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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE SARGENTOS DAS ARMAS

CLUBE DE HISTÓRIA VISCONDE DE TAUNAY

GUSTAVO DE FREITAS ARAÚJO

A PARTICIPAÇÃO DOS SARGENTOS DO EXÉRCITO BRASILEIRO NA GUERRA


DA TRÍPLICE ALIANÇA

Cruz Alta

2016
"O povo que não conhece sua história está
condenado a repeti-la."

(George Santayana)
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Sargento Chagas montado em seu cavalo.........................................................7

Figura 2 - Distintivo de Voluntário da Pátria …................................................................8

Figura 3 - Ten Antônio João..............................................................................................9

Figura 4 - Bateria de Artilharia em combate...................................................................10

Figura 5 - Acampamento das Forças Aliadas em Tuiuti ….............................................11


SUMÁRIO

1 INTROUDUÇÃO..........................................................................................................5

2 DESENVOLVIMENTO...............................................................................................7

2.1 Leocádio Francisco das Chagas...................................................................................7

2.2 Luiz Antônio de Vargas...............................................................................................8

2.3 Antônio João Ribeiro...................................................................................................9

2.4 Bernardo José da Silva Prego....................................................................................10

2.5 Benedito Baiano.........................................................................................................11

3 CONCLUSÃO.............................................................................................................13

REFERÊNCIAS …........................................................................................................14
1 INTRODUÇÃO

A História Militar é a parte da História que estuda os conflitos armados e sua


evolução ao longo dos séculos. Evolução esta que pode ser entendida nos mais variados
campos: militar, tecnológico, tático, estratégico, político, social, moral, dentre outros.
Se temos a pretensão de estudar a Guerra, não devemos nos limitar apenas às
batalhas, mas a todos os aspectos que envolvem um conflito. Antes de tudo, precisamos
compreender que na ponta da linha está o indivíduo, muitas vezes desafiando os perigos
dos campos de batalha em prol de um ideal comum.

É muito importante que sejam desenvolvidos trabalhos de pesquisa sérios e


baseados em princípios acadêmicos no âmbito do Exército Brasileiro. Dentro dessa
perspectiva, a História Militar, certamente é uma dessas disciplinas que necessita ser
estimulada e divulgada.

A presente pesquisa busca destacar, dentre os homens que se lançaram à guerra,


uma classe específica, cujo principal função é ser o elo de ligação entre o comando e a
tropa: o Sargento do Exército Brasileiro. Com esse propósito, apresentaremos cinco
sargentos de nossa história. Cada um com sua especificidade, mereceram ser louvados e
conhecidos, para servirem de exemplo às novas gerações.

Por sugestão do Coronel Estigarríbia, restringimos o estudo dos feitos realizados


pelos sargentos à Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai. Primeiramente, porque
este foi o maior conflito armado no qual o Exército Brasileiro participou. Em segundo
lugar, devido ao fato de estarmos no período de comemorações ao sesquicentenário da
luta. Finalmente, por tratar-se de um conflito que ainda carece ser melhor conhecido e
estudado no âmbito dos militares.

A Guerra da Tríplice Aliança, também conhecida como Guerra do Paraguai,


Grande Guerra ou Guerra Guazú, foi o maior e mais sangrento enfrentamento bélico do
continente sul-americano. Iniciou no final do ano de 1864, envolvendo militarmente
Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai e perdurou até o mês de março do ano de 1870.
Apesar de ser um tema bastante investigado, existem ainda questões que são carentes de
aprofundamento. Dentre essas questões, a participação dos sargentos no conflito é uma
delas. Esperamos que, com a presente pesquisa, possamos ter contribuído para o
preenchimento, ainda que parcial, desta lacuna.
Como metodologia, realizamos uma pesquisa bibliográfica referente à História
do Exército. A existência de uma Biblioteca na Escola de Aperfeiçoamento de Sargentos
das Armas com elevado número de obras relacionadas à Arte da Guerra facilitou o
desenvolvimento do estudo, entretanto, foi verificada a existência de pouca literatura
que tratasse diretamente sobre aspectos relativos aos sargentos.
2 DESENVOLVIMENTO

A seguir, apresentaremos cinco ilustres sargentos de nosso Exército Brasileiro,


que se destacaram por seus feitos durante o longo período da Campanha contra Solano
López.

2.1 Leocádio Francisco das Chagas

Figura 01 - Sargento Chagas montado em seu cavalo

Disponível em: <http://pt.calameo.com/books/0041383757dbf0085dc6f>. Acesso em 30 maio 2016.

Na costa do rio Uruguai, os corpos provisórios, divididos entre o Porto das


Lavadeiras e a Barranca Pelada, davam seu sangue naquela tentativa inútil de conter os
invasores. O Tenente José Clemente Godinho nos deixou um testemunho deste primeiro
momento. Conta ele que comandando um pequeno Corpo do 22º Batalhão pelas
imediações da Barranca Pelada, faziam descargas no inimigo, mas que, de repente, se
viram quase cercados e que um soldado clarim corria e tocava aquele instrumento como
se fosse a Flauta de Pã, que se tocada o inimigo poderia sumir. Caiu ferido e levantou,
tentou andar e mal consegui. Godinho voltou o cavalo e lhe disse que se segurasse na
cola do cavalo que lhe arrastaria. Ele tentou, mas não conseguiu e os paraguaios o
alcançaram e lhe findaram a golpes de baionetas.
Os inimigos desembarcavam e procuravam se agrupar no porto. Rasgos de
heroísmos se operaram naquele dia.

Leocádio Francisco das Chagas, vigoroso caboclo, Sargento do 28º Corpo


Provisório, nutria apego e amor pelo seu chão, estava de folga, quando ouviu o alarido e
o estrondo dos canhões dos paraguaios, montou seu corcel e,ufanoso, saiu em direção
do porto. Quando na baixada para o porto viu que era grande a aglomeração de tropas
inimigas naquele sítio, com a lança em riste, deitado sobre o dorso de seu corcel Fogo, à
moda dos charruas, desferiu uma carga de lança. Foi lá, abateu um e voltou e por três
vezes operou com sucesso; na quarta vez, os paraguaios o esperaram e lhe desferiram
uma fuzilaria. É um medalhão de estátua este episódio. Caiu este bravo como um
centauro sangrado e este intimorato da cavalaria fez as honras da casa.

2.2 Luiz Antônio de Vargas

Figura 2 - Distintivo de Voluntário da Pátria

Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Volunt%C3%A1rios_da_P%C3%A1tria>.


Acesso em 04 de jun 2016.

O Furriel Luiz Antônio de Vargas era de Porto Alegre e estava no Rio de Janeiro
quando o governo, apelando para os brasileiros, publicou o decreto criando os Corpos
de Voluntários da Pátria. Luiz de Vargas foi dos primeiros a se alistar no 1º Batalhão, e
com ele veio para o Sul.
Desde cedo, revelou tendência para o serviço militar, sendo promovido por
merecimento a furriel. Quando seu batalhão enfrentou as tropas paraguaias, na cidade de
São Borja, na atual Rua São João, fazia parte da guarda da bandeira. O símbolo máximo
do país acabou roubado por um militar do Paraguai. Este, porém, logo foi atacado pelo
Furriel, que lhe cravou uma baioneta no peio e recuperou a bandeira. Luiz de Vargas,
com o esforço feito ao dar o golpe no inimigo, teve partida uma das veias da perna
direita. Esse incidente o impossibilitou para o serviço militar e para os trabalhos
pesados, inclusive o de sua profissão, de maquinista. Foi excluído com baixa por
incapacidade física e se recolheu à sua terra natal. Ali viveu ainda alguns anos de forma
paupérrima, ostentando a Condecoração do Cruzeiro como única recompensa. O Barão
Homem de Melo, quando presidente da Província do Rio Grande do Sul, em 1867, o
empregou no Arsenal de Guerra de Porto Alegre.

2.3 Antônio João Ribeiro

Figura 03 - Ten Antônio João

Disponível em: <http://www.mauxhomepage.net/piquete/historia/historia17b.htm> Acesso em 05 jun


2016.

Antônio João Ribeiro assentou praça no ano de 1841. Fruto de sua capacidade de
profissional e liderança, foi promovido à graduação de cabo e, posteriormente à de
sargento. Em 1860, foi nomeado comandante da Colônia Militar de Dourados que,
àquele tempo, pertencia à Província de Mato Grosso.

Antônio João Ribeiro escreveu seu nome na História, digno de ser lembrado e
conhecido quando ocorreu a invasão paraguaia ao Brasil, em dezembro de 1864. O
efetivo da guarnição de Dourados contava com quinze homens, Mesmo em clara
inferioridade numérica, Antônio João e seus soldados resistiram bravamente contra o
invasor.

O comandante ordenou que a população civil da cidade fosse evacuada e


combateu até o fim, quando veio a perecer. Esse feito heroico ficou imortalizado na sua
frase:

"Sei que morro, mas meu sangue e dos meus companheiros servirá de protesto
solene contra a invasão do solo de minha Pátria"

2.4 Bernardo José da Silva Prego

Figura 04 - Bateria de Artilharia em combate

Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_do_Brasil#/media/File:


Brazilian_artillery_1866.jpg>. Acesso em 08 jun 2016.

Havia no 3º Batalhão de Artilharia a pé um chefe que acusava cãibras no braço


direito, pela repetida prática de tapar o ouvido do canhão: tão grande fora o exercício
desse membro em tão gloriosa jornada.

Deu-se com este artilheiro uma situação difícil de resolver: carregava-se pela
centésima vez a peça, quando o Sargento Prego, chefe da boca de fogo, colocou o
polegar sobre o ouvido da peça, enquanto a granada corria rápida pela alma do canhão.
Entra o cartucho, ao mesmo tempo em que uma granada inimiga vem em contínuo
ricochete sem parar, chiando, inflamada, a seus pés, entre suas pernas.
Afrouxar o dedo que tapava o ouvido da La-Hitte significaria matar seus
companheiros e a si, e perder o canhão que se faria em pedaço devido ao aquecimento
dos metais. Permanecer firme seria morrer inevitavelmente com a explosão da granada
que ardia a seus pés.

O Sargento Prego sorriu, calcou o polegar com mais força e esperou, cravando
tranquilamente a vista na bola de ferro que o devia levar espedaçado aos ares. De fato,
ocorreu a explosão da bomba inimiga.

Um grito de horror deteve a respiração dos companheiros. "Morreu o Prego!",


diziam. E calaram-se comovidos.

Do meio da coluna de fumo que envolvera o valente chefe de peça surgira,


radiante, incólume, imponente, admirável, tranquila e heroicamente, a figura bélica do
bravo sargento.

O Sargento Prego concluiu toda a guerra respeitado, tendo sido promovido a


oficial, devido à sua notável bravura e sangue-frio diante da morte.

2.5 Benedito Baiano

Figura 05 - Acampamento das Foras Aliadas em Tuiuti

Disponível em: https://docs.ufpr.br/~lgeraldo/brasil2imagensD.html. Acesso em 20 jun 2016.

Benedito nasceu em Salvador e incorporou como Voluntário da Pátria, quando o


país foi invadido pelas tropas do presidente paraguaio Solano López. Devido à sua
coragem na travessia do Passo da Pátria, foi promovido à graduação de sargento.
Entrou para a história quando as tropas imperiais encontravam-se estacionadas
em Tuiuti e foram surpreendidas pelo ataque inimigo. Durante o ataque sofrido no
acampamento aliado, Benedito presenciou que soldados paraguaios haviam entrado em
uma das barraca das vivandeiras e estavam a tentar estuprar uma mulher que ali se
encontrava, cujo nome era Maria das Dores. Dessa forma, com dois tiros de seu fuzil
minié, matou os dois paraguaios que estavam na barraca. No entanto, foi surpreendido
por um golpe de baioneta em sua barriga de um terceiro soldado que não avistara,
tendo-lhe ficado as vísceras de fora. Conseguiu ainda desferir um tiro contra o
paraguaio que lhe atacara, sendo imediatamente levado para o hospital de campanha.

Por esse ato de bravura, mereceu um elogio de seu comandante de Companhia e


ganhou, após o término da guerra, a Medalha de Campanha, além de ter conquistado o
coração da donzela que ele salvara a vida.
3 CONCLUSÃO

A presente pesquisa buscou apresentar cinco militares que se destacaram por


ocasião da Guerra da Tríplice Aliança. Além de terem participado de um conflito em
comum, havia entre eles outra semelhança: todos foram sargentos do Exército
Brasileiro. Ao resgatarmos a trajetória dos sargentos, buscamos não somente elevar a
autoestima desse grupo, mas reafirmar sua importância dentro do contexto do Exército
Brasileiro.

Por trás de cada militar citado neste estudo, procuramos destacar seus
sentimentos, motivações, dores e todos os demais aspectos de forma a valorizarmos a
humanidade presente neles.

Não pretendemos esgotar o tema. Outros nomes anônimos encontram-se


perdidos no espaço e no tempo, necessitando de pesquisas como a presente para serem
descobertos. Esperamos, no entanto, que com esta iniciativa, outros estudos sejam
realizados a fim de superar essa lacuna verificada.
REFERÊNCIAS

ALVES, Paulo Sérgio Felipe (Org.). Das origens do sargento ao seu aperfeiçoamento
nos dias atuais. Cruz Alta: Fundação Trompowsky, 2015.

ARAÚJO, Gustavo de Freitas. Blog do Gustavo Araújo. Disponível em:


<www.blogdogustavoaraujo.blogspot.com.br>. Acesso em 15 jun 2016.

DUARTE, Paulo de Queiroz. Os Voluntários da Pátria na Guerra do Paraguai. Rio


de Janeiro: Editora do Exército, 1981.

PIMENTEL, J. S. de Azevedo. Episódios Militares. Rio de Janeiro: Editora do


Exército, 1978.

PERNIDJI, Joseph Eskenazi. Homens e mulheres na Guerra do Paraguai. Rio de


Janeiro: Editora do Exército, 2010.

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