCIPAÇÃO (art. 5°, parágrafo único, CC)

1. Voluntária (inciso I, 1ª parte): 16 anos completos, por concessão dos


pais (ou só de um deles na falta do outro), exigindo-se instrumento público,
independentemente de homologação judicial.
2. Judicial (inciso I, 2ª parte): 16 anos completos, por sentença do juiz,
ouvido o tutor.
3. Legal (incisos II a V): casamento, exercício de emprego público
efetivo, colação de grau em curso de ensino superior, estabelecimento civil ou
comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função
deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria.

REGISTRO e AVERBAÇÃO
O último tópico desta aula diz respeito ao registro. Ele é o meio
técnico de prova legal do estado da pessoa (registro das pessoas) ou da
situação dos bens (registro imobiliário). O registro civil é a instituição que tem
por objetivo imediato a publicidade dos fatos de interesse das pessoas e da
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sociedade. Sua função é dar autenticidade, segurança e eficácia aos fatos
jurídicos de maior relevância para a vida e aos sujeitos de direito. Serve para
preservar eventual direito de terceiros; para que estes saibam com quem estão
se relacionando (se a pessoa é solteira ou casada; se está submetida à curatela,
etc.). Na realidade, o registro das pessoas naturais é um resumo de toda
nossa vida, espelhando os fatos jurídicos relativos à vida em sua dinâmica.
Segundo o art. 9°, CC devem ser registrados no Registro Público:
• Nascimentos, casamentos e óbitos.
• Emancipação por outorga dos pais ou por sentença do Juiz.
• Interdição por incapacidade absoluta ou relativa.
• Sentença declaratória de ausência e de morte presumida.

A lei também prevê a averbação de outros fatos importantes no


Registro Público. Trata-se do art. 10, CC. Lembrando que averbação, nestes
casos, apenas esclarece alguma eventual modificação ou complemento no
estado de uma pessoa. Vejamos as hipóteses:
• Sentenças que decretam a nulidade ou anulação do casamento, bem
como separação judicial, restabelecimento da sociedade conjugal
(entende parte da doutrina que estes dois últimos itens estariam
revogados em virtude da EC n° 66/2010; de qualquer forma não se
exige mais a separação para a efetivação do divórcio) e divórcio.
• Atos judiciais ou extrajudiciais que declaram ou reconhecem a filiação.
Obs.: o dispositivo ainda tinha mais um inciso, que tratava sobre a adoção. Ou
seja, a adoção era averbada no registro de nascimento. No entanto este item foi
revogado, pois a adoção agora é regulada pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), sendo que não é mais feita a averbação, mas sim o
cancelamento do registro anterior e a abertura de um novo registro. Os dados
sobre o processo de adoção mantêm-se sob sigilo, mas ficam armazenados,
sendo que só o adotado poderá ter acesso aos mesmos.
Vamos dar um exemplo para deixar bem clara a distinção entre registro
e averbação. Duas pessoas se casam. Pelo art. 9°, CC deve ser lavrado o
registro, ou seja, a certidão de casamento. Posteriormente estas pessoas se
divorciam. Pelo art. 10, CC esta situação deve ser averbada no próprio registro
de casamento, pois modifica o registro anterior. Como regra o registro é o ato
principal e a averbação representa um ato secundário que modificou o principal.

Meus Amigos e Alunos. Após apresentar a matéria em aula, sempre faço um


quadro sinótico que é o resumo da matéria dada. Este é um “esqueleto da
matéria”. Tem a função de ajudar o aluno a melhor assimilar os conceitos dados

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em aula. A experiência nos mostra que este quadro é de suma importância, pois
se aluno conseguir memorizar este quadro, saberá situar a matéria e
completá-la de uma forma lógica e sequencial. Portanto após ler todo o ponto,
o quadrinho de resumo deve ser também lido e relido, mesmo que o aluno
tenha entendido a matéria dada. Esta é mais uma forma de fixação da aula.
Além disso, é ótimo para uma rápida revisão da matéria às vésperas de uma
prova.

Resumo Esquemático da Aula


PESSOA. Todo ente físico ou jurídico suscetível de direitos e obrigações. No Brasil
temos duas espécies de pessoas: naturais e jurídicas. Ambas possuem aptidão para
adquirir direitos e contrair obrigações (sujeito de direitos).

PESSOAS NATURAIS (FÍSICAS)


CONCEITO: é o ser humano considerado como sujeito de obrigações e direitos, sem
qualquer distinção. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil (art. 1°,
CC). Para ser pessoa basta existir (estar viva). Abrange: a) personalidade; b)
capacidade; c) emancipação.

I. PERSONALIDADE: conjunto de caracteres próprios da pessoa, reconhecida pela


ordem jurídica a alguém; aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações na ordem
civil.
A) Início da Personalidade (corrente ainda majoritária: natalista): art. 2°, CC:
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do
nascituro. Nascimento: saída do nascituro para o mundo (não há necessidade de
se cortar o cordão umbilical). Com vida: respiração. O nascituro (o que está por
nascer) não tem personalidade jurídica material, pois juridicamente ainda não é
pessoa. Ele possui expectativa de direito (titular de direito eventual). Para o STF o
embrião in vitro (pré-implantado) não é pessoa, mas um bem a ser protegido.
Cuidado com a expressão natimorto, pois o vocábulo possui duplo sentido: aquele
que nasceu sem vida ou aquele que veio à luz, com sinais de vida, mas, logo
morreu.
B) Individualização (atributos da personalidade)
1. Nome: sinal exterior pelo qual se designa e se reconhece uma pessoa
perante a sociedade (arts. 16 a 19 do CC). Características: inalienável,
imprescritível e personalíssimo. Elementos: prenome, patronímico (sobrenome)
e agnome (Júnior, Neto, etc.). A lei protege de forma expressa o pseudônimo.
Em princípio o nome é imutável, mas a lei permite inúmeras exceções (ex.:
situações vexatórias, erro gráfico, homônimo, casamento, mudança de sexo,
etc.).
2. Estado: soma das qualificações de uma pessoa, pelas quais esta se identifica
na sociedade. Estado individual (maior ou menor, capaz ou incapaz, etc.).
Estado político (brasileiro nato, naturalizado, estrangeiro, etc.). Estado familiar:
quanto ao matrimônio (solteiro, casado, viúvo, divorciado, etc.); quanto ao
parentesco consanguíneo (ascendente, descendente, colateral, etc.); quanto à

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afinidade (sogro, sogra, genro, nora, cunhado, etc.). Características: a) o
estado é uno e indivisível; b) indisponível; bem fora do comércio, inalienável e
irrenunciável; c) imprescritível: não se adquire ou perde pela prescrição.
3. Domicílio (arts. 70 a 78 do CC). Regra básica: local onde a pessoa se
presume presente para efeitos de direito (sede jurídica da pessoa). Lugar onde
se estabelece a residência com ânimo definitivo (art. 70, CC). É domicílio
também, quanto às relações concernentes à profissão, onde esta é exercida
(art. 72, CC). Elementos: a) objetivo (estabelecimento físico); b) subjetivo
(intenção de ali permanecer). Outras regras: a) pluralidade domiciliar: pessoa
com diversas residências onde alternadamente viva → domicílio será qualquer
delas (art. 71, CC); b) pessoa sem residência habitual → domicílio será o local
onde for encontrada (art. 73, CC: domicílio aparente, ocasional ou eventual).
Muda-se o domicílio, transferindo a residência com a intenção manifesta
(vontade) de o mudar (art. 74, CC). Espécies:
3.1 Domicílio voluntário geral: escolhido livremente pela pessoa (pode ser
múltiplo).
3.2 Domicílio legal ou necessário (determinado pela lei): incapaz
(absoluta ou relativamente), servidor público, militar, preso e marítimo (art.
76, CC).
3.3 Domicílio voluntário especial: especificados pelas partes nos
contratos escritos: a) domicílio contratual (art. 78, CC) que é o local
especificado no contrato para o cumprimento das obrigações dele
resultantes; b) domicílio (ou foro) de eleição ou cláusula de eleição de foro
(previsto no art. 111 do Código de Processo Civil), que é o escolhido pelas
partes para a propositura de ações relativas às obrigações. Jurisprudência →
não se admite o foro de eleição nos contratos por adesão quando dificultar os
direitos do aderente em comparecer em juízo; considera-se como sendo uma
cláusula abusiva e, por isso, nula.
3.4 Agente diplomático do Brasil citado no estrangeiro poderá ser
demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro
onde o teve.
C) Direitos da Personalidade: são os direitos individuais (subjetivos) da pessoa
de controlar o uso de seu corpo, nome, imagem, aparência ou quaisquer outros
aspectos constitutivos da sua identidade. Com exceção das hipóteses previstas
em lei são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício
sofrer limitação voluntária. Estão previstos nos arts. 11 a 21, CC que não
exaurem a matéria (são exemplificativos). O Código Civil disciplina: direito à
disposição ao próprio corpo: arts. 13 e 14, CC; direito à não submissão a
tratamento médico de risco: art. 15, CC; direito ao nome e ao pseudônimo: arts. 16
a 19, CC; direito à palavra e imagem: art. 20, CC; direito à privacidade ou
intimidade: art. 21, CC (engloba o direito ao esquecimento). Formas de proteção:
a) preventiva; b) reparatória.
D) Fim da Personalidade
1. Morte Real com corpo (certidão de óbito: morte encefálica) ou sem corpo
(justificação judicial: art. 88 da Lei n° 6.015/73 – Lei de Registros Públicos).
2. Morte Civil: não existe mais; deixou resquícios no Direito das Sucessões
(ex.: indignidade – art. 1.816, CC).
3. Morte Presumida: efeitos patrimoniais e pessoais. Depende de processo
judicial. Ausente é a pessoa que desaparece de seu domicílio sem dar notícia

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de seu paradeiro e sem deixar um representante ou procurador para
administrar-lhe os bens (art. 22, CC).
3.1. Sem decretação de ausência (art. 7°, CC): a) for extremamente
provável a morte de quem estava em perigo de vida; b) pessoa desapareceu
em campanha ou feito prisioneiro e não foi encontrado até dois anos após o
término da guerra.
3.2. Com decretação de ausência (art. 6°, CC): processo passa por três
fases (arts. 22 a 39, CC): a) Ausência (curadoria dos bens do ausente: arts.
22 a 25): 01 ou 03 anos, arrecada-se os bens que serão administrados por
um curador; b) Sucessão Provisória (arts. 26 a 36, CC): a partilha é feita
de forma provisória; os herdeiros se imitem na posse dos bens do ausente;
aguardam-se 10 anos o retorno do ausente; c) Sucessão Definitiva (arts.
37 a 39, CC): na abertura já se concede a propriedade plena dos bens e se
declara a morte (presumida) do ausente. Seu cônjuge é reputado viúvo.
Aguardam-se mais dez anos; d) Fim: após o decurso deste prazo, encerra-se
o processo e o ausente, se retornar, não terá direito a nada.
4. Efeitos da Morte: dissolução do vínculo conjugal e do regime matrimonial;
extinção do poder familiar; extinção da obrigação de prestar alimentos com o
falecimento do credor; extinção dos contratos personalíssimos, etc. Por outro
lado a vontade do de cujus (falecido) pode sobreviver por meio de um
testamento. Além disso, ao cadáver é devido respeito; os militares e os
servidores públicos de uma forma geral podem ser promovidos post mortem;
permanece o direito à imagem, à honra, aos direitos autorais, etc.
E) Comoriência: presunção relativa (juris tantum: que admite prova em
contrário) de morte simultânea de duas ou mais pessoas, sempre que não se
puder averiguar quem faleceu em primeiro lugar (art. 8°, CC). Aplica-se o instituto
sempre que houver uma relação de sucessão hereditária. A consequência prática é
que os comorientes não herdam entre si; não há transferência de bens e direitos
entre eles; um não sucede o outro.

II. CAPACIDADE. Aptidão da pessoa para exercer direitos e assumir obrigações, ou


seja, de atuar sozinha perante o complexo das relações jurídicas. “É a medida da
capacidade”: maior ou menor extensão dos direitos da pessoa. Espécies: a)
capacidade de direito (gozo); b) capacidade de fato (exercício). Quem tem as duas
espécies de capacidade tem a capacidade plena. Incapacidade é a restrição legal ao
exercício dos atos da vida civil. Legitimidade é a exigência legal de que o agente
ostente condições jurídicas para a prática de determinados atos; não afetam a
capacidade do agente, mas sim a validade do ato (vender uma casa sem outorga
conjugal).
A) Capacidade de Direito (ou de gozo): própria de todo ser humano para adquirir
direitos; quem tem personalidade (está vivo) possui capacidade de direito.
B) Capacidade de Fato (ou de exercício): aptidão para exercer, por si mesmo,
validamente, os atos da vida civil. Subdivide-se em:
1. Absolutamente Incapazes: proibição total de exercício dos atos da vida
civil. Atualmente só há uma hipótese (art. 3°, CC) → menores de 16 anos.
2. Relativamente Incapazes: possibilidade de prática dos atos da vida civil
com assistência. Hipóteses (art. 4°, CC):
a) maiores de 16 e menores de 18 anos.
b) ébrios habituais e viciados em tóxico.

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c) os que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
vontade.
d) pródigos (os que dissipam seus bens).
3. Cessação da Incapacidade (capacidade plena): maioridade (18 anos - art.
5°, caput, CC), cessação das causas de incapacidade, ou emancipação (art. 5°,
parágrafo único, CC).
Obs. 1: Absolutamente incapazes (menores de 16 anos) devem ser
representados por seus pais ou tutores, que irão praticar o ato em nome do
incapaz. Caso o ato seja praticado sem a devida representação, será considerado
nulo (art. 166, I, CC).
Obs. 2: Relativamente devem ser assistidos por seus pais, tutores ou curadores,
que irão assisti-los nos atos da vida civil. Caso o ato seja praticado sem
assistência, será considerado anulável (art. 171, I, CC).
Obs. 3: Compete aos pais e tutores representar o menor, até os dezesseis anos, e
assisti-lo, após essa idade, nos atos em que for parte; os curadores irão assistir os
maiores relativamente incapazes (arts. 1.634, V; 1.747, CC; e 1.781, todos do CC).
Obs. 4: Os indígenas são regulados por legislação especial (Lei n° 6.001/73 –
Estatuto do Índio).

III. EMANCIPAÇÃO: aquisição da capacidade plena antes dos 18 anos, habilitando o


indivíduo para todos os atos da vida civil (embora o indivíduo continue menor).
Definitiva e irrevogável. Art. 5°, parágrafo único, CC:
a) Voluntária: concessão dos pais (na falta de um deles, apenas a do outro), por
instrumento público (e não particular), independentemente de homologação
judicial, idade mínima: 16 anos.
b) Sentença judicial: conflito de vontades entre os pais; menor sob tutela.
c) Legal: casamento: idade núbil (homens e mulheres) → 16 anos; exercício de
emprego público efetivo; colação de grau em curso de ensino superior;
estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de relação de emprego, com
economia própria → 16 anos.

IV. REGISTRO E AVERBAÇÃO: prova legal do estado da pessoa. Publicidade,


autenticidade, segurança e eficácia aos fatos jurídicos de maior relevância para a vida e
aos sujeitos de direito. Enquanto o registro visa afirmar ou negar a existência, estado e
capacidade da pessoa, a averbação é ato que modifica ou cancela o próprio registro.
A) Devem ser registrados (art. 9°, CC):
• nascimentos, casamentos e óbitos.
• emancipação por outorga dos pais ou por sentença do Juiz.
• interdição por incapacidade absoluta ou relativa.
• sentença declaratória de ausência e de morte presumida.

B) Devem ser averbados (art. 10, CC):


• sentenças que decretam a nulidade ou anulação do casamento, bem como
separação judicial, restabelecimento da sociedade conjugal e divórcio
(lembrando que com a edição da EC n° 66/2010, não se exige mais a prévia
separação prévia para a efetivação do divórcio).
• atos judiciais ou extrajudiciais que declaram ou reconhecem a filiação.

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA

Para a elaboração desta aula foram consultadas as seguintes obras:


DINIZ, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
FARIAS, Cristiano Chaves de e ROSENVALD, Nelson – Curso de Direito
Civil. Editora JusPODIVM.
GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA, Rodolfo Filho – Novo Curso de
Direito Civil. Editora Saraiva.
GOMES, Orlando – Direito Civil. Editora Forense.
GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
MAXIMILIANO, Carlos – Hermenêutica e Aplicação do Direito. Editora
Freitas Bastos.
MONTEIRO, Washington de Barros – Curso de Direito Civil. Editora Saraiva.
NERY, Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade – Código Civil Comentado.
Editora Revista dos Tribunais.
PEREIRA, Caio Mário da Silva – Instituições de Direito Civil. Editora
Forense.
RODRIGUES, Silvio – Direito Civil. Editora Saraiva.
SERPA LOPES, Miguel Maria de – Curso de Direito Civil. Editora Freitas
Bastos.
SILVA, De Plácido e – Vocabulário Jurídico. Editora Forense.
VENOSA, Silvio de Salvo – Direito Civil. Editora Atlas.

Exercícios Comentados
Fundação Carlos Chagas
01) (FCC – MPE/CE – Técnico Ministerial – 2013) Para o Código Civil
brasileiro, a personalidade civil
(A) é extensível aos animais.
(B) extingue-se quando a pessoa, mesmo que por causa transitória, não puder
exprimir sua vontade.
(C) inicia-se com o nascimento com vida.
(D) é atributo exclusivo das pessoas físicas.
(E) abrange, para todos os efeitos, o nascituro.

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COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois somente as pessoas (naturais ou
jurídicas) possuem personalidade civil. A letra “b” está errada, pois se uma
pessoa não puder exprimir sua vontade (ainda que por causa transitória) é
hipótese de incapacidade de fato ou de exercício (e não extinção da
personalidade, que se dá com a morte). A letra “c” está correta conforme dispõe
a primeira parte do art. 2°, CC: A personalidade civil da pessoa começa do
nascimento com vida (...). A letra “d” está errada, pois as pessoas jurídicas
também possuem personalidade. A letra “e” está errada, pois o nascituro não
tem personalidade; ele ainda não pode ser considerado como pessoa, pois
possui apenas expectativa de vida. Obs.: esta questão deixa claro que a FCC
adotou a teoria natalista acerca do início da personalidade. Gabarito: “C”.

02) (FCC – TRT 18ª Região/GO – Analista Judiciário – 2013) De acordo


com o Código Civil, os menores de dezesseis anos
(A) possuem personalidade civil e os direitos que dela decorrem, mas são
absolutamente incapazes e não podem exercer pessoalmente os atos da vida
civil.
(B) possuem personalidade civil, os direitos que dela decorrem e plena
capacidade para exercer pessoalmente os atos da vida civil.
(C) não possuem personalidade civil.
(D) possuem personalidade civil, mas não os direitos que dela decorrem.
(E) possuem personalidade civil, os direitos que dela decorrem e capacidade
relativa para exercer pessoalmente os atos da vida civil.
COMENTÁRIOS. Se a pessoa nasceu viva, adquiriu a personalidade civil e os
direitos dela decorrentes (capacidade de gozo ou de direito), nos termos dos
arts. 1° e 2°, CC (toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil; a
personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida). No entanto por
ser menor de 16 anos é considerado, sob o ponto de vista da capacidade de fato
ou de exercício, absolutamente incapaz (art. 3°, CC: São absolutamente
incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de
dezesseis anos), devendo ser representados, sob pena de nulidade dos atos
praticados. Gabarito: “A”.

03) (FCC – Ministério Público de Contas do Estado do Mato Grosso –


Analista de Contas – Direito – 2013) Paulus desapareceu de seu
domicílio, encontrando-se em local ignorado. Pedrus, em decorrência de
acidente automobilístico, encontra-se em coma na unidade de terapia
intensiva de um hospital. Jesus tem dezesseis anos de idade. O Código
Civil Brasileiro considera relativamente incapaz, APENAS
(A) Pedrus.
(B) Paulus.
(C) Paulus e Pedrus.
(D) Pedrus e Jesus.
(E) Paulus e Jesus.

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COMENTÁRIOS. Exercício resolvido de acordo com a Lei n° 13.146/2015. A
pessoa que desaparece de seu domicílio (ausente) não é considerada como
incapaz (seja absoluta ou relativamente), como era no ordenamento anterior.
Portanto, não há incapacidade de Paulus por ausência, mas somente a
necessidade de se proteger os seus interesses. Institui-se uma curatela dos
bens do ausente e não da pessoa do ausente. Se uma pessoa se encontra em
coma no hospital, evidentemente não consegue exprimir sua vontade. Assim, a
situação de Pedrus, atualmente se encaixa no art. 4°, III, CC: São incapazes,
relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (...) aqueles que, por
causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade.
Finalmente, se Jesus possui 16 anos, ele também é considerado relativamente
incapaz (art. 4°, I, CC). Resumindo: são relativamente incapazes Pedrus e
Jesus. Gabarito: “D”.

04) (FCC – TRT – 18ª Região/GO – Analista Judiciário – 2013) De


acordo com o Código Civil, os menores de dezesseis
(A) possuem personalidade civil e os direitos que dela decorrem, mas são
absolutamente incapazes e não podem exercer pessoalmente os atos da vida
civil.
(B) possuem personalidade civil, os direitos que dela decorrem e plena
capacidade para exercer pessoalmente os atos da vida civil.
(C) não possuem personalidade civil.
(D) possuem personalidade civil, mas não os direitos que dela decorrem.
(E) possuem personalidade civil, os direitos que dela decorrem e capacidade
relativa para exercer pessoalmente os atos da vida civil.
COMENTÁRIOS. Os menores de 16 anos possuem personalidade civil, uma vez
que dispõe o art. 1°, CC: Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem
civil. Além disso, determina o art. 2°, CC que a personalidade civil da pessoa
começa do nascimento com vida. Ocorre que nos termos do art. 3°, CC, são
absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os
menores de 16 (dezesseis) anos, sendo que para os atos da vida civil, devem
ser representados. Gabarito: “A”.

05) (FCC – AL/RN – Analista Administrativo – 2013) Mário, quinze anos de


idade, vendeu sua bicicleta para João, publicitário, que pagou o preço solicitado
à vista. Bárbara, dezessete anos de idade, vendeu um par de brincos de ouro e
pérolas para Margarida, arquiteta de interiores. Bruno, dezenove anos de idade,
não pode, de forma transitória, manifestar sua vontade; ainda assim doou seu
anel de grau para o amigo Paulo, corretor de seguros. Nestes casos, em
regra, os negócios jurídicos celebrados por Mário, Bárbara e Bruno, são,
respectivamente,
(A) anulável, anulável e nulo.
(B) nulo, anulável e anulável.
(C) nulo, nulo e anulável.

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(D) nulo, nulo e nulo.
(E) nulo, anulável e nulo.
COMENTÁRIOS. A primeira situação é nula, pois o vendedor Mário é
absolutamente incapaz (art. 3°, combinado com o art. 166, I, CC). A segunda
situação é anulável, pois a vendedora Bárbara é relativamente incapaz (art. 4°,
I, combinado com o art. 171, I, CC). A terceira situação atualmente é anulável
(art. 4°, III, combinado com o art. 171, I, CC). Gabarito: “B” (nulo, anulável,
anulável).

06) (FCC – TRT/11ª Região/AM e RR – Técnico Judiciário – 2013) Cessa


a incapacidade para os menores
(A) somente pelo casamento.
(B) pelo exercício de cargo público de provimento em comissão.
(C) com 14 anos completos, se tiver emprego, ainda que como aprendiz, mas
desde que tenha economia própria.
(D) somente pela emancipação concedida pelos pais e desde que homologada
pelo Juiz.
(E) pela existência de relação de emprego, desde que, em função dele, o
menor com 16 anos completos tenha economia própria.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada pela expressão “somente”, o mesmo
ocorrendo com a letra “d” (esta alternativa também está errada, pois não é
necessária a homologação judicial). A letra “b” está errada, pois o correto é o
exercício de emprego público efetivo. A letra “c” está errada, pois a idade
mínima é 16 anos. Gabarito: “E” (art. 5°, parágrafo único, inciso V, CC).

07) (FCC – TRT/11ª Região/AM e RR – Técnico Judiciário – 2013) Joana


possui dezesseis anos e cinco meses de idade. Seu pai é falecido e sua
mãe, Jaqueline, pretende torná-la capaz para exercício dos atos da vida
civil. De acordo com o Código Civil brasileiro, cessará a incapacidade de
Joana
(A) quando ela completar dezoito anos de idade, tendo em vista que Jaqueline
não poderá fazer esta concessão.
(B) pela concessão de Jaqueline mediante instrumento público dependente de
homologação judicial.
(C) pela concessão de Jaqueline mediante instrumento público
independentemente de homologação judicial.
(D) pela concessão de Jaqueline mediante instrumento particular dependente
de homologação judicial.
(E) apenas por sentença do juiz, ouvindo-se o tutor, tendo em vista que
Jaqueline não poderá fazer esta concessão.
COMENTÁRIOS. Tendo mais de 16 anos, Joana é relativamente incapaz (art.
4°, I, CC). Como seu pai é falecido, exige-se apenas a emancipação por parte
de Jaqueline por instrumento público, sem a necessidade de homologação
judicial (art. 5°, parágrafo único, I, CC). Gabarito: “C”.

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08) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) Analise a
seguinte situação hipotética: O Brasil declara guerra contra uma Força
Revolucionária Boliviana que atua na fronteira de nosso país, especialmente
envolvendo desmatamento da Amazônia e tráfico de entorpecentes. O Brasil
destaca um grupo de mil soldados para a missão e, durante a guerra, os
Soldados Milton e Davi, do Exército Brasileiro, são capturados pela Força
Revolucionária Boliviana e desaparecem. Neste caso, para ser declarada a
morte presumida dos soldados Milton e Davi, do Exército Brasileiro, sem
decretação de ausência é necessário que eles NÃO sejam encontrados
até
(A) dois anos após o término da guerra.
(B) um ano após o término da guerra.
(C) cinco anos após o término da guerra.
(D) três anos após o término da guerra.
(E) seis meses após o término da guerra.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 7°, II, CC, pode ser declarada a morte
presumida, sem decretação de ausência, se alguém, desaparecido em
campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término
da guerra. Acrescenta o parágrafo único que a declaração da morte presumida,
nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e
averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
Gabarito: “A”.

09) (FCC – Assembleia Legislativa/PB – Assessor Técnico Legislativo –


2013) Quando contava com treze anos, o pai de Jaci faleceu e sua mãe a
abandonou, o que fez com que fosse destituída do poder familiar e seu
tio Oscar fosse nomeado seu tutor. Jaci completou dezesseis anos de
idade, portanto,
(A) poderá ser emancipada pelo tutor, através de instrumento público,
independentemente de homologação judicial.
(B) não poderá ser emancipada, devendo aguardar a maioridade civil.
(C) poderá ser emancipada pela mãe, através de instrumento público,
independentemente de homologação judicial.
(D) poderá ser emancipada por sentença do juiz, ouvido o tutor.
(E) poderá ser emancipada pela mãe, através de instrumento público,
homologado pelo Ministério Público.
COMENTÁRIOS. Dispõe a segunda parte do parágrafo único do art. 5, CC:
Cessará, para os menores, a incapacidade: I. (...) ou por sentença do juiz,
ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos. Gabarito: “D”.

10) (FCC – AL/RN – Analista Administrativo – 2013) Considere as


seguintes hipóteses:
I. Casamento.

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II. Exercício de emprego público transitório.
III. Colação de grau em curso de ensino superior.
IV. Concessão dos pais, mediante instrumento público, dependente de
homologação judicial.
Com relação às pessoas naturais, no tocante à capacidade, cessará,
para os menores de idade, a incapacidade, dentre outras, nas hipóteses
indicadas APENAS em
(A) I, III e IV.
(B) I e III.
(C) II e IV.
(D) I, II e III.
(E) III e IV.
COMENTÁRIOS. Cotejando o parágrafo único do art. 5°, CC com as situações
apresentadas, estão corretos os itens referentes ao casamento e a colação de
grau em curso de ensino superior. O item II está errado, pois a lei estabelece
“emprego público efetivo”; o item IV está errado, pois não depende de
homologação judicial. Gabarito: “B” (somente os itens I e III estão corretos).

11) (FCC – AL/RN – Analista Administrativo – 2013) Marta é patinadora


profissional. Há dois anos, quando residia na cidade de Natal com sua mãe, ela
foi contratada como integrante do elenco de shows de patinação no gelo da
companhia “QW”, empresa com sede na cidade de São Paulo. Em razão dos
espetáculos, Marta viaja o Brasil inteiro fazendo os shows, permanecendo
temporariamente em determinadas cidades. Considerando que no último
mês ela também fez shows na cidade do Rio de Janeiro, será
considerado o domicílio de Marta
(A) o lugar em que ela for encontrada.
(B) a cidade de Natal, apenas.
(C) a cidade de São Paulo, apenas.
(D) a cidade do Rio de Janeiro, apenas.
(E) as cidades de Natal e do Rio de Janeiro, apenas.
COMENTÁRIOS. No caso apresentado, percebe-se que Marta não tem
residência habitual. Portanto, deve-se aplicar o art. 73, CC: Ter-se-á por
domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for
encontrada. Gabarito: “A”.

12) (CESPE/UnB – TCE/ES – Analista Administrativo – Direito – 2013)


Três integrantes de uma mesma família, o pai, João, com quarenta anos de
idade, e seus dois filhos, Mário, com dezoito anos de idade, e Carlos, com
quatorze anos de idade, viajavam juntos em um mesmo carro, do Rio de Janeiro
para São Paulo. Mário era portador de doença cardíaca e de hipertensão grave.
No curso da viagem, o carro em que estavam colidiu violentamente contra um
caminhão e os três integrantes da família morreram. A perícia técnica, dada a

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situação em que os corpos foram encontrados, não pôde determinar quem
morreu primeiro. Nessa situação hipotética,
(A) Mário morreu primeiro, por ser portador de doenças graves.
(B) não há como presumir o momento e a ordem das mortes.
(C) João morreu primeiro, por ser o mais velho.
(D) Carlos morreu primeiro, por ser o mais jovem.
(E) todos morreram simultaneamente.
COMENTÁRIOS. Quando não se pode afirmar categoricamente qual das
pessoas faleceu primeiro, determina a nossa lei que “presumir-se-ão
simultaneamente mortos”, independentemente da idade ou de alguma doença
que tinham. É o que se chama de comoriência, prevista no art. 8°, CC. Trata de
uma presunção juris tantum ou relativa, pois admite prova em contrário.
Gabarito: “E”.

13) (FCC – AL/RN – Analista Administrativo – 2013) A família Silva


viajava de ônibus para a cidade de Mossoró quando um grave acidente
aconteceu e o ônibus que levava a família colidiu frontalmente com um
caminhão. Neste acidente faleceram o casal Fabiano e Carla, bem como a mãe
de Carla, Gabriela, o avô de Fabiano, Silvio e a irmã mais velha de Carla,
Soraya. Considerando que Gabriela possuía doença crônica no coração e
que Carla estava sentada no banco da frente do ônibus, não se podendo
averiguar qual dos comorientes precedeu aos outros,
(A) presumir-se-á que Gabriela faleceu primeiro.
(B) presumir-se-á que Silvio faleceu primeiro.
(C) presumir-se-ão simultaneamente mortos.
(D) presumir-se-á que Carla faleceu primeiro.
(E) será averiguada a expectativa legal de vida de cada familiar judicialmente.
COMENTÁRIOS. Estabelece o art. 8°, CC: Se dois ou mais indivíduos falecerem
na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes
precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. Gabarito: “C”.

14) (FCC – TRT/5ª Região/BA – Analista Judiciário – 2013) Referente


aos direitos da personalidade, considere:
I. É sempre vedado dispor do próprio corpo, quando importar diminuição
permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
II. Com objetivo científico ou altruístico, é válida a disposição gratuita do
próprio corpo, total ou parcialmente, para depois da morte, tratando-se de
disposição revogável livremente a qualquer tempo.
III. O direito ao nome compreende o prenome e o sobrenome, mas a
proteção correspondente não se estende ao pseudônimo, ainda que
licitamente adotado, por se tratar de mera identidade social ou familiar.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em

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(A) II e III.
(B) III.
(C) I.
(D) II.
(E) I e III.
COMENTÁRIOS. O item I está errado especialmente pela expressão “sempre”.
Estabelece o art. 13, CC que “salvo por exigência médica, é defeso o ato de
disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da
integridade física, ou contrariar os bons costumes”. O item II está correto nos
exatos termos do art. 14, CC. O item III está errado, pois estabelece o art. 19,
CC que “o pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se
dá ao nome”. Gabarito: “D” (somente o item II está correto).

15) (FCC – TCE/AM – Analista de Controle Externo – 2013) De acordo


com o Código Civil,
(A) a menoridade cessa aos vinte e um anos completos.
(B) o nascituro possui direitos sob condição suspensiva.
(C) os menores de dezesseis anos são relativamente incapazes para os atos da
vida civil.
(D) é sempre vedada a disposição de parte do próprio corpo.
(E) o pseudônimo não goza de proteção.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois a menoridade cessa com 18 anos
completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida
civil (art. 5°, caput, CC). A letra “b” está correta, pois de fato os direitos
assegurados ao nascituro estão sob condição suspensiva (segunda parte do art.
2°, CC), em estado potencial e só terão eficácia se nascer com vida. A
alternativa “c” está errada, pois os menores de 16 anos são absolutamente
incapazes (art. 3°, CC). A alternativa “d” está errada. De fato, a regra é a
vedação de disposição de parte do próprio corpo. No entanto o art. 13, CC
estabelece algumas restrições a essa regra. Vejamos o dispositivo completo:
Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo,
quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os
bons costumes. A letra “e” está errada, pois nos termos do ar. 19, CC, o
pseudônimo, adotado para atividades lícitas, goza da proteção que se dá ao
nome. Gabarito: “B”.

16) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2013) No tocante


aos direitos da personalidade,
(A) nenhuma pessoa pode ser constrangida a submeter-se, com risco de vida,
a tratamento médico ou intervenção cirúrgica.
(B) é irrevogável o ato de disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em
parte, para depois da morte.
(C) a ameaça ou a lesão a eles não se estendem aos mortos, por serem
personalíssimas.

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(D) como regra geral, os direitos da personalidade são passíveis de livre
transmissão e renúncia.
(E) é sempre possível a comercialização de partes do próprio corpo, se com a
disposição não houver diminuição permanente da integridade física do doador.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 15, CC. A letra “b”
está errada, pois o parágrafo único do art. 14, CC prevê que o ato de disposição
pode ser livremente revogado a qualquer tempo. A letra “c” está errada, pois o
parágrafo único do art. 12, CC permite que o cônjuge sobrevivente ou qualquer
parente em linha reta ou colateral de até quarto grau têm legitimação para
exigir que cesse a ameaça ou lesão do direito de personalidade da pessoa que
faleceu. A letra “d” está errada, pois, em regra, nos termos do art. 11, CC os
direitos de personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o
seu exercício sofrer limitação voluntária. A letra “e” está errada. No Brasil, de
acordo com o art. 13 e seu parágrafo único, CC, bem como a Lei n° 9.434/97, a
doação de órgãos de pessoa viva somente pode ser realizada de forma gratuita.
A obrigatória gratuidade do ato de disposição visa à erradicação do comércio e
tráfico de órgãos, problema grave que aflige diversos países. A regra tem
origem na Constituição Federal (art. 199, §4°), que veda todo tipo de
comercialização de órgãos e tecidos humanos, inclusive sangue, para fins de
transplante e transfusão. Gabarito: “A”.

17) (FCC – MPE/SE – Analista Ministerial – Direito – 2013) É CORRETO


afirmar:
(A) salvo os casos previstos em lei, os direitos da personalidade são livremente
transmissíveis e renunciáveis.
(B) é irrevogável o ato de disposição gratuita do próprio corpo, para depois da
morte do doador.
(C) salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo,
quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os
bons costumes.
(D) o pseudônimo adotado, ainda que para atividades lícitas, não goza da
mesma proteção que se dá ao nome da pessoa natural.
(E) a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa são direitos
personalíssimos do ofendido, não se transmitindo a qualquer herdeiro a
possibilidade de sua proteção jurídica.
COMENTÁRIOS. A letra "a" está errada, pois estabelece o art. 11, CC: Com
exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação
voluntária. A letra "b" está errada nos termos do parágrafo único do art. 14,
CC: O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. A letra
"c" está correta nos termos do art. 13, CC: Salvo por exigência médica, é defeso
o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente
da integridade física, ou contrariar os bons costumes. A letra "d" está errada,
pois estabelece o art. 19, CC: O pseudônimo adotado para atividades lícitas
goza da proteção que se dá ao nome. A letra "e" está errada, pois estabelece o

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parágrafo único do art. 20, CC: Em se tratando de morto ou de ausente, são
partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os
descendentes. Gabarito: “C”.

18) (FCC – MPE/CE – Técnico Ministerial – 2013) Dos direitos da


personalidade, é correto afirmar:
(A) é defeso o ato de disposição do próprio patrimônio.
(B) o Ministério Público pode autorizar a violação da vida privada de pessoa
natural.
(C) o pseudônimo não goza da proteção que se dá ao nome.
(D) o cônjuge sobrevivente pode requerer a retirada do nome do morto dos
cadastros de proteção ao crédito.
(E) é inválida a disposição gratuita do próprio corpo para depois da morte, para
fins científicos.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois totalmente permitido o ato
disposição do próprio patrimônio. O que estabelece o art. 13, CC é que salvo por
exigência medica é defeso (proibido) o ato de disposição do próprio corpo
quando importar em diminuição permanente da integridade física, ou contrariar
os bons costumes. A letra “b” está errada, pois a vida privada da pessoa natural
é inviolável (art. 21, CC). A letra “c” está errada, pois nos termos do art. 19,
CC, o pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao
nome. A letra “e” está errada, pois nos termos do art. 14, CC, é válida a
disposição gratuita do próprio corpo, em todo ou em parte, para depois da
morte, para fins científicos ou altruísticos. A letra “d” está correta, pois
estabelece o art. 12 e seu parágrafo único, CC: Pode-se exigir que cesse a
ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem
prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de
morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge
sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
A jurisprudência, inclusive, admite a condenação por danos morais. Vejamos
uma decisão a respeito: “Negativação do nome do falecido após a comunicação
do óbito. O dano moral é direito personalíssimo, inserido na esfera individual de
cada titular. Todavia, é possível que a ofensa ao de cujus cause reflexos na
esfera da vida de uma gama de pessoas eventualmente envolvidas ou ligadas
àquela vítima, as quais podem postular reparação em nome próprio. Dano
Ricochete, estabelecido no parágrafo único, do art. 12, CC. O nome da pessoa
não desaparece com a morte de seu titular, e nada mais justo que se
reconheça aos seus herdeiros o direito de fazer respeitar a memória do
ente falecido, defendendo seu interesse moral. É presumido o dano moral
em casos de inscrição indevida, por inegável abalo ao nome, direito da
personalidade (TJRJ, AP 85905220088190075 RJ 0008590-52.2008.8.19.0075,
Relator: DES. TERESA CASTRO NEVES, Data de Julgamento: 11/05/2011,
SEXTA CAMARA CIVEL, Data de Publicação: 16/05/2011)”. Gabarito: “D”.

19) (FCC – Assembleia Legislativa/PB – Consultor Legislativo – 2013) A


respeito dos direitos da personalidade, é INCORRETO afirmar que

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(A) sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda
comercial.
(B) o cônjuge ou qualquer parente em linha reta ou colateral até o quarto grau
poderá exigir que cesse a lesão a direito de personalidade do morto, bem como
reclamar perdas e danos.
(C) é defeso, salvo por exigência médica, o ato de disposição do próprio corpo,
quando importar diminuição permanente da integridade física ou contrariar os
bens costumes.
(D) independe de prova do prejuízo a indenização, pela publicação não
autorizada de imagem de pessoa, com fins econômicos ou comerciais.
(E) a proteção do pseudônimo de autor de obra artística, literária ou científica
só goza de proteção legal quando constar do registro civil da pessoa que o
utilizar.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos exatos termos do art. 18, CC. A
letra “b” está correta nos termos do art. 12 e seu parágrafo único, CC. A letra
“c” está correta nos termos do art. 13, CC. A letra “d” está certa. Embora não
haja uma previsão expressa no Código Civil, a Súmula 403 do STJ é categórica:
“Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada
de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”. A letra “e” está
errada. Primeiro porque o Código Civil nada se refere a eventual registro do
pseudônimo. O art. 19, CC apenas estabelece que o pseudônimo adotado para
atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. Segundo porque a
própria Lei de Direitos Autorais (Lei n° 9.610/98) estabelece em seu art. 18
que: “A proteção aos direitos de que trata esta lei independe de registro”.
Gabarito: “E”.

20) (FCC – AL/PB – Procurador da Assembleia Legislativa – 2013) No


tocante aos direitos da personalidade,
(A) o pseudônimo adotado para atividades lícitas, embora de livre escolha do
indivíduo, não goza da proteção que se dá ao nome.
(B) a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da
morte, com objetivo científico ou altruístico, uma vez formalizada é ato
irrevogável e irretratável.
(C) em nenhuma hipótese é possível o ato de disposição do próprio corpo,
quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os
bons costumes.
(D) em se tratando de morto, terá legitimação para demandar perdas e danos,
bem como outras medidas visando a fazer cessar ameaça ou lesão a direitos da
personalidade, o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou
colateral até o quarto grau.
(E) ninguém pode negar-se a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica,
mesmo que esteja correndo risco de morte.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois estabelece o art. 19, CC: O
pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao

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nome. A letra “b” está errada, pois, estabelece o parágrafo único do art. 14, CC:
O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. A letra “c”
está errada no tocante à expressão “em nenhuma hipótese”. Isso porque o
dispositivo aplicável inicia exatamente com a ressalva. Dispõe o art. 13, CC:
Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo,
quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os
bons costumes. Acrescenta o parágrafo único. O ato previsto neste artigo será
admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. A letra
“d” está correta, nos exatos termos do parágrafo único do art. 12, CC. A letra
“e” está errada, pois dispõe o art. 15, CC: Ninguém pode ser constrangido a
submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção
cirúrgica. Gabarito: “D”.

21) (FCC – Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia –


HEMOBRÁS – Analista Jurídico – 2013) Um artista de teatro utiliza seu
nome nos atos da vida civil e um pseudônimo notório e famoso em sua
atividade artística. Nesse caso,
(A) o pseudônimo pode ser utilizado em propaganda comercial, mesmo sem a
sua autorização.
(B) o pseudônimo não goza da proteção que se dá ao nome, porque não é
utilizado em atividades comerciais.
(C) seu nome pode ser empregado por outrem em publicação que o exponha
ao desprezo público, se não houver intenção difamatória.
(D) o direito ao nome compreende o prenome, simples ou composto e o
sobrenome.
(E) seu nome pode ser empregado por outrem em representação que o
exponha ao desprezo público, se não houver intenção difamatória.
COMENTÁRIOS. As letras “a” e “b” estão erradas. Isso porque o art. 19, CC
estabelece que o pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da mesma
proteção que se dá ao nome e o art. 18, CC determina que sem autorização não
se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. As letras “c” e “e” estão
erradas, pois dispõe o art. 17, CC que o nome da pessoa não pode ser
empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao
desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. A letra “d” está
correta nos termos do art. 16, CC. Gabarito: “D”.

22) (FCC – TRT/18ª Região/GO – Analista Judiciário – 2013) Os direitos


da personalidade
(A) garantem, como regra, a inviolabilidade da vida privada.
(B) extinguem-se nos casos em que a pessoa não possa mais exprimir sua
vontade.
(C) permitem a disposição gratuita do próprio corpo, com fins altruísticos, para
depois da morte, mas impedem a revogação, em vida, de tal liberalidade.

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(D) autorizam o uso do nome alheio em propaganda comercial, não sendo
necessário obter o consentimento quando se tratar de figura pública.
(E) são, em regra, transmissíveis, embora irrenunciáveis.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, pois o art. 21, CC estabelece que “a
vida privada da pessoa natural é inviolável...”. Mas é certo que há algumas
exceções quanto a isso, como estabelece o art. 20, CC. A letra “b” está errada.
O Código Civil previu hipóteses em que a pessoa mesmo não conseguindo
exprimir sua vontade, terá direitos preservados, sendo representada por um
curador. Exemplificando: art. 12, parágrafo único, CC: Em se tratando de morto,
terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge
sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Art. 20, parágrafo único, CC: Em se tratando de morto ou de ausente, são
partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os
descendentes. A letra “c” está errada, pois a pessoa pode, a qualquer momento,
desistir da disposição de seu próprio corpo, sendo esta garantia uma proteção
adicional aos direitos de personalidade. Segundo o art. 14, CC: É válida, com
objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo
ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode
ser livremente revogado a qualquer tempo. A letra “d” está errada, pois exige-
se a autorizada; segundo o art. 18, CC: Sem autorização, não se pode usar o
nome alheio em propaganda comercial. A letra “e” está errada, pois em rega
eles são intransmissíveis. Art. 11, CC: Com exceção dos casos previstos em
lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não
podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Gabarito: “A”.

23) (FCC – Ministério Público de Contas do Estado do Mato Grosso –


Analista de Contas – Direito – 2013) Jesus é piloto da aeronáutica, e se
encontra subordinado à sede do comando localizada em Brasília;
estabeleceu residência com ânimo definitivo em Goiânia, mas vive
alternadamente na casa de seus pais, em Salvador, e na casa de seus
filhos, em Maceió. Considera-se domicílio de Jesus
(A) Brasília, Goiânia, Salvador e Maceió.
(B) Goiânia.
(C) Brasília.
(D) Goiânia, Salvador e Maceió.
(E) Brasília e Goiânia.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 76, caput, CC todo militar da ativa possui
domicílio necessário. No caso do militar da aeronáutica seu domicílio será a sede
do comando a que se encontrar imediatamente subordinado (parágrafo único do
art. 76, CC). Portanto o domicílio (legal) de Jesus é Brasília. Gabarito: “C”.

24) (FCC – TRT/5ª Região/BA – Analista Judiciário – 2013) José Carlos


vive alternadamente em Porto Seguro e em Salvador, com residências
próprias em cada uma das cidades. Considera-se seu domicílio:

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(A) nenhuma das cidades, por falta de habitualidade, essencial à caracterização
do domicílio.
(B) Salvador, por ser a capital do Estado.
(C) tanto Porto Seguro como Salvador.
(D) apenas aquela cidade na qual exerce primordialmente suas atividades
profissionais.
(E) aquela cidade em que tenha residido inicialmente.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 71, CC se a pessoa natural tiver diversas
residências, onde, alternativamente viva, considerar-se-á domicílio qualquer
delas (pluralidade domiciliar). Gabarito: “C” (tanto Porto Seguro como
Salvador).

25) (FCC – TRT/15ª Região/Campinas – Analista Judiciário – 2013)


Alceu trabalha de segunda a quinta-feira, todas as semanas, em restaurante
localizado em Cajamar. Nestes dias, reside com ânimo definitivo em
apartamento situado em Jundiaí. Por sua vez, na sexta-feira e nos finais de
semana trabalha em restaurante localizado em Itapira. Nestes dias, reside com
ânimo definitivo em apartamento localizado em Campinas. Consideram-se
domicílios de Alceu os lugares situados em
(A) Cajamar e Jundiaí, apenas.
(B) Jundiaí, apenas.
(C) Cajamar, Jundiaí, Itapira e Campinas.
(D) Itapira e Campinas, apenas.
(E) Jundiaí e Campinas, apenas.
COMENTÁRIOS. Análise conjunta de três dispositivos do Código Civil: Art. 70:
O domicílio civil da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência
com ânimo definitivo. Art. 71: Se, porém, a pessoa natural tiver diversas
residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer
delas. Art. 72: É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações
concernentes a profissão, o lugar onde esta é exercida. Parágrafo único. Se a
pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá
domicílio para as relações que lhe corresponderem. Gabarito: “C” (Cajamar,
Jundiaí, Itapira e Campinas).

26) (FCC – Assembleia Legislativa/PB – Consultor Legislativo – 2013)


Pedro reside com a esposa e um filho em João Pessoa. Tem escritório e
apartamento em Recife, onde também reside e comparece em dias alternados.
Nas férias e feriados prolongados, aluga uma casa em Natal e ali permanece
com a família. De acordo com o Código Civil brasileiro, considera-se
domicílio de Pedro
(A) João Pessoa e Recife, apenas.
(B) João Pessoa e Natal, apenas.
(C) João Pessoa, apenas.
(D) João Pessoa, Recife e Natal.
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(E) Recife, apenas.
COMENTÁRIOS. Se Pedro reside com a esposa e filho em João Pessoa, é certo
que neste local tem seu domicílio (art. 70, CC: O domicílio da pessoa natural é o
lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo). Como tem
escritório e apartamento em Recife, onde também reside e comparece em dias
alternados este local também é considerado como domicílio (art. 71, CC: Se,
porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva,
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas; art. 72, CC: É também domicílio
da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde
esta é exercida). Ocorre que Natal é o local onde ele fica apenas nas férias e em
feriados prolongados. Por isso não é considerado como domicílio, mas apenas
como moradia ou habitação. Gabarito: “A” (João Pessoa e Recife).

27) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) Sobre o


domicílio, de acordo com o Código Civil, é INCORRETO afirmar:
(A) o militar do Exército tem por domicílio, em regra, a sede do comando a que
se encontrar imediatamente subordinado.
(B) a pessoa jurídica de direito privado, possuindo diversos estabelecimentos
em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos
nele praticados.
(C) o Agente Diplomático do Brasil que, citado no estrangeiro, alegar
extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá
ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro
onde o teve.
(D) se a administração de pessoa jurídica de direito privado tiver sede no
estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às
obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
estabelecimento situado no Brasil, a que ela corresponder.
(E) o domicílio do marítimo é necessário e é considerado o lugar onde o navio
estiver matriculado.
COMENTÁRIOS. Pegadinha. O erro da questão está em afirmar que o domicílio
do militar do Exército é a sede do comando em que se encontra imediatamente
subordinado. Na verdade, o seu domicílio, é “onde servir”. Somente se o militar
fosse da Marinha ou da Aeronáutica, aí sim, seu domicílio seria a sede do
comando a que se encontrar imediatamente subordinado (art. 76, parágrafo
único, CC). As demais alternativas estão corretas. Gabarito: “A”.

28) (FCC – TJ/PE – Titular de Serviços de Notas e de Registros – 2013)


Em relação à capacidade, é CORRETO afirmar que (questão adaptada
pelo professor em virtude de alteração legislativa)
(A) os ébrios habituais e os viciados em tóxicos são, em regra, absolutamente
incapazes.
(B) alguém definido clinicamente como esquizofrênico deve ser considerado,
sempre, como relativamente incapaz para os atos da vida civil.

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(C) uma pessoa em estado de coma deve ser considerada como relativamente
incapaz, enquanto perdurar essa condição.
(D) toda pessoa é legitimada a agir, mas nem sempre capaz de direitos e
deveres na órbita civil.
(E) a partir do nascimento com vida a pessoa adquire a capacidade de direito e
de fato, ou exercício, para os atos da vida civil.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 4°, II, CC, são
incapazes relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: os ébrios
habituais e os viciados em tóxicos. A letra “b” está errada. A esquizofrenia é
uma doença mental que se caracteriza por uma desorganização ampla dos
processos mentais. No entanto, pela atual legislação sobre o tema que alterou o
Código Civil (Lei n° 13.146/2015) a enfermidade ou deficiência mental não é
mais causa de incapacidade. A letra “c” está certa, pois a hipótese se encaixa na
situação prevista no art. 4°, III, CC: “São incapazes, relativamente a certos atos
ou à maneira de os exercer: (...) aqueles que, por causa transitória, não
puderem exprimir sua vontade”. A letra “d” está errada, pois o que o ocorre é
contrário: toda pessoa possui direitos e deveres na órbita civil (capacidade de
gozo ou de direito), mas nem sempre possui legitimidade para agir, pois podem
ocorrer situações que o impedem de praticar determinados atos (ex.: duas
pessoas maiores e capazes que são irmãos podem se casar com terceiros, mas
não o podem entre si). Finalmente a letra “e” está errada, pois a partir do
nascimento com vida a pessoa adquire a personalidade e capacidade de direito,
mas não a capacidade de fato ou de exercício. Gabarito: “C”.

29) (FCC – TRE/PE – Analista Judiciário – 2013) Maria está grávida de


João, que sofreu um acidente de moto e encontra-se internado no hospital “X”
em estado grave. Maria fica com receio sobre os eventuais direitos que o filho
que está em seu ventre possa ter, especialmente sucessórios em relação a João.
Assim, Maria procura sua vizinha Sueli que é advogada. Sueli expõe a Maria
que a personalidade civil da pessoa começa:
(A) da décima segunda semana após a concepção, que comprovada
cientificamente, resguarda o direito do nascituro.
(B) da concepção, que comprovada cientificamente, resguarda o direito do
nascituro.
(C) do nascimento com vida, sendo que a lei resguarda os direitos do recém-
nascido somente após a constatação de vida feita pelo obstetra, momento em
que este passa a existir no mundo jurídico.
(D) do nascimento com vida, mas que a lei põe a salvo, desde a concepção, os
direitos do nascituro.
(E) do nascimento com vida, sendo que a lei resguarda os direitos do recém-
nascido somente após o registro civil de nascimento deste no cartório
competente.
COMENTÁRIOS. Apesar da questão ter contado uma “historinha” comovente, a
resposta é muito simples. Determina o art. 2°, CC que “a personalidade civil da
pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a

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concepção, os direitos do nascituro”. Ou seja, se João falecer antes que o filho
de Maria nasça, este filho (por enquanto o chamamos apenas de “nascituro”, ou
seja, o que está para nascer), já tem direitos resguardados. No entanto é
necessário aguardar que ele nasça. Se nascer com vida terá direito à eventual
herança de João, de forma retroativa, desde sua concepção. Se a criança nascer
morta, não chegou a ter personalidade e, portanto, nada herdará. A letra “a”
está errada, pois não é necessário aguardar 12 semanas de gestação; a letra
“b” está errada, pois a personalidade não se inicia com a concepção; esta
apenas resguarda eventuais direitos. A letra “c” está errada, pois não é
necessária “a constatação feita pelo obstetra” e também não é neste momento
que o nascituro passa a existir no mundo jurídico. Finalmente a letra “e” está
errada, pois não é com o registro que irá se resguardar os direitos do recém-
nascido. Gabarito: “D”.

30) (FCC – TRT/19ª Região/AL – Analista Judiciário – 2014) O filho que


Joana está esperando sofre danos físicos em razão de negligência
médica durante o pré-natal. O filho
(A) poderá ajuizar ação de indenização tão logo nasça, pois a lei resguarda os
direitos do nascituro e o filho poderá ser representado por seus pais ou
representantes legais.
(B) não poderá ajuizar ação de indenização, pois não possuía direitos da
personalidade quando da ocorrência dos danos.
(C) não poderá ajuizar ação de indenização, pois o Código Civil adota a teoria
natalista.
(D) poderá ajuizar ação de indenização, mas apenas depois de atingir a
maioridade civil.
(E) não poderá ajuizar ação de indenização, pois, embora a lei resguarde os
direitos do nascituro, fá-lo-á apenas com relação ao direito de nascer com vida.
COMENTÁRIOS. Para a banca FCC não há dúvidas que o Brasil adotou a Teoria
Natalista, ou seja, a personalidade somente tem início com o nascimento com
vida (trata-se da primeira parte do art. 2°, CC). Portanto, o filho de Joana pode
propor ação judicial tão logo nasça. Mas indaga-se: se os danos físicos sofridos
pelo filho ocorreram antes do nascimento, ele terá legitimidade de propor a
ação? A resposta vem na segunda parte do mesmo art. 2°, CC: a lei põe a
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Portanto antes de nascer
(nascituro) o futuro filho de Joana já possui direitos resguardados que poderão
ser exercidos logo que nasça. Assim, as lesões que sofreu quando ainda era
nascituro poderão ser objeto de ação tão logo nasça. No entanto, como ao
nascer o filho de Joana é considerado absolutamente incapaz (menor de 16
anos), deverá ele ser representado por seus pais para a propositura da ação.
Gabarito: “A”.

31) (FCC – TRF/3ª Região – Técnico Judiciário – 2014) Cleiton é


estudante de direito. Atualmente estuda o tópico do Código Civil brasileiro “das
pessoas”: Para enriquecer o seu estudo, Cleiton conversou com seu professor de
Direito Civil que lhe trouxe a seguinte situação hipotética a respeito da
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incapacidade civil: Marcos, Simone e Valéria são irmãos e primos de Gabriel e
Soraya. Atualmente a situação da família é delicada. Em razão de um
afogamento na praia de Pitangueiras, na cidade do Guarujá, Marcos, vinte anos
de idade, transitoriamente, não pode exprimir a sua vontade. Valéria dezessete
anos de idade e Simone quinze anos, não trabalham, apenas são estudantes.
Gabriel, com quarenta anos de idade, é pródigo causando problemas para seus
familiares. De acordo com o Código Civil brasileiro, Cleiton deverá
responder para o seu professor que são absolutamente incapazes de
exercer pessoalmente os atos da vida civil, apenas (questão adaptada
pelo professor em virtude de alteração legislativa)
(A) Simone, Marcos e Gabriel.
(B) Simone e Marcos.
(C) Somente Simone.
(D) Marcos e Gabriel.
(E) Simone e Gabriel.
COMENTÁRIOS. Marcos embora tenha 20 anos, não pode exprimir sua vontade
de forma transitória. Por tal motivo deve ser considerado como relativamente
incapaz (nova redação do art. 4°, III, CC). Valéria por ter 17 anos é
relativamente incapaz (art. 4°, I, CC). Já Simone, com 15 anos é absolutamente
incapaz (art. 3°, CC). Lembrando que atualmente a única hipótese de
incapacidade absoluta é ser menor de 16 anos. Gabriel, sendo pródigo, também
é considerado relativamente incapaz (art. 4°, IV, CC). Gabarito: “C” (somente
Simone).

32) (FCC – Companhia do Metropolitano de São Paulo – METRÔ –


Advogado – 2014) No vagão X do trem W da linha vermelha do metrô estão
diversas pessoas, que não se conhecem e buscam destinos diversos e objetivos
incomuns. Entre elas está Maria, com quinze anos de idade; Emerson, com
trinta anos de idade, que em razão de um derrame cerebral não pode,
momentaneamente, exprimir a sua vontade; Duda, com vinte anos de idade,
excepcional sem desenvolvimento mental completo, e Breno, dezessete anos de
idade. De acordo com o Código Civil brasileiro, com relação às pessoas
mencionadas, são incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira
de os exercer (questão adaptada pelo professor em virtude de alteração
legislativa)
(A) Maria e Emerson, apenas.
(B) Duda, Emerson e Breno.
(C) Emerson e Breno, apenas.
(D) Duda e Emerson, apenas.
(E) Maria e Breno, apenas.
COMENTÁRIOS. Maria é absolutamente incapaz (art. 3°, CC: os menores de 16
anos). Emerson é relativamente incapaz (art. 4°, III: São incapazes,
relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (...) III. aqueles que,
por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Duda, pela atual
legislação não é mais considerado com incapaz (seja absoluta ou
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relativamente). Breno é relativamente incapaz (art. 4°, I, CC: maior de 16 e
menor de 18 anos). Gabarito: “C” (Emerson e Breno).

33) (FCC – TCE/PI – Jornalista do Tribunal de Contas – 2014) Leda e


Lindoval são casados e possuem dois filhos gêmeos: Marcos e
Margarido. Hoje, já homens com trinta anos de idade, começaram a
preocupar seus pais. Marcos é pródigo e está consumindo seu próprio
patrimônio em razão de seus gastos desenfreados; Margarido está
enfrentando problemas com o álcool, caracterizando a figura do ébrio
habitual. De acordo com o Código Civil brasileiro, em regra,
(A) os gêmeos Marcos e Margarido são absolutamente incapazes de exercer
pessoalmente os atos da vida civil.
(B) os gêmeos Marcos e Margarido são incapazes, relativamente a certos atos,
ou a maneira de os exercer.
(C) apenas Marcos é absolutamente incapaz de exercer pessoalmente os atos
da vida civil.
(D) apenas Margarido é absolutamente incapaz de exercer pessoalmente os
atos da vida civil.
(E) apenas Marcos é relativamente incapaz para exercer alguns atos
previamente mencionados na legislação civil.
COMENTÁRIOS. Ambos são considerados relativamente incapazes nos termos
do art. 4°, II e IV, CC: São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira
de os exercer: II. os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; IV. os pródigos.
Gabarito: “B”.

34) (FCC – TCE/PI – Jornalista do Tribunal de Contas – 2014) Marcelo é


biólogo, pesquisador de espécies da fauna nativa não possui residência
habitual, em razão da sua profissão. Atualmente, Marcelo realiza
pesquisas na cidade de Teresina, seus pais e esposa residem em São
Paulo, capital, e suas últimas pesquisas ocorreram em Santos − SP e
Gramado − RS, nesta ordem. Neste caso, de acordo com o Código Civil
brasileiro, ter-se-á por domicílio de Marcelo
(A) o lugar em que ele for encontrado.
(B) a cidade de Teresina, apenas.
(C) a cidade de São Paulo, apenas.
(D) as cidades de Teresina ou Santos, apenas.
(E) as cidades de Teresina, Santos ou Gramado.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 73, CC: Ter-se-á por domicílio da pessoa
natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.
Gabarito: “A”.

35) (FCC – SEFAZ/PE – Auditor Fiscal do Tesouro Estadual – 2014)


Considere:

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I. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua
residência com ânimo definitivo; se, porém, a pessoa natural tiver diversas
residências, onde alternadamente viva, considerar-se-á domicílio seu
qualquer delas.
II. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à
profissão, o lugar onde esta é exercida; se a pessoa exercitar profissão em
lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que
lhe corresponderem.
III. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência
habitual, o último lugar em que foi domiciliada.
IV. Nos contratos escritos, somente as pessoas jurídicas contratantes
poderão especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e
obrigações deles resultantes.
V. Tem domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o
marítimo e o preso.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) I, IV e V.
(B) I, II e V.
(C) III, IV e V.
(D) I, III e IV.
(E) II, III e V.
COMENTÁRIOS. O item I está certo nos termos dos arts. 70 e 71, CC. Art. 70.
O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência
com ânimo definitivo. Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas
residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer
delas. O item II está certo. O item II está correto. Segundo o art. 72, CC, é
também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à
profissão, o lugar onde esta é exercida. Parágrafo único. Se a pessoa exercitar
profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as
relações que lhe corresponderem. O item III está errado. Segundo o art. 73,
CC: Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência
habitual, o lugar onde for encontrada. O item IV está errado. Segundo o art. 78,
CC: Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio
onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. O item
V está certo, nos termos do art. 76, CC: Têm domicílio necessário o incapaz, o
servidor público, o militar, o marítimo e o preso. Gabarito: “B” (estão corretos
os itens I, II e V).

36) (FCC – TRT/19ª Região/AL – Analista Judiciário – 2014) Em razão


de grave doença, Paulo está prestes a perder os dois rins. Por esta
razão, ele e seu pai, Carlos, são submetidos a exames clínicos cuja
conclusão é a de que pai e filho são compatíveis, e Paulo somente
sobreviverá se Carlos lhe doar um rim. Carlos

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(A) deve doar um rim a seu filho, independentemente de sua vontade e mesmo
que o ato implique risco de vida, por se tratar de imposição moral.
(B) pode doar um rim a seu filho, se esta for sua vontade e desde que tenham
sido atendidos os requisitos de lei especial.
(C) não pode doar um rim a seu filho, nem que esta seja a sua vontade, por
ser ato que implica ofensa à integridade física.
(D) deve doar um rim a seu filho, independentemente de sua vontade e
mesmo que o ato implique risco de vida, por se tratar de imposição decorrente
do poder familiar.
(E) pode doar um rim a seu filho, mas apenas se não tiver outros filhos.
COMENTÁRIOS. A doação de órgãos é facultativa (e não obrigatória), portanto
Carlos pode (e não deve) doar um rim a seu filho, sendo que para tanto devem
ser obedecidos alguns requisitos legais. Segundo o art. 13, CC: “Salvo por
exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando
importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons
costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins
de transplante, na forma estabelecida em lei especial”. A lei especial que o
Código se refere é a Lei n° 9.434/1997, sendo que o seu art. 9° dispõe: “É
permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos
e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes em
cônjuge ou parentes consanguíneos até o quarto grau, inclusive, na forma do
§4° deste artigo, ou em qualquer outra pessoa, mediante autorização judicial,
dispensada esta em relação à medula óssea”. Gabarito: “B”.

37) (FCC – MPE/PE – Promotor de Justiça – 2014) A artista “X”, que se


apresenta totalmente nua frequentemente em casas noturnas,
constatou que seus vizinhos sorrateiramente a espionavam,
fotografavam e filmavam despida, no interior de sua residência,
divulgando o material em redes sociais. Nesse caso ela
(A) poderá requerer judicialmente indenização por danos materiais e morais,
mas não poderá formular pretensão em Juízo para impedir ou fazer cessar
esses atos praticados pelos vizinhos.
(B) poderá requerer ao Juiz competente providências para impedir e fazer
cessar esses atos.
(C) nada poderá pleitear judicialmente para coibir esses atos em virtude das
atividades profissionais que exerce.
(D) não poderá requerer providências para impedir esses atos, entretanto terá
direito a um pagamento pela divulgação nas redes sociais, cujo valor será
arbitrado pelo Juiz.
(E) só poderá impedir esses atos quando deixar de exercer atividades artísticas
em que se apresente nua.
COMENTÁRIOS. Não é porque uma pessoa se apresenta nua em casas
noturnas que ela não tem direito à intimidade. Ficou célebre o caso em que uma
atriz, que posou nua em uma revista masculina, processou um paparazzi,
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porque o mesmo a flagrou em um momento de intimidade e divulgou tais fotos
em uma revista. Uma coisa é a apresentação como forma de ganhar dinheiro
para o seu sustento; outra coisa é o direito à intimidade. Portanto, no caso a
artista tem o direito de ser indenizada alem de poder requerer, com base o art.
12, CC, que cesse lesão a seu direito, bem como de reclamar perdas e danos,
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. No mesmo sentido é o teor dos
arts. 20 e 21, CC. Gabarito: “B”.

38) (FCC – TRT/2ª Região – Analista Judiciário – 2014) José Silva


possui residências em São Paulo, onde vive nove meses por ano em
razão de suas atividades profissionais, bem como em Trancoso, na
Bahia, e em São Joaquim, Santa Catarina, onde alternadamente vive nas
férias de verão e inverno. São seus domicílios
(A) apenas a residência em que José Silva se encontrar no momento, excluídas
as demais no período correspondente.
(B) apenas São Paulo, por passar a maior parte do ano nessa cidade.
(C) apenas São Paulo, por se tratar do local de suas atividades profissionais.
(D) qualquer uma dessas residências, em São Paulo, Trancoso ou São Joaquim.
(E) apenas a residência que José Silva escolher, expressamente, comunicando
formalmente as pessoas com quem se relacione.
COMENTÁRIOS. Questão capciosa. Quanto à cidade de São Paulo, sem
problemas. Ela é considerada domicílio em razão do art. 72, CC (relações
concernentes à profissão). Em relação às demais cidades, devemos ficar
atentos. Quando uma pessoa tira férias e vai para uma cidade, fica alguns dias e
depois retorna, não há habitualidade. Por isso chamamos esse local de moradia
ou habitação. No entanto, a questão usa algumas palavras-chave que dão a dica
do que o examinador deseja. Vejamos: “José Silva possui residências (...), onde
alternadamente vive (...). Observe que na questão José não está simplesmente
“tirando férias”. Ele possui outras duas residências, onde alternadamente vive.
Essas expressões são exatamente as que estão previstas no art. 71, CC: Se,
porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva,
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. Reforço: José não tirou férias para
Trancoso ou São Joaquim... ele possui nesses locais residência e lá vive
alternadamente durante as férias. Portanto, será seu domicílio qualquer dos
locais: São Paulo, Trancoso e São Joaquim. Gabarito: “D”.

39) (FCC – TCE/PI – Assessor Jurídico – 2014) Em relação ao domicílio


civil, é CORRETO afirmar que
(A) o direito brasileiro somente admite a unicidade domiciliar.
(B) o lugar onde a pessoa natural for encontrada será considerado seu
domicílio, desde que não tenha residência habitual.
(C) o domicílio do preso é o lugar em que foi processado.
(D) a pessoa que exercer profissão em lugares diversos terá como seu
domicílio o último lugar em que trabalhou.

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(E) o domicílio, quanto às pessoas jurídicas, é o lugar onde funcionarem suas
diretoria e administração, não podendo eleger domicílio especial no seu
estatuto ou atos constitutivos.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois nossa legislação admite a
pluralidade domiciliar em algumas situações. Exemplo disso é o art. 71, CC. A
letra “b” está correta nos termos do art. 73, CC. A letra “c” está errada, pois o
domicílio (necessário) do preso é o local onde ele está cumprindo a sentença
(parágrafo único, do art. 76, CC). A letra “d” está errada, pois estabelece o
parágrafo único, do art. 72, CC que se a pessoa que exercer profissão em
lugares diversos cada um deles constituirá domicílio para as relações de que
corresponderem. Finalmente a letra “e” está errada, pois estabelece o art. 75,
CC que quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: (...) IV. das demais pessoas
jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações,
ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
Gabarito: “B”.

40) (FCC – TRT/19ª Região/AL – Analista Judiciário – 2014) Pedro


transferiu sua residência, de Maceió para Florianópolis, com a intenção
manifesta de se mudar. Apesar de notória, porém, Pedro não informou à
municipalidade de Maceió sobre sua mudança. Seu domicílio
(A) continuará a ser Maceió até que comunique a mudança à municipalidade de
Florianópolis.
(B) continuará a ser Maceió até que comunique a mudança à municipalidade de
Maceió.
(C) será tanto Florianópolis quanto Maceió.
(D) passou a ser Florianópolis.
(E) passou a ser incerto.
COMENTÁRIOS. Na realidade seria interessante que Pedro comunicasse à
municipalidade de Maceió sobre a sua alteração de domicílio. Mas se assim não
proceder a própria mudança consistirá na intenção manifesta de alterar o seu
domicílio. Neste sentido é o teor do art. 74, CC: Muda-se o domicílio,
transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. Parágrafo
único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às
municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações
não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
Gabarito: “D”.

41) (FCC – TCE/PI – Auditor Fiscal de Controle Externo – 2014) De


segunda a quarta-feira, Nicolas reside, com habitualidade e ânimo definitivo, na
cidade de Teresina, com esposa e filhos, e trabalha na cidade de Demerval
Lobão. De quinta a sexta-feira, reside com habitualidade e ânimo definitivo,
sozinho, na cidade de Água Branca, e trabalha na cidade de Elesbão Veloso. Aos
finais de semana, volta para a cidade de Teresina, com esposa e filhos. De
acordo com o Código Civil,
(A) Teresina e Demerval Lobão são os únicos domicílios de Nicolas.

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(B) Teresina é o único domicílio de Nicolas.
(C) o local onde for encontrado é o domicílio de Nicolas.
(D) Teresina, Demerval Lobão, Água Branca e Elesbão Veloso são domicílios de
Nicolas.
(E) Teresina e Água Branca são os únicos domicílios de Nicolas.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 70, CC, o domicílio da pessoa natural é o lugar
onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Continua o art. 71,
CC: Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde,
alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. Assim, pelo
fato de Nicolas possuir pluralidade de domicílios com ânimo definitivo, todos eles
(Teresina e Água Branca) serão considerados como domicílio. Ocorre que
estabelece o art. 72, CC: É também domicílio da pessoa natural, quanto às
relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Parágrafo
único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles
constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. Assim, como
Nicolas trabalha em Demerval Lobão e Elesbão Veloso também possui
pluralidade de exercício de profissão em cada domicílio, pois nosso Código
também admite pluralidade de domicílio laboral. Concluindo: serão considerados
como domicílio as cidades onde reside com habitualidade (Teresina e Água
Branca), bem como as cidades onde exerce sua profissão (Demerval Lobão e
Elesbão Veloso). Gabarito: “D”.

42) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2015) De acordo


com o Código Civil, os menores de dezesseis anos
(A) possuem personalidade desde a concepção e, com o nascimento com vida,
adquirem capacidade para praticar os atos da vida civil, embora devam fazê-lo
por meio de assistência.
(B) possuem personalidade desde o nascimento com vida, mas são
absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil.
(C) possuem personalidade desde a concepção e, com o nascimento com vida,
adquirem capacidade para praticar os atos da vida civil, embora devam fazê-lo
por meio de representação.
(D) não possuem personalidade, a qual passa a existir, de maneira relativa,
aos dezesseis anos completos.
(E) possuem personalidade desde o nascimento com vida, mas são
relativamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil.
COMENTÁRIOS. O art. 2°, CC prevê que a personalidade da pessoa natural
começa do nascimento com vida (pela doutrina e jurisprudência nosso Direito
acolheu a teoria natalista). No entanto, de acordo com o art. 3°, CC, os menores
16 anos, embora possuam personalidade (e, consequentemente, capacidade de
direito) são consideradas como absolutamente incapazes de praticar os atos da
vida civil, devendo ser representados (pois não possuem capacidade de fato).
Assim, toda pessoa possui capacidade de direito, mas nem todas
possuem capacidade de fato. Somente após os 18 anos completos cessa a

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menoridade da pessoa e ela estará a apta para a prática de todos os atos da
vida civil. Gabarito: “B”.

43) (FCC – SEFAZ/PE – Julgador Administrativo Tributário do Tesouro


Estadual – JATTE – 2015) A personalidade civil da pessoa começa do
nascimento com vida, mas a lei
(A) não mais põe a salvo os direitos do nascituro, porque admitido o aborto de
anencéfalos.
(B) põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro e permite que, por
testamento, seja chamada a suceder prole eventual de pessoas indicadas pelo
testador, ainda que estas não tenham nascido ao abrir-se a sucessão.
(C) põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro e da prole
eventual de pessoas vivas.
(D) põe a salvo desde a concepção os direitos do nascituro, mas, desde a
entrada em vigor do Código Civil atual, não mais permite seja aquinhoada por
testamento prole eventual de qualquer pessoa.
(E) põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro e permite que, por
testamento, seja chamada a suceder prole eventual de pessoas indicadas pelo
testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão.
COMENTÁRIOS. Art. 2°, CC: A personalidade civil da pessoa começa do
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do
nascituro. Art. 1.799, CC: Na sucessão testamentária podem ainda ser
chamados a suceder: I. os filhos, ainda não concebidos (prole eventual), de
pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão.
Gabarito: “E”.

44) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2015) No


que tange à capacidade, é CORRETO afirmar que
(A) a incapacidade relativa é suprida pelo instituto da assistência, devendo tais
incapazes serem assistidos, sob pena de nulidade do ato.
(B) quem possui somente a capacidade de direito, já a tem plena; quem possui
a de fato, possui capacidade em regra limitada e necessita sempre ser
representado nos atos jurídicos em geral.
(C) a incapacidade absoluta ou relativa em nosso direito pode ser de direito ou
de fato, pois os portadores de deficiência mental não possuem nem a
capacidade de direito nem a de fato.
(D) a incapacidade absoluta ou relativa refere-se ao exercício pessoal dos
direitos na órbita civil, pois em nosso direito não existe incapacidade de direito,
mas somente de fato ou de exercício.
(E) a incapacidade absoluta é suprida pelo instituto da representação, devendo
tais incapazes serem representados, sob pena de anulabilidade do ato jurídico.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois se um relativamente incapaz (art.
4°, CC) praticar um ato do qual depende de assistência, a consequência é a
anulabilidade do ato (e não a sua nulidade), nos termos do art. 171, I, CC. A
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letra “b” está errada. Quem tem a capacidade de fato (ou de exercício) já possui
capacidade plena, podendo praticar todos os atos da vida civil sem ser
representado ou assistido. A letra “c” está errada, principalmente pelo fato de
que no Brasil não existe a incapacidade de direito, muito menos a subdivisão em
absoluta ou relativa; isso diz respeito apenas à incapacidade de fato. Os
portadores de deficiência mental possuem capacidade de direito, pois esta é
própria de todo ser humano, inerente à personalidade. Além disso não há mais
restrição a ele quanto à capacidade em razão da Lei n° 13.146/2015. A letra “d”
está correta pelos motivos já expostos acima. A letra “e” está errada, pois os
absolutamente incapazes (art. 3°, CC) devem ser representados, sob pena de
nulidade (e não anulabilidade) do ato, conforme o art. 166, I, CC. Gabarito:
“D”.

45) (FCC – MANAUSPREV – Analista Previdenciário – 2015) A


menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil, cessando a
incapacidade para os menores:
I. pelo casamento.
II. pelo exercício de emprego público efetivo.
III. pela colação de grau em curso de ensino médio.
De acordo com o ordenamento jurídico vigente, está CORRETO o que se
afirma APENAS em
(A) II.
(B) I.
(C) I e II.
(D) III.
(E) I e III.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 5°, CC: A menoridade cessa aos dezoito anos
completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida
civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I. pela
concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz,
ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II. pelo casamento;
III. pelo exercício de emprego público efetivo; IV. pela colação de grau em curso
de ensino superior; V. pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela
existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com
dezesseis anos completos tenha economia própria. Gabarito: “C”.

46) (FCC – TRE/RR – Analista Judiciário – 2015) Prevê o Código Civil


brasileiro a possibilidade de se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a
direito da personalidade. Em se tratando de morto, terá legitimação
para requerer esta medida o cônjuge sobrevivente ou qualquer parente
em linha reta
(A) ou colateral até o quarto grau.

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(B) independentemente do grau.
(C) ou colateral até o terceiro grau.
(D) ou colateral até o segundo grau.
(E) ou colateral independentemente do grau.
COMENTÁRIOS. Colateral até quarto grau. É o que prevê expressamente o
parágrafo único, do art. 12, CC. Gabarito: “A”.

47) (FCC – TRE/AP – Analista Judiciário – 2015) Considere:


I. Intransmissível.
II. Irrenunciável.
III. Exercício com limitação voluntária.
IV. Prescrição quinquenal.
De acordo com o Código Civil brasileiro, com exceção dos casos previstos em lei,
no tocante aos direitos da personalidade, aplicam-se as características indicadas
em
(A) I e III, apenas.
(B) I, II e III, apenas.
(C) I, II, III e IV.
(D) II, III e IV, apenas.
(E) I e II, apenas.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 11, CC: Com exceção dos casos previstos em
lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não
podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária (itens I e II corretos e item
III errado). A pretensão reparatória prescreve no prazo de 3 anos (art. 206,
§3°, V, CC). Gabarito: “E”.

48) (FCC – MANAUSPREV – Analista Previdenciário – 2015) Considere


que determinada pessoa pratique diversos atos de dilapidação de seu
patrimônio, colocando em risco sua subsistência e de seus dependentes.
De acordo com o Código Civil, referida pessoa
(A) deverá ser mantida sob tutela, que recairá, preferencialmente, na pessoa
do cônjuge.
(B) será considerada incapaz de direitos e deveres na ordem civil, sendo
representado, em todos os atos, pelo curador nomeado pelo Ministério Público.
(C) não será considerada incapaz, até a declaração de interdição, após o que
deverá ser nomeado tutor para a prática de atos que impliquem disposição
patrimonial.
(D) somente será interditada se constatada enfermidade ou deficiência mental
que comprometa o necessário discernimento para os atos da vida civil.
(E) está sujeita a curatela, decorrente de interdição que poderá ser promovida
inclusive pelo cônjuge.

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COMENTÁRIOS. A pessoa que pratica ato dilapidando o seu patrimônio, capaz
de comprometer o seu patrimônio, colando em risco a sua subsistência e de
seus dependentes é considerada pródigo. Nossa legislação o
considera relativamente incapaz (art. 4°, IV, CC). Segundo o art. 1.767, V, CC,
o pródigo está sujeito à curatela. Já o art. 1.768, CC prevê que a interdição
deve ser promovida: a) pelos pais ou tutores; b) pelo cônjuge, ou por qualquer
parente; c) pelo Ministério Público. Gabarito: “E”.

49) (FCC – TCM/GO – Auditor Conselheiro – 2015) Os direitos da


personalidade,
(A) por serem personalíssimos, em nenhum caso haverá a transmissão por
herança de seus efeitos patrimoniais.
(B) quando lesados, são passíveis de perdas e danos somente por parte do
ofendido, em caso de morte não se transmitindo essa legitimidade a nenhum
herdeiro.
(C) como regra, são suscetíveis de expropriação, podendo ser penhorados e
adquiridos pela usucapião.
(D) são intransmissíveis e irrenunciáveis, bem como em regra ilimitados por
ato voluntário.
(E) são sempre inatos, isto é, inerentes à natureza humana e nascidos com seu
titular, não podendo sofrer limitação quanto a seu exercício.
COMENTÁRIOS. Os direitos da personalidade são aquelas qualidades que se
agregam ao homem, representando os direitos mais íntimos e fundamentais do
ser humano, sendo intransmissíveis, irrenunciáveis, extrapatrimoniais e
vitalícios, comuns da própria existência da pessoa. As letras “a” e “b” estão
erradas, pois o próprio parágrafo único, do art. 12, CC prevê que, “em se
tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral
até o quarto grau”. O mesmo ocorre em relação ao parágrafo único do art. 20,
CC. A letra “c” está errada, pois os direitos da personalidade são inexpropriáveis
e impenhoráveis, ou seja, ninguém pode removê-los de uma pessoa, nem
mesmo por usucapião e não pode recair penhora sobre eles. A letra “d” está
correta nos termos do art. 11, caput, CC: “Com exceção dos casos previstos em
lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não
podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”. A letra “e” está errada.
Dispõe o Enunciado n° 4 da I Jornada de Direito Civil do CJF: “O exercício dos
direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja
permanente nem geral”. Gabarito: “D”.

50) (FCC – TJ/PI – Juiz de Direito – 2015) Em se tratando de morto,


para exigir que cesse a ameaça ou a lesão a direito da personalidade, e
reclamar perdas e danos,
(A) terão legitimação o cônjuge sobrevivente, os parentes afins na linha reta e
os parentes na linha colateral sem limitação de grau.
(B) não há legitimado, porque essa ação é personalíssima.

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(C) somente o Ministério Público terá legitimação, porque a morte extingue os
vínculos de afinidade e de parentesco.
(D) terá legitimação o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta
ou colateral até o quarto grau.
(E) terão legitimação somente o cônjuge ou companheiro sobrevivente e os
parentes em linha reta.
COMENTÁRIOS. Art. 12, CC: Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a
direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras
sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá
legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge
sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Gabarito: “D”.

51) (FCC – TCM/GO – Procurador do Ministério Público de Contas –


2015) Quanto aos direitos da personalidade,
(A) sua indisponibilidade é absoluta, por não serem passíveis de transmissão a
nenhum título.
(B) seu exercício, como regra, pode sofrer limitação voluntária, por ser
personalíssimo.
(C) são eles objeto de rol taxativo, limitando-se aos que foram expressamente
mencionados e disciplinados constitucionalmente e no atual Código Civil.
(D) embora sejam eles, em regra, personalíssimos, e, portanto
intransmissíveis, tem-se que a pretensão ou direito de exigir a sua reparação
pecuniária, em caso de ofensa, quando já ajuizada ação, transmite-se aos
sucessores do ofendido.
(E) não são passíveis de penhora, seja quanto aos direitos em si, seja quanto a
seus reflexos de ordem patrimonial, por não serem passíveis de cessão.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois a indisponibilidade dos direitos da
personalidade é relativa. Isso porque é possível ao titular desses direitos ceder o
exercício (e não a titularidade) de alguns deles, como, por exemplo, o direito a
imagem, que pode ser cedida onerosa ou gratuitamente durante determinado
lapso de tempo. O próprio art. 11, CC traz a ressalva: “Com exceção dos casos
previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”. Por
essa parte final do dispositivo também fica claro que a letra “b” está errada. A
letra “c” está errada. O Código Civil não exauriu a matéria referente aos direitos
da personalidade; o tratamento é bem genérico e a enumeração exposta é
meramente exemplificativa (e não taxativa), deixando margem para que se
estenda a proteção a situações não previstas expressamente, acompanhando,
assim, a rápida evolução dos costumes do mundo atual e tendo como
fundamento a dignidade da pessoa humana. A letra “d” está correta, nos termos
do art. 12, CC: “Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da
personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções
previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação
para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou
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qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. Percebam que
esse dispositivo estabelece que a legitimação é transferida aos herdeiros,
independentemente de a aço já ter sido ou não ajuizada. A letra “e” está errada.
De fato, os direitos da personalidade em si são impenhoráveis (por serem
indisponíveis, não podem ser objeto de alienação para atender à finalidade da
penhora). No entanto podem ser penhorados os seus reflexos patrimoniais. Ex.:
a autoria de um livro não pode ser penhorada, no entanto é possível a penhora
dos direitos autorais, do direito de imagem, etc. Gabarito: “D”.

52) (FCC – SEFAZ/PE – Julgador Administrativo Tributário do Tesouro


Estadual – JATTE – 2015) A lei brasileira
(A) só admite o domicílio plural de pessoas jurídicas e desde que possua
sucursais ou filiais, mas não admite o domicílio plural de pessoas naturais.
(B) não prevê hipótese de pessoa natural sem domicílio.
(C) não estabelece o local de domicílio do itinerante.
(D) admite o domicílio plural de pessoas naturais que exerçam atividades
profissionais em lugares distintos, mas não prevê em nenhuma hipótese
domicílio plural de quem exerça profissão ou trabalhe em um só lugar.
(E) não permite aos diplomatas alegar extraterritorialidade sem designar onde
tem, no país, o seu domicílio.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois nossa lei admite a pluralidade
domiciliar também para as pessoas naturais, de acordo com os arts. 71 e 72,
parágrafo único, CC. A letra “b” está correta, pois mesmo para aquela pessoa
que não tenha residência habitual a lei estabelece que seu domicílio será o lugar
onde for encontrada (art. 73, CC). A letra “c” está errada, pois para o
“itinerante” (a doutrina cita como exemplos: ciganos, circenses, caixeiro-
viajante, etc.) aplica-se a regra do mencionado art. 73, CC. A letra “d” está
errada, conforme o já citado parágrafo único, do art. 72, CC. A letra “e” está
errada. Segundo o art. 77, CC: O agente diplomático do Brasil, que, citado no
estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu
domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do
território brasileiro onde o teve. Gabarito: “B”.

53) (FCC – TRE/SE – Analista Judiciário – 2015) Mário é empregado do


Partido Político “X” exercendo funções administrativas de acordo com o seu nível
de escolaridade (terceiro grau completo). Seu pai, Clodoaldo, é militar da
marinha; seu tio, Fernando, é marítimo; sua mãe, Vera, é costureira sendo que
atualmente está presa na penitenciária “W” pela prática de conduta tipificada
como criminosa pela legislação competente. Nestes casos, analisando esta
família sob os dados fornecidos, de acordo com o Código Civil brasileiro,
possuem domicílio necessário
(A) Clodoaldo, Fernando e Vera, apenas.
(B) Mário, Clodoaldo, Fernando e Vera.
(C) Clodoaldo e Vera, apenas.

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(D) Fernando e Vera, apenas.
(E) Clodoaldo e Fernando, apenas.
COMENTÁRIOS. Art. 76, CC: Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor
público, o militar (Clodoaldo), o marítimo (Fernando) e o preso (Vera).
Gabarito: “A”.

54) (FCC – TCE/CE – Conselheiro Substituto Auditor – 2015) Têm


domicílio necessário
(A) apenas os oficiais do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
(B) os profissionais liberais, os servidores públicos e os diplomatas. (C) os
itinerantes, os profissionais liberais e os incapazes.
(D) somente os titulares de cargos eletivos, enquanto durar o respectivo
mandato.
(E) os incapazes, os militares e os presos condenados por sentença.
COMENTÁRIOS. Art. 76, CC: Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor
público, o militar, o marítimo e o preso. Parágrafo único. O domicílio do incapaz
é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que
exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar
imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e
o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. Gabarito: “E”.

55) (FCC – TRE/PB – Analista Judiciário – 2015) O servidor público e o


marítimo:
(A) possuem domicílio necessário, sendo o domicílio do servidor o lugar em que
estabeleceu a sua residência com ânimo definitivo e do marítimo onde o
navio estiver matriculado.
(B) não possuem domicílio necessário conforme expressamente previsto pelo
Código Civil brasileiro.
(C) possuem domicílio necessário, sendo o domicílio do servidor o lugar em
que exercer permanentemente suas funções e do marítimo a sede do comando
a que se encontrar imediatamente subordinado.
(D) possuem domicílio necessário, sendo o domicílio do servidor o lugar em
que exercer permanentemente suas funções e do marítimo onde o navio
estiver matriculado.
(E) possuem domicílio necessário, sendo o domicílio do servidor o lugar em que
estabeleceu a sua residência com ânimo definitivo e o do marítimo a sede
do comando a que se encontrar imediatamente subordinado.
COMENTÁRIOS. Art. 76, CC: Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor
público, o militar, o marítimo e o preso. Parágrafo único. O domicílio do incapaz
é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que
execer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar

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imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e
o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. Gabarito: “D”.

56) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2015) W assinou


contrato com o banco Fox na cidade de Curitiba, lá obtendo
financiamento. O banco Fox possui sede na Cidade de São Paulo e
estabelecimentos em quase todas as cidades do Estado do Paraná,
incluindo Pato Branco, onde W reside. De acordo com o Código Civil,
com relação ao financiamento obtido por W, considera-se domicílio de
Fox:
(A) Curitiba, pois, tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos, em
lugares diferentes, será considerado domicílio a capital do Estado em que o ato
tiver sido praticado.
(B) São Paulo, pois a pessoa jurídica de direito privado tem como domicílio sua
sede, apenas, para todo e qualquer ato que vier a praticar.
(C) Pato Branco, pois, tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos, em
lugares diferentes, será considerado domicílio o local em que reside o
consumidor.
(D) qualquer cidade em que Fox tiver estabelecimento, pois, tendo a pessoa
jurídica diversos estabelecimentos, todos eles serão considerados seu
domicílio, para todo e qualquer ato que vier a praticar.
(E) Curitiba, pois, tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos, em
lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos
nele praticados.
COMENTÁRIOS. Art. 75, §1°, CC: Tendo a pessoa jurídica diversos
estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será
considerado domicílio para os atos nele praticados. Portanto, no caso concreto
será considerado domicílio a cidade de Curitiba. Gabarito: “E”.

57) (FCC – TRE/SE – Analista Judiciário – 2015) No tocante aos direitos


da personalidade, considere:
I. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis.
II. Em regra, o exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação
voluntária.
III. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
IV. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações
ou representações que a exponham ao desprezo público, exceto quando
não haja intenção difamatória.
De acordo com o Código Civil brasileiro, está correto o que se afirma
APENAS em
(A) II e IV.
(B) I, II e III.
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(C) III e IV.
(D) I e IV.
(E) I e III.
COMENTÁRIOS. O item I está correto nos termos do art. 11, CC. O item II
está errado. Art. 11, CC: Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da
personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu
exercício sofrer limitação voluntária. O item III está certo nos termos do 15,
CC. O item IV está errado. Art. 17, CC: O nome da pessoa não pode ser
empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao
desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Gabarito: “E”
(estão corretos somente os itens I e III).

58) (FCC – TRE/AP – Analista Judiciário – 2015) Considere a seguinte


situação hipotética: O candidato X faleceu em acidente terrestre quando estava
em campanha eleitoral no percurso da cidade Z para a cidade V. De acordo com
o Código Civil brasileiro, terá legitimação para exigir que cesse eventual
ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade do candidato falecido
(A) o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral,
independente do grau.
(B) o cônjuge sobrevivente, apenas.
(C) qualquer parente em linha reta até o terceiro grau, apenas.
(D) o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral
até o quarto grau.
(E) qualquer parente em linha reta ou colateral até o terceiro grau, apenas.
COMENTÁRIOS. Segundo estabelece o art. 12, CC: Pode-se exigir que cesse a
ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem
prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de
morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge
sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Gabarito: “D”.

LISTA DE EXERCÍCIOS SEM COMENTÁRIOS = FCC


01) (FCC – MPE/CE – Técnico Ministerial – 2013) Para o Código Civil
brasileiro, a personalidade civil
(A) é extensível aos animais.
(B) extingue-se quando a pessoa, mesmo que por causa transitória, não puder
exprimir sua vontade.
(C) inicia-se com o nascimento com vida.
(D) é atributo exclusivo das pessoas físicas.
(E) abrange, para todos os efeitos, o nascituro.

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02) (FCC – TRT 18ª Região/GO – Analista Judiciário – 2013) De acordo
com o Código Civil, os menores de dezesseis anos
(A) possuem personalidade civil e os direitos que dela decorrem, mas são
absolutamente incapazes e não podem exercer pessoalmente os atos da vida
civil.
(B) possuem personalidade civil, os direitos que dela decorrem e plena
capacidade para exercer pessoalmente os atos da vida civil.
(C) não possuem personalidade civil.
(D) possuem personalidade civil, mas não os direitos que dela decorrem.
(E) possuem personalidade civil, os direitos que dela decorrem e capacidade
relativa para exercer pessoalmente os atos da vida civil.

03) (FCC – Ministério Público de Contas do Estado do Mato Grosso –


Analista de Contas – Direito – 2013) Paulus desapareceu de seu
domicílio, encontrando-se em local ignorado. Pedrus, em decorrência de
acidente automobilístico, encontra-se em coma na unidade de terapia
intensiva de um hospital. Jesus tem dezesseis anos de idade. O Código
Civil Brasileiro considera relativamente incapaz, APENAS
(A) Pedrus.
(B) Paulus.
(C) Paulus e Pedrus.
(D) Pedrus e Jesus.
(E) Paulus e Jesus.

04) (FCC – TRT – 18ª Região/GO – Analista Judiciário – 2013) De


acordo com o Código Civil, os menores de dezesseis
(A) possuem personalidade civil e os direitos que dela decorrem, mas são
absolutamente incapazes e não podem exercer pessoalmente os atos da vida
civil.
(B) possuem personalidade civil, os direitos que dela decorrem e plena
capacidade para exercer pessoalmente os atos da vida civil.
(C) não possuem personalidade civil.
(D) possuem personalidade civil, mas não os direitos que dela decorrem.
(E) possuem personalidade civil, os direitos que dela decorrem e capacidade
relativa para exercer pessoalmente os atos da vida civil.

05) (FCC – AL/RN – Analista Administrativo – 2013) Mário, quinze anos de


idade, vendeu sua bicicleta para João, publicitário, que pagou o preço solicitado
à vista. Bárbara, dezessete anos de idade, vendeu um par de brincos de ouro e
pérolas para Margarida, arquiteta de interiores. Bruno, dezenove anos de idade,
não pode, de forma transitória, manifestar sua vontade; ainda assim doou seu
anel de grau para o amigo Paulo, corretor de seguros. Nestes casos, em

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regra, os negócios jurídicos celebrados por Mário, Bárbara e Bruno, são,
respectivamente,
(A) anulável, anulável e nulo.
(B) nulo, anulável e anulável.
(C) nulo, nulo e anulável.
(D) nulo, nulo e nulo.
(E) nulo, anulável e nulo.

06) (FCC – TRT/11ª Região/AM e RR – Técnico Judiciário – 2013) Cessa


a incapacidade para os menores
(A) somente pelo casamento.
(B) pelo exercício de cargo público de provimento em comissão.
(C) com 14 anos completos, se tiver emprego, ainda que como aprendiz, mas
desde que tenha economia própria.
(D) somente pela emancipação concedida pelos pais e desde que homologada
pelo Juiz.
(E) pela existência de relação de emprego, desde que, em função dele, o
menor com 16 anos completos tenha economia própria.

07) (FCC – TRT/11ª Região/AM e RR – Técnico Judiciário – 2013) Joana


possui dezesseis anos e cinco meses de idade. Seu pai é falecido e sua
mãe, Jaqueline, pretende torná-la capaz para exercício dos atos da vida
civil. De acordo com o Código Civil brasileiro, cessará a incapacidade de
Joana
(A) quando ela completar dezoito anos de idade, tendo em vista que Jaqueline
não poderá fazer esta concessão.
(B) pela concessão de Jaqueline mediante instrumento público dependente de
homologação judicial.
(C) pela concessão de Jaqueline mediante instrumento público
independentemente de homologação judicial.
(D) pela concessão de Jaqueline mediante instrumento particular dependente
de homologação judicial.
(E) apenas por sentença do juiz, ouvindo-se o tutor, tendo em vista que
Jaqueline não poderá fazer esta concessão.

08) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) Analise a


seguinte situação hipotética: O Brasil declara guerra contra uma Força
Revolucionária Boliviana que atua na fronteira de nosso país, especialmente
envolvendo desmatamento da Amazônia e tráfico de entorpecentes. O Brasil
destaca um grupo de mil soldados para a missão e, durante a guerra, os
Soldados Milton e Davi, do Exército Brasileiro, são capturados pela Força
Revolucionária Boliviana e desaparecem. Neste caso, para ser declarada a
morte presumida dos soldados Milton e Davi, do Exército Brasileiro, sem

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decretação de ausência é necessário que eles NÃO sejam encontrados
até
(A) dois anos após o término da guerra.
(B) um ano após o término da guerra.
(C) cinco anos após o término da guerra.
(D) três anos após o término da guerra.
(E) seis meses após o término da guerra.

09) (FCC – Assembleia Legislativa/PB – Assessor Técnico Legislativo –


2013) Quando contava com treze anos, o pai de Jaci faleceu e sua mãe a
abandonou, o que fez com que fosse destituída do poder familiar e seu
tio Oscar fosse nomeado seu tutor. Jaci completou dezesseis anos de
idade, portanto,
(A) poderá ser emancipada pelo tutor, através de instrumento público,
independentemente de homologação judicial.
(B) não poderá ser emancipada, devendo aguardar a maioridade civil.
(C) poderá ser emancipada pela mãe, através de instrumento público,
independentemente de homologação judicial.
(D) poderá ser emancipada por sentença do juiz, ouvido o tutor.
(E) poderá ser emancipada pela mãe, através de instrumento público,
homologado pelo Ministério Público.

10) (FCC – AL/RN – Analista Administrativo – 2013) Considere as


seguintes hipóteses:
I. Casamento.
II. Exercício de emprego público transitório.
III. Colação de grau em curso de ensino superior.
IV. Concessão dos pais, mediante instrumento público, dependente de
homologação judicial.
Com relação às pessoas naturais, no tocante à capacidade, cessará,
para os menores de idade, a incapacidade, dentre outras, nas hipóteses
indicadas APENAS em
(A) I, III e IV.
(B) I e III.
(C) II e IV.
(D) I, II e III.
(E) III e IV.

11) (FCC – AL/RN – Analista Administrativo – 2013) Marta é patinadora


profissional. Há dois anos, quando residia na cidade de Natal com sua mãe, ela
foi contratada como integrante do elenco de shows de patinação no gelo da
companhia “QW”, empresa com sede na cidade de São Paulo. Em razão dos
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espetáculos, Marta viaja o Brasil inteiro fazendo os shows, permanecendo
temporariamente em determinadas cidades. Considerando que no último
mês ela também fez shows na cidade do Rio de Janeiro, será
considerado o domicílio de Marta
(A) o lugar em que ela for encontrada.
(B) a cidade de Natal, apenas.
(C) a cidade de São Paulo, apenas.
(D) a cidade do Rio de Janeiro, apenas.
(E) as cidades de Natal e do Rio de Janeiro, apenas.

12) (CESPE/UnB – TCE/ES – Analista Administrativo – Direito – 2013)


Três integrantes de uma mesma família, o pai, João, com quarenta anos de
idade, e seus dois filhos, Mário, com dezoito anos de idade, e Carlos, com
quatorze anos de idade, viajavam juntos em um mesmo carro, do Rio de Janeiro
para São Paulo. Mário era portador de doença cardíaca e de hipertensão grave.
No curso da viagem, o carro em que estavam colidiu violentamente contra um
caminhão e os três integrantes da família morreram. A perícia técnica, dada a
situação em que os corpos foram encontrados, não pôde determinar quem
morreu primeiro. Nessa situação hipotética,
(A) Mário morreu primeiro, por ser portador de doenças graves.
(B) não há como presumir o momento e a ordem das mortes.
(C) João morreu primeiro, por ser o mais velho.
(D) Carlos morreu primeiro, por ser o mais jovem.
(E) todos morreram simultaneamente.

13) (FCC – AL/RN – Analista Administrativo – 2013) A família Silva


viajava de ônibus para a cidade de Mossoró quando um grave acidente
aconteceu e o ônibus que levava a família colidiu frontalmente com um
caminhão. Neste acidente faleceram o casal Fabiano e Carla, bem como a mãe
de Carla, Gabriela, o avô de Fabiano, Silvio e a irmã mais velha de Carla,
Soraya. Considerando que Gabriela possuía doença crônica no coração e
que Carla estava sentada no banco da frente do ônibus, não se podendo
averiguar qual dos comorientes precedeu aos outros,
(A) presumir-se-á que Gabriela faleceu primeiro.
(B) presumir-se-á que Silvio faleceu primeiro.
(C) presumir-se-ão simultaneamente mortos.
(D) presumir-se-á que Carla faleceu primeiro.
(E) será averiguada a expectativa legal de vida de cada familiar judicialmente.

14) (FCC – TRT/5ª Região/BA – Analista Judiciário – 2013) Referente


aos direitos da personalidade, considere:
I. É sempre vedado dispor do próprio corpo, quando importar diminuição
permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
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II. Com objetivo científico ou altruístico, é válida a disposição gratuita do
próprio corpo, total ou parcialmente, para depois da morte, tratando-se de
disposição revogável livremente a qualquer tempo.
III. O direito ao nome compreende o prenome e o sobrenome, mas a
proteção correspondente não se estende ao pseudônimo, ainda que
licitamente adotado, por se tratar de mera identidade social ou familiar.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) II e III.
(B) III.
(C) I.
(D) II.
(E) I e III.

15) (FCC – TCE/AM – Analista de Controle Externo – 2013) De acordo


com o Código Civil,
(A) a menoridade cessa aos vinte e um anos completos.
(B) o nascituro possui direitos sob condição suspensiva.
(C) os menores de dezesseis anos são relativamente incapazes para os atos da
vida civil.
(D) é sempre vedada a disposição de parte do próprio corpo.
(E) o pseudônimo não goza de proteção.

16) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2013) No tocante


aos direitos da personalidade,
(A) nenhuma pessoa pode ser constrangida a submeter-se, com risco de vida,
a tratamento médico ou intervenção cirúrgica.
(B) é irrevogável o ato de disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em
parte, para depois da morte.
(C) a ameaça ou a lesão a eles não se estendem aos mortos, por serem
personalíssimas.
(D) como regra geral, os direitos da personalidade são passíveis de livre
transmissão e renúncia.
(E) é sempre possível a comercialização de partes do próprio corpo, se com a
disposição não houver diminuição permanente da integridade física do doador.

17) (FCC – MPE/SE – Analista Ministerial – Direito – 2013) É CORRETO


afirmar:
(A) salvo os casos previstos em lei, os direitos da personalidade são livremente
transmissíveis e renunciáveis.
(B) é irrevogável o ato de disposição gratuita do próprio corpo, para depois da
morte do doador.

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(C) salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo,
quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os
bons costumes.
(D) o pseudônimo adotado, ainda que para atividades lícitas, não goza da
mesma proteção que se dá ao nome da pessoa natural.
(E) a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa são direitos
personalíssimos do ofendido, não se transmitindo a qualquer herdeiro a
possibilidade de sua proteção jurídica.

18) (FCC – MPE/CE – Técnico Ministerial – 2013) Dos direitos da


personalidade, é correto afirmar:
(A) é defeso o ato de disposição do próprio patrimônio.
(B) o Ministério Público pode autorizar a violação da vida privada de pessoa
natural.
(C) o pseudônimo não goza da proteção que se dá ao nome.
(D) o cônjuge sobrevivente pode requerer a retirada do nome do morto dos
cadastros de proteção ao crédito.
(E) é inválida a disposição gratuita do próprio corpo para depois da morte, para
fins científicos.

19) (FCC – Assembleia Legislativa/PB – Consultor Legislativo – 2013) A


respeito dos direitos da personalidade, é INCORRETO afirmar que
(A) sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda
comercial.
(B) o cônjuge ou qualquer parente em linha reta ou colateral até o quarto grau
poderá exigir que cesse a lesão a direito de personalidade do morto, bem como
reclamar perdas e danos.
(C) é defeso, salvo por exigência médica, o ato de disposição do próprio corpo,
quando importar diminuição permanente da integridade física ou contrariar os
bens costumes.
(D) independe de prova do prejuízo a indenização, pela publicação não
autorizada de imagem de pessoa, com fins econômicos ou comerciais.
(E) a proteção do pseudônimo de autor de obra artística, literária ou científica
só goza de proteção legal quando constar do registro civil da pessoa que o
utilizar.

20) (FCC – AL/PB – Procurador da Assembleia Legislativa – 2013) No


tocante aos direitos da personalidade,
(A) o pseudônimo adotado para atividades lícitas, embora de livre escolha do
indivíduo, não goza da proteção que se dá ao nome.
(B) a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da
morte, com objetivo científico ou altruístico, uma vez formalizada é ato
irrevogável e irretratável.

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(C) em nenhuma hipótese é possível o ato de disposição do próprio corpo,
quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os
bons costumes.
(D) em se tratando de morto, terá legitimação para demandar perdas e danos,
bem como outras medidas visando a fazer cessar ameaça ou lesão a direitos da
personalidade, o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou
colateral até o quarto grau.
(E) ninguém pode negar-se a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica,
mesmo que esteja correndo risco de morte.

21) (FCC – Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia –


HEMOBRÁS – Analista Jurídico – 2013) Um artista de teatro utiliza seu
nome nos atos da vida civil e um pseudônimo notório e famoso em sua
atividade artística. Nesse caso,
(A) o pseudônimo pode ser utilizado em propaganda comercial, mesmo sem a
sua autorização.
(B) o pseudônimo não goza da proteção que se dá ao nome, porque não é
utilizado em atividades comerciais.
(C) seu nome pode ser empregado por outrem em publicação que o exponha
ao desprezo público, se não houver intenção difamatória.
(D) o direito ao nome compreende o prenome, simples ou composto e o
sobrenome.
(E) seu nome pode ser empregado por outrem em representação que o
exponha ao desprezo público, se não houver intenção difamatória.

22) (FCC – TRT/18ª Região/GO – Analista Judiciário – 2013) Os direitos


da personalidade
(A) garantem, como regra, a inviolabilidade da vida privada.
(B) extinguem-se nos casos em que a pessoa não possa mais exprimir sua
vontade.
(C) permitem a disposição gratuita do próprio corpo, com fins altruísticos, para
depois da morte, mas impedem a revogação, em vida, de tal liberalidade.
(D) autorizam o uso do nome alheio em propaganda comercial, não sendo
necessário obter o consentimento quando se tratar de figura pública.
(E) são, em regra, transmissíveis, embora irrenunciáveis.

23) (FCC – Ministério Público de Contas do Estado do Mato Grosso –


Analista de Contas – Direito – 2013) Jesus é piloto da aeronáutica, e se
encontra subordinado à sede do comando localizada em Brasília;
estabeleceu residência com ânimo definitivo em Goiânia, mas vive
alternadamente na casa de seus pais, em Salvador, e na casa de seus
filhos, em Maceió. Considera-se domicílio de Jesus
(A) Brasília, Goiânia, Salvador e Maceió.

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(B) Goiânia.
(C) Brasília.
(D) Goiânia, Salvador e Maceió.
(E) Brasília e Goiânia.

24) (FCC – TRT/5ª Região/BA – Analista Judiciário – 2013) José Carlos


vive alternadamente em Porto Seguro e em Salvador, com residências
próprias em cada uma das cidades. Considera-se seu domicílio:
(A) nenhuma das cidades, por falta de habitualidade, essencial à caracterização
do domicílio.
(B) Salvador, por ser a capital do Estado.
(C) tanto Porto Seguro como Salvador.
(D) apenas aquela cidade na qual exerce primordialmente suas atividades
profissionais.
(E) aquela cidade em que tenha residido inicialmente.

25) (FCC – TRT/15ª Região/Campinas – Analista Judiciário – 2013)


Alceu trabalha de segunda a quinta-feira, todas as semanas, em restaurante
localizado em Cajamar. Nestes dias, reside com ânimo definitivo em
apartamento situado em Jundiaí. Por sua vez, na sexta-feira e nos finais de
semana trabalha em restaurante localizado em Itapira. Nestes dias, reside com
ânimo definitivo em apartamento localizado em Campinas. Consideram-se
domicílios de Alceu os lugares situados em
(A) Cajamar e Jundiaí, apenas.
(B) Jundiaí, apenas.
(C) Cajamar, Jundiaí, Itapira e Campinas.
(D) Itapira e Campinas, apenas.
(E) Jundiaí e Campinas, apenas.

26) (FCC – Assembleia Legislativa/PB – Consultor Legislativo – 2013)


Pedro reside com a esposa e um filho em João Pessoa. Tem escritório e
apartamento em Recife, onde também reside e comparece em dias alternados.
Nas férias e feriados prolongados, aluga uma casa em Natal e ali permanece
com a família. De acordo com o Código Civil brasileiro, considera-se
domicílio de Pedro
(A) João Pessoa e Recife, apenas.
(B) João Pessoa e Natal, apenas.
(C) João Pessoa, apenas.
(D) João Pessoa, Recife e Natal.
(E) Recife, apenas.

27) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) Sobre o


domicílio, de acordo com o Código Civil, é INCORRETO afirmar:

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(A) o militar do Exército tem por domicílio, em regra, a sede do comando a que
se encontrar imediatamente subordinado.
(B) a pessoa jurídica de direito privado, possuindo diversos estabelecimentos
em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos
nele praticados.
(C) o Agente Diplomático do Brasil que, citado no estrangeiro, alegar
extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá
ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro
onde o teve.
(D) se a administração de pessoa jurídica de direito privado tiver sede no
estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às
obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
estabelecimento situado no Brasil, a que ela corresponder.
(E) o domicílio do marítimo é necessário e é considerado o lugar onde o navio
estiver matriculado.

28) (FCC – TJ/PE – Titular de Serviços de Notas e de Registros – 2013)


Em relação à capacidade, é CORRETO afirmar que
(A) os ébrios habituais e os viciados em tóxicos são, em regra, absolutamente
incapazes.
(B) alguém definido clinicamente como esquizofrênico deve ser considerado,
sempre, como relativamente incapaz para os atos da vida civil.
(C) uma pessoa em estado de coma deve ser considerada como absolutamente
incapaz, enquanto perdurar essa condição.
(D) toda pessoa é legitimada a agir, mas nem sempre capaz de direitos e
deveres na órbita civil.
(E) a partir do nascimento com vida a pessoa adquire a capacidade de direito e
de fato, ou exercício, para os atos da vida civil.

29) (FCC – TRE/PE – Analista Judiciário – 2013) Maria está grávida de


João, que sofreu um acidente de moto e encontra-se internado no hospital “X”
em estado grave. Maria fica com receio sobre os eventuais direitos que o filho
que está em seu ventre possa ter, especialmente sucessórios em relação a João.
Assim, Maria procura sua vizinha Sueli que é advogada. Sueli expõe a Maria
que a personalidade civil da pessoa começa:
(A) da décima segunda semana após a concepção, que comprovada
cientificamente, resguarda o direito do nascituro.
(B) da concepção, que comprovada cientificamente, resguarda o direito do
nascituro.
(C) do nascimento com vida, sendo que a lei resguarda os direitos do recém-
nascido somente após a constatação de vida feita pelo obstetra, momento em
que este passa a existir no mundo jurídico.
(D) do nascimento com vida, mas que a lei põe a salvo, desde a concepção, os
direitos do nascituro.

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(E) do nascimento com vida, sendo que a lei resguarda os direitos do recém-
nascido somente após o registro civil de nascimento deste no cartório
competente.

30) (FCC – TRT/19ª Região/AL – Analista Judiciário – 2014) O filho que


Joana está esperando sofre danos físicos em razão de negligência
médica durante o pré-natal. O filho
(A) poderá ajuizar ação de indenização tão logo nasça, pois a lei resguarda os
direitos do nascituro e o filho poderá ser representado por seus pais ou
representantes legais.
(B) não poderá ajuizar ação de indenização, pois não possuía direitos da
personalidade quando da ocorrência dos danos.
(C) não poderá ajuizar ação de indenização, pois o Código Civil adota a teoria
natalista.
(D) poderá ajuizar ação de indenização, mas apenas depois de atingir a
maioridade civil.
(E) não poderá ajuizar ação de indenização, pois, embora a lei resguarde os
direitos do nascituro, fá-lo-á apenas com relação ao direito de nascer com vida.

31) (FCC – TRF/3ª Região – Técnico Judiciário – 2014) Cleiton é


estudante de direito. Atualmente estuda o tópico do Código Civil brasileiro “das
pessoas”: Para enriquecer o seu estudo, Cleiton conversou com seu professor de
Direito Civil que lhe trouxe a seguinte situação hipotética a respeito da
incapacidade civil: Marcos, Simone e Valéria são irmãos e primos de Gabriel e
Soraya. Atualmente a situação da família é delicada. Em razão de um
afogamento na praia de Pitangueiras, na cidade do Guarujá, Marcos, vinte anos
de idade, transitoriamente, não pode exprimir a sua vontade. Valéria dezessete
anos de idade e Simone quinze anos, não trabalham, apenas são estudantes.
Gabriel, com quarenta anos de idade, é pródigo causando problemas para seus
familiares. De acordo com o Código Civil brasileiro, Cleiton deverá
responder para o seu professor que são absolutamente incapazes de
exercer pessoalmente os atos da vida civil, apenas
(A) Simone, Marcos e Gabriel.
(B) Simone e Marcos.
(C) Simone e Valéria.
(D) Marcos e Gabriel.
(E) Simone e Gabriel.

32) (FCC – Companhia do Metropolitano de São Paulo – METRÔ –


Advogado – 2014) No vagão X do trem W da linha vermelha do metrô estão
diversas pessoas, que não se conhecem e buscam destinos diversos e objetivos
incomuns. Entre elas está Maria, com quinze anos de idade; Emerson, com
trinta anos de idade, que em razão de um derrame cerebral não pode,
momentaneamente, exprimir a sua vontade; Duda, com vinte anos de idade,
excepcional sem desenvolvimento mental completo, e Breno, dezessete anos de

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idade. De acordo com o Código Civil brasileiro, com relação às pessoas
mencionadas, são incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira
de os exercer
(A) Maria e Emerson, apenas.
(B) Duda, Emerson e Breno.
(C) Duda e Breno, apenas.
(D) Duda e Emerson, apenas.
(E) Maria e Breno, apenas.

33) (FCC – TCE/PI – Jornalista do Tribunal de Contas – 2014) Leda e


Lindoval são casados e possuem dois filhos gêmeos: Marcos e
Margarido. Hoje, já homens com trinta anos de idade, começaram a
preocupar seus pais. Marcos é pródigo e está consumindo seu próprio
patrimônio em razão de seus gastos desenfreados; Margarido está
enfrentando problemas com o álcool, caracterizando a figura do ébrio
habitual. De acordo com o Código Civil brasileiro, em regra,
(A) os gêmeos Marcos e Margarido são absolutamente incapazes de exercer
pessoalmente os atos da vida civil.
(B) os gêmeos Marcos e Margarido são incapazes, relativamente a certos atos,
ou a maneira de os exercer.
(C) apenas Marcos é absolutamente incapaz de exercer pessoalmente os atos
da vida civil.
(D) apenas Margarido é absolutamente incapaz de exercer pessoalmente os
atos da vida civil.
(E) apenas Marcos é relativamente incapaz para exercer alguns atos
previamente mencionados na legislação civil.

34) (FCC – TCE/PI – Jornalista do Tribunal de Contas – 2014) Marcelo é


biólogo, pesquisador de espécies da fauna nativa não possui residência
habitual, em razão da sua profissão. Atualmente, Marcelo realiza
pesquisas na cidade de Teresina, seus pais e esposa residem em São
Paulo, capital, e suas últimas pesquisas ocorreram em Santos − SP e
Gramado − RS, nesta ordem. Neste caso, de acordo com o Código Civil
brasileiro, ter-se-á por domicílio de Marcelo
(A) o lugar em que ele for encontrado.
(B) a cidade de Teresina, apenas.
(C) a cidade de São Paulo, apenas.
(D) as cidades de Teresina ou Santos, apenas.
(E) as cidades de Teresina, Santos ou Gramado.

35) (FCC – SEFAZ/PE – Auditor Fiscal do Tesouro Estadual – 2014)


Considere:

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I. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua
residência com ânimo definitivo; se, porém, a pessoa natural tiver diversas
residências, onde alternadamente viva, considerar-se-á domicílio seu
qualquer delas.
II. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à
profissão, o lugar onde esta é exercida; se a pessoa exercitar profissão em
lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que
lhe corresponderem.
III. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência
habitual, o último lugar em que foi domiciliada.
IV. Nos contratos escritos, somente as pessoas jurídicas contratantes
poderão especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e
obrigações deles resultantes.
V. Tem domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o
marítimo e o preso.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) I, IV e V.
(B) I, II e V.
(C) III, IV e V.
(D) I, III e IV.
(E) II, III e V.

36) (FCC – TRT/19ª Região/AL – Analista Judiciário – 2014) Em razão


de grave doença, Paulo está prestes a perder os dois rins. Por esta
razão, ele e seu pai, Carlos, são submetidos a exames clínicos cuja
conclusão é a de que pai e filho são compatíveis, e Paulo somente
sobreviverá se Carlos lhe doar um rim. Carlos
(A) deve doar um rim a seu filho, independentemente de sua vontade e mesmo
que o ato implique risco de vida, por se tratar de imposição moral.
(B) pode doar um rim a seu filho, se esta for sua vontade e desde que tenham
sido atendidos os requisitos de lei especial.
(C) não pode doar um rim a seu filho, nem que esta seja a sua vontade, por
ser ato que implica ofensa à integridade física.
(D) deve doar um rim a seu filho, independentemente de sua vontade e
mesmo que o ato implique risco de vida, por se tratar de imposição decorrente
do poder familiar.
(E) pode doar um rim a seu filho, mas apenas se não tiver outros filhos.
37) (FCC – MPE/PE – Promotor de Justiça – 2014) A artista “X”, que se
apresenta totalmente nua frequentemente em casas noturnas,
constatou que seus vizinhos sorrateiramente a espionavam,
fotografavam e filmavam despida, no interior de sua residência,
divulgando o material em redes sociais. Nesse caso ela

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(A) poderá requerer judicialmente indenização por danos materiais e morais,
mas não poderá formular pretensão em Juízo para impedir ou fazer cessar
esses atos praticados pelos vizinhos.
(B) poderá requerer ao Juiz competente providências para impedir e fazer
cessar esses atos.
(C) nada poderá pleitear judicialmente para coibir esses atos em virtude das
atividades profissionais que exerce.
(D) não poderá requerer providências para impedir esses atos, entretanto terá
direito a um pagamento pela divulgação nas redes sociais, cujo valor será
arbitrado pelo Juiz.
(E) só poderá impedir esses atos quando deixar de exercer atividades artísticas
em que se apresente nua.

38) (FCC – TRT/2ª Região – Analista Judiciário – 2014) José Silva


possui residências em São Paulo, onde vive nove meses por ano em
razão de suas atividades profissionais, bem como em Trancoso, na
Bahia, e em São Joaquim, Santa Catarina, onde alternadamente vive nas
férias de verão e inverno. São seus domicílios
(A) apenas a residência em que José Silva se encontrar no momento, excluídas
as demais no período correspondente.
(B) apenas São Paulo, por passar a maior parte do ano nessa cidade.
(C) apenas São Paulo, por se tratar do local de suas atividades profissionais.
(D) qualquer uma dessas residências, em São Paulo, Trancoso ou São Joaquim.
(E) apenas a residência que José Silva escolher, expressamente, comunicando
formalmente as pessoas com quem se relacione.

39) (FCC – TCE/PI – Assessor Jurídico – 2014) Em relação ao domicílio


civil, é CORRETO afirmar que
(A) o direito brasileiro somente admite a unicidade domiciliar.
(B) o lugar onde a pessoa natural for encontrada será considerado seu
domicílio, desde que não tenha residência habitual.
(C) o domicílio do preso é o lugar em que foi processado.
(D) a pessoa que exercer profissão em lugares diversos terá como seu
domicílio o último lugar em que trabalhou.
(E) o domicílio, quanto às pessoas jurídicas, é o lugar onde funcionarem suas
diretoria e administração, não podendo eleger domicílio especial no seu
estatuto ou atos constitutivos.

40) (FCC – TRT/19ª Região/AL – Analista Judiciário – 2014) Pedro


transferiu sua residência, de Maceió para Florianópolis, com a intenção
manifesta de se mudar. Apesar de notória, porém, Pedro não informou à
municipalidade de Maceió sobre sua mudança. Seu domicílio

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(A) continuará a ser Maceió até que comunique a mudança à municipalidade de
Florianópolis.
(B) continuará a ser Maceió até que comunique a mudança à municipalidade de
Maceió.
(C) será tanto Florianópolis quanto Maceió.
(D) passou a ser Florianópolis.
(E) passou a ser incerto.

41) (FCC – TCE/PI – Auditor Fiscal de Controle Externo – 2014) De


segunda a quarta-feira, Nicolas reside, com habitualidade e ânimo definitivo, na
cidade de Teresina, com esposa e filhos, e trabalha na cidade de Demerval
Lobão. De quinta a sexta-feira, reside com habitualidade e ânimo definitivo,
sozinho, na cidade de Água Branca, e trabalha na cidade de Elesbão Veloso. Aos
finais de semana, volta para a cidade de Teresina, com esposa e filhos. De
acordo com o Código Civil,
(A) Teresina e Demerval Lobão são os únicos domicílios de Nicolas.
(B) Teresina é o único domicílio de Nicolas.
(C) o local onde for encontrado é o domicílio de Nicolas.
(D) Teresina, Demerval Lobão, Água Branca e Elesbão Veloso são domicílios de
Nicolas.
(E) Teresina e Água Branca são os únicos domicílios de Nicolas.

42) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2015) De acordo


com o Código Civil, os menores de dezesseis anos
(A) possuem personalidade desde a concepção e, com o nascimento com vida,
adquirem capacidade para praticar os atos da vida civil, embora devam fazê-lo
por meio de assistência.
(B) possuem personalidade desde o nascimento com vida, mas são
absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil.
(C) possuem personalidade desde a concepção e, com o nascimento com vida,
adquirem capacidade para praticar os atos da vida civil, embora devam fazê-lo
por meio de representação.
(D) não possuem personalidade, a qual passa a existir, de maneira relativa,
aos dezesseis anos completos.
(E) possuem personalidade desde o nascimento com vida, mas são
relativamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil.

43) (FCC – SEFAZ/PE – Julgador Administrativo Tributário do Tesouro


Estadual – JATTE – 2015) A personalidade civil da pessoa começa do
nascimento com vida, mas a lei
(A) não mais põe a salvo os direitos do nascituro, porque admitido o aborto de
anencéfalos.

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(B) põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro e permite que, por
testamento, seja chamada a suceder prole eventual de pessoas indicadas pelo
testador, ainda que estas não tenham nascido ao abrir-se a sucessão.
(C) põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro e da prole
eventual de pessoas vivas.
(D) põe a salvo desde a concepção os direitos do nascituro, mas, desde a
entrada em vigor do Código Civil atual, não mais permite seja aquinhoada por
testamento prole eventual de qualquer pessoa.
(E) põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro e permite que, por
testamento, seja chamada a suceder prole eventual de pessoas indicadas pelo
testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão.

44) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2015) No


que tange à capacidade, é CORRETO afirmar que
(A) a incapacidade relativa é suprida pelo instituto da assistência, devendo tais
incapazes serem assistidos, sob pena de nulidade do ato.
(B) quem possui somente a capacidade de direito, já a tem plena; quem possui
a de fato, possui capacidade em regra limitada e necessita sempre ser
representado nos atos jurídicos em geral.
(C) a incapacidade absoluta ou relativa em nosso direito pode ser de direito ou
de fato, pois os portadores de deficiência mental não possuem nem a
capacidade de direito nem a de fato.
(D) a incapacidade absoluta ou relativa refere-se ao exercício pessoal dos
direitos na órbita civil, pois em nosso direito não existe incapacidade de direito,
mas somente de fato ou de exercício.
(E) a incapacidade absoluta é suprida pelo instituto da representação, devendo
tais incapazes serem representados, sob pena de anulabilidade do ato jurídico.

45) (FCC – MANAUSPREV – Analista Previdenciário – 2015) A


menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil, cessando a
incapacidade para os menores:
I. pelo casamento.
II. pelo exercício de emprego público efetivo.
III. pela colação de grau em curso de ensino médio.
De acordo com o ordenamento jurídico vigente, está CORRETO o que se
afirma APENAS em
(A) II.
(B) I.
(C) I e II.
(D) III.
(E) I e III.

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46) (FCC – TRE/RR – Analista Judiciário – 2015) Prevê o Código Civil
brasileiro a possibilidade de se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a
direito da personalidade. Em se tratando de morto, terá legitimação
para requerer esta medida o cônjuge sobrevivente ou qualquer parente
em linha reta
(A) ou colateral até o quarto grau.
(B) independentemente do grau.
(C) ou colateral até o terceiro grau.
(D) ou colateral até o segundo grau.
(E) ou colateral independentemente do grau.

47) (FCC – TRE/AP – Analista Judiciário – 2015) Considere:


I. Intransmissível.
II. Irrenunciável.
III. Exercício com limitação voluntária.
IV. Prescrição quinquenal.
De acordo com o Código Civil brasileiro, com exceção dos casos previstos em lei,
no tocante aos direitos da personalidade, aplicam-se as características indicadas
em
(A) I e III, apenas.
(B) I, II e III, apenas.
(C) I, II, III e IV.
(D) II, III e IV, apenas.
(E) I e II, apenas.

48) (FCC – MANAUSPREV – Analista Previdenciário – 2015) Considere


que determinada pessoa pratique diversos atos de dilapidação de seu
patrimônio, colocando em risco sua subsistência e de seus dependentes.
De acordo com o Código Civil, referida pessoa
(A) deverá ser mantida sob tutela, que recairá, preferencialmente, na pessoa
do cônjuge.
(B) será considerada incapaz de direitos e deveres na ordem civil, sendo
representado, em todos os atos, pelo curador nomeado pelo Ministério Público.
(C) não será considerada incapaz, até a declaração de interdição, após o que
deverá ser nomeado tutor para a prática de atos que impliquem disposição
patrimonial.
(D) somente será interditada se constatada enfermidade ou deficiência mental
que comprometa o necessário discernimento para os atos da vida civil.
(E) está sujeita a curatela, decorrente de interdição que poderá ser promovida
inclusive pelo cônjuge.

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49) (FCC – TCM/GO – Auditor Conselheiro – 2015) Os direitos da
personalidade,
(A) por serem personalíssimos, em nenhum caso haverá a transmissão por
herança de seus efeitos patrimoniais.
(B) quando lesados, são passíveis de perdas e danos somente por parte do
ofendido, em caso de morte não se transmitindo essa legitimidade a nenhum
herdeiro.
(C) como regra, são suscetíveis de expropriação, podendo ser penhorados e
adquiridos pela usucapião.
(D) são intransmissíveis e irrenunciáveis, bem como em regra ilimitados por
ato voluntário.
(E) são sempre inatos, isto é, inerentes à natureza humana e nascidos com seu
titular, não podendo sofrer limitação quanto a seu exercício.

50) (FCC – TJ/PI – Juiz de Direito – 2015) Em se tratando de morto,


para exigir que cesse a ameaça ou a lesão a direito da personalidade, e
reclamar perdas e danos,
(A) terão legitimação o cônjuge sobrevivente, os parentes afins na linha reta e
os parentes na linha colateral sem limitação de grau.
(B) não há legitimado, porque essa ação é personalíssima.
(C) somente o Ministério Público terá legitimação, porque a morte extingue os
vínculos de afinidade e de parentesco.
(D) terá legitimação o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta
ou colateral até o quarto grau.
(E) terão legitimação somente o cônjuge ou companheiro sobrevivente e os
parentes em linha reta.

51) (FCC – TCM/GO – Procurador do Ministério Público de Contas –


2015) Quanto aos direitos da personalidade,
(A) sua indisponibilidade é absoluta, por não serem passíveis de transmissão a
nenhum título.
(B) seu exercício, como regra, pode sofrer limitação voluntária, por ser
personalíssimo.
(C) são eles objeto de rol taxativo, limitando-se aos que foram expressamente
mencionados e disciplinados constitucionalmente e no atual Código Civil.
(D) embora sejam eles, em regra, personalíssimos, e, portanto
intransmissíveis, tem-se que a pretensão ou direito de exigir a sua reparação
pecuniária, em caso de ofensa, quando já ajuizada ação, transmite-se aos
sucessores do ofendido.
(E) não são passíveis de penhora, seja quanto aos direitos em si, seja quanto a
seus reflexos de ordem patrimonial, por não serem passíveis de cessão.

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52) (FCC – SEFAZ/PE – Julgador Administrativo Tributário do Tesouro
Estadual – JATTE – 2015) A lei brasileira
(A) só admite o domicílio plural de pessoas jurídicas e desde que possua
sucursais ou filiais, mas não admite o domicílio plural de pessoas naturais.
(B) não prevê hipótese de pessoa natural sem domicílio.
(C) não estabelece o local de domicílio do itinerante.
(D) admite o domicílio plural de pessoas naturais que exerçam atividades
profissionais em lugares distintos, mas não prevê em nenhuma hipótese
domicílio plural de quem exerça profissão ou trabalhe em um só lugar.
(E) não permite aos diplomatas alegar extraterritorialidade sem designar onde
tem, no país, o seu domicílio.

53) (FCC – TRE/SE – Analista Judiciário – 2015) Mário é empregado do


Partido Político “X” exercendo funções administrativas de acordo com o seu nível
de escolaridade (terceiro grau completo). Seu pai, Clodoaldo, é militar da
marinha; seu tio, Fernando, é marítimo; sua mãe, Vera, é costureira sendo que
atualmente está presa na penitenciária “W” pela prática de conduta tipificada
como criminosa pela legislação competente. Nestes casos, analisando esta
família sob os dados fornecidos, de acordo com o Código Civil brasileiro,
possuem domicílio necessário
(A) Clodoaldo, Fernando e Vera, apenas.
(B) Mário, Clodoaldo, Fernando e Vera.
(C) Clodoaldo e Vera, apenas.
(D) Fernando e Vera, apenas.
(E) Clodoaldo e Fernando, apenas.

54) (FCC – TCE/CE – Conselheiro Substituto Auditor – 2015) Têm


domicílio necessário
(A) apenas os oficiais do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
(B) os profissionais liberais, os servidores públicos e os diplomatas. (C) os
itinerantes, os profissionais liberais e os incapazes.
(D) somente os titulares de cargos eletivos, enquanto durar o respectivo
mandato.
(E) os incapazes, os militares e os presos condenados por sentença.

55) (FCC – TRE/PB – Analista Judiciário – 2015) O servidor público e o


marítimo:
(A) possuem domicílio necessário, sendo o domicílio do servidor o lugar em que
estabeleceu a sua residência com ânimo definitivo e do marítimo onde o
navio estiver matriculado.
(B) não possuem domicílio necessário conforme expressamente previsto pelo
Código Civil brasileiro.

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(C) possuem domicílio necessário, sendo o domicílio do servidor o lugar em
que exercer permanentemente suas funções e do marítimo a sede do comando
a que se encontrar imediatamente subordinado.
(D) possuem domicílio necessário, sendo o domicílio do servidor o lugar em
que exercer permanentemente suas funções e do marítimo onde o navio
estiver matriculado.
(E) possuem domicílio necessário, sendo o domicílio do servidor o lugar em que
estabeleceu a sua residência com ânimo definitivo e o do marítimo a sede
do comando a que se encontrar imediatamente subordinado.

56) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2015) W assinou


contrato com o banco Fox na cidade de Curitiba, lá obtendo
financiamento. O banco Fox possui sede na Cidade de São Paulo e
estabelecimentos em quase todas as cidades do Estado do Paraná,
incluindo Pato Branco, onde W reside. De acordo com o Código Civil,
com relação ao financiamento obtido por W, considera-se domicílio de
Fox:
(A) Curitiba, pois, tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos, em
lugares diferentes, será considerado domicílio a capital do Estado em que o ato
tiver sido praticado.
(B) São Paulo, pois a pessoa jurídica de direito privado tem como domicílio sua
sede, apenas, para todo e qualquer ato que vier a praticar.
(C) Pato Branco, pois, tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos, em
lugares diferentes, será considerado domicílio o local em que reside o
consumidor.
(D) qualquer cidade em que Fox tiver estabelecimento, pois, tendo a pessoa
jurídica diversos estabelecimentos, todos eles serão considerados seu
domicílio, para todo e qualquer ato que vier a praticar.
(E) Curitiba, pois, tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos, em
lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos
nele praticados.

57) (FCC – TRE/SE – Analista Judiciário – 2015) No tocante aos direitos


da personalidade, considere:
I. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis.
II. Em regra, o exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação
voluntária.
III. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
IV. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações
ou representações que a exponham ao desprezo público, exceto quando
não haja intenção difamatória.

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DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (Área Judiciária) = TRE/SP
AULA 01: PESSOAS NATURAIS
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De acordo com o Código Civil brasileiro, está correto o que se afirma
APENAS em
(A) II e IV.
(B) I, II e III.
(C) III e IV.
(D) I e IV.
(E) I e III.

58) (FCC – TRE/AP – Analista Judiciário – 2015) Considere a seguinte


situação hipotética: O candidato X faleceu em acidente terrestre quando estava
em campanha eleitoral no percurso da cidade Z para a cidade V. De acordo com
o Código Civil brasileiro, terá legitimação para exigir que cesse eventual
ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade do candidato falecido
(A) o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral,
independente do grau.
(B) o cônjuge sobrevivente, apenas.
(C) qualquer parente em linha reta até o terceiro grau, apenas.
(D) o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral
até o quarto grau.
(E) qualquer parente em linha reta ou colateral até o terceiro grau, apenas.

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DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (Área Judiciária) = TRE/SP
AULA 01: PESSOAS NATURAIS
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GABARITO SECO = FCC

01) C 13) C 25) C 37) B 49) D


02) A 14) D 26) A 38) D 50) D
03) D 15) B 27) A 39) B 51) D
04) A 16) A 28) C 40) D 52) B
05) B 17) C 29) D 41) D 53) A
06) E 18) D 30) A 42) B 54) E
07) C 19) E 31) C 43) E 55) D
08) A 20) D 32) C 44) D 56) E
09) D 21) D 33) B 45) C 57) E
10) B 22) A 34) A 46) A 58) D
11) A 23) C 35) B 47) E
12) E 24) C 36) B 48) E

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