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Aluno (a): _________________________________ Turmas: CN 1002,1007,1008

Rio, ____/____/ 20. Professor: Apolinario

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HISTÓRIA


Em um determinado momento de sua existência, a espécie humana dá início ao seu processo de evolução e altera
profundamente a sua forma de organização, inclusive sentindo a necessidade de interferir na natureza para adaptá-la
às suas necessidades, nesse instante o homem começa a ter consciência sobre si mesmo.
Uma das grandes perguntas que os estudiosos têm feito é: como e quando ocorreu o surgimento da espécie humana?
Como ocorreu a sua transformação? Os questionamentos são diversos.
Várias teorias foram e são formuladas tentando explicar o mistério da vida e a evolução da espécie humana. Entre elas
merecem destaque:
1. A teoria criacionista, na qual prevalece a visão religiosa. Segundo os criacionistas, o homem foi criado por Deus a
sua imagem e semelhança, sem ter passado por nenhum processo de evolução que alterasse as suas características
essenciais. Essa teoria é bastante discutida do ponto de vista científico.
2. A teoria evolucionista, inaugurada pelo pesquisador inglês Charles Darwin, defende que a espécie humana é
resultado de um longo processo de evolução e seleção natural. Essa teoria foi formulada no século XIX e vem sendo
objeto de estudo até os dias atuais.
A HISTÓRIA COMO CIÊNCIA
A História é uma ciência, pois adota o método científico de pesquisa e procura estudar e compreender as relações
humanas ao longo do tempo, ou seja, como os diversos grupos humanos se organizaram e interagiram com a natureza
e com eles mesmos para garantir a sobrevivência da espécie. As diversas formas de organização, e todas as suas
manifestações culturais, são objetos de estudo, análise e interpretação para a compreensão do passado, o
entendimento do presente e até mesmo do futuro.
Ao longo dos séculos, a visão e os métodos de estudo da História passaram por várias fases. Na antiguidade, a
História era um relato das batalhas, das vitórias e das grandes realizações dos chefes militares, reis e imperadores.
Alguns poucos, os historiadores passaram a se preocupar com os sentimentos e a realidade das camadas dominadas
da sociedade. Faziam relatos sobre a vida cotidiana, mas sem buscar a base documental e interpretativa dos fatos
relatados.
Na Idade Média Ocidental, e até mesmo na época Moderna, a História manteve a sua base de relatos de grandes
feitos, só que agora sob a forte e determinante influência religiosa que, até o século XVI, foi uma exclusividade católica.
A primeira grande mudança em relação ao ato histórico surge no século XVIII com o advento do Iluminismo, cujos
integrantes se preocuparam com o entendimento científico, relegando a um plano menor as influências religiosas e a
dos feitos dos grandes monarcas.
Os iluministas buscavam razões concretas, fundamentadas em uma base documental sólida, para a análise e
interpretação dos acontecimentos. Efetivamente, ocorreu uma diversificação das fontes históricas, possibilitando uma
ampliação do conhecimento e das interpretações sobre o passado humano. Foram incluídas novas fontes históricas,
tais como: moedas, vestimentas, arquitetura, escultura, pintura, ferramentas, literatura, registros cartoriais. A História vai
deixando de ser apenas um mero relato dos fatos, vai-se fazendo ciência.
Um grande passo em direção ao fortalecimento da História enquanto ciência ocorre no século XIX, com o advento de
novos pensadores sociais. Três grandes correntes irão se destacar:
1. A romântica, que tinha por base a grande epopeia humana, a ação do herói.
2. A positivista, desenvolvida a partir das teorias de Augusto Comte, que defendia a ideia de ciência exata, na qual
tudo estava condicionado à causa e ao efeito;
3. A marxista, que enfatiza a fundamental importância das condições materiais de existência, ou seja, da economia
para o estudo da trajetória das sociedades. As estruturas econômicas (a infraestrutura) condicionam as demais
estruturas humanas (superestrutura). Enfatiza o choque de opostos – a luta de classes – como elemento fundamental
para as transformações sociais.
No início do século XX (1929), tem início uma nova concepção histórica conhecida como Escola dos Annales. Ela
rompe com a visão tradicional da História, pois propõe pensar o conhecimento histórico a partir de uma visão que
aproxima cada vez mais a história conhecimento da história experiência. A História tornou-se interdisciplinar,
aproximando-se de outras ciências sociais e abriu novas possibilidades para o entendimento do passado.
A partir dos Annales, novas fontes históricas foram incorporadas ao processo de pesquisa. Nasce a História vista de
baixo, ou seja, do cotidiano, das mentalidades, da oralidade, da cultura, da vida privada, entre outras.
Segundo IDEL BECKER, em Pequena História da Civilização Ocidental – “Marc Bloch, o destemido mártir da
resistência francesa, é o nobre arauto da historiografia como artesanato: a História é um ofício – “o ofício de
historiador”. Ele possuía uma nova visão: a teoria histórica devia ser construída e reconstruída, dentro da prática
cotidiana. Lucien Febvre observou que “Bloch sabia melhor do que ninguém que o tempo não se detém e que os livros
de História, para serem úteis, devem ser discutidos, saqueados, contraditos e continuamente corrigidos e revistos.”
Palavras mais certas não poderiam ser escritas. Como Febvre acrescentou, “o homem terá de ser estúpido para se
considerar infalível” (Carol Bark). Já o disse Croce: "Toda historiografia é contemporânea e, portanto, deve ser reescrita
constantemente.”
Imaginemos. É o que historiadores sempre se veem obrigados a fazer. Seu papel é o de recolher vestígios, os traços
deixados pelos homens do passado, de estabelecer, de criticar escrupulosamente um testemunho. Esses traços,
contudo, principalmente aqueles deixados pelos pobres, pelo cotidiano da vida, são tênues, descontínuos. Para tempos
muitos remotos, eles são raríssimos. GEORGES DUBY. A Europa na Idade Média.
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A PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA
No século XIX, como resultado da explosão das ciências e do conhecimento, se desenvolvem novas disciplinas, entre
elas a História, que passa a ser ministrada nas escolas como parte integrante do currículo. É necessária uma
transformação na figura do historiador, levando ao aparecimento do professor de História e do livro didático. O professor,
muitas vezes, acumula a função de pesquisador e escritor. Os países ganham a sua própria História. No Brasil, em 1838,
foi criado o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, com o objetivo de “coligir, metodizar, publicar ou arquivar os
documentos necessários para a História e a Geografia do Brasil...”
Circulando regularmente desde 1839, a Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro é uma das mais longevas
publicações especializadas do mundo ocidental. Destina-se a divulgar a produção do corpo social do Instituto, bem como
contribuições de historiadores, geógrafos, antropólogos, sociólogos, arquitetos, etnólogos, arqueólogos, museólogos e
documentalistas de um modo geral. Possui periodicidade trimensal, sendo o último número de cada ano reservado ao
registro da vida acadêmica do IHGB e demais atividades institucionais. R. IHGB
Para facilitar a leitura e o ensino, a existência humana foi dividida em duas grandes fases: a Pré-História e a História,
sendo está dividida em quatro grandes blocos de tempo:
História Antiga: compreende as fases da Antiguidade Oriental e Ocidental. Tem como marco inicial o aparecimento das
primeiras civilizações, por volta de 4500 anos a.C., e se estende até 476 d.C. quando ocorre a queda do Império
Romano ocidental.
História Medieval: compreende o período que se estende da queda de Roma – 476 – até a queda de Constantinopla,
capital do Império Bizantino em 1453.
História Moderna: estende-se desde a queda de Constantinopla, em 1453, até a Revolução Francesa, em 1789.
História Contemporânea: estende-se desde a Revolução Francesa, em 1789, até os dias atuais.
Vale ressaltar que essa divisão é apenas didática e aceita por um grupo de historiadores ocidentais.

O HISTORIADOR E O TEMPO
Para Fernand Braudel, a "História é a ciência do passado e do presente, um e outro inseparáveis".
Com base na afirmação de Braudel, é possível afirmar que o tempo e a função de historiador são inseparáveis. Assim
sendo, os estudiosos tiveram a necessidade de dimensionar o tempo dos acontecimentos e, no mundo ocidental, aceita-
se o calendário católico para o balizamento dos fatos. Assim, divide-se a História em antes e depois de Cristo

a. C d.C.
2000, 1500, 1000, 700, 500, 300, 100, 10, 1, 1, 10, 100, 300, 500, 700, 900, 1000, 1500, 2000, 2013
Nascimento de Cristo

O calendário utilizado no mundo ocidental passou a ser usado em larga escala a partir de 1582, com uma reforma
empreendida pelo papa Gregório XIII, em 1582, motivo pelo qual ficou conhecido como gregoriano. O calendário possui
alguns erros de cálculo em relação às datas originais, um deles se refere ao ano do nascimento de Cristo, que segundo
estudos mais recentes deve ter acontecido entre 4 a.C. a 7 a.C.
Vale ressaltar que atualmente existem vários calendários em vigor em regiões e povos, como o povo judeu cujo
calendário, que existe há mais de 3300 anos, ocorreu quando Deus mostrou a Moisés a Lua Nova, no mês de Nissan,
duas semanas antes da libertação dos filhos de Israel do Egito, no ano 2448 após a Criação do Mundo.
Para os islâmicos, seguidores do Islamismo, o calendário começa com a Hégira, fuga de Maomé de Meca para Medina,
que no calendário cristão ocorreu no ano de 622.

Vamos transformar os anos em séculos! Para melhor simplificar:


a) Anos terminados em 00 – se o ano terminar em 00, você deve considerar apenas os dois numerais iniciais para
indicar o século a que pertence. Ex: 1900, considere apenas o número 19 para transformar o século em algarismo
romano, que será XIX; Se o ano for 1700, considere o número 17, e daí o século VXII;
b) Anos com terminação diferente de 00 – se o ano terminar em numerais diferentes de 00, você deve considerar os
números da frente, e irá somá-los com mais um (1), para transformar ao numeral para algarismo romano. Ex. 1: ● No
ano de 1590, você considera apenas o número 15, que somado mais um (1), resulta em 16, que será transformado em
algarismo romano que será XVI; Ex. 2: ● Se o ano for 344, considere 03, somado mais 1, cujo resultado será 4, e daí o
século será IV; Ex. 3: ● Se for o ano de 789, você considerará 07, que somado com mais um (1), terá como resultado 8,
e daí o século será VIII; Podemos aplicar o mesmo raciocínio para os séculos antes de Cristo ter nascido. O século V
a.C. significa que ele teve início no ano 401 antes do seu nascimento e terminou no ano 500, também antes de seu
nascimento. O século XIX teve início em 1901 e irá terminar no ano 2000. Veja bem. O século XXI somente iniciou no
ano 2001 e não, como afirmavam algumas pessoas, no ano 2000. Todas as vezes que você tiver o ano acompanhado
por zeros, o século é o mesmo do algarismo ou dos algarismos apresentados. Ex: 500 (século V), 1100 (século XI), 1700
(século XVII) e 2000 (século XX).

Uma nova abordagem histórica


Para o historiador Marc Bloch o passado deve ser abordado de outra maneira, valorizando outros elementos que
compõe a história. O homem é um personagem histórico que não é imutável e sim dinâmico em seu tempo. A história
positivista não considera relevante o contexto histórico inserido em diferentes personagens e representações do fato e
sim numa única versão ou única “verdade”.
A revista dos Annales criada por Bloch e Lucien Febvre ganhou sua primeira edição em 1929, “dando origem a um novo
movimento de renovação da historiografia francesa e que está na base do que hoje chamamos de [nova história]”. Trata-
se também de uma nova maneira de registrar e interpretar a história, trabalhando com múltiplas representações. A

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renovação caminha ao lado da inovação, ambas precisam constantemente consultar a história para serem bem-
sucedidas em seus objetivos de representar as “mudanças” e também o futuro.

A história para “todos”


A historiografia contemporânea felizmente está demonstrando disposição para a consideração de uma amplitude de
temas. A escrita da história está ganhando novos espaços e novos instrumentos, estabelecendo, por exemplo, diálogos
interdisciplinares com outras importantes áreas do o conhecimento como a sociologia, a antropologia, a física, a
economia, a geografia, etc. Esta dimensão reúne a capacidade de formatar um processo de investigação cada vez mais
apurado e consciente do passado histórico, valorizando diferentes elementos da cultura humana no âmbito público e
privado. As tendências da historiografia contemporânea estão revelando que a história do “outro” também contém
significados e representações muito relevantes para compreensão do processo e “recorte” das ações do homem no
tempo.
Esta preocupação historiográfica apresenta novos métodos de abordar o passado e suas múltiplas representações e
integrações intelectuais, compondo a chamada “história cultural”.
Para o historiador Ronaldo Vainfas a história cultural “não recusa de modo algum as expressões culturais das elites ou
classes [letradas], mas revela especial apreço, tal como a história das mentalidades, pelas manifestações das massas
anônimas: as festas, as resistências, as crenças heterodoxas...”.
Vainfas diz ainda que este gênero historiográfico representa um refúgio da história das mentalidades, abordando a
consideração do “mental”, sem, contudo, desconsiderar a história como disciplina ou ciência, procurando corrigir os
defeitos teóricos, segundo ele, deixados pela história das mentalidades. Para Vainfas a história cultural “... revela uma
especial afeição pelo informal e, sobretudo, pelo [popular]”.
A dinâmica do passado
Falar de história sempre implica em grande responsabilidade e, sobretudo, cautela frente às novas tendências
historiográficas e novos elementos que vem sendo abordando e incorporando historicamente.
Quem já não se deparou com a frase: a história é a ciência que estuda o passado para melhor compreender o presente,
talvez na tentativa de não cometer os mesmos erros do passado no futuro.
Para o historiador Marc Bloch esta afirmação é pobre e incorreta. Limitar a história ao conhecimento e deslocamento ao
passado não explica a complexidade contida na abordagem das mudanças proferidas pelo homem, ou pelos homens, no
tempo ou nos períodos. Qualquer vestígio de alteração provocada por um ato social, por menor que este seja,
compromete-se com a história. Bloch diz ainda que “a própria ideia de que o passado, enquanto tal, possa ser objeto de
ciência é absurda. Como, sem uma decantação prévia, poderíamos fazer, de fenômenos que não tem outra
característica comum a não ser não terem sido contemporâneos, matéria de um conhecimento racional?”
A aceitação e consideração de “todos” os elementos contidos numa representação do passado é uma característica das
tendências da historiografia contemporânea. A chamada história cultural trás para si um sólido comprometimento com os
paradigmas e transformações do passado, desconstruindo uma abordagem imutável e pobre de significados.
Para Hobsbawm “o passado é uma dimensão permanente da consciência humana, um componente inevitável das
instituições, valores e outros padrões da sociedade humana.” Hobsbawm entende ainda que o historiador tem a
responsabilidade de abordar a origem do “sentido do passado”. Esta responsabilidade empregada ao historiador revela a
necessidade da utilização das considerações da história cultural. Por outro lado, isto não significa uma desconsideração
por completo da história positivista ou tradicional. A história cultural tem a capacidade de considerar tais elementos (que
eram abordados frequentemente) e ampliar a “esfera” de significados que permeiam as representações do passado
histórico.
Apesar do ritmo avassalador das mudanças contemporâneas, o passado, segundo Hobsbawm ainda é uma ferramenta
fundamental para lidar com tais mudanças, porém, de uma nova forma. O passado (se converte) “na descoberta da
história como um processo de mudança direcional, de desenvolvimento ou evolução”.
A história e o futuro
A inovação beneficia-se da história para elaboração do processo de significados e da estruturação da forma do futuro.
Para Hobsbawm a história é dinâmica de tal forma que consegue reunir a capacidade de colaborar com previsões
teleológicas. Por mais dinâmico e acelerado que sejam os ritmos da humanidade contemporânea que tem alcance a
altíssimos níveis de tecnológica, ainda assim, as estruturas intelectuais recorrem à história como mecanismo
imprescindível na elaboração e reelaboração de significados e representações do real. Há história em toda ação social,
independente do ritmo aplicado consequentes duma transformação de curta ou longa duração.
Concomitante a esta apresentação, não deixa de ser intrigante o fato de procuramos entender a história como
instrumento de apoio na “previsão” de aspectos futuros. Vejamos o que o historiador Eric Hobsbawm diz a respeito:

“..., passado, presente e futuro constituem um continuum. Todos os seres humanos e sociedades estão enraizados no
passado – o de suas famílias, comunidades, nações ou outros grupos de referências, ou mesmo de memória pessoal – e
todos definem sua posição em relação a ele, positiva ou negativamente. Tanto hoje como sempre: somos quase
tentados a dizer “hoje mais que nunca”. E mais, a maior parte da ação humana consciente, baseada em aprendizado,
memória e experiência, constitui um vasto mecanismo para comparar constantemente passado, presente e futuro. As
pessoas não podem evitar a tentativa de antever o futuro mediante alguma forma de leitura do passado. Elas precisam
fazer isto. Os processos comuns da vida humana consciente, para não falar das políticas públicas, assim o exigem. E é
claro que as pessoas o fazem com base na suposição justificada de que, em geral, o futuro está sistematicamente
vinculado ao passado, que, por sua vez, não é uma concatenação arbitrária de circunstâncias e eventos. As estruturas
das sociedades humanas, seus processos e mecanismos de reprodução, mudança e transformação, estão voltadas a
restringir o número de coisas passiveis de acontecer, determinar algumas das coisas que acontecerão e possibilitar a
indicação de probabilidades maiores ou menores para grande parte das restantes.”
Considerações finais

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Os rumos anunciados pela historiografia contemporânea estão gerando expectativas consistentes para historiadores
favoráveis as abordagens estabelecidas pelo gênero, por exemplo, da história cultural. Alguns estudiosos mencionam
um retorno da narrativa. Para o historiador Ronaldo Vainfas a história sempre foi uma narrativa, independente das
opiniões recentes de pesquisadores acadêmicos. O fato é que a história está acumulando, com o passar do tempo,
maior credibilidade e estrutura metodológica.

Idade Média - Feudalismo

I. Idade Média – Feudalismo


1. Origens do Feudalismo.
O feudalismo teve seu processo de formação iniciado a partir das transformações ocorridas no final da Antiguidade, com
a crise do Império Romano do Ocidente e das invasões bárbaro-germânicas, atingindo sua cristalização na Alta Idade
Média (séculos V – X). O processo de decadência desse modo de produção já se fazia sentir no início do século XI, mas
prosseguiria até o século XV, culminando na transição feudo-capitalista no final da Baixa Idade Média (séculos X – XV).
Por volta do século V, com o declínio romano e a desestruturação do modo de produção escravista, ocorreu um grande
êxodo urbano, levando a população a buscar sua sobrevivência no campo. A atividade agrícola, desenvolvida nas
grandes propriedades ou latifúndios (vilas), constituiu a base de uma economia de subsistência
(autossuficiência/colonato) tendo como consequência maior a estruturação do modelo feudal de produção.
Nesse contexto, os bárbaros germânicos, que passaram a ocupar a porção ocidental do Império Romano em
decomposição, foram significativos elementos do processo de estruturação do modo de produção feudal, embora outros
povos invasores tenham contribuído para promover a aceleração da ruralização e feudalização europeia.
Entre eles, estão os árabes que, por volta do século VIII, ocuparam a bacia do Mediterrâneo bloqueando as relações
entre o Ocidente e o Oriente. Posteriormente, no século IX, as invasões normandas e magiares fechariam essas ondas
de instabilidade militar provocadas pelas invasões no continente europeu.
Podemos, com isso, concluir que o modo de produção feudal foi resultado da conjugação de fatores estruturais (fusão do
modo de vida romano e bárbaro) e conjunturais (invasões bárbaras, árabes, normandas, etc.).
As origens do feudalismo: concluindo-
A ocupação dos bárbaros na porção ocidental do Império Romano provocou insegurança entre a população,
redução da atividade comercial e da vida urbana. Houve um processo de ruralização da sociedade e, como os grandes

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proprietários de terras garantiam proteção às pessoas que abandonavam a cidade buscando o campo, eles tiveram seu
poder aumentado.
Essa ruralização acentuou-se com:
 os constantes ataques dos árabes nas cidades litorâneas da Europa, levando a população a fugir para o
interior do continente (século VIII);
 o desmembramento do Império Carolíngio, o que provocou o enfraquecimento do poder real;
 as invasões dos normandos (também chamados de vikings) e húngaros, no século IX, aumentando o clima
de insegurança na Europa. Em decorrência, como os senhores de terras organizavam a defesa nas suas
propriedades, tiveram seu poder político aumentado.
Algumas instituições que vigoraram durante o feudalismo foram herdadas dos romanos e dos bárbaros germanos:
 clientela – na antiga Roma, havia o cliente, em geral um plebeu que, em busca de proteção e ajuda, ligava-
se a um patrício. Em troca, prestava serviços e fornecia rendas ao seu protetor. Essa relação de
dependência era muito semelhante à que o servo tinha com o senhor durante o feudalismo;
 colonato – instituição romana que obrigava o colono a permanecer nas propriedades rurais;
 comitatus – instituição germana pela qual os guerreiros se uniam voluntariamente em torno de um líder
militar, ao qual deviam total obediência;
 benefício – instituição que vigorava no Império Carolíngio. Consistia na doação de terras como
recompensa por serviços prestados, principalmente ajuda militar.

2. Economia Feudal
O sistema feudal, característico do Ocidente europeu, tinha por fundamento a economia agrária, natural (monetária),
autossuficiente e rural. O modelo de propriedade feudal era o latifúndio senhorial, pertencente à camada privilegiada
(elite/origem), formada pela nobreza feudal (senhores e alto clero).
A principal unidade de produção era "o feudo" que se dividia da seguinte maneira:
I. Manso senhorial: terras de propriedade e posse do senhor feudal.
II. Manso servil: terras de propriedade do senhor feudal, mas trabalhadas pelos servos e família.
III. Manso de reserva: bosques, pastagens e pradarias que eram utilizados pelo senhor feudal e seus servos.
A economia feudal estava voltada par a agricultura. Os feudos eram autossuficientes, isto é, produziam tudo aquilo de
que necessitavam para sobreviver. Neles havia uma pequena circulação monetária e as trocas de gêneros, na maioria
dos casos, eram feitas in natura.

Predominavam as relações servis de produção, baseadas nas obrigações compulsórias impostas pelos
senhores ao servo. As técnicas de cultivo eram rudimentares, e o resultado era a baixa produtividade. Para melhor
aproveitamento das terras, utilizava-se o sistema dos três campos. Enquanto dois campos eram cultivados, o terceiro
permanecia em repouso. Nesse sistema havia a rotatividade de culturas. Por exemplo, num campo plantava-se trigo no
primeiro ano, cevada no segundo, e no terceiro ele ficava em repouso.

Além da agricultura, os camponeses criavam suínos, bovinos e aves, além de abelhas para a produção de mel,
utilizado para adoçar os alimentos.

3. Sociedade Feudal

A sociedade feudal era formada por duas camadas (estamentos), ou melhor, dois grupos sociais rigidamente
hierarquizados (status quo = origem): os senhores feudais e os servos.
Os servos constituíam a maior parte da população camponesa submetida, como no colonato romano, às pressões e à
exploração senhorial. Eram forçados a realizar serviços e a pagar diversos impostos ou obrigações em troca da
permissão de uso ou posse da terra e da tão necessária proteção militar representada pelo castelo feudal.
A sociedade feudal
A sociedade feudal europeia estava dividida em três estamentos, com funções definidas: a nobreza, o clero e os
camponeses.
 Nobreza: era o estamento dominante. Apropriava-se da produção servil e administrava a justiça, criava e cobrava
impostos, cunhava moedas, determinava a guerra e a paz.
 Clero: dividido em alto e baixo, dedicava-se à oração e à propagação da fé cristã e justificava as relações sociais. A
Igreja detinha o monopólio do saber e do conhecimento.
 Camponeses: formavam o estamento não-privilegiado; divididos em duas categorias: servos (trabalhavam a terra e
estavam presos a ela, não podendo abandonar o feudo) e vilões (trabalhadores livres, com obrigações definidas em
contrato de trabalho).
As obrigações servis eram: cultivar a terra e pagar tributos.
Entre os tributos, destacam-se:
 corveia – trabalho compulsório nos domínios do senhor, com restaurar pontes, residências, construir estradas, etc.;
 talha – uma parte da produção deveria ser entregue ao senhor, como forma de pagamento pelo uso da terra;
 capitação – tributo pago por pessoa conforme o que o senhor estipulasse. O tributo era pago somente pelo servo, o
vilão estava isento;
 censo – tributo (renda anual em dinheiro) pago somente pelo vilão pelo uso da terra;
 banalidade – espécie de retribuição que os servos deviam ao senhor feudal pela utilização do forno ou do moinho;
 taxas de justiça – vilões e servos pagavam taxas para serem julgados no tribunal do senhor;
 taxas de casamento – quando o servo resolvia casar fora do feudo, era obrigado a pagar a taxa de consórcio;
 mão-morta – após a morte do servo, a família era obrigada a pagar essa taxa ao senhor feudal.

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4.Política Feudal
No período de plenitude do feudalismo, notavam-se quatro instituições ou elementos básicos: o feudo, o suserano, o
vassalo e o contrato feudal.
O feudo era um território que se doava: essa porção de terra era um instrumento rendoso para o doador, pois dele
cobraria pedágio, obrigações, etc. O suserano era o nobre feudal que doava o feudo (o rei ou senhor que resolvesse
desmembrar seus territórios). O vassalo era o senhor ou nobre feudal que recebia o feudo. O contrato feudal era o
documento que regulava a doação do feudo, bem como os direitos e deveres (obrigações) do suserano e do vassalo.
A doação se processava em cerimônia solene, composta pelo ritual da "homenagem" e da "investidura". Na homenagem,
o vassalo ajoelhava-se, colocando-se a serviço do suserano e procedia ao "juramento de fidelidade". Na investidura, o
suserano entregava um símbolo que representasse o feudo (lança com uma flâmula, espada ou anel).
Recebido o feudo, o vassalo passava a ter certas obrigações para com o suserano. As mais importantes eram:
• prestar-lhe auxílio militar;
• participar de seu tribunal;
• dar-lhe contribuições financeiras em algumas ocasiões (guerras, epidemias).
O suserano, por seu turno, obrigava-se a oferecer ao vassalo proteção militar e garantir-lhe certos direitos, entre os
quais:
• administrar livremente o feudo;
• o direito de cobrar tributos (obrigações);
• cunhar moedas;
• ministrar a justiça (local).
Em síntese, durante a Idade Média, o poder estava nas mãos do rei e da nobreza feudal (alto clero e senhores), com o
rei, o poder era de direito (herança), pois, de fato, o poder político era exercido pela nobreza. Dessa maneira, as
instituições políticas se apresentavam descentralizadas, marcadamente localizadas (localismo político/mandonismo) .

A política no tempo do feudalismo

A relação política fundamental era a suserania e a vassalagem (aquele que doava o feudo era o suserano;
aquele que o recebia era o vassalo).
Os vassalos tinham a posse da arrecadação dos tributos e a aplicação da justiça, baseada em costumes;
formavam milícias locais e cunhavam moeda.
Desde que ocorreu a fragmentação do Império Carolíngio, aos poucos os monarcas passaram a ter somente o
poder de direito, pois os senhores feudais eram quem exercia o poder de fato. Portanto, o rei continuou existindo
durante o feudalismo, só que não governava.
O poder político era descentralizado, local, pois cada senhor feudal possuía todos os poderes dentro do seu
feudo e detinha os seguintes privilégios:
 posse da arrecadação dos tributos;
 aplicação da justiça baseada no costume, o direito consuetudinário;
 formação de milícias locais par defender seus domínios;
 cunhagem de moedas, bem como imposição do valor dos produtos comercializáveis.

Crise do sistema feudal.

O fim do sistema feudal costuma ser delimitado pela queda do Império Romano do Oriente (Queda de Constantinopla)
no século XV e, na Europa deveu-se a diversos motivos econômicos, sociais, políticos e religiosos. Dentre eles podemos
destacar a fome ocasionada pela estagnação das técnicas agrícolas aliada ao crescimento excessivo da população; a
peste que assolou a Europa dizimando um terço da população já bastante debilitada pela fome; o esgotamento das
reservas minerais que abalou a produção de moedas afetando inevitavelmente as operações bancárias e o comércio; a
ascensão da burguesia e a crise religiosa ocasionada pela necessidade de uma nova filosofia religiosa e novas
necessidades espirituais.

A Peste Negra
Se a partir do século XI a Europa assistiu um impressionante estímulo das atividades econômicas, além do crescimento
populacional, o século XIV foi marcado, sobretudo, por inúmeras tragédias, como escassez de alimentos, pestes e
guerras. O resultado desse século negro foi nada menos do que a crise do feudalismo e do poder dos senhores feudais.
A partir de 1315 chuvas intensas e incomuns acabaram com as colheitas fazendo com que a fome se disseminasse. A
chamada “grande fome” acabou se agravando nos anos seguintes matando centenas de milhares de pessoas.
Poucas décadas depois da grande fome outro tormento afligiria a Europa: a peste negra. A peste negra era na verdade
um tipo de peste bubônica, transmitida por pulgas e das ratazanas. Acredita-se que a peste tenha chegado à Europa em
1347 através dos genoveses que comercializavam com o Oriente, e se disseminado rapidamente por meio das agora
dinâmicas rotas comerciais. Em pouquíssimo tempo já havia se alastrado por toda a Europa, chegando à Inglaterra,
Península Ibérica e ao Sacro Império.
Estima-se que cerca de um terço da população da Europa morreu em decorrência da peste negra. Para ter uma ideia à
Inglaterra possuía uma população estimada de 3,7 milhões foi reduzida para 2,25 milhões. A Europa recuperaria a sua
população somente no século XVI. A ciência da época não conhecia a peste bubônica, não havia conhecimento
adequado do que poderia se feito para evitá-la e normalmente se associava a doença a cólera divina, a ira divina sobre
os humanos. Era comum culpar os judeus ou os leprosos pela doença, ou se buscar a penitência para curá-la. A peste
acabou se estendendo por todo o século XIV adentrando o século XV.

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As Cruzadas
Trata-se de uma série de expedições militares estimuladas e organizadas pela Igreja com o intuito de combater os
inimigos do cristianismo e de libertar a Terra Santa do domínio dos turcos, considerados infiéis. Incentivadas e
legitimadas pela Igreja por meio da ideia de “guerra santa”, ou seja, uma guerra autorizada por deus – onde os
combatentes receberiam recompensas divinas, inclusive, a salvação da alma – o movimento se estendeu desde finais do
século XI até meados do século XIII.
O próprio termo “cruzadas” é representativo da importância da Igreja no movimento uma vez que faz referência aos
“soldados de Cristo”, ou os cruzados, que eram identificados por uma cruz bordado em suas vestes. Tratava-se,
sobretudo, de uma ligação entre o indivíduo e o divino, onde os combatentes, automaticamente convertidos em
“combatentes de Cristo” poderiam matar os infiéis com o respaldo dos céus, tranquilos de que não sofreriam nenhuma
punição por isso. Para além da necessidade de livrar a Terra Santa dos mulçumanos, outros motivos levaram a
Cristandade a empreender o movimento das Cruzadas, entre esses motivos podemos destacar:

 A conquista de novas terras em face das relações de vassalagem e do aumento demográfico. O sistema feudal
e os laços de vassalagem apresentavam um esgotamento em se tratando da possibilidade da ampliação dos
laços de lealdade e fidelidade baseados na doação de terras. Na Europa havia o costume onde o primogênito
herdava as terras do nobre. Parte dos filhos nobres sem-terra poderia entrar em ordem militares associada à
Igreja, ou servir como cavaleiros a outros suseranos importantes, mas, mesmo assim, nem todos poderiam ser
incorporados à nobreza em uma posição privilegiada. As cruzadas se mostravam como uma possibilidade para
a conquista de terras, que se tornariam propriedades de filhos e parentes que não conseguiam tornarem-se
grandes senhores feudais na Europa.
 As cruzadas consistiam em uma válvula de escape para o contingente de cavaleiros e a crescente e perigosa
instabilidade que acompanhava essa sociedade pautada pela honra da cavalaria, mas ao mesmo tempo, pelos
sangrentos torneios entre cavaleiros, pelas disputas e guerras entre senhores feudais. Nesse âmbito, a
violência deveria ser canalizada para a luta religiosa algures, em Jerusalém, para o bem da cristandade e a
salvação das almas cristãs. A Igreja já vinha tentando controlar a violência da cavalaria. No século X foi
estabelecida a Paz de Deus, onde os cavaleiros passaram a jurar sobre relíquias sagradas manter a paz e
proteger a sociedade; a partir de 1020 foi criada ainda a Trégua de Deus, onde se estabeleceu um calendário
para as guerras, com a condenação dos conflitos em dias santos.
 Interesses mercantis. Tratava-se de expandir o comércio com o Oriente. Os produtos orientais eram muito
apreciados pela nobreza e as cruzadas mostravam-se enquanto uma possibilidade de ampliar e dominar o
comércio com o Oriente.
 O desejo dos papas em acabar com a Cisma de 1054 que dividiu a cristandade em Igreja Católica Apostólica
Romana e a Igreja Ortodoxa, sediada em Constantinopla e que tinha na figura do patriarca grego o seu líder. A
ambição de Roma era a unificação, colocando novamente os cristãos do Oriente sobre sua autoridade.
 O desejo de Constantinopla recuperar os seus territórios na Ásia Menor, que estavam sob o domínio dos
muçulmanos.
 O fator psicológico, que pode ser expresso pelo impulso religioso calcado na divina missão de resgatar os
locais santos, que levava multidões a um processo de peregrinação espontânea, até mesmo como forma de
purifica a alma e obter o perdão pelos pecados cometidos. Em inúmeras situações o papa incitou os cristãos ao
conflito, autorizando a matança, desde que as vítimas fossem infiéis. Mais do que isso, a morte em combate
levaria a indulgência plena, isto é, a remissão de todos os pecados.
Ao mesmo tempo não se pode desprezar a mentalidade da cavalaria em torno de ideais como coragem e lealdade. Os
cavaleiros eram preparados para lutar, e não havia luta mais digna do que a luta por Cristo; além da própria aventura,
tipicamente associado com os ideais da cavalaria.

Contudo, para além das alegações religiosas associadas pela Igreja para legitimar o movimento das cruzadas, na visão
dos povos islâmicos, os soldados de cristo eram considerados selvagens, atrasados, ignorantes nas artes e nas
ciências, absurdamente fanáticos que não hesitam em queimar templos, saquear ou dizimar populações inteiras.
De fato, os cristãos cometeram atos de extrema e impensável crueldade em seu movimento santo. Até entre os próprios
cristãos, como no caso do saque de Constantinopla durante a quarta cruzada, no ano de 1204.
As cruzadas constituem um movimento quase permanente de peregrinação militar em direção à Terra Santa. Contudo,
algumas expedições tiveram uma organização especial, sendo a Cruzada Popular seguida de nove outras expedições
de grande porte.
Os conteúdos dispostos nas postagens são rascunhos, podendo apresentar erros de concordância ou ortografia. Na
medida do possível tentar-se-á corrigir as imprecisões, incluir a bibliografia e rever textos e informações imprecisas.
Observação:
O Cisma ou separação chamado de Grande Cisma do Ocidente dividiu o catolicismo desde 1378 até 1417. Durante a
sua história, ocorreram importantes divisões na Igreja Cristã, rupturas importantes que foram chamadas de Cismas
(separações), como o Cisma do Oriente (1054) e esse do Ocidente (entre 1377 e 1417). Também ocorreu a importante
ruptura do século 16, com a Reforma Protestante em 1517.
No seu pontificado, o Papa Bonifácio VIII (1294-1303) disputou o poder com o rei francês Filipe IV, o belo. Com a morte
de Bonifácio VIII (1303), Felipe IV pressionou e conseguiu eleger um papa francês para o substituir, Papa Clemente V. O
monarca francês obrigou o sucessor deste Papa a se instalar em território francês, deixando vago o trono do Papa em
Roma. O Papado foi transferido para Avignon, sul da França, de 1309 até 1377, período chamado de Cativeiro de
Avignon, quando vários papas se submeteram ao poder dos reis capetíngios. Mais fatores políticos ocorridos ao final do
Pontificado em Avignon levaram o novo Papa francês, Gregório XI, a querer retornar a sede papal para Roma, onde ele
faleceu, em 1378, e novo papa foi escolhido: o cardeal de Bari (Itália) foi eleito papa Urbano VI, pressionando para que a
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sede do papado novamente se instalasse em Roma. Mas, inconstante, Urbano VI foi rejeitado pelo clero que anulou sua
eleição. Mas, alguns cardeais se uniram à Rainha Joana I, de Nápoles (Itália) e escolheram o cardeal de Genebra como
Papa Clemente VII. A sede de seu papado se manteve em Avignon e Clemente VII ficou conhecido como o Antipapa.
O catolicismo ocidental, cindido, com dois papas brigando entre si. Esse foi o início do Grande Cisma do Ocidente.
Em Roma, Urbano VI era apoiado pelos ingleses, Sacro Império, Flandres e norte da Itália. Logo, o Papa Bonifácio IX
sucedeu a Urbano VI.
Em Avignon, Clemente VII era apoiado por diversos monarcas e pessoas de destaque na Igreja (França, Nápoles,
Castela, Aragão, Lorena e Escócia) - – era conciliador. O Papa Benedito XIII (ou Bento XIII) sucedeu a Clemente VII,
mas foi contestado por Alexandre V, e teve como seu sucessor o Antipapa João XIII, com sede em Piza (Itália).
O Cisma dentro do cisma se tornou dramático e teve alcance continental, chegando a Igreja a ter três Papas: Bonifácio
IX sucedido por Gregório XII (em Roma), Benedito XIII (em Avignon) e João XIII (em Piza), brigando entre si para
reivindicarem o poder sobre o catolicismo ocidental no século 15.
A igreja católica atingiu o máximo de sua instabilidade religiosa e política e convocou o Concílio de Constança (1414)
para solucionar a crise dos 3 papas e das sedes de pontificados. Em Constança, o consenso resultou na renúncia do
papa de Roma (Gregório XII), a deposição de João XIII (e Piza) e a excomunhão de Bento XIII (de Avignon).
Em 1417, os católicos ocidentais escolheram apenas um novo nome, Martinho V, findando o Grande Cisma do Ocidente
e retornando a sede do pontificado para Roma.

Concluindo:

Transformações econômicas – o renascimento comercial e urbano


A partir do século XI, as inovações técnicas e o aumento das áreas de cultivo fizeram com que a produção de alimentos
aumentasse. Isso gerou três consequências: primeiramente, colaborou para o crescimento da população e da
expectativa de vida, já que os europeus passaram a se alimentar melhor e a viver mais; em segundo lugar, o
renascimento urbano, já que com o aumento da oferta de alimentos, não havia tanta necessidade de muitas pessoas
trabalhando nas plantações; por fim, gerou um excedente de produção que passou a ser comercializado, causando
o renascimento comercial.
A partir do momento em que surge o comércio, o lucro passa ser importante, então percebemos que aquela economia
somente de subsistência vai perdendo sua força. A economia passa pela fase de transição do modo-de-produção feudal
para o modo-de-produção capitalista burguesa.
O comércio de longa distância também cresceu nas principais cidades portuárias da Europa: Gênova, Veneza,
Constantinopla, Trípoli, entre outras.
Transformações sociais – o fim da sociedade estamental e o surgimento de uma nova classe social: a burguesia
Se, durante os primeiros séculos da Idade Média, a vida no campo era mais importante do que a urbana, a partir do
século XI, as cidades cresciam algumas ao redor de feiras, outras nas margens dos rios ou em volta do castelo de algum
nobre. As cidades também eram chamadas de burgos, e seus habitantes de burgueses. A riqueza dos burgueses era
consequência do seu trabalho, e esta era a característica que os distinguia da nobreza.
Os burgueses só poderiam trabalhar na cidade medieval, se possuíssem algum tipo de vínculo com uma corporação de
ofício, isto é, uma associação de profissionais do mesmo ramo de atividade: havia corporações de sapateiros, de
ferreiros, de tecelões, etc. cada corporação controlava os preços, a qualidade e a quantidade de seus produtos, além de
estabelecer as regras para o ingresso na profissão.
Os comerciantes também tinham suas associações. Elas chamavam-se ligas, e seu principal objetivo era liderar o
comércio em determinada área e evitar a concorrência entre seus membros.
Transformações políticas
Enquanto na Alta Idade Média a política era descentralizada, devido ao fato de o poder pertencer não a um, mas a vários
senhores feudais por todo continente europeu, a Baixa Idade Média será a época da formação dos Estados Nacionais, o
que significa dizer que o poder passou a ser exercido por reis que controlavam grandes extensões de terra, que mais
tarde formariam os países europeus que conhecemos hoje em dia.
Com o revigoramento do comércio e das cidades, surgiu um novo grupo social (a burguesia) composto principalmente
por comerciantes e artesãos. Porém a existência de diversos senhores feudais dificultava a comercialização, já que
havia vários impostos entre os feudos e moedas diferentes.
Dispostos a mudar essa situação, os burgueses aproximaram-se de alguns reis, a fim de obter proteção e de unificar
pesos, moedas e medidas. Além da burguesia, a nobreza também se aproximou do rei, já que saíra enfraquecida por
causa do insucesso das Cruzadas e precisava de dinheiro e de proteção contra as revoltas camponesas. Os
camponeses, por sua vez, esperavam que os reis os defendessem dos abusos cometidos pelos seus senhores feudais.
Dessa maneira, o rei conseguiu o apoio de toda a população e fortaleceu-se. Aos poucos, o rei foi impondo sua
autoridade para cobrar impostos para criar um exército nacional em troca da proteção que todos queriam.

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