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SUMÁRIO

1
INTRODUÇÃO AO PROCESSO PENAL............................ 7
MÓDULO 1..................................................................................... 7
1. Sistemas processuais penais......................................................................7
2. Princípios I..............................................................................................7
3. Princípios II.............................................................................................8
4. Princípios III...........................................................................................8
5. Aplicação da lei processual penal no espaço e no tempo.................................8

MÓDULO 2.................................................................................... 8
1. Princípio da presunção de inocência e execução provisória da pena..................8
2. Princípio da não autoincriminação e provas descartadas................................9

MÓDULO 3...................................................................................10
1. Princípios processuais penais....................................................................10
2. Aplicação da lei processual penal no espaço................................................10
3. Aplicação da lei processual penal no tempo................................................. 11

2
INQUÉRITO POLICIAL................................................12
MÓDULO 1....................................................................................12
1. Conceito. Natureza jurídica. Finalidade. Valor probatório. Polícia Judiciária...12
2. Características do inquérito policial...........................................................12
3. Início do Inquérito policial. Relatório final e indiciamento.
Prazo para conclusão...............................................................................13
4. Arquivamento.........................................................................................14

MÓDULO 2................................................................................... 14
1. Investigações presididas por outras autoridades..........................................14
2. Investigações criminais contra autoridades que têm foro especial por
prerrogativa de função.............................................................................14
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MÓDULO 3................................................................................... 15
1. Conceito. Natureza jurídica. Finalidade. Valor probatório. Polícia Judiciária...15
2. Características........................................................................................15
3. Início do inquérito policial. Relatório final e indiciamento.
Praz para conclusão.................................................................................16
4. Arquivamento..........................................................................................17

3
AÇÃO PENAL............................................................18
MÓDULO 1....................................................................................18
1. Condições genéricas e específicas da ação penal...........................................18
2. Ação penal pública. Ação penal privada......................................................19
3. Decadência. Renúncia. Perempção. Perdão.................................................19
4. Denúncia. Queixa....................................................................................19

MÓDULO 2...................................................................................19
1. Outras espécies de ação penal. Ação civil ex delicto......................................19

MÓDULO 3.................................................................................. 20
1. Condições genéricas e específicas da ação penal.......................................... 20
2. Ação penal pública. Ação penal privada......................................................21
3. Decadência. Renúncia. Perempção. Perdão.................................................21
4. Denúncia. Queixa....................................................................................21
5. Outras espécies de ação penal. Ação civil ex delicto......................................21

4
COMPETÊNCIA........................................................ 25
MÓDULO 1................................................................................... 25
1. Jurisdição. Competência absoluta e relativa. Espécies de competência........... 25
2. Competência em razão do lugar................................................................ 26
3. Competência em razão da matéria. Tribunal do Júri. Justiça Eleitoral.
Justiça Federal I..................................................................................... 26
4. Justiça Federal II.................................................................................... 27
5. Competência em razão da pessoa.............................................................. 29

MÓDULO 2.................................................................................. 30
1. Conexão e continência............................................................................. 30
2. Competência criminal da Justiça Militar.................................................... 30
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MÓDULO 3.................................................................................. 32
1. Jurisdição. Competência absoluta e relativa. Espécies de competência........... 32
2. Competência em razão do lugar................................................................ 32
3. Competência em razão da matéria. Tribunal do Júri. Justiça Eleitoral.
Justiça Federal I..................................................................................... 33
4. Justiça Federal II.................................................................................... 34
5. Competência em razão da pessoa.............................................................. 35
6. Conexão e continência............................................................................. 36
7. Competência criminal da Justiça Militar.................................................... 36

5
PROVA.................................................................... 38
MÓDULO 1................................................................................... 38
1. Teoria geral da prova............................................................................... 38
2. Prova pericial. Interrogatório................................................................... 39
3. Confissão. Perguntas ao ofendido. Prova testemunhal................................. 40
4. Reconhecimento. Acareação. Indícios. Prova documental..............................41

MÓDULO 2................................................................................... 41
1. Teoria dos frutos da árvore envenenada.......................................................41
2. Prova emprestada. Busca e apreensão....................................................... 42

MÓDULO 3.................................................................................. 43
1. Teoria geral da prova............................................................................... 43
2. Prova pericial. Interrogatório................................................................... 44
3. Confissão. Perguntas ao ofendido. Prova testemunhal................................. 46
4. Reconhecimento. Acareação. Indícios. Prova documental............................. 47
5. Teoria dos frutos da árvore envenenada...................................................... 48
6. Prova emprestada. Busca e apreensão....................................................... 48

6
EXCEÇÕES. SUJEITOS. ATOS..................................... 50
MÓDULO 1................................................................................... 50
1. Questões prejudiciais. Exceções................................................................ 50
2. Sujeitos processuais.................................................................................51
3. Atos processuais.................................................................................... 52

MÓDULO 2.................................................................................. 52
1. Atos judiciais......................................................................................... 52
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MÓDULO 3.................................................................................. 53
1. Questões prejudiciais. Exceções................................................................ 53
2. Sujeitos processuais................................................................................ 55
3. Atos processuais.................................................................................... 57
4. Atos judiciais......................................................................................... 58

7
PRISÃO E LIBERDADE...............................................61
MÓDULO 1....................................................................................61
1. Prisão em flagrante.................................................................................61
2. Prisão preventiva.................................................................................... 62
3. Prisão temporária................................................................................... 62
4. Liberdade provisória............................................................................... 63

MÓDULO 2.................................................................................. 64
1. Garantias do preso. Imunidades prisionais................................................. 64
2. Prisão especial. Prisão domiciliar. Medidas cautelares................................. 64

MÓDULO 3.................................................................................. 65
1. Prisão em flagrante................................................................................ 65
2. Prisão preventiva.................................................................................... 66
3. Prisão temporária................................................................................... 67
4. Liberdade provisória............................................................................... 68
5. Garantias do preso. Imunidades prisionais................................................. 69
6. Prisão especial. Prisão domiciliar. Medidas cautelares................................. 70

8
PROCEDIMENTOS.................................................... 72
MÓDULO 1................................................................................... 72
1. Procedimento comum ordinário................................................................ 72
2. Procedimento comum sumário e sumaríssimo............................................ 73
3. Procedimento especial do Tribunal do Júri................................................. 74
4. Outros procedimentos especiais................................................................ 75

MÓDULO 2.................................................................................. 76
1. Sentença. Emendatio e mutatio libelli....................................................... 76
2. Nulidades.............................................................................................. 77
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MÓDULO 3.................................................................................. 79
1. Procedimento comum ordinário................................................................ 79
2. Procedimento comum sumário e sumaríssimo............................................ 80
3. Procedimento especial do Tribunal do Júri................................................. 84
4. Outros procedimentos especiais................................................................ 86
5. Sentença. Emendatio e mutatio libelli....................................................... 89
6. Nulidades.............................................................................................. 90

9
RECURSOS.............................................................. 93
MÓDULO 1................................................................................... 93
1. Teoria geral dos recursos criminais............................................................ 93
2. Recurso em sentido estrito....................................................................... 94
3. Apelação. Embargos de declaração........................................................... 94
4. Embargos infringentes e de nulidade. Carta testemunhável.
Agravo em execução................................................................................ 95

MÓDULO 2.................................................................................. 96
1. Ações autônomas de impugnação............................................................. 96

MÓDULO 3.................................................................................. 97
1. Teoria geral dos recursos criminais............................................................ 97
2. Recurso em sentido estrito....................................................................... 98
3. Apelação. Embargos de declaração........................................................... 99
4. Embargos infringentes e de nulidade. Carta testemunhável.
Agravo em execução................................................................................101
5. Ações autônomas de impugnação.............................................................101

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INTRODUÇÃO AO
PROCESSO PENAL
MÓDULO 1
Você tem a
oportunidade 1. Sistemas processuais penais.
de escolher:
batalhar e
◼◼ Sistema inquisitivo ou inquisitório ou inquisitorial: os poderes de
persecução penal estão concentrados nas mãos da mesma autorida-

utilizar suas de. Não há contraditório e ampla defesa. O procedimento é escrito


e sigiloso.
derrotas e ◼◼ Sistema acusatório: os poderes de persecução penal estão descon-

lágrimas para
centrados, uma vez que há uma autoridade que acusada (membro do
MP) e outra que julga (Magistrado). Há contraditório e ampla defesa.

alcançar o O princípio da publicidade rege o processo. O juiz é imparcial. O sis-


tema de apreciação das provas é o do livre convencimento motivado
que realmente (persuasão racional).

almeja, ou
◼◼ Sistema misto ou acusatório-formal: a instrução preliminar é secreta
e escrita, presidida por uma autoridade com poderes inquisitivos; já
abater-se com as a fase judicial é caracterizada pelo contraditório e pela ampla defesa.

tempestades e
jogar a culpa do 2. Princípios I.
seu não agir em ◼◼ Igualdade processual (art. 5º, caput, CF): as partes devem ter a mes-

outra pessoa."
ma oportunidade no processo. É mitigado pelo princípio do favor rei.
◼◼ Ampla defesa (art. 5º, LV, CF): pressupõe a autodefesa (direito de
presença + direito de audiência) e a defesa técnica. A autodefesa é
Licínia Rossi disponível; a defesa técnica é indisponível. Dirige-se aos acusados
em geral.

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◼◼ Plena defesa (art. 5º, XXXVIII, a, CF): pressupõe no art. 5º, LXXVIII, CF (“a todos, no âmbito judi-
uma ampla defesa (invocação de teses técnico- cial e administrativo, são assegurados a razoável
-jurídicas) e também toda uma argumentação duração do processo e os meios que garantam a
extrajurídica. Dirige-se aos acusados no Tribunal celeridade de sua tramitação”). Está expresso no
do Júri. art. 62 da Lei 9.099/95.
◼◼ Prevalência do interesse do réu: também chamado ◼◼ Vedação do duplo processo pelo mesmo fato:
de in dubio pro reo e favor rei. Na dúvida entre apli- proíbe-se o bis in idem, ou seja, ninguém pode
car o direito de punir do Estado ou manter o status responder duas vezes pelo mesmo crime.
libertatis do réu, o último deve ser prevalecer. Está ◼◼ Busca da verdade real: no processo civil vale a ver-
previsto no art. 386, VI, CPP. dade formal (a verdade dos autos); já no proces-
so penal vale a verdade real (a verdade do mundo
real). É com base neste princípio que se justifica a
3. Princípios II. iniciativa probatória pelo juiz.
◼◼ Comunhão da prova: a prova não pertence à parte
◼◼ Contraditório (art. 5º, LV, CF): também chamado que a produziu, mas ao processo.
de princípio da bilateralidade da audiência. Diz ◼◼ Lealdade processual: processo deve tramitar com
respeito a fatos e provas. Devem ser respeitados base em meios processuais legais, proibindo-se
três direitos das partes: a) terem ciência de fatos e os meios ilícitos.
provas; b) manifestarem-se sobre fatos e provas;
c) influenciarem na decisão do juiz.
◼◼ Juiz natural (art. 5º, XXVII e LIII, CF): ninguém 5. Aplicação da lei processual penal no
será processado nem sentenciado senão pela au-
espaço e no tempo.
toridade competente, ou seja, proíbe-se juízo ou
tribunal de exceção. ◼◼ Lei processual penal no espaço (art. 1º do CPP):
◼◼ Promotor natural: veda-se o acusador de exceção. a aplicação da lei processual penal é orientada
O STF já decidiu que tem natureza infraconstitu- pelo princípio da territorialidade. Portanto, tem
cional (Pet 5951 AgR, j. 03/05/2016). aplicação a todos os processos em tramitação no
◼◼ Publicidade (art. 93, IX, CF): todos os julgamen- território nacional. Há exceções, como a incidên-
tos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos cia de tratados, convenções e regras de direito
e fundamentadas todas as decisões, sob pena de internacional.
nulidade. A lei só poderá restringir a publicidade ◼◼ Lei processual penal no tempo (art. 2º do CPP):
dos atos processuais quando a defesa da intimida- a lei processual penal tem aplicação imediata,
de ou o interesse social o exigirem (art. 5º, LX, CF). atingindo os processos que já estão em curso, ain-
◼◼ Vedação das provas ilícitas (art. 5º, LVI, CF): são da que torne mais gravosa a condição do réu.
inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos. De acordo com o art. 157 do CPP,
são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas
do processo, as provas ilícitas, assim entendidas MÓDULO 2
as obtidas em violação a normas constitucionais
ou legais.

1. Princípio da presunção de inocência


4. Princípios III. e execução provisória da pena.
◼◼ Economia processual: vem indiretamente previsto ◼◼ O princípio da presunção de inocência está previsto

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no art. 5º, LVII, da CF (“ninguém será considerado da existência dos requisitos para a prisão preventiva
culpado até o trânsito em julgado de sentença pe- previstos no artigo 312 do CPP – para a garantia da or-
nal condenatória”). dem pública e econômica, por conveniência da instru-
ção criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal.

STF, Pleno - ARE 964246 RG, j. 10/11/2016

“Em regime de repercussão geral, fica reafirmada 2. Princípio da não autoincriminação e


a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no
sentido de que a execução provisória de acórdão pe- provas descartadas.
nal condenatório proferido em grau recursal, ainda
que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não ◼◼ O princípio da não autoincriminação refere que
compromete o princípio constitucional da presunção ninguém está obrigado a produzir prova contra
de inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII, da si mesmo. É conhecido pela expressa latina nemo
Constituição Federal”. tenetur se detegere. Está previsto no Pacto de São
José da Costa Rica (art. 8º, item 2, g).
Notícias STF de 07/11/2019
◼◼ As provas descartadas são consideradas provas
Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal públicas para a jurisprudência.
(STF) decidiu que é constitucional a regra do Código
de Processo Penal (CPP) que prevê o esgotamento de
todas as possibilidades de recurso (trânsito em julgado STJ - HC 354068, j. 13/03/2018
da condenação) para o início do cumprimento da pena.
Nesta quinta-feira (7), a Corte concluiu o julgamento (...) 2. A Constituição Federal proclama em seu art. 5º,
das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADC) X, que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
43, 44 e 54, que foram julgadas procedentes. honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à
indenização pelo dano material ou moral decorrente de
Votaram a favor desse entendimento os minis- sua violação. 3. De outra parte, o direito do investiga-
tros Marco Aurélio (relator), Rosa Weber, Ricardo do ou do acusado de não produzir provas contra si foi
Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Dias positivado pela Constituição da República no rol pe-
Toffoli, presidente do STF. Para a corrente vencedo- trificado dos direitos e garantias individuais (art. 5.º,
ra, o artigo 283 do Código de Processo Penal (CPP), inciso LXIII). Nessa linha de raciocínio, o Constituinte
segundo o qual “ninguém poderá ser preso senão em originário, ao editar tal regra, "nada mais fez senão
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada consagrar, desta vez no âmbito do sistema normativo
da autoridade judiciária competente, em decorrência instaurado pela Carta da República de 1988, diretriz
de sentença condenatória transitada em julgado ou, no fundamental proclamada, desde 1791, pela Quinta
curso da investigação ou do processo, em virtude de Emenda [à Constituição dos Estados Unidos da
prisão temporária ou prisão preventiva”, está de acor- América], que compõe o "Bill of Rights" norte-ame-
do com o princípio da presunção de inocência, garan- ricano" (STF, HC 94.082-MC/RS, Rel. Min. CELSO
tia prevista no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição DE MELLO, DJ de 25/03/2008). 4. O princípio nemo
Federal. Ficaram vencidos os ministros Alexandre de tenetur se detegere, expressamente reconhecido tam-
Moraes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Luiz bém no Pacto de San José da Costa Rica - promulgado
Fux e Cármen Lúcia, que entendiam que a execução pelo Decreto n. 678, de 1992 -, art. 8º, 2, g, serve para
da pena após a condenação em segunda instância não neutralizar os arbítrios contra a dignidade da pessoa
viola o princípio da presunção de inocência. humana eventualmente perpetrados pela atividade
estatal de persecução penal. Protege os acusados ou
A decisão não veda a prisão antes do esgotamento dos
suspeitos de possíveis violências físicas e morais em-
recursos, mas estabelece a necessidade de que a situa-
pregadas pelo agente estatal na coação em cooperar
ção do réu seja individualizada, com a demonstração

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com a investigação criminal (REsp 1677380/RS, Rel. ◼◼ Plena defesa (art. 5º, XXXVIII, a, CF): “é reco-
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, nhecida a instituição do júri, com a organiza-
julgado em 10/10/2017, DJe 16/10/2017). 5. No caso, ção que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude
entretanto, não há que falar em violação à intimidade
de defesa”.
já que o investigado, no momento em que dispensou o
◼◼ Prevalência do interesse do réu (art. 386, VI, CPP):
copo e a colher de plástico por ele utilizados em uma re-
“O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na
feição, deixou de ter o controle sobre o que outrora lhe
parte dispositiva, desde que reconheça: (...) VI –
pertencia (saliva que estava em seu corpo). 6. Também
inexiste violação do direito à não autoincriminação, existirem circunstâncias que excluam o crime ou
pois, embora o investigado, no primeiro momento, te- isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º
nha se recusado a ceder o material genético para aná- do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se
lise, o exame do DNA foi realizado sem violência moral houver fundada dúvida sobre sua existência”.
ou física, utilizando-se de material descartado pelo ◼◼ Juiz natural (art. 5º da CF): “XXXVII - não have-
paciente, o que afasta o apontado constrangimento rá juízo ou tribunal de exceção”; “LIII - ninguém
ilegal. Precedentes. 7. Partes desintegradas do corpo será processado nem sentenciado senão pela au-
humano: não há, nesse caso, nenhum obstáculo para toridade competente”.
sua apreensão e verificação (ou análise ou exame). São ◼◼ Promotor natural: “(...) o próprio recurso extraor-
partes do corpo humano (vivo) que já não pertencem a
dinário seria manifestamente inadmissível, uma
ele. Logo, todas podem ser apreendidas e submetidas
vez que o Supremo Tribunal Federal assentou que
a exame normalmente, sem nenhum tipo de consenti-
a questão relativa à afronta ao princípio do pro-
mento do agente ou da vítima. O caso Roberta Jamile
(o delegado se valeu, para o exame do DNA, da sali- motor natural tem natureza infraconstitucional”
va dela que se achava nos cigarros fumados e jogados (STF, 2ª T., Pet 5951 AgR, j. 03/05/2016).
fora por ela) assim como o caso Glória Trevi (havia sus- ◼◼ Publicidade (art. 5º, LX, CF): “a lei só poderá res-
peita de que essa cantora mexicana, que ficou grávida, tringir a publicidade dos atos processuais quan-
tinha sido estuprada dentro do presídio; aguardou-se do a defesa da intimidade ou o interesse social
o nascimento do filho e o DNA foi feito utilizando-se a o exigirem”.
placenta desintegrada do corpo dela) são emblemáti- ◼◼ Vedação das provas ilícitas (art. 5º, LVI, CF): “são
cos: a prova foi colhida (obtida) em ambos os casos de inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
forma absolutamente lícita (legítima) (...)”. meios ilícitos”. Ademais, “São inadmissíveis, de-
vendo ser desentranhadas do processo, as provas
ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a
normas constitucionais ou legais” (art. 157 do CPP).
MÓDULO 3 ◼◼ Economia processual (art. 5º, LXXVIII, CF): “a to-
dos, no âmbito judicial e administrativo, são asse-
gurados a razoável duração do processo e os meios
que garantam a celeridade de sua tramitação”. No
1. Princípios processuais penais. JECrim: “O processo perante o Juizado Especial
orientar-se-á pelos critérios da oralidade, sim-
◼◼ Igualdade processual (art. 5º, caput, CF): “Todos plicidade, informalidade, economia processual
são iguais perante a lei ...”. e celeridade, objetivando, sempre que possível,
◼◼ Ampla defesa e contraditório (art. 5º, LV, CF): a reparação dos danos sofridos pela vítima e a
“aos litigantes, em processo judicial ou adminis- aplicação de pena não privativa de liberdade” (art.
trativo, e aos acusados em geral são assegurados o 62 da Lei 9.099/95).
contraditório e ampla defesa, com os meios e re- ◼◼ Vedação do duplo processo pelo mesmo fato:
cursos a ela inerentes”. “O acusado absolvido por sentença passada em

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julgado não poderá se submetido a novo processo


pelos mesmos fatos” (art. 8º, item 4, do Pacto de
São José da Costa Rica).
◼◼ Princípio da não autoincriminação: “direito de
não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a
declarar-se culpada” (art. 8º, item 2, g, do Pacto
de São José da Costa Rica).
◼◼ Princípio da presunção de inocência (art. 5º,
LVII, CF): “ninguém será considerado culpa-
do até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória”.

2. Aplicação da lei processual penal


no espaço.
◼◼ Art. 1º do CPP: “O processo penal reger-se-á, em
todo o território brasileiro, por este Código, res-
salvados: I - os tratados, as convenções e regras
de direito internacional; II - as prerrogativas
constitucionais do Presidente da República, dos
ministros de Estado, nos crimes conexos com os
do Presidente da República, e dos ministros do
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de res-
ponsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e
100); III - os processos da competência da Justiça
Militar; IV - os processos da competência do tri-
bunal especial (Constituição, art. 122, n. 17); V - os
processos por crimes de imprensa”.

3. Aplicação da lei processual penal


no tempo.
◼◼ Art. 2º do CPP: “A lei processual penal aplicar-
-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos
atos realizados sob a vigência da lei anterior”.

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INQUÉRITO
POLICIAL
MÓDULO 1
Nossa maior
fraqueza está 1. Conceito. Natureza jurídica. Finalidade.
em desistir. Valor probatório. Polícia Judiciária.
O caminho ◼◼ Conceito: é o conjunto de diligências realizadas pela Polícia Judiciária

mais certo de
para a apuração de uma infração penal e sua autoria, a fim de que o
titular da ação penal possa ingressar em juízo (Tourinho Filho).

vencer é tentar ◼◼ Natureza jurídica: é um procedimento de índole administrativa,


de caráter informativo, preparatório da ação penal.

mais uma vez." ◼◼ Finalidade: apurar a materialidade e a autoria da infração penal.


◼◼ Valor probatório: tem valor probatório relativo, já que deve ser
Thomas Edison confirmado por elementos de prova colhidos durante a instru-
ção processual.
◼◼ Polícia Judiciária: tem atuação repressiva e age, em regra, depois do
cometimento da infração penal, objetivando apurar a autoria e de-
monstrar a materialidade delitiva. No âmbito da União cabe à Polícia
Federal (art. 144, § 1º, IV, CF) e no âmbito dos Estados cabe às Polícias
Civis (art. 144, § 4º, CF).

2. Características do inquérito policial.


◼◼ Inquisitivo, inquisitório ou inquisitorial: não há contraditório ou
ampla defesa no inquérito policial.

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◼◼ Nulidades não contaminam a ação penal: even- ◼◼ Mediante requisição do Juiz ou do Ministério
tuais nulidades ocorridas no inquérito policial não Público (art. 5º, II, 1ª parte, CPP): requisição é or-
se transmitem para a ação penal. dem. Há entendimento no sentido de que o juiz
◼◼ Escrito (art. 9º do CPP): “Todas as peças do inqué- não deveria requisitar a instauração de inqué-
rito policial serão, num só processado, reduzidas a ritos policiais, sob pena de violação do princí-
escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pio acusatório.
pela autoridade”. No entanto, “Sempre que pos- ◼◼ Mediante requerimento do ofendido ou de quem
sível, o registro dos depoimentos do investigado, tiver qualidade para representá-lo (art. 5º, II, 2ª
indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos parte, CPP): o requerimento conterá sempre que
meios ou recursos de gravação magnética, este- possível: a) a narração do fato, com todas as cir-
notipia, digital ou técnica similar, inclusive au- cunstâncias; b) a individualização do indiciado ou
diovisual, destinada a obter maior fidelidade das seus sinais característicos e as razões de convic-
informações” (art. 405, § 1º, CPP). ção ou de presunção de ser ele o autor da infração,
◼◼ Sigiloso (art. 20 do CPP): “A autoridade assegu- ou os motivos de impossibilidade de o fazer; c) a
rará no inquérito o sigilo necessário à elucidação nomeação das testemunhas, com indicação de sua
do fato ou exigido pelo interesse da sociedade”. O profissão e residência.
sigilo não se estende ao juiz e nem ao Ministério ◼◼ Mediante notícia de terceiro (art. 5º, § 3º, CPP):
Público. Em relação ao advogado, deve-se obser- “Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento
var a Súmula Vinculante 14 do STF: “É direito do da existência de infração penal em que caiba ação
defensor, no interesse do representado, ter acesso pública poderá, verbalmente ou por escrito, co-
amplo aos elementos de prova que, já documen- municá-la à autoridade policial, e esta, verificada
tados em procedimento investigatório realizado a procedência das informações, mandará instau-
por órgão com competência de polícia judiciária, rar inquérito”.
digam respeito ao exercício do direito de defesa”. ◼◼ Representação (art. 5º, § 4º, CPP): “O inquérito,
◼◼ Oficialidade: a investigação é conduzida por um nos crimes em que a ação pública depender de re-
órgão oficial do Estado. presentação, não poderá sem ela ser iniciado”.
◼◼ Oficiosidade: diante da notícia de um crime de ◼◼ Ação penal privada (art. 5º, § 5º, CPP): “Nos cri-
ação penal pública incondicionada, o Delegado mes de ação privada, a autoridade policial somen-
de Polícia age de ofício. te poderá proceder a inquérito a requerimento de
◼◼ Autoritariedade: a investigação é presidida pela quem tenha qualidade para intentá-la”.
Autoridade Policial. ◼◼ Indeferimento (art. 5º, § 2º, CPP): “Do despacho
◼◼ Indisponibilidade (art. 17 do CPP): “A auto- que indeferir o requerimento de abertura de in-
ridade policial não poderá mandar arquivar autos quérito caberá recurso para o chefe de Polícia”.
de inquérito”.

Relatório final e indiciamento


3. Início do Inquérito policial. ◼◼ Relatório minucioso (art. 10, § 1º, CPP): “A auto-
Relatório final e indiciamento. ridade fará minucioso relatório do que tiver sido
Prazo para conclusão. apurado e enviará autos ao juiz competente”. O
indiciamento, privativo do delegado de polícia,
dar-se-á por ato fundamentado, mediante aná-
Início do inquérito policial lise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a
autoria, materialidade e suas circunstâncias (art.
◼◼ De ofício pelo Delegado de Polícia (art. 5º, I, CPP): 2º, § 6º, da Lei 12.830/13).
nos crimes de ação penal pública incondicionada.

13
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Prazo para conclusão ◼◼ O art. 4º, parágrafo único, do CPP consagra a pos-
sibilidade de inquéritos não policiais ou inquéri-
◼◼ 10 dias no caso de investigado preso e 30 dias tos extrapoliciais.
no caso de investigado solto (art. 10, caput, CPP). ◼◼ Inquéritos policiais militares: art. 8º do CPPM.
Quando o fato for de difícil elucidação, e o indi- ◼◼ Crimes praticados por juízes: art. 33, parágrafo
ciado estiver solto, a autoridade poderá requerer único, da LOMAN.
ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores di- ◼◼ Crimes praticados por membros do MP: art. 41,
ligências, que serão realizadas no prazo marcado parágrafo único, da LONMP.
pelo juiz (art. 10, § 3º, CPP). ◼◼ Inquéritos Parlamentares: art. 1º da Lei
◼◼ Lei de Drogas: 30 dias no caso de investigado pre- 10.001/2000 e Súmula 397 do STF.
so e 90 dias no caso de investigado solto (art. 51 ◼◼ Inquéritos civis: art. 8º, § 1º, Lei 7.347/85.
da Lei 11.343/06). Esses prazos podem ser dupli- ◼◼ Investigações realizadas pelo MP: Resolução
cados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, me- 181/2017 do CNMP (com redação dada pela
diante pedido justificado da autoridade de polí- Resolução 183/2018) e Súmula 234 do STJ.
cia judiciária.

2. Investigações criminais contra


4. Arquivamento. autoridades que têm foro especial
◼◼ O arquivamento se dá pelo Juiz, mediante pedido por prerrogativa de função.
do Ministério Público. O Delegado não pode arqui-
var autos de inquérito (art. 17 do CPP). ◼◼ O Plenário do STF já decidiu pela necessidade de
◼◼ Controle do arquivamento (art. 28 do CPP): “Se o autorização do Tribunal ao qual a autoridade de-
órgão do Ministério Público, ao invés de apresen- tentora do foro privilegiado está vinculada, seja
tar a denúncia, requerer o arquivamento do in- para a instauração do inquérito policial, seja para
quérito policial ou de quaisquer peças de informa- o próprio indiciamento. A propósito: “A Polícia
ção, o juiz, no caso de considerar improcedentes Federal não está autorizada a abrir de ofício in-
as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou quérito policial para apurar a conduta de parla-
peças de informação ao procurador-geral, e este mentares federais ou do próprio Presidente da
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do República (no caso do STF). No exercício de com-
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no petência penal originária do STF (CF, art. 102, I,
pedido de arquivamento, ao qual só então estará o "b" c/c Lei nº 8.038/1990, art. 2º e RI/STF, arts.
juiz obrigado a atender”. 230 a 234), a atividade de supervisão judicial deve
◼◼ Desarquivamento: é possível, desde que surjam ser constitucionalmente desempenhada duran-
novas provas. Nesse sentido o art. 18 do CPP e a te toda a tramitação das investigações desde a
Súmula 524 do STF. abertura dos procedimentos investigatórios até o
eventual oferecimento, ou não, de denúncia pelo
dominus litis” (Pet 3825 QO, j. 10/10/2007).
◼◼ Mais recentemente, o Plenário do STF disse
MÓDULO 2 que a exigência de prévia autorização do Poder
Judiciário violaria o princípio acusatório:

1. Investigações presididas por


outras autoridades.

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STF, Pleno – ADI 5104 MC, j. 21/05/2014 do STF e do STJ. 2. Não há razão jurídica para condi-
cionar a investigação de autoridade com foro por prer-
(...) 2. A Constituição de 1988 fez uma opção inequí- rogativa de função a prévia autorização judicial, sendo
voca pelo sistema penal acusatório. Disso decorre uma certo que a garantia constitucional diz respeito tão so-
separação rígida entre, de um lado, as tarefas de in- mente ao processamento e ao julgamento de eventual
vestigar e acusar e, de outro, a função propriamente ação penal movida em desfavor de ocupante de cargo
jurisdicional. Além de preservar a imparcialidade do cujo status constitucional assegure privilégio de foro,
Judiciário, essa separação promove a paridade de de modo a evitar persecução criminal infundada. Por
armas entre acusação e defesa, em harmonia com os isso, não há que se falar em nulidade quando o pro-
princípios da isonomia e do devido processo legal. cedimento de investigação instaurado pelo Ministério
Precedentes. 3. Parâmetro de avaliação jurisdicional Público prossegue sem a chancela do Poder Judiciário,
dos atos normativos editados pelo TSE: ainda que o le- pois trata-se de procedimento pré-processual, não
gislador disponha de alguma margem de conformação acobertado pela garantia de foro especial.
do conteúdo concreto do princípio acusatório – e, nes-
sa atuação, possa instituir temperamentos pontuais à
versão pura do sistema, sobretudo em contextos espe-
cíficos como o processo eleitoral – essa mesma prer-
rogativa não é atribuída ao TSE, no exercício de sua MÓDULO 3
competência normativa atípica. 4. Forte plausibilida-
de na alegação de inconstitucionalidade do art. 8º, da
Resolução nº 23.396/2013. Ao condicionar a instau-
ração de inquérito policial eleitoral a uma autorização 1. Conceito. Natureza jurídica.
do Poder Judiciário, a Resolução questionada institui
modalidade de controle judicial prévio sobre a condu- Finalidade. Valor probatório.
ção das investigações, em aparente violação ao núcleo Polícia Judiciária.
essencial do princípio acusatório.
◼◼ Art. 4º, caput, CPP: “A polícia judiciária será exer-
cida pelas autoridades policiais no território de
◼◼ Esta última tem sido, também, a posição do STJ: suas respectivas circunscrições e terá por fim a
apuração das infrações penais e da sua autoria”.
◼◼ Art. 144, § 1º, CF: “A polícia federal, instituída por
STJ – RHC 79910, j. 26/03/2019 lei como órgão permanente, organizado e man-
tido pela União e estruturado em carreira, desti-
1. No que concerne às investigações relativas a pessoas na-se a: (...) IV - exercer, com exclusividade, as
com foro por prerrogativa de função, tem-se que, em-
funções de polícia judiciária da União”.
bora possuam a prerrogativa de serem processados pe-
◼◼ Art. 144, § 4º, CF: “Às polícias civis, dirigidas por
rante o tribunal, a lei não excepciona a forma como se
delegados de polícia de carreira, incumbem, res-
procederá à investigação, devendo ser aplicada, assim,
salvada a competência da União, as funções de
a regra geral trazida no art. 5º, inciso II, do Código
de Processo Penal, a qual não requer prévia autoriza- polícia judiciária e a apuração de infrações penais,
ção do Judiciário. "A prerrogativa de foro do autor do exceto as militares”.
fato delituoso é critério atinente, de modo exclusivo,
à determinação da competência jurisdicional origi-
nária do tribunal respectivo, quando do oferecimento 2. Características.
da denúncia ou, eventualmente, antes dela, se se fizer
necessária diligência sujeita à prévia autorização judi- ◼◼ Art. 9º do CPP: “Todas as peças do inquérito poli-
cial" (Pet 3825 QO, Relator p/ acórdão: Min. Gilmar cial serão, num só processado, reduzidas a escrito
Mendes, Pleno, julgado em 10/10/2007). Precedentes

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ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela ofendido ou de quem tiver qualidade para repre-
autoridade”. sentá-lo. § 1º O requerimento a que se refere o n.
◼◼ Art. 405, § 1º, CPP: “Sempre que possível, o re- II conterá sempre que possível: a) a narração do
gistro dos depoimentos do investigado, indiciado, fato, com todas as circunstâncias; b) a individua-
ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou lização do indiciado ou seus sinais característicos
recursos de gravação magnética, estenotipia, digi- e as razões de convicção ou de presunção de ser
tal ou técnica similar, inclusive audiovisual, des- ele o autor da infração, ou os motivos de impos-
tinada a obter maior fidelidade das informações”. sibilidade de o fazer; c) a nomeação das testemu-
◼◼ Art. 17: “A autoridade policial não poderá mandar nhas, com indicação de sua profissão e residência.
arquivar autos de inquérito”. § 2º Do despacho que indeferir o requerimento de
◼◼ Art. 20: “A autoridade assegurará no inquérito o abertura de inquérito caberá recurso para o chefe
sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido de Polícia. § 3º Qualquer pessoa do povo que ti-
pelo interesse da sociedade”. ver conhecimento da existência de infração penal
◼◼ Súmula Vinculante 14 do STF: “É direito do defen- em que caiba ação pública poderá, verbalmente
sor, no interesse do representado, ter acesso am- ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial,
plo aos elementos de prova que, já documentados e esta, verificada a procedência das informações,
em procedimento investigatório realizado por ór- mandará instaurar inquérito. § 4º O inquérito,
gão com competência de polícia judiciária, digam nos crimes em que a ação pública depender de re-
respeito ao exercício do direito de defesa”. presentação, não poderá sem ela ser iniciado. § 5º
◼◼ Art. 7º, XIV, Estatuto da OAB: “São direitos do Nos crimes de ação privada, a autoridade policial
advogado: (...) XIV - examinar, em qualquer ins- somente poderá proceder a inquérito a requeri-
tituição responsável por conduzir investigação, mento de quem tenha qualidade para intentá-la”.
mesmo sem procuração, autos de flagrante e de ◼◼ Art. 10 do CPP: “O inquérito deverá terminar no
investigações de qualquer natureza, findos ou em prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso
andamento, ainda que conclusos à autoridade,
em flagrante, ou estiver preso preventivamente,
podendo copiar peças e tomar apontamentos, em
contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia
meio físico ou digital”.
em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo
◼◼ Art. 2º, § 1º, Lei 12.830/13: “Ao delegado de po-
de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança
lícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a
ou sem ela. § 1º A autoridade fará minucioso rela-
condução da investigação criminal por meio de
tório do que tiver sido apurado e enviará autos ao
inquérito policial ou outro procedimento previs-
juiz competente. § 2º No relatório poderá a auto-
to em lei, que tem como objetivo a apuração das
ridade indicar testemunhas que não tiverem sido
circunstâncias, da materialidade e da autoria das
inquiridas, mencionando o lugar onde possam
infrações penais”.
ser encontradas. § 3º Quando o fato for de difícil
elucidação, e o indiciado estiver solto, a autorida-
de poderá requerer ao juiz a devolução dos autos,
3. Início do inquérito policial. para ulteriores diligências, que serão realizadas
Relatório final e indiciamento. no prazo marcado pelo juiz.
Praz para conclusão. ◼◼ Art. 51 da Lei de Drogas (Lei 11.343/06): “O in-
quérito policial será concluído no prazo de 30
◼◼ Art. 5º do CPP: “Nos crimes de ação pública o (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90
inquérito policial será iniciado: I - de ofício; (noventa) dias, quando solto. Parágrafo único. Os
II - mediante requisição da autoridade judiciária prazos a que se refere este artigo podem ser du-
ou do Ministério Público, ou a requerimento do plicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público,

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mediante pedido justificado da autoridade de po- poderá proceder a novas pesquisas, se de outras
lícia judiciária”. provas tiver notícia”.
◼◼ Art. 2º, § 6º, da Lei 12.830/13: “O indiciamento, ◼◼ Súmula 524 do STF: “Arquivado o inquérito poli-
privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato cial, por despacho do juiz, a requerimento do pro-
fundamentado, mediante análise técnico-jurídica motor de justiça, não pode a ação penal ser inicia-
do fato, que deverá indicar a autoria, materialida- da, sem novas provas”.
de e suas circunstâncias”. ◼◼ Art. 28 do CPP: “Se o órgão do Ministério Público,
ao invés de apresentar a denúncia, requerer o ar-
quivamento do inquérito policial ou de quaisquer
4. Arquivamento. peças de informação, o juiz, no caso de considerar
improcedentes as razões invocadas, fará remessa
◼◼ Art. 17 do CPP: “A autoridade policial não poderá do inquérito ou peças de informação ao procura-
mandar arquivar autos de inquérito”. dor-geral, e este oferecerá a denúncia, designará
◼◼ Art. 18 do CPP: “Depois de ordenado o arquiva- outro órgão do Ministério Público para oferecê-la,
mento do inquérito pela autoridade judiciária, por ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só
falta de base para a denúncia, a autoridade policial então estará o juiz obrigado a atender”.

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AÇÃO PENAL
MÓDULO 1

Nunca é tarde
1. Condições genéricas e específicas da ação penal.

para o que ◼◼ As condições genéricas da ação penal são:

nos amanhece."
a) possibilidade jurídica do pedido: é a possibilidade de o Estado conse-
guir a condenação do acusado. Para tanto, o fato narrado na denún-
cia ou na queixa tem que ser uma infração penal (fato típico, ilícito
Diogo Arrais e culpável);
b) interesse de agir: materializa-se no trinômio “necessidade, adequa-
ção e utilidade”. A necessidade é presumida no processo penal, já que
não se pode aplicar pena sem o devido processo penal. A adequação
pressupõe que o órgão acusatório se utilize do procedimento previsto
em lei. A utilidade significa que a ação penal deve ser útil à realização
da pretensão punitiva do Estado;
c) legitimidade de parte: trata-se da legitimidade para ser parte, legiti-
midade para a causa (ad causam). Não se pode confundir com a legi-
timidade ad processum (capacidade postulatória, legitimidade para o
processo);
d) justa causa: lastro probatório mínimo que reúne elementos de Direito
Penal (tipicidade, ilicitude e culpabilidade) e de Processo Penal (pro-
va da materialidade e indícios de autoria).

◼◼ A falta de uma ou mais condições da ação penal tem como conse-


quência a rejeição da denúncia ou da queixa (art. 395 do CPP).
◼◼ Condições específicas da ação penal:

a) representação do ofendido: deve ser exercida no prazo de seis me-


ses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime (art.
38 CPP).

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b) requisição do Ministro da Justiça: como não há ação penal privada), por desídia, demonstra de-
prazo específico previsto em lei, entende-se que sinteresse em prosseguir com a queixa. Está pre-
a requisição poderá ser oferecida até a prescrição vista no art. 60 do CPP.
do crime. ◼◼ Perdão: é a desistência da ação penal e pressupõe
bilateralidade, pois o que extingue a punibilidade
não é simplesmente o perdão do ofendido, mas o
2. Ação penal pública. perdão aceito. Pode ocorrer até o trânsito em jul-
gado da sentença condenatória (art. 106, § 2º, CP).
Ação penal privada.
◼◼ Ação penal pública:
4. Denúncia. Queixa.
→→ Espécies: a) incondicionada; b) condicionada à
representação da vítima; c) condicionada à re- ◼◼ Requisitos formais (art. 41 do CPP): “A denúncia
quisição do Ministro da Justiça. ou queixa conterá a exposição do fato crimino-
→→ Princípios: i) obrigatoriedade (na Lei 9.099/95 so, com todas as suas circunstâncias, a qualifi-
chama-se “discricionariedade regrada”); cação do acusado ou esclarecimentos pelos quais
ii) indisponibilidade; iii) divisibilidade. se possa identificá-lo, a classificação do crime e,
◼◼ Ação penal privada: quando necessário, o rol das testemunhas”.
◼◼ Denúncia: é a peça inaugural da ação penal, a ser
→→ Espécies: a) propriamente dita ou exclusiva-
oferecida pelo Ministério Público. A denúncia é
mente privada; b) personalíssima (somente
oferecida em 5 dias (preso) ou em 15 dias (sol-
o caso previsto no art. 236 do CP); subsidiária
to). Há prazos especiais, como o da Lei de Drogas
da pública.
(10 dias).
→→ Princípios: i) oportunidade ou conveniência;
◼◼ Queixa: é a peça inaugural da ação privada, a
ii) disponibilidade; iii) indivisibilidade.
ser oferecida pelo querelante (vítima). A quei-
xa é oferecida em 6 meses, contados do conhe-
cimento da autoria, ou do esgotamento do pra-
3. Decadência. Renúncia. zo para o oferecimento da denúncia (no caso de
Perempção. Perdão. queixa subsidiária).

◼◼ São causas extintivas da punibilidade (art. 107


do CP).
◼◼ Decadência: é a perda do direito de agir, pelo de- MÓDULO 2
curso do prazo previsto em lei. Atinge tanto a ação
penal pública condicionada à representação do
ofendido quanto a ação penal privada. Nos termos
do art. 38 do CPP, deve ser oferecida no prazo de 6 1. Outras espécies de ação penal.
meses, contados do conhecimento da autoria. Ação civil ex delicto.
◼◼ Renúncia: ocorre quando a vítima se recusa a
tomar providências contra o autor do crime. ◼◼ Crimes contra a honra (art. 145 do CP): como re-
Opera-se em uma fase pré-processual (até o ofe- gra, a ação penal é privada. Há exceção no caso
recimento da ação penal). A renúncia feita para de injúria real com violência (ação penal pública
um agente, necessariamente beneficiará os de- incondicionada), quando a vítima é Presidente da
mais (art. 49 do CPP). Pode ser expressa ou tácita. República ou chefe de governo estrangeiro (ação
◼◼ Perempção: ocorre quando o querelante (autor da penal pública condicionada à representação do

19
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ofendido), no caso de injúria racial ou preconcei- conhecimento para ressarcimento do dano (art.
tuosa (ação penal pública condicionada à repre- 64 do CPP).
sentação do ofendido) e quando a vítima é funcio-
nário público e a ofensa ocorre em razão de suas
funções (para o CP: ação penal pública condicio-
nada à representação da vítima; para o STF: ação
MÓDULO 3
penal pública condicionada à representação da ví-
tima ou ação penal privada).

1. Condições genéricas e específicas da


Súmula 714 do STF ação penal.
É concorrente a legitimidade do ofendido,
mediante queixa, e do Ministério Público, ◼◼ Art. 395 do CPP: “A denúncia ou queixa será rejei-
condicionada à representação do tada quando: I - for manifestamente inepta; II -
ofendido, para a ação penal por crime faltar pressuposto processual ou condição para o
contra a honra de servidor público em exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa
razão do exercício de suas funções. para o exercício da ação penal”.
◼◼ Art. 24 do CPP: “Nos crimes de ação pública,
◼◼ Crimes sexuais: de acordo com o art. 225 do Código esta será promovida por denúncia do Ministério
Penal (redação dada pela Lei 13.718/2018), a ação Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de
penal é pública incondicionada. requisição do Ministro da Justiça, ou de represen-
◼◼ Lesão corporal dolosa leve e lesão corporal culpo- tação do ofendido ou de quem tiver qualidade para
sa: ação penal pública condicionada à representa- representá-lo. § 1º No caso de morte do ofendido
ção da vítima (art. 88 da Lei 9.099/95). ou quando declarado ausente por decisão judi-
◼◼ Lesão corporal na Lei Maria da Penha: ação penal cial, o direito de representação passará ao cônju-
pública incondicionada, conforme a Súmula 542 ge, ascendente, descendente ou irmão. § 2º Seja
do STJ. qual for o crime, quando praticado em detrimen-
to do patrimônio ou interesse da União, Estado e
Município, a ação penal será pública”.
Súmula 542 do STJ
◼◼ Art. 25 do CPP: “A representação será irretratável,
A ação penal relativa ao crime de lesão
depois de oferecida a denúncia”.
corporal resultante de violência doméstica
◼◼ Art. 38 do CPP: “Salvo disposição em contrário, o
contra a mulher é pública incondicionada.
ofendido, ou seu representante legal, decairá no
direito de queixa ou de representação, se não o
◼◼ Lesão corporal culposa no âmbito da direção de exercer dentro do prazo de seis meses, contado do
veículo automotor (art. 303 do CTB): como regra, dia em que vier a saber quem é o autor do crime,
exige a representação da vítima, nos termos do ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o
art. 88 da Lei 9.099/95. No entanto, a ação será prazo para o oferecimento da denúncia. Parágrafo
pública incondicionada nas três hipóteses do art. único. Verificar-se-á a decadência do direito de
291, § 1º, CTB. queixa ou representação, dentro do mesmo prazo,
◼◼ Ação civil ex delicto: é a ação ajuizada pela víti- nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31”.
ma, na esfera cível, para obtenção de indeniza- ◼◼ Art. 39 do CPP: “O direito de representação pode-
ção em face do dano causado pelo crime. Envolve rá ser exercido, pessoalmente ou por procurador
tanto a execução de sentença condenatória no com poderes especiais, mediante declaração, es-
juízo cível (art. 63 do CPP), como a ação civil de crita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério

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Público, ou à autoridade policial. § 1º A represen- representante legal do menor que houver com-
tação feita oralmente ou por escrito, sem assina- pletado 18 (dezoito) anos não privará este do di-
tura devidamente autenticada do ofendido, de seu reito de queixa, nem a renúncia do último excluirá
representante legal ou procurador, será reduzi- o direito do primeiro”.
da a termo, perante o juiz ou autoridade policial, ◼◼ Art. 51 do CPP: “O perdão concedido a um dos que-
presente o órgão do Ministério Público, quando relados aproveitará a todos, sem que produza, to-
a este houver sido dirigida. § 2º A representação davia, efeito em relação ao que o recusar”.
conterá todas as informações que possam ser- ◼◼ Art. 52 do CPP: “Se o querelante for menor de 21
vir à apuração do fato e da autoria. § 3º Oferecida e maior de 18 anos, o direito de perdão poderá ser
ou reduzida a termo a representação, a autorida- exercido por ele ou por seu representante legal,
de policial procederá a inquérito, ou, não sendo mas o perdão concedido por um, havendo oposi-
competente, remetê-lo-á à autoridade que o for. ção do outro, não produzirá efeito”.
§ 4º A representação, quando feita ao juiz ou pe- ◼◼ Art. 53 do CPP: “Se o querelado for mentalmente
rante este reduzida a termo, será remetida à auto- enfermo ou retardado mental e não tiver repre-
ridade policial para que esta proceda a inquérito. sentante legal, ou colidirem os interesses deste
§ 5º O órgão do Ministério Público dispensará o com os do querelado, a aceitação do perdão caberá
inquérito, se com a representação forem ofereci- ao curador que o juiz lhe nomear”.
dos elementos que o habilitem a promover a ação ◼◼ “Art. 54 do CPP: “Se o querelado for menor de 21
penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo anos, observar-se-á, quanto à aceitação do per-
de quinze dias”. dão, o disposto no art. 52“.

2. Ação penal pública. 3. Decadência. Renúncia.


Ação penal privada. Perempção. Perdão.
◼◼ Art. 42 do CPP: “O Ministério Público não poderá ◼◼ Art. 107 do CP: “Extingue-se a punibilidade: I -
desistir da ação penal”. pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou
◼◼ Art. 47 do CPP: “Se o Ministério Público julgar ne- indulto; III - pela retroatividade de lei que não
cessários maiores esclarecimentos e documentos mais considera o fato como criminoso; IV - pela
complementares ou novos elementos de convic- prescrição, decadência ou perempção; V - pela re-
ção, deverá requisitá-los, diretamente, de quais- núncia do direito de queixa ou pelo perdão acei-
quer autoridades ou funcionários que devam ou to, nos crimes de ação privada; VI - pela retra-
possam fornecê-los”. tação do agente, nos casos em que a lei a admite;
◼◼ Art. 48 do CPP: “A queixa contra qualquer dos VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005); VIII -
autores do crime obrigará ao processo de to- (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005); IX - pelo
dos, e o Ministério Público velará pela sua perdão judicial, nos casos previstos em lei”.
indivisibilidade”. ◼◼ Art. 103 do CP: “Salvo disposição expressa em
◼◼ Art. 49 do CPP: “A renúncia ao exercício do direito contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou
de queixa, em relação a um dos autores do crime, de representação se não o exerce dentro do pra-
a todos se estenderá”. zo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a
◼◼ Art. 50 do CPP: “A renúncia expressa consta- saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º
rá de declaração assinada pelo ofendido, por do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o
seu representante legal ou procurador com po- prazo para oferecimento da denúncia”.
deres especiais. Parágrafo único. A renúncia do ◼◼ Art. 104 do CP: “O direito de queixa não pode ser

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exercido quando renunciado expressa ou tacita- ◼◼ Art. 60 do CPP: “Nos casos em que somente se
mente. Parágrafo único - Importa renúncia tácita procede mediante queixa, considerar-se-á pe-
ao direito de queixa a prática de ato incompatível rempta a ação penal: I - quando, iniciada esta,
com a vontade de exercê-lo; não a implica, toda- o querelante deixar de promover o andamento do
via, o fato de receber o ofendido a indenização do processo durante 30 dias seguidos; II - quando,
dano causado pelo crime”. falecendo o querelante, ou sobrevindo sua inca-
◼◼ Art. 74 da Lei 9.099/95: “A composição dos danos pacidade, não comparecer em juízo, para prosse-
civis será reduzida a escrito e, homologada pelo guir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta)
Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo,
de título a ser executado no juízo civil compe- ressalvado o disposto no art. 36; III - quando o
tente. Parágrafo único. Tratando-se de ação pe- querelante deixar de comparecer, sem motivo
nal de iniciativa privada ou de ação penal pública justificado, a qualquer ato do processo a que deva
condicionada à representação, o acordo homo- estar presente, ou deixar de formular o pedido de
logado acarreta a renúncia ao direito de queixa condenação nas alegações finais; IV - quando,
ou representação”. sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extin-
◼◼ Art. 105 do CP: “O perdão do ofendido, nos cri- guir sem deixar sucessor”.
mes em que somente se procede mediante queixa,
obsta ao prosseguimento da ação”.
◼◼ Art. 106 do CP: “O perdão, no processo ou fora dele, 4. Denúncia. Queixa.
expresso ou tácito: I - se concedido a qualquer dos
querelados, a todos aproveita; II - se concedido ◼◼ Art. 41 do CPP: “A denúncia ou queixa conterá a
por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos exposição do fato criminoso, com todas as suas
outros; III - se o querelado o recusa, não produz circunstâncias, a qualificação do acusado ou es-
efeito. § 1º Perdão tácito é o que resulta da prática clarecimentos pelos quais se possa identificá-lo,
de ato incompatível com a vontade de prosseguir a classificação do crime e, quando necessário,
na ação. § 2º Não é admissível o perdão depois que o rol das testemunhas”.
passa em julgado a sentença condenatória. ◼◼ Art. 29 do CPP: “Será admitida ação privada nos
◼◼ Art. 55 do CPP: “O perdão poderá ser aceito por crimes de ação pública, se esta não for intentada
procurador com poderes especiais”. no prazo legal, cabendo ao Ministério Público adi-
◼◼ “Art. 56 do CPP: “Aplicar-se-á ao perdão extra- tar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia subs-
processual expresso o disposto no art. 50”. titutiva, intervir em todos os termos do processo,
◼◼ Art. 57 do CPP: “A renúncia tácita e o perdão tácito fornecer elementos de prova, interpor recurso e,
admitirão todos os meios de prova”. a todo tempo, no caso de negligência do querelan-
◼◼ Art. 58 do CPP: “Concedido o perdão, mediante te, retomar a ação como parte principal”.
declaração expressa nos autos, o querelado será ◼◼ Art. 5º, LIX, CF: “será admitida ação privada nos
intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, crimes de ação pública, se esta não for intentada
devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de no prazo legal”.
que o seu silêncio importará aceitação. Parágrafo ◼◼ Art. 30 do CPP: “Ao ofendido ou a quem tenha
único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a qualidade para representá-lo caberá intentar a
punibilidade”. ação privada”.
◼◼ Art. 59 do CPP: “A aceitação do perdão fora do ◼◼ Art. 31 do CPP: “No caso de morte do ofendido ou
processo constará de declaração assinada pelo quando declarado ausente por decisão judicial, o di-
querelado, por seu representante legal ou procu- reito de oferecer queixa ou prosseguir na ação pas-
rador com poderes especiais”. sará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão”.

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◼◼ Art. 32 do CPP: “Nos crimes de ação privada, o do instrumento do mandato o nome do quere-
juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua lante e a menção do fato criminoso, salvo quando
pobreza, nomeará advogado para promover a ação tais esclarecimentos dependerem de diligências
penal. § 1º Considerar-se-á pobre a pessoa que que devem ser previamente requeridas no juí-
não puder prover às despesas do processo, sem zo criminal”.
privar-se dos recursos indispensáveis ao próprio ◼◼ Art. 45 do CPP: “A queixa, ainda quando a ação pe-
sustento ou da família. § 2º Será prova suficien- nal for privativa do ofendido, poderá ser aditada
te de pobreza o atestado da autoridade policial em pelo Ministério Público, a quem caberá intervir
cuja circunscrição residir o ofendido”. em todos os termos subsequentes do processo”.
◼◼ Art. 33 do CPP: “Se o ofendido for menor de 18 ◼◼ Art. 46 do CPP: “O prazo para oferecimento da de-
anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado núncia, estando o réu preso, será de 5 dias, con-
mental, e não tiver representante legal, ou coli- tado da data em que o órgão do Ministério Público
direm os interesses deste com os daquele, o direi- receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias,
to de queixa poderá ser exercido por curador es- se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso,
pecial, nomeado, de ofício ou a requerimento do se houver devolução do inquérito à autoridade po-
Ministério Público, pelo juiz competente para o licial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que
processo penal”. o órgão do Ministério Público receber novamente
◼◼ Art. 34 do CPP: “Se o ofendido for menor de 21 e os autos. § 1º Quando o Ministério Público dis-
maior de 18 anos, o direito de queixa poderá ser pensar o inquérito policial, o prazo para o ofere-
exercido por ele ou por seu representante legal”. cimento da denúncia contar-se-á da data em que
◼◼ Art. 36 do CPP: “Se comparecer mais de uma pes- tiver recebido as peças de informações ou a repre-
soa com direito de queixa, terá preferência o côn- sentação. § 2º O prazo para o aditamento da queixa
juge, e, em seguida, o parente mais próximo na será de 3 dias, contado da data em que o órgão do
ordem de enumeração constante do art. 31, po- Ministério Público receber os autos, e, se este não
dendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á
ação, caso o querelante desista da instância ou que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos
a abandone”. demais termos do processo”.
◼◼ Art. 37 do CPP: “As fundações, associações ou so-
ciedades legalmente constituídas poderão exercer
a ação penal, devendo ser representadas por quem
os respectivos contratos ou estatutos designa-
5. Outras espécies de ação penal.
rem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou Ação civil ex delicto.
sócios-gerentes”.
◼◼ Art. 38 do CPP: “Salvo disposição em contrário, ◼◼ Art. 63 do CPP: “Transitada em julgado a sentença
o ofendido, ou seu representante legal, decairá condenatória, poderão promover-lhe a execução,
no direito de queixa ou de representação, se não o no juízo cível, para o efeito da reparação do dano,
exercer dentro do prazo de seis meses, contado do o ofendido, seu representante legal ou seus her-
dia em que vier a saber quem é o autor do crime, deiros. Parágrafo único. Transitada em julgado
ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o a sentença condenatória, a execução poderá ser
prazo para o oferecimento da denúncia. Parágrafo efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso
único. Verificar-se-á a decadência do direito de IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuí-
queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, zo da liquidação para a apuração do dano efetiva-
nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31”. mente sofrido”.
◼◼ Art. 44 do CPP: “A queixa poderá ser dada por pro- ◼◼ Art. 64 do CPP: “Sem prejuízo do disposto no ar-
curador com poderes especiais, devendo constar tigo anterior, a ação para ressarcimento do dano

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poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do art.
do crime e, se for caso, contra o responsável civil. 140 deste Código”.
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ◼◼ Súmula 714 do STF: “É concorrente a legitimida-
ação civil poderá suspender o curso desta, até o de do ofendido, mediante queixa, e do Ministério
julgamento definitivo daquela”. Público, condicionada à representação do ofen-
◼◼ Art. 65 do CPP: “Faz coisa julgada no cível a sen- dido, para a ação penal por crime contra a hon-
tença penal que reconhecer ter sido o ato pratica- ra de servidor público em razão do exercício de
do em estado de necessidade, em legítima defe- suas funções”.
sa, em estrito cumprimento de dever legal ou no ◼◼ Crimes contra a dignidade sexual (art. 225 do CP):
exercício regular de direito”. “Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste
◼◼ Art. 66 do CPP: “Não obstante a sentença abso- Título, procede-se mediante ação penal públi-
lutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser ca incondicionada”. (Redação dada pela Lei nº
proposta quando não tiver sido, categoricamente, 13.718, de 2018)
reconhecida a inexistência material do fato”. ◼◼ Art. 88 da Lei 9.099/95: “Além das hipóteses do
◼◼ Art. 67 do CPP: “Não impedirão igualmente a pro- Código Penal e da legislação especial, dependerá
positura da ação civil: I - o despacho de arquiva- de representação a ação penal relativa aos crimes
mento do inquérito ou das peças de informação; de lesões corporais leves e lesões culposas”.
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade; ◼◼ Art. 291, §§ 1º e 2º, CTB: “§ 1º Aplica-se aos cri-
III - a sentença absolutória que decidir que o fato mes de trânsito de lesão corporal culposa o dis-
imputado não constitui crime”. posto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26
◼◼ Art. 68 do CPP: “Quando o titular do direito à re- de setembro de 1995, exceto se o agente estiver:
paração do dano for pobre (art. 32, §§ 1º e 2º), I - sob a influência de álcool ou qualquer outra
a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a substância psicoativa que determine dependên-
ação civil (art. 64) será promovida, a seu requeri- cia; II - participando, em via pública, de corrida,
mento, pelo Ministério Público”. disputa ou competição automobilística, de exibi-
◼◼ Crimes contra a honra (art. 145 do CP): “Nos cri- ção ou demonstração de perícia em manobra de
mes previstos neste Capítulo somente se pro- veículo automotor, não autorizada pela autori-
cede mediante queixa, salvo quando, no caso do dade competente; III - transitando em velocida-
art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. de superior à máxima permitida para a via em 50
Parágrafo único. Procede-se mediante requi- km/h (cinquenta quilômetros por hora). § 2º Nas
sição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I hipóteses previstas no § 1º deste artigo, deverá ser
do caput do art. 141 deste Código, e mediante re- instaurado inquérito policial para a investigação
presentação do ofendido, no caso do inciso II do da infração penal”.

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COMPETÊNCIA
MÓDULO 1

Aprendi que a
1. Jurisdição. Competência absoluta e relativa.
Espécies de competência.
coragem não
é a ausência
◼◼ Jurisdição: é o poder soberano do Estado de dizer o direito no caso
concreto, resolvendo conflitos, em substituição à vontade das partes.

de medo, mas
o triunfo sobre Jurisdição
Juris + dictio

ele. O homem (dizer o direito)

corajoso não
é aquele que
◼◼ Características da jurisdição: a) substitutividade; b) inércia; c) exis-
tência de lide; d) imutabilidade.

não sente
◼◼ Princípios da jurisdição: a) investidura; b) indeclinabilidade;
c) irrecusabilidade; d) improrrogabilidade; e) indelegabilidade;

medo, mas f) inafastabilidade.


◼◼ Competência: é o limite da jurisdição, ou seja, o espaço dentro do
o que vence qual o poder jurisdicional pode ser exercido.
◼◼ Espécies de competência: a) em razão do lugar (relativa); b) em razão
esse medo." da matéria (absoluta); c) em razão da pessoa (absoluta).

Nelson Mandela COMPETÊNCIA ABSOLUTA COMPETÊNCIA RELATIVA

Interesse público Interesse preponderante das partes

Não se modifica e nem se prorroga Modifica-se e prorroga-se

Se descumprida, gera nulidade absoluta Se descumprida, gera nulidade relativa

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2. Competência em razão do lugar. ◼◼ Critério subsidiário (art. 72 do CPP): não sendo


conhecido o lugar da infração, a competência será
◼◼ Trata-se da competência territorial. É uma com- regulada pelo domicílio ou residência do réu.
petência relativa. ◼◼ Eleição de foro em caso de ação privada (art. 73 do
◼◼ Regra (art. 70 do CPP): é fixada no lugar da consu- CPP): nos casos de exclusiva ação privada, o que-
mação do crime. relante poderá preferir o foro de domicílio ou da
◼◼ Crimes materiais: consumam-se no lugar da pro- residência do réu, ainda quando conhecido o lugar
dução do resultado. da infração.
◼◼ Crimes formais: consumam-se no lugar da ativi- ◼◼ Crimes em espécie:
dade (ação ou omissão).
→→ Estelionato + cheque sem fundos: local da re-
◼◼ Algumas exceções: a) infrações de menor poten-
cusa (Súmulas 521 do STF e do 244 STJ)
cial ofensivo (art. 63 da Lei 9.099/95): consu-
→→ Estelionato + cheque falsificado: local da ob-
mam-se no lugar em que foi praticada a infra-
tenção da vantagem ilícita (Súmula 48 do STJ)
ção penal; b) crimes falimentares (art. 183 da Lei
→→ Contrabando e descaminho: juiz federal do lo-
11.101/05): consumam-se no lugar onde foi decre-
cal da apreensão dos bens (Súmula 151 do STJ)
tada a falência, concedida a recuperação judicial
→→ Uso de documento falso: entidade ou órgão
ou homologado o plano de recuperação extraju-
ao qual foi apresentado o documento público
dicial; c) crimes plurilocais (a conduta é pratica-
(Súmula 546 do STJ)
da em uma comarca e o resultado é produzido em
outra comarca, ambas dentro do mesmo país)
de homicídio. Algumas decisões do STJ são nes-
3. Competência em razão da matéria.
se sentido:
Tribunal do Júri. Justiça Eleitoral.
Justiça Federal I.
STJ – RHC 93253, j. 06/08/2019
◼◼ Trata-se da competência em razão da natu-
1. A regra geral prevista no art. 70 do CPP estabelece reza da infração. Divide-se em: a) competên-
que a competência para o julgamento do delito é de- cia do Tribunal do Júri; b) competência crimi-
terminada pelo lugar em que se consuma a infração e,
nal da Justiça Eleitoral; c) competência criminal
assim, como regra, a fixação da competência de foro
da Justiça Militar; e d) competência criminal da
ou territorial segue a teoria do resultado, sendo deter-
Justiça Federal. É uma competência absoluta.
minante o lugar da consumação da infração, ou do úl-
timo ato da execução, nas hipóteses de tentativa (CPP, ◼◼ Tribunal do Júri: julga crimes dolosos contra a
art. 72). 2. Em situações excepcionais, a jurisprudên- vida (CF, art. 5º, XXXVIII, d; CPP, art. 74, § 1º) e
cia desta Corte tem admitido a fixação da competência também crimes conexos (CPP, art. 78, I).
para o julgamento do delito no local onde tiveram iní-
cio os atos executórios, em nome da facilidade para a
Súmula 603 do STF
coleta de provas e para a instrução do processo, tendo
A competência para o processo e
em conta os princípios que atendem à finalidade maior
julgamento de latrocínio é do Juiz singular
do processo que é a busca da verdade real.
e não do Tribunal do Júri.

◼◼ Crimes continuados e permanentes (art. 71 ◼◼ Competência criminal da Justiça Eleitoral: de acor-


do CPP): a competência territorial é firmada do com o Código Eleitoral (art. 35, II), aos juízes
pela prevenção. eleitorais compete “processar e julgar os crimes
eleitorais e os comuns que lhe forem conexos”.

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Prevalece que, se o conexo for crime doloso contra IV do artigo 109 da Constituição Federal, razão
a vida, deverá ser julgado pelo Tribunal do Júri, e pela qual os crimes praticados em seu detrimento
não pela Justiça Eleitoral. são de competência da Justiça Estadual.
◼◼ Contravenções: são sempre de competência da
Justiça Estadual, ainda que praticadas em detri-
Plenário do STF reafirma competência da mento de bens, serviços ou interesse da União.
Justiça Eleitoral para julgar crimes comuns
conexos a delitos eleitorais – Notícias STF
Súmula 42 do STJ
de 14/03/2019
Compete à Justiça Comum Estadual
O Plenário do STF confirmou jurisprudência no sen- processar e julgar as causas cíveis em que
tido da competência da Justiça Eleitoral para proces- é parte sociedade de economia mista e os
sar e julgar crimes comuns que apresentam conexão crimes praticados em seu detrimento.
com crimes eleitorais. A Corte observou ainda que
cabe à Justiça especializada analisar, caso a caso, Súmula 38 do STJ
a existência de conexão de delitos comuns aos deli- Compete à Justiça Estadual comum,
tos eleitorais e, em não havendo, remeter os casos à
na vigência da Constituição de 1988,
Justiça competente.
o processo por contravenção penal, ainda
que praticada em detrimento de bens,
serviços ou interesse da União ou de
◼◼ Justiça Federal: é expressa e taxativa, pois o art. suas entidades.
109 da Constituição não pode ser ampliado.

Súmula 122 do STJ 4. Justiça Federal II.


Compete à Justiça Federal o processo e
julgamento unificado dos crimes conexos ◼◼ Art. 109 da CF: “Aos juízes federais compete pro-
de competência federal e estadual, não cessar e julgar: (...) V - os crimes previstos em tra-
se aplicando a regra do art. 78, II, "a", tado ou convenção internacional, quando, iniciada
do Código de Processo Penal. a execução no País, o resultado tenha ou devesse
ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
◼◼ Art. 109, IV, CF: “Aos juízes federais compete pro- V-A as causas relativas a direitos humanos a que
cessar e julgar: (...) IV - os crimes políticos e as in- se refere o § 5º deste artigo; VI - os crimes contra
frações penais praticadas em detrimento de bens, a organização do trabalho e, nos casos determina-
serviços ou interesse da União ou de suas entida- dos por lei, contra o sistema financeiro e a ordem
des autárquicas ou empresas públicas, excluídas econômico-financeira; (...) IX - os crimes come-
as contravenções e ressalvada a competência da tidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a
Justiça Militar e da Justiça Eleitoral”. competência da Justiça Militar; (...) XI - a disputa
◼◼ Crimes políticos: estão previstos na Lei 7.170/83. sobre direitos indígenas”.
◼◼ Exemplo de serviço da União: emissão da moeda ◼◼ Inciso V: há necessidade da previsão em tratado
(art. 164 da CF). ou convenção internacional e também da trans-
◼◼ Exemplo de interesse da União: art. 11 da Lei nacionalidade ou internacionalidade, ou seja, o
13.260/16 (terrorismo). crime começou no Brasil e terminou (ou iria ter-
◼◼ Sociedades de economia mista: não estão no inciso minar) no estrangeiro, ou vice-versa.

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STJ – RHC 85605, j. 26/09/2017 ◼◼ Inciso V-A: trata-se da federalização dos crimes
envolvendo direitos humanos. De acordo com o
1. A Justiça Federal é competente, conforme dis-
§ 5º do artigo 109 da Constituição Federal, “Nas
posição do inciso V do art. 109 da Constituição da
hipóteses de grave violação de direitos humanos,
República, quando se tratar de infrações previstas em
tratados ou convenções internacionais, como é caso o Procurador-Geral da República, com a finali-
do racismo, previsto na Convenção Internacional so- dade de assegurar o cumprimento de obrigações
bre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação decorrentes de tratados internacionais de direi-
Racial, da qual o Brasil é signatário, assim como nos tos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá
crimes de guarda de moeda falsa, de tráfico interna- suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça,
cional de entorpecentes, de tráfico de mulheres, de em qualquer fase do inquérito ou processo, in-
envio ilegal e tráfico de menores, de tortura, de por- cidente de deslocamento de competência para a
nografia infantil e pedofilia e corrupção ativa e trá- Justiça Federal”.
fico de influência nas transações comerciais interna-
cionais. 2. Deliberando sobre o tema, o Plenário do
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso
STJ – IDC 10, j. 28/11/2018
Extraordinário n. 628.624/MG, em sede de repercus-
são geral, assentou que a fixação da competência da 1. O Incidente de Deslocamento de Competência foi
Justiça Federal para o julgamento do delito do art. instituído pela Emenda Constitucional n. 45/2004,
241-A do Estatuto da Criança e do Adolescente (di- que inseriu um § 5º no art. 109 da Constituição
vulgação e publicação de conteúdo pedófilo-porno- Federal, atribuindo a esta Corte a competência para o
gráfico) pressupõe a possibilidade de identificação do seu julgamento. Na esteira do comando constitucio-
atributo da internacionalidade do resultado obtido ou nal, a Resolução STJ n. 6, de 16/02/2005, promoveu
que se pretendia obter. 3. Por sua vez, a constatação a inserção de tal incidente no rol dos feitos submeti-
da internacionalidade do delito demandaria apenas dos a este Tribunal Superior, sem contudo, à míngua
que a publicação do material pornográfico tivesse sido de norma legal que regulamente devidamente a pre-
feita em "ambiência virtual de sítios de amplo e fácil visão constitucional, dispor sobre regras que orien-
acesso a qualquer sujeito, em qualquer parte do pla- tem o modo como deve ele tramitar e ser processa-
neta, que esteja conectado à internet" e que "o ma- do. 2. A jurisprudência consagrou três pressupostos
terial pornográfico envolvendo crianças ou adolescen- principais que devem ser atendidos simultaneamente
tes tenha estado acessível por alguém no estrangeiro, para o acolhimento do Incidente de Deslocamento de
ainda que não haja evidências de que esse acesso re- Competência: (i) a constatação de grave violação efe-
almente ocorreu" (RE 628.624 ... Tribunal Pleno .... tiva e real de direitos humanos; (ii) a possibilidade de
29/10/2015). 4. Hipótese na qual não há imputação de responsabilização internacional, decorrente do des-
que o conteúdo pornográfico tenha sido divulgado em cumprimento de obrigações assumidas em tratados
sítios virtuais de amplo e fácil acesso, na internet, uma internacionais; e (iii) a evidência de que os órgãos do
vez que as mensagens teriam sido trocadas por meio sistema estadual não mostram condições de seguir no
dos aplicativos whatsapp e skype, aplicativos em que a desempenho da função de apuração, processamento e
comunicação se dá entre destinatários escolhidos pelo julgamento do caso com a devida isenção.
emissor da mensagem. Trata-se de troca de informa-
ção privada que não está acessível a qualquer pessoa.
5. Desse modo, não tendo sido preenchido o requisito
estabelecido pela Corte Suprema de que a postagem ◼◼ Inciso VI: os crimes contra a organização do tra-
de conteúdo pedófilo-pornográfico tenha sido feita balho estão dispostos nos arts. 197 a 207 do Código
em cenário propício ao livre acesso, não se sustenta a Penal. De acordo com o STJ, a competência para
alegação de incompetência da Justiça estadual para o julgá-los será da Justiça Federal somente “quan-
julgamento do caso. do o interesse em questão afetar órgãos coletivos
do trabalho ou a organização geral do trabalho”

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(3ª Seção, CC 137045, j. 24/02/2016). O Plenário do para processar e julgar "os crimes cometidos a bor-
STF entendeu que o crime de redução a condição do de navios ou aeronaves, ressalvada a competência
análoga à de escravo (art. 149 do CP) é de compe- da Justiça Militar". 2. Em razão da imprecisão do
termo "navio" utilizado no referido dispositivo cons-
tência da Justiça Federal.
titucional, a doutrina e a jurisprudência construíram
o entendimento de que "navio" seria embarcação de
grande porte o que, evidentemente, excluiria a com-
STF – RE 459510, j. 26/11/2015 petência para processar e julgar crimes cometidos a
bordo de outros tipos de embarcações, isto é, aqueles
1. O bem jurídico objeto de tutela pelo art. 149 do Código
que não tivessem tamanho e autonomia consideráveis
Penal vai além da liberdade individual, já que a prática
que pudessem ser deslocados para águas internacio-
da conduta em questão acaba por vilipendiar outros
nais. 3. Restringindo-se ainda mais o alcance do ter-
bens jurídicos protegidos constitucionalmente como a
mo "navio", previsto no art. 109, IX, da Constituição,
dignidade da pessoa humana, os direitos trabalhistas
a interpretação que se dá ao referido dispositivo deve
e previdenciários, indistintamente considerados. (...)
agregar outro aspecto, a saber, que ela se encontre em
4. A conjugação harmoniosa dessas circunstâncias se
situação de deslocamento internacional ou em situa-
mostra hábil para atrair para a competência da Justiça
ção de potencial deslocamento.
Federal (CF, art. 109, inciso VI) o processamento e o
julgamento do feito”.

◼◼ Já os crimes praticados a bordo de aeronave são


sempre de competência da Justiça Federal, inde-
◼◼ Crimes contra o sistema financeiro nacional: es-
pendentemente do tamanho ou da capacidade, in-
tão previstos na Lei 7.492/86, que, no seu art.
clusive quando o avião está no solo.
26, dispõe: “A ação penal, nos crimes previstos
◼◼ Inciso XI - a disputa sobre direitos indígenas:
nesta lei, será promovida pelo Ministério Público
há direitos indígenas relacionados no art. 231 da
Federal, perante a Justiça Federal”.
Constituição Federal. Atenção: crimes cometidos
◼◼ Lavagem de Dinheiro: em regra, os crimes de la-
contra índios ou por índios são, em regra, de com-
vagem de dinheiro são de competência da Justiça
petência da Justiça Estadual (Súmula 140 do STJ).
Estadual. As exceções estão no inciso III do artigo
2º da Lei 9.613/98, o qual refere que os delitos de
lavagem “são da competência da Justiça Federal: Súmula 140 do STJ
a) quando praticados contra o sistema financeiro Compete à Justiça Comum Estadual
e a ordem econômico-financeira, ou em detri- processar e julgar crime em que o
mento de bens, serviços ou interesses da União, indígena figure como autor ou vítima.
ou de suas entidades autárquicas ou empresas pú-
blicas; b) quando a infração penal antecedente for
de competência da Justiça Federal”.
◼◼ Inciso IX: o termo navio, para a jurisprudência do
5. Competência em razão da pessoa.
STJ, caracteriza a embarcação de grande porte,
◼◼ Trata-se do foro especial por prerrogativa de fun-
que esteja em situação de deslocamento, ou de po-
ção, ou simplesmente foro privilegiado. É uma
tencial deslocamento, para águas internacionais.
competência absoluta.
◼◼ Diante da relevância das funções desempenhadas
por certos agentes públicos, a Constituição Federal,
STJ – CC 118503, j. 22/04/2015 as Constituições Estaduais e a legislação infracons-
1. A Constituição Federal, em seu art. 109, IX, expres- titucional lhes conferem o direito de serem julga-
samente aponta a competência da Justiça Federal dos pelos Tribunais aos quais estão vinculados.

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◼◼ A competência privilegia o cargo, razão pela qual de foro na mesma investigação criminal, orienta a
é irrenunciável. atual jurisprudência desta Suprema Corte no sentido
◼◼ Foi cancelada a Súmula 394 do STF: “Cometido o de proceder ao desmembramento como regra, com a
ressalva do coinvestigado relativamente ao qual imbri-
crime durante o exercício funcional, prevalece a
cadas a tal ponto as condutas que inviabilizada a cisão.
competência especial por prerrogativa de função,
ainda que o inquérito ou a ação penal sejam ini-
ciados após a cessação daquele exercício”.
◼◼ De acordo com a Constituição Federal, no caso de ◼◼ Competência constitucional dos Tribunais:
crimes dolosos contra a vida, a competência em →→ STF: art. 102, I, b e c, CF
razão da pessoa (foro privilegiado) prevalece so- →→ STJ: art. 105, I, a , CF
bre a competência em razão da matéria (Tribunal →→ TRF: art. 108, I, a, CF
do Júri). No entanto, se o foro especial estiver es- →→ TJ: art. 96, III, CF
tabelecido somente na Constituição Estadual, →→ Prefeitos: art. 29, X, CF (com a ressalva da
deverá prevalecer o Tribunal do Júri (Súmula 721 Súmula 702 do STF)
do STF).

Súmula 702 do STF


Súmula 721 do STF A competência do Tribunal de Justiça para
A competência constitucional do julgar prefeitos restringe-se aos crimes de
Tribunal do Júri prevalece sobre competência da Justiça comum estadual;
o foro por prerrogativa de função nos demais casos, a competência
estabelecido exclusivamente pela originária caberá ao respectivo tribunal de
Constituição estadual. segundo grau.

◼◼ No caso de concurso de pessoas, em que apenas

MÓDULO 2
um dos agentes possui foro privilegiado, impor-
tante saber que existe uma Súmula mais antiga
do STF (do ano de 2003) referindo que “Não vio-
la as garantias do juiz natural, da ampla defesa e
do devido processo legal a atração por continên-
cia ou conexão do processo do corréu ao foro por
1. Conexão e continência.
prerrogativa de função de um dos denunciados”
◼◼ A conexão e a continência não são critérios utili-
(Súmula 704 do STF). Ocorre que a atual jurispru-
zados para definir a competência, mas sim para
dência do STF vem determinando, como regra,
alterá-la.
o desmembramento, a fim de que permaneça no
◼◼ Conexão: é o nexo existente entre duas ou mais in-
Tribunal apenas o réu detentor de foro especial
frações penais, que determina a união dos proces-
por prerrogativa de função, sendo os demais (não
sos para facilitar a produção da prova e evitar deci-
detentores de prerrogativa de foro) julgamentos
sões contraditórias. Está prevista no art. 76 do CPP.
pelo juiz de primeira instância do local da consu-
mação do crime.

Art. 76, I, CPP: conexão intersubjetiva


a) por simultaneidade ou ocasional
STF – Inq 4435 AgR-terceiro, j. 12/09/2017
b) por concurso ou concursal
Havendo detentores e não detentores de prerrogativa c) por reciprocidade

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Art. 76, II, CPP: conexão objetiva, lógica, II do artigo 9º do Código Penal Militar foi altera-
teleológica ou material do, passando a constar: “os crimes previstos nes-
te Código e os previstos na legislação penal,
Art. 76, III, CPP: conexão instrumental,
quando praticados (...)”. Assim, também poderá
probatória ou processual
ser considerado crime militar aquele que está na
“legislação penal” (Código Penal, Lei de Tortura,
Lei de Abuso de Autoridade etc.), desde que pra-
◼◼ Continência: é o vínculo jurídico entre duas ou ticado em uma das situações previstas no aludido
mais pessoas, ou entre dois ou mais crimes. Está art. 9º, II, CPM.
prevista no art. 77 do CPP. ◼◼ A Justiça Militar não julga os crimes conexos,
conforme disposto na Súmula 90 do STJ.

Art. 77, I, CPP: continência por cumulação


Súmula 90 do STJ
subjetiva
Compete à Justiça Estadual Militar
Art. 77, II, CPP: continência por cumulação processar e julgar o policial militar
objetiva pela prática do crime militar, e à
Comum pela prática do crime comum
simultâneo àquele.

◼◼ Efeito da conexão e da continência: processo e jul-


gamento únicos (simultaneus processus), a teor do ◼◼ Crimes dolosos contra a vida: a Lei 13.491/2017
art. 79 do CPP. trouxe profundas alterações no que tange aos cri-
◼◼ Regras da conexão e da continência: mes dolosos contra a vida praticados por militar
contra civil. A regra que antes estava na primei-
I. Competência prevalente do Tribunal do Júri
ra parte do parágrafo único do artigo 9º do CPM
II. Jurisdição da mesma categoria: (a) infração
tornou-se um § 1º: “Os crimes de que trata este
mais grave, (b) maior número de infrações,
artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos
(c) prevenção.
por militares contra civil, serão da competência
III.Jurisdição de categoria diversa (prevalece a de
do Tribunal do Júri”. Na mesma esteira, foi cria-
maior graduação)
do um § 2º, com a seguinte redação: “Os crimes
IV. Jurisdição comum e especial (prevalece a especial)
de que trata este artigo, quando dolosos con-
tra a vida e cometidos por militares das Forças
Armadas contra civil, serão da competência da
2. Competência criminal da Justiça Militar da União, se praticados no con-
Justiça Militar. texto: I - do cumprimento de atribuições que lhes
forem estabelecidas pelo Presidente da República
◼◼ De acordo com a Constituição Federal, competên- ou pelo Ministro de Estado da Defesa; II - de ação
cia à Justiça Militar “processar e julgar os crimes que envolva a segurança de instituição militar ou
militares definidos em lei”. Isso vale tanto para de missão militar, mesmo que não beligerante; ou
a Justiça Militar da União (art. 124 da CF) quanto III - de atividade de natureza militar, de operação
para a Justiça Militar dos Estados (art. 125, § 4º, de paz, de garantia da lei e da ordem ou de atri-
CF). Trata-se de uma competência absoluta. buição subsidiária, realizadas em conformidade
◼◼ Os crimes militares estão, regra, previstos no CPM com o disposto no art. 142 da Constituição Federal
(Código Penal Militar – Decreto-Lei 1.001/69). No e na forma dos seguintes diplomas legais: a) Lei
entanto, com a edição da Lei 13.491/2017, o inciso n. 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código

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Brasileiro de Aeronáutica; b) Lei Complementar n. divisas de duas ou mais jurisdições, a competência


97, de 9 de junho de 1999; c) Decreto-Lei n. 1.002, firmar-se-á pela prevenção.
de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo ◼◼ Art. 71 do CPP: “Tratando-se de infração conti-
Penal Militar; e d) Lei n. 4.737, de 15 de julho de nuada ou permanente, praticada em território de
1965 - Código Eleitoral. duas ou mais jurisdições, a competência firmar-
-se-á pela prevenção”.
◼◼ Art. 83 do CPP: “Verificar-se-á a competência por
prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais
MÓDULO 3 juízes igualmente competentes ou com jurisdição
cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros
na prática de algum ato do processo ou de medida
a este relativa, ainda que anterior ao oferecimen-
1. Jurisdição. Competência absoluta e to da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3º, 71, 72,
relativa. Espécies de competência. § 2º, e 78, II, c)”.
◼◼ Art. 72 do CPP: “Não sendo conhecido o lugar da
◼◼ Art. 5º, XXXV, CF: “a lei não excluirá da apreciação infração, a competência regular-se-á pelo domi-
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. cílio ou residência do réu. § 1º Se o réu tiver mais
◼◼ Prevalece que não se aplica do Processo Penal a de uma residência, a competência firmar-se-á
Súmula 33 do STJ: “A incompetência relativa não pela prevenção. § 2º Se o réu não tiver residência
pode ser declarada de ofício”. certa ou for ignorado o seu paradeiro, será com-
◼◼ Art. 69 do CPP: “Determinará a competência ju- petente o juiz que primeiro tomar conhecimento
risdicional: I - o lugar da infração; II - o domicílio do fato”.
ou residência do réu; III - a natureza da infração; ◼◼ Art. 73 do CPP: “Nos casos de exclusiva ação pri-
IV - a distribuição; V - a conexão ou continência; vada, o querelante poderá preferir o foro de domi-
VI - a prevenção; VII - a prerrogativa de função. cílio ou da residência do réu, ainda quando conhe-
cido o lugar da infração”.
◼◼ Art. 63 da Lei 9.099/95: “A competência do Juizado
2. Competência em razão do lugar. será determinada pelo lugar em que foi praticada
a infração penal”.
◼◼ Art. 70 do CPP: “A competência será, de regra, de- ◼◼ Art. 183 da Lei 11.101/05: “Compete ao juiz criminal
terminada pelo lugar em que se consumar a in- da jurisdição onde tenha sido decretada a falência,
fração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que concedida a recuperação judicial ou homologado
for praticado o último ato de execução. § 1º Se, o plano de recuperação extrajudicial, conhecer da
iniciada a execução no território nacional, a infra- ação penal pelos crimes previstos nesta Lei”.
ção se consumar fora dele, a competência será de- ◼◼ Súmula 521 do STF: “O foro competente para o
terminada pelo lugar em que tiver sido praticado, processo e julgamento dos crimes de esteliona-
no Brasil, o último ato de execução. § 2º Quando to, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque
o último ato de execução for praticado fora do sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a
território nacional, será competente o juiz do lu- recusa do pagamento pelo sacado”.
gar em que o crime, embora parcialmente, tenha ◼◼ Súmula 244 do STJ: “Compete ao foro do local da
produzido ou devia produzir seu resultado. § 3º recusa processar e julgar o crime de
Quando incerto o limite territorial entre duas ou ◼◼ estelionato mediante cheque sem provisão de
mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição fundos”.
por ter sido a infração consumada ou tentada nas ◼◼ Súmula 48 do STJ: “Compete ao juízo do local da

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obtenção da vantagem ilícita processar e julgar processo e julgamento de latrocínio é do Juiz sin-
crime de estelionato cometido mediante falsifica- gular e não do Tribunal do Júri”.
ção de cheque”. ◼◼ Art. 78, I, CPP: “Na determinação da competência
◼◼ Súmula 151 do STJ: “A competência para o pro- por conexão ou continência, serão observadas as
cesso e julgamento por crime de contrabando ou seguintes regras: I - no concurso entre a compe-
descaminho define-se pela prevenção do juízo fe- tência do júri e a de outro órgão da jurisdição co-
deral do lugar da apreensão dos bens”. mum, prevalecerá a competência do júri”.
◼◼ Súmula 546 do STJ: “A competência para proces-
sar e julgar o crime de uso de documento falso é
Competência criminal da Justiça Eleitoral
firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi
apresentado o documento público, não importan-
◼◼ Art. 35, II, Lei 4.737/65 (Código Eleitoral):
do a qualificação do órgão expedidor”.
“Compete aos juízes: (...) II - processar e julgar
os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem
conexos, ressalvada a competência originária do
3. Competência em razão da matéria. Tribunal Superior e dos Tribunais Regionais”.
Tribunal do Júri. Justiça Eleitoral. ◼◼ Art. 78, IV, CPP: “Na determinação da competên-
cia por conexão ou continência, serão observadas
Justiça Federal I. as seguintes regras: (...) IV - no concurso entre a
jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta”.

Tribunal do Júri
Justiça Federal I
◼◼ Art. 74 do CPP: “A competência pela natureza
da infração será regulada pelas leis de organiza- ◼◼ Súmula 122 do STJ: “Compete à Justiça Federal o
ção judiciária, salvo a competência privativa do processo e julgamento unificado dos crimes co-
Tribunal do Júri. § 1º Compete ao Tribunal do Júri nexos de competência federal e estadual, não se
o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, aplicando a regra do art. 78, II, "a", do Código de
§§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 Processo Penal”.
e 127 do Código Penal, consumados ou tentados. ◼◼ Art. 109, IV, CPP: “Aos juízes federais compete
§ 2º Se, iniciado o processo perante um juiz, hou- processar e julgar: (...) IV - os crimes políticos e
ver desclassificação para infração da competência as infrações penais praticadas em detrimento de
de outro, a este será remetido o processo, salvo se bens, serviços ou interesse da União ou de suas
mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, entidades autárquicas ou empresas públicas, ex-
em tal caso, terá sua competência prorrogada. § 3º cluídas as contravenções e ressalvada a compe-
Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração tência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral”.
para outra atribuída à competência de juiz singu- ◼◼ Arts. 1º e 2º da Lei 7.170/83: “Art. 1º - Esta Lei pre-
lar, observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a vê os crimes que lesam ou expõem a perigo de le-
desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do são: I - a integridade territorial e a soberania na-
Júri, a seu presidente caberá proferir a sentença cional; Il - o regime representativo e democrático,
(art. 492, § 2º)”. a Federação e o Estado de Direito; III - a pessoa
◼◼ Art. 5º, XXXVIII, d, CF: “é reconhecida a institui- dos chefes dos Poderes da União. Art. 2º - Quando
ção do júri, com a organização que lhe der a lei, o fato estiver também previsto como crime no
assegurados: (...) d) a competência para o julga- Código Penal, no Código Penal Militar ou em leis
mento dos crimes dolosos contra a vida”. especiais, levar-se-ão em conta, para a aplicação
◼◼ Súmula 603 do STF: “A competência para o desta Lei: I - a motivação e os objetivos do agente;

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II - a lesão real ou potencial aos bens jurídicos crimes contra a organização do trabalho e, nos ca-
mencionados no artigo anterior”. sos determinados por lei, contra o sistema finan-
◼◼ Art. 164 da CF: “A competência da União para ceiro e a ordem econômico-financeira; VII - os
emitir moeda será exercida exclusivamente pelo habeas corpus, em matéria criminal de sua com-
banco central”. petência ou quando o constrangimento provier de
◼◼ Art. 11 da Lei 13.260/16: “Para todos os efeitos le- autoridade cujos atos não estejam diretamente
gais, considera-se que os crimes previstos nesta sujeitos a outra jurisdição; VIII - os mandados de
Lei são praticados contra o interesse da União, segurança e os habeas data contra ato de autori-
cabendo à Polícia Federal a investigação criminal, dade federal, excetuados os casos de competência
em sede de inquérito policial, e à Justiça Federal o dos tribunais federais; IX - os crimes cometidos a
seu processamento e julgamento, nos termos do bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a com-
inciso IV do art. 109 da Constituição Federal”. petência da Justiça Militar; X - os crimes de in-
◼◼ Súmula 42 do STJ: “Compete à Justiça Comum gresso ou permanência irregular de estrangeiro, a
Estadual processar e julgar as causas cíveis em execução de carta rogatória, após o "exequatur",
que é parte sociedade de economia mista e os cri- e de sentença estrangeira, após a homologação,
mes praticados em seu detrimento”. as causas referentes à nacionalidade, inclusive a
◼◼ Súmula 38 do STJ: “Compete à Justiça Estadual respectiva opção, e à naturalização; XI - a disputa
Comum, na vigência da Constituição de 1988, o sobre direitos indígenas.
processo por contravenção penal, ainda que pra- ◼◼ Art. 70 da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas): “O proces-
ticada em detrimento de bens, serviços ou inte- so e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33
resse da União ou de suas entidades”. a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacio-
◼◼ Súmula 165 do STJ:” Compete à Justiça Federal nal, são da competência da Justiça Federal”.
processar e julgar crime de falso testemunho co- ◼◼ Art. 109, § 5º, CF: “Nas hipóteses de grave viola-
metido no processo trabalhista”. ção de direitos humanos, o Procurador-Geral da
◼◼ Súmula 147 do STJ: “Compete à Justiça Federal República, com a finalidade de assegurar o cum-
processar e julgar os crimes praticados contra primento de obrigações decorrentes de tratados
funcionário público federal, quando relacionados internacionais de direitos humanos dos quais
com o exercício da função”. o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o
Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do
inquérito ou processo, incidente de deslocamento
4. Justiça Federal II. de competência para a Justiça Federal”.
◼◼ Art. 26 da Lei 7.492/86: “A ação penal, nos crimes
◼◼ Art. 109. Aos juízes federais compete processar e previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério
julgar: IV - os crimes políticos e as infrações pe- Público Federal, perante a Justiça Federal”.
nais praticadas em detrimento de bens, serviços ◼◼ Art. 2º, III, da Lei 9.613/98: “O processo e julga-
ou interesse da União ou de suas entidades autár- mento dos crimes previstos nesta Lei: (...) III - são
quicas ou empresas públicas, excluídas as con- da competência da Justiça Federal: a) quando pra-
travenções e ressalvada a competência da Justiça ticados contra o sistema financeiro e a ordem eco-
Militar e da Justiça Eleitoral; V - os crimes pre- nômico-financeira, ou em detrimento de bens,
vistos em tratado ou convenção internacional, serviços ou interesses da União, ou de suas enti-
quando, iniciada a execução no País, o resultado dades autárquicas ou empresas públicas; b) quan-
tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou do a infração penal antecedente for de competên-
reciprocamente; V-A as causas relativas a direitos cia da Justiça Federal”.
humanos a que se refere o § 5º deste artigo; VI - os ◼◼ Súmula 140 do STJ: “Compete à Justiça Comum

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Estadual processar e julgar crime em que o indí- penais comuns, o Presidente da República, o Vice-
gena figure como autor ou vítima”. Presidente, os membros do Congresso Nacional,
seus próprios Ministros e o Procurador-Geral
da República; c) nas infrações penais comuns e
5. Competência em razão da pessoa. nos crimes de responsabilidade, os Ministros de
Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército
◼◼ Art. 84 do CPP: “A competência pela prerroga- e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52,
tiva de função é do Supremo Tribunal Federal, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do
do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Tribunal de Contas da União e os chefes de missão
Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos diplomática de caráter permanente”.
Estados e do Distrito Federal, relativamente às ◼◼ STJ (art. 105, I, a, CF): “Compete ao Superior
pessoas que devam responder perante eles por Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, origina-
crimes comuns e de responsabilidade”. riamente: a) nos crimes comuns, os Governadores
◼◼ Art. 85 do CPP: “Nos processos por crime contra a dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos
honra, em que forem querelantes as pessoas que de responsabilidade, os desembargadores dos
a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito
Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos
àquele ou a estes caberá o julgamento, quando Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais
oposta e admitida a exceção da verdade”. Regionais Federais, dos Tribunais Regionais
◼◼ Súmula 721 do STF: “A competência constitucio- Eleitorais e do Trabalho, os membros dos
nal do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios
prerrogativa de função estabelecido exclusiva- e os do Ministério Público da União que oficiem
mente pela Constituição estadual”. perante tribunais”.
◼◼ Súmula 702 do STF: “A competência do Tribunal ◼◼ TRF (art. 108, I, a, CF): “Compete aos Tribunais
de Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos Regionais Federais: I - processar e julgar, ori-
crimes de competência da Justiça comum esta- ginariamente: a) os juízes federais da área de
dual; nos demais casos, a competência originária sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e
caberá ao respectivo tribunal de segundo grau”. da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de
◼◼ Súmula 704 do STF: “Não viola as garantias do responsabilidade, e os membros do Ministério
juiz natural, da ampla defesa e do devido proces- Público da União, ressalvada a competência da
so legal a atração por continência ou conexão do Justiça Eleitoral”.
processo do corréu ao foro por prerrogativa de ◼◼ TJ (art. 96, III, CF): “Compete privativamente:
função de um dos denunciados”. (...) III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes
◼◼ Art. 80 do CPP: “Será facultativa a separação dos estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem
processos quando as infrações tiverem sido pra- como os membros do Ministério Público, nos cri-
ticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar mes comuns e de responsabilidade, ressalvada a
diferentes, ou, quando pelo excessivo número de competência da Justiça Eleitoral”.
acusados e para não lhes prolongar a prisão provi- ◼◼ TJ (art. 29, X, CF): “julgamento do Prefeito peran-
sória, ou por outro motivo relevante, o juiz repu- te o Tribunal de Justiça”.
tar conveniente a separação”. ◼◼ Súmula 702 do STF: “A competência do Tribunal
◼◼ STF (art. 102, I, b e c, CF): “Compete ao Supremo de Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos
Tribunal Federal, precipuamente, a guar- crimes de competência da Justiça comum esta-
da da Constituição, cabendo-lhe: I - processar dual; nos demais casos, a competência originária
e julgar, originariamente: (...) b) nas infrações caberá ao respectivo tribunal de segundo grau”.

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6. Conexão e continência. possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese


do art. 461”.
◼◼ Art. 76 do CPP: “A competência será determina-
da pela conexão: I - se, ocorrendo duas ou mais
infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo 7. Competência criminal da
tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias Justiça Militar.
pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o
lugar, ou por várias pessoas, umas contra as ou- ◼◼ Art. 124 da CF: “À Justiça Militar compete proces-
tras; II - se, no mesmo caso, houverem sido umas sar e julgar os crimes militares definidos em lei”.
praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou ◼◼ Art. 125, § 4º, CF: “Compete à Justiça Militar es-
para conseguir impunidade ou vantagem em rela- tadual processar e julgar os militares dos Estados,
ção a qualquer delas; III - quando a prova de uma nos crimes militares definidos em lei e as ações
infração ou de qualquer de suas circunstâncias judiciais contra atos disciplinares militares, res-
elementares influir na prova de outra infração”. salvada a competência do júri quando a vítima for
◼◼ Art. 77 do CPP: “A competência será determinada civil, cabendo ao tribunal competente decidir so-
pela continência quando: I - duas ou mais pes- bre a perda do posto e da patente dos oficiais e da
soas forem acusadas pela mesma infração; II - no graduação das praças”.
caso de infração cometida nas condições previs- ◼◼ Súmula 90 do STJ: “Compete à Justiça Estadual
tas nos arts. 51, § 1º, 53, segunda parte, e 54 do Militar processar e julgar o policial militar pela
Código Penal”. prática do crime militar, e à Comum pela prática
◼◼ Art. 78 do CPP: “Na determinação da competên- do crime comum simultâneo àquele”.
cia por conexão ou continência, serão observadas ◼◼ Art. 9º do CPM (crimes militares em tempo de
as seguintes regras: I - no concurso entre a com- paz): “Consideram-se crimes militares, em tem-
petência do júri e a de outro órgão da jurisdição po de paz: I - os crimes de que trata este Código,
comum, prevalecerá a competência do júri; Il - quando definidos de modo diverso na lei penal
no concurso de jurisdições da mesma categoria: comum, ou nela não previstos, qualquer que seja
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for o agente, salvo disposição especial; II - os crimes
cominada a pena mais grave; b) prevalecerá a do previstos neste Código e os previstos na legisla-
lugar em que houver ocorrido o maior número de ção penal, quando praticados: a) por militar em
infrações, se as respectivas penas forem de igual situação de atividade ou assemelhado, contra mi-
gravidade; c) firmar-se-á a competência pela litar na mesma situação ou assemelhado; b) por
prevenção, nos outros casos; III - no concurso de militar em situação de atividade ou assemelhado,
jurisdições de diversas categorias, predominará a em lugar sujeito à administração militar, contra
de maior graduação; IV - no concurso entre a ju- militar da reserva, ou reformado, ou assemelha-
risdição comum e a especial, prevalecerá esta”. do, ou civil; c) por militar em serviço ou atuan-
◼◼ Art. 79 do CPP: “A conexão e a continência impor- do em razão da função, em comissão de natureza
tarão unidade de processo e julgamento, salvo: I militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar
- no concurso entre a jurisdição comum e a mi- sujeito à administração militar contra militar da
litar; II - no concurso entre a jurisdição comum reserva, ou reformado, ou civil; d) por militar du-
e a do juízo de menores. § 1º Cessará, em qual- rante o período de manobras ou exercício, contra
quer caso, a unidade do processo, se, em relação militar da reserva, ou reformado, ou assemelha-
a algum corréu, sobrevier o caso previsto no art. do, ou civil; e) por militar em situação de ativi-
152. § 2º A unidade do processo não importará a dade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a
do julgamento, se houver corréu foragido que não administração militar, ou a ordem administrativa

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militar; f) (revogada). III - os crimes praticados dolosos contra a vida e cometidos por militares
por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra civil, serão da competência do Tribunal do
contra as instituições militares, considerando-se Júri. § 2º Os crimes de que trata este artigo, quan-
como tais não só os compreendidos no inciso I, do dolosos contra a vida e cometidos por militares
como os do inciso II, nos seguintes casos: a) con- das Forças Armadas contra civil, serão da com-
tra o patrimônio sob a administração militar, ou petência da Justiça Militar da União, se praticados
contra a ordem administrativa militar; b) em lu- no contexto: I - do cumprimento de atribuições
gar sujeito à administração militar contra militar que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da
em situação de atividade ou assemelhado, ou con- República ou pelo Ministro de Estado da Defesa;
tra funcionário de Ministério militar ou da Justiça II - de ação que envolva a segurança de insti-
Militar, no exercício de função inerente ao seu tuição militar ou de missão militar, mesmo que
cargo; c) contra militar em formatura, ou duran- não beligerante; ou III - de atividade de nature-
te o período de prontidão, vigilância, observação, za militar, de operação de paz, de garantia da lei
exploração, exercício, acampamento, acantona- e da ordem ou de atribuição subsidiária, realiza-
mento ou manobras; d) ainda que fora do lugar das em conformidade com o disposto no art. 142
sujeito à administração militar, contra militar em da Constituição Federal e na forma dos seguintes
função de natureza militar, ou no desempenho diplomas legais: a) Lei n. 7.565, de 19 de dezem-
de serviço de vigilância, garantia e preservação bro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica;
da ordem pública, administrativa ou judiciária, b) Lei Complementar n. 97, de 9 de junho de 1999;
quando legalmente requisitado para aquele fim, c) Decreto-Lei n. 1.002, de 21 de outubro de 1969 -
ou em obediência a determinação legal superior. Código de Processo Penal Militar; e d) Lei n. 4.737,
§ 1º Os crimes de que trata este artigo, quando de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral”.

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5.
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PROVA
MÓDULO 1

Não queira
1. Teoria geral da prova.

ser melhor do ◼◼ Prova: é todo meio de comprovar-se uma verdade.


◼◼ Art. 155 do CPP: “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação

que alguém. da prova produzida em contraditório judicial, não podendo funda-


mentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos co-
Queria apenas lhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repe-

ser melhor do
tíveis e antecipadas. Parágrafo único. Somente quanto ao estado das
pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil”.

que você foi


◼◼ Provas cautelares: produzidas em razão da necessidade e urgência
(ex.: busca e apreensão, interceptação telefônica).

ontem. Não ◼◼ Provas não repetíveis: aquelas que não podem ser reproduzidas du-
rante a fase processual, em face do perdimento do seu objeto.
se compare. ◼◼ Provas antecipadas: aquelas produzidas em incidente pré-processual

Você é único
que tramita perante um magistrado.
◼◼ Sistemas de avaliação da prova: a) íntima convicção ou certeza moral

e especial
do juiz: o juiz tem plena liberdade na apreciação da prova, e não pre-
cisa fundamentar a sua decisão (no Brasil, só é aplicado aos jurados

por isso." no Tribunal do Júri); b) prova legal ou regra legal ou prova tarifada ou
certeza moral do legislador: há um determinado valor preestabele-
cido para cada prova produzida no processo, de modo que o juiz fica
Licínia Rossi
vinculado ao critério taxado pelo legislador (não é adotado no Brasil);
c) livre convicção motivada ou persuasão racional: o juiz tem plena
liberdade na apreciação da prova, mas precisa fundamentar a sua de-
cisão (é a regra no Brasil, por força do art. 93, IX, da CF e do art. 155
do CPP).

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◼◼ Ônus da prova: a prova da alegação incumbe a (art. 158 do CPP). Há exceção no Juizado Especial
quem a fizer (art. 156, caput, do CPP). Assim, é Criminal (art. 77, § 1º, Lei 9.099/95) e na Lei Maria
ônus da acusação demonstrar as teses acusatórias da Penha (art. 12, § 3º, Lei 11.340/06).
e ônus da defesa comprovar as teses defensivas. ◼◼ A Lei 13.721/2018 incluiu um parágrafo único ao
◼◼ Em nome do princípio da busca da verdade real, é artigo 158 do Código de Processo Penal, deter-
facultado ao juiz de ofício: I - ordenar, mesmo an- minando que se realize com prioridade a perícia
tes de iniciada a ação penal, a produção antecipa- quando o crime envolver: I - violência doméstica e
da de provas consideradas urgentes e relevantes, familiar contra mulher; II - violência contra crian-
observando a necessidade, adequação e propor- ça, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
cionalidade da medida; II - determinar, no curso ◼◼ Como regra, a perícia é realizada por um só perito
da instrução, ou antes de proferir sentença, a rea- oficial, portador de diploma de curso superior. Na
lização de diligências para dirimir dúvida sobre falta deste, o juiz deverá nomear dois peritos não
ponto relevante (art. 156, parágrafo único, CPP). oficiais, portadores de diploma de curso superior
◼◼ Serendipidade de primeiro grau: encontro fortuito preferencialmente na área específica, dentre os
de fatos conexos. que tiverem habilitação técnica relacionada com a
◼◼ Serendipidade de segundo grau: encontro fortuito natureza do exame (art. 159 do CPP).
de fatos não conexos. Não vale como prova, po- ◼◼ Na Lei de Drogas, há previsão de um perito oficial
dendo servir como fonte de prova (notitia criminis) ou, na falta deste, de um perito não oficial (art. 50,
para fundamentar uma investigação. § 1º, Lei 11.343/06).
◼◼ De acordo com o Pacto de São José da Costa Rica
(art. 8º, item 2, g), ninguém está obrigado a pro-
STJ – RHC 94803, j. 04/06/2019 duzir prova contra si mesmo (princípio da não
autoincriminação).
“A jurisprudência desta Corte é firme no sentido da ◼◼ O juiz não fica adstrito ao laudo, podendo acei-
adoção da teoria do encontro fortuito ou casual de pro-
tá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte (art. 182
vas (serendipidade). Segundo essa teoria, independen-
do CPP).
temente da ocorrência da identidade de investigados
◼◼ Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou
ou réus, consideram-se válidas as provas encontradas
casualmente pelos agentes da persecução penal, re- a autoridade policial negará a perícia requerida
lativas à infração penal até então desconhecida, por pelas partes, quando não for necessária ao escla-
ocasião do cumprimento de medidas de obtenção de recimento da verdade (art. 184 do CPP).
prova de outro delito regularmente autorizadas, ain- ◼◼ Condução coercitiva (art. 260 do CPP): “Se o acu-
da que inexista conexão ou continência com o crime sado não atender à intimação para o interrogató-
supervenientemente encontrado e este não cumpra os rio, reconhecimento ou qualquer outro ato que,
requisitos autorizadores da medida probatória, desde sem ele, não possa ser realizado, a autoridade po-
que não haja desvio de finalidade na execução do meio derá mandar conduzi-lo à sua presença”. O dis-
de obtenção de prova”. positivo não foi recepcionado, segundo o STF.

Plenário declara a impossibilidade da con-


2. Prova pericial. Interrogatório. dução coercitiva de réu ou investigado para
interrogatório - Notícias STF de 14/06/2018
◼◼ Se a infração deixar vestígios, necessariamente
Por maioria de votos, o Plenário do STF declarou
deverá ser feito o exame de corpo de delito, o qual
que a condução coercitiva de réu ou investigado para
não pode ser suprido pela confissão do acusado

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interrogatório, constante do artigo 260 do CPP, não compromisso de dizer a verdade (art. 203 do CPP)
foi recepcionada pela Constituição de 1988. A decisão e não pode ser sujeito ativo do crime de falso tes-
foi tomada no julgamento das ADPFs 395 e 444, ajui- temunho (art. 342 do CP). O Código de Processo
zadas, respectivamente, pelo PT e pela OAB. O empre-
Penal prevê a condução coercitiva do ofendido
go da medida, segundo o entendimento majoritário,
quando, intimado para ser ouvido pela autorida-
representa restrição à liberdade de locomoção e viola
de, deixar de comparecer sem motivo justo (art.
a presunção de não culpabilidade, sendo, portanto, in-
201, § 1º).
compatível com a Constituição Federal.
◼◼ No processo penal toda e qualquer pessoa pode ser
testemunha (art. 203 do CPP), cabendo ao juiz va-
lorar cada depoimento.
◼◼ Compromisso: regra geral, a testemunha tem o
3. Confissão. Perguntas ao ofendido. dever de dizer a verdade (art. 203 do CPP), poden-
Prova testemunhal. do se calar somente em relação a fatos que possam
incriminá-la. O Código de Processo Penal dispen-
◼◼ Confissão: é a aceitação, pelo acusado, perante a sa o compromisso nas hipóteses dos artigos 206
autoridade judiciária ou policial, da imputação da (ascendente ou descendente, afim em linha reta,
infração penal. Só pode ser aceita se for corrobo- cônjuge, ainda que desquitado, irmão, pai, mãe,
rada pelas demais provas do processo (art. 197 do ou filho adotivo do acusado) e 208 (doentes e de-
CPP). Conforme o art. 200 do CPP, a confissão é ficientes mentais e menores de 14 anos).
divisível (o acusado pode confessar um crime e ◼◼ São proibidas de depor as pessoas que, em razão
negou outro) e retratável (após a confissão, o acu- de função, ministério, ofício ou profissão, devam
sado pode se retratar). guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte
◼◼ O Código Penal prevê a atenuante da confissão es- interessada, quiserem dar o seu testemunho (art.
pontânea perante a autoridade (art. 65, III, d, CP). 207 do CPP).
◼◼ Procedimento comum ordinário: poderão ser in-
CONFISSÃO quiridas 8 testemunhas por cada parte (art. 401
do CPP).
Súmula 545 do STJ: “Quando a confissão ◼◼ Procedimento comum sumário: poderão ser in-
for utilizada para a formação do quiridas 5 testemunhas por cada parte (art. 532
convencimento do julgador, o réu fará do CPP).
jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, ◼◼ Sistema do direct examination e cross examination
do CP”. (exame direto e exame cruzado): as perguntas
serão formuladas pelas partes diretamente à tes-
Súmula 630 do STJ: “A incidência da temunha, não admitindo o juiz aquelas que pu-
atenuante da confissão espontânea no derem induzir a resposta, não tiverem relação
crime de tráfico ilícito de entorpecentes com a causa ou importarem na repetição de ou-
exige o reconhecimento da traficância tra já respondida. Sobre os pontos não esclareci-
pelo acusado, não bastando a mera dos, o juiz poderá complementar a inquirição (art.
admissão da posse ou propriedade para 212 do CPP). De acordo com a jurisprudência dos
uso próprio”. Tribunais Superiores, eventual descumprimento à
ordem estabelecida no art. 212 do CPP gera no má-
ximo nulidade relativa, sendo ônus do interessa-
◼◼ O ofendido, por ser a vítima do delito, não é con- do a demonstração de prejuízo.
siderado testemunha. Por tal razão, ele não tem o

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4. Reconhecimento. Acareação. ◼◼ Considera-se indício a circunstância conhecida e


provada que, tendo relação com o fato, autorize,
Indícios. Prova documental.
por indução, concluir-se a existência de outra ou
outras circunstâncias (art. 239 do CPP).
◼◼ De acordo com o Código de Processo Penal (art.
◼◼ Documento, para o processo penal, é qualquer es-
226 do CPP), quando houver necessidade de fa-
crito, instrumento ou papel, público ou particular
zer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-
(art. 232 do CPP). O que importa é a originalidade
-se-á pela seguinte forma: I - a pessoa que tiver
do documento. O documento pode ser juntado em
de fazer o reconhecimento será convidada a des-
qualquer fase do processo (art. 231 do CPP), com
crever a pessoa que deva ser reconhecida; Il - a
exceção do triênio anterior ao plenário do Júri (art.
pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será
479 do CPP).
colocada, se possível, ao lado de outras que com
ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se
quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-
-la; III - se houver razão para recear que a pes- MÓDULO 2
soa chamada para o reconhecimento, por efeito de
intimidação ou outra influência, não diga a ver-
dade em face da pessoa que deve ser reconhecida,
a autoridade providenciará para que esta não veja 1. Teoria dos frutos da
aquela; IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á
árvore envenenada
auto pormenorizado, subscrito pela autoridade,
pela pessoa chamada para proceder ao reconheci- ◼◼ A teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of
mento e por duas testemunhas presenciais. O dis- the poisonous tree) tem origem na Suprema Corte
posto no número III não terá aplicação na fase da norte-americana e proclama a mácula de provas
instrução criminal ou em plenário de julgamento. supostamente lícitas e admissíveis, mas obtidas a
partir de provas declaradas nulas pela forma ilíci-
ta de sua colheita. É também conhecida como teo-
STJ – EDcl no AgRg no AREsp 1238085, ria da ilicitude por derivação.
j. 21/03/2019

“Esta Corte Superior de Justiça firmou o entendimento


no sentido de que as disposições insculpidas no artigo STF – HC 93050, j. 10/06/2008
226 do Código de Processo Penal configuram uma re-
“Ninguém pode ser investigado, denunciado ou conde-
comendação legal, e não uma exigência, cuja inobser-
nado com base, unicamente, em provas ilícitas, quer se
vância não enseja a nulidade do ato”.
trate de ilicitude originária, quer se cuide de ilicitude
por derivação. Qualquer novo dado probatório, ainda
que produzido, de modo válido, em momento subse-
◼◼ A acareação será admitida entre acusados, entre quente, não pode apoiar-se, não pode ter fundamento
acusado e testemunha, entre testemunhas, en- causal nem derivar de prova comprometida pela má-
tre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, cula da ilicitude originária. - A exclusão da prova ori-
e entre as pessoas ofendidas, sempre que diver- ginariamente ilícita - ou daquela afetada pelo vício da
girem, em suas declarações, sobre fatos ou cir- ilicitude por derivação - representa um dos meios mais
cunstâncias relevantes. Os acareados serão re- expressivos destinados a conferir efetividade à garan-
tia do ‘due process of law’ e a tornar mais intensa,
perguntados, para que expliquem os pontos de
pelo banimento da prova ilicitamente obtida, a tutela
divergências, reduzindo-se a termo o ato de aca-
constitucional que preserva os direitos e prerrogativas
reação (art. 229 do CPP).

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que assistem a qualquer acusado em sede processual capaz de conduzir ao fato objeto da prova (art. 157,
penal. Doutrina. Precedentes. - A doutrina da ilicitude § 2º, CPP).
por derivação (teoria dos ‘frutos da árvore envenena-
da’) repudia, por constitucionalmente inadmissíveis,
os meios probatórios, que, não obstante produzidos,
validamente, em momento ulterior, acham-se afeta- Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada /
dos, no entanto, pelo vício (gravíssimo) da ilicitude Teoria da Fonte Independente / Teoria da
originária, que a eles se transmite, contaminando-os, Descoberta Inevitável
por efeito de repercussão causal. Hipótese em que os STJ – HC 459181, j. 04/09/2018
novos dados probatórios somente foram conhecidos,
pelo Poder Público, em razão de anterior transgressão “(...) V - No caso, a apreensão de drogas em diversi-
praticada, originariamente, pelos agentes estatais, dade, fracionamento e forma de acondicionamento,
que desrespeitaram a garantia constitucional da in- além de valores em dinheiro, bem como as decla-
violabilidade domiciliar. - Revelam-se inadmissíveis, rações da adolescente que auxiliava as atividades
desse modo, em decorrência da ilicitude por derivação, criminosas e de usuários que confirmaram adquirir
os elementos probatórios a que os órgãos estatais so- entorpecente do grupo, constituem provas autôno-
mente tiveram acesso em razão da prova originaria- mas e emanam de fonte independente, não restando
mente ilícita, obtida como resultado da transgressão, evidenciado nexo causal com a ilicitude reconhecida.
por agentes públicos, de direitos e garantias constitu- VI – ‘A ilicitude da prova, por reverberação, alcança
cionais e legais, cuja eficácia condicionante, no plano necessariamente aquelas dela derivadas (Teoria dos
do ordenamento positivo brasileiro, traduz significati- Frutos da Árvore Envenenada), salvo se não houver
va limitação de ordem jurídica ao poder do Estado em qualquer vínculo causal com a prova ilícita (Teoria da
face dos cidadãos. - Se, no entanto, o órgão da per- Fonte Independente) ou, mesmo que haja, seria produ-
secução penal demonstrar que obteve, legitimamente, zida de qualquer modo, como resultado inevitável das
novos elementos de informação a partir de uma fonte atividades investigativas ordinárias e lícitas (Teoria da
autônoma de prova - que não guarde qualquer relação Descoberta Inevitável)’”.
de dependência nem decorra da prova originariamen-
te ilícita, com esta não mantendo vinculação causal -,
tais dados probatórios revelar-se-ão plenamente ad-
missíveis, porque não contaminados pela mácula da
ilicitude originária”. 2. Prova emprestada.
Busca e apreensão.
◼◼ De acordo com o art. 157, § 1º, do CPP, são inad- ◼◼ A prova emprestada consiste na utilização, em
missíveis “as provas derivadas das ilícitas, salvo um processo, de prova que foi produzida em ou-
quando não evidenciado o nexo de causalidade tro processo. O juiz do processo em que a prova foi
entre umas e outras, ou quando as derivadas pu- produzida (ex.: termo de declarações de determi-
derem ser obtidas por uma fonte independente das nada testemunha) deve autorizar o compartilha-
primeiras”. A teoria, portanto, não tem caráter mento desta prova para que ela seja utilizada em
absoluto, sendo relativizada: a) pela falta de nexo outros processos.
causal entre a prova originária e as provas deriva- ◼◼ A prova emprestada se justifica pelos princípios da
das; b) quando as provas derivadas são obtidas por economia processual e da unidade da jurisdição.
uma fonte independente da prova originária. Conforme prevalece, não há identidade de iden-
◼◼ Fonte independente: é aquela que, por si só, se- tidade de partes entre os dois processos (aquele
guindo os trâmites típicos e de praxe, próprios em que foi produzida a prova e o outro, no qual se
da investigação ou instrução criminal, seria pretende juntar a prova produzida no primeiro).

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◼◼ Admite-se o uso de prova emprestada no PAD determinada no curso de busca domiciliar (art.
(procedimento administrativo-disciplinar), des- 244 do CPP). A busca em mulher será feita por ou-
de que devidamente autorizada pelo juízo compe- tra mulher, se não importar retardamento ou pre-
tente e respeitados o contraditório e a ampla defe- juízo da diligência (art. 249 do CPP).
sa (Súmula 591 do STJ).
◼◼ Prevalece que a prova emprestada não pode ser a
única a fundamentar a decisão judicial. Nesse sen-
tido: STJ, AgRg no REsp 1553367, j. 04/02/2016.
MÓDULO 3
◼◼ A busca e apreensão é meio de prova cautelar, fun-
dada na urgência e necessidade da medida. Pode
ser domiciliar e pessoal.
◼◼ Busca e apreensão domiciliar: ocorre em residên-
1. Teoria geral da prova
cia, sendo necessária ordem judicial escrita e fun-
◼◼ Art. 155 do CPP: “O juiz formará sua convicção
damentada, a teor do art. 5º, XI, da Constituição
pela livre apreciação da prova produzida em con-
Federal. A busca poderá ser determinada de ofício
traditório judicial, não podendo fundamentar sua
ou a requerimento de qualquer das partes (art. 242
decisão exclusivamente nos elementos informa-
do CPP).
tivos colhidos na investigação, ressalvadas as
provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das
STF – Plenário, RE 603616, j. 05/11/2015 pessoas serão observadas as restrições estabele-
“Fixada a interpretação de que a entrada forçada em cidas na lei civil”.
domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo ◼◼ Art. 156 do CPP: “A prova da alegação incumbirá
em período noturno, quando amparada em fundadas a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de
razões, devidamente justificadas a posteriori, que indi- ofício: I - ordenar, mesmo antes de iniciada a ação
quem que dentro da casa ocorre situação de flagrante penal, a produção antecipada de provas conside-
delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil radas urgentes e relevantes, observando a neces-
e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos sidade, adequação e proporcionalidade da medida;
atos praticados”. II - determinar, no curso da instrução, ou antes de
proferir sentença, a realização de diligências para
dirimir dúvida sobre ponto relevante”.
◼◼ As hipóteses de cabimento estão no § 1º do artigo ◼◼ Art. 157 do CPP: “São inadmissíveis, devendo ser
240 do Código de Processo Penal, cujo rol, no en- desentranhadas do processo, as provas ilícitas,
tanto, não é taxativo. assim entendidas as obtidas em violação a normas
◼◼ A busca e apreensão deve ser cumprida durante o constitucionais ou legais. § 1º São também inad-
dia, salvo se o morador consentir que seja reali- missíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo
zada à noite. Em caso de crime permanente, e por quando não evidenciado o nexo de causalidade
consequência de prisão em flagrante, é possível o entre umas e outras, ou quando as derivadas pu-
ingresso em residência sem mandado judicial de derem ser obtidas por uma fonte independente das
busca e apreensão. primeiras. § 2º Considera-se fonte independente
◼◼ Busca e apreensão pessoal: independerá de man- aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos
dado, no caso de prisão ou quando houver fun- e de praxe, próprios da investigação ou instrução
dada suspeita de que a pessoa esteja na posse de criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto
arma proibida ou de objetos ou papéis que cons- da prova. § 3º Preclusa a decisão de desentranha-
tituam corpo de delito, ou quando a medida for mento da prova declarada inadmissível, esta será

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inutilizada por decisão judicial, facultado às par- às partes, quanto à perícia: I - requerer a oiti-
tes acompanhar o incidente”. va dos peritos para esclarecerem a prova ou para
◼◼ Art. 93, IX, CF: “Lei complementar, de iniciati- responderem a quesitos, desde que o mandado de
va do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o intimação e os quesitos ou questões a serem es-
Estatuto da Magistratura, observados os seguintes clarecidas sejam encaminhados com antecedên-
princípios: (...) IX - todos os julgamentos dos ór- cia mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar
gãos do Poder Judiciário serão públicos, e funda- as respostas em laudo complementar; II - indicar
mentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, assistentes técnicos que poderão apresentar pa-
podendo a lei limitar a presença, em determina- receres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser in-
dos atos, às próprias partes e a seus advogados, ou quiridos em audiência. § 6º Havendo requerimen-
somente a estes, em casos nos quais a preservação to das partes, o material probatório que serviu de
do direito à intimidade do interessado no sigilo base à perícia será disponibilizado no ambiente
não prejudique o interesse público à informação”. do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda,
e na presença de perito oficial, para exame pelos
assistentes, salvo se for impossível a sua conser-
2. Prova pericial. Interrogatório. vação. § 7º Tratando-se de perícia complexa que
abranja mais de uma área de conhecimento espe-
◼◼ Art. 158 do CPP: “Quando a infração deixar ves- cializado, poder-se-á designar a atuação de mais
tígios, será indispensável o exame de corpo de de um perito oficial, e a parte indicar mais de um
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo assistente técnico”.
a confissão do acusado. Parágrafo único. Dar- ◼◼ Art. 181 do CPP: “No caso de inobservância de for-
se-á prioridade à realização do exame de corpo malidades, ou no caso de omissões, obscuridades
de delito quando se tratar de crime que envolva: ou contradições, a autoridade judiciária mandará
I - violência doméstica e familiar contra mulher; suprir a formalidade, complementar ou esclare-
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou cer o laudo. Parágrafo único. A autoridade pode-
pessoa com deficiência” rá também ordenar que se proceda a novo exame,
◼◼ Art. 159 do CPP: “O exame de corpo de delito e ou- por outros peritos, se julgar conveniente”.
tras perícias serão realizados por perito oficial, ◼◼ Art. 182 do CPP: “O juiz não ficará adstrito ao lau-
portador de diploma de curso superior. § 1º Na do, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou
falta de perito oficial, o exame será realizado por em parte”.
2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma ◼◼ Art. 184 do CPP: “Salvo o caso de exame de corpo
de curso superior preferencialmente na área es- de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a
pecífica, dentre as que tiverem habilitação técnica perícia requerida pelas partes, quando não for ne-
relacionada com a natureza do exame. § 2º Os pe- cessária ao esclarecimento da verdade”.
ritos não oficiais prestarão o compromisso de bem ◼◼ Art. 185 do CPP: “O acusado que comparecer pe-
e fielmente desempenhar o encargo. § 3º Serão rante a autoridade judiciária, no curso do processo
facultadas ao Ministério Público, ao assistente de penal, será qualificado e interrogado na presença
acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado de seu defensor, constituído ou nomeado. § 1º O
a formulação de quesitos e indicação de assistente interrogatório do réu preso será realizado, em sala
técnico. § 4º O assistente técnico atuará a partir de própria, no estabelecimento em que estiver reco-
sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exa- lhido, desde que estejam garantidas a segurança
mes e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, do juiz, do membro do Ministério Público e dos
sendo as partes intimadas desta decisão. § 5º auxiliares bem como a presença do defensor e a
Durante o curso do processo judicial, é permitido publicidade do ato. § 2º Excepcionalmente, o juiz,

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por decisão fundamentada, de ofício ou a requeri- no que couber, à realização de outros atos proces-
mento das partes, poderá realizar o interrogatório suais que dependam da participação de pessoa que
do réu preso por sistema de videoconferência ou esteja presa, como acareação, reconhecimento de
outro recurso tecnológico de transmissão de sons pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou
e imagens em tempo real, desde que a medida tomada de declarações do ofendido. § 9º Na hipó-
seja necessária para atender a uma das seguintes tese do § 8º deste artigo, fica garantido o acom-
finalidades: I - prevenir risco à segurança públi- panhamento do ato processual pelo acusado e seu
ca, quando exista fundada suspeita de que o pre- defensor. § 10. Do interrogatório deverá constar a
so integre organização criminosa ou de que, por informação sobre a existência de filhos, respec-
outra razão, possa fugir durante o deslocamento; tivas idades e se possuem alguma deficiência e o
II - viabilizar a participação do réu no referido nome e o contato de eventual responsável pelos
ato processual, quando haja relevante dificuldade cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa”.
para seu comparecimento em juízo, por enfermi- ◼◼ Art. 186 do CPP: “Depois de devidamente qualifi-
dade ou outra circunstância pessoal; III - impe- cado e cientificado do inteiro teor da acusação, o
dir a influência do réu no ânimo de testemunha acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar
ou da vítima, desde que não seja possível colher o interrogatório, do seu direito de permanecer ca-
o depoimento destas por videoconferência, nos lado e de não responder perguntas que lhe forem
termos do art. 217 deste Código; IV - responder à formuladas. Parágrafo único. O silêncio, que não
gravíssima questão de ordem pública. § 3º Da de- importará em confissão, não poderá ser interpre-
cisão que determinar a realização de interrogató- tado em prejuízo da defesa”.
rio por videoconferência, as partes serão intima- ◼◼ Art. 187 do CPP: “O interrogatório será consti-
das com 10 (dez) dias de antecedência. § 4º Antes tuído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e
do interrogatório por videoconferência, o preso sobre os fatos. § 1º Na primeira parte o interro-
poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecno- gando será perguntado sobre a residência, meios
lógico, a realização de todos os atos da audiência de vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar
única de instrução e julgamento de que tratam os onde exerce a sua atividade, vida pregressa, no-
arts. 400, 411 e 531 deste Código. § 5º Em qualquer tadamente se foi preso ou processado alguma vez
modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se
réu o direito de entrevista prévia e reservada com houve suspensão condicional ou condenação, qual
o seu defensor; se realizado por videoconferência, a pena imposta, se a cumpriu e outros dados fa-
fica também garantido o acesso a canais telefôni- miliares e sociais. § 2º Na segunda parte será per-
cos reservados para comunicação entre o defen- guntado sobre: I - ser verdadeira a acusação que
sor que esteja no presídio e o advogado presente lhe é feita; II - não sendo verdadeira a acusação,
na sala de audiência do Fórum, e entre este e o se tem algum motivo particular a que atribuí-la,
preso. § 6º A sala reservada no estabelecimento se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser
prisional para a realização de atos processuais por imputada a prática do crime, e quais sejam, e se
sistema de videoconferência será fiscalizada pe- com elas esteve antes da prática da infração ou
los corregedores e pelo juiz de cada causa, como depois dela; III - onde estava ao tempo em que
também pelo Ministério Público e pela Ordem foi cometida a infração e se teve notícia desta;
dos Advogados do Brasil. § 7º Será requisitada a IV - as provas já apuradas; V - se conhece as ví-
apresentação do réu preso em juízo nas hipóteses timas e testemunhas já inquiridas ou por inqui-
em que o interrogatório não se realizar na forma rir, e desde quando, e se tem o que alegar contra
prevista nos §§ 1º e 2º deste artigo. § 8º Aplica- elas; VI - se conhece o instrumento com que foi
se o disposto nos §§ 2º, 3º, 4º e 5º deste artigo, praticada a infração, ou qualquer objeto que com

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esta se relacione e tenha sido apreendido; VII - to- da autoridade. § 2º O ofendido será comunicado
dos os demais fatos e pormenores que conduzam dos atos processuais relativos ao ingresso e à saí-
à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da do acusado da prisão, à designação de data para
da infração; VIII - se tem algo mais a alegar em audiência e à sentença e respectivos acórdãos que
sua defesa”. a mantenham ou modifiquem. § 3º As comuni-
◼◼ Art. 191 do CPP: “Havendo mais de um acusado, cações ao ofendido deverão ser feitas no endere-
serão interrogados separadamente”. ço por ele indicado, admitindo-se, por opção do
◼◼ Art. 196 do CPP: “A todo tempo o juiz poderá pro- ofendido, o uso de meio eletrônico. § 4º Antes do
ceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido início da audiência e durante a sua realização, será
fundamentado de qualquer das partes”. reservado espaço separado para o ofendido. § 5º
Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar
o ofendido para atendimento multidisciplinar,
3. Confissão. Perguntas ao ofendido. especialmente nas áreas psicossocial, de assis-
Prova testemunhal. tência jurídica e de saúde, a expensas do ofensor
ou do Estado. § 6º O juiz tomará as providências
◼◼ Art. 197 do CPP: “O valor da confissão se aferirá necessárias à preservação da intimidade, vida pri-
pelos critérios adotados para os outros elemen- vada, honra e imagem do ofendido, podendo, in-
tos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá clusive, determinar o segredo de justiça em rela-
confrontá-la com as demais provas do processo, ção aos dados, depoimentos e outras informações
verificando se entre ela e estas existe compatibili- constantes dos autos a seu respeito para evitar sua
dade ou concordância”. exposição aos meios de comunicação.
◼◼ Art. 199 do CPP: “A confissão, quando feita fora do ◼◼ Art. 202 do CPP: “Toda pessoa poderá ser
interrogatório, será tomada por termo nos autos, testemunha”.
observado o disposto no art. 195”. ◼◼ Art. 203 do CPP: “A testemunha fará, sob palavra
◼◼ Art. 200 do CPP: “A confissão será divisível e re- de honra, a promessa de dizer a verdade do que
tratável, sem prejuízo do livre convencimento do souber e lhe for perguntado, devendo declarar
juiz, fundado no exame das provas em conjunto”. seu nome, sua idade, seu estado e sua residência,
◼◼ Súmula 545 do STJ: “Quando a confissão for utili- sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se
zada para a formação do convencimento do julga- é parente, e em que grau, de alguma das partes,
dor, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, ou quais suas relações com qualquer delas, e rela-
III, d, do Código Penal”. tar o que souber, explicando sempre as razões de
◼◼ Súmula 630 do STJ: “A incidência da atenuante da sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa
confissão espontânea no crime de avaliar-se de sua credibilidade”.
◼◼ tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconheci- ◼◼ Art. 206 do CPP: “A testemunha não poderá exi-
mento da traficância pelo acusado, não bastando mir-se da obrigação de depor. Poderão, entretan-
a mera admissão da posse ou propriedade para to, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descen-
uso próprio”. dente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que
◼◼ Art. 201 do CPP: “Sempre que possível, o ofendido desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho ado-
será qualificado e perguntado sobre as circunstân- tivo do acusado, salvo quando não for possível,
cias da infração, quem seja ou presuma ser o seu por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova
autor, as provas que possa indicar, tomando-se do fato e de suas circunstâncias”.
por termo as suas declarações. § 1º Se, intimado ◼◼ Art. 207 do CPP: “São proibidas de depor as pes-
para esse fim, deixar de comparecer sem motivo soas que, em razão de função, ministério, ofício
justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença ou profissão, devam guardar segredo, salvo se,

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desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar ◼◼ Art. 222 do CPP: “A testemunha que morar fora da
o seu testemunho”. jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar
◼◼ Art. 208 do CPP: “Não se deferirá o compromis- de sua residência, expedindo-se, para esse fim,
so a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes carta precatória, com prazo razoável, intimadas as
mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem partes. § 1º A expedição da precatória não suspen-
às pessoas a que se refere o art. 206”. derá a instrução criminal. § 2º Findo o prazo mar-
◼◼ Art. 209 do CPP: “O juiz, quando julgar necessá- cado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a todo
rio, poderá ouvir outras testemunhas, além das tempo, a precatória, uma vez devolvida, será junta
indicadas pelas partes. § 1º Se ao juiz parecer con- aos autos. § 3º Na hipótese prevista no caput deste
veniente, serão ouvidas as pessoas a que as tes- artigo, a oitiva de testemunha poderá ser realiza-
temunhas se referirem. § 2º Não será computada da por meio de videoconferência ou outro recurso
como testemunha a pessoa que nada souber que tecnológico de transmissão de sons e imagens em
interesse à decisão da causa”. tempo real, permitida a presença do defensor e po-
◼◼ Art. 210 do CPP: “As testemunhas serão inquiridas dendo ser realizada, inclusive, durante a realização
cada uma de per si, de modo que umas não saibam da audiência de instrução e julgamento”.
nem ouçam os depoimentos das outras, devendo ◼◼ Art. 225 do CPP: “Se qualquer testemunha houver
o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhi-
testemunho. Parágrafo único. Antes do início da ce, inspirar receio de que ao tempo da instrução
audiência e durante a sua realização, serão reser- criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a
vados espaços separados para a garantia da inco- requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe
municabilidade das testemunhas”. antecipadamente o depoimento”.
◼◼ Art. 212 do CPP: “As perguntas serão formula-
das pelas partes diretamente à testemunha, não
admitindo o juiz aquelas que puderem induzir 4. Reconhecimento. Acareação.
a resposta, não tiverem relação com a causa ou Indícios. Prova documental.
importarem na repetição de outra já respondida.
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclareci- ◼◼ Art. 226 do CPP: “Quando houver necessidade de
dos, o juiz poderá complementar a inquirição”. fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-
◼◼ Art. 217 do CPP: “Se o juiz verificar que a presença -se-á pela seguinte forma: I - a pessoa que tiver
do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério de fazer o reconhecimento será convidada a des-
constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de crever a pessoa que deva ser reconhecida; Il - a
modo que prejudique a verdade do depoimento, pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será
fará a inquirição por videoconferência e, somen- colocada, se possível, ao lado de outras que com
te na impossibilidade dessa forma, determinará a ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se
retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-
presença do seu defensor. Parágrafo único. A ado- -la; III - se houver razão para recear que a pes-
ção de qualquer das medidas previstas no caput soa chamada para o reconhecimento, por efeito de
deste artigo deverá constar do termo, assim como intimidação ou outra influência, não diga a ver-
os motivos que a determinaram”. dade em face da pessoa que deve ser reconhecida,
◼◼ Art. 218 do CPP: “Se, regularmente intimada, a a autoridade providenciará para que esta não veja
testemunha deixar de comparecer sem motivo aquela; IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-
justificado, o juiz poderá requisitar à autorida- -á auto pormenorizado, subscrito pela autorida-
de policial a sua apresentação ou determinar seja de, pela pessoa chamada para proceder ao reco-
conduzida por oficial de justiça, que poderá solici- nhecimento e por duas testemunhas presenciais.
tar o auxílio da força pública”. Parágrafo único. O disposto no n. III deste artigo

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não terá aplicação na fase da instrução criminal ou ◼◼ Art. 157 do CPP: “São inadmissíveis, devendo ser
em plenário de julgamento”. desentranhadas do processo, as provas ilícitas,
◼◼ Art. 227 do CPP: “No reconhecimento de objeto, assim entendidas as obtidas em violação a normas
proceder-se-á com as cautelas estabelecidas no constitucionais ou legais. § 1º São também inad-
artigo anterior, no que for aplicável”. missíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo
◼◼ Art. 229 do CPP: “A acareação será admitida en- quando não evidenciado o nexo de causalidade
tre acusados, entre acusado e testemunha, entre entre umas e outras, ou quando as derivadas pu-
testemunhas, entre acusado ou testemunha e a derem ser obtidas por uma fonte independente das
pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, primeiras. § 2º Considera-se fonte independente
sempre que divergirem, em suas declarações, so- aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos
bre fatos ou circunstâncias relevantes. Parágrafo e de praxe, próprios da investigação ou instrução
único. Os acareados serão reperguntados, para criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto
que expliquem os pontos de divergências, redu- da prova. § 3º Preclusa a decisão de desentranha-
zindo-se a termo o ato de acareação”. mento da prova declarada inadmissível, esta será
◼◼ Art. 239 do CPP: “Considera-se indício a circuns- inutilizada por decisão judicial, facultado às par-
tância conhecida e provada, que, tendo relação tes acompanhar o incidente”.
com o fato, autorize, por indução, concluir-se a
existência de outra ou outras circunstâncias”.
◼◼ Art. 231 do CPP: “Salvo os casos expressos em 6. Prova emprestada. Busca e apreensão.
lei, as partes poderão apresentar documentos
em qualquer fase do processo”. ◼◼ Súmula 591 do STJ: “É permitida a ‘prova em-
◼◼ Art. 479 do CPP: “Durante o julgamento não será prestada’ no processo administrativo discipli-
permitida a leitura de documento ou a exibição nar, desde que devidamente autorizada pelo juízo
de objeto que não tiver sido juntado aos autos competente e respeitados o contraditório e a am-
com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, pla defesa”.
dando-se ciência à outra parte. Parágrafo único. ◼◼ Art. 5º, XI, CF: “a casa é asilo inviolável do indi-
Compreende-se na proibição deste artigo a leitura víduo, ninguém nela podendo penetrar sem con-
de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a sentimento do morador, salvo em caso de fla-
exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, grante delito ou desastre, ou para prestar socorro,
quadros, croqui ou qualquer outro meio asseme- ou, durante o dia, por determinação judicial”.
lhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato ◼◼ Art. 240 do CPP: “A busca será domiciliar ou pes-
submetida à apreciação e julgamento dos jurados”. soal. § 1º Proceder-se-á à busca domiciliar, quan-
◼◼ Art. 232 do CPP: “Consideram-se documentos do fundadas razões a autorizarem, para: a) pren-
quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, pú- der criminosos; b) apreender coisas achadas ou
blicos ou particulares. Parágrafo único. À fotogra- obtidas por meios criminosos; c) apreender ins-
fia do documento, devidamente autenticada, se trumentos de falsificação ou de contrafação e ob-
dará o mesmo valor do original”. jetos falsificados ou contrafeitos; d) apreender
armas e munições, instrumentos utilizados na
prática de crime ou destinados a fim delituoso;
5. Teoria dos frutos da e) descobrir objetos necessários à prova de infra-
árvore envenenada. ção ou à defesa do réu; f) apreender cartas, abertas
ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder,
◼◼ Art. 5º, LVI, CF: “são inadmissíveis, no processo, quando haja suspeita de que o conhecimento do
as provas obtidas por meios ilícitos”. seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;

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g) apreender pessoas vítimas de crimes; h) colher de ofício ou a requerimento de qualquer das


qualquer elemento de convicção. § 2º Proceder- partes”.
se-á à busca pessoal quando houver fundada sus- ◼◼ Art. 244 do CPP: “A busca pessoal independerá
peita de que alguém oculte consigo arma proibida de mandado, no caso de prisão ou quando houver
ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do fundada suspeita de que a pessoa esteja na pos-
parágrafo anterior”. se de arma proibida ou de objetos ou papéis que
◼◼ Art. 241 do CPP: “Quando a própria autoridade po- constituam corpo de delito, ou quando a medida
licial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a for determinada no curso de busca domiciliar”.
busca domiciliar deverá ser precedida da expedi- ◼◼ Art. 249 do CPP: “A busca em mulher será feita
ção de mandado”. por outra mulher, se não importar retardamento
◼◼ Art. 242 do CPP: “A busca poderá ser determinada ou prejuízo da diligência”.

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100% dos tiros 1. Questões prejudiciais. Exceções.
que nunca dá." ◼◼ Questão prejudicial é aquela relacionada ao mérito da causa, neces-
Wayne Gretzky, jogador sitando ser julgada antes deste. Não pode ser confundida com ques-
tão preliminar, que diz respeito ao próprio processo e seu regular
de hóquei cujo nome
desenvolvimento.
está no Hall da Fama ◼◼ Dentre outras classificações, as questões prejudiciais podem ser não
devolutivas (quando são solucionadas pelo juízo criminal) e devoluti-
vas (quando são solucionadas por juízo extrapenal).
◼◼ Questões devolutivas obrigatórias ou absolutas (art. 92 do CPP): têm
como pressuposto a existência de controvérsia séria e fundada sobre
o estado civil das pessoas. Ocasionam a suspensão do processo crimi-
nal por prazo indeterminado, ficando a sua retomada condicionada
ao trânsito em julgado da sentença que vier a solucionar a questão.
Ex.: no crime de bigamia (art. 235 do CP), a questão relativa à validade
do primeiro casamento ocasionará a suspensão do processo criminal
até que seja resolvida no juízo cível.
◼◼ Questões devolutivas facultativas (art. 92 do CPP): têm como pressu-
posto a existência de controvérsia que não diz respeito ao estado civil
das pessoas, deixando à discricionariedade do juiz o encaminhamen-
to da questão ao juízo extrapenal. Ex.: discussão a respeito da pro-
priedade da coisa nos crimes contra o patrimônio.
◼◼ O Código de Processo Penal (art. 95) prevê cinco modalidades de
exceção: a) suspeição; b) incompetência de juízo; c) litispendência;

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d) ilegitimidade de parte; e) coisa julgada. Há, o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advo-
ainda, a exceção de impedimento prevista no art. gado, órgão do Ministério Público, autoridade po-
112 do CPP. licial, auxiliar da justiça ou perito; II - ele próprio
◼◼ A exceção de suspeição destina-se a afastar o juiz houver desempenhado qualquer dessas funções
considerado parcial pela parte. É prioritária em ou servido como testemunha; III - tiver funciona-
relação às demais exceções (art. 96 do CPP). Não do como juiz de outra instância, pronunciando-
se poderá opor suspeição às autoridades policiais -se, de fato ou de direito, sobre a questão; IV - ele
nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar- próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo
-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal (art. ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro
107 do CPP). grau, inclusive, for parte ou diretamente interes-
◼◼ Exceção de incompetência de juízo: tem por fina- sado no feito.
lidade permitir que prevaleçam as regras proces- ◼◼ Incompatibilidades dos juízes (art. 253 do CPP):
suais penais que estabelecem o órgão jurisdicional nos juízos coletivos, não poderão servir no mes-
competente para o julgamento da causa. mo processo os juízes que forem entre si parentes,
◼◼ Exceção de litispendência: a litispendência de- consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral
corre da existência simultânea de duas ou mais até o terceiro grau, inclusive.
ações idênticas. ◼◼ Suspeição dos juízes (art. 254 do CPP): o juiz dar-
◼◼ Exceção de coisa julgada: como a litispendência, -se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser
origina-se na proibição de que alguém responda recusado por qualquer das partes: I - se for amigo
mais de uma vez pelo mesmo fato. Na litispen- íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II - se
dência há processo em curso; na coisa julgada há ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, es-
um segundo processo por fato que já foi analisado tiver respondendo a processo por fato análogo,
e transitou em julgado. sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
◼◼ Exceção de incompatibilidade ou de impedimen- III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguí-
to (art. 112 do CPP): o juiz, o órgão do Ministério neo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sus-
Público, os serventuários ou funcionários de jus- tentar demanda ou responder a processo que te-
tiça e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de nha de ser julgado por qualquer das partes; IV - se
servir no processo, quando houver incompatibi- tiver aconselhado qualquer das partes; V - se for
lidade ou impedimento legal, que declararão nos credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer
autos. Se não se der a abstenção, a incompatibi- das partes; VI - se for sócio, acionista ou adminis-
lidade ou impedimento poderá ser arguido pelas trador de sociedade interessada no processo.
partes, seguindo-se o processo estabelecido para ◼◼ Garantias e vedações constitucionais dos juízes:
a exceção de suspeição. art. 95 da CF.
◼◼ Ministério Público: de acordo com o art. 257 do
CPP, ao MP cabe: I - promover, privativamente,
2. Sujeitos processuais. a ação penal pública, na forma estabelecida neste
Código; e II - fiscalizar a execução da lei. Ademais,
◼◼ Sujeitos processuais principais: juiz, Ministério os órgãos do MP não funcionarão nos processos
Público, acusado e defensor; sujeitos processuais em que o juiz ou qualquer das partes for seu côn-
acessórios: assistentes e auxiliares da Justiça. juge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha
◼◼ Impedimentos dos juízes (art. 252 do CPP): o juiz reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e
não poderá exercer jurisdição no processo em que: a eles se estendem, no que lhes for aplicável, as
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, con- prescrições relativas à suspeição e aos impedi-
sanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até mentos dos juízes (art. 258 do CPP).

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◼◼ Disposições constitucionais do MP: arts. 127 a c) decisórios: são privativos do juiz (decisões e
130-A da CF. sentenças).
◼◼ Querelante: é o autor da ação penal privada. Em ◼◼ Prazo de Direito Penal (art. 10 do CP): é incluído o
regra, é o ofendido (vítima) ou quem legalmente dia do início e excluído o dia do fim.
o representa. ◼◼ Prazo de Processo Penal (art. 798 do CPP): é con-
◼◼ Acusado: é a parte passiva da ação penal. Não po- tado a partir do primeiro dia útil seguinte, com in-
dem ser acusados o morto, o menor de 18 anos, o clusão do dia do fim.
animal ou aqueles que gozam de imunidade po- ◼◼ Comunicações processuais: dividem-se em cita-
lítica ou diplomática. A pessoa jurídica pode ser ções e intimações.
processada criminalmente pela prática de delitos
→→ Citação: é o ato mais importante de comunica-
ambientais (art. 225, § 3º, CF e Lei 9.605/98).
ção do processo, pois é através dela que o réu
◼◼ Defensor (arts. 259 a 267 do CPP): pode ser cons-
toma conhecimento da existência da ação pe-
tituído ou dativo, ou mesmo o Defensor Público.
nal. Pode se dar por mandado (art. 351 do CPP),
Ninguém pode ser processado criminalmente sem
por precatória (art. 353 do CPP), por hora certa
assistência de advogado, salvo se o próprio réu for
(art. 362 do CPP) e por edital (arts. 361 e 363,
advogado regularmente inscrito nos quadros da
§ 1º, CPP).
OAB (art. 263 do CPP).
→→ Militar: a citação se dá por intermédio do chefe
◼◼ Assistência de acusação (arts. 268 a 273 do CPP):
do respectivo serviço (art. 358 do CPP).
é possível que o ofendido, seu representante legal
→→ Funcionário público: o dia designado para fun-
ou, no caso de morte, seus sucessores (rol do art.
cionário público comparecer em juízo, como
31 do CPP) funcionem como assistentes de acusa-
acusado, será notificado assim a ele como ao
ção. A admissão da assistência é possível desde o
chefe de sua repartição (art. 359 do CPP).
recebimento da denúncia até antes do trânsito em
→→ Preso: se o réu estiver preso, será pessoalmen-
julgado da sentença. Intervindo no curso do pro-
te citado (art. 360 do CPP).
cesso, o assistente receberá a causa no estado em
→→ Intimação: nas intimações dos acusados, das
que se encontrar. Obs.: não há assistência de acu-
testemunhas e demais pessoas que devam to-
sação na fase preliminar de investigações.
mar conhecimento de qualquer ato, será ob-
◼◼ Auxiliares da Justiça (274 a 281 do CPP): podem
servado, no que for aplicável, o disposto no
ser permanentes (escrivão, oficial de justiça etc.)
capítulo referente às citações (art. 370 do CPP).
ou eventuais (perito, intérpretes etc.). As prescri-
ções sobre suspeição dos juízes estendem-se aos
serventuários e funcionários da justiça, no que
lhes for aplicável (art. 274 do CPP). O termo sus- MÓDULO 2
peição, por interpretação extensiva, inclui as cau-
sas de impedimentos e incompatibilidades.

1. Atos judiciais.
3. Atos processuais.
◼◼ Os atos judiciais são classificados como despa-
◼◼ Em regra, os atos processuais dividem-se em: chos, decisões interlocutórias e sentenças.
a) postulatórios: são praticados pelas partes e →→ Despachos: são atos de impulso processual,
contêm algum requerimento; b) instrutórios: sem qualquer carga decisória. Ex.: determina-
em regra são praticados pelas partes, embora o ção de citação do réu.
juiz possa adotar alguma iniciativa probatória; →→ Decisões interlocutórias: possuem carga

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decisória e podem, eventualmente, acarretar


a extinção do processo. Classificam-se em:
MÓDULO 3
a) decisões interlocutórias simples: resolvem
questões incidentais que surgem antes da sen-
tença, sem acarretar a extinção do processo
(ex.: decretação da prisão preventiva); b) de-
1. Questões prejudiciais. Exceções.
cisões interlocutórias mistas: podem ser [b.1]
◼◼ Art. 92 do CPP: “Se a decisão sobre a existência da
terminativas (ou definitivas), quando, sem
infração depender da solução de controvérsia, que
possuírem a natureza de sentença, acarretam a
o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil
extinção do processo ou do procedimento (ex.:
das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso
rejeição da denúncia), e [b.2] não terminativas
até que no juízo cível seja a controvérsia dirimi-
(ou com força de definitivas), quando extin-
da por sentença passada em julgado, sem prejuí-
guem uma etapa do procedimento (ex.: decisão
zo, entretanto, da inquirição das testemunhas e
de pronúncia).
de outras provas de natureza urgente. Parágrafo
→→ Sentenças definitivas de condenação ou de ab-
único. Se for o crime de ação pública, o Ministério
solvição: há carga decisória, enfrentamento
Público, quando necessário, promoverá a ação ci-
do mérito e extinção do processo. A sentença
vil ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com a
absolutória pode ser própria (art. 386 do CPP),
citação dos interessados”.
imprópria (quando o réu inimputável recebe
◼◼ Art. 93 do CPP: “Se o reconhecimento da existên-
medida de segurança) ou sumária (arts. 397 e
cia da infração penal depender de decisão sobre
415 do CPP). A sentença condenatória tem fun-
questão diversa da prevista no artigo anterior, da
damento no art. 387 do CPP.
competência do juízo cível, e se neste houver sido
◼◼ Intimação da sentença (art. 392 do CPP): a inti- proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal po-
mação da sentença será feita: I - ao réu, pessoal- derá, desde que essa questão seja de difícil solução
mente, se estiver preso; II - ao réu, pessoalmen- e não verse sobre direito cuja prova a lei civil li-
te, ou ao defensor por ele constituído, quando se mite, suspender o curso do processo, após a in-
livrar solto, ou, sendo afiançável a infração, tiver quirição das testemunhas e realização das outras
prestado fiança; III - ao defensor constituído pelo provas de natureza urgente. § 1º O juiz marcará o
réu, se este, afiançável, ou não, a infração, ex- prazo da suspensão, que poderá ser razoavelmen-
pedido o mandado de prisão, não tiver sido en- te prorrogado, se a demora não for imputável à
contrado, e assim o certificar o oficial de justiça; parte. Expirado o prazo, sem que o juiz cível tenha
IV - mediante edital, nos casos do no II, se o réu proferido decisão, o juiz criminal fará prosseguir
e o defensor que houver constituído não forem o processo, retomando sua competência para re-
encontrados, e assim o certificar o oficial de jus- solver, de fato e de direito, toda a matéria da acu-
tiça; V - mediante edital, nos casos do no III, se sação ou da defesa. § 2º Do despacho que denegar
o defensor que o réu houver constituído também a suspensão não caberá recurso. § 3º Suspenso o
não for encontrado, e assim o certificar o oficial de processo, e tratando-se de crime de ação pública,
justiça; VI - mediante edital, se o réu, não tendo incumbirá ao Ministério Público intervir imedia-
constituído defensor, não for encontrado, e assim tamente na causa cível, para o fim de promover-
o certificar o oficial de justiça. -lhe o rápido andamento”.

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◼◼ Art. 94 do CPP: “A suspensão do curso da ação excipiente, a este será imposta a multa de duzen-
penal, nos casos dos artigos anteriores, será de- tos mil-réis a dois contos de réis”.
cretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento ◼◼ Art. 102 do CPP: “Quando a parte contrária reco-
das partes”. nhecer a procedência da arguição, poderá ser sus-
◼◼ Art. 95 do CPP: “Poderão ser opostas as exceções tado, a seu requerimento, o processo principal,
de: I - suspeição; II - incompetência de juízo; até que se julgue o incidente da suspeição”.
III - litispendência; IV - ilegitimidade de parte; ◼◼ Art. 103 do CPP: “No Supremo Tribunal Federal
V - coisa julgada”. e nos Tribunais de Apelação, o juiz que se julgar
◼◼ Art. 96 do CPP: “A arguição de suspeição prece- suspeito deverá declará-lo nos autos e, se for re-
derá a qualquer outra, salvo quando fundada em visor, passar o feito ao seu substituto na ordem da
motivo superveniente”. precedência, ou, se for relator, apresentar os au-
◼◼ Art. 97 do CPP: “O juiz que espontaneamente afir- tos em mesa para nova distribuição. § 1º Se não for
mar suspeição deverá fazê-lo por escrito, decla- relator nem revisor, o juiz que houver de dar-se
rando o motivo legal, e remeterá imediatamente o por suspeito, deverá fazê-lo verbalmente, na ses-
processo ao seu substituto, intimadas as partes”. são de julgamento, registrando-se na ata a decla-
◼◼ Art. 98 do CPP: “Quando qualquer das partes ração. § 2º Se o presidente do tribunal se der por
pretender recusar o juiz, deverá fazê-lo em pe- suspeito, competirá ao seu substituto designar
tição assinada por ela própria ou por procurador dia para o julgamento e presidi-lo. § 3º Observar-
com poderes especiais, aduzindo as suas razões se-á, quanto à arguição de suspeição pela parte,
acompanhadas de prova documental ou do rol o disposto nos arts. 98 a 101, no que lhe for apli-
de testemunhas”. cável, atendido, se o juiz a reconhecer, o que es-
◼◼ Art. 99 do CPP: “Se reconhecer a suspeição, o tabelece este artigo. § 4º A suspeição, não sendo
juiz sustará a marcha do processo, mandará jun- reconhecida, será julgada pelo tribunal pleno,
tar aos autos a petição do recusante com os do- funcionando como relator o presidente. § 5º Se
cumentos que a instruam, e por despacho se de- o recusado for o presidente do tribunal, o relator
clarará suspeito, ordenando a remessa dos autos será o vice-presidente”.
ao substituto”. ◼◼ Art. 104 do CPP: “Se for arguida a suspeição do ór-
◼◼ Art. 100 do CPP: “Não aceitando a suspeição, o juiz gão do Ministério Público, o juiz, depois de ouvi-
mandará autuar em apartado a petição, dará sua -lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir
resposta dentro em três dias, podendo instruí-la a produção de provas no prazo de três dias”.
e oferecer testemunhas, e, em seguida, determi- ◼◼ Art. 105 do CPP: “As partes poderão também ar-
nará sejam os autos da exceção remetidos, dentro guir de suspeitos os peritos, os intérpretes e os
em 24 vinte e quatro horas, ao juiz ou tribunal a serventuários ou funcionários de justiça, decidin-
quem competir o julgamento. § 1º Reconhecida, do o juiz de plano e sem recurso, à vista da matéria
preliminarmente, a relevância da arguição, o juiz alegada e prova imediata”.
ou tribunal, com citação das partes, marcará dia ◼◼ Art. 106 do CPP: “A suspeição dos jurados deverá
e hora para a inquirição das testemunhas, se- ser arguida oralmente, decidindo de plano do pre-
guindo-se o julgamento, independentemente de sidente do Tribunal do Júri, que a rejeitará se, ne-
mais alegações. § 2º Se a suspeição for de mani- gada pelo recusado, não for imediatamente com-
festa improcedência, o juiz ou relator a rejeitará provada, o que tudo constará da ata”.
liminarmente”. ◼◼ Art. 107 do CPP: “Não se poderá opor suspeição às
◼◼ Art. 101 do CPP: “Julgada procedente a suspei- autoridades policiais nos atos do inquérito, mas
ção, ficarão nulos os atos do processo principal, deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocor-
pagando o juiz as custas, no caso de erro ines- rer motivo legal”.
cusável; rejeitada, evidenciando-se a malícia do ◼◼ Art. 108 do CPP: “A exceção de incompetência do

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juízo poderá ser oposta, verbalmente ou por escri- cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em li-
to, no prazo de defesa. § 1º Se, ouvido o Ministério nha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive,
Público, for aceita a declinatória, o feito será re- como defensor ou advogado, órgão do Ministério
metido ao juízo competente, onde, ratificados Público, autoridade policial, auxiliar da justiça
os atos anteriores, o processo prosseguirá. § 2º ou perito; II - ele próprio houver desempenhado
Recusada a incompetência, o juiz continuará no qualquer dessas funções ou servido como teste-
feito, fazendo tomar por termo a declinatória, se munha; III - tiver funcionado como juiz de outra
formulada verbalmente”. instância, pronunciando-se, de fato ou de direito,
◼◼ Art. 109 do CPP: “Se em qualquer fase do pro- sobre a questão; IV - ele próprio ou seu cônjuge ou
cesso o juiz reconhecer motivo que o torne in- parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou
competente, declará-lo-á nos autos, haja ou não colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte
alegação da parte, prosseguindo-se na forma do ou diretamente interessado no feito”.
artigo anterior”. ◼◼ Art. 253 do CPP: “Nos juízos coletivos, não poderão
◼◼ Art. 110 do CPP: “Nas exceções de litispendência, servir no mesmo processo os juízes que forem en-
ilegitimidade de parte e coisa julgada, será obser- tre si parentes, consanguíneos ou afins, em linha
vado, no que lhes for aplicável, o disposto sobre a reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive”.
exceção de incompetência do juízo. § 1º Se a parte ◼◼ Art. 254 do CPP: “O juiz dar-se-á por suspeito, e,
houver de opor mais de uma dessas exceções, de- se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer
verá fazê-lo numa só petição ou articulado. § 2º das partes: I - se for amigo íntimo ou inimigo ca-
A exceção de coisa julgada somente poderá ser pital de qualquer deles; II - se ele, seu cônjuge, as-
oposta em relação ao fato principal, que tiver sido cendente ou descendente, estiver respondendo a
objeto da sentença”. processo por fato análogo, sobre cujo caráter cri-
◼◼ Art. 111 do CPP: “As exceções serão processadas minoso haja controvérsia; III - se ele, seu cônjuge,
em autos apartados e não suspenderão, em regra, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro
o andamento da ação penal”. grau, inclusive, sustentar demanda ou responder
◼◼ Art. 112 do CPP: “O juiz, o órgão do Ministério a processo que tenha de ser julgado por qualquer
Público, os serventuários ou funcionários de jus- das partes; IV - se tiver aconselhado qualquer das
tiça e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de partes; V - se for credor ou devedor, tutor ou cura-
servir no processo, quando houver incompatibi- dor, de qualquer das partes; VI - se for sócio, acio-
lidade ou impedimento legal, que declararão nos nista ou administrador de sociedade interessada
autos. Se não se der a abstenção, a incompatibi- no processo”.
lidade ou impedimento poderá ser arguido pelas ◼◼ Art. 255 do CPP: “O impedimento ou suspeição
partes, seguindo-se o processo estabelecido para decorrente de parentesco por afinidade cessará
a exceção de suspeição”. pela dissolução do casamento que lhe tiver dado
causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ain-
da que dissolvido o casamento sem descendentes,
2. Sujeitos processuais. não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o
cunhado, o genro ou enteado de quem for parte
◼◼ Art. 251 do CPP: “Ao juiz incumbirá prover à regu- no processo”.
laridade do processo e manter a ordem no curso ◼◼ Art. 256 do CPP: “A suspeição não poderá ser de-
dos respectivos atos, podendo, para tal fim, re- clarada nem reconhecida, quando a parte injuriar
quisitar a força pública”. o juiz ou de propósito der motivo para criá-la”.
◼◼ Art. 252 do CPP: “O juiz não poderá exercer juris- ◼◼ Art. 257 do CPP: “Ao Ministério Público cabe: I -
dição no processo em que: I - tiver funcionado seu promover, privativamente, a ação penal pública,

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na forma estabelecida neste Código; e II - fiscali- o processo senão por motivo imperioso, comuni-
zar a execução da lei”. cado previamente o juiz, sob pena de multa de 10
◼◼ Art. 258 do CPP: “Os órgãos do Ministério Público (dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuí-
não funcionarão nos processos em que o juiz ou zo das demais sanções cabíveis. § 1º A audiência
qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, poderá ser adiada se, por motivo justificado, o
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, defensor não puder comparecer. § 2º Incumbe ao
até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, defensor provar o impedimento até a abertura da
no que lhes for aplicável, as prescrições relativas à audiência. Não o fazendo, o juiz não determinará
suspeição e aos impedimentos dos juízes”. o adiamento de ato algum do processo, devendo
◼◼ Art. 259 do CPP: “A impossibilidade de identifi- nomear defensor substituto, ainda que proviso-
cação do acusado com o seu verdadeiro nome ou riamente ou só para o efeito do ato”.
outros qualificativos não retardará a ação penal, ◼◼ Art. 266 do CPP: “A constituição de defensor in-
quando certa a identidade física. A qualquer tempo, dependerá de instrumento de mandato, se o acu-
no curso do processo, do julgamento ou da execu- sado o indicar por ocasião do interrogatório”.
ção da sentença, se for descoberta a sua qualifica- ◼◼ Art. 267 do CPP: “Nos termos do art. 252, não fun-
ção, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, cionarão como defensores os parentes do juiz”.
sem prejuízo da validade dos atos precedentes”. ◼◼ Art. 268 do CPP: “Em todos os termos da ação
◼◼ Art. 260 do CPP: “Se o acusado não atender à in- pública, poderá intervir, como assistente do
timação para o interrogatório, reconhecimento Ministério Público, o ofendido ou seu represen-
ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser tante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas
realizado, a autoridade poderá mandar conduzi- mencionadas no Art. 31”.
-lo à sua presença. Parágrafo único. O mandado ◼◼ Art. 269 do CPP: “O assistente será admitido en-
conterá, além da ordem de condução, os requisitos quanto não passar em julgado a sentença e rece-
mencionados no art. 352, no que lhe for aplicável”. berá a causa no estado em que se achar”.
◼◼ Art. 261 do CPP: “Nenhum acusado, ainda que ◼◼ Art. 270 do CPP: “O corréu no mesmo processo
ausente ou foragido, será processado ou julgado não poderá intervir como assistente do Ministério
sem defensor. Parágrafo único. A defesa técnica, Público”.
quando realizada por defensor público ou dati- ◼◼ Art. 271 do CPP: “Ao assistente será permitido
vo, será sempre exercida através de manifestação propor meios de prova, requerer perguntas às
fundamentada”. testemunhas, aditar o libelo e os articulados, par-
◼◼ Art. 262 do CPP: “Ao acusado menor dar-se-á ticipar do debate oral e arrazoar os recursos inter-
curador”. postos pelo Ministério Público, ou por ele próprio,
◼◼ Art. 263 do CPP: “Se o acusado não o tiver, ser- nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598. § 1º O juiz, ou-
-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o vido o Ministério Público, decidirá acerca da reali-
seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua zação das provas propostas pelo assistente. § 2º O
confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha processo prosseguirá independentemente de nova
habilitação. Parágrafo único. O acusado, que não intimação do assistente, quando este, intima-
for pobre, será obrigado a pagar os honorários do do, deixar de comparecer a qualquer dos atos da
defensor dativo, arbitrados pelo juiz”. instrução ou do julgamento, sem motivo de força
◼◼ Art. 264 do CPP: “Salvo motivo relevante, os ad- maior devidamente comprovado”.
vogados e solicitadores serão obrigados, sob pena ◼◼ Art. 272 do CPP: “O Ministério Público será ouvido
de multa de cem a quinhentos mil-réis, a prestar previamente sobre a admissão do assistente”.
seu patrocínio aos acusados, quando nomeados ◼◼ Art. 273 do CPP: “Do despacho que admitir, ou não,
pelo Juiz”. o assistente, não caberá recurso, devendo, entre-
◼◼ Art. 265 do CPP: “O defensor não poderá abandonar tanto, constar dos autos o pedido e a decisão”.

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◼◼ Art. 274 do CPP: “As prescrições sobre suspeição para que é feita a citação; VI - o juízo e o lugar, o
dos juízes estendem-se aos serventuários e fun- dia e a hora em que o réu deverá comparecer; VII -
cionários da justiça, no que lhes for aplicável”. a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz”.
◼◼ Art. 275 do CPP: “O perito, ainda quando não ofi- ◼◼ Art. 353 do CPP: “Quando o réu estiver fora do ter-
cial, estará sujeito à disciplina judiciária”. ritório da jurisdição do juiz processante, será cita-
◼◼ Art. 276 do CPP: “As partes não intervirão na no- do mediante precatória”.
meação do perito”. ◼◼ Art. 354 do CPP: “A precatória indicará: I - o juiz
◼◼ Art. 277 do CPP: “O perito nomeado pela autorida- deprecado e o juiz deprecante; II - a sede da ju-
de será obrigado a aceitar o encargo, sob pena de risdição de um e de outro; III - o fim para que é
multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa feita a citação, com todas as especificações; IV - o
atendível. Parágrafo único. Incorrerá na mesma juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deve-
multa o perito que, sem justa causa, provada ime- rá comparecer”.
diatamente: a) deixar de acudir à intimação ou ao ◼◼ Art. 355 do CPP: “A precatória será devolvida ao
chamado da autoridade; b) não comparecer no dia juiz deprecante, independentemente de trasla-
e local designados para o exame; c) não der o lau- do, depois de lançado o "cumpra-se" e de fei-
do, ou concorrer para que a perícia não seja feita, ta a citação por mandado do juiz deprecado. § 1º
nos prazos estabelecidos”. Verificado que o réu se encontra em território su-
◼◼ Art. 278 do CPP: “No caso de não-comparecimen- jeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o
to do perito, sem justa causa, a autoridade poderá juiz deprecado os autos para efetivação da dili-
determinar a sua condução”. gência, desde que haja tempo para fazer-se a ci-
◼◼ Art. 279 do CPP: “Não poderão ser peritos: I - os tação. § 2º Certificado pelo oficial de justiça que o
que estiverem sujeitos à interdição de direito réu se oculta para não ser citado, a precatória será
mencionada nos ns. I e IV do art. 69 do Código imediatamente devolvida, para o fim previsto no
Penal; II - os que tiverem prestado depoimento no art. 362”.
processo ou opinado anteriormente sobre o obje- ◼◼ Art. 356 do CPP: “Se houver urgência, a preca-
to da perícia; III - os analfabetos e os menores de tória, que conterá em resumo os requisitos enu-
21 anos”. merados no art. 354, poderá ser expedida por via
◼◼ Art. 280 do CPP: “É extensivo aos peritos, no que telegráfica, depois de reconhecida a firma do juiz,
Ihes for aplicável, o disposto sobre suspeição o que a estação expedidora mencionará”.
dos juízes”. ◼◼ Art. 357 do CPP: “São requisitos da citação por
◼◼ Art. 281 do CPP: “Os intérpretes são, para todos os mandado: I - leitura do mandado ao citando pelo
efeitos, equiparados aos peritos”. oficial e entrega da contrafé, na qual se mencio-
narão dia e hora da citação; II - declaração do
oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua
3. Atos processuais. aceitação ou recusa”.
◼◼ Art. 358 do CPP: “A citação do militar far-se-á por
◼◼ Art. 351 do CPP: “A citação inicial far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço”.
mandado, quando o réu estiver no território su- ◼◼ Art. 359 do CPP: “O dia designado para funcio-
jeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado”. nário público comparecer em juízo, como acusa-
◼◼ Art. 352 do CPP: “O mandado de citação indicará: do, será notificado assim a ele como ao chefe de
I - o nome do juiz; II - o nome do querelante nas sua repartição”.
ações iniciadas por queixa; III - o nome do réu, ou, ◼◼ Art. 360 do CPP: “Se o réu estiver preso, será pes-
se for desconhecido, os seus sinais característicos; soalmente citado”.
IV - a residência do réu, se for conhecida; V - o fim ◼◼ Art. 361 do CPP: “Se o réu não for encontrado, será

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citado por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias”. ◼◼ Art. 367 do CPP: “O processo seguirá sem a pre-
◼◼ Art. 362 do CPP: “Verificando que o réu se oculta sença do acusado que, citado ou intimado pessoal-
para não ser citado, o oficial de justiça certificará mente para qualquer ato, deixar de comparecer
a ocorrência e procederá à citação com hora cer- sem motivo justificado, ou, no caso de mudança
ta, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da de residência, não comunicar o novo endereço
Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de ao juízo”.
Processo Civil. Parágrafo único. Completada a ci- ◼◼ Art. 368 do CPP: “Estando o acusado no estran-
tação com hora certa, se o acusado não compare- geiro, em lugar sabido, será citado mediante car-
cer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo”. ta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de
◼◼ Art. 363 do CPP: “O processo terá completada a prescrição até o seu cumprimento”.
sua formação quando realizada a citação do acu- ◼◼ Art. 369 do CPP: “As citações que houverem de ser
sado. I - (revogado); II - (revogado). § 1º Não sen- feitas em legações estrangeiras serão efetuadas
do encontrado o acusado, será procedida a citação mediante carta rogatória”.
por edital. § 2º (VETADO). § 3º (VETADO). § 4º ◼◼ Art. 370 do CPP: “Nas intimações dos acusados,
Comparecendo o acusado citado por edital, em das testemunhas e demais pessoas que devam to-
qualquer tempo, o processo observará o disposto mar conhecimento de qualquer ato, será obser-
nos arts. 394 e seguintes deste Código”. vado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo
◼◼ Art. 364 do CPP: “No caso do artigo anterior, no I, anterior. § 1º A intimação do defensor constituído,
o prazo será fixado pelo juiz entre 15 (quinze) e 90 do advogado do querelante e do assistente far-se-
(noventa) dias, de acordo com as circunstâncias, -á por publicação no órgão incumbido da publici-
e, no caso de no II, o prazo será de trinta dias”. dade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob
◼◼ Art. 365 do CPP: “O edital de citação indicará: I - o pena de nulidade, o nome do acusado. § 2º Caso
nome do juiz que a determinar; II - o nome do réu, não haja órgão de publicação dos atos judiciais na
ou, se não for conhecido, os seus sinais caracte- comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo
rísticos, bem como sua residência e profissão, se escrivão, por mandado, ou via postal com com-
constarem do processo; III - o fim para que é feita provante de recebimento, ou por qualquer outro
a citação; IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em meio idôneo. § 3º A intimação pessoal, feita pelo
que o réu deverá comparecer; V - o prazo, que será escrivão, dispensará a aplicação a que alude o § 1º.
contado do dia da publicação do edital na impren- § 4º A intimação do Ministério Público e do defen-
sa, se houver, ou da sua afixação. Parágrafo úni- sor nomeado será pessoal”.
co. O edital será afixado à porta do edifício onde ◼◼ Art. 371 do CPP: “Será admissível a intimação por
funcionar o juízo e será publicado pela imprensa, despacho na petição em que for requerida, obser-
onde houver, devendo a afixação ser certificada vado o disposto no art. 357”.
pelo oficial que a tiver feito e a publicação pro- ◼◼ Art. 372 do CPP: “Adiada, por qualquer motivo,
vada por exemplar do jornal ou certidão do escri- a instrução criminal, o juiz marcará desde logo,
vão, da qual conste a página do jornal com a data na presença das partes e testemunhas, dia e hora
da publicação”. para seu prosseguimento, do que se lavrará termo
◼◼ Art. 366 do CPP: “Se o acusado, citado por edital, nos autos”.
não comparecer, nem constituir advogado, fica-
rão suspensos o processo e o curso do prazo pres-
cricional, podendo o juiz determinar a produção 4. Atos judiciais.
antecipada das provas consideradas urgentes e, se
for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos ◼◼ Art. 381 do CPP: “A sentença conterá: I - os nomes
do disposto no art. 312”. das partes ou, quando não possível, as indicações

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necessárias para identificá-las; II - a exposição ◼◼ Art. 385 do CPP: “Nos crimes de ação pública, o
sucinta da acusação e da defesa; III - a indicação juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda
dos motivos de fato e de direito em que se fundar que o Ministério Público tenha opinado pela ab-
a decisão; IV - a indicação dos artigos de lei apli- solvição, bem como reconhecer agravantes, em-
cados; V - o dispositivo; VI - a data e a assinatura bora nenhuma tenha sido alegada”.
do juiz”. ◼◼ Art. 386 do CPP: “O juiz absolverá o réu, mencio-
◼◼ Art. 382 do CPP: “Qualquer das partes poderá, no nando a causa na parte dispositiva, desde que re-
prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare a conheça: I - estar provada a inexistência do fato;
sentença, sempre que nela houver obscuridade, II - não haver prova da existência do fato; III - não
ambiguidade, contradição ou omissão”. constituir o fato infração penal; IV - estar prova-
◼◼ Art. 383 do CPP: “O juiz, sem modificar a descri- do que o réu não concorreu para a infração penal;
ção do fato contida na denúncia ou queixa, poderá V - não existir prova de ter o réu concorrido para a
atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, infração penal; VI - existirem circunstâncias que
em consequência, tenha de aplicar pena mais gra- excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts.
ve. § 1º Se, em consequência de definição jurídica 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código
diversa, houver possibilidade de proposta de sus- Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre
pensão condicional do processo, o juiz procederá sua existência; VII - não existir prova suficiente
de acordo com o disposto na lei. § 2º Tratando-se para a condenação. Parágrafo único. Na sentença
de infração da competência de outro juízo, a este absolutória, o juiz: I - mandará, se for o caso, pôr
serão encaminhados os autos”. o réu em liberdade; II - ordenará a cessação das
◼◼ Art. 384 do CPP: “Encerrada a instrução probató- medidas cautelares e provisoriamente aplicadas;
ria, se entender cabível nova definição jurídica do III - aplicará medida de segurança, se cabível”.
fato, em consequência de prova existente nos au- ◼◼ Art. 387 do CPP: “O juiz, ao proferir sentença con-
tos de elemento ou circunstância da infração pe- denatória: I - mencionará as circunstâncias agra-
nal não contida na acusação, o Ministério Público vantes ou atenuantes definidas no Código Penal,
deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de e cuja existência reconhecer; II - mencionará as
5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que
instaurado o processo em crime de ação públi- deva ser levado em conta na aplicação da pena,
ca, reduzindo-se a termo o aditamento, quando de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do
feito oralmente. § 1º Não procedendo o órgão do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940
Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. - Código Penal; III - aplicará as penas de acordo
28 deste Código. § 2º Ouvido o defensor do acu- com essas conclusões; IV - fixará valor mínimo
sado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o adi- para reparação dos danos causados pela infração,
tamento, o juiz, a requerimento de qualquer das considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido;
partes, designará dia e hora para continuação da V - atenderá, quanto à aplicação provisória de in-
audiência, com inquirição de testemunhas, novo terdições de direitos e medidas de segurança, ao
interrogatório do acusado, realização de debates disposto no Título XI deste Livro; VI - determina-
e julgamento. § 3º Aplicam-se as disposições dos rá se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou
§§ 1º e 2º do art. 383 ao caput deste artigo. § 4º em resumo e designará o jornal em que será feita
Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar a publicação (art. 73, § 1º, do Código Penal). § 1º
até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a ma-
dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos ter- nutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão
mos do aditamento. § 5º Não recebido o adita- preventiva ou de outra medida cautelar, sem pre-
mento, o processo prosseguirá”. juízo do conhecimento de apelação que vier a ser

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interposta. § 2º O tempo de prisão provisória, de feita: I - ao réu, pessoalmente, se estiver pre-


prisão administrativa ou de internação, no Brasil so; II - ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por
ou no estrangeiro, será computado para fins de ele constituído, quando se livrar solto, ou, sendo
determinação do regime inicial de pena privativa afiançável a infração, tiver prestado fiança; III -
de liberdade”. ao defensor constituído pelo réu, se este, afian-
◼◼ Art. 388 do CPP: “A sentença poderá ser datilo- çável, ou não, a infração, expedido o mandado de
grafada e neste caso o juiz a rubricará em todas prisão, não tiver sido encontrado, e assim o certi-
as folhas”. ficar o oficial de justiça; IV - mediante edital, nos
◼◼ Art. 389 do CPP: “A sentença será publicada em casos do no II, se o réu e o defensor que houver
mão do escrivão, que lavrará nos autos o respec- constituído não forem encontrados, e assim o
tivo termo, registrando-a em livro especialmente certificar o oficial de justiça; V - mediante edital,
destinado a esse fim”. nos casos do no III, se o defensor que o réu houver
◼◼ Art. 390 do CPP: “O escrivão, dentro de três dias constituído também não for encontrado, e assim o
após a publicação, e sob pena de suspensão de certificar o oficial de justiça; VI - mediante edital,
cinco dias, dará conhecimento da sentença ao ór- se o réu, não tendo constituído defensor, não for
gão do Ministério Público”. encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça.
◼◼ Art. 391 do CPP: “O querelante ou o assistente será § 1º O prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido
intimado da sentença, pessoalmente ou na pessoa imposta pena privativa de liberdade por tempo
de seu advogado. Se nenhum deles for encontrado igual ou superior a um ano, e de 60 dias, nos ou-
no lugar da sede do juízo, a intimação será feita tros casos. § 2º O prazo para apelação correrá após
mediante edital com o prazo de 10 dias, afixado no o término do fixado no edital, salvo se, no curso
lugar de costume”. deste, for feita a intimação por qualquer das ou-
◼◼ Art. 392 do CPP: “A intimação da sentença será tras formas estabelecidas neste artigo”.

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7.
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PRISÃO E
LIBERDADE
MÓDULO 1
Um dia você
vai acordar e 1. Prisão em flagrante.
não haverá ◼◼ “Flagrante” vem do latim flagrare, que significa queimar, arder.
mais tempo O crime está ardendo, está acontecendo.

para fazer as
◼◼ A prisão em flagrante, diversamente das prisões preventiva e tempo-
rária, não exige prévia autorização judicial, estando condicionada às

coisas que você


situações de flagrância previstas no art. 302 do CPP.
◼◼ Flagrante facultativo: qualquer do povo poderá prender quem quer

sempre quis. que seja encontrado em flagrante delito (art. 301, 1ª parte, CPP).
Trata-se de hipótese de exercício regular de direito.

Faça-as agora." ◼◼ Flagrante obrigatório: as autoridades policiais e seus agentes deve-


rão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito (art.
Paulo Coelho 301, 2ª parte, CPP). Trata-se de hipótese de estrito cumprimento de
dever legal.
◼◼ Flagrante próprio ou perfeito (art. 302, I e II, CPP): considera-se em
flagrante delito quem: I - está cometendo a infração penal; II - acaba
de cometê-la.
◼◼ Flagrante impróprio, imperfeito ou quase-flagrante (art. 302, III,
CPP): considera-se em flagrante delito quem: III - é perseguido, logo
após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em si-
tuação que faça presumir ser autor da infração.
◼◼ Flagrante ficto ou presumido (art. 302, IV, CPP): considera-se em
flagrante delito quem: IV - é encontrado, logo depois, com instru-
mentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor
da infração.

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◼◼ Flagrante preparado ou provocado (crime de en- I. Fumus comissi deliciti: prova da existência do crime
saio, delito de laboratório, crime putativo por obra + indício suficiente de autoria.
do agente provocador): monta-se uma situação II. Periculum libertatis: para garantia da ordem públi-
para que o sujeito venha a delinquir, ao mesmo ca, para garantia da ordem econômica, por conve-
tempo em que se toma providências para impedir niência da instrução criminal ou para assegurar a
a consumação. É crime impossível (art. 17 do CP) aplicação da lei penal.
para o STF.
◼◼ Hipóteses de admissibilidade (art. 313 do CPP):
a) crimes dolosos punidos com pena máxima su-
Súmula 145 do STF perior a 4 anos; b) investigado ou acusado con-
Não há crime, quando a preparação do denado por outro crime doloso em sentença tran-
flagrante pela polícia torna impossível a sitada em julgado (ressalvado o disposto no art.
sua consumação. 64, I, CP); c) quando o crime envolver violência
doméstica e familiar contra a mulher, criança,
adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com de-
◼◼ Flagrante esperado (intervenção predispos- ficiência, para garantir a execução das medidas
ta da autoridade): é lícito, pois não há qualquer protetivas de urgência; d) dúvida sobre a identi-
induzimento. dade civil da pessoa ou não fornecimento de ele-
◼◼ Flagrante prorrogado, protelado, retardado ou mentos suficientes para seu esclarecimento.
diferido (ação controlada e entrega vigiada): con- ◼◼ Duração da prisão preventiva: não há prazo má-
siste no retardamento da intervenção policial, que ximo previsto no CPP, razão pela qual ela perdu-
deve ocorrer no momento mais oportuno para a ra enquanto estiverem presentes seus requisitos
investigação e colheita de provas. Previsão na Lei ensejadores. Há exceção no CPPM (50 dias, art.
de Drogas (art. 53, II, Lei 11.343/06) e na Lei do 390) e na Lei 12.850/13 (120 dias, art. 22, parágra-
Crime Organizado (art. 8º). fo único).
◼◼ Flagrante forjado, fabricado, maquinado ou urdi-
do: policiais ou particulares criam provas de um
crime inexistente, com o objetivo de legitimar fal- 3. Prisão temporária.
samente uma prisão em flagrante.
◼◼ Está prevista na Lei 7.960/89.
◼◼ Requisitos: conforme prevalece, não há necessi-
2. Prisão preventiva. dade de cumulação dos três incisos do art. 1º da
Lei 7.960/89. Deve sempre estar previsto o inciso
◼◼ Legitimidade (art. 311 do CPP): a prisão preven- III (onde estão arrolados os crimes que aceitam a
tiva é sempre decretada pelo juiz. No entanto, prisão temporária), cumulado com o inciso I ou
o juiz somente poderá decretá-la de ofício na fase com o inciso II.
do processo (há exceção na Lei Maria da Penha). ◼◼ Legitimidade (art. 2º, caput): não pode ser decre-
Durante a fase do inquérito policial, a prisão tada de ofício pelo juiz, e sim em face de repre-
preventiva pode ser decretada a partir de repre- sentação da autoridade policial ou requerimento
sentação da autoridade policial ou mediante re- do Ministério Público.
querimento do Ministério Público. Já na fase do ◼◼ Prazo: 5 dias, prorrogável por igual período
processo, ela poderá ser decretada de ofício pelo em caso de extrema e comprovada necessida-
juiz ou em face de requerimento do MP, do quere- de (art. 2º da Lei 7.960/89). No caso de crimes
lante ou do assistente. hediondos e equiparados, o prazo será de 30
◼◼ Pressupostos (art. 312 do CPP): dias, prorrogável por igual período em caso de

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extrema e comprovada necessidade (art. 2º, § 4º, →→ Não será concedida fiança: I - nos crimes de ra-
Lei 8.072/90). cismo; II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito
◼◼ Decorrido o prazo, o preso deverá ser colocado de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e
imediatamente em liberdade, não havendo neces- nos definidos como crimes hediondos; III - nos
sidade de expedição de alvará de soltura. crimes cometidos por grupos armados, civis ou
◼◼ A prisão temporária não pode subsistir ou ser de- militares, contra a ordem constitucional e o
cretada após o recebimento da denúncia. Estado Democrático.
→→ Não será, igualmente, concedida fiança: I - aos
que, no mesmo processo, tiverem quebrado
4. Liberdade provisória. fiança anteriormente concedida ou infringido,
sem motivo justo, qualquer das obrigações a
◼◼ De acordo com o art. 5º, LXVI, da Constituição que se referem os arts. 327 e 328 deste Código;
Federal, “ninguém será levado à prisão ou nela II - em caso de prisão civil ou militar; III - (re-
mantido quando a lei admitir a liberdade provisó- vogado); IV - quando presentes os motivos que
ria, com ou sem fiança”. autorizam a decretação da prisão preventiva
◼◼ Liberdade provisória sem fiança: é admitida em (art. 312).
duas hipóteses: a) causas excludentes da ilicitude
◼◼ Quebramento da fiança (art. 341 do CPP): julgar-
(art. 310, parágrafo único, CPP); b) motivo de po-
-se-á quebrada a fiança quando o acusado: I - re-
breza (art. 350 do CPP).
gularmente intimado para ato do processo, deixar
◼◼ Liberdade provisória com fiança:
de comparecer, sem motivo justo; II - deliberada-
→→ Momento para a concessão da fiança (art. 334 mente praticar ato de obstrução ao andamento do
do CPP): enquanto não houver o trânsito em processo; III - descumprir medida cautelar im-
julgado de sentença condenatória. posta cumulativamente com a fiança; IV - resistir
→→ Legitimidade (art. 322 do CPP): a) Delegado injustificadamente a ordem judicial; V - praticar
de Polícia nas infrações cuja PPL máxima não nova infração penal dolosa.
seja superior a 4 anos; b) Juiz nos demais ca- ◼◼ Art. 44 da Lei de Drogas (Lei 11.343/06): “Os cri-
sos. Obs.: o Delegado não pode arbitrar fian- mes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37
ça no crime de Descumprimento de Medidas desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sur-
Protetivas de Urgência (art. 24-A, § 2º, Lei sis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória,
Maria da Penha - Lei 11.340/06). vedada a conversão de suas penas em restritivas
→→ Valor (art. 325 do CPP): I - de 1 a 100 salários de direitos. Parágrafo único. Nos crimes previs-
mínimos, quando se tratar de infração cuja tos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento
pena privativa de liberdade, no grau máximo, condicional após o cumprimento de dois terços da
não for superior a 4 anos; II - de 10 a 200 salá- pena, vedada sua concessão ao reincidente espe-
rios mínimos, quando o máximo da pena pri- cífico”. O Plenário do STF, julgando o HC 104339
vativa de liberdade cominada for superior a 4 (em 10/05/2012), declarou a inconstitucionalida-
anos. Se assim recomendar a situação econô- de da vedação da liberdade provisória.
mica do preso, a fiança poderá ser: a) dispen-
sada, na forma do art. 350 do CPP; b) reduzida
até o máximo de 2/3 (dois terços); ou c) au- STJ – RHC 111686, j. 11/06/2019
mentada em até 1.000 vezes.
“O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o HC n.
◼◼ Inafiançabilidade (art. 5º, XLII, XLIII e XLIV da CF 104.339/SP, declarou a inconstitucionalidade da ex-
+ arts. 323 e 324 do CPP): pressão ‘e liberdade provisória’, constante do art. 44,

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caput, da Lei n. 11.343/2006, afastando o óbice à con- →→ Advogados: art. 7º, § 3º, Estatuto da OAB (Lei
cessão da liberdade provisória aos acusados da prática 8.906/94).
de crimes hediondos e equiparados, razão pela qual a
decretação da prisão preventiva sempre deve ser fun-
damentada na presença dos requisitos do art. 312 do
Código de Processo Penal”.
2. Prisão especial. Prisão domiciliar.
Medidas cautelares.
◼◼ Prisão especial (art. 295 do CPP): serão recolhi-
dos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da
MÓDULO 2 autoridade competente, quando sujeitos a prisão
antes de condenação definitiva: I - os ministros
de Estado; II - os governadores ou interventores
de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito
1. Garantias do preso.
Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos
Imunidades prisionais. municipais, os vereadores e os chefes de Polícia;
III - os membros do Parlamento Nacional, do
◼◼ Garantias do preso: a) respeito à integridade física
Conselho de Economia Nacional e das Assembleias
e moral (art. 5º, XLIX, CF); b) comunicação ime-
Legislativas dos Estados; IV - os cidadãos inscri-
diata da prisão ao juiz competente e ao MP (art.
tos no "Livro de Mérito"; V - os oficiais das Forças
5º, LXII, CF + art. 306, caput, CPP); c) comunica-
Armadas e os militares dos Estados, do Distrito
ção imediata da prisão à família ou pessoa indi-
Federal e dos Territórios; VI - os magistrados;
cada (art. 5º, LXII, CF); d) direito ao silêncio (art.
VII - os diplomados por qualquer das faculdades
5º, LXIII, CF); e) assistência de advogado (art. 5º,
superiores da República; VIII - os ministros de
LXIII, CF); f) identificação dos responsáveis por
confissão religiosa; IX - os ministros do Tribunal
sua prisão ou interrogatório policial (art. 5º,
de Contas; X - os cidadãos que já tiverem exerci-
LXIV, CF); g) relaxamento da prisão ilegal (art. 5º,
do efetivamente a função de jurado, salvo quando
LXV, CF).
excluídos da lista por motivo de incapacidade
◼◼ Algemas: “Só é lícito o uso de algemas em casos de
para o exercício daquela função; XI - os delega-
resistência e de fundado receio de fuga ou de peri-
dos de polícia e os guardas-civis dos Estados e
go à integridade física própria ou alheia, por parte
Territórios, ativos e inativos. Com o trânsito em
do preso ou de terceiros, justificada a excepciona-
julgado cessa o direito à prisão especial, com ex-
lidade por escrito, sob pena de responsabilidade
ceção do preso que, ao tempo do fato, era funcio-
disciplinar, civil e penal do agente ou da autori-
nário da Administração da Justiça Criminal (art.
dade e de nulidade da prisão ou do ato processual
84, § 2º, LEP).
a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade
◼◼ Prisão domiciliar (art. 317 do CPP): consiste no
civil do Estado” (Súmula Vinculante 11 do STF).
recolhimento do indiciado ou acusado em sua re-
◼◼ Imunidades prisionais:
sidência, só podendo dela ausentar-se com au-
→→ Presidente da República: art. 86, § 3º, CF. torização judicial. Hipóteses (art. 318 do CPP):
→→ Senadores e Deputados Federais: art. 53, I - maior de 80 (oitenta) anos; II - extremamente
§ 2º, CF. debilitado por motivo de doença grave; III - im-
→→ Deputados Estaduais: art. 27, § 1º, CF. prescindível aos cuidados especiais de pessoa
→→ Magistrados: art. 33, II, LOMAN (LC 35/79). menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiên-
→→ Membros do MP: art. 40, III, LONMP (Lei cia; IV - gestante; V - mulher com filho de até 12
8.625/93). (doze) anos de idade incompletos; VI - homem,

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caso seja o único responsável pelos cuidados do


filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos.
MÓDULO 3
◼◼ Mulher gestante ou mãe ou responsável por
crianças ou pessoas com deficiência (art. 318-A
do CPP): a prisão preventiva será substituída por 1. Prisão em flagrante.
prisão domiciliar, desde que: I - não tenha come-
tido crime com violência ou grave ameaça a pes- ◼◼ Art. 301 do CPP: “Qualquer do povo poderá e as
soa; II - não tenha cometido o crime contra seu autoridades policiais e seus agentes deverão
filho ou dependente. prender quem quer que seja encontrado em fla-
◼◼ Medidas cautelares (art. 319 do CPP): são medidas grante delito”.
cautelares diversas da prisão: I - comparecimento ◼◼ Art. 302 do CPP: “Considera-se em flagrante deli-
periódico em juízo, no prazo e nas condições fixa- to quem: I - está cometendo a infração penal; II -
das pelo juiz, para informar e justificar atividades; acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após,
II - proibição de acesso ou frequência a determi- pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
nados lugares quando, por circunstâncias relacio- pessoa, em situação que faça presumir ser autor
nadas ao fato, deva o indiciado ou acusado perma- da infração; IV - é encontrado, logo depois, com
necer distante desses locais para evitar o risco de instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
novas infrações; III - proibição de manter contato presumir ser ele autor da infração”.
com pessoa determinada quando, por circuns- ◼◼ Art. 303 do CPP: “Nas infrações permanentes, en-
tâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou tende-se o agente em flagrante delito enquanto
acusado dela permanecer distante; IV - proibição não cessar a permanência”.
de ausentar-se da Comarca quando a permanên- ◼◼ Art. 304 do CPP: “Apresentado o preso à autori-
cia seja conveniente ou necessária para a inves- dade competente, ouvirá esta o condutor e colhe-
tigação ou instrução; V - recolhimento domiciliar rá, desde logo, sua assinatura, entregando a este
no período noturno e nos dias de folga quando o cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em
investigado ou acusado tenha residência e traba- seguida, procederá à oitiva das testemunhas que
lho fixos; VI - suspensão do exercício de função o acompanharem e ao interrogatório do acusado
pública ou de atividade de natureza econômica ou sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após
financeira quando houver justo receio de sua uti- cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando,
lização para a prática de infrações penais; VII - in- a autoridade, afinal, o auto. § 1º Resultando das
ternação provisória do acusado nas hipóteses de respostas fundada a suspeita contra o conduzido,
crimes praticados com violência ou grave ameaça, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto
quando os peritos concluírem ser inimputável ou no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e
semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e hou- prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se
ver risco de reiteração; VIII - fiança, nas infrações para isso for competente; se não o for, enviará os
que a admitem, para assegurar o comparecimento autos à autoridade que o seja. § 2º A falta de teste-
a atos do processo, evitar a obstrução do seu an- munhas da infração não impedirá o auto de prisão
damento ou em caso de resistência injustificada à em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor,
ordem judicial; IX - monitoração eletrônica. deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que

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hajam testemunhado a apresentação do preso à ◼◼ Art. 310 do CPP: “Ao receber o auto de prisão em
autoridade. § 3º Quando o acusado se recusar a flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: I -
assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto relaxar a prisão ilegal; II - converter a prisão em
de prisão em flagrante será assinado por duas tes- flagrante em preventiva, quando presentes os re-
temunhas, que tenham ouvido sua leitura na pre- quisitos constantes do art. 312 deste Código, e se
sença deste. § 4º Da lavratura do auto de prisão revelarem inadequadas ou insuficientes as me-
em flagrante deverá constar a informação sobre a didas cautelares diversas da prisão; ou III - con-
existência de filhos, respectivas idades e se pos- ceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
suem alguma deficiência e o nome e o contato de Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de
eventual responsável pelos cuidados dos filhos, prisão em flagrante, que o agente praticou o fato
indicado pela pessoa presa”. nas condições constantes dos incisos I a III do
◼◼ Art. 305 do CPP: “Na falta ou no impedimento do caput do art. 23 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de
escrivão, qualquer pessoa designada pela autori- dezembro de 1940 - Código Penal, poderá, fun-
dade lavrará o auto, depois de prestado o compro- damentadamente, conceder ao acusado liberdade
misso legal”. provisória, mediante termo de comparecimento a
◼◼ Art. 306 do CPP: “A prisão de qualquer pessoa e todos os atos processuais, sob pena de revogação”.
o local onde se encontre serão comunicados ime-
diatamente ao juiz competente, ao Ministério
Público e à família do preso ou à pessoa por ele in- 2. Prisão preventiva.
dicada. § 1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após
a realização da prisão, será encaminhado ao juiz ◼◼ Art. 311 do CPP: “Em qualquer fase da investigação
competente o auto de prisão em flagrante e, caso policial ou do processo penal, caberá a prisão pre-
o autuado não informe o nome de seu advogado, ventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso
cópia integral para a Defensoria Pública. § 2º No da ação penal, ou a requerimento do Ministério
mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante Público, do querelante ou do assistente, ou por
recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, representação da autoridade policial”.
com o motivo da prisão, o nome do condutor e os ◼◼ Art. 312 do CPP: “A prisão preventiva poderá ser
das testemunhas”. decretada como garantia da ordem pública, da
◼◼ Art. 307 do CPP: “Quando o fato for praticado em ordem econômica, por conveniência da instrução
presença da autoridade, ou contra esta, no exercí- criminal, ou para assegurar a aplicação da lei pe-
cio de suas funções, constarão do auto a narração nal, quando houver prova da existência do crime
deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer e indício suficiente de autoria. Parágrafo único.
o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo A prisão preventiva também poderá ser decreta-
tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas da em caso de descumprimento de qualquer das
testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a obrigações impostas por força de outras medidas
quem couber tomar conhecimento do fato delitu- cautelares (art. 282, § 4º)”.
oso, se não o for a autoridade que houver presidi- ◼◼ Art. 313 do CPP: “Nos termos do art. 312 deste
do o auto”. Código, será admitida a decretação da prisão pre-
◼◼ Art. 308 do CPP: “Não havendo autoridade no lu- ventiva: I - nos crimes dolosos punidos com pena
gar em que se tiver efetuado a prisão, o preso será privativa de liberdade máxima superior a 4 (qua-
logo apresentado à do lugar mais próximo”. tro) anos; II - se tiver sido condenado por outro
◼◼ Art. 309 do CPP: “Se o réu se livrar solto, deverá crime doloso, em sentença transitada em julga-
ser posto em liberdade, depois de lavrado o auto do, ressalvado o disposto no inciso I do caput do
de prisão em flagrante”. art. 64 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro

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de 1940 - Código Penal; III - se o crime envolver o art. 223, caput, e parágrafo único); g) atentado
violência doméstica e familiar contra a mulher, violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combi-
criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa nação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
com deficiência, para garantir a execução das h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com
medidas protetivas de urgência; IV - (revogado). o art. 223 caput, e parágrafo único); i) epidemia
Parágrafo único. Também será admitida a prisão com resultado de morte (art. 267, § 1°); j) envene-
preventiva quando houver dúvida sobre a identi- namento de água potável ou substância alimentí-
dade civil da pessoa ou quando esta não fornecer cia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270,
elementos suficientes para esclarecê-la, devendo caput, combinado com art. 285); l) quadrilha ou
o preso ser colocado imediatamente em liberdade bando (art. 288), todos do Código Penal; m) geno-
após a identificação, salvo se outra hipótese reco- cídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de ou-
mendar a manutenção da medida”. tubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas;
◼◼ Art. 314 do CPP: “A prisão preventiva em nenhum n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21
caso será decretada se o juiz verificar pelas pro- de outubro de 1976); o) crimes contra o sistema
vas constantes dos autos ter o agente praticado o financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986);
fato nas condições previstas nos incisos I, II e III p) crimes previstos na Lei de Terrorismo”.
do caput do art. 23 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de ◼◼ Art. 2° da Lei 7.960/89: “A prisão temporária
dezembro de 1940 - Código Penal”. será decretada pelo Juiz, em face da representa-
◼◼ Art. 315 do CPP: “A decisão que decretar, substi- ção da autoridade policial ou de requerimento do
tuir ou denegar a prisão preventiva será sempre Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias,
motivada”. prorrogável por igual período em caso de extre-
◼◼ Art. 316 do CPP: “O juiz poderá revogar a prisão ma e comprovada necessidade. § 1° Na hipótese de
preventiva se, no correr do processo, verificar representação da autoridade policial, o Juiz, an-
a falta de motivo para que subsista, bem como tes de decidir, ouvirá o Ministério Público. § 2° O
de novo decretá-la, se sobrevierem razões que despacho que decretar a prisão temporária deverá
a justifiquem”. ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de
24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do re-
cebimento da representação ou do requerimento.
3. Prisão temporária. § 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do
Ministério Público e do Advogado, determinar que
◼◼ Art. 1° da Lei 7.960/89: “Caberá prisão temporá- o preso lhe seja apresentado, solicitar informações
ria: I - quando imprescindível para as investiga- e esclarecimentos da autoridade policial e subme-
ções do inquérito policial; II - quando o indicado tê-lo a exame de corpo de delito. § 4° Decretada
não tiver residência fixa ou não fornecer elemen- a prisão temporária, expedir-se-á mandado de
tos necessários ao esclarecimento de sua iden- prisão, em duas vias, uma das quais será entregue
tidade; III - quando houver fundadas razões, de ao indiciado e servirá como nota de culpa. § 5° A
acordo com qualquer prova admitida na legislação prisão somente poderá ser executada depois da
penal, de autoria ou participação do indiciado nos expedição de mandado judicial. § 6° Efetuada a
seguintes crimes: a) homicídio doloso (art. 121, prisão, a autoridade policial informará o preso
caput, e seu § 2°); b) sequestro ou cárcere privado dos direitos previstos no art. 5° da Constituição
(art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°); c) roubo (art. Federal. § 7° Decorrido o prazo de cinco dias de
157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); d) extorsão (art. detenção, o preso deverá ser posto imediatamente
158, caput, e seus §§ 1° e 2°); e) extorsão median- em liberdade, salvo se já tiver sido decretada sua
te sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); prisão preventiva”.
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com ◼◼ Art. 3° da Lei 7.960/89: “Os presos temporários

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deverão permanecer, obrigatoriamente, separa- sem privar-se dos recursos indispensáveis ao


dos dos demais detentos”. próprio sustento ou da família”.
◼◼ Art. 2º da Lei dos Crimes Hediondos (Lei ◼◼ Art. 334 do CPP: “A fiança poderá ser prestada
8.072/90): “Os crimes hediondos, a prática da enquanto não transitar em julgado a sentença
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas condenatória”.
afins e o terrorismo são insuscetíveis de: (...). § 4º ◼◼ Art. 322 do CPP: “A autoridade policial somen-
A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei n. te poderá conceder fiança nos casos de infração
7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes pre- cuja pena privativa de liberdade máxima não seja
vistos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, superior a 4 (quatro) anos. Parágrafo único. Nos
prorrogável por igual período em caso de extrema demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que
e comprovada necessidade”. decidirá em 48 (quarenta e oito) horas”.
◼◼ Art. 5º, XLII, CF: “a prática do racismo constitui
crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena
4. Liberdade provisória. de reclusão, nos termos da lei”.
◼◼ Art. 5º, XLIII, CF: “a lei considerará crimes ina-
◼◼ Art. 5º, LXVI, CF: “ninguém será levado à prisão fiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpe-
provisória, com ou sem fiança”. centes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
◼◼ Art. 321 do CPP: “Ausentes os requisitos que au- como crimes hediondos, por eles respondendo os
torizam a decretação da prisão preventiva, o juiz mandantes, os executores e os que, podendo evi-
deverá conceder liberdade provisória, impondo, tá-los, se omitirem”.
se for o caso, as medidas cautelares previstas no ◼◼ Art. 5º, XLIV, CF: “constitui crime inafiançável
art. 319 deste Código e observados os critérios e imprescritível a ação de grupos armados, civis
constantes do art. 282 deste Código”. ou militares, contra a ordem constitucional e o
◼◼ Art. 310, III e parágrafo único, CPP: “Ao receber o Estado Democrático”.
auto de prisão em flagrante, o juiz deverá funda- ◼◼ Art. 323 do CPP: “Não será concedida fiança: I -
mentadamente: (...) III - conceder liberdade pro- nos crimes de racismo; II - nos crimes de tortura,
visória, com ou sem fiança. Parágrafo único. Se o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, ter-
juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que rorismo e nos definidos como crimes hediondos;
o agente praticou o fato nas condições constantes III - nos crimes cometidos por grupos armados,
dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-- civis ou militares, contra a ordem constitucional e
Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código o Estado Democrático (...)”.
Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao ◼◼ Art. 324 do CPP: “Não será, igualmente, concedi-
acusado liberdade provisória, mediante termo de da fiança: I - aos que, no mesmo processo, tive-
comparecimento a todos os atos processuais, sob rem quebrado fiança anteriormente concedida ou
pena de revogação”. infringido, sem motivo justo, qualquer das obri-
◼◼ Art. 350 do CPP: “Nos casos em que couber fiança, gações a que se referem os arts. 327 e 328 deste
o juiz, verificando a situação econômica do preso, Código; II - em caso de prisão civil ou militar;
poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujei- III - (revogado); IV - quando presentes os motivos
tando-o às obrigações constantes dos arts. 327 e que autorizam a decretação da prisão preventiva
328 deste Código e a outras medidas cautelares, se (art. 312)”.
for o caso”. ◼◼ Art. 325 do CPP: “O valor da fiança será fixado pela
◼◼ Art. 32, § 1º, CPP: “Considerar-se-á pobre a pes- autoridade que a conceder nos seguintes limites:
soa que não puder prover às despesas do processo, (...) I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos,

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quando se tratar de infração cuja pena privativa ◼◼ Art. 5º, LXIV, CF: “o preso tem direito à identifi-
de liberdade, no grau máximo, não for superior cação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
a 4 (quatro) anos; II - de 10 (dez) a 200 (duzen- interrogatório policial”.
tos) salários mínimos, quando o máximo da pena ◼◼ Art. 5º, LXV, CF: “a prisão ilegal será imediata-
privativa de liberdade cominada for superior a mente relaxada pela autoridade judiciária”.
4 (quatro) anos. § 1º Se assim recomendar a si- ◼◼ Art. 86, § 3º, CF: “Enquanto não sobrevier sentença
tuação econômica do preso, a fiança poderá ser: condenatória, nas infrações comuns, o Presidente
I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código; da República não estará sujeito a prisão”.
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou ◼◼ Art. 53, § 2º, CF: “Desde a expedição do diploma,
III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes”. os membros do Congresso Nacional não poderão
ser presos, salvo em flagrante de crime inafian-
çável. Nesse caso, os autos serão remetidos den-
tro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para
5. Garantias do preso. que, pelo voto da maioria de seus membros, resol-
Imunidades prisionais. va sobre a prisão”.
◼◼ Art. 27, § 1º, CF: “Será de quatro anos o mandato
◼◼ Súmula Vinculante 11 do STF: “Só é lícito o uso de dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as
algemas em casos de resistência e de fundado re- regras desta Constituição sobre sistema eleitoral,
ceio de fuga ou de perigo à integridade física pró- inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda
pria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, de mandato, licença, impedimentos e incorpora-
justificada a excepcionalidade por escrito, sob ção às Forças Armadas”.
pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal ◼◼ Art. 33, II, LOMAN (LC 35/79): “São prerrogativas
do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão do magistrado: (...) II - não ser preso senão por
ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo ordem escrita do Tribunal ou do Órgão Especial
da responsabilidade civil do Estado”. competente para o julgamento, salvo em flagran-
◼◼ Art. 5º, XLIX, CF: “é assegurado aos presos o res- te de crime inafiançável, caso em que a autorida-
peito à integridade física e moral”. de fará imediata comunicação e apresentação do
◼◼ Art. 5º, L, CF: “às presidiárias serão asseguradas magistrado ao Presidente do Tribunal a que es-
condições para que possam permanecer com seus teja vinculado”.
filhos durante o período de amamentação”. ◼◼ Art. 40, III, LONMP (Lei 8.625/93): “Constituem
◼◼ Art. 5º, LXI, CF: “ninguém será preso senão em prerrogativas dos membros do Ministério Público,
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamen- além de outras previstas na Lei Orgânica: (...) III -
tada de autoridade judiciária competente, salvo ser preso somente por ordem judicial escrita, sal-
nos casos de transgressão militar ou crime pro- vo em flagrante de crime inafiançável, caso em
priamente militar, definidos em lei”. que a autoridade fará, no prazo máximo de vinte
◼◼ Art. 5º, LXII, CF: “a prisão de qualquer pessoa e e quatro horas, a comunicação e a apresentação
o local onde se encontre serão comunicados ime- do membro do Ministério Público ao Procurador-
diatamente ao juiz competente e à família do pre- Geral de Justiça”.
so ou à pessoa por ele indicada”. ◼◼ Art. 7º, § 3º, Estatuto da OAB (Lei 8.906/94): “O
◼◼ Art. 5º, LXIII, CF: “o preso será informado de seus advogado somente poderá ser preso em flagrante,
direitos, entre os quais o de permanecer calado, por motivo de exercício da profissão, em caso de
sendo-lhe assegurada a assistência da família e crime inafiançável, observado o disposto no inci-
de advogado”. so IV deste artigo”.

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6. Prisão especial. Prisão domiciliar. recolhimento do indiciado ou acusado em sua re-


sidência, só podendo dela ausentar-se com auto-
Medidas cautelares.
rização judicial”.
◼◼ Art. 295 do CPP: “Serão recolhidos a quartéis ou a ◼◼ Art. 318 do CPP: “Poderá o juiz substituir a prisão
prisão especial, à disposição da autoridade com- preventiva pela domiciliar quando o agente for: I -
petente, quando sujeitos a prisão antes de con- maior de 80 (oitenta) anos; II - extremamente de-
denação definitiva: I - os ministros de Estado; bilitado por motivo de doença grave; III - impres-
II - os governadores ou interventores de Estados cindível aos cuidados especiais de pessoa menor
ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; IV -
respectivos secretários, os prefeitos municipais, gestante; V - mulher com filho de até 12 (doze)
os vereadores e os chefes de Polícia; III - os mem- anos de idade incompletos; VI - homem, caso seja
bros do Parlamento Nacional, do Conselho de o único responsável pelos cuidados do filho de até
Economia Nacional e das Assembleias Legislativas 12 (doze) anos de idade incompletos. Parágrafo
dos Estados; IV - os cidadãos inscritos no "Livro único. Para a substituição, o juiz exigirá prova
de Mérito"; V - os oficiais das Forças Armadas e idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo”.
os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos ◼◼ Art. 318-A do CPP: “A prisão preventiva imposta
Territórios; VI - os magistrados; VII - os diplo- à mulher gestante ou que for mãe ou responsá-
mados por qualquer das faculdades superiores da vel por crianças ou pessoas com deficiência será
República; VIII - os ministros de confissão re- substituída por prisão domiciliar, desde que: I -
ligiosa; IX - os ministros do Tribunal de Contas; não tenha cometido crime com violência ou grave
X - os cidadãos que já tiverem exercido efetiva- ameaça a pessoa; II - não tenha cometido o crime
mente a função de jurado, salvo quando excluídos contra seu filho ou dependente”.
da lista por motivo de incapacidade para o exercí- ◼◼ Art. 318-B do CPP: “A substituição de que tratam
cio daquela função; XI - os delegados de polícia e os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem pre-
os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos juízo da aplicação concomitante das medidas al-
e inativos. § 1º A prisão especial, prevista neste ternativas previstas no art. 319 deste Código”.
Código ou em outras leis, consiste exclusivamente ◼◼ Art. 319 do CPP: “São medidas cautelares diver-
no recolhimento em local distinto da prisão co- sas da prisão: I - comparecimento periódico em
mum. § 2º Não havendo estabelecimento especí- juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz,
fico para o preso especial, este será recolhido em para informar e justificar atividades; II - proibi-
cela distinta do mesmo estabelecimento. § 3º A ção de acesso ou frequência a determinados lu-
cela especial poderá consistir em alojamento co- gares quando, por circunstâncias relacionadas
letivo, atendidos os requisitos de salubridade do ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer
ambiente, pela concorrência dos fatores de aera- distante desses locais para evitar o risco de novas
ção, insolação e condicionamento térmico ade- infrações; III - proibição de manter contato com
quados à existência humana. § 4º O preso especial pessoa determinada quando, por circunstâncias
não será transportado juntamente com o preso relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado
comum. § 5º Os demais direitos e deveres do pre- dela permanecer distante; IV - proibição de au-
so especial serão os mesmos do preso comum”. sentar-se da Comarca quando a permanência seja
◼◼ Art. 84, § 2º, LEP (Lei 7.210/84): “O preso que, ao conveniente ou necessária para a investigação ou
tempo do fato, era funcionário da Administração instrução; V - recolhimento domiciliar no período
da Justiça Criminal ficará em dependência noturno e nos dias de folga quando o investiga-
separada”. do ou acusado tenha residência e trabalho fixos;
◼◼ Art. 317 do CPP: “A prisão domiciliar consiste no VI - suspensão do exercício de função pública ou

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de atividade de natureza econômica ou financei- ordem judicial; IX - monitoração eletrônica. § 1º


ra quando houver justo receio de sua utilização (Revogado). § 2º (Revogado). § 3º (Revogado).
para a prática de infrações penais; VII - interna- § 4º A fiança será aplicada de acordo com as dis-
ção provisória do acusado nas hipóteses de cri- posições do Capítulo VI deste Título, podendo ser
mes praticados com violência ou grave ameaça, cumulada com outras medidas cautelares”.
quando os peritos concluírem ser inimputável ou ◼◼ Art. 320 do CPP: “A proibição de ausentar-se do
semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e hou- País será comunicada pelo juiz às autoridades
ver risco de reiteração; VIII - fiança, nas infrações encarregadas de fiscalizar as saídas do território
que a admitem, para assegurar o comparecimento nacional, intimando-se o indiciado ou acusado
a atos do processo, evitar a obstrução do seu an- para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte
damento ou em caso de resistência injustificada à e quatro) horas”.

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PROCEDIMENTOS
MÓDULO 1

A reputação
1. Procedimento comum ordinário.

de mil anos ◼◼ De acordo com o Código de Processo Penal, o procedimento será


comum ou especial. O comum divide-se em ordinário, sumário

pode ser e sumaríssimo.

determinada
pelo
Art. 394 do CPP

comportamento
O procedimento será comum ou especial.

de uma
§ 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou
sumaríssimo:

única hora." I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção
máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de
Provérbio Japonês pena privativa de liberdade;

II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção


máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena
privativa de liberdade;

III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor


potencial ofensivo, na forma da lei.

◼◼ Para a aferição do procedimento comum, deve-se levar em conta


o concurso de crimes (concurso material, concurso formal e cri-
me continuado).

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◼◼ Os processos que apurem a prática de crime he- ◼◼ O procedimento comum sumaríssimo está pre-
diondo terão prioridade de tramitação em todas as visto na Lei 9.099/95.
instâncias (art. 394-A do CPP).
◼◼ Fases do procedimento comum ordinário:

1. Rejeição (art. 395 do CPP) ou recebimento (art. Art. 61 da Lei 9.099/95


396 do CPP) da denúncia ou queixa.
Consideram-se infrações penais de menor
2. Citação do acusado (art. 396 do CPP).
potencial ofensivo, para os efeitos desta
3. Resposta escrita à acusação (art. 396-A do CPP).
Lei, as contravenções penais e os crimes
4. Absolvição sumária (art. 397 do CPP).
a que a lei comine pena máxima não
5. Em não sendo o caso de absolvição sumária, au-
superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não
diência de instrução e julgamento (arts. 399 a 401
com multa.
do CPP).
6. Diligências (art. 402 do CPP).
7. Alegações finais (arts. 403 e 404 do CPP).
◼◼ No procedimento comum sumaríssimo há duas
8. Sentença (arts. 403 e 404 do CPP).
fases distintas:
9. Registro da audiência (art. 405 do CPP).
a) Fase preliminar: é a fase da audiência preliminar,
na qual é possível a aplicação de três institutos
2. Procedimento comum sumário despenalizadores: composição dos danos civis
(art. 74 da Lei 9.099/95), direito de representa-
e sumaríssimo.
ção verbal (art. 75 da Lei 9.099/95) e transação
penal (art. 76 da Lei 9.099/95). Os requisitos da
◼◼ O procedimento comum sumário é um rito mais
transação penal estão no § 2º do artigo 76 da Lei
simplificado e célere do que o procedimento co-
9.099/95.
mum ordinário. Diferenças entre eles:

1. Prazo para a realização da audiência de instrução


Súmula Vinculante 35 do STF
e julgamento: 60 dias no ordinário (art. 400 do
A homologação da transação penal
CPP) e 30 dias no sumário (art. 531 do CPP).
prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995
2. Número de testemunhas: 8 no ordinário (art. 401
não faz coisa julgada material e,
do CPP) e 5 no sumário (art. 532 do CPP).
descumpridas suas cláusulas, retoma-se
3. Inexistência da fase de diligências: no procedi-
a situação anterior, possibilitando-se
mento comum sumário, não há a fase de diligên-
ao Ministério Público a continuidade
cias do art. 402 do CPP.
da persecução penal mediante
4. Alegações finais orais: no procedimento comum
oferecimento de denúncia ou requisição
sumário, as alegações finais são necessaria-
de inquérito policial.
mente orais, ou seja, não há previsão legal de
memoriais escritos como no procedimento co-
mum ordinário (arts. 403, § 3º e 404, parágrafo b) Fase do procedimento sumaríssimo propriamen-
único, CPP). te dito: é a fase da audiência de instrução e jul-
5. Sentença oral: no procedimento comum sumário, gamento (arts. 77 a 83 da Lei 9.099/95). Envolve
a sentença é necessariamente oral, ou seja, não há as seguintes etapas: a) denúncia ou queixa oral;
previsão de sentença escrita em 10 dias como no b) citação, notificação e intimações; c) audi-
procedimento comum ordinário (arts. 403 e 404 ência de instrução e julgamento; d) recursos;
do CPP). e) execução.

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◼◼ Suspensão condicional do processo: nos termos procedimento especial do Tribunal do Júri é bifá-
do art. 89 da Lei 9.099/95, quando o Ministério sico, uma vez que existem, na verdade, dois pro-
Público oferecer a denúncia, deverá também cedimentos distintos.
apresentar a proposta de sursis processual, por
→→ A primeira fase é conhecida como fase da for-
dois a quatro anos, desde que (a) a pena míni-
mação da culpa ou do juízo de admissibilidade
ma cominada for igual ou inferior a um ano, (b)
(judicium accusationis). Trata-se de fase prati-
o acusado não esteja sendo processado ou não te-
camente idêntica ao procedimento comum or-
nha sido condenado por outro crime e (c) estejam
dinário, com as seguintes diferenças: a) mani-
presentes os demais requisitos que autorizariam a
festação do autor após a resposta escrita do réu
suspensão condicional da pena (art. 77 do Código
(art. 405 do CPP); b) prazo máximo para a rea-
Penal). Havendo cumprimento das condições es-
lização da audiência de instrução e julgamento
tipuladas, ao final do período de suspensão o juiz
(10 dias - art. 410 do CPP); c) Inexistência da
irá extinguir a punibilidade do réu (art. 89, § 5º,
fase de diligências prevista no art. 402 do CPP;
Lei 9.099/95).
d) alegações finais orais (art. 411, §§ 4º a 6º,
CPP); e) prazo para conclusão da primeira fase
(90 dias - art. 412 do CPP). Ao final da primei-
3. Procedimento especial do Tribunal ra fase surgem para o juiz quatro possíveis
do Júri. decisões:

• Pronúncia (art. 413 do CPP): quando há


◼◼ Competência (art. 5º, XXXVIII, d, CF): crimes do-
indícios suficientes de autoria e prova da
losos contra a vida. O Júri também julga os delitos
materialidade.
conexos (art. 78, I, CPP).
• Impronúncia (art. 414 do CPP): quando não
◼◼ Composição (art. 447 do CPP): juiz togado (pre-
há indícios suficientes de autoria ou pro-
sidente) e 25 jurados. Dentre os 25 jurados, serão
va da materialidade. Em segunda instância
sorteados 7 para a composição do Conselho de
chama-se “despronúncia”. Enquanto não
Sentença. Para a instalação dos trabalhos, é exigi-
ocorrer a extinção da punibilidade, poderá
da a presença de 15 jurados (art. 463 do CPP).
ser formulada nova denúncia ou queixa se
houver prova nova.
• Absolvição sumária (art. 415 do CPP): julga
Número de jurados no Tribunal do Júri o mérito da ação penal em um momento an-
25: composição do Tribunal do Júri tecipado, formando coisa julgada material e
7: composição do Conselho de Sentença impedimento o oferecimento de nova ação
15: instalação dos trabalhos penal versando sobre os mesmos fatos.
• Desclassificação (art. 419 do CPP): pode ser
própria (quando o crime desclassificado não
é doloso contra a vida) ou imprópria (quan-
◼◼ Modelo escabinado: há a atuação de órgão cole- do o crime desclassificado é doloso contra
giado composto por juízes técnicos (de carreira) a vida).
e leigos, que decidem em pé de igualdade. É ado-
tado na Alemanha, França, Itália, Espanha e em Súmula 191 do STJ
Portugal, dentre outros. O Brasil não adota o mo- A pronúncia é causa interruptiva da
delo escabinado, com exceção da Justiça Militar. prescrição, ainda que o Tribunal do Júri
◼◼ Procedimento bifásico ou escalonado: o venha a desclassificar o crime.

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→→ A segunda fase é conhecida como fase do jul- religiosa, filosófica ou política importará no dever
gamento propriamente dito ou da acusação de prestar serviço alternativo, sob pena de sus-
em plenário ou do juízo de mérito (judicium pensão dos direitos políticos, enquanto não pres-
causae). Desenvolve-se no plenário do Júri pe- tar o serviço imposto.
rante os jurados. ◼◼ Debates (art. 477 do CPP): o tempo destinado à
acusação e à defesa será de uma hora e meia para
◼◼ Desaforamento (arts. 427 e 428 do CPP): trata-se
cada, e de uma hora para a réplica e outro tanto
do deslocamento do julgamento da causa para co-
para a tréplica. Havendo mais de um acusador ou
marca distinta daquela em que o processo trami-
mais de um defensor, combinarão entre si a dis-
tou na primeira fase do procedimento. Hipóteses:
tribuição do tempo, que, na falta de acordo, será
a) interesse da ordem pública; b) dúvida sobre a
dividido pelo juiz presidente, de forma a não ex-
imparcialidade do júri; c) segurança pessoal do
ceder o determinado neste artigo. Havendo mais
acusado; d) comprovado excesso de serviço, se o
de um acusado, o tempo para a acusação e a defesa
julgamento não puder ser realizado no prazo de
será acrescido de 1 (uma) hora e elevado ao dobro
6 meses, contado do trânsito em julgado da deci-
o da réplica e da tréplica. O Código de Processo
são de pronúncia. O pedido de desaforamento será
Penal (art. 478) proíbe, sob pena de nulidade, que
distribuído imediatamente e terá preferência de
durante os debates haja referência (i) à decisão de
julgamento na Câmara ou Turma competente.
pronúncia, às decisões posteriores que julgaram
◼◼ Jurados: o serviço do júri é obrigatório, sendo que
admissível a acusação ou à determinação do uso
o alistamento compreenderá os cidadãos maio-
de algemas como argumento de autoridade que
res de 18 anos de notória idoneidade (art. 436 do
beneficiem ou prejudiquem o acusado, e (ii) ao si-
CPP). Nenhum cidadão poderá ser excluído dos
lêncio do acusado ou à ausência de interrogatório
trabalhos do júri ou deixar de ser alistado em ra-
por falta de requerimento, em seu prejuízo.
zão de cor ou etnia, raça, credo, sexo, profissão,
◼◼ Documentos: regra geral, os documentos podem
classe social ou econômica, origem ou grau de
ser juntados em qualquer fase do processo (art.
instrução. A recusa injustificada ao serviço do júri
231 do CPP). A exceção está no procedimento do
acarretará multa no valor de 1 a 10 salários míni-
Júri. Conforme o art. 479 do CPP, durante o julga-
mos, a critério do juiz, de acordo com a condição
mento não será permitida a leitura de documento
econômica do jurado. Estão isentos do serviço do
ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado
júri (art. 437 do CPP): I - o Presidente da República
aos autos com a antecedência mínima de 3 dias
e os Ministros de Estado; II - os Governadores
úteis, dando-se ciência à outra parte. A proibição
e seus respectivos Secretários; III - os mem-
compreende a leitura de jornais ou qualquer ou-
bros do Congresso Nacional, das Assembleias
tro escrito, bem como a exibição de vídeos, gra-
Legislativas e das Câmaras Distrital e Municipais;
vações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou
IV - os Prefeitos Municipais; V - os Magistrados
qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo
e membros do Ministério Público e da Defensoria
versar sobre a matéria de fato submetida à apre-
Pública; VI - os servidores do Poder Judiciário, do
ciação e julgamento dos jurados.
Ministério Público e da Defensoria Pública; VII -
as autoridades e os servidores da polícia e da se-
gurança pública; VIII - os militares em serviço
ativo; IX - os cidadãos maiores de 70 (setenta) 4. Outros procedimentos especiais.
anos que requeiram sua dispensa; X - aqueles que
o requererem, demonstrando justo impedimento. ◼◼ Procedimento dos crimes de responsabilidade dos
Conforme o Código de Processo Penal (art. 438), funcionários públicos (arts. 513 a 518 do CPP): re-
a recusa ao serviço do júri fundada em convicção fere-se aos crimes funcionais (arts. 312 a 326 do

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CP) afiançáveis. Se o crime é funcional inafiançá- 10 dias, esteja preso ou solto o acusado.
vel, deve ser observado o procedimento comum →→ Número de testemunhas: cinco.
ordinário. A nota marcante deste procedimento →→ Defesa preliminar (art. 55): antes de receber a
especial está no oferecimento de defesa preli- denúncia, o juiz ordenará a notificação do acu-
minar (anterior ao recebimento da denúncia ou sado para oferecer defesa prévia, por escrito, no
queixa) por parte do funcionário público. Após o prazo de 10 dias. Na resposta, consistente em
recebimento da inicial acusatória, passa a ser ado- defesa preliminar e exceções, o acusado poderá
tado o procedimento comum ordinário, indepen- arguir preliminares e invocar todas as razões
dentemente da pena máxima cominada ao crime. de defesa, oferecer documentos e justificações,
especificar as provas que pretende produzir e,
até o número de 5, arrolar testemunhas.
Súmula 330 do STJ
→→ Momento para o interrogatório: a Lei de
É desnecessária a resposta preliminar
Drogas prevê o interrogatório como primei-
de que trata o artigo 514 do Código de
ro ato da audiência de instrução e julgamento
Processo Penal, na ação penal instruída
(art. 57). No entanto, entendendo que o princí-
por inquérito policial.
pio da ampla defesa prepondera sobre o prin-
cípio da especialidade, os Tribunais Superiores
◼◼ Procedimento dos crimes contra a honra (arts. vêm decidindo que o interrogatório deve ser o
519 a 523 do CPP): aplicado aos delitos de calú- último ato.
nia, injúria e também difamação, embora o último
não seja mencionado pelo CPP. Ocorre que, dian-
te da pena máxima prevista para os aludidos cri- STJ – HC 455754, j. 06/08/2019
mes, são eles julgados, como regra, pelo Juizado
Especial Criminal (procedimento comum suma- “O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimen-
ríssimo). Somente dois casos fogem da compe- to de que os procedimentos regidos por leis especiais
tência do JECrim: calúnia majorada (CP, art. 138 devem observar, a partir da publicação da ata de jul-
gamento do HC n.º 127.900/AM do Supremo Tribunal
c/c art. 141) e injúria racial ou preconceituosa (CP,
Federal (11/03/2016), a regra disposta no art. 400 do
art. 140, § 3º). A nota marcante do procedimento
Código de Processo Penal, cujo conteúdo determina ser
especial está na audiência de reconciliação do art.
o interrogatório o último ato da instrução criminal”.
520 do CPP, oportunidade em que o juiz, antes de
receber a queixa, oferecerá às partes oportunidade
para se reconciliarem, fazendo-as comparecer em
juízo e ouvindo-as, separadamente, sem a pre-
sença dos seus advogados, não se lavrando termo. MÓDULO 2
◼◼ Procedimento especial da Lei de Drogas: vejamos
algumas particularidades da Lei 11.343/06:

→→ Posse de droga para consumo pessoal (art. 28):


competência do Juizado Especial Criminal. 1. Sentença. Emendatio e
→→ Prazo para conclusão do inquérito policial (art. mutatio libelli.
51): 30 dias para o preso e 90 dias para o solto,
com possibilidade de duplicação. ◼◼ Atos processuais do juiz: a) despachos de mero
→→ Infiltração de agente policial (art. 53, I) e fla- expediente; b) sentenças definitivas de absolvi-
grante retardado (art. 53, II). ção ou de condenação; c) decisões interlocutórias
→→ Prazo para oferecimento da denúncia (art. 54): simples e mistas.

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◼◼ Estrutura da sentença (art. 381 do CPP): há requi- queixa, no prazo de 5 dias, se em virtude desta
sitos intrínsecos (relatório, fundamentação e dis- houver sido instaurado o processo em crime de
positivo) e extrínsecos (autenticação da decisão). ação pública, reduzindo-se a termo o aditamen-
◼◼ Declaração da sentença (art. 382 do CPP): qual- to, quando feito oralmente. Como surge durante a
quer das partes poderá, no prazo de 2 dias, pedir instrução nova prova sobre elementar ou circuns-
ao juiz que declare a sentença, sempre que nela tância do crime narrado na inicial acusatória, há
houver obscuridade, ambiguidade, contradição ou necessidade de aditamento, sob pena de ofensa ao
omissão (embargos de declaração). princípio da ampla defesa. De acordo com o STF, é
◼◼ Sentença absolutória: pode ser própria (não há vedada a mutatio libelli em segunda instância.
imposição de pena e nem de medida de seguran-
ça), imprópria (o juiz reconhece a prática do fato
Súmula 453 do STF
típico e ilícito e impõe ao réu medida de seguran-
Não se aplicam à segunda instância o
ça) e sumária (nas hipóteses dos arts. 397 e 415
art. 384 e parágrafo único do Código de
do CPP). O principal efeito é a colocação do réu
Processo Penal, que possibilitam dar nova
em liberdade.
definição jurídica ao fato delituoso, em
◼◼ Sentença condenatória: é fixada a partir do mode-
virtude de circunstância elementar não
lo trifásico de Nelson Hungria (art. 68 do CP). Gera
contida, explícita ou implicitamente, na
efeitos penais principais (cumprimento da pena +
denúncia ou queixa.
colocação do nome do réu no rol dos culpados) e
secundários (induzir a reincidência, regressão
de regime, revogação do livramento condicional
etc.). Também há efeitos extrapenais, obrigató- 2. Nulidades.
rios (art. 91 do CP) e específicos (art. 92 do CP).
◼◼ As nulidades podem ser absolutas e relativas.
◼◼ Princípio da correlação: a sentença deve guardar
plena relação com o fato delituoso descrito na
NULIDADES NULIDADES
inicial acusatória, sendo vedado ao juiz decidir
ABSOLUTAS RELATIVAS
ultra petita (além do pedido) ou extra petita (fora
do pedido). Violam normas Violam regras
◼◼ Emendatio libelli (art. 383 do CPP): o juiz, sem constitucionais meramente processuais
modificar a descrição do fato contida na denúncia Devem ser suscitadas até
Podem ser suscitadas
ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídi- o momento processual
a qualquer tempo e em
ca diversa, ainda que, em consequência, tenha de adequado, sob pena
qualquer grau de jurisdição
de preclusão
aplicar pena mais grave. O réu defende-se do fato
narrado na inicial acusatória, e não da capitulação O prejuízo deve
O prejuízo é presumido
dada a ele. Na emendatio libelli o fato delituoso ex- ser demonstrado
posto na denúncia ou queixa permanece o mesmo,
limitando-se o juiz a corrigir uma capitulação mal Atenção: não obstante a classificação doutrinária
formulada. Aqui não há aditamento. exposta na tabela acima, o STF tem decidido que o
◼◼ Mutatio libelli (art. 384 do CPP): encerrada a ins- prejuízo deve ser sempre demonstrado, ainda que a
trução probatória, se entender cabível nova defi- nulidade seja absoluta.
nição jurídica do fato, em consequência de prova
existente nos autos de elemento ou circunstân-
cia da infração penal não contida na acusação, o STF – HC 173302 AgR, j. 30/08/2019
Ministério Público deverá aditar a denúncia ou “O entendimento desta Suprema Corte é o de que, para

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o reconhecimento de eventual nulidade, ainda que ab- ◼◼ Súmulas do STF sobre as nulidades:
soluta, faz-se necessária a demonstração do prejuízo.
Nesse sentido, o Tribunal tem reafirmado que a de- →→ Súmula 155 do STF: “É relativa a nulidade
monstração de prejuízo, ‘a teor do art. 563 do CPP, é do processo criminal por falta de intimação
essencial à alegação de nulidade, seja ela relativa ou da expedição de precatória para inquirição
absoluta, eis que […] o âmbito normativo do dogma de testemunha”.
fundamental da disciplina das nulidades pas de nullité →→ Súmula 156 do STF: “É absoluta a nulidade
sans grief compreende as nulidades absolutas’”. do julgamento, pelo júri, por falta de quesito
obrigatório”.
→→ Súmula 160 do STF: “É nula a decisão do tri-
bunal que acolhe, contra o réu, nulidade não
◼◼ Princípios relativos às nulidades:
arguida no recurso da acusação, ressalvados os
→→ Não há nulidade sem prejuízo (art. 563 do casos de recurso de ofício”.
CPP): está relacionado ao princípio da instru- →→ Súmula 162 do STF: “É absoluta a nulidade do
mentalidade das formas, também conhecido julgamento pelo júri, quando os quesitos da
como pás de nulitté sans grief, segundo o qual a defesa não precedem aos das circunstâncias
forma prevista em lei para um determinado ato agravantes”.
processual não é um fim em si mesma; portan- →→ Súmula 206 do STF: “É nulo o julgamento ul-
to, se a finalidade do ato foi alcançada, não há terior pelo júri com a participação de jura-
razão para anular o que foi produzido. do que funcionou em julgamento anterior do
→→ Não há nulidade provocada pela parte (art. mesmo processo”.
565, 1ª parte, CPP): nenhuma das partes pode- →→ Súmula 351 do STF: “É nula a citação por edital
rá suscitar nulidade a que haja dado causa, ou de réu preso na mesma unidade da Federação
para que tenha concorrido. Isso significar que em que o juiz exerce a sua jurisdição”.
ninguém pode se valer da própria torpeza. Está →→ Súmula 366 do STF: “Não é nula a citação por
relacionado ao princípio do interesse no reco- edital que indica o dispositivo da lei penal, em-
nhecimento de nulidades: a parte que alega a bora não transcreva a denúncia ou queixa, ou
nulidade deve ter interesse para suscitá-la. não resuma os fatos em que se baseia”.
→→ Não há nulidade por omissão de formalidade →→ Súmula 431 do STF: “É nulo o julgamento de
que só interesse à parte contrária (art. 565, 2ª recurso criminal, na segunda instância, sem
parte, CPP): nenhuma das partes poderá arguir prévia intimação, ou publicação da pauta, salvo
nulidade referente a formalidade cuja obser- em habeas corpus”.
vância só interesse à parte contrária. Também →→ Súmula 523 do STF: “No processo penal, a fal-
está relacionado ao princípio do interesse no ta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a
reconhecimento de nulidades. sua deficiência só o anulará se houver prova de
→→ Não há nulidade de ato irrelevante para o des- prejuízo para o réu”.
linde da causa (art. 566 do CPP): não será de- →→ Súmula 564 do STF: “A ausência de funda-
clarada a nulidade de ato processual que não mentação do despacho de recebimento de
houver influído na apuração da verdade subs- denúncia por crime falimentar enseja nuli-
tancial ou na decisão da causa. dade processual, salvo se já houver sentença
→→ Princípio da causalidade (art. 573, § 1º, CPP): condenatória”.
a nulidade de um ato, uma vez declarada, cau- →→ Súmula 706 do STF: “É relativa a nulidade de-
sará a dos atos que dele diretamente dependam corrente da inobservância da competência pe-
ou sejam consequência. Exige-se a demons- nal por prevenção”.
tração de nexo causal entre os atos processuais. →→ Súmula 707 do STF: “Constitui nulidade a falta

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de intimação do denunciado para oferecer con- ◼◼ Art. 395 do CPP: “A denúncia ou queixa será rejei-
trarrazões ao recurso interposto da rejeição da tada quando: I - for manifestamente inepta; II -
denúncia, não a suprindo a nomeação de de- faltar pressuposto processual ou condição para o
fensor dativo”. exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa
→→ Súmula 708 do STF: “É nulo o julgamento da para o exercício da ação penal”.
apelação se, após a manifestação nos autos ◼◼ Art. 396 do CPP: “Nos procedimentos ordiná-
da renúncia do único defensor, o réu não foi rio e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o
previamente intimado para constituir outro”. juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á
→→ Súmula 712 do STF: “É nula a decisão que de- e ordenará a citação do acusado para responder à
termina o desaforamento de processo da com- acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
petência do júri sem audiência da defesa”. Parágrafo único. No caso de citação por edital, o
prazo para a defesa começará a fluir a partir do
comparecimento pessoal do acusado ou do defen-

MÓDULO 3 sor constituído”.


◼◼ Art. 396-A do CPP: “Na resposta, o acusado po-
derá arguir preliminares e alegar tudo o que inte-
resse à sua defesa, oferecer documentos e justifi-
1. Procedimento comum ordinário. cações, especificar as provas pretendidas e arrolar
testemunhas, qualificando-as e requerendo sua
◼◼ Art. 394 do CPP: “O procedimento será comum intimação, quando necessário. § 1º A exceção será
ou especial. § 1º O procedimento comum será or- processada em apartado, nos termos dos arts. 95
dinário, sumário ou sumaríssimo: I - ordinário, a 112 deste Código. § 2º Não apresentada a res-
quando tiver por objeto crime cuja sanção máxi- posta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não
ma cominada for igual ou superior a 4 (quatro) constituir defensor, o juiz nomeará defensor para
anos de pena privativa de liberdade; II - sumário, oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10
quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima (dez) dias”.
cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena ◼◼ Art. 397 do CPP: “Após o cumprimento do dispos-
privativa de liberdade; III - sumaríssimo, para to no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz
as infrações penais de menor potencial ofensivo, deverá absolver sumariamente o acusado quan-
na forma da lei. § 2º Aplica-se a todos os proces- do verificar: I - a existência manifesta de causa
sos o procedimento comum, salvo disposições em excludente da ilicitude do fato; II - a existência
contrário deste Código ou de lei especial. § 3º Nos manifesta de causa excludente da culpabilidade
processos de competência do Tribunal do Júri, o do agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato
procedimento observará as disposições estabele- narrado evidentemente não constitui crime; ou
cidas nos arts. 406 a 497 deste Código. § 4º As dis- IV - extinta a punibilidade do agente”.
posições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam- ◼◼ Art. 399 do CPP: “Recebida a denúncia ou queixa,
-se a todos os procedimentos penais de primeiro o juiz designará dia e hora para a audiência, orde-
grau, ainda que não regulados neste Código. § 5º nando a intimação do acusado, de seu defensor, do
Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos Ministério Público e, se for o caso, do querelante e
especial, sumário e sumaríssimo as disposições do assistente. § 1º O acusado preso será requisi-
do procedimento ordinário”. tado para comparecer ao interrogatório, devendo
◼◼ Art. 394-A do CPP: “Os processos que apurem a o poder público providenciar sua apresentação.
prática de crime hediondo terão prioridade de tra- § 2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir
mitação em todas as instâncias”. a sentença”.

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◼◼ Art. 400 do CPP: “Na audiência de instrução e jul- imprescindível, de ofício ou a requerimento da
gamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 parte, a audiência será concluída sem as alegações
(sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de de- finais. Parágrafo único. Realizada, em seguida, a
clarações do ofendido, à inquirição das testemu- diligência determinada, as partes apresentarão,
nhas arroladas pela acusação e pela defesa, nes- no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alega-
ta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste ções finais, por memorial, e, no prazo de 10 (dez)
Código, bem como aos esclarecimentos dos peri- dias, o juiz proferirá a sentença”.
tos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas ◼◼ Art. 405 do CPP: “Do ocorrido em audiência será
e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. lavrado termo em livro próprio, assinado pelo juiz
§ 1º As provas serão produzidas numa só audiên- e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos
cia, podendo o juiz indeferir as consideradas irre- relevantes nela ocorridos. § 1º Sempre que pos-
levantes, impertinentes ou protelatórias. § 2º Os sível, o registro dos depoimentos do investiga-
esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio do, indiciado, ofendido e testemunhas será feito
requerimento das partes”. pelos meios ou recursos de gravação magnética,
◼◼ Art. 401 do CPP: “Na instrução poderão ser in- estenotipia, digital ou técnica similar, inclusi-
quiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pela ve audiovisual, destinada a obter maior fideli-
acusação e 8 (oito) pela defesa. § 1º Nesse nú- dade das informações. § 2º No caso de registro
mero não se compreendem as que não prestem por meio audiovisual, será encaminhado às par-
compromisso e as referidas. § 2º A parte poderá tes cópia do registro original, sem necessidade
desistir da inquirição de qualquer das testemu- de transcrição”.
nhas arroladas, ressalvado o disposto no art. 209
deste Código”.
◼◼ Art. 402 do CPP: “Produzidas as provas, ao final 2. Procedimento comum sumário
da audiência, o Ministério Público, o querelante e e sumaríssimo.
o assistente e, a seguir, o acusado poderão reque-
rer diligências cuja necessidade se origine de cir- Procedimento comum sumário
cunstâncias ou fatos apurados na instrução”.
◼◼ Art. 403 do CPP: “Não havendo requerimento de ◼◼ Art. 531 do CPP: “Na audiência de instrução e jul-
diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas gamento, a ser realizada no prazo máximo de 30
alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, res- (trinta) dias, proceder-se-á à tomada de decla-
pectivamente, pela acusação e pela defesa, pror- rações do ofendido, se possível, à inquirição das
rogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a se- testemunhas arroladas pela acusação e pela de-
guir, sentença. § 1º Havendo mais de um acusado, fesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art.
o tempo previsto para a defesa de cada um será in- 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos
dividual. § 2º Ao assistente do Ministério Público, dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de
após a manifestação desse, serão concedidos 10 pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o
(dez) minutos, prorrogando-se por igual perío- acusado e procedendo-se, finalmente, ao debate”.
do o tempo de manifestação da defesa. § 3º O juiz ◼◼ Art. 532 do CPP: “Na instrução, poderão ser in-
poderá, considerada a complexidade do caso ou o quiridas até 5 (cinco) testemunhas arroladas pela
número de acusados, conceder às partes o prazo acusação e 5 (cinco) pela defesa”.
de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresen- ◼◼ Art. 533 do CPP: “Aplica-se ao procedimento su-
tação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 mário o disposto nos parágrafos do art. 400 des-
(dez) dias para proferir a sentença”. te Código”.
◼◼ Art. 404 do CPP: “Ordenado diligência considerada ◼◼ Art. 534 do CPP: “As alegações finais serão orais,

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concedendo-se a palavra, respectivamente, à acu- os que exerçam funções na administração da


sação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, Justiça Criminal”.
prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, ◼◼ Art. 74: “A composição dos danos civis será re-
a seguir, sentença. § 1º Havendo mais de um acu- duzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante
sado, o tempo previsto para a defesa de cada um sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser
será individual. § 2º Ao assistente do Ministério executado no juízo civil competente. Parágrafo
Público, após a manifestação deste, serão conce- único. Tratando-se de ação penal de iniciativa
didos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual privada ou de ação penal pública condicionada
período o tempo de manifestação da defesa”. à representação, o acordo homologado acarreta
◼◼ Art. 535 do CPP: “Nenhum ato será adiado, salvo a renúncia ao direito de queixa ou representação”.
quando imprescindível a prova faltante, determi- ◼◼ Art. 75: “Não obtida a composição dos danos civis,
nando o juiz a condução coercitiva de quem deva será dada imediatamente ao ofendido a oportuni-
comparecer”. dade de exercer o direito de representação verbal,
◼◼ Art. 536 do CPP: “A testemunha que comparecer que será reduzida a termo. Parágrafo único. O não
será inquirida, independentemente da suspensão oferecimento da representação na audiência pre-
da audiência, observada em qualquer caso a or- liminar não implica decadência do direito, que
dem estabelecida no art. 531 deste Código”. poderá ser exercido no prazo previsto em lei”.
◼◼ Art. 538 do CPP: “Nas infrações penais de me- ◼◼ Art. 76: “Havendo representação ou tratando-se
nor potencial ofensivo, quando o juizado especial de crime de ação penal pública incondicionada,
criminal encaminhar ao juízo comum as peças não sendo caso de arquivamento, o Ministério
existentes para a adoção de outro procedimento, Público poderá propor a aplicação imediata de
observar-se-á o procedimento sumário previsto pena restritiva de direitos ou multas, a ser espe-
neste Capítulo”. cificada na proposta. § 1º Nas hipóteses de ser a
pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá re-
Procedimento comum sumaríssimo duzi-la até a metade. § 2º Não se admitirá a pro-
posta se ficar comprovado: I - ter sido o autor da
(Lei 9.099/95)
infração condenado, pela prática de crime, à pena
◼◼ Art. 61: “Consideram-se infrações penais de me- privativa de liberdade, por sentença definitiva;
nor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, II - ter sido o agente beneficiado anteriormente,
as contravenções penais e os crimes a que a lei co- no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena
mine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, restritiva ou multa, nos termos deste artigo; III -
cumulada ou não com multa”. não indicarem os antecedentes, a conduta social e
◼◼ Art. 72: “Na audiência preliminar, presente o re- a personalidade do agente, bem como os motivos
presentante do Ministério Público, o autor do fato e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a
e a vítima e, se possível, o responsável civil, acom- adoção da medida. § 3º Aceita a proposta pelo au-
panhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá tor da infração e seu defensor, será submetida à
sobre a possibilidade da composição dos danos e apreciação do Juiz. § 4º Acolhendo a proposta do
da aceitação da proposta de aplicação imediata de Ministério Público aceita pelo autor da infração, o
pena não privativa de liberdade”. Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa,
◼◼ Art. 73: “A conciliação será conduzida pelo Juiz que não importará em reincidência, sendo regis-
ou por conciliador sob sua orientação. Parágrafo trada apenas para impedir novamente o mesmo
único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, benefício no prazo de cinco anos. § 5º Da sentença
recrutados, na forma da lei local, preferente- prevista no parágrafo anterior caberá a apelação
mente entre bacharéis em Direito, excluídos referida no art. 82 desta Lei. § 6º A imposição da

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sanção de que trata o § 4º deste artigo não cons- da audiência de instrução e julgamento, devendo
tará de certidão de antecedentes criminais, salvo a ela trazer suas testemunhas ou apresentar re-
para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não querimento para intimação, no mínimo cinco dias
terá efeitos civis, cabendo aos interessados pro- antes de sua realização. § 2º Não estando presen-
por ação cabível no juízo cível”. tes o ofendido e o responsável civil, serão intima-
◼◼ Súmula Vinculante 35 do STF: “A homologação dos nos termos do art. 67 desta Lei para compa-
da transação penal prevista no artigo 76 da Lei recerem à audiência de instrução e julgamento.
9.099/1995 não faz coisa julgada material e, des- § 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na
cumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação forma prevista no art. 67 desta Lei”.
anterior, possibilitando-se ao Ministério Público ◼◼ Art. 79: “No dia e hora designados para a audiên-
a continuidade da persecução penal mediante ofe- cia de instrução e julgamento, se na fase prelimi-
recimento de denúncia ou requisição de inquéri- nar não tiver havido possibilidade de tentativa de
to policial”. conciliação e de oferecimento de proposta pelo
◼◼ Art. 77: “Na ação penal de iniciativa pública, quan- Ministério Público, proceder-se-á nos termos dos
do não houver aplicação de pena, pela ausência do arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei”.
autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese ◼◼ Art. 80: “Nenhum ato será adiado, determinando
prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público o Juiz, quando imprescindível, a condução coerci-
oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se tiva de quem deva comparecer”.
não houver necessidade de diligências imprescin- ◼◼ Art. 81: “Aberta a audiência, será dada a palavra ao
díveis. § 1º Para o oferecimento da denúncia, que defensor para responder à acusação, após o que o
será elaborada com base no termo de ocorrência Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; ha-
referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do vendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as
inquérito policial, prescindir-se-á do exame do testemunhas de acusação e defesa, interrogando-
corpo de delito quando a materialidade do crime -se a seguir o acusado, se presente, passando-se
estiver aferida por boletim médico ou prova equi- imediatamente aos debates orais e à prolação da
valente. § 2º Se a complexidade ou circunstâncias sentença. § 1º Todas as provas serão produzidas
do caso não permitirem a formulação da denún- na audiência de instrução e julgamento, podendo
cia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessi-
o encaminhamento das peças existentes, na for- vas, impertinentes ou protelatórias. § 2º De todo o
ma do parágrafo único do art. 66 desta Lei. § 3º ocorrido na audiência será lavrado termo, assina-
Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser do pelo Juiz e pelas partes, contendo breve resumo
oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a
a complexidade e as circunstâncias do caso de- sentença. § 3º A sentença, dispensado o relatório,
terminam a adoção das providências previstas no mencionará os elementos de convicção do Juiz”.
parágrafo único do art. 66 desta Lei”. ◼◼ Art. 82: “Da decisão de rejeição da denúncia ou
◼◼ Art. 78: “Oferecida a denúncia ou queixa, será re- queixa e da sentença caberá apelação, que poderá
duzida a termo, entregando-se cópia ao acusado, ser julgada por turma composta de três Juízes em
que com ela ficará citado e imediatamente cienti- exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos
ficado da designação de dia e hora para a audiên- na sede do Juizado. § 1º A apelação será interposta
cia de instrução e julgamento, da qual também no prazo de dez dias, contados da ciência da sen-
tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, tença pelo Ministério Público, pelo réu e seu de-
o responsável civil e seus advogados. § 1º Se o acu- fensor, por petição escrita, da qual constarão as
sado não estiver presente, será citado na forma razões e o pedido do recorrente. § 2º O recorrido
dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data será intimado para oferecer resposta escrita no

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prazo de dez dias. § 3º As partes poderão reque- de fazê-lo; II - proibição de frequentar determi-
rer a transcrição da gravação da fita magnética a nados lugares; III - proibição de ausentar-se da
que alude o § 3º do art. 65 desta Lei. § 4º As partes comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
serão intimadas da data da sessão de julgamento IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juí-
pela imprensa. § 5º Se a sentença for confirmada zo, mensalmente, para informar e justificar suas
pelos próprios fundamentos, a súmula do julga- atividades. § 2º O Juiz poderá especificar outras
mento servirá de acórdão”. condições a que fica subordinada a suspensão,
◼◼ Art. 83: “Cabem embargos de declaração quan- desde que adequadas ao fato e à situação pessoal
do, em sentença ou acórdão, houver obscuridade, do acusado. § 3º A suspensão será revogada se, no
contradição ou omissão. § 1º Os embargos de de- curso do prazo, o beneficiário vier a ser proces-
claração serão opostos por escrito ou oralmente, sado por outro crime ou não efetuar, sem motivo
no prazo de cinco dias, contados da ciência da de- justificado, a reparação do dano. § 4º A suspensão
cisão. § 2º Os embargos de declaração interrom- poderá ser revogada se o acusado vier a ser pro-
pem o prazo para a interposição de recurso. § 3º Os cessado, no curso do prazo, por contravenção, ou
erros materiais podem ser corrigidos de ofício”. descumprir qualquer outra condição imposta. § 5º
◼◼ Art. 84: “Aplicada exclusivamente pena de mul- Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará
ta, seu cumprimento far-se-á mediante paga- extinta a punibilidade. § 6º Não correrá a pres-
mento na Secretaria do Juizado. Parágrafo único. crição durante o prazo de suspensão do processo.
Efetuado o pagamento, o Juiz declarará extinta § 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista
a punibilidade, determinando que a condenação neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulte-
não fique constando dos registros criminais, ex- riores termos”.
ceto para fins de requisição judicial”. ◼◼ Súmula 696 do STF: “Reunidos os pressupos-
◼◼ Art. 85: “Não efetuado o pagamento de multa, tos legais permissivos da suspensão condicional
será feita a conversão em pena privativa da liber- do processo, mas se recusando o Promotor de
dade, ou restritiva de direitos, nos termos previs- Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá
tos em lei”. a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por
◼◼ Art. 86: “A execução das penas privativas de liber- analogia o art. 28 do Código de Processo Penal”.
dade e restritivas de direitos, ou de multa cumu- ◼◼ Súmula 723 do STF: “Não se admite a suspensão
lada com estas, será processada perante o órgão condicional do processo por crime continuado,
competente, nos termos da lei”. se a soma da pena mínima da infração mais grave
◼◼ Art. 89: “Nos crimes em que a pena mínima co- com o aumento mínimo de um sexto for superior
minada for igual ou inferior a um ano, abrangi- a um ano”.
das ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao ◼◼ Súmula 536 do STJ: “A suspensão condicional do
oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão processo e a transação penal não se aplicam na
do processo, por dois a quatro anos, desde que o hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria
acusado não esteja sendo processado ou não te- da Penha”.
nha sido condenado por outro crime, presentes ◼◼ Súmula 337 do STJ: “É cabível a suspensão con-
os demais requisitos que autorizariam a suspen- dicional do processo na desclassificação do crime
são condicional da pena (art. 77 do Código Penal). e na procedência parcial da pretensão punitiva”.
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, ◼◼ Súmula 243 do STJ: “O benefício da suspensão do
na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, processo não é aplicável em relação às infrações
poderá suspender o processo, submetendo o acu- penais cometidas em concurso material, concur-
sado a período de prova, sob as seguintes condi- so formal ou continuidade delitiva, quando a pena
ções: I - reparação do dano, salvo impossibilidade mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela

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incidência da majorante, ultrapassar o limite de e procedendo-se o debate. § 1º Os esclarecimen-


um (01) ano”. tos dos peritos dependerão de prévio requeri-
mento e de deferimento pelo juiz. § 2º As provas
serão produzidas em uma só audiência, poden-
3. Procedimento especial do do o juiz indeferir as consideradas irrelevantes,
Tribunal do Júri. impertinentes ou protelatórias. § 3º Encerrada
a instrução probatória, observar-se-á, se for o
◼◼ Art. 406 do CPP: “O juiz, ao receber a denúncia caso, o disposto no art. 384 deste Código. § 4º As
ou a queixa, ordenará a citação do acusado para alegações serão orais, concedendo-se a palavra,
responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 respectivamente, à acusação e à defesa, pelo pra-
(dez) dias. § 1º O prazo previsto no caput deste ar- zo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais
tigo será contado a partir do efetivo cumprimento 10 (dez). § 5º Havendo mais de 1 (um) acusado,
do mandado ou do comparecimento, em juízo, do o tempo previsto para a acusação e a defesa de
acusado ou de defensor constituído, no caso de ci- cada um deles será individual. § 6º Ao assistente
tação inválida ou por edital. § 2º A acusação deve- do Ministério Público, após a manifestação deste,
rá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-
na denúncia ou na queixa. § 3º Na resposta, o -se por igual período o tempo de manifestação da
acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo defesa. § 7º Nenhum ato será adiado, salvo quan-
que interesse a sua defesa, oferecer documentos do imprescindível à prova faltante, determinando
e justificações, especificar as provas pretendidas o juiz a condução coercitiva de quem deva com-
e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), parecer. § 8º A testemunha que comparecer será
qualificando-as e requerendo sua intimação, inquirida, independentemente da suspensão da
quando necessário”. audiência, observada em qualquer caso a ordem
◼◼ Art. 407 do CPP: “As exceções serão processadas estabelecida no caput deste artigo. § 9º Encerrados
em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 des- os debates, o juiz proferirá a sua decisão, ou o fará
te Código”. em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para isso
◼◼ Art. 408 do CPP: “Não apresentada a resposta no lhe sejam conclusos”.
prazo legal, o juiz nomeará defensor para ofere- ◼◼ Art. 412 do CPP: “O procedimento será concluído
cê-la em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista no prazo máximo de 90 (noventa) dias”.
dos autos”. ◼◼ Art. 413 do CPP: “O juiz, fundamentadamente,
◼◼ Art. 409 do CPP: “Apresentada a defesa, o juiz pronunciará o acusado, se convencido da mate-
ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre rialidade do fato e da existência de indícios su-
preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias”. ficientes de autoria ou de participação. § 1º A
◼◼ Art. 410 do CPP: “O juiz determinará a inquirição fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indi-
das testemunhas e a realização das diligências cação da materialidade do fato e da existência de
requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 indícios suficientes de autoria ou de participação,
(dez) dias”. devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que
◼◼ Art. 411 do CPP: “Na audiência de instrução, pro- julgar incurso o acusado e especificar as circuns-
ceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, tâncias qualificadoras e as causas de aumento de
se possível, à inquirição das testemunhas arro- pena. § 2º Se o crime for afiançável, o juiz arbi-
ladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, trará o valor da fiança para a concessão ou ma-
bem como aos esclarecimentos dos peritos, às nutenção da liberdade provisória. § 3º O juiz de-
acareações e ao reconhecimento de pessoas e cidirá, motivadamente, no caso de manutenção,
coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado revogação ou substituição da prisão ou medida

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restritiva de liberdade anteriormente decretada e, de 18 (dezoito) anos de notória idoneidade. § 1º


tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade Nenhum cidadão poderá ser excluído dos traba-
da decretação da prisão ou imposição de quais- lhos do júri ou deixar de ser alistado em razão de
quer das medidas previstas no Título IX do Livro cor ou etnia, raça, credo, sexo, profissão, classe
I deste Código”. social ou econômica, origem ou grau de instrução.
◼◼ Súmula 191 do STJ: “A pronúncia é causa inter- § 2º A recusa injustificada ao serviço do júri acar-
ruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri retará multa no valor de 1 (um) a 10 (dez) salários
venha a desclassificar o crime”. mínimos, a critério do juiz, de acordo com a con-
◼◼ Art. 414 do CPP: “Não se convencendo da mate- dição econômica do jurado”.
rialidade do fato ou da existência de indícios su- ◼◼ Art. 437 do CPP: “Estão isentos do serviço do
ficientes de autoria ou de participação, o juiz, júri: I - o Presidente da República e os Ministros
fundamentadamente, impronunciará o acusado. de Estado; II - os Governadores e seus respecti-
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção vos Secretários; III - os membros do Congresso
da punibilidade, poderá ser formulada nova de- Nacional, das Assembleias Legislativas e das
núncia ou queixa se houver prova nova”. Câmaras Distrital e Municipais; IV - os Prefeitos
◼◼ Art. 415 do CPP: “O juiz, fundamentadamente, ab- Municipais; V - os Magistrados e membros do
solverá desde logo o acusado, quando: I - provada Ministério Público e da Defensoria Pública; VI -
a inexistência do fato; II - provado não ser ele au- os servidores do Poder Judiciário, do Ministério
tor ou partícipe do fato; III - o fato não constituir Público e da Defensoria Pública; VII - as autorida-
infração penal; IV - demonstrada causa de isenção des e os servidores da polícia e da segurança pú-
de pena ou de exclusão do crime. Parágrafo único. blica; VIII - os militares em serviço ativo; IX - os
Não se aplica o disposto no inciso IV do caput des- cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que requei-
te artigo ao caso de inimputabilidade prevista no ram sua dispensa; X - aqueles que o requererem,
caput do art. 26 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de demonstrando justo impedimento.
dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando ◼◼ Art. 438 do CPP: “A recusa ao serviço do júri fun-
esta for a única tese defensiva”. dada em convicção religiosa, filosófica ou po-
◼◼ Art. 416 do CPP: “Contra a sentença de impronún- lítica importará no dever de prestar serviço al-
cia ou de absolvição sumária caberá apelação”. ternativo, sob pena de suspensão dos direitos
◼◼ Art. 417 do CPP: “Se houver indícios de autoria ou políticos, enquanto não prestar o serviço imposto.
de participação de outras pessoas não incluídas na § 1º Entende-se por serviço alternativo o exercício
acusação, o juiz, ao pronunciar ou impronunciar de atividades de caráter administrativo, assisten-
o acusado, determinará o retorno dos autos ao cial, filantrópico ou mesmo produtivo, no Poder
Ministério Público, por 15 (quinze) dias, aplicável, Judiciário, na Defensoria Pública, no Ministério
no que couber, o art. 80 deste Código”. Público ou em entidade conveniada para es-
◼◼ Art. 418 do CPP: “O juiz poderá dar ao fato defini- ses fins. § 2º O juiz fixará o serviço alternativo
ção jurídica diversa da constante da acusação, em- atendendo aos princípios da proporcionalidade e
bora o acusado fique sujeito a pena mais grave”. da razoabilidade”.
◼◼ Art. 419 do CPP: “Quando o juiz se convencer, em ◼◼ Art. 447 do CPP: “O Tribunal do Júri é compos-
discordância com a acusação, da existência de cri- to por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por
me diverso dos referidos no § 1º do art. 74 deste 25 (vinte e cinco) jurados que serão sorteados
Código e não for competente para o julgamento, dentre os alistados, 7 (sete) dos quais consti-
remeterá os autos ao juiz que o seja”. tuirão o Conselho de Sentença em cada sessão
◼◼ Art. 436 do CPP: “O serviço do júri é obrigatório. de julgamento”.
O alistamento compreenderá os cidadãos maiores ◼◼ Art. 448 do CPP: “São impedidos de servir no

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mesmo Conselho: I - marido e mulher; II - as- ◼◼ Art. 478 do CPP: “Durante os debates as partes não
cendente e descendente; III - sogro e genro ou poderão, sob pena de nulidade, fazer referências:
nora; IV - irmãos e cunhados, durante o cunha- I - à decisão de pronúncia, às decisões posterio-
dio; V - tio e sobrinho; VI - padrasto, madrasta ou res que julgaram admissível a acusação ou à de-
enteado. § 1º O mesmo impedimento ocorrerá em terminação do uso de algemas como argumento
relação às pessoas que mantenham união estável de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o
reconhecida como entidade familiar. § 2º Aplicar- acusado; II - ao silêncio do acusado ou à ausência
se-á aos jurados o disposto sobre os impedimen- de interrogatório por falta de requerimento, em
tos, a suspeição e as incompatibilidades dos juí- seu prejuízo”.
zes togados”. ◼◼ Art. 479 do CPP: “Durante o julgamento não será
◼◼ Art. 449 do CPP: “Não poderá servir o jurado que: permitida a leitura de documento ou a exibi-
I - tiver funcionado em julgamento anterior do ção de objeto que não tiver sido juntado aos au-
mesmo processo, independentemente da cau- tos com a antecedência mínima de 3 (três) dias
sa determinante do julgamento posterior; II - no úteis, dando-se ciência à outra parte. Parágrafo
caso do concurso de pessoas, houver integrado o único. Compreende-se na proibição deste artigo a
Conselho de Sentença que julgou o outro acusa- leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem
do; III - tiver manifestado prévia disposição para como a exibição de vídeos, gravações, fotografias,
condenar ou absolver o acusado”. laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio
◼◼ Art. 476 do CPP: “Encerrada a instrução, será con- assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a ma-
cedida a palavra ao Ministério Público, que fará a téria de fato submetida à apreciação e julgamento
acusação, nos limites da pronúncia ou das deci- dos jurados”.
sões posteriores que julgaram admissível a acu-
sação, sustentando, se for o caso, a existência de
circunstância agravante. § 1º O assistente falará 4. Outros procedimentos especiais.
depois do Ministério Público. § 2º Tratando-se de
ação penal de iniciativa privada, falará em primei-
ro lugar o querelante e, em seguida, o Ministério Procedimento dos crimes
Público, salvo se este houver retomado a titula- de responsabilidade dos
ridade da ação, na forma do art. 29 deste Código. funcionários públicos
§ 3º Finda a acusação, terá a palavra a defesa. § 4º
A acusação poderá replicar e a defesa treplicar, ◼◼ Art. 513 do CPP: “Os crimes de responsabilidade
sendo admitida a reinquirição de testemunha já dos funcionários públicos, cujo processo e julga-
ouvida em plenário”. mento competirão aos juízes de direito, a queixa
◼◼ Art. 477 do CPP: “O tempo destinado à acusação e ou a denúncia será instruída com documentos ou
à defesa será de uma hora e meia para cada, e de justificação que façam presumir a existência do
uma hora para a réplica e outro tanto para a tré- delito ou com declaração fundamentada da im-
plica. § 1º Havendo mais de um acusador ou mais possibilidade de apresentação de qualquer des-
de um defensor, combinarão entre si a distribui- sas provas”.
ção do tempo, que, na falta de acordo, será dividi- ◼◼ Art. 514 do CPP: “Nos crimes afiançáveis, estando
do pelo juiz presidente, de forma a não exceder o a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz man-
determinado neste artigo. § 2º Havendo mais de 1 dará autuá-la e ordenará a notificação do acusado,
(um) acusado, o tempo para a acusação e a defesa para responder por escrito, dentro do prazo de
será acrescido de 1 (uma) hora e elevado ao dobro quinze dias. Parágrafo único. Se não for conhecida
o da réplica e da tréplica, observado o disposto no a residência do acusado, ou este se achar fora da
§ 1º deste artigo”. jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor,

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a quem caberá apresentar a resposta preliminar”. querelante poderá contestar a exceção no prazo de
◼◼ Art. 515 do CPP: “No caso previsto no artigo ante- dois dias, podendo ser inquiridas as testemunhas
rior, durante o prazo concedido para a resposta, arroladas na queixa, ou outras indicadas naquele
os autos permanecerão em cartório, onde poderão prazo, em substituição às primeiras, ou para com-
ser examinados pelo acusado ou por seu defensor. pletar o máximo legal”.
Parágrafo único. A resposta poderá ser instruída
com documentos e justificações”.
Procedimento da Lei de Drogas
◼◼ Art. 516 do CPP: “O juiz rejeitará a queixa ou de-
núncia, em despacho fundamentado, se conven-
(Lei 11.343/06)
cido, pela resposta do acusado ou do seu defen-
◼◼ Art. 48: “O procedimento relativo aos processos
sor, da inexistência do crime ou da improcedência
por crimes definidos neste Título rege-se pelo
da ação”.
disposto neste Capítulo, aplicando-se, subsidia-
◼◼ Art. 517 do CPP: “Recebida a denúncia ou a quei-
riamente, as disposições do Código de Processo
xa, será o acusado citado, na forma estabelecida
Penal e da Lei de Execução Penal. § 1º O agente de
no Capítulo I do Título X do Livro I”.
qualquer das condutas previstas no art. 28 desta
◼◼ Art. 518 do CPP: “Na instrução criminal e nos de-
Lei, salvo se houver concurso com os crimes pre-
mais termos do processo, observar-se-á o dis-
vistos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processa-
posto nos Capítulos I e III, Título I, deste Livro”.
do e julgado na forma dos arts. 60 e seguintes
◼◼ Súmula 330 do STJ: “É desnecessária a resposta
da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que
preliminar de que trata o artigo 514 do Código de
dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais. § 2º
Processo Penal, na ação penal instruída por in-
Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta
quérito policial”.
Lei, não se imporá prisão em flagrante, devendo
o autor do fato ser imediatamente encaminhado
Procedimento dos crimes contra a honra ao juízo competente ou, na falta deste, assumir
o compromisso de a ele comparecer, lavrando-
◼◼ Art. 519 do CPP: “No processo por crime de calúnia -se termo circunstanciado e providenciando-se
ou injúria, para o qual não haja outra forma esta- as requisições dos exames e perícias necessários.
belecida em lei especial, observar-se-á o disposto § 3º Se ausente a autoridade judicial, as providên-
nos Capítulos I e III, Titulo I, deste Livro, com as cias previstas no § 2º deste artigo serão tomadas
modificações constantes dos artigos seguintes”. de imediato pela autoridade policial, no local em
◼◼ Art. 520 do CPP: “Antes de receber a queixa, o juiz que se encontrar, vedada a detenção do agente.
oferecerá às partes oportunidade para se reconci- § 4º Concluídos os procedimentos de que trata o
liarem, fazendo-as comparecer em juízo e ouvin- § 2º deste artigo, o agente será submetido a exa-
do-as, separadamente, sem a presença dos seus me de corpo de delito, se o requerer ou se a autori-
advogados, não se lavrando termo”. dade de polícia judiciária entender conveniente, e
◼◼ Art. 521 do CPP: “Se depois de ouvir o querelan- em seguida liberado. § 5º Para os fins do disposto
te e o querelado, o juiz achar provável a recon- no art. 76 da Lei nº 9.099, de 1995, que dispõe so-
ciliação, promoverá entendimento entre eles, na bre os Juizados Especiais Criminais, o Ministério
sua presença”. Público poderá propor a aplicação imediata de
◼◼ Art. 522 do CPP: “No caso de reconciliação, depois pena prevista no art. 28 desta Lei, a ser especifi-
de assinado pelo querelante o termo da desistên- cada na proposta”.
cia, a queixa será arquivada”. ◼◼ Art. 51: “O inquérito policial será concluído no
◼◼ Art. 523 do CPP: “Quando for oferecida a exceção prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado esti-
da verdade ou da notoriedade do fato imputado, o ver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.

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Parágrafo único. Os prazos a que se refere este ◼◼ Art. 54: “Recebidos em juízo os autos do inquérito
artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o policial, de Comissão Parlamentar de Inquérito ou
Ministério Público, mediante pedido justificado peças de informação, dar-se-á vista ao Ministério
da autoridade de polícia judiciária”. Público para, no prazo de 10 (dez) dias, adotar
◼◼ Art. 52: “Findos os prazos a que se refere o art. 51 uma das seguintes providências: I - requerer o
desta Lei, a autoridade de polícia judiciária, reme- arquivamento; II - requisitar as diligências que
tendo os autos do inquérito ao juízo: I - relatará entender necessárias; III - oferecer denúncia, ar-
sumariamente as circunstâncias do fato, justi- rolar até 5 (cinco) testemunhas e requerer as de-
ficando as razões que a levaram à classificação mais provas que entender pertinentes”.
do delito, indicando a quantidade e natureza da ◼◼ Art. 55: “Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a
substância ou do produto apreendido, o local e as notificação do acusado para oferecer defesa pré-
condições em que se desenvolveu a ação crimino- via, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. § 1º
sa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a quali- Na resposta, consistente em defesa preliminar
ficação e os antecedentes do agente; ou II - reque- e exceções, o acusado poderá arguir prelimina-
rerá sua devolução para a realização de diligências res e invocar todas as razões de defesa, oferecer
necessárias. Parágrafo único. A remessa dos autos documentos e justificações, especificar as provas
far-se-á sem prejuízo de diligências complemen- que pretende produzir e, até o número de 5 (cin-
tares: I - necessárias ou úteis à plena elucidação co), arrolar testemunhas. § 2º As exceções serão
do fato, cujo resultado deverá ser encaminhado processadas em apartado, nos termos dos arts. 95
ao juízo competente até 3 (três) dias antes da au- a 113 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
diência de instrução e julgamento; II - necessárias 1941 - Código de Processo Penal. § 3º Se a respos-
ou úteis à indicação dos bens, direitos e valores de ta não for apresentada no prazo, o juiz nomeará
que seja titular o agente, ou que figurem em seu defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, con-
nome, cujo resultado deverá ser encaminhado ao cedendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação.
juízo competente até 3 (três) dias antes da au- § 4º Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5
diência de instrução e julgamento”. (cinco) dias. § 5º Se entender imprescindível, o
◼◼ Art. 53: “Em qualquer fase da persecução crimi- juiz, no prazo máximo de 10 (dez) dias, determi-
nal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são nará a apresentação do preso, realização de dili-
permitidos, além dos previstos em lei, mediante gências, exames e perícias”.
autorização judicial e ouvido o Ministério Público, ◼◼ Art. 56: “Recebida a denúncia, o juiz designará dia
os seguintes procedimentos investigatórios: I - a e hora para a audiência de instrução e julgamento,
infiltração por agentes de polícia, em tarefas de ordenará a citação pessoal do acusado, a intimação
investigação, constituída pelos órgãos especia- do Ministério Público, do assistente, se for o caso,
lizados pertinentes; II - a não-atuação policial e requisitará os laudos periciais. § 1º Tratando-se
sobre os portadores de drogas, seus precursores de condutas tipificadas como infração do disposto
químicos ou outros produtos utilizados em sua nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei, o juiz,
produção, que se encontrem no território brasi- ao receber a denúncia, poderá decretar o afasta-
leiro, com a finalidade de identificar e responsa- mento cautelar do denunciado de suas atividades,
bilizar maior número de integrantes de operações se for funcionário público, comunicando ao órgão
de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação respectivo. § 2º A audiência a que se refere o caput
penal cabível. Parágrafo único. Na hipótese do in- deste artigo será realizada dentro dos 30 (trinta)
ciso II deste artigo, a autorização será concedida dias seguintes ao recebimento da denúncia, sal-
desde que sejam conhecidos o itinerário prová- vo se determinada a realização de avaliação para
vel e a identificação dos agentes do delito ou de atestar dependência de drogas, quando se realiza-
colaboradores”. rá em 90 (noventa) dias”.

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◼◼ Art. 57: “Na audiência de instrução e julgamento, fato, em consequência de prova existente nos au-
após o interrogatório do acusado e a inquirição tos de elemento ou circunstância da infração pe-
das testemunhas, será dada a palavra, sucessi- nal não contida na acusação, o Ministério Público
vamente, ao representante do Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de
e ao defensor do acusado, para sustentação oral, 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido
pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, instaurado o processo em crime de ação públi-
prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz. ca, reduzindo-se a termo o aditamento, quando
Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, feito oralmente. § 1º Não procedendo o órgão do
o juiz indagará das partes se restou algum fato para Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art.
ser esclarecido, formulando as perguntas corres- 28 deste Código. § 2º Ouvido o defensor do acu-
pondentes se o entender pertinente e relevante”. sado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o adi-
◼◼ Art. 58: “Encerrados os debates, proferirá o tamento, o juiz, a requerimento de qualquer das
juiz sentença de imediato, ou o fará em 10 (dez) partes, designará dia e hora para continuação da
dias, ordenando que os autos para isso lhe se- audiência, com inquirição de testemunhas, novo
jam conclusos”. interrogatório do acusado, realização de debates
e julgamento. § 3º Aplicam-se as disposições dos
§§ 1º e 2º do art. 383 ao caput deste artigo. § 4º
5. Sentença. Emendatio e Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar
mutatio libelli. até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco)
dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos ter-
◼◼ Art. 381 do CPP: “A sentença conterá: I - os nomes mos do aditamento. § 5º Não recebido o adita-
das partes ou, quando não possível, as indicações mento, o processo prosseguirá”.
necessárias para identificá-las; II - a exposição ◼◼ Art. 385 do CPP: “Nos crimes de ação pública, o
sucinta da acusação e da defesa; III - a indicação juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda
dos motivos de fato e de direito em que se fundar que o Ministério Público tenha opinado pela ab-
a decisão; IV - a indicação dos artigos de lei apli- solvição, bem como reconhecer agravantes, em-
cados; V - o dispositivo; VI - a data e a assinatura bora nenhuma tenha sido alegada”.
do juiz”. ◼◼ Art. 386 do CPP: “O juiz absolverá o réu, mencio-
◼◼ Art. 382 do CPP: “Qualquer das partes poderá, no nando a causa na parte dispositiva, desde que re-
prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare conheça: I - estar provada a inexistência do fato;
a sentença, sempre que nela houver obscuridade, II - não haver prova da existência do fato; III - não
ambiguidade, contradição ou omissão”. constituir o fato infração penal; IV - estar prova-
◼◼ Art. 383 do CPP: “O juiz, sem modificar a descri- do que o réu não concorreu para a infração penal;
ção do fato contida na denúncia ou queixa, poderá V - não existir prova de ter o réu concorrido para a
atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, infração penal; VI - existirem circunstâncias que
em consequência, tenha de aplicar pena mais gra- excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts.
ve. § 1º Se, em consequência de definição jurídica 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código
diversa, houver possibilidade de proposta de sus- Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre
pensão condicional do processo, o juiz procederá sua existência; VII - não existir prova suficiente
de acordo com o disposto na lei. § 2º Tratando-se para a condenação. Parágrafo único. Na sentença
de infração da competência de outro juízo, a este absolutória, o juiz: I - mandará, se for o caso, pôr
serão encaminhados os autos”. o réu em liberdade; II - ordenará a cessação das
◼◼ Art. 384 do CPP: “Encerrada a instrução probató- medidas cautelares e provisoriamente aplicadas;
ria, se entender cabível nova definição jurídica do III - aplicará medida de segurança, se cabível”.

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◼◼ Art. 387 do CPP: “O juiz, ao proferir sentença con- ou suborno do juiz; II - por ilegitimidade de parte;
denatória: I - mencionará as circunstâncias agra- III - por falta das fórmulas ou dos termos seguin-
vantes ou atenuantes definidas no Código Penal, tes: a) a denúncia ou a queixa e a representação e,
e cuja existência reconhecer; II - mencionará as nos processos de contravenções penais, a portaria
outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que ou o auto de prisão em flagrante; b) o exame do
deva ser levado em conta na aplicação da pena, corpo de delito nos crimes que deixam vestígios,
de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do ressalvado o disposto no Art. 167; c) a nomeação
Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao
- Código Penal; III - aplicará as penas de acordo ausente, e de curador ao menor de 21 anos; d) a in-
com essas conclusões; IV - fixará valor mínimo tervenção do Ministério Público em todos os ter-
para reparação dos danos causados pela infração, mos da ação por ele intentada e nos da intentada
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; pela parte ofendida, quando se tratar de crime de
V - atenderá, quanto à aplicação provisória de in- ação pública; e) a citação do réu para ver-se pro-
terdições de direitos e medidas de segurança, ao cessar, o seu interrogatório, quando presente, e
disposto no Título Xl deste Livro; VI - determinará os prazos concedidos à acusação e à defesa; f) a
se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da res-
em resumo e designará o jornal em que será feita pectiva cópia, com o rol de testemunhas, nos pro-
a publicação (art. 73, § 1º, do Código Penal). § 1º cessos perante o Tribunal do Júri; g) a intimação
O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a ma- do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal
nutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão do Júri, quando a lei não permitir o julgamento à
preventiva ou de outra medida cautelar, sem pre- revelia; h) a intimação das testemunhas arrola-
juízo do conhecimento de apelação que vier a ser das no libelo e na contrariedade, nos termos es-
interposta. § 2º O tempo de prisão provisória, de tabelecidos pela lei; i) a presença pelo menos de
prisão administrativa ou de internação, no Brasil 15 jurados para a constituição do júri; j) o sorteio
ou no estrangeiro, será computado para fins de dos jurados do conselho de sentença em número
determinação do regime inicial de pena privativa legal e sua incomunicabilidade; k) os quesitos e as
de liberdade”. respectivas respostas; l) a acusação e a defesa, na
◼◼ Súmula 453 do STF: “Não se aplicam à segunda sessão de julgamento; m) a sentença; n) o recurso
instância o art. 384 e parágrafo único do Código de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabele-
de Processo Penal, que possibilitam dar nova de- cido; o) a intimação, nas condições estabelecidas
finição jurídica ao fato delituoso, em virtude de pela lei, para ciência de sentenças e despachos de
circunstância elementar não contida, explícita ou que caiba recurso; p) no Supremo Tribunal Federal
implicitamente, na denúncia ou queixa”. e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal para o
◼◼ Súmula 337 do STJ: “É cabível a suspensão con- julgamento; IV - por omissão de formalidade que
dicional do processo na desclassificação do crime constitua elemento essencial do ato. Parágrafo
e na procedência parcial da pretensão punitiva”. único. Ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência
dos quesitos ou das suas respostas, e contradição
entre estas”.
6. Nulidades. ◼◼ Art. 565 do CPP: “Nenhuma das partes poderá ar-
guir nulidade a que haja dado causa, ou para que
◼◼ Art. 563 do CPP: “Nenhum ato será declarado tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja
nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a observância só à parte contrária interesse”.
acusação ou para a defesa”. ◼◼ Art. 566 do CPP: “Não será declarada a nulidade de
◼◼ Art. 564 do CPP: “A nulidade ocorrerá nos se- ato processual que não houver influído na apura-
guintes casos: I - por incompetência, suspeição ção da verdade substancial ou na decisão da causa”.

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◼◼ Art. 567 do CPP: “A incompetência do juízo anula ◼◼ Art. 572 do CPP: “As nulidades previstas no art.
somente os atos decisórios, devendo o processo, 564, III, d e e, segunda parte, g e h, e IV, consi-
quando for declarada a nulidade, ser remetido ao derar-se-ão sanadas: I - se não forem arguidas,
juiz competente”. em tempo oportuno, de acordo com o disposto no
◼◼ Art. 568 do CPP: “A nulidade por ilegitimida- artigo anterior; II - se, praticado por outra forma,
de do representante da parte poderá ser a todo o ato tiver atingido o seu fim; III - se a parte, ainda
tempo sanada, mediante ratificação dos atos que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos”.
processuais”. ◼◼ Art. 573 do CPP: “Os atos, cuja nulidade não tiver
◼◼ Art. 569 do CPP: “As omissões da denúncia ou da sido sanada, na forma dos artigos anteriores, se-
queixa, da representação, ou, nos processos das rão renovados ou retificados. § 1º A nulidade de
contravenções penais, da portaria ou do auto de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que
prisão em flagrante, poderão ser supridas a todo dele diretamente dependam ou sejam consequên-
o tempo, antes da sentença final”. cia. § 2º O juiz que pronunciar a nulidade declara-
◼◼ Art. 570 do CPP: “A falta ou a nulidade da citação, rá os atos a que ela se estende”.
da intimação ou notificação estará sanada, desde ◼◼ Súmula 155 do STF: “É relativa a nulidade do pro-
que o interessado compareça, antes de o ato con- cesso criminal por falta de intimação da expedição
sumar-se, embora declare que o faz para o único de precatória para inquirição de testemunha”.
fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a sus- ◼◼ Súmula 156 do STF: “É absoluta a nulidade do julga-
pensão ou o adiamento do ato, quando reconhe- mento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório”.
cer que a irregularidade poderá prejudicar direito ◼◼ Súmula 160 do STF: “É nula a decisão do tribunal
da parte”. que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no
◼◼ Art. 571 do CPP: “As nulidades deverão ser argui- recurso da acusação, ressalvados os casos de re-
das: I - as da instrução criminal dos processos da curso de ofício”.
competência do júri, nos prazos a que se refere ◼◼ Súmula 162 do STF: “É absoluta a nulidade do jul-
o art. 406; II - as da instrução criminal dos pro- gamento pelo júri, quando os quesitos da defesa
cessos de competência do juiz singular e dos pro- não precedem aos das circunstâncias agravantes”.
cessos especiais, salvo os dos Capítulos V e VII do ◼◼ Súmula 206 do STF: “É nulo o julgamento ulte-
Título II do Livro II, nos prazos a que se refere o rior pelo júri com a participação de jurado que
art. 500; III - as do processo sumário, no prazo a funcionou em julgamento anterior do mesmo
que se refere o art. 537, ou, se verificadas depois processo”.
desse prazo, logo depois de aberta a audiência e ◼◼ Súmula 351 do STF: “É nula a citação por edital de
apregoadas as partes; IV - as do processo regu- réu preso na mesma unidade da Federação em que
lado no Capítulo VII do Título II do Livro II, logo o juiz exerce a sua jurisdição”.
depois de aberta a audiência; V - as ocorridas pos- ◼◼ Súmula 366 do STF: “Não é nula a citação por edi-
teriormente à pronúncia, logo depois de anuncia- tal que indica o dispositivo da lei penal, embora
do o julgamento e apregoadas as partes (art. 447); não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resu-
VI - as de instrução criminal dos processos de ma os fatos em que se baseia”.
competência do Supremo Tribunal Federal e dos ◼◼ Súmula 431 do STF: “É nulo o julgamento de re-
Tribunais de Apelação, nos prazos a que se refere curso criminal, na segunda instância, sem prévia
o art. 500; VII - se verificadas após a decisão da intimação, ou publicação da pauta, salvo em ha-
primeira instância, nas razões de recurso ou logo beas corpus”.
depois de anunciado o julgamento do recurso e ◼◼ Súmula 523 do STF: “No processo penal, a falta da
apregoadas as partes; VIII - as do julgamento em defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua de-
plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, ficiência só o anulará se houver prova de prejuízo
logo depois de ocorrerem”. para o réu”.

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◼ ◼ Súmula 564 do STF: “A ausência de funda- contrarrazões ao recurso interposto da rejeição


mentação do despacho de recebimento de da denúncia, não a suprindo a nomeação de de-
denúncia por crime falimentar enseja nuli- fensor dativo”.
dade processual, salvo se já houver sentença ◼◼ Súmula 708 do STF: “É nulo o julgamento da ape-
condenatória”. lação se, após a manifestação nos autos da renún-
◼◼ Súmula 706 do STF: “É relativa a nulidade decor- cia do único defensor, o réu não foi previamente
rente da inobservância da competência penal por intimado para constituir outro”.
prevenção”. ◼◼ Súmula 712 do STF: “É nula a decisão que deter-
◼◼ Súmula 707 do STF: “Constitui nulidade a fal- mina o desaforamento de processo da competên-
ta de intimação do denunciado para oferecer cia do júri sem audiência da defesa”.

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RECURSOS
MÓDULO 1

O essencial é
1. Teoria geral dos recursos criminais.

invisível aos ◼◼ Conceito de recurso: direito que a parte possui de atacar, dentro da
mesma relação jurídico-processual, decisão que contrarie seus inte-

olhos, só se resses, pleiteando sua revisão total ou parcial.


◼◼ Princípios dos recursos criminais:
vê bem com →→ Duplo grau de jurisdição: art. 8º, item 2, alínea g, do Pacto de São

o coração." José da Costa Rica.


→→ Fungibilidade (art. 479 do CPP): salvo a hipótese de má-fé, a par-
te não será prejudicada pela interposição de um recurso por outro.
Antoine de
Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do recurso in-
Saint-Exupéry
terposto pela parte, mandará processá-lo de acordo com o rito do
recurso cabível.
→→ Voluntariedade (art. 474, primeira parte, CPP): o recurso da par-
te é voluntário. Obs.: há previsão de recurso de ofício pelo juiz.

Recurso ex officio ou reexame necessário


◼◼ Art. 574, I e II, CPP
◼◼ Art. 746 do CPP
◼◼ Art. 7º da Lei 1.521/51

→→ Disponibilidade: decorre da voluntariedade. A parte pode desistir


do recurso interposto. Obs.: para o Ministério Público vige a regra
da indisponibilidade (art. 576 do CPP).

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→→ Non reformatio in pejus: em um recurso exclu- por termo nos autos. Em regra, ele é processado
sivo da defesa, o Tribunal não poderá piorar por instrumento, em autos apartados, com peças
a condição jurídico-penal do réu (art. 617 do fotocopiadas.
CPP). Obs.: fala-se em reformatio in pejus in- ◼◼ Prazo: a interposição ocorre em 5 dias, salvo no
direta quando o Tribunal anula a sentença e caso da lista de jurados, que tem prazo de 20 dias
determina que o juiz prolate outra, ocasião em (art. 586 do CPP). As razões e as contrarrazões são
que este piora a condição jurídico-penal do réu. juntadas em 2 dias (art. 588 do CPP).
→→ Reformatio in mellius: é permitida no processo ◼◼ Efeito regressivo (art. 589 do CPP): permite ao
penal atual. Dessa forma, analisando um re- magistrado o juízo de retratação.
curso exclusivo da acusação, o Tribunal poderá
absolver o réu.

◼◼ Juízo de prelibação (pressupostos de admissibi- 3. Apelação. Embargos de declaração.


lidade recursal): podem ser objetivos e subjetivos.

a) Pressupostos objetivos de admissibilidade recur- Apelação


sal: cabimento, adequação, tempestividade, ine-
xistência de fato impeditivo, inexistência de fato ◼◼ Cabimento: a apelação é o recurso ordinário por
extintivo e regularidade formal. excelência, e pode ser interposta em três situações:
b) Pressupostos subjetivos de admissibilidade re- →→ contra sentenças definitivas de condenação ou
cursal: legitimidade e interesse (art. 577 do CPP). absolvição proferidas por juiz singular;
◼◼ Efeitos dos recursos criminais: a) obstativo; b) →→ contra decisões definitivas, ou com força de
devolutivo; c) suspensivo; d) regressivo (ou itera- definitivas, proferidas por juiz singular nos
tivo ou diferido); e) extensivo (art. 580 do CPP). casos em que não caiba o RESE;
→→ contra decisões do Tribunal do Júri, quando:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; b)
Súmula 713 do STF for a sentença do juiz-presidente contrária à
O efeito devolutivo da apelação lei expressa ou à decisão dos jurados; c) hou-
contra decisões do Júri é adstrito aos ver erro ou injustiça no tocante à aplicação da
fundamentos da sua interposição. pena ou da medida de segurança; d) for a de-
cisão dos jurados manifestamente contrária à
prova dos autos.
2. Recurso em sentido estrito.
Súmula 713 do STF
◼◼ Cabimento: visa a atacar decisões interlocutórias
O efeito devolutivo da apelação
que estão expressamente previstas no art. 581 do
contra decisões do Júri é adstrito aos
CPP. Doutrina e jurisprudência modernas aceitam
fundamentos da sua interposição.
a interpretação extensiva, a não ser naquelas hi-
póteses em que a lei quis evidentemente excluir.
◼◼ Se a decisão está inserida na sentença de conde- ◼◼ Forma: a apelação pode ser interposta por petição
nação ou absolvição, ainda que haja previsão no ou por termo nos autos. Ao contrário do RESE, que
art. 581 do CPP, cabe apelação (art. 593, § 4º, CPP). geralmente é processado por instrumento, a apela-
◼◼ Se a decisão é posterior ao trânsito em julgado, ção é encaminhada ao Tribunal nos próprios autos.
ainda que haja previsão no art. 581 do CPP, cabe ◼◼ Prazo: a interposição ocorre em 5 dias (art. 593
agravo em execução (art. 197 da LEP). do CPP). As razões e as contrarrazões são juntadas
◼◼ Forma: o RESE pode ser interposto por petição ou em 8 dias (art. 600 do CPP).

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◼◼ Apelação no Juizado Especial Criminal: de acor- agravos em execução, desde que desfavoráveis ao
do com o art. 82 da Lei 9.099/95, da decisão de réu. Por isso são privativos da defesa.
rejeição da denúncia ou queixa e da sentença ca- ◼◼ Embargos infringentes: a divergência diz respeito
berá apelação, que poderá ser julgada por turma ao mérito.
composta de três Juízes em exercício no primeiro ◼◼ Embargos de nulidade: a divergência diz respeito
grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. a matéria de nulidade processual.
A apelação será interposta no prazo de 10 dias, ◼◼ Forma: são interpostos por petição, dirigida ao
contados da ciência da sentença pelo Ministério desembargador relator; as razões são endereçadas
Público, pelo réu e seu defensor, por petição es- ao respectivo órgão colegiado julgador.
crita, da qual constarão as razões e o pedido do re- ◼◼ Prazo: 10 dias, contados da publicação do acórdão.
corrente. Após o será intimado para oferecer res- ◼◼ Se o Tribunal decidir de forma divergente (2 a 1)
posta escrita (contrarrazões) no prazo de dez dias. contra o réu, a defesa necessariamente deverá
opor os embargos infringentes e de nulidade se
desejar recorrer extraordinariamente (recurso
Embargos de declaração
especial ou recurso extraordinário).
◼◼ Recurso facultado às partes visando à integração
(e não à substituição) da decisão judicial. Súmula 281 do STF
◼◼ Pode ser oposto em face de sentença (art. 382 É inadmissível o recurso extraordinário,
do CPP) ou de acórdão (art. 619 do CPP), des- quando couber na Justiça de origem,
de que a decisão apresente um dos seguintes ví- recurso ordinário da decisão impugnada.
cios: a) ambiguidade; b) obscuridade; c) omissão;
d) contradição. Súmula 207 do STJ
◼◼ Forma: a interposição se dá por petição, já acom- É inadmissível Recurso Especial quando
panhada das respectivas razões. cabíveis embargos infringentes contra o
◼◼ Prazo: 2 dias. acórdão proferido no Tribunal de origem.
◼◼ Embargos de declaração no Juizado Especial
Criminal: de acordo com o art. 83 da Lei 9.099/95,
cabem embargos de declaração quando, em sen- Carta testemunhável
tença ou acórdão, houver obscuridade, contradi-
◼◼ Cabimento: trata-se de impugnação contra deci-
ção ou omissão. Os embargos de declaração serão
são que não receber o recurso interposto pela par-
opostos por escrito ou oralmente, no prazo de 5
te ou lhe obstar o seguimento à instância superior
dias, contados da ciência da decisão, e interrom-
depois de ter sido recebido.
pem o prazo para a interposição de recurso.
◼◼ Há uma exceção: se o juiz denegar a apelação,
caberá o RESE (art. 581, XV, CPP) e não a carta
4. Embargos infringentes e de testemunhável.
◼◼ Prazo e forma: é interposta no prazo de 48 horas
nulidade. Carta testemunhável. após a intimação da decisão que denegou o recur-
Agravo em execução. so ou obstou o seu seguimento, por petição ou por
termo nos autos, endereçada ao escrivão (no âm-
bito da Justiça Estadual), ao diretor de Secretaria
Embargos infringentes e de nulidade
(no âmbito da Justiça Federal) ou ao secretário da
◼◼ Servem para reexame de decisões não unânimes Presidência do Tribunal, conforme o caso.
dos Tribunais de segunda instância, no julga- ◼◼ Se a carta testemunhável for conhecida e estiver
mento de apelações, recursos em sentido estrito e suficientemente instruída, o Tribunal poderá,

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desde logo, decidir a própria matéria que gerou a Art. 5º da CF


interposição do recurso não recebido ou trancado
XV - é livre a locomoção no território
pelo juiz (art. 644 do CPP).
nacional em tempo de paz, podendo qualquer
pessoa, nos termos da lei, nele entrar,
Agravo em execução permanecer ou dele sair com seus bens.

◼◼ Cabimento: visa a atacar decisões proferidas pelo LXVIII - conceder-se-á habeas corpus
juiz da execução (art. 197 da LEP). sempre que alguém sofrer ou se achar
◼◼ Efeitos: não possui efeito suspensivo, salvo na hi- ameaçado de sofrer violência ou coação em
pótese do art. 179 da LEP. sua liberdade de locomoção, por ilegalidade
◼◼ Forma e prazo: a Lei de Execução Penal (Lei ou abuso de poder.
7.210/84) é omissa, razão pela qual os Tribunais
Superiores determinam que se observe forma e
prazo do RESE. Nesse sentido a Súmula 700 do ◼◼ HC preventivo: quando a privação da liberdade
STF: “É de cinco dias o prazo para interposição de está prestes a ocorrer.
agravo contra decisão do juiz da execução penal”. ◼◼ HC repressivo ou liberatório: quando a privação da
liberdade já ocorreu.
◼◼ Princípios: a) celeridade: qualquer do povo pode
STJ – AgInt nos EDcl no HC 462089, impetrá-lo, mesmo sem advogado; b) gratuida-
j. 08/11/2018 de: não há necessidade de recolhimento de custas
“A concessão da ordem de habeas corpus no âmbito da processuais; c) informalidade: não há forma pre-
execução penal desafia recurso de agravo em execução, viamente definida em lei.
nos termos do art. 197 da LEP c/c art. 581, X, do CPP, ◼◼ Violência ou coação: para que o HC possa ser utili-
bem como porque diante da ausência de expressa pre- zado, há necessidade que alguém sofra ou se ache
visão legal, a jurisprudência e a doutrina majoritária ameaçado de sofrer violência (agressão física) ou
sedimentaram entendimento no sentido de que se apli- coação (grave ameaça) em sua liberdade de loco-
ca ao agravo em execução o rito do recurso em sentido moção. As hipóteses de coação ilegal estão previs-
estrito, previsto nos arts. 581 a 592 do CPP”. tas no art. 648 do CPP.
◼◼ Sujeitos processuais envolvidos:

→→ Impetrante: é aquele que ajuíza a ação. Pode ser


qualquer do povo, pessoa física ou jurídica, in-
MÓDULO 2 clusive o MP. Não há necessidade de advogado
(art. 654 do CPP). Também pode ser concedido
de ofício pelo magistrado ou pelo Tribunal.
→→ Paciente: é o beneficiado pelo HC, podendo
1. Ações autônomas de impugnação. coincidir com o impetrante. No entanto, não
pode ser pessoa jurídica, já que esta não está
sujeita à privação da liberdade.
Habeas corpus →→ Impetrado: é aquele em tese responsável pelo
ato considerado ilegal. Não precisa ser neces-
◼◼ A liberdade de locomoção é direito fundamental,
sariamente uma autoridade.
não podendo sofrer restrições, salvo as previstas
em lei. Para garantir tal direito, a Constituição ◼◼ Excepcionalmente, o HC pode ser usado para
Federal prevê o habeas corpus. trancar a ação penal ou o inquérito policial.

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STJ – HC 475524, j. 27/08/2019 ◼◼ Pressuposto: ameaça ou violação a direito líquido


e certo, não amparado por habeas corpus ou ha-
“Nos termos do entendimento consolidado desta
beas data. Direito líquido e certo é o que pode ser
Corte, o trancamento da ação penal por meio do ha-
comprovado de plano.
beas corpus é medida excepcional, que somente deve
ser adotada quando houver inequívoca comprovação ◼◼ Decadência: o prazo para o ajuizamento da ação de
da atipicidade da conduta, da incidência de causa de MS é de 120 dias contados da data em que o inte-
extinção da punibilidade ou da ausência de indícios ressado tomou ciência do ato impugnado (art. 23
de autoria ou de prova sobre a materialidade do de- da Lei 12.016/09). A perda desse prazo não impos-
lito (...)”. sibilita a tutela do direito, devendo o interessado
valer-se das vias ordinárias.
◼◼ Legitimidade:

Revisão criminal →→ Impetrante: é aquele que sofre a violação ou


ameaça de violação de direito líquido e cer-
◼◼ Não obstante a coisa julgada seja indispensável à to. Pode ser pessoa física ou jurídica. Ao con-
segurança jurídica (art. 5º, XXXVI, CF), em hipó- trário do HC, exige a representação por meio
teses excepcionais poderá ser afastada por meio de advogado.
da revisão criminal. →→ Impetrado: é a autoridade apontada como coa-
◼◼ É ação privativa da defesa (sempre pro reo, nunca tora. Ao contrário do HC, o impetrado é sempre
pro societate). uma autoridade pública.
◼◼ Não se confunde com a ação rescisória do proces-
◼◼ Não pode ser utilizado para conferir efeito sus-
so civil.
pensivo a recurso criminal interposto pelo MP.
◼◼ Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá
alterar a classificação da infração, absolver o réu,
modificar a pena ou anular o processo, não po- Súmula 604 do STJ
dendo, de maneira alguma, ser agravada a pena O mandado de segurança não se
imposta pela decisão revista (art. 626 do CPP). presta para atribuir efeito suspensivo
a recurso criminal interposto pelo
Ministério Público.
REVISÃO CRIMINAL AÇÃO RESCISÓRIA
(ARTS. 621 E SEGS. (ARTS. 966 E SEGS.
DO CPP) DO CPC)

Pode ser ajuizada


MÓDULO 3
Só pode ser ajuizada pela por qualquer das
defesa (é sempre pro reo) partes, pelo MP e por
terceiros prejudicados
1. Teoria geral dos recursos criminais.
Pode ser ajuizada
a qualquer tempo, Está sujeita a um prazo
mesmo depois da morte decadencial de 2 anos ◼◼ Art. 8º, item 2, alínea h, do Pacto de São José da
do condenado Costa Rica: “direito de recorrer da sentença para
juiz ou tribunal superior”.
◼◼ Art. 574 do CPP: “Os recursos serão voluntários,
Mandado de segurança em excetuando-se os seguintes casos, em que de-
matéria criminal verão ser interpostos, de ofício, pelo juiz: I - da
sentença que conceder habeas corpus; II - da que
◼◼ Fundamento: art. 5º, LXIX, CF e Lei 12.016/09. absolver desde logo o réu com fundamento na

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existência de circunstância que exclua o crime ou ◼◼ Art. 617 do CPP: “O tribunal, câmara ou turma
isente o réu de pena, nos termos do art. 411”. atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts.
◼◼ Art. 746 do CPP: “Da decisão que conceder a rea- 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo,
bilitação haverá recurso de ofício”. porém, ser agravada a pena, quando somente o
◼◼ Art. 7º da Lei 1.521/51: “Os juízes recorrerão de ofí- réu houver apelado da sentença”.
cio sempre que absolverem os acusados em proces- ◼◼ Súmula 160 do STF: “É nula a decisão do Tribunal
so por crime contra a economia popular ou contra que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no
a saúde pública, ou quando determinarem o arqui- recurso da acusação, ressalvados os casos de re-
vamento dos autos do respectivo inquérito policial”. curso de ofício”.
◼◼ Art. 575 do CPP: “Não serão prejudicados os re- ◼◼ Súmula 310 do STF: “Quando a intimação tiver lu-
cursos que, por erro, falta ou omissão dos fun- gar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de
cionários, não tiverem seguimento ou não forem intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá
apresentados dentro do prazo”. início na segunda-feira imediata, salvo se não
◼◼ Art. 576 do CPP: “O Ministério Público não poderá houver expediente, caso em que começará no pri-
desistir de recurso que haja interposto”. meiro dia útil que se seguir”.
◼◼ Art. 577 do CPP: “O recurso poderá ser interpos- ◼◼ Súmula 710 do STF: “No processo penal, contam-
to pelo Ministério Público, ou pelo querelan- -se os prazos da data da intimação, e não da jun-
te, ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor. tada aos autos do mandado ou da carta precatória
Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, re- ou de ordem”.
curso da parte que não tiver interesse na reforma ◼◼ Súmula 707 do STF: “Constitui nulidade a falta
ou modificação da decisão”. de intimação do denunciado para oferecer con-
◼◼ Art. 578 do CPP: “O recurso será interposto por trarrazões ao recurso interposto da rejeição da
petição ou por termo nos autos, assinado pelo denúncia, não a suprindo a nomeação de defen-
recorrente ou por seu representante. § 1º Não sa- sor dativo”.
bendo ou não podendo o réu assinar o nome, o
termo será assinado por alguém, a seu rogo, na
presença de duas testemunhas. § 2º A petição de 2. Recurso em sentido estrito.
interposição de recurso, com o despacho do juiz,
será, até o dia seguinte ao último do prazo, entre- ◼◼ Art. 581 do CPP: “Caberá recurso, no sentido es-
gue ao escrivão, que certificará no termo da jun- trito, da decisão, despacho ou sentença: I - que
tada a data da entrega. § 3º Interposto por termo o não receber a denúncia ou a queixa; II - que con-
recurso, o escrivão, sob pena de suspensão por dez cluir pela incompetência do juízo; III - que julgar
a trinta dias, fará conclusos os autos ao juiz, até o procedentes as exceções, salvo a de suspeição;
dia seguinte ao último do prazo”. IV - que pronunciar o réu; V - que conceder, ne-
◼◼ Art. 579 do CPP: “Salvo a hipótese de má-fé, a gar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança,
parte não será prejudicada pela interposição de indeferir requerimento de prisão preventiva ou
um recurso por outro. Parágrafo único. Se o juiz, revogá-la, conceder liberdade provisória ou re-
desde logo, reconhecer a impropriedade do recur- laxar a prisão em flagrante; VI - (Revogado pela
so interposto pela parte, mandará processá-lo de Lei nº 11.689, de 2008); VII - que julgar quebrada
acordo com o rito do recurso cabível”. a fiança ou perdido o seu valor; VIII - que decre-
◼◼ Art. 580 do CPP: “No caso de concurso de agentes tar a prescrição ou julgar, por outro modo, extin-
(Código Penal, art. 25), a decisão do recurso in- ta a punibilidade; IX - que indeferir o pedido de
terposto por um dos réus, se fundado em motivos reconhecimento da prescrição ou de outra causa
que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, extintiva da punibilidade; X - que conceder ou ne-
aproveitará aos outros”. gar a ordem de habeas corpus; XI - que conceder,

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negar ou revogar a suspensão condicional da ◼◼ Art. 586 do CPP: “O recurso voluntário poderá ser
pena; XII - que conceder, negar ou revogar livra- interposto no prazo de cinco dias. Parágrafo úni-
mento condicional; XIII - que anular o processo co. No caso do art. 581, XIV, o prazo será de vinte
da instrução criminal, no todo ou em parte; XIV - dias, contado da data da publicação definitiva da
que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; lista de jurados”.
XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta; ◼◼ Art. 587 do CPP: “Quando o recurso houver de su-
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em bir por instrumento, a parte indicará, no respec-
virtude de questão prejudicial; XVII - que decidir tivo termo, ou em requerimento avulso, as peças
sobre a unificação de penas; XVIII - que decidir o dos autos de que pretenda traslado. Parágrafo
incidente de falsidade; XIX - que decretar medida único. O traslado será extraído, conferido e con-
de segurança, depois de transitar a sentença em certado no prazo de cinco dias, e dele constarão
julgado; XX - que impuser medida de segurança sempre a decisão recorrida, a certidão de sua in-
por transgressão de outra; XXI - que mantiver ou timação, se por outra forma não for possível ve-
substituir a medida de segurança, nos casos do rificar-se a oportunidade do recurso, e o termo
art. 774; XXII - que revogar a medida de seguran- de interposição”.
ça; XXIII - que deixar de revogar a medida de se- ◼◼ Art. 588 do CPP: “Dentro de dois dias, contados
gurança, nos casos em que a lei admita a revoga- da interposição do recurso, ou do dia em que o
ção; XXIV - que converter a multa em detenção ou escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao
em prisão simples”. recorrente, este oferecerá as razões e, em segui-
◼◼ Art. 197 da LEP: “Das decisões proferidas pelo Juiz da, será aberta vista ao recorrido por igual prazo.
caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo”. Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será in-
◼◼ Art. 582 do CPP: “Os recursos serão sempre para o timado do prazo na pessoa do defensor”.
Tribunal de Apelação, salvo nos casos dos ns. V, X e ◼◼ Art. 589 do CPP: “Com a resposta do recorrido
XIV. Parágrafo único. O recurso, no caso do no XIV, ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que,
será para o presidente do Tribunal de Apelação”. dentro de dois dias, reformará ou sustenta-
◼◼ Art. 583 do CPP: “Subirão nos próprios autos os rá o seu despacho, mandando instruir o recurso
recursos: I - quando interpostos de ofício; II - nos com os traslados que lhe parecerem necessários.
casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X; III - quando Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho
o recurso não prejudicar o andamento do processo. recorrido, a parte contrária, por simples petição,
Parágrafo único. O recurso da pronúncia subirá em poderá recorrer da nova decisão, se couber re-
traslado, quando, havendo dois ou mais réus, qual- curso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la.
quer deles se conformar com a decisão ou todos Neste caso, independentemente de novos arra-
não tiverem sido ainda intimados da pronúncia”. zoados, subirá o recurso nos próprios autos ou
◼◼ Art. 584 do CPP: “Os recursos terão efeito sus- em traslado”.
pensivo nos casos de perda da fiança, de conces-
são de livramento condicional e dos ns. XV, XVII
e XXIV do art. 581. § 1º Ao recurso interposto de 3. Apelação. Embargos de declaração.
sentença de impronúncia ou no caso do no VIII
do art. 581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 ◼◼ Art. 593 do CPP: “Caberá apelação no prazo de 5
e 598. § 2º O recurso da pronúncia suspenderá (cinco) dias: I - das sentenças definitivas de con-
tão-somente o julgamento. § 3º O recurso do denação ou absolvição proferidas por juiz singu-
despacho que julgar quebrada a fiança suspen- lar; II - das decisões definitivas, ou com força de
derá unicamente o efeito de perda da metade do definitivas, proferidas por juiz singular nos ca-
seu valor”. sos não previstos no Capítulo anterior; III - das

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decisões do Tribunal do Júri, quando: a) ocorrer apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo.
nulidade posterior à pronúncia; b) for a senten- Parágrafo único. O prazo para interposição desse
ça do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à recurso será de quinze dias e correrá do dia em que
decisão dos jurados; c) houver erro ou injustiça no terminar o do Ministério Público”.
tocante à aplicação da pena ou da medida de segu- ◼◼ Art. 599 do CPP: “As apelações poderão ser inter-
rança; d) for a decisão dos jurados manifestamen- postas quer em relação a todo o julgado, quer em
te contrária à prova dos autos. § 1º Se a sentença relação a parte dele”.
do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou ◼◼ Art. 600 do CPP: “Assinado o termo de apelação, o
divergir das respostas dos jurados aos quesitos, apelante e, depois dele, o apelado terão o prazo de
o tribunal ad quem fará a devida retificação. § 2º oito dias cada um para oferecer razões, salvo nos
Interposta a apelação com fundamento no n. III, c, processos de contravenção, em que o prazo será de
deste artigo, o tribunal ad quem, se lhe der provi- três dias. § 1º Se houver assistente, este arrazoará,
mento, retificará a aplicação da pena ou da medida no prazo de três dias, após o Ministério Público.
de segurança. § 3º Se a apelação se fundar no n. III, § 2º Se a ação penal for movida pela parte ofen-
d, deste artigo, e o tribunal ad quem se conven- dida, o Ministério Público terá vista dos autos, no
cer de que a decisão dos jurados é manifestamen- prazo do parágrafo anterior. § 3º Quando forem
te contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provi- dois ou mais os apelantes ou apelados, os prazos
mento para sujeitar o réu a novo julgamento; não serão comuns. § 4º Se o apelante declarar, na pe-
se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda tição ou no termo, ao interpor a apelação, que de-
apelação. § 4º Quando cabível a apelação, não po- seja arrazoar na superior instância serão os autos
derá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda remetidos ao tribunal ad quem onde será aberta
que somente de parte da decisão se recorra”. vista às partes, observados os prazos legais, noti-
◼◼ Súmula 705 do STF: “A renúncia do réu ao direi- ficadas as partes pela publicação oficial”.
to de apelação, manifestada sem a assistência do ◼◼ Art. 382 do CPP: “Qualquer das partes poderá, no
defensor, não impede o conhecimento da apelação prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare a
por este interposta”. sentença, sempre que nela houver obscuridade,
◼◼ Súmula 713 do STF: “O efeito devolutivo da ape- ambiguidade, contradição ou omissão”.
lação contra decisões do Júri é adstrito aos funda- ◼◼ Art. 619 do CPP: “Aos acórdãos proferidos pelos
mentos da sua interposição”. Tribunais de Apelação, câmaras ou turmas, pode-
◼◼ Art. 596 do CPP: “A apelação da sentença absolu- rão ser opostos embargos de declaração, no prazo
tória não impedirá que o réu seja posto imediata- de dois dias contados da sua publicação, quando
mente em liberdade. Parágrafo único. A apelação houver na sentença ambiguidade, obscuridade,
não suspenderá a execução da medida de segu- contradição ou omissão”.
rança aplicada provisoriamente”. ◼◼ Art. 82 da Lei 9.099/95: “Da decisão de rejeição da
◼◼ Art. 597 do CPP: “A apelação de sentença conde- denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação,
natória terá efeito suspensivo, salvo o disposto que poderá ser julgada por turma composta de
no art. 393, a aplicação provisória de interdições três Juízes em exercício no primeiro grau de juris-
de direitos e de medidas de segurança (arts. 374 e dição, reunidos na sede do Juizado. § 1º A apelação
378), e o caso de suspensão condicional de pena”. será interposta no prazo de dez dias, contados da
◼◼ Art. 598 do CPP: “Nos crimes de competência do ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo
Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sen- réu e seu defensor, por petição escrita, da qual
tença não for interposta apelação pelo Ministério constarão as razões e o pedido do recorrente. § 2º
Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das O recorrido será intimado para oferecer resposta
pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se escrita no prazo de dez dias. § 3º As partes po-
tenha habilitado como assistente, poderá interpor derão requerer a transcrição da gravação da fita

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magnética a que alude o § 3º do art. 65 desta Lei. § ◼◼ Art. 641 do CPP: “O escrivão, ou o secretário do
4º As partes serão intimadas da data da sessão de tribunal, dará recibo da petição à parte e, no prazo
julgamento pela imprensa. § 5º Se a sentença for máximo de cinco dias, no caso de recurso no sen-
confirmada pelos próprios fundamentos, a súmu- tido estrito, ou de sessenta dias, no caso de recur-
la do julgamento servirá de acórdão”. so extraordinário, fará entrega da carta, devida-
◼◼ Art. 83 da Lei 9.099/95: “Cabem embargos de de- mente conferida e concertada”.
claração quando, em sentença ou acórdão, hou- ◼◼ Art. 642 do CPP: “O escrivão, ou o secretário do
ver obscuridade, contradição ou omissão. § 1º Os tribunal, que se negar a dar o recibo, ou deixar de
embargos de declaração serão opostos por escrito entregar, sob qualquer pretexto, o instrumento,
ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da será suspenso por trinta dias. O juiz, ou o presi-
ciência da decisão. § 2º Os embargos de declara- dente do Tribunal de Apelação, em face de re-
ção interrompem o prazo para a interposição de presentação do testemunhante, imporá a pena e
recurso. § 3º Os erros materiais podem ser corri- mandará que seja extraído o instrumento, sob a
gidos de ofício”. mesma sanção, pelo substituto do escrivão ou do
secretário do tribunal. Se o testemunhante não for
atendido, poderá reclamar ao presidente do tribu-
4. Embargos infringentes e de nal ad quem, que avocará os autos, para o efeito do
julgamento do recurso e imposição da pena”.
nulidade. Carta testemunhável.
◼◼ Art. 643 do CPP: “Extraído e autuado o instru-
Agravo em execução. mento, observar-se-á o disposto nos arts. 588 a
592, no caso de recurso em sentido estrito, ou o
◼◼ Art. 609, parágrafo único, CPP: “Quando não for processo estabelecido para o recurso extraordiná-
unânime a decisão de segunda instância, desfa- rio, se deste se tratar”.
vorável ao réu, admitem-se embargos infringen- ◼◼ Art. 644 do CPP: “O tribunal, câmara ou turma a
tes e de nulidade, que poderão ser opostos dentro que competir o julgamento da carta, se desta to-
de 10 (dez) dias, a contar da publicação de acór- mar conhecimento, mandará processar o recurso,
dão, na forma do art. 613. Se o desacordo for par- ou, se estiver suficientemente instruída, decidirá
cial, os embargos serão restritos à matéria objeto logo, de meritis”.
de divergência”. ◼◼ Art. 645 do CPP: “O processo da carta testemu-
◼◼ Súmula 281 do STF: “É inadmissível o recurso ex- nhável na instância superior seguirá o processo
traordinário, quando couber na Justiça de origem, do recurso denegado”.
recurso ordinário da decisão impugnada”. ◼◼ Art. 646 do CPP: “A carta testemunhável não terá
◼◼ Súmula 207 do STJ: “É inadmissível Recurso efeito suspensivo”.
Especial quando cabíveis embargos infringentes ◼◼ Art. 197 da LEP: “Das decisões proferidas pelo Juiz
contra o acordão proferido no Tribunal de origem”. caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo”.
◼◼ Art. 639 do CPP: “Dar-se-á carta testemunhável: ◼◼ Súmula 700 do STF: “É de cinco dias o prazo para
I - da decisão que denegar o recurso; II - da que, interposição de agravo contra decisão do juiz da
admitindo embora o recurso, obstar a sua expedi- execução penal”.
ção e seguimento para o juízo ad quem”.
◼◼ Art. 640 do CPP: “A carta testemunhável será re-
querida ao escrivão, ou ao secretário do tribunal, 5. Ações autônomas de impugnação.
conforme o caso, nas quarenta e oito horas se-
guintes ao despacho que denegar o recurso, indi-
Habeas corpus
cando o requerente as peças do processo que de-
verão ser trasladadas”. ◼◼ Art. 5º, XV, CF: “é livre a locomoção no território

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nacional em tempo de paz, podendo qualquer pes- ◼◼ Súmula 692 do STF: “Não se conhece de habeas
soa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou corpus contra omissão de relator de extradição, se
dele sair com seus bens”. fundado em fato ou direito estrangeiro cuja pro-
◼◼ Art. 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus va não constava dos autos, nem foi ele provocado
sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado a respeito”.
de sofrer violência ou coação em sua liberdade de ◼◼ Súmula 693 do STF: “Não cabe habeas corpus
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. contra decisão condenatória a pena de multa, ou
◼◼ Art. 647 do CPP: “Dar-se-á habeas corpus sem- relativo a processo em curso por infração penal a
pre que alguém sofrer ou se achar na iminência de que a pena pecuniária seja a única cominada”.
sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade ◼◼ Súmula 694 do STF: “Não cabe habeas corpus
de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar”. contra a imposição da pena de exclusão de militar
◼◼ Art. 648 do CPP: “A coação considerar-se-á ile- ou de perda de patente ou de função pública”.
gal: I - quando não houver justa causa; II - quan- ◼◼ Súmula 695 do STF: “Não cabe habeas corpus
do alguém estiver preso por mais tempo do que quando já extinta a pena privativa de liberdade”.
determina a lei; III - quando quem ordenar a
coação não tiver competência para fazê-lo; IV - Revisão criminal
quando houver cessado o motivo que autorizou
a coação; V - quando não for alguém admitido a ◼◼ Art. 5º, XXXVI, CF: “a lei não prejudicará o direito
prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
VI - quando o processo for manifestamente nulo; ◼◼ Art. 621 do CPP: “A revisão dos processos findos
VII - quando extinta a punibilidade”. será admitida: I - quando a sentença condena-
◼◼ Art. 654 do CPP: “O habeas corpus poderá ser im- tória for contrária ao texto expresso da lei penal
petrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de ou à evidência dos autos; II - quando a sentença
outrem, bem como pelo Ministério Público. § 1º condenatória se fundar em depoimentos, exames
A petição de habeas corpus conterá: a) o nome da ou documentos comprovadamente falsos; III -
pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer vio- quando, após a sentença, se descobrirem novas
lência ou coação e o de quem exercer a violência, provas de inocência do condenado ou de circuns-
coação ou ameaça; b) a declaração da espécie de tância que determine ou autorize diminuição es-
constrangimento ou, em caso de simples ameaça pecial da pena”.
de coação, as razões em que funda o seu temor; c) ◼◼ Art. 622 do CPP: “A revisão poderá ser requerida
a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu em qualquer tempo, antes da extinção da pena
rogo, quando não souber ou não puder escrever, ou após. Parágrafo único. Não será admissível a
e a designação das respectivas residências. § 2º Os reiteração do pedido, salvo se fundado em no-
juízes e os tribunais têm competência para expe- vas provas”.
dir de ofício ordem de habeas corpus, quando no ◼◼ Art. 623 do CPP: “A revisão poderá ser pedida pelo
curso de processo verificarem que alguém sofre próprio réu ou por procurador legalmente habi-
ou está na iminência de sofrer coação ilegal”. litado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge,
◼◼ Súmula 690 do STF: “Compete originariamen- ascendente, descendente ou irmão”.
te ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de ◼◼ Art. 626 do CPP: “Julgando procedente a revisão,
habeas corpus contra decisão de turma recursal de o tribunal poderá alterar a classificação da infra-
juizados especiais criminais”. ção, absolver o réu, modificar a pena ou anular o
◼◼ Súmula 691 do STF: “Não compete ao Supremo processo. Parágrafo único. De qualquer maneira,
Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impe- não poderá ser agravada a pena imposta pela de-
trado contra decisão do Relator que, em habeas cor- cisão revista”.
pus requerido a tribunal superior, indefere a liminar”. ◼◼ Art. 627 do CPP: “A absolvição implicará o

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restabelecimento de todos os direitos perdidos em representantes ou órgãos de partidos políticos e


virtude da condenação, devendo o tribunal, se for os administradores de entidades autárquicas, bem
caso, impor a medida de segurança cabível”. como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pes-
◼◼ Art. 630 do CPP: “O tribunal, se o interessado o soas naturais no exercício de atribuições do poder
requerer, poderá reconhecer o direito a uma jus- público, somente no que disser respeito a essas
ta indenização pelos prejuízos sofridos. § 1º Por atribuições. § 2º Não cabe mandado de seguran-
essa indenização, que será liquidada no juízo cí- ça contra os atos de gestão comercial praticados
vel, responderá a União, se a condenação tiver pelos administradores de empresas públicas, de
sido proferida pela justiça do Distrito Federal sociedade de economia mista e de concessionárias
ou de Território, ou o Estado, se o tiver sido pela de serviço público. § 3º Quando o direito ameaça-
respectiva justiça. § 2º A indenização não será do ou violado couber a várias pessoas, qualquer
devida: a) se o erro ou a injustiça da condenação delas poderá requerer o mandado de segurança”.
proceder de ato ou falta imputável ao próprio im- ◼◼ Art. 14 da Lei 12.016/09: “Da sentença, denegan-
petrante, como a confissão ou a ocultação de pro- do ou concedendo o mandado, cabe apelação. § 1º
va em seu poder; b) se a acusação houver sido me- Concedida a segurança, a sentença estará sujeita
ramente privada”. obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. § 2º
Estende-se à autoridade coatora o direito de re-
correr. § 3º A sentença que conceder o mandado
Mandado de segurança em de segurança pode ser executada provisoriamen-
matéria criminal te, salvo nos casos em que for vedada a concessão
da medida liminar. § 4º O pagamento de venci-
◼◼ Art. 5º, LXIX, CF: “conceder-se-á mandado de mentos e vantagens pecuniárias assegurados em
segurança para proteger direito líquido e cer- sentença concessiva de mandado de segurança a
to, não amparado por habeas corpus ou habeas servidor público da administração direta ou autár-
data, quando o responsável pela ilegalidade ou quica federal, estadual e municipal somente será
abuso de poder for autoridade pública ou agente efetuado relativamente às prestações que se ven-
de pessoa jurídica no exercício de atribuições do cerem a contar da data do ajuizamento da inicial”.
Poder Público”. ◼◼ Art. 23 da Lei 12.016/09: “O direito de requerer
◼◼ Art. 1º da Lei 12.016/09: “Conceder-se-á mandado mandado de segurança extinguir-se-á decorridos
de segurança para proteger direito líquido e certo, 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo
não amparado por habeas corpus ou habeas data, interessado, do ato impugnado”.
sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, ◼◼ Súmula 376 do STJ: “Compete à Turma Recursal
qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação processar e julgar o mandado de segurança contra
ou houver justo receio de sofrê-la por parte de au- ato de Juizado Especial”.
toridade, seja de que categoria for e sejam quais ◼◼ Súmula 604 do STJ: “O mandado de segurança não
forem as funções que exerça. § 1º Equiparam- se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso
se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os criminal interposto pelo Ministério Público”.

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CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

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Alexandre Salim
Alexandre Salim é Promotor de Justiça no Rio Grande do Sul. Doutor em
Direito pela Universidade de Roma Tre. Mestre em Direito pela UNOESC
(Universidade do Oeste de Santa Catarina). Especialista em Teoria Geral
do Processo pela UCS (Universidade de Caxias do Sul). Professor de Direito
Penal na FESMPMG (Escola Superior do Ministério Público de Minas Gerais),
na FEMPERJ (Escola Superior do Ministério Público do Rio de Janeiro), na
ESMAFE (Escola da Magistratura Federal do Rio Grande do Sul) e na EBRADI
(Escola Brasileira de Direito), bem como nos cursos Saraiva Aprova, Verbo
Jurídico, Supremo, Alcance, IOB e CP Iuris. Coautor das Sinopses de Direito
Penal em três volumes da Editora Jus Podivm.

Licínia Rossi Correia Dias


Licínia Rossi. Advogada. Mestre em Direito Constitucional (PUC/SP).
Especialista em Direito Constitucional pela Escola Superior de Direito
Constitucional (ESDC). Especialista em Direito Público pela Faculdade
Damásio de Jesus. Professora de Direito Administrativo e Constitucional na
Rede de Ensino LFG. Ex-Professora de Direito Administrativo do curso Saraiva
Aprova. Ex-Professora de Direito da UNICAMP (nas turmas de Engenharia
e Biologia). Ex-Professora de Direito da PUC-Campinas. Ex Professora de
Direito Constitucional da Faculdade Padre Anchieta. Colunista de Direito
Administrativo na Rádio Justiça do STF (Programa Revista Justiça). Autora de
mais de vinte obras jurídicas (como autora e co-autora) pelas editoras Saraiva
e Foco. Idealizadora e coordenadora do portal www.liciniarossi.com.br.
"Na carreira docente há mais de doze anos identifiquei características em
meu alunos: um perfil sem igual de todos aqueles que lutam e batalham pela
realização de um sonho. Convivi e tenho contato (ainda que virtualmente
através de minhas redes sociais - @liciniarossi) com milhares de estudantes
que dia após dia vencem o cansaço e colocam em prática a mais importante
e nobre das tarefas: o estudo diário! Com base nesse contexto peculiar que
diariamente convivo, não podia deixar de auxiliá-los nessa batalha pela
aprovação em concursos públicos, prova da OAB e atualização jurídica.
Pensando nisso idealizei o "Programa de Mentoria": uma forma inovadora,
eficiente, prática e sem perder a profundidade necessária do ensino jurídico
para que meus alunos alcancem seus objetivos e aprendam com estratégia os
mais importantes e atuais temas do Direito!" - disse Licínia Rossi. O Programa
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