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Agrupamento de Escolas n.

º 4 de Évora – 135562
Sede: Escola Secundária André de Gouveia

A primeira volta ao mundo


A caminho da quantificação do real

As novas representações cartográficas que surgiram nos séculos XV e XVI


resultaram de um conjunto de saberes e inovações técnicas adquiridos pelos
portugueses. A experiência de vida dos marinheiros; a relação que mantinham desde
há séculos com os navegadores árabes, e com os italianos e catalães que faziam escala
no porto de Lisboa; e o domínio e o aperfeiçoamento dos instrumentos náuticos;
conjugados com a observação e descrição da natureza, constituíram as condições que
permitiram suplantar o conhecimento dos antigos, na procura de uma melhor
quantificação do real. A este propósito, salienta-se, a título de exemplo, o uso do
quadrante para medir a altura do sol acima do horizonte e a barquinha para
determinar a velocidade das embarcações.

A altura do sol é um dos dados necessários para determinar a latitude que é


uma das coordenadas que permitem identificar a posição de um local na superfície da
Terra.

Para medir a altura do sol acima do horizonte, ao meio dia, foi utilizado um
instrumento muito simples, mas inovador no século XVI, chamado quadrante.
Basicamente consistia num quarto de círculo de 90 graus, em cujo centro se pendurava
uma linha de prumo que indicava o ângulo da altura do sol acima do horizonte,
permitindo, assim, determinar a latitude em que os navegadores se encontravam.
Agrupamento de Escolas n.º 4 de Évora – 135562
Sede: Escola Secundária André de Gouveia

Quadrante marinho clássico, para medir a altura do Sol acima do horizonte.


Para estimar a velocidade de uma embarcação em relação ao mar utilizavam a
barquinha, em conjunto com uma ampulheta. Estes instrumentos tinham de ser
manuseados por dois homens. Um deles, o que manuseava a barquinha, situado
estrategicamente na popa do barco, lançava a corda com um tronco ou uma tábua de
madeira presa numa das extremidades. A corda tinha nós feitos com intervalos
regulares. O outro homem utilizava a ampulheta. Quando o tronco se estabilizava,
quem segurava a corda emitia um sinal sonoro de que a soltaria e o outro iniciava a
contagem de tempo com a ampulheta. Enquanto a corda se libertava à medida que o
barco avançava, os nós seriam contados até terminar a queda de areia na ampulheta.
Obviamente, quanto mais nós tivessem passado, mais rápido o barco se teria
movimentado. Por outro lado, se soubessem a distância entre os nós da corda,
também poderiam determinar a velocidade da embarcação. Dessa maneira, o termo
nó constituiu-se como uma unidade de velocidade para a navegação.

Barquinha e ampulheta para medir a velocidade no mar.

Os portugueses, nomeadamente Fernão de Magalhães, deram um inegável


contributo para o desenvolvimento científico, lançando, assim, o processo de
globalização económico e científico impulsionador de sociedades multi e interculturais
que, afinal, também “fala português”.

(Texto adaptado)

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