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DINHEIRO - BENÇÃO OU MALDIÇÃO

Introdução
Paulo afirma que o amor ao dinheiro é raiz de todos os males (1
Tm 1:10). Por que será que nenhuma sociedade escapa dos grandes
males criados pelo sucesso? A resposta estaria no fato que o
narcisismo acaba minando todos os valores. O servo desta
preocupação com nosso bem-estar é o dinheiro que tem a força para
nos captar em sua rede, ainda que de outro modo que um animal que
é capaz de tirar sua própria perna para se libertar de uma armadilha.
Não ignoramos que o dinheiro é um valor que pode abençoar
quem recebe ou dá. Paulo escreveu em sua Segunda Carta aos
Coríntios sobre a importância do dinheiro para socorrer os
necessitados (capítulos 8 e 9).
Queremos entender melhor o que a Bíblia tem para nos dizer a
respeito desta tão útil e perigosa ferramenta para fazer o bem como o
mal.

A Bênção do Dinheiro
Quando Deus criou o homem, o abençoou e deu a ele o
privilégio de dominar, mas sempre como mordomo do Senhor (Gn
1:28). Apos a queda, o desejo pelo domínio cresceu e rapidamente a
humanidade se esqueceu da responsabilidade de usar as coisas
materiais para a glória de Deus e para o bem de todos.
Quando Jesus ensinou que é mais abençoado dar do que
receber (Atos 20:35), fica sem dizer que é necessário receber
primeiro para poder dar. A fonte de tudo que recebemos é Deus. Sua
generosidade se manifesta todo dia em que Ele providencia as
condições para produzir produtos de toda espécie para manter a vida,
além de tudo que seja útil para manter a proteção e conforto. Toda
atividade econômica depende do Criador que supre as condições
necessárias para realiza-la.

Deus nos criou para gozar de vida corpórea e espiritual. Posses


devem sustentar a vida do corpo – casa, alimento, transporte e
fornecer mil outros produtos. Os livros que comunicam a verdade
eterna às nossas mentes são apenas um exemplo. Paulo refere-se à
bondade de Deus ao declarar para o povo de Listra, “não se deixou
ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu
chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e
de alegria” (At 14:17). A benção de Deus sobre o mundo material, em
benefício do homem, é um sinal do amor de Deus por todos. Dinheiro
fornece um meio eficiente para distribuir os benefícios doados por
Deus e repassar a fartura para os necessitados.

Jesus confrontou o jovem rico com a surpreendente declaração


que somente vendendo tudo que tinha e dando o resultado aos
pobres, teria o privilégio de ser Seu discípulo e ganhar a vida eterna
(Mc 10:21). A benção seria rejeitar o amor ao dinheiro e em seu lugar
alcançar um amor real pelo próximo. O sacrifício material no tempo
presente garantiria a benção maior no futuro – “terás tesouro no céu”.
O galardão que aguarda todos que ajuntam tesouros no céu é glorioso
e seguro (aí não há ladrões, nem qualquer tipo de destruição de
perda, Mt 6:20). “Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu
coração” (v. 21)
Fica eminentemente claro que a única maneira de mandar
riqueza para o céu é usando dinheiro para beneficiar os necessitados;
pode ser materialmente ou espiritualmente. Dar generosamente aos
necessitados é o melhor de todos os investimentos. Seu retorno será
grande e sua felicidade eterna.

A Maldição do Dinheiro
O apego aos valores materiais assedia a maioria dos homens.
Possuir dinheiro e tudo que ele pode comprar dá satisfação e
segurança. O desejo de adquirir mais do que necessitamos, alimenta o
egoísmo natural que faz parte do mundo que a Palavra de Deus nos
proíbe amar (1 João 2:15). O avarento não tem herança no reino de
Deus (1 Co 6:10). “O amor ao dinheiro é raiz de todos os males” (1 Tm
6:10). Basta notar a freqüência de notícias de corrupção nos altos
escalões do governo, para perceber que dinheiro é uma forte fonte de
tentação.
A maldição das posses é muito sutil. Poucas pessoas
reconhecem o seu perigo. A maioria pensa que ganhar mais dinheiro
demonstra a benção de Deus sobre a vida. Nalguns casos é verdade.
Mas, na realidade, a falta de dinheiro pode ser o caminho da benção,
porque humilha, rebaixando os homens ao nível de mendigos.
Tornam-se dependentes da graça de Deus, e alvos do amor dos
irmãos na fé. A maldição invade nossas igrejas se não há
generosidade. A prática da igreja de Jerusalém não nos incentiva a

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cuidar dos órfãos e viúvas, mesmo diante da declaração que “religião
pura e sem mácula” é cuidar dos órfãos e viúvas (Tg 1:27).
Um dos casos bíblicos mais impressionantes relata a
conseqüência maldita da mentira de Ananias e Safira (Atos 5:1-11).
Este casal crente, da igreja de Jerusalém, vendeu uma propriedade. A
avareza os levou a concordar em reter uma parte do preço e oferecer
a Deus o resto. Mentiram, afirmando que a quantia depositada “aos
pés dos apóstolos” era o preço todo. O resultado foi a morte sumária
dos dois. Por que? Não foi porque não ofereceram tudo para o
Senhor, mas porque mentiram, desejando apresentar-se mais
desprendidos do que na realidade foram.
Outra surpresa na Palavra é descobrir que é possível distribuir
todos os bens entre os pobres sem amor (1 Co 13:3). Se assim for,
não há proveito nenhum para o doador. Com isto Deus quer nos
ensinar que podemos dar com motivos errados. Sacrifício material,
sem amor, não agrada a Deus e não
acarreta benefício algum para o doador. Seguramente muitos
filantropos oferecem somas grandes para acolher aos necessitados,
mas eles não recebem nenhum proveito diante do Juízo do universo.
Joan Kroc, herdeira da fortuna da cadeia mundial de lanchonetes
McDonald’s, doou ao Exército de Salvação de San Diego, na
Califórnia, 80 milhões de dólares. No juízo final será revelado se a Sra.
Kroc terá algum benefício em troca desta razoável oferta.

Conclusão
O privilégio de ser mordomos de Deus, pelo uso das riquezas
deste mundo, deve nos segurar diante da tentação da avareza. A
maldição do dinheiro somente se transforma em benção quando o
Espírito Santo produz o seu bendito fruto em nossas vidas. Esse fruto
é amor e benignidade (generosidade) (Gl 5:22). Vence-se a maldição
por meio do Espírito de Cristo que cria uma vida em benefícios dos
outros em lugar do narcisismo feroz.

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