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Antes de ir para a Science, há 3 anos, trabalhei para a Trends in Ecology & Evolution
(ou TREE, como ficou conhecida), uma publicação inteiramente devotada a notícias,
comentários e análises. Um texto de revisão geralmente tem uma palavra de ordem mais
difusa do que um trabalho inédito de pesquisa: documentar e interpretar o
desenvolvimento e a tecnologia de ponta de uma determinada área. O público para uma
revisão é maior do que aquele para os artigos científicos e irá tipicamente abranger vasta
familiaridade com a área - do iniciante ou interessado observador de fora ao especialista. O
estilo de uma revisão é menos formulado e os editores têm debates acalorados entre si e
também com os autores, sobre o que constitui material analítico legítimo. Deve uma
revisão se concentrar estritamente em noticiar os avanços feitos nos últimos anos ou
pode se estender para incluir novas sínteses, novas hipóteses ou novas conclusões? O
único consenso parece ser que uma revisão é definida por aquilo que não contém:
notadamente, pesquisa inédita e novos resultados.
Apesar destas diferenças, o editor tem que trazer os mesmos conhecimentos básicos a
ambos os tipos de manuscritos: um olho vivo nos detalhes, um faro do que é ou não
interessante e um senso para ajudar os autores a transmitirem sua mensagem da forma mais
eficiente para o leitor. O editor também tem que estar preparado para levar chumbo dos
autores rejeitados, embora isso se aplique mais aos artigos de pesquisa do que às análises, em
parte porque acontece seguidamente e em parte porque freqüentemente há pesada expectativa
de que o artigo científico seja bem sucedido. Já que as carreiras científicas são parcialmente
construídas com a publicação da pesquisa inédita, não é de se estranhar que os autores
rejeitados fiquem aborrecidos. Assim, um outro conjunto de talentos editoriais muito
necessário é gostar das responsabilidades inerentes à profissão, desenvolver confiança na
própria capacidade de avaliação e comunicar as decisões com eficiência e tato.
Uma vez que um trabalho, de qualquer tipo, tenha sido aprovado para publicação,
vários desafios ainda restam ao editor. Um dos mais universais é diminuir o trabalho para o
tamanho desejado. A maioria das publicações estipula um número limite de palavras e
número máximo e tamanho de figuras, quadros ilustrativos, etc. Tive a sorte (ou azar,
dependendo do ponto de vista de cada um) de trabalhar para duas publicações onde os limites
de tamanho são especialmente apertados: as análises na TREE devem ter 2.500 palavras, com
35 referências; os artigos na Science também são de 2.500 palavras - mas isso também inclui
referências e legendas. Minha experiência é que a maioria dos autores rotineiramente ignora
esta exigência e, ou acham que aqueles 25% extras não serão notados, ou protestam com o
editor que seu trabalho merece tratamento especial. Geralmente, nenhuma destas hipóteses é
verdadeira e o editor pode achar jeitos de aparar sem perder informações essenciais. Embora o
editor deva sempre se esforçar para preservar o estilo do autor, pode se conseguir muito ao
editar palavras desnecessários ou usar palavras mais curtas. Assim, ‘recursos necessários para
o metabolismo e crescimento contínuo’ - uma das minhas preferidas - se transforma
simplesmente em ‘alimento’, sem perda de informação.
Existem outras formas de enxugar uma redação. Nos últimos anos, a possibilidade de
colocar informações adicionais em um recurso auxiliar online ao invés de em um papel
impresso tornou este processo mais fácil e fez com que uma publicação como a Science
ficasse mais acessível a trabalhos que geralmente estavam fora de cogitação pela simples
questão da quantidade de dados necessários para sustentar as reivindicações do autor. Existe
uma desvantagem nisso, é claro: o editor ainda tem que verificar se a informação impressa e a
online está devidamente equilibrada e que - livre de qualquer restrição de tamanho máximo -
o material online em si não fique algo tedioso ou desinteressante. Mas isso é sem duvida a
direção que as publicações científicas estão tomando.
Quais são as recompensas para o editor? Primeiro existe a recompensa muito tangível
de produzir algo novo a cada semana. Segundo, não se tem a ansiedade de escrever pedidos
de financiamento para a pesquisa. Mas para mim a melhor parte tanto na Science quanto na
TREE, tem sido o acesso privilegiado a um vasto campo de pesquisa fascinante e a
oportunidade de interagir com um número enorme de cientistas de disciplinas abrangentes.