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RAFAEL ARRUDA VILELA GARCIA OAB/MT 15.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3.ª VARA CRIMINAL


DA COMARCA DE MIRASSOL D`OESTE/MT

Processo n.º 3202-42.2018.811.0011 – CÓDIGO: 263138

DAYANE CRISTINA DE SOUZA, brasileira, convivente, portadora do RG n. º 203.39640


SESP/MT, inscrito no CPF 041.076.221-00, residente e domiciliada Rua D, Lote 06,
Quadra 18 – Bairro Portal da Amazônia em, Várzea Grande/MT – CEP 78145-880,
por seu advogado e bastante procurador (doc. 01 – Instrumento de Mandato), infra-
assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor

INCIDENTE DE RESTITUIÇÃO DE COISA APREENDIDA

com fundamento no artigo 5.º, LIV da Constituição Federal de 1988 e artigo 118 e
seguintes do Código de Processo Penal e artigo 1.228 do CCB, e demais matérias
pertinentes a espécie, pelo que passa a aduz:, pelos fundamentos de fato e de direito
a seguir aduzidos:

Avenida Miguel Sutil, n. º 2839, Ed. Miguel Sutil, sala 05, Bairro: Areão, Cuiabá/MT.
E-mail: rfacba@hotmail.com
Fone: (65) 9900.3345 - (65)3623-1670
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PRELIMINARMENTE

DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA

Ab initio, requer os benefícios da justiça gratuita, com fulcro no disposto no


caput do art. 4º da Lei 1.060 de 13/02/1950, “verbis”:

“Art. 4º A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante


simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de
pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo
próprio ou de sua família.”

Assim, REQUER digne-se Vossa Excelência conceder-lhe os benefícios da


Justiça Gratuita, por ser pessoa pobre, na acepção jurídica da expressão,
assegurados pela Constituição Federal, art. 5º, inciso LXXIV e pela Lei 1.060/50.

DOS FATOS

A Requerente é proprietário do celular APPLE – IPHONE PLUS 64GB,


VERMELHO – IMEI 354832095828366, pelo que se comprova pelo pedido emitido
em 20/10/2018, pela empresa W-CELL Celular e outros bens e dinheiro fruto de seu
trabalho e de seu benefício.

Que o aparelho, dinheiro e diversos bens, conforme auto de apreensão fls. 268
em anexo, foram apreendidos em 10 de dezembro de 2018 em decorrência de
mandado de busca e apreensão cumprido na casa da companheira do JEFERSON
DA SILVA (reeducando) recluso em decorrência de suposta participação de furto
qualificado no banco do brasil em Mirassol D`Oeste.

A Requerente não tem qualquer ligação com o suposto crime, praticado pelo
acusado que é seu convivente, mas que para sua decepção, tomou conhecimento dos
fatos apenas após o cumprimento do mandado, frisa-se ainda que esta é pessoa
honesta e trabalhadora e que seus rendimentos são lícitos, decorrentes de seus
esforços e do seu trabalho na revenda de produtos de beleza, perfumes, acessórios
íntimos, produtos de sex shop. A Requerente obteve êxito no mercado e vem lucrando
com o sucesso, o que demonstra que sua renda é fruto do seu trabalho e de forma

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lícita, bem como está ainda recebe proventos decorrente de benefício LOAS, no valor
de um salário mínimo conforme extrato e notas fiscais em anexo.

Ocorre que o Inquérito Policial, não se vislumbrou qualquer forma delituosa


cometida pela Requerente, que apenas é convivente do acusado e não pode
responder como se culpada fosse.

Outrossim, no caso em tela inaplicável a pena de perdimento do bem do


Requerente, pois ela é também, vítima das circunstâncias.

Desta maneira, diante dos fatos narrados, aliados aos documentos juntados
aos autos, não restam dúvidas quanto à propriedade do celular (podendo ser o item 2
ou 7) e da origem lícita do dinheiro aprendido de R$ 4.700,00 – item 10, os cartões
apreendidos relacionados no item 01, bem como SD CARD e PEN DRIVE (item e item
8) razão pela qual deve ser o bem restituído a ora Requerente.

DO PERICULIM IM MORA

Também se afirmar que a Requerente está sofrendo prejuízo sem o poder de


usar e gozar da coisa apreendida de sua propriedade, pois, sendo pessoa com
deficiência e está com dificuldades de locomoção para resolver seus próprios
problemas pessoais com grave e evidente prejuízo.

O entendimento do artigo 1.228 do Código Civil, afirma categoricamente:

"...O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito


de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua e detenha.."

Dessa feita, é imperiosa a necessidade de restituição dos bens relacionados


nos autos de apreensão de fls. 268 aprendidos e à disposição, sendo que, caso seja
mantida a apreensão haverá grave, evidente e irreversível prejuízo.

DO DIREITO

Ex vi do disposto no art. 120, do Código de Processo Penal, desde que não

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exista dúvida quanto ao direito da Reclamante, o Juiz poderá ordenar a restituição


mediante termo nos autos.

No caso sub examine, a Requerente juntou documentos incontestáveis, os


quais provam o seu direito a restituição dos todos bem apreendidos excluindo-se o
item 9, veículo emprestado que não lhe pertence, um dos celulares IPHONE podendo
ser o item 2 ou 7, e as joias do item 4.

Nesse pórtico o direito de propriedade constitui garantia constitucional.


Ademais, a Doutrina e a Jurisprudência são pacíficas no que se refere à
impossibilidade de apreensão de bens, cujos proprietários não possuem qualquer
relação com a prática criminosa:

Nesse sentido:

"O confisco de bens, instrumentos ou objetos utilizados em prática


delituosa somente pode ocorrer se os mesmos pertencem ao agente da
infração e nunca a pessoas estranhas à lide penal, pois terceiro não pode
ser prejudicado por esta medida".(- TACRSP in RJDTACRIM 29/69)."

PENAL E PROCESSUAL PENAL - PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE COISA


APREENDIDA - PROVA DA PROPRIEDADE DO BEM, PELA REQUERENTE,
NÃO INVESTIGADA NOS AUTOS - TERCEIRA DE BOA-FÉ - ART. 91, II,
INFINE, DO CÓDIGO PENAL E ARTS. 118 E 119 DO CPP - AUSÊNCIA DE
INTERESSE AO PROCESSO - CABIMENTO DA RESTITUIÇÃO DOS BENS
- APELAÇÃO PROVIDA. I - Comprovada a propriedade, não mais
interessando ao processo, pode a coisa apreendida ser restituída ao
requerente, quando não exista dúvida quanto ao direito do reclamante, na
forma dos arts. 118 e 120 do CPP. II - No caso dos autos, diante da
comprovação da propriedade do veículo e da ausência de indícios do
envolvimento da requerente na conduta criminosa ora em investigação,
impõe-se a restituição do bem apreendido à sua proprietária, diante da
comprovação da propriedade do veículo e da ausência de indícios de seu

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envolvimento na conduta criminosa ora em investigação, nos termos do


art. 91, II, in fine, do Código Penal, por ser a requerente terceira de boa-fé.
III - Apelação provida.

Além disso, não há nada que demonstre participação ou uso de dinheiro de


ilícito o que não autoriza seu confisco, por não se amoldar às situações previstas no
art. 91, inciso II, do Estatuto Repressor Brasileiro.

Via de consequência, a restituição da coisa apreendida deve ser deferida


quando se verificar a inexistência de interesse sobre o bem para a instrução penal, a
inaplicabilidade da pena de perdimento e a demonstração de propriedade do objeto
pela Requerente, tudo conforme demonstrado nos autos.

DO PEDIDO

Ex positis, requer-se:

a) Digne-se Vossa Excelência conceder-lhe os benefícios da Justiça Gratuita,


assegurados pela Constituição Federal, art. 5º, inciso LXXIV e pela Lei 1.060 de
13/02/1950;

b) seja recebido o presente pedido de restituição, autuando-se em apartado;

c) seja deferida a Restituição dos bens apreendidos e do dinheiro descritos nas


fls. 268 dos autos principais da ação penal, excluindo-se apenas os itens: 9, pois trata-
se de veículo emprestado que não lhe pertence, cuja propriedade é da Sr.ª Nancy
Monteiro da Silva; um dos celulares IPHONE podendo ser o item 2 ou 7 que pertence
a outrem Kelly Cristina Silva Amaral; e as joias do item 4 que pertence á Gislaine
Cristina Rodrigues de Souza, por simples termo nos autos;

d) A Oitiva do Ilustre Representante do Ministério Público, conforme disposto


no art. 120, parágrafo 3º, do Código Pena Brasileiro;

e) A isenção das custas de diária e permanência em pátio e demais valores e


taxas inerentes a apreensão do veículo, nos termos do art. 6º, da Lei nº 6.575/78.

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Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para fins meramente fiscais.

Nestes termos,

Pede Deferimento.

Cuiabá/MT, 02 de agosto de 2019.

RAFAEL ARRUDA VILELA GARCIA


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