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ENTRE A TAIPA E A CARNAÚBA: O DESCASO ESTATAL PARA COM OS
MORADORES DA “VELHA” SÃO RAFAEL/RN
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É comum a palavra Açu aparecer também grafada como Assu e Assú. Nesse ensaio, ela será escrita com
Ç, ao se referir ao Projeto Baixo-Açu e ao Rio Açu.
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DNOCS - Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
período de estiagem que se estenderia até 1985.” (DIÁRIO DE NATAL, 1980 , ed.
10925, pág. 2).
Foi então que na década de 80, com as obras da barragem já próximas de sua
conclusão, que grande parte da população da “velha” São Rafael já teria migrado para a
nova cidade, localizada a pouco mais de 4 km da cidade original. Mas pelo
descompromisso do DNOCS em cumprir o que foi acordado com os moradores,
algumas famílias da “velha” cidade ainda se encontravam em suas localidades originais,
como mostra a notícia do Diário de Natal, contendo a súplica da moradora Maria
Cândida Pinheiros: “A população receia que as águas atinjam a nova São Rafael. A
velha está desaparecendo sob as águas.” (DIÁRIO DE NATAL, 1984, ed.00077, pág.
5).
A partir dessa narrativa, pode se perceber um dos problemas sociais criados com
a construção da barragem, um número considerável de famílias estaria sem habitações e
ainda morando entre às águas por não terem para onde ir. O que segundo o prefeito
daquela época, viria ser um problema recorrente, como visto na matéria do Diário de
Natal: “... enquanto o prefeito do município, Daniel Januário de Farias (PDS), temia
pela sorte de mais 80 famílias, ainda sem casas, e que estão residindo na casa de
parentes,...” (DIÁRIO DE NATAL, 1984, ed.00077, pág. 5). Como dito acima, houve o
aparecimento de indivíduos naquela época que podem ser considerados como “sem-
terra”. Não parando o flagelamento por ai, os moradores da “nova” São Rafael ainda
tiveram de conviver com as poucas oportunidades de obtenção de renda que se
encontravam na nova localidade. Sem espaço para agricultura, jazidas de minérios
alagadas e com uma das principais fontes de renda, que seria o manuseio da carnaúba
impossibilitada pela água, o cidadão rafaelense se viu dificultado em levar adiante a
vida de suas famílias normalmente. Como se pode ver na notícia do Diário de Natal:
“São Rafael vive sérios problemas sem recursos.” (DIÁRIO DE NATAL, 1984,
ed.00078, pág. 5).