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DIREITO AMBIENTAL
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2018
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DIREITO AMBIENTAL
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 04
Direito Ambiental 3
Apresentação da disciplina
4 Direito Ambiental
TEMA 01
RECURSOS NATURAIS: POLÍTICA
NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
E RESPONSABILIDADES
ADMINISTRATIVA, CIVIL E CRIMINAL
Objetivos
5 Direito Ambiental
Introdução
6 Direito Ambiental
1. Política Nacional do Meio Ambiente
Direito Ambiental 7
b) racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
c) planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
d) proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
e) controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente
poluidoras;
f) incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso
racional e a proteção dos recursos ambientais;
g) acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
h) recuperação de áreas degradadas;
i) proteção de áreas ameaçadas de degradação;
j) educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação
da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na de-
fesa do meio ambiente.
8 Direito Ambiental
c) ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de
normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;
d) ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orienta-
das para o uso racional de recursos ambientais;
e) à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação
de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência
pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e
do equilíbrio ecológico;
f) à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua
utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a
manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;
g) à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/
ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela uti-
lização de recursos ambientais com fins econômicos.
Direito Ambiental 9
1.3.2. Zoneamento ambiental
10 Direito Ambiental
1.3.4. Licenciamento ambiental e a sua revisão
Direito Ambiental 11
1.3.6. Criação de espaços territoriais especialmente protegidos
Nos termos do art. 17, I, da Lei n. 6.938/81, refere-se ao “[...] registro obri-
gatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam à consultoria técni-
ca sobre problemas ecológicos e ambientais e à indústria e comércio de
equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados ao controle de ativi-
dades efetiva ou potencialmente poluidoras”. É administrado pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
Nas palavras de Milaré (2007, p. 448): “o cadastro é um censo ambiental,
destinado a conhecer os profissionais e suas técnicas e tecnologias am-
bientais, subsidiando o SINIMA. Sua renovação ocorre a cada dois anos,
sob pena de multa”.
12 Direito Ambiental
1.3.9. Penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento
das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação
ambiental
Direito Ambiental 13
transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao
meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora”.
14 Direito Ambiental
1.4. Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA)
Direito Ambiental 15
PARA SABER MAIS
No dia 07/03/2012, através do julgamento da ADI n. 4.029,
o STF declarou parcialmente procedente a inconstituciona-
lidade da Lei n. 11.516/07, que criou o ICMBio. Contudo, no
dia seguinte, (08), após uma questão de ordem, o Plenário
modificou a decisão, julgando improcedente a ação direta e
declarando incidentalmente a inconstitucionalidade dos ar-
tigos 5º, caput, e 6º, parágrafos 1º e 2º, da Resolução 1/2002
do Congresso Nacional. Disponível em: <http://www.stf.jus.
br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=202191>.
Acesso em: 30 ago. 2018.
16 Direito Ambiental
A responsabilidade civil por danos ambientais fundamenta-se nos princí-
pios da prevenção, do poluidor pagador, da solidariedade intergeracional
e da reparação integral, classificando-se como objetiva e solidária, funda-
mentada na teoria do risco integral.
Nesse sentido, dispõe o art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/81: “Sem obstar a
aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os
danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua ativi-
dade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para
propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao
meio ambiente” (grifos nossos).
Direito Ambiental 17
2.1. Dano ambiental e sua reparação
Nos termos da Lei n. 6.938/81 e da Lei n. 7.347/85 (art. 3º), há duas formas
para a reparação dos danos ambientais: a restauração e a indenização. A
doutrina insere entre elas, outra modalidade, a compensação ambiental
(MELO, 2017).
18 Direito Ambiental
solução é a quantificação dos danos ambientais, pois a degradação do
meio ambiente tem vítimas pulverizadas e às vezes anônimas, atingindo
não apenas a integridade patrimonial ou física de indivíduos, presentes e
futuros, mas também interesses da sociedade em geral (Milaré, 2007).
Direito Ambiental 19
de Parcelamento do Solo Urbano (Lei n. 6.766/79), no Código Florestal (Lei
n. 12.651/12), no próprio Código Penal, dentre outros dispositivos.
Nos termos do art. 26, da Lei n. 9.605/98, todos os crimes por ela tipifi-
cados são de ação penal incondicionada, admitindo a ação penal privada
subsidiária da pública, quando o Ministério Público não oferecer a denún-
cia no prazo legal.
20 Direito Ambiental
Como regra geral, a competência será da Justiça Estadual se não atingir
nenhum interesse da União ou de suas autarquias e empresas públicas,
que neste caso, atrai a competência da Justiça Federal.
As contravenções penais ambientais serão sempre julgadas pela Justiça
Estadual porque a Justiça Federal não julga contravenções (art. 109, IV,
da CF/88).
Direito Ambiental 21
Além das penas supramencionadas, aplica-se à pessoa jurídica a pena de
liquidação forçada (art. 24, da Lei n. 9.605/98) e desconsideração da per-
sonalidade jurídica (art. 4º, da Lei n. 9.605/98).
A liquidação forçada terá lugar sempre que a pessoa jurídica for constitu-
ída ou utilizada, preponderantemente, com a finalidade de permitir, facili-
tar ou ocultar a prática de crime definido na Lei de Crimes Ambientais. O
patrimônio da pessoa jurídica será considerado instrumento do crime, e,
portanto, será revertido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.
22 Direito Ambiental
contrapostas. A primeira corrente entende que não é cabível a aplicação
do princípio da bagatela nos delitos ambientais, posto que ainda que uma
conduta típica possa parecer inofensiva ao meio ambiente, é certo que
possui efeitos sinérgicos, incidindo sobre o meio ambiente como um todo.
Já a segunda teoria aduz que é “possível o reconhecimento do delito baga-
telar, desde que a conduta se mostre inapta para causar efetiva lesão ao
meio ambiente” (MELO, 2017, p. 458).
Direito Ambiental 23
4. Responsabilidade Administrativa Ambiental
Nos termos do art. 70, da Lei de Crimes Ambientais (Lei n. 9.605/98), in-
fração administrativa ambiental consiste em “toda ação ou omissão que
viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação
do meio ambiente”.
24 Direito Ambiental
Segundo o magistério de Milaré (2007, p. 921): “Refletindo mais detida-
mente sobre a matéria, concluímos que a essência da infração ambiental
não é o dano em si, mas sim o comportamento em desobediência a uma
norma jurídica de tutela ao ambiente. Se não há conduta contrária à legis-
lação posta, não se pode falar em infração administrativa. Hoje entende-
mos que o dano ambiental, isoladamente, não é gerador de responsabili-
dade administrativa; contrario sensu, o dano que enseja reponsabilidade
administrativa é aquele enquadrável como o resultado descrito em um
tipo infracional ou provocado por uma conduta omissiva ou comissiva
violadora de regras jurídicas”.
Nos termos do art. 72, da Lei n. 9.605/98, bem como do art. 3º, do Decreto
n. 6.514/08, são 10 (dez) as sanções aplicáveis ao infrator pelo cometi-
mento de uma infração administrativa ambiental:
a) Advertência: aplica-se para as infrações de menor lesividade ao meio
ambiente, ou seja, aquelas que a multa máxima não ultrapasse o valor
de R$ 1.000,00 (art. 3º, I, e art. 5º, do Decreto n. 6.514/08).
Direito Ambiental 25
b) Multa simples: será aplicada se o agente, por negligência ou dolo, ad-
vertido das irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-
-las no prazo assinado pelo órgão ambiental competente, ou se opuser
à fiscalização. Poderá ser convertida em serviços de preservação, me-
lhoria e recuperação da qualidade ambiental (art. 3º, II e art. 8º a 13, do
Decreto n. 6.514/08);
c) Multa diária: será aplicada sempre que o cometimento da infração se
prolongar no tempo (art. 3º, III, do Decreto n. 6.514/08). Os valores ar-
recadados são revertidos aos Fundos criados por lei federal, estadual
ou municipal. A multa terá por base unidade de medida (metro cúbico,
hectare, quilograma, etc). O valor da multa é de no mínimo R$ 50,00 e
de no máximo, R$ 50 milhões (art. 9º, do Decreto n. 6.514/08);
d) Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora,
instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer
natureza utilizados na infração: os animais se possível serão devol-
vidos ao seu habitat. Os produtos, subprodutos da flora e da fauna e
veículos serão avaliados e doados às entidades de caridade, às institui-
ções científicas ou hospitalares e os petrechos e equipamentos serão
vendidos (arts. 101 a 107, do Decreto n. 6.514/08);
e) Destruição ou inutilização do produto: art. 111, do Decreto n.
6.514/08;
f) Suspensão de venda e fabricação do produto: visa obstar a continui-
dade da venda e fabricação de produtos nocivos à saúde, à segurança
e ao bem-estar da população (art. 109 do Decreto n. 6.514/08);
g) Embargo de obra ou atividade: visa evitar a continuidade da infração
(art. 108, do Decreto n. 6.514/08);
h) Demolição de obra construída ilegalmente: art. 19, §§ 1º a 3º, e art.
112, do Decreto n. 6.514/08;
i) Suspensão parcial ou total de atividades: em caso de serem cons-
tatadas irregularidades ou o descumprimento de normas ambientais
relevantes (art. 110, do Decreto n. 6.514/98);
j) Restritiva de direitos: compreende a suspensão de registro, licença,
permissão ou autorização; cancelamento de registro, licença, permis-
são ou autorização; perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;
26 Direito Ambiental
perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em
estabelecimentos oficiais de crédito; e, proibição de contratar com a
Administração Pública, pelo período de até três anos (art. 20, I a V, do
Decreto n. 6.514/08).
4.2. Da prescrição
Direito Ambiental 27
a) Pelo recebimento do auto de infração ou pela cientificação do infrator
por qualquer outro meio, inclusive por edital;
b) Por qualquer ato inequívoco da administração que importe apuração
do fato, ou seja, “aqueles que impliquem na instrução do processo”
(MELO, 2017, p. 422); e,
c) Pela decisão condenatória recorrível.
Vamos pensar
28 Direito Ambiental
Pontuando
Direito Ambiental 29
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 01
1. Nos termos da Lei n. 6.938/81, a Política Nacional do Meio
Ambiente tem como objetivos gerais:
a) recuperação, gestão e integração de ações sociais
ambientais.
b) mitigação de problemas ambientais através da regene-
ração e planejamento do meio ambiente.
c) socialização, administração e recuperação ambiental.
d) melhoria e gestão social de problemas ambientais.
e) preservação, melhoria e recuperação da qualidade
ambiental.
2. Sobre os instrumentos da Política Nacional do Meio
Ambiente, afirma-se corretamente que:
a) o zoneamento consiste no estudo e diagnóstico am-
biental da área de influência do projeto, completa des-
crição e análise dos recursos ambientais.
b) o EIA tem caráter vinculante, eis que representa um
parecer técnico essencial para a concessão da licença
ambiental.
c) o RIMA consiste no estudo de impacto prévio ambien-
tal elaborado e custeado pelo empreendedor e que en-
volve atividades técnicas.
d) constitui uma de suas espécies a criação de espaços ter-
ritoriais, especialmente protegidos pelo Poder Público
federal, estadual e municipal, tais como área de pro-
teção ambiental, de relevante interesse ecológico e de
reservas extrativistas.
e) o licenciamento e a revisão de atividades potencial-
mente poluidoras ocorrerão somente quando obede-
cidos os requisitos constantes em rol taxativo previsto
em resolução do CONAMA.
30 Direito Ambiental
3. Quanto às infrações penais ambientais previstas na Lei n.
9.605/98, é correto afirmar que:
a) os crimes ambientais nela previstos são de ação penal
pública condicionada e incondicionada, aplicando-se, a
todos os tipos penais, a suspensão condicional do pro-
cesso e a transação penal.
b) nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo e
de ação penal pública condicionada, a transação penal
poderá ser formulada independentemente de prévia
composição do dano ambiental.
c) a legislação contempla apenas crimes ambientais de
ação penal pública incondicionada, aplicando-se inte-
gralmente as disposições da Lei n. 9.099/95 no tocante à
suspensão condicional do processo e à transação penal.
d) nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo e
de ação penal pública incondicionada, não se aplica a
suspensão condicional do processo.
e) nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a
transação penal somente poderá ser formulada desde
que tenha havido a prévia composição do dano am-
biental, salvo em caso de comprovada impossibilidade.
4. Uma fábrica operando dentro dos limites da licença de
operação vigente, polui parte de um rio no interior do
estado de Minas Gerais, o que comprometeu a pesca de
subsistência no local. João, afetado pelos danos causados,
ajuizou ação indenizatória contra a fábrica responsável.
Nessa situação hipotética, a ação poderá ser julgada:
a) procedente, independentemente da licitude da atividade
e da observância dos limites de emissão de poluentes,
uma vez que a responsabilidade do poluidor é objetiva.
b) procedente, independentemente do nexo causal entre
a conduta e o dano, uma vez que a responsabilidade do
poluidor é objetiva.
Direito Ambiental 31
c) procedente, se for comprovado que a atividade que
causou o dano era ilícita.
d) improcedente, se for comprovado que o poluidor ob-
servou os limites da emissão de poluentes, haja vista a
sua responsabilidade ser subjetiva.
e) improcedente, se o dano perseguido for de cunho
moral, uma vez que os danos extrapatrimoniais não
são alcançáveis em demandas com fundo de direito
ambiental.
5. A respeito das infrações administrativas ambientais, assi-
nale a alternativa correta:
a) Considera-se infração administrativa ambiental, so-
mente as condutas comissivas que violem as regras
jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recupera-
ção do meio ambiente e causem danos a terceiros.
b) O pagamento de multa por infração ambiental imposta
pela União substitui a aplicação de penalidade pecuniá-
ria pelo órgão municipal, em decorrência do mesmo fato.
c) Enquanto a multa simples pode ser convertida em ser-
viços de preservação, melhoria e recuperação da qua-
lidade do meio ambiente, a multa diária será aplicada
sempre que o cometimento da infração se prolongar
no tempo.
d) As infrações administrativas ambientais podem ser pu-
nidas com as sanções de suspensão de venda e fabri-
cação de produto e demolição de obras. Por outro lado,
há vedação expressa no ordenamento jurídico quanto
à sanção de embargo de obra ou atividade.
e) A sanção de advertência poderá ser aplicada, mediante
a lavratura de auto de infração, para as infrações de
menor potencial ofensivo, assim definidas aquelas cuja
a pena não ultrapasse a um ano de detenção.
32 Direito Ambiental
Referências Bibliográficas
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
MELO, Fabiano. Direito Ambiental. 2. ed. São Paulo: Método, 2017.
Direitos Humanos. São Paulo: Método, 2016.
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 15. ed. São Paulo: Saraiva,
2017.
Gabarito – Aula 01
Questão 1 – Resposta: E
Questão 2 – Resposta: D
Questão 3 – Resposta: E
Direito Ambiental 33
a um ano, ou seja, crimes definidos como de menor potencial ofen-
sivo. Contudo, o juiz somente poderá decretar a extinção da puni-
bilidade se durante a suspensão condicional do processo o infrator
reparar o dano ambiental, saldo impossibilidade de reparação (art.
28, inciso I a V, da Lei n. 9.605/98).
Questão 4 – Resposta: A
Questão 5 – Resposta: C
34 Direito Ambiental
TEMA 02
COBERTURA VEGETAL E SISTEMA
NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE
RECURSOS HÍDRICOS
Objetivos
Direito Ambiental 35
Introdução
O regime jurídico de uso e proteção dos recursos hídricos passa a ser trata-
do como matéria inerente ao Direito de Águas, compreendido nos seguin-
tes diplomas: a) Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei n. 9.433/97); b)
36 Direito Ambiental
Lei da Agência Nacional de Águas (Lei n. 9.984/00); c) Lei de Saneamento
Básico (Lei n. 11.445/07); d) Decreto n. 2.464/34, que instituiu o Código de
Água, apesar de constar com a maioria de seus artigos revogados.
O objetivo da parte final dessa aula é o estudo da Lei n. 9.433/97, que ins-
tituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos. Em linhas gerais, tratare-
mos da competência e do domínio dos recursos hídricos, os fundamentos,
objetivos, diretrizes e instrumentos para o uso dos recursos hídricos no
Brasil, além do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
1. Código Florestal
O primeiro Código Florestal foi editado por Getúlio Vargas, em 1934, com
o Decreto n. 23.793/34, cuja finalidade era a proteção de alguns recursos
naturais, como a água e a madeira. As florestas, consideradas em conjun-
to, passaram a ser tratadas como bens de interesse comum a todos os
habitantes do país (art. 1º, do Decreto n. 23.793/34) (SIRVINSKAS, 2017).
Em 15 de setembro de 1965, durante o governo militar, foi editado novo
Código Florestal (Lei n. 4.771/65), com a intenção de proteger as florestas
e demais formas de vegetação. Esse Código, com suas alterações, vigorou
até o dia 25 de maio de 2012, data em que foi publicada a Lei n. 12.651/12,
conhecida com o Novo Código Florestal.
Direito Ambiental 37
quem desmatou até 2008, reduzindo 58% o passivo ambien-
tal dos imóveis rurais no Brasil. O Novo Código Florestal, Lei
n. 12.651/12, anistia 29 milhões de hectares de florestas e
permite a possibilidade de desmate legalizado para outros
88 milhões de hectares. A área desmatada ilegalmente que
deveria ser restaurada foi reduzida de 50 milhões para 21
milhões de hectares, sendo 22% de Áreas de Preservação
Permanente nas margens dos rios e 78% áreas de Reserva
Legal. Confira o artigo completo através do link: <http://
science.sciencemag.org/content/350/6260/519.1/tab-pdf>.
Acesso em: 17 jul. 2018.
38 Direito Ambiental
A Lei n. 12.651/12, com as alterações da Lei n. 12.727/12, prevê a proteção,
basicamente de dois tipos de áreas: a) Áreas de Preservação Permanente
(APP); e, b) Reserva Florestal ou Legal, conforme serão vistas nos tópicos
que abaixo seguem.
Nos termos do art. 3º, II, da Lei n. 12.651/12, áreas de preservação perma-
nente podem ser conceituadas como espaços cobertos ou não por vege-
tação nativa, com objetivo de preservar os recursos hídricos, a paisagem,
a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e floras,
de proteger o solo e de assegurar o bem-estar das populações humanas.
As APP’s por força de lei, são aquelas que basta a simples localização para
serem consideradas como áreas a serem protegidas, por exemplo, a exis-
tência de um rio, uma montanha, uma nascente são suficientes para atrair
a proteção, independente de ato declaratório do Poder Público (MELO,
2017). Já a segunda forma de APP depende de ato do Poder Público para
que seja declarada.
Direito Ambiental 39
1.1.1. Supressão de vegetação em APP
Para Paulo de Bessa Antunes (2001, p. 120), “a reserva legal é uma obriga-
ção que recai diretamente sobre o proprietário do imóvel, independente-
mente de sua pessoa ou da forma pela qual tenha adquirido a proprieda-
de; desta forma ela está umbilicalmente ligada à própria coisa, permane-
cendo aderida ao bem”.
40 Direito Ambiental
Os percentuais mínimos de reserva legal a serem observados, em relação
à área do imóvel, nos termos do art. 12, da Lei n. 12.651/12, são:
SE LOCALIZADOS NA AMAZÔNIA LEGAL DEMAIS REGIÕES DO PAÍS
80% (oitenta por cento) do imóvel se situado em
área de florestas;
35% (trinta e cinco por cento) do imóvel se situado
20% (vinte por cento) do imóvel.
em área de cerrado;
20% (vinte por cento) do imóvel se situado em
área de campos gerais.
Direito Ambiental 41
proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel no Cadastro
Ambiental Rural (CAR). Importante consignar que o regime jurídico da APP
será o mesmo, fica apenas reduzida a Reserva Legal.
42 Direito Ambiental
Já o manejo sustentável da vegetação da Reserva Legal, para consumo
próprio, e portanto, sem propósito comercial, independe de autorização,
devendo apenas ser declarados previamente ao órgão ambiental a moti-
vação da exploração e o volume explorado, limitada a exploração anual a
20 metros cúbicos (art. 23, da Lei n. 12.651/12).
Entende-se por área rural consolidada, área de imóvel rural com ocupa-
ção antrópica preexistente a 22 de junho de 2008, com edificações, ben-
feitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a
adoção do regime de pousio.
Direito Ambiental 43
1.5. Cadastro Ambiental Rural (CAR)
2. Servidão Ambiental
44 Direito Ambiental
A servidão ambiental poderá ser onerosa ou gratuita, temporária ou per-
pétua (art. 9ºB, da Lei n. 6.938/81). O prazo mínimo da servidão ambiental
temporária é de 15 (quinze) anos (art. 9ºB, § 1º, da Lei n. 6.938/81).
O contrato de alienação, cessão ou transferência da servidão ambiental
deve ser averbado na matrícula do imóvel, e deve contar com no míni-
mo: a) a delimitação da área submetida à preservação, conservação ou
recuperação ambiental; b) o objeto da servidão ambiental; c) os direitos
e deveres do proprietário instituidor e dos futuros adquirentes ou suces-
sores; d) os direitos e deveres do detentor da servidão ambiental; e) os
benefícios de ordem econômica do instituidor e do detentor da servidão
ambiental; e, f) a previsão legal para garantir o seu cumprimento, inclusi-
ve medidas judiciais necessárias, em caso de ser descumprido.
Os deveres do proprietário do imóvel serviente encontram-se previstos
no art. 9ºC, § 2º, da Lei n. 6.938/81, já os deveres do detentor da servidão
ambiental estão elencados no art. 9ºC, § 3º, da Lei n. 6.938/81.
O art. 9ºA, § 2º, da Lei n. 6.938/81, dispõe que: “A servidão ambiental não se
aplica às Áreas de Preservação Permanente e à Reserva Legal mínima exi-
gida”, pois estas áreas já se encontram protegidas pelo Código Florestal.
As obrigações decorrentes da servidão ambiental, durante o prazo de sua
vigência, possuem natureza real (propter rem), transferindo-se ao atual pro-
prietário ou possuidor a qualquer título (art. 9ºA, § 6º, da Lei n. 6.938/81).
Por fim, as áreas que tenham sido instituídas na forma de servidão flores-
tal, nos termos do art. 44A, da Lei n. 4.771/65 (revogada pelo atual Código
Florestal, Lei n. 12.651/12), passaram a ser consideradas como servidão
ambiental (art. 9ºA, § 7º, da Lei n. 6.938/81).
Direito Ambiental 45
3. Bioma Mata Atlântica
LINK
Acesse o link: <http://siscom.ibama.gov.br/monitora_biomas/
PMDBBS%20-%20MATA%20ATLANTICA.html>.
Acesso em: 30 ago. 2018.
46 Direito Ambiental
denominada de Mata de Araucárias; Floresta Ombrófila Aberta; Floresta
Estacional Semidecidual; e Floresta Estacional Decidual, bem como os
manguezais, as vegetações de restingas, campos de altitude, brejos inte-
rioranos e encraves florestais do Nordeste”.
Direito Ambiental 47
Interessante constar que a Lei n. 11.428/06 disciplina mais o aspecto da
exploração do bioma do que a preservação propriamente dita.
Nesse sentido, dispõe o art. 8º, da lei supra que o corte, a supressão e a
exploração da vegetação do Bioma Mata Atlântica far-se-ão de maneira
diferenciada, conforme se trate de vegetação primária ou secundária, le-
vando-se em conta nesta última, o estágio de regeneração.
Considera-se: a) vegetação primária, aquela que ainda não sofreu inter-
venção antrópica; b) vegetação secundária, aquela que decorre de seu
estágio de regeneração, que se classifica em: avançado, médio e inicial
(MELO, 2017).
48 Direito Ambiental
quando necessários à realização de obras, projetos ou atividades de uti-
lidade pública, pesquisas científicas e práticas preservacionistas, nos ter-
mos dos artigos 20 a 32, da citada lei.
Direito Ambiental 49
3.5. Incentivos econômicos
Segundo o art. 33, caput, da Lei n. 11.428/06, o Poder Público, sem preju-
ízo das obrigações dos proprietários e posseiros, estabelecida na legisla-
ção ambiental, estimulará através de incentivos econômicos a proteção e
o uso sustentável do Bioma Mata Atlântica.
A Constituição Federal (CF) de 1988, em seu art. 22, IV, prevê a competên-
cia privativa da União para legislar sobre: “águas, energia, informática, te-
lecomunicações e radiodifusão”. O parágrafo único do referido artigo de-
termina que lei complementar pode autorizar os Estados a legislar sobre
questões específicas destas matérias, e aos municípios, como não pos-
suem águas de seu domínio, compete apenas gerir a drenagem urbana, e
em alguns casos, rural, com fundamento em sua competência legislativa
para tratar de interesses locais e suplementar a legislação federal e esta-
dual (art. 29 e art. 30, I e II, da CF/88).
50 Direito Ambiental
Nos termos do art. 21, XII, alíneas “b”, “d” e “f” da CF/88, cabe à União ex-
plorar diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: os
serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético
dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se localizam os
potenciais hidroenergéticos; os serviços de transporte ferroviário e aqua-
viário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham
os limites de Estado ou Território; os portos marítimos, fluviais e lacustres.
4.2. Fundamentos
Direito Ambiental 51
e) “A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da
Política Nacional de Recursos Hídricos e a atuação do Sistema Nacional
de Gerenciamento de Recursos Hídricos”. Segundo MELO (2017, p. 548),
pode-se definir uma bacia hidrográfica como uma área de drenagem
de um curso d’água ou lago; e,
f) “A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com
a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades”. Tal
fundamento encontra razão no princípio da participação.
4.3. Objetivos
52 Direito Ambiental
e) a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;
f) a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas
estuarinos e zonas costeiras.
4.5. Instrumentos
A outorga não implica a alienação parcial das águas, pois são inalienáveis,
mas sim o simples direito de seu uso, que não poderá ser superior a 35
anos, renovável (arts. 16 e 18, da Lei n. 9.433/97).
Direito Ambiental 53
d) Cobrança pelo uso dos recursos hídricos: encontra-se disciplinada
entre os artigos 19 a 22, da Lei n. 9.433/97, e baseia-se no princípio do
usuário-pagador.
e) Compensação a municípios: embora prevista como instrumento da
PNRH, a compensação a municípios foi objeto de veto presidencial
(MELO, 2017, p. 553).
f) Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos: trata-se de um
“sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de in-
formações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua
gestão” (art. 25, da Lei n. 9.433/97), devidamente discriminado entre os
artigos 25 a 27, da Lei n. 9.344/97.
54 Direito Ambiental
d) os Comitês de Bacia Hidrográfica: com competência deliberativa no
âmbito local e para fins de estabelecer “mecanismos de cobrança pelo
uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados”, bem
como “estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras e
uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo” (art. 38, VI e IX, da Lei n.
9.433/97);
e) os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito
Federal e municipais, cujas competências se relacionem com a gestão
de recursos hídricos;
f) as Agências de Água: com função de secretaria executiva dos respec-
tivos Comitês de Bacia Hidrográfica (art. 41, da Lei n. 9.433/97).
Pontuando
• Há duas formas de se criar APP’s: por força de lei (art. 4º, da Lei n.
12.651/12), ou por ato do Poder Executivo (art. 6º, da Lei n. 12.651/12);
Direito Ambiental 55
reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da
biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre
e da flora nativa;
56 Direito Ambiental
• O corte, a supressão ou exploração do Bioma Mata Atlântica deverá
respeitar a divisão entre vegetação primária e secundária. Trata-se
de vegetação primária aquela que não sofreu interação antrópica, e
secundária aquela que sofreu alguma espécie de interação humana.
Na vegetação secundária analisa-se o seu estágio de regeneração:
avançado, médio ou inicial;
Direito Ambiental 57
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 02
1. Nos termos do atual Código Florestal, são consideradas
áreas de preservação permanente as áreas ao longo de
qualquer curso d’água, natural, perene e intermitente, ex-
cluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regu-
lar, em largura mínima de:
a) 10 metros para os cursos d’água com até 5 metros de
largura.
b) 30 metros para os cursos d’água de 15 metros de
largura.
c) 50 metros para os cursos d’água que tenham até 30
metros de largura.
d) 150 metros para os cursos d’água que tenham mais de
200 metros de largura.
e) 500 metros para os cursos d’água que tenham mais de
600 metros de largura.
2. A respeito das normas aplicáveis à reserva legal, previstas
na Lei n. 12.651/12, assinale a alternativa correta:
a) Considera-se reserva legal a área coberta ou não por
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar
os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geoló-
gica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna
e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das po-
pulações humanas.
b) Os empreendimentos de abastecimento público de
água e tratamento de esgoto estão sujeitos à constitui-
ção de reversa legal.
c) Os imóveis rurais localizados na Amazônia Legal de-
verão observar os percentuais mínimos em relação à
58 Direito Ambiental
área do imóvel, de: 80%, se situado em área de floresta;
35%, se situado em área de cerrado; e, 20%, se situado
em área de campos gerais.
d) Em caso de fracionamento do imóvel rural, a qualquer
título, inclusive para assentamentos pelo Programa de
Reforma Agrária, não será considerada, para fins de es-
tabelecimento do percentual de reserva legal, a área do
imóvel antes do fracionamento.
e) Será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas
ou desapropriadas com o objetivo de implantação e
ampliação de capacidade de rodovias e ferrovias.
3. Com relação à servidão ambiental, assinale a opção correta:
a) a servidão ambiental não se aplica às áreas de preser-
vação permanente e à reserva legal mínima exigida.
b) em termos legais é vedada a servidão perpétua.
c) o prazo mínimo da servidão ambiental temporária é de
5 (cinco) anos.
d) o contrato de alienação, cessão ou transferência da
servidão ambiental não precisa ser averbado junto à
matrícula do imóvel, bastando a sua inscrição no CAR.
e) é proibida a cessão gratuita da servidão ambiental.
4. A respeito das definições, objetivos e princípios do regi-
me jurídico do Bioma Mata Atlântica, assinale a alternativa
correta:
a) A proteção e a utilização do Bioma Mata Atlântica têm
por objetivo geral a salvaguarda dos recursos hídricos.
b) O corte, a supressão e a exploração da vegetação do
Bioma Mata Atlântica far-se-ão de maneira unificada,
conforme se trate de vegetação primária ou secundária.
c) O Bioma Mata Atlântica tem por objetivos específicos a
salvaguarda da biodiversidade, da saúde humana, dos
valores paisagísticos, estéticos e turísticos, do regime
hídrico e da estabilidade social.
Direito Ambiental 59
d) São estágios de regeneração da vegetação primária do
Bioma Mata Atlântica: avançado, médio e inicial.
e) A vegetação primária ou a vegetação secundária em
qualquer estágio de regeneração do Bioma Mata
Atlântica perderão esta classificação nos casos de in-
cêndio não criminoso.
5. A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos se-
guintes fundamentos:
I. a água é um bem de domínio público;
II. a água é um recurso natural ilimitado, dotado de valor
econômico;
III. em situações de escassez, o uso prioritário dos recur-
sos hídricos é o consumo humano e a dessedentação
de animais;
IV. a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcio-
nar o uso múltiplo das águas;
V. a gestão dos recursos hídricos deve ser centralizada no
Poder Público.
Considerando as assertivas acima, assinale a que melhor
corresponde às proposições da Lei n. 9.433/97:
60 Direito Ambiental
Referências Bibliográficas
ANTUNES, Paulo de Bessa. Poder Judiciário e Reserva Legal: análise de recentes deci-
sões do Superior Tribunal de Justiça. Revista de Direito Ambiental. São Paulo: RT, 2001.
SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 15. ed. São Paulo: Saraiva,
2017.
Gabarito – Aula 02
Questão 1 – Resposta: E
Questão 2 – Resposta: C
Dispõe o art. 12, I, alíneas “a”, “b” e “c”, da Lei n. 12.651/12: “Todo
imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a
título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre
as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes per-
centuais mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos
previstos no art. 68 desta Lei: I - localizado na Amazônia Legal: a) 80%
(oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas; b) 35%
(trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado; c)
20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais”.
Direito Ambiental 61
Questão 3 – Resposta: A
Questão 4 – Resposta: C
Questão 5 – Resposta: B
62 Direito Ambiental
TEMA 03
POLÍTICA NACIONAL DE
GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS
Objetivos
Direito Ambiental 63
Introdução
64 Direito Ambiental
PARA SABER MAIS
A Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública
e Resíduos Especiais (ABRELPE) publica desde 2003,
anualmente, o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. Só
no ano de 2016, o Brasil gerou 78,3 milhões de toneladas de
resíduos sólidos, dos quais 71,3 milhões de toneladas foram
coletados, e os 7 milhões de toneladas de resíduos que não
foram objeto de coleta, consequentemente tiveram destino
impróprio. No que diz respeito à disposição final dos resíduos
sólidos coletados, 58,4% ou 41,7 milhões de toneladas foram
enviados para aterros sanitários. O caminho da disposição
inadequada continuou sendo trilhado por 3.331 municípios
brasileiros, que enviaram mais de 29,7 milhões de toneladas
de resíduos, correspondentes a 41,6% do coletado em 2016,
para lixões ou aterros controlados, que não possuem o
conjunto de sistemas e medidas necessários para proteção
do meio ambiente contra danos e degradações. Para mais
informações, acesse o link: <http://www.abrelpe.org.br/
panorama_apresentacao.cfm>. Acesso em: 17 jul. 2018.
Nos termos do art. 3º, XVI, da Lei n. 12.302/10, entende-se por resíduos
sólidos: “material, substância, objeto ou bem descartado resultante de
atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se
propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
Direito Ambiental 65
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de es-
gotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou eco-
nomicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível”.
66 Direito Ambiental
Estão sujeitas à observância da Lei n. 12.305/10 as pessoas físicas ou jurí-
dicas, de direito público ou privado, responsáveis, direta ou indiretamen-
te, pela geração de resíduos sólidos, e as que desenvolvam ações relacio-
nadas à gestão integrada ou ao gerenciamento de resíduos sólidos. Não
se aplicando aos rejeitos radioativos, que são regulados por legislação
específica.
2. Princípios e objetivos
Direito Ambiental 67
g) a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
h) o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um
bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e pro-
motor de cidadania;
i) o respeito às diversidades locais e regionais;
j) o direito da sociedade à informação e ao controle social;
k) a razoabilidade e a proporcionalidade.
A maioria dos princípios já eram conhecidos pela doutrina e alguns de-
les já se encontravam inseridos em outras leis esparsas. Contudo, mere-
cem destaque dois princípios novos: o princípio do protetor-recebedor e
o princípio da ecoeficiência.
“O princípio do protetor-recebedor é aplicável à logística reserva, passan-
do os integrantes da cadeia produtiva a dar o destino correto aos resídu-
os por eles produzidos ou comercializados” (SIRVINSKAS, 2017, p. 485).
O princípio da ecoeficiência é autoexplicativo, nos termos do art. 6º, V, da
Lei n. 12.305/10, e relaciona-se ao aproveitamento máximo dos recursos
naturais na produção de determinado bem, extraindo-se o máximo sem
desperdício (SIRVINSKAS, 2017).
Os objetivos são metas que se pretende alcançar com a lei, e encontram-
se arrolados no art. 7º, da Lei n. 12.305/10:
a) proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;
b) não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resí-
duos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada
dos rejeitos;
c) estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de
bens e serviços;
d) adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas
como forma de minimizar impactos ambientais;
e) redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos;
f) incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso
de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e
reciclados;
68 Direito Ambiental
g) gestão integrada de resíduos sólidos;
h) articulação entre as diferentes esferas do poder público, e destas com
o setor empresarial, com vistas à cooperação técnica e financeira para
a gestão integrada de resíduos sólidos;
i) capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos;
j) regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da pres-
tação dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resídu-
os sólidos, com adoção de mecanismos gerenciais e econômicos que
assegurem a recuperação dos custos dos serviços prestados, como
forma de garantir sua sustentabilidade operacional e financeira, ob-
servada a Lei n. 11.445/07;
k) prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para: pro-
dutos reciclados e recicláveis; e, bens, serviços e obras que considerem
critérios compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmen-
te sustentáveis;
l) integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas
ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de
vida dos produtos;
m) estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto;
n) incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e em-
presarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao rea-
proveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o apro-
veitamento energético;
o) estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável.
3. Instrumentos
Direito Ambiental 69
c) a coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras ferramen-
tas relacionadas à implementação da responsabilidade compartilhada
pelo ciclo de vida dos produtos;
d) o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas ou de ou-
tras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis;
e) o monitoramento e a fiscalização ambiental, sanitária e agropecuária;
f) a cooperação técnica e financeira entre os setores público e privado
para o desenvolvimento de pesquisas de novos produtos, métodos,
processos e tecnologias de gestão, reciclagem, reutilização, tratamento
de resíduos e disposição final ambientalmente adequada de rejeitos;
g) a pesquisa científica e tecnológica;
h) a educação ambiental;
i) os incentivos fiscais, financeiros e creditícios;
j) o Fundo Nacional do Meio Ambiente e o Fundo Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico;
k) o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos
(Sinir);
l) o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa);
m)os conselhos de meio ambiente e, no que couber, os de saúde;
n) os órgãos colegiados municipais destinados ao controle social dos ser-
viços de resíduos sólidos urbanos;
o) o Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos;
p) os acordos setoriais;
q) no que couber, os instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente,
entre eles: os padrões de qualidade ambiental; o Cadastro Técnico
Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras
de Recursos Ambientais; o Cadastro Técnico Federal de Atividades e
Instrumentos de Defesa Ambiental; a avaliação de impactos ambien-
tais; o Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Sinima); e,
o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras;
r) os termos de compromisso e os termos de ajustamento de conduta;
s) o incentivo à adoção de consórcios ou de outras formas de cooperação
entre os entes federados, com vistas à elevação das escalas de aprovei-
tamento e à redução dos custos envolvidos.
70 Direito Ambiental
4. Diretrizes e classificação
Direito Ambiental 71
b) controlar e fiscalizar as atividades dos geradores sujeitas a licencia-
mento ambiental pelo órgão estadual do Sisnama.
72 Direito Ambiental
5. Planos de resíduos sólidos
Direito Ambiental 73
PARA SABER MAIS
Os planos municipais de gerenciamento de resíduos sólidos
são os mais importantes, já que implicam descentralização
da gestão dos resíduos sólidos, o que atende muito mais ao
princípio da eficiência. Nesse sentido, é importante lembrar
que a elaboração de plano municipal de gestão integrada de
resíduos sólidos é como regra, obrigatória pela lei e condição
para que o Distrito Federal e Municípios tenham acesso aos
recursos da União, ou por ela controlados, destinado a em-
preendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e
ao manejo de resíduos sólidos, ou, ainda, condição para que
o Distrito Federal e os municípios sejam beneficiados por in-
centivos ou financiamentos de entidades federais de crédito
ou fomento para tal finalidade.
74 Direito Ambiental
Resíduos de serviços de transporte: os originários de por-
OS RESPONSÁVEIS PELOS tos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e fer-
TERMINAIS E OUTRAS roviários e passagens de fronteira;
INSTALAÇÕES DE TRANS- Nos termos do regulamento ou de normas estabelecidas
PORTES pelos órgãos do Sisnama e, se couber, do SNVS, as empre-
sas de transporte.
Os responsáveis por atividades agrossilvipastoris, se exigido pelo órgão com-
petente do Sisnama, do SNVS ou do Suasa.
As empresas de construção civil, nos termos do regulamento ou de normas
estabelecidas pelos órgãos do Sisnama.
Fonte: MELO, 2017, p. 631.
Direito Ambiental 75
6. Logística reversa, ciclo de vida do produto, acordo
setorial e responsabilidade compartilhada
O art. 33, da Lei PNRS, traz rol exemplificativo de produtos que deverão
integrar a logística reversa, a saber:
a) agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos
cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas
as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou
regulamento (Lei n. 7.802/89 e Decreto n. 4.074/02), em normas esta-
belecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em nor-
mas técnicas;
b) pilhas e baterias;
c) pneus;
d) óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
e) lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
f) produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
76 Direito Ambiental
em acordos setoriais e termos de compromisso firmados entre o poder
público e o setor empresarial, o sistema de logística reversa poderá ser
estendido a produtos comercializados em embalagens plásticas, metáli-
cas ou de vidro, e aos demais produtos e embalagens, considerando prio-
ritariamente, o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio
ambiente dos resíduos gerados (art. 33, §§ 1º e 2º, da Lei da PNRS).
Entende-se por ciclo de vida do produto a série de etapas que envolvem o de-
senvolvimento do produto, a obtenção de matérias-primas e insumos, o pro-
cesso produtivo, o consumo e a disposição final (art. 3º, IV, da Lei da PNRS).
Direito Ambiental 77
Sem prejuízo das obrigações estabelecidas no plano de gerenciamento de
resíduos sólidos e com vistas a fortalecer a responsabilidade compartilha-
da e seus objetivos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comer-
ciantes têm responsabilidade que abrange (art. 31, da Lei da PNRS):
a) investimento no desenvolvimento, na fabricação e na colocação no
mercado de produtos: a) que sejam aptos, após o uso pelo consumidor,
à reutilização, à reciclagem ou a outra forma de destinação ambiental-
mente adequada; b) cuja fabricação e uso gerem a menor quantidade
de resíduos sólidos possível;
b) divulgação de informações relativas às formas de evitar, reciclar e eli-
minar os resíduos sólidos associados a seus respectivos produtos;
c) recolhimento dos produtos e dos resíduos remanescentes após o uso,
assim como sua subsequente destinação final ambientalmente ade-
quada, no caso de produtos objeto de sistema de logística reversa na
forma do art. 33;
d) compromisso de, quando firmados acordos ou termos de compromis-
so com o Município, participar das ações previstas no plano municipal
de gestão integrada de resíduos sólidos, no caso de produtos ainda
não inclusos no sistema de logística reversa.
7. Instrumentos econômicos
Conforme o art. 42, da Lei da PNRS, o poder público poderá instituir me-
didas indutoras e linhas de financiamento para atender, prioritariamente,
às iniciativas de:
78 Direito Ambiental
d) desenvolvimento de projetos de gestão dos resíduos sólidos de caráter
intermunicipal ou regional;
e) estruturação de sistemas de coleta seletiva e de logística reversa;
f) descontaminação de áreas contaminadas, incluindo as áreas órfãs;
g) desenvolvimento de pesquisas voltadas para tecnologias limpas apli-
cáveis aos resíduos sólidos;
h) desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial volta-
dos para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento
dos resíduos.
Vamos Pensar
Verifica-se, por vezes, no contexto das discussões dessa aula, que países
centrais, fortemente industrializados, efetuam a exportação de resíduos
sólidos para países em desenvolvimento, em troca de amortizações de
juros externos, empréstimos e financiamentos de programas, dentre ou-
tras vantagens econômicas.
Direito Ambiental 79
O Brasil é signatário da Convenção de Basileia, tratado internacional que
normatiza a movimentação transfronteiriça de resíduos perigosos. Tal
convenção foi internalizada no país por meio do Decreto n. 875, de 19 de
julho de 1993, e regulamentada pela Resolução Conama n. 452, de 02 de
julho de 2012.
Pontuando
80 Direito Ambiental
• É instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida
dos produtos, a ser implementada de forma individualizada e enca-
deada, abrangendo os fabricantes, importadores distribuidores e
comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos
de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos;
• Em termos legais, logística reversa trata-se do “instrumento de
desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto
de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a
restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reapro-
veitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra
destinação final ambientalmente adequada”;
• A obrigatoriedade de estruturar e implementar os sistemas de logís-
tica reversa abrange os fabricantes, importadores, distribuidores e
comerciantes dos produtos.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 03
1. São objetivos da Lei n. 12.395/2010, que trata da Política
Nacional de Resíduos Sólidos, exceto:
a) a) Proteção da saúde pública e da qualidade ambiental.
b) b) Estímulo à adoção de padrões sustentáveis de pro-
dução e consumo de bens e serviços.
c) Redução do volume e da periculosidade dos resíduos
perigosos.
d) Incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão
ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos
processos produtivos e ao reaproveitamento dos resí-
duos sólidos, exceto a recuperação e o aproveitamento
energético.
e) Gestão integrada de resíduos sólidos.
Direito Ambiental 81
2. São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos,
instituída pela Lei n. 12.305 de 2010, exceto:
a) Prevenção e a precaução.
b) Gestão integrada de resíduos sólidos.
c) Poluidor-pagador.
d) Protetor-recebedor.
e) Razoabilidade.
3. Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser
observada uma ordem de prioridade específica. Nos ter-
mos da Lei n. 12.305/10, assinale a alternativa que apre-
senta a ordem correta de prioridade:
I. Redução;
II. Disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos;
III. Reutilização;
IV. Tratamento dos resíduos sólidos;
V. Não geração;
VI. Reciclagem.
Apresenta a sequência na ordem correta, a assertiva:
a) V, II, III, I, IV e VI.
b) I, VI, III, IV, II e V.
c) V, VI, III, I, IV e II.
d) I, VI, V, IV, II e III.
e) V, I, III, VI, IV e II.
4. São instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos,
instituídos pela Lei n. 12.305/2010:
I. Os planos de resíduos sólidos.
II. A proteção da saúde pública.
III. A coleta seletiva.
IV. O desenvolvimento sustentável.
V. O respeito às diversidades locais e regionais.
82 Direito Ambiental
Estão certos apenas os itens:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e V.
d) III e IV.
e) IV e V.
5. Segundo a Lei n. 12.305/10, o instrumento de desenvolvi-
mento econômico e social caracterizado por um conjunto
de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a
coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empre-
sarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros
ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmen-
te adequada, denomina-se:
a) Acordo setorial.
b) Coleta seletiva.
c) Gestão integrada de resíduos sólidos.
d) Logística reversa.
e) Reciclagem.
Referências Bibliográficas
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 17. ed.
São Paulo: Saraiva, 2017.
SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 15. ed. São Paulo: Saraiva,
2017.
Direito Ambiental 83
Gabarito – Aula 03
Questão 1 – Resposta: D
Questão 2 – Resposta: B
Questão 3 – Resposta: E
Questão 4 – Resposta: B
84 Direito Ambiental
Questão 5 – Resposta: D
Direito Ambiental 85
TEMA 04
LICENCIAMENTO AMBIENTAL,
LICENÇAS AMBIENTAIS
E ESTUDO PRÉVIO DE
IMPACTO AMBIENTAL
Objetivos
86 Direito Ambiental
Introdução
Direito Ambiental 87
1. Licenciamento e Licença ambiental
88 Direito Ambiental
de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor,
pessoa física e jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreen-
dimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais considera-
das efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer
forma, possam causar degradação ambiental (art. 1º, II, da Resolução
CONAMA n. 237/97).
Direito Ambiental 89
Com o objetivo de implementar o federalismo cooperativo em matéria
ambiental, a Lei Complementar n. 140/11 foi editada, com a seguinte pre-
visão em sua ementa: “fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do
caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a coo-
peração entre a União, os Estados, o Distrito Federal, e os Municípios nas
ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum
relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio
ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preser-
vação das florestas, da fauna e da flora”.
90 Direito Ambiental
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a par-
tir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a par-
ticipação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e
natureza da atividade ou empreendimento;
A competência dos Estados-membros para o procedimento de licencia-
mento ambiental está definida no art. 8º, XIV, da Lei Complementar n.
140/11, nos seguintes termos: “promover o licenciamento ambiental de
atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efe-
tiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de
causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7o e 9o”.
Aos municípios competem promover o licenciamento ambiental das ativi-
dades ou empreendimentos, observadas as atribuições dos demais entes
federativos (art. 9º, XIV, da Lei Complementar n. 140/11):
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local,
conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de
Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor
e natureza da atividade; ou
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, ex-
ceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
No que tange a competência do Distrito Federal para o licenciamento am-
biental, são aplicáveis as disposições concernentes aos Estados e aos mu-
nicípios (art. 10, da Lei Complementar n. 140/11).
A Lei Complementar n. 140/11 traz regras próprias para o licenciamen-
to ambiental de atividades e empreendimentos em Áreas de Proteção
Ambiental (APAs). “Ao contrário das demais espécies de unidades de con-
servação, nas APAs o critério do ente político instituidor não determina o
licenciamento ambiental” (MELO, 2017, p. 234).
A definição de competências do ente federativo responsável pelo licencia-
mento ambiental em APAs seguirá os critérios previstos nas alíneas “a”,
“b”, “e’, “f” e “h”, do inciso XIV do art. 7º, no inciso XIV do art. 8º e na alínea
“a” do inciso XIV do art. 9º, da Lei Complementar n. 140/11, cuja leitura
recomenda-se ao leitor.
Direito Ambiental 91
1.2. Atuação supletiva e subsidiária
92 Direito Ambiental
O quadro abaixo, ilustra as espécies de licenças, seus efeitos, condicio-
nantes e prazos de validade:
Aprova a loca-
Autoriza a instala- Autoriza a operação
lização e a con-
EFEITOS ção do empreendi- da atividade ou em-
cepção do pro-
mento. preendimento.
jeto.
Mínimo: 04 (quatro)
PRAZOS Não superior a Não superior a 06 anos.
(Res. nº 237/1997) 05 (cinco) anos. (seis) anos. Máximo: 10 (dez)
anos.
Fonte: MELO, 2017, p. 226.
Direito Ambiental 93
a) Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas
legais;
b) Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidia-
ram a expedição da licença;
c) Superveniência de graves riscos ambientais e de saúde (art. 19, da
Resolução CONAMA n. 237/97).
“Modificar é alterar as condicionantes e as medidas de controle e adequa-
ção, de modo a minimizar os riscos ambientais. Suspender é determinar
a paralisação dos efeitos até que a obra ou atividade esteja adequada às
condicionantes ambientais exigidas (hipóteses dos incisos I e II do art. 19).
Cancelar é retirar do mundo jurídico por uma das razões indicadas nos
três incisos do art. 19”. (SIRVINSKAS, 2017, p. 240).
Assim, presente uma das hipóteses previstas acima, poderá o órgão am-
biental mediante decisão motivada: a) anular a licença: em caso de ilega-
lidade; b) revogar a licença: por interesse público; ou, c) cassar a licença:
em caso de descumprimento dos preceitos constantes na própria licença
(MELO, 2017).
94 Direito Ambiental
Entende-se por EIA “o procedimento administrativo de análise antecipa-
tória dos possíveis impactos ambientais de uma obra, atividade ou em-
preendimento potencialmente causadores de significativa degradação do
meio ambiente, elaborado por equipe técnica multidisciplinar [às expen-
sas do empreendedor], em que se relacionam as medidas de mitigação e
compensatórias à possível intervenção ao meio ambiente” (MELO, 2017,
p. 192).
O RIMA, por sua vez tem a finalidade de tornar compreensível para o públi-
co o conteúdo do EIA, que é elaborado segundo critérios técnicos. “Assim,
em respeito ao princípio da informação ambiental, o RIMA deve ser claro
e acessível, retratando fielmente o conteúdo do estudo, de modo compre-
ensível e menos técnico” (FIORILLO, 2017, p. 204).
Direito Ambiental 95
2.1. Atividades sujeitas ao EIA
96 Direito Ambiental
p) Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos
similares, em quantidade superior a dez toneladas por dia.
q) Projetos Agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 ha. ou
menores, neste caso, quando se tratar de áreas significativas em ter-
mos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, inclu-
sive nas áreas de proteção ambiental.
r) Empreendimentos potencialmente lesivos ao patrimônio espeleológi-
co nacional.
Direito Ambiental 97
Nos termos do art. 5º e 6º, da Resolução CONAMA n. 01/86, cuja leitura
recomendamos ao leitor, são essenciais e obrigatórios para a realização
do EIA, no mínimo: a) as Diretrizes Gerais, que são requisitos de conteúdo
(art. 5º); e, b) os Estudos e Atividades Técnicas (art. 6º).
São requisitos mínimos que devem constar no RIMA, nos termos dos inci-
sos do art. 9º, da Resolução CONAMA n. 01/86:
98 Direito Ambiental
e) A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência,
comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alter-
nativas, bem como com a hipótese de sua não realização;
f) A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em
relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não pude-
rem ser evitados, e o grau de alteração esperado;
g) O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
h) Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e co-
mentários de ordem geral).
Nos termos do art. 2º, da Resolução CONAMA n. 9/87, sempre que julgar
necessário, ou quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério
Público, ou por 50 (cinquenta) ou mais cidadãos, o Órgão de Meio Ambiente
promoverá a realização de audiência pública.
Importante ressaltar, que “a ata da (s) audiência (s) pública (s) e seus
anexos, servirão de base [portanto, não vincula(m) o órgão ambiental],
juntamente com o RIMA, para a análise e parecer final do licenciador
quanto à aprovação ou não do projeto” (art. 5º, da Resolução CONAMA
n. 9/87).
Direito Ambiental 99
2.5. Decisão do órgão ambiental
Vamos pensar
Nos termos do art. 3º, IV, da Lei n. 6.938/81, considera-se poluidor, “a pes-
soa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 04
1. No tocante ao licenciamento ambiental, assinale a alterna-
tiva correta:
a) O prazo de validade da Licença Prévia (LP) não pode ser
superior a 10 (dez) anos.
b) A renovação da Licença de Operação (LO) de uma ati-
vidade ou empreendimento deverá ser requerida com
antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da ex-
piração de seu prazo de validade, fixado na respectiva
licença.
Gabarito – Aula 04
Questão 1 – Resposta: B
Questão 2 – Resposta: A
Questão 3 – Resposta: A
Questão 4 – Resposta: E
Questão 5 – Resposta: E
Dispõe o art. 225, §1º, IV, da CF/88, que cabe ao Poder Público “exigir,
na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmen-
te causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo
prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade”. Portanto,
não são todas as atividades e empreendimentos que serão subme-
tidos ao procedimento de licenciamento ambiental, mas apenas
àquelas que tiverem potencial para causar significativa degradação
ambiental.