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Vou deixar Quiron para outra altura, porque acho que nem ele está localizado entre Marte e
Júpiter, e também merece uma conversa à parte. É também um assunto mais fácil de pesquisar.
Deméter / Ceres
É a deusa da terra cultivada, da agricultura. Até ao seu aparecimento o homem sobrevivia da caça,
da pesca e dos frutos. Com ela o homem deixou a sua vida nómada, começou a aproveitar a terra,
cultivar os cereais, e a fabricar o pão. Teve de haver organização na distribuição das terras e das
tarefas, e o homem começou a socializar-se. Também estão presentes os conceitos de sacrifício, de
algo a ser colhido, separado, conceitos de nascimento e morte - signo de Virgem .
Esta deusa tem uma natureza pacífica, prestativa, centrada no trabalho, mas sempre com grandes
preocupações maternais. A “ vida “ dela tem relação com a vida das estações, com o crescimento
das sementes, com a vegetação nos campos. Rege os ciclos femininos, os ritos de passagem na
vida da mulher (Menarca, Fertilidade, Gravidez, Maternidade, Lactação, Menopausa). E cada uma
delas pode indicar uma perda, já que há algo que morre e algo que começa. Como tudo na nossa
vida e na natureza.
A primeira perda sentida pelas mulheres – Deméter:
Deméter ficou triste quando viu a sua filha transformar-se numa adolescente, linda como a mais
bela das flores, o seu corpo a mudar, a ter a primeira menstruação. De repente sentiu que ela já
era uma mulher, não dependia mais só da mãe para viver. Astrológicamente podemos considerar
aqui o 1º retorno de Júpiter, também.
E quando a filha por escolha, ou por rapto, como o caso, resolve juntar-se a alguém, formar a sua
própria família? Foi com alguém e abandonou-me?- pensa a mãe. Fica-se inconsolável, é o que
hoje chamamos “ síndrome de ninho vazio”. E quantos genros não são vistos como raptores??? É
um período depressivo do qual muitas mulheres não conseguem sair. E esta é a segunda perda.
O fruto maduro representa esta fase. Nos mitos, os frutos usados normalmente para esta
representação são a romã (fecundidade), a maçã (fertilidade), e o figo ( desejo).
Na terceira fase da sua vida, que tem por símbolo a semente, a mulher – Deméter enfrenta a
terceira perda: a menopausa, a cessação da secreção hormonal dos ovários. Há mulheres que a
aceitam muito mal ( descem aos infernos ). Muitas caem em depressão com a aproximação da
velhice.
É durante esta fase, se ela for vivida como rito de iniciação, que o padrão pode chegar a expressões
superiores com propostas de sabedoria e virtude, passar a uma velhice saudável, reflectida,
experiente.
Conta-se que foi a forma pela qual a pela Mãe Terra, terra selvagem, Geia, com a sua sabedoria ( a
das avós?) chamou a atenção de Deméter para o facto de que as perdas, as descidas ao mundo
inferior, também fazem parte da vida. Acima da Terra, o mundo físico, abaixo dele, a Alma. Nesse
mundo inferior estão as coisas invisíveis, sendo o mundo da superfície uma expressão dele. Para
Géia, o mundo inferior também faz parte da natureza, não há tragédia nenhuma na sedução ou na
morte, já que ambas fazem parte da vida.
Na Mitologia Grega, conta-se que Deméter teve uma filha, Koré, que aos 12 anos, era uma menina
linda “ como uma flor”, que já andava pelos campos sozinha, coisa que a mãe não gostava muito.
E Koré, num dia em que andava descuidada colhendo flores, foi raptada por Hades, o deus do
inferno e das profundezas, Plutão na Astrologia. Deméter, de tão preocupada que andava a
procurar a filha, começou a descuidar-se das culturas, que chegou a um ponto em que, sem o seu
trabalho e organização, a terra ficou estéril e o ser humano começou a passar fome. Já não colhia o
que costumava ter para comer. Quando a situação se tornou insustentável, e depois de várias
tentativas na procura da filha, só quando ela resolveu pedir a ajuda de Zeus, o deus do Olimpo e
seu irmão, o problema se resolveu. Hermes ( Mercúrio ) era o único que podia ir do Olimpo ao
Hades, lá foi mandado ir às profundezas negociar com Hades e contar com a sua boa vontade, e
com o poder de Zeus. Koré, que agora era esposa de Hades, de adolescente tinha passado a
mulher e até se chamava outro nome , Perséfone; chegaram a um acordo e Perséfone teve então
licença, ou liberdade, para passar meio ano nas profundezas da terra e meio ano cá fora, com a
mãe.
Isto nada mais é que o exemplo dos ciclos da vida, da semente à planta e à colheita. E de nós
próprios também: quantas vezes precisamos de estar escondidos, sós, nas profundezas do nosso
ser, para que depois possamos emergir mais lúcidos e seguros, dar origem a algo de valioso e
bom?
Para os gregos, o Outono e Inverno são os meses de “ sono da natureza”. É durante eles que
Perséfone desce às profundezas da terra, para ficar em companhia do seu esposo Hades – Plutão.
Na Primavera e Verão a natureza desperta e Perséfone volta a encontrar a mãe.
Deméter é, sob este aspecto, a “ mãe eterna”. Por isso Deméter, nas suas representações,
conforme o caso, carrega nas mãos tanto as papoulas, símbolo do sono da terra e dos mortos,
como espigas de trigo, símbolo da vida e do renascimento.
Interpretação
Devemos interpretar os asteroides da mesma maneira que interpretamos os planetas: signo, casa
e aspectos.
Deméter / Ceres – significa basicamente a nossa capacidade para a maternidade, tanto para
assumirmos esse papel, como recebermos cuidados maternais, completando as informações que
podemos extrair da nossa Lua.
Alguém com Deméter / Ceres bem posicionado no seu mapa astrológico ( dignidade, ângulos,
bons aspectos…) vai além da Biologia. Instintivamente, cuidam de tudo e de todos, não só de
filhos, mas do marido, dos familiares, de amigos, que são sempre alguém que elas acham que
precisa de ajuda, de “ colo”. Se não podem ter filhos, adoptam, como fez Deméter, cuidando de
Demofonte, quando do sequestro de Koré. Tudo o que tem a ver com menstruação, ovulação,
gravidez, abortos, cuidados pré-natais, partos, saúde ginecológica, controle de natalidade,
amamentação, menopausa, direitos das crianças, abusos, pedofilia, escola básica, serviço social,
cultivo da terra, ecologia, botânica, estufas, sementes, colheitas, veterinária, adubos, cozinha,
questões de alimentação em geral, e doenças causadas por má alimentação é campo de interesse
e actuação da mulher-Deméter. Deixar os filhos com uma baby-sitter, nem pensar. No máximo com
a avó ou uma tia velha. E assim, não raramente, elas infantilizam marido e filhos.
Também há homens com este asteroide bem posicionado, e eles irão ocupar poderosamente o
arquétipo de mãe: dificuldade de libertar os seus filhos, de permitir que eles cresçam.
Há exemplo de líderes políticos, servidores públicos com Deméter / Ceres e – ou Héstia / Vesta em
posições proeminentes ( MC, casas VI e IV ); inclusive homens que, no contexto familiar acabam
por assumir, por uma razão ou outra, um papel maternal.
A desvalorização do padrão Deméter vem de longe, dos fins do séc XVIII, com o abandono da vida
no campo, os acelerados fenómenos de urbanização, o crescente emprego de mão-de-obra
feminina, as pressões económicas com relação à subsistência, tudo foi contribuindo para que a
maternidade como Deméter propõe seja hoje muito mais um problema do que uma realização.
As três principais religiões patriarcais, Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, machistas e agressivas,
sempre colocaram a mulher e a maternidade num plano social muito inferior. Essa desvalorização
reflete-se no modo como tratam a terra, vendo-a como um simples valor económico e não como
algo sagrado, espiritual.
A figura de Deméter, nas elaborações culturais e religiosas de hoje, não passa de uma ridícula
abstração sentimental, um motivo comercial ( o Dia das Mães ).
Hera / Juno
Ela era irmã e esposa oficial de Zeus, a soberana do Olimpo. Em grego,o seu nome lembra “
senhora, preservadora, protectora, guardiã “, dos valores morais especialmente. É uma mulher
ainda jovem, em boa forma física, atraente, casta, por vezes severa. Quando irritada, mostra um
temperamento genioso e de difícil convivência. Aparece sempre de fronte coroada por um
diadema, de túnica longa, e é representada pelo lírio, pela romã e pelo pinheiro, expressões do
mundo vegetal que simbolizam pureza e fecundidade. O pavão era o animal que lhe era
consagrado.
Há duas versões sobre o seu casamento: uns dizem que ela seduziu Zeus, usando o famoso
cinturão de Afrodite, que esta lhe emprestara. Outros, que foi Zeus, que se disfarçou, como em
tantas outras histórias que deram origem a figuras da mitologia grega. Com Hera ela ter-se-ia
disfarçado de cuco, que se aninhou molhado no colo da deusa, que o aquecera esfregando-o no
seu corpo.
Hera é a deusa defensora e protectora das uniões oficiais. Ela aponta para a necessidade de um
relacionamento familiar sistemático, único, quanto aos significados de Balança e Casa VII. Por isso
a encontramos enfraquecida em Gêmeos ou Aquário ( relacionamentos superficiais).
Hera é o modelo das mulheres que querem só o casamento oficial, ser a mulher de um homem só.
Nem que seja só mantendo as aparências. Mas pedem fidelidade, tratamento oficial,
principalmente em público, presentes, exigências estéticas, cenários rebuscados para os seus
jantares e festas. As mulheres- Hera precisam de um homem “ importante “ nas suas vidas, para
terem prestígio, consideração pública, respeito. Existe uma afinidade natural entre a mulher-Hera
e o poder, característica que pode ganhar expressões infelizes como exibicionismo e arrogância. Os
relacionamentos da casa VII serão sempre estabelecidos pelo marido, o asteroide não aponta para
amizades pessoais; a dependência do marido é quase total. Entre os filhos e o marido, os primeiros
ficarão sempre em segundo plano.
É ciumenta e vingativa com relação a tudo que prejudique a sua sacrossanta união matrimonial. Na
história da deusa são famosas as suas perseguições e vinganças contra os amores e aventuras
extraconjugais de Zeus e o monte de filhos que ele teve fora do casamento. Dizem que ele nunca a
entendeu e que, quando em crise, ela se isolava. É o papel da mulher-Hera amargurada, que
sempre investiu no casamento oficial e que pouco ou nada recebeu de Zeus. Para elas, que só se
sentem importantes quando entram na casa VII quando um homem importante as escolhe, como
dizem ter sido Nancy Reagan , é um grande desgosto e injustiça.
Lembremos que Héstia é, ao mesmo tempo, a mais velha e a mais nova dos filhos de Cronos e
Reia, já que foi a primeira a ser engolida pelo pai e a ultima a ser vomitada por ele. É também a
mais obscura, não há histórias sobre ela. Além do privilégio da virgindade, Zeus deu-lhe o privilégio
de receber o primeiro e o ultimo dos sacrifícios em todas as cerimónias.
Jacqueline Kennedy Onassis – 28 Julho 1929 – 14:30h + 4:00 - Southampton, New York
Prince of Wales, Charles – 14 Novº 1948 – 21:14h London
Com excertos do curso de Mitologia, devidamente autorizado, que fiz com Cid Marcus Vasques,
meu primeiro professor de Astrologia, depois de Alquimia, Via Mística, Símbolos, e outros. Hoje,
ele ensina Mitologia e as suas relações com a Astrologia e as Artes em geral, em S. Paulo, Brasil.