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PÁSCOA: A SENDA VITAL

Por: Jonas M. S. da Silva. OFMcap

Figura 01: Ascensão de Cristo no Crucifixo de São Damião

Paraíso ou bem-aventurança é a vivência de uma existência em plenitude, máxima


realização da pessoa humana, feliz ao ter encontrado sentido existencial no ethos do
amor ágape, e imersa neste pela fé viva, através da contemplação do modelo Jesus
Cristo, praticando a autodoação, para que todos encontrem a mesma plenitude de vida,
construindo uma comunhão existencial que transforma o mundo.
Assim, o modelo divino, Jesus Cristo, revela, no amor do Pai, o sentido da
existência como autodoação, para gerar vida genuína e abundante no mundo; a
santidade cristã consiste na conversão, pela graça divina, fazendo passar a pessoa, do
egocentrismo à doação da própria vida, para a vivificação do mundo. Essa entrega
cotidiana a serviço da edificação do reino de Deus ao longo da história, ao formar uma
comunidade de profusão na vivência dessa lógica, tem no testemunho da alegria, a
potência que se atualiza ao restaurar o mundo.
A Sagrada Escritura cristã proclama Jesus Filho de Deus, que assumiu a natureza
humana, ensinou uma ética baseada no amor a Deus e ao próximo a ponto da
autodoação vital, como afirma o Evangelho: "Deus amou tanto o mundo, que entregou o
seu Filho único, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna"
(João 3,16). De fato, Cristo ensinou e vivenciou a máxima realização humana, que
consiste na profusão do amor ao ponto de entregar a sua vida para que todos vivam.
Para Jesus, "há mais felicidade em dar que em receber" (Atos 20, 35). Tal é o sentido
existencial pelo qual todo ser humano anela.
Nessa lógica, compreende-se a presença do paraíso ou bem-aventurança como
estado de vida imersa na comum-união com Deus, com todos os seres humanos e com o
cosmos, na dimensão cristocêntrica da santidade vivida. Estado que se experimenta na
graça divina através de Jesus como modelo, na conversão que impulsiona, pela fé, ao
amor oblativo, abandonando o egocentrismo. Nesta direção escreveu Thomas Merton
(1965, pp.42;131): "o santo vê, em tudo e em todos os seres humanos, o objeto da
compaixão divina" e "Sem amor e compaixão para com os outros, nosso suposto 'amor'
ao Cristo é pura ficção".
Figura 02: Thomas Merton

À medida que esse ethos se difunde na humanidade pelo anúncio de Cristo,


através do testemunho dos que vivem essa realidade, irradiando alegria por terem
encontrado o sentido, ao passo que vai congregando mais pessoas, cresce em potência
atuante de renovar o mundo no amor que é comunhão em Deus, na entrega cotidiana da
própria existência a exemplo de Cristo, dispensador da plenitude de vida.
Por tudo isso, manifesta-se o paraíso ou santidade como um constante estado de
conversão pela doação de si para que todos vivam plenamente, desde que Jesus revelou
que o sentido da existência é esta vivência à imagem e semelhança de Deus, na efusão
do amor que renova o mundo, inter-relacionando toda a humanidade numa profusão de
vida que regenera as esferas ética, política e cósmica, a partir de Cristo como senda de
páscoa, plenitude e ressurreição

REFERÊNCIAS:
BÍBLIA de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
MERTON, Thomas. Vida e santidade. São Paulo: Heder, 1965.

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