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Parte 1
A FUNÇÃO SOCIAL DO PROFESSOR
EDUCAÇÃO
Análise sobre as atitudes e valores de ensino e o papel da educação no desenvolvimento de competências
éticas e de valores.
Introdução
Quando se fala na função social do professor, observa-se que existe um conjunto de situações relacionadas
como atitudes, valores, éticas, que formam itens fundamentais para o seu desenvolvimento no papel da
educação. No primeiro momento irá se fazer uma análise sobre as atitudes e valores de ensino, e em
seguida sobre o papel da educação no desenvolvimento de competências éticas e de valores.
Atitudes e Valores do Ensino
Com base no Capítulo 1 do Livro Atitudes e Valores do Ensino de Felipe Trillo Alonso, que fala sobre O
Discurso Didático sobre Atitudes e Valores do Ensino, percebe-se que existe uma série de fatores que se
relacionam com o processo de aprendizagem, que envolvem professor, aluno e escola. Esses fatores são:
Atitudes e valores vão se formando ao longo da vida, através de influências sociais; A escola tem papel
fundamental no desenvolvimento das atitudes e valores através de um modelo pedagógico eficiente; O
ensino e a aprendizagem estão relacionados num processo de desenvolvimento das atitudes e valores de
acordo com a diversidade cultural; O Professor como ponte de ligação entre a escola e o aluno,
proporcionando o desenvolvimento das atitudes no processo de aprendizagem.
Quando se fala em atitude, é comum escutar frases como: ela é uma pessoa de atitude, ou não vejo que
ela tenha atitude. Mas afinal o que é atitude.
De acordo com Trilo (2000, p.26) atitude é algo interno que se manifesta através de um estado mental e
emocional, e que não tem como ser realizadas medições para avaliação de desempenho e não está exposto
de forma que possam ser visualizados de maneira clara.
[...] Que se trata de uma dimensão ou de um processo interior das pessoas, uma espécie de substrato que
orienta e predispõe atuar de uma determinada maneira. Caso se trate de um estado mental e emocional
interior, não estará acessível diretamente (não será visível de fora e nem se poderá medir) se não através
de suas manifestações internas. [...]
A atitude é um processo dinâmico que vai se desenvolvendo no decorrer da vida mediante situações que
estão em sua volta como escola, família, trabalho. Trillo (2000) relata que “atitude é mas uma condição
adaptável as circunstâncias: surgem e mantém-se interação que indivíduo tem com os que o rodeiam”.
A escola é fator importante no desenvolvimento da atitude, pois no decorrer de nossa vida se passa boa
parte do tempo numa unidade de ensino, o que proporciona uma inserção de conhecimento.
Segundo Trillo (2000, p.28) a escola através ações educativas, proporciona os estímulos necessários na
natureza para a construção de valores.
[...] Do ponto de vista da teoria das atitudes, pelo nos casos em que se acedeu ao seu estudo a partir de
casos de delineamentos vinculados a educação, não surgem controvérsias importantes no que se refere
ao facto de se tratar ou não natureza humana susceptíveis de serem estimulados através da ação
educativa. Ou seja, parece existir um acordo geral segundo o qual as atitudes e os valores poderiam ser
ensinados na escola [...]
As ações das atitudes começam a se desenvolver logo na criança quando ela está rodeada de exemplos
de família, amigos e principalmente pelos ensinamentos da escola. É interessante que quando se tem um
ambiente favorável e principalmente dos pais, acompanhando e orientando a criança, percebe-se a
construção de boas atitudes.
De acordo com Trillo (200, p.35) as crianças imitam os comportamentos em sua volta, de maneira que são
estimuladas através de exemplos de atitudes positivas, o que proporciona a autoestima.
[...] Nesta perspectiva, os mecanismos básicos da aquisição são a imitação e o esforço. As crianças
pequenas vão imitando os comportamentos que observam a sua volta e, desta forma, esses
comportamentos vão se fixando ou desaparecendo, como consequência do reforço positivo ou negativo
que recebem (em forma de aprovação e reconhecimento dos outros ou em forma de autogratificação: sentir-
se bem, reforçar a própria autoestima, etc. [...]
Um ponto importante no processo de construção das atitudes está o papel do professor. Ele tem a função
de criar um processo de aprendizagem dinâmico entendendo a necessidade e diversidade do aluno,
mostrando os caminhos corretos para o desenvolvimento das atitudes.
Segundo Trillo (2000, p.44) o professor tem que ter a habilidade de estimular os alunos através de trabalhos
dinâmicos de expressão pessoal, em meio a diversidade e perspectivas diferentes, acompanhando e
valorizando os pontos dos trabalhos, de modo a enriquecer as atitudes dos alunos.
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[...] O professor /a que procura nos trabalhos a expressão pessoal dos seus estudantes, e que os adverte
valorará a originalidade como um dos pontos importantes dos seus trabalhos, está a estabelecer as bases
de uma atitude de expressão livre. E se isto ampliar, no sentido em que, numa fase posterior do processo,

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cada um deverá ir expondo e justificando as suas conclusões pessoais, parece provável que a atitude de
trabalho pessoal será enriquecida com a componente de reflexão e a que diz respeito a diversidade e as
diferentes perspectivas sobre as coisas [...]
As atitudes de valores de ensino é um processo dinâmico e construtivo, e cada vez mais necessita da
presença da escola, professor, aluno e demais ambientes sociais, visto que o processo de aprendizagem
se torna eficiente e eficaz, quando todos os envolvidos tenham discernimento de trabalhar o conhecimento
tomando atitudes corretas de acordo com os valores éticos, morais e sociais.
O Papel da Educação no Desenvolvimento de Competências Éticas e de Valores
Desenvolver a educação alinhada a ferramentas como ética e valores não é tarefa fácil quando se depara
com uma diversidade de situações que se encontra na sociedade do mundo de hoje.
A educação não é a única alternativa para todas as dificuldades que se encontra no mundo atual. Mas, a
educação significa um importante caminho para que o conhecimento, seja uma semente de uma nova era
para ser plantada e que cresça para dar bons frutos para sociedade.
De acordo com Johann (2009, p.19) a ética é um fator primordial na educação, pois já é parte do princípio
da existência humana.
[...] Se a educação inclui a ética como uma condição para que ela se construa de acordo com a sua tarefa
primordial, antes de tudo, buscaremos compreender o que se entende por educar e de que tarefa se trata
aqui. Para explicitar o conceito de educação que assumimos ao relacioná-la com a ética, começaremos por
contextualizar a existência humana, razão da emergência do fenômeno educativo e das exigências éticas
[...]
Percebe-se a importância da ética no processo de aprendizagem, onde alunos professores e escolas,
devem selar este princípio na troca de informações para o crescimento do conhecimento.
Os valores a serem desenvolvidos como uma competência educacional, é um desafio para escolas,
professores e alunos devido a diversidade social, em que tem que ter um alinhamento flexível do modelo
pedagógico das escolas e da didática do professor.
Segundo Araújo e Puig (2007, p.35) os valores educacionais devem ser construídos com base num envolto
de ferramentas como democracia, cidadania e direitos humanos, de modo que estes valores a todo instante
se relacionam com a diversidade social no ambiente interno e externo da escola.
[...] Assim o universo educacional em que os sujeitos vivem devem estar permeados por possibilidades de
convivência cotidiana com valores éticos e instrumentos que facilitem as relações interpessoais pautadas
em valores vinculados a democracia, a cidadania e aos direitos humanos. Com isso, fugimos de um modelo
de educação em valores baseado exclusivamente baseado em aulas de religião, moral ou ética e
compreendemos que a construção de valores se dá a todo instante, dentro e fora da escola. Se a escola e
a sociedade propiciarem possibilidades constantes e significativas de convívio com temáticas éticas, haverá
maior probabilidade de que tais valores sejam construídos pelos sujeitos [...]
Conclusão
Contudo, a função social do professor é um ambiente bem complexo de se analisar, visto que ela está
relacionada a situações como atitudes, valores e éticas, estes itens de grande importância para o
desenvolvimento além do professor, mas para escolas e alunos, pois a sociedade em que se vive, é cada
vez mais diversificada, exigindo do professor flexibilidade de métodos de ensino, e das escolas modelos
pedagógicos mais dinâmicos, para satisfazer a necessidade dos alunos diversificados a fim de construir
uma sociedade com conhecimento.
Referências Bibliográficas
TRILLO, Felipe (2000) “Atitudes e Valores do Ensino”, Lisboa. Editora Piaget.
JOHANN, Jorge Renato (2009) “Educação e Ética – em busca da aproximação”, Porta Alegre. Editora
EDIPUCRS.
ARAUJO, Ulisses F. e PUIG, Josep Maria (2007) “/Educação e Valores”, São Paulo. Editora SUMMUS.
Publicado por: Levy de Queiroz Carmo

PAPEL ÉTICO E MORAL DO EDUCADOR

Claudenice Costa de Souza

Pedagogo, especialista em Educação Infantil,

Mestranda em Ciências da Educação – Universidade Tecnológica Intercontinental (UTIC)

Resumo: A finalidade deste artigo é refletir sobre a exigência ética da moral na educação, pensando sobre
a questão de como a escola pode contribuir para a formação ética e moral de seus membros em nossa
sociedade contemporânea. Inicia-se com a análise sobre a relação de pertença entre ética e educação,
abordando a relação conceitual dos termos e reconstruindo os principais paradigmas ético-educacionais.

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Introdução
Na introdução do tema: Ética e moral, há explícito que nos costumes, manifesta-se um aspecto fundamental
da existência humana: a criação de valores. Os diversos grupos e sociedades criam formas peculiares de
viver e elaboram princípios e regras que regulam seu comportamento. Esses princípios e regras específicos,
em seu conjunto, indicam direitos, obrigações e deveres. Não há valores em si, mas sim propriedades
atribuídas à realidade pelos seres humanos, a partir das relações que estabelecem entre si e com a
realidade, transformando-a e se transformando continuamente. Assim, valorizar significa relacionar-se com
a natureza, atribuindo-lhe significados que variam de acordo com necessidades, desejos, condições e
circunstâncias em que se vive. Pela criação cultural, instala-se a referência não apenas ao que é, mas ao
que deve ser. O que se deve fazer se traduz numa série de prescrições que as sociedades criam para
orientar a conduta dos indivíduos. Este é o campo da moral e da ética.

Esse trabalho tem como objetivo demonstrar a abordagem do papel da ética e a moral para o educador
desse novo mundo contemporâneo, bem como a importância desse tema na educação. Sendo que ética
são os princípios morais e os valores que norteiam os seres humanos nas suas ações com outros membros
da coletividade.

Será abordado as formas de ensino sobre ética e moral constante nos Parâmetros Curriculares Nacionais:
tendência filosófica, afetivista, moralista e democrática.

A ÉTICA, MORAL E O EDUCADOR

No mundo instaura-se vivência das incertezas e busca constante de novos conhecimentos, choque da
sociedade da informação, da globalização, da civilização técnica e científica. Neste eixo permanente de
vivências, pensasse a respeito do papel do educador nesta sociedade pós-moderna.

Faz-se necessária à compreensão detalhada acerca de qual seria o papel moral do educador, sendo
imprescindível o entendimento diferenciado entre a ética e a moral. Alguns autores, entre eles Moretto e
Vasquez, conceitua ética como sendo a ciências que estuda e reflete o comportamento do ser humana
sociedade. Percebe-se, dessa forma a cumplicidade de se ensinar ética, uma vez que, sendo princípio
norteador, esta não dita normas, mas possibilita uma reflexão dessas, enquanto que, a moral é um conjunto
de regras que dita as ações do ser humano na sociedade.

Nesse contexto, a ética, na ciência permanece desde os tempos da antiguidade até os dias atuais, ao
contrário da moral que vai se modificando conforme a evolução histórica do homem. Essa vertente respalda
em termo do seguinte questionamento: Qual o papel moral do Educador para atuar no mundo pós-
moderno? Tendo em vista que a idade moderna não trouxe resposta às indagações internas do educador,
que se angustia diante de um cenário que nem o próprio educador sabe o seu papel moral de atuar
pedagogicamente, parafraseando Fernando Pessoa: “Sou um arquipélago de incertezas...” A moral
perpassa por contexto conflituoso que depende dos fatores culturais e sócias. A ética parte ou surge de
uma reflexão em que o indivíduo toma consciência e torna-se autônomo, critico, reflexivo e transformador
em seu contexto sócio histórico.

Assim, o papel do educador é promover uma tomada de decisão de consciência, que o resultado em um
processo democrático e integrador, voltado ás especificidades e diversidades socioculturais, que se
traduza na vontade de fazer cidadania, numa dinâmica de flexibilidade do aprender a pensar, ser, conviver
que se apresenta nesse novo cenário pós- moderno.

Assim, como a cultura varia, as normas culturais também. Dessa forma sociedade se estrutura de forma
diferente. Os valores diferem de sociedade para sociedade. Numa mesma sociedade, valores diferentes
fundamentam interesses diversos. No cotidiano estão sempre presentes valores diferenciados, e a
diversidade pode levar, sem dúvida, a situações de conflito. Longe de querer dissolver esses conflitos,
impondo uma harmonia postiça, é importante que se instale a atitude problematizadora. O que é preciso
considerar, sempre, é que não existem normas acabadas, regras definitivamente consagradas. A moral
sofre transformações, principalmente quando submetida à reflexão realizada pela ética. Conforme o PCN
(1998, p. 53):

Nesse sentido, a distinção que se faz contemporaneamente entre ética e moral tem a intenção de salientar
o caráter crítico da reflexão, que permite um distanciamento da ação, para analisá-la constantemente e
reformulá-la, sempre que necessário. Por ser reflexiva, a ética tem, sem dúvida, um caráter teórico. Isso
não significa, entretanto, que seja abstrata, ou metafísica descolada das ações concretas. Não se realiza o

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gesto da reflexão por mera vontade de fazer um "exercício de crítica". A crítica é provocada, estimulada,
por problemas, questões de limites que se enfrentam no cotidiano das práticas. A reflexão ética só tem
possibilidade de se realizar exatamente porque se encontra estreitamente articulada a essas ações, nos
diversos contextos sociais. É nessa medida que se pode afirmar que a prática cotidiana transita
continuamente no terreno da moral, tendo seu caminho iluminado pelo recurso à ética.
Ao ingressar no campo da ética no ensino escolar, as atividades persecutórias esbarram-se em limitações,
não sendo totalmente livres para agirem. Deve haver respeito coma individualidade e a realidade posta a
cada aluno. Como também coma realidade de cada sociedade. Logo ao nascer, o ser humano se relaciona
com regras e valores da sociedade em que está inserido. A família é o primeiro espaço de convivência da
criança. Ao lado da família, outras instituições sociais veiculam valores e desempenham um papel na
formação moral e no desenvolvimento de atitudes. As presenças constantes dos meios de comunicação de
massa nos espaços públicos e privados conferem a eles um grande poder de influência e de veiculação de
valores, de modelos de comportamento. A religião contribui da mesma forma. As várias instituições sociais,
motivadas por interesses diversos concorrem quando buscam desenvolver atitudes que expressam valores.
Os indivíduos transitam por algumas dessas instituições durante toda a sua vida; em outras, por períodos
determinados; e em outras, ainda, nunca transitarão.

A ética depende do tipo de relação social que o indivíduo mantém com os demais e, segundo o autor
existem tantos tipos de moral como de relações sociais. A moral é imposta a partir do exterior como um
sistema de regras obrigatórias, muitas vezes difícil de ser compreendida. Tamanha é a interferência da
diversidade cultural que é explanado no PCN:

O fato é que, inevitavelmente, os indivíduos se constituem como tais convivendo simultaneamente com
sistemas de valores que podem ser convergentes, complementares ou conflitantes, dentro do tecido
complexo que é o social. As influências que as instituições e os meios sociais exercem são fortes, mas não
assumem o caráter de uma predeterminação. A constituição de identidades, a construção da singularidade
de cada um, se dá na história pessoal, na relação com determinados meios sociais; configura-se como uma
interação entre as pressões sociais e os desejos, necessidades e possibilidades afetivo-cognitivas do
sujeito vivido nos contextos socioeconômicos, culturais e políticos (PCN, 1998, p. 62).
Assim, ao trabalhar a ética na educação em sala de aula, o professor se depara com a questão do choque
de valores. Os diversos valores, normas, modelos de comportamento que o indivíduo compartilha nos
diferentes meios sociais a que está integrado ou exposto colocam-se em jogo nas relações cotidianas. A
percepção de que determinadas atitudes são contraditórias entre si ou em relação a valores ou princípio
expresso pelo próprio sujeito não é simples e nem óbvia. Para isso: requer uma elaboração, implicando
reconhecer os limites para a coexistência de determinados valores e identificar os conflitos e a
incompatibilidade entre outros. A forma de operar com a diversidade de valores por vezes conflitantes
também é dada culturalmente, ainda que do ponto de vista do sujeito dependa também do desenvolvimento
psicológico. Os preconceitos, discriminações, o negarem-se a dialogar com sistemas de valores diferentes
daqueles do seu meio social, o agir de forma violenta com aqueles que possuam valores diferentes, são
aprendidos (PCN, 1998, p. 64).

Nessa perspectiva, a escola, como uma instituição pela qual espera-se que passem todos os membros da
sociedade, coloca-se na posição de ser mais um meio social na vida desses indivíduos. Também ela veicula
valores que podem convergir ou conflitar com os que circulam nos outros meios sociais que os indivíduos
frequentam ou a que são expostos. Deve, portanto, assumir explicitamente o compromisso de educar os
seus alunos dentro dos princípios democráticos. Se entendida como apenas mais um meio social que
veicula valores na vida das pessoas que por ela passam, a escola encontra seu limite na legitimidade que
cada um dos indivíduos e a própria sociedade conferir a ela. Se entendida como espaço de práticas sociais
em que os alunos não apenas entram em contato com valores determinados, mas também aprendem a
estabelecer hierarquia entre valores, ampliam sua capacidade de julgamento e a consciência de como
realizam escolhas, ampliam-se as possibilidades de atuação da escola na formação moral, já que se ocupa
de uma formação ética, para formação de uma consciência moral reflexiva cada vez mais autônoma, mais
capaz de posicionar-se e atuar em situações de conflito.

A escola de hoje está deixando um pouco de lado a construção moral e a educação ética, atribui-se
prioridades a outros assuntos como o vestibular, a mensalidade escolar, mas esquece que a formação do
indivíduo é a mais importante, e que permeará por toda a sua vida. A criança que se educa eticamente
torna-se um adulto capaz de ir ao encontro do outro, reconhece-se com seu igual e não assume as regras
morais como regras obrigatórias. Portanto, o educador possui um papel fundamental na formação ética e
moral do indivíduo, principalmente na educação infantil, onde se inicia a vida escolar. Acredito que
trabalhamos a ética e a moral na educação infantil vivendo-as, demonstrando-as aos nossos alunos através
dos nossos atos, da nossa postura, das atitudes e dos valores aos quais acreditamos. Não se ensina moral
e ética, vivencia-se. Se a escola deixa de cumprir o seu papel de educador em valores, a referência ética
de seus alunos estará limitado à convivência humana que pode ser rica em se tratando de vivências
pessoas, mas pode estar também carregada de desvios de postura, atitude comportamento ou conduta, e
mais, quando os valores não são bem formais ou sistematicamente ensinados, podem ser encarados pelos

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educandos como simples conceitos ideais ou abstratos, principalmente para aqueles que não os vivenciam,
sejam por simulações de práticas socializou vivenciados no cotidiano.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação é uma socialização das novas gerações de uma sociedade e, enquanto tal, conserva os
valores dominantes (a moral) naquela sociedade. Toda educação é uma ação de diálogo entre seres
humanos uma educação pode ser eficiente enquanto processo formativo e ao mesmo tempo, eticamente
mau. Pode ser boa do ponto de vista da moral vigente e má do ponto de vista ético. A educação ética (ou,
a ética na educação) acontece quando os valores no conteúdo e no exercício do ato de educar são valores
humanos e humanizadores.

A educação para a vida exige dos educadores uma postura de ação com responsabilidade, ou seja,
habilidades de oferecer respostas mais adequadas às demandas, à medida que essas se apresentam. O
conhecimento atual aponta para atitudes criativas, para a busca de soluções inéditas, para a liderança ética,
para o resgate dos valores. O estudo da Ética vai complementar o trabalho formativo que realizamos no
dia-a-dia e isso pode ser efetivado através de atividades práticas que possibilitem real vivência dos valores
esquecidos por muitos. A Ética, antes de qualquer coisa, deve estar impregnando as ações de cada dia,
seja dentro da sala de aula ou fora dela. Nunca se deve perder a oportunidade de formar a mente e o
coração dos alunos. Se tiver de ser feito através de uma disciplina específica, que seja bem-feito e que haja
contextualização com o momento presente.

A revisão nos cursos de formação de professores é urgente. Precisa-se de educadores completos que
tenham atitudes éticas em sua essência para orientar nossas crianças, adolescentes e jovens que buscam
algo melhor para sua formação e para suas vidas.

4 BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares nacionais: Terceiro e quarto


ciclos; Apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998.

Tema 2
Qual a importância do professor no processo de formação do
profissional? (https://blog.portabilis.com.br/)
O processo de formação pedagógica de um profissional leva em consideração uma série de fatores, indo
além das salas de aula, dos laboratórios e da aplicação de provas. Nesse contexto, o professor exerce um
papel de fundamental importância.
Durante o período em que o aluno está se preparando para o mercado de trabalho, o modelo que ele terá
de referência sobre como pensar e agir será o professor. Assim, tornam-se evidentes tanto o valor quanto
a grande responsabilidade dessa profissão, na qual, acima de tudo, é exigido compromisso consigo mesmo
e com o próximo.
Para compreender melhor a importância do professor, separamos algumas dicas que podem ajudá-lo a
refletir mais sobre esse assunto tão interessante. Além disso, também destacamos alguns pontos aos quais
o professor deve estar atento, a fim de melhorar e evoluir sempre na difícil tarefa de ensinar. Vamos lá?
Ensine pelo exemplo
Não é possível ensinar algo que você não pratica em sua vida. Muitos professores não pensam no impacto
que suas palavras e seus ensinamentos podem ter na vida de outras pessoas, e repassam seus respectivos
conteúdos sem qualquer fundamento.
No entanto, é importante lembrar que a educação funciona como uma casa: primeiro se tem o terreno,
depois o material, para então erguer a estrutura… logo, é preciso avançar um passo de cada vez.
Mantenha-se atualizado sempre
Com as inovações tecnológicas, tudo muda muito rapidamente. Na educação, isso significa que todos os
dias novos conhecimentos são descobertos, e para ser capaz de transmitir um conteúdo de maneira
profissional, é necessário estar afiado nele. Portanto, renove-se sempre! Cursos, pós-graduações
e consultorias são algumas das muitas opções que devem ser consideradas. Parar no tempo jamais!
Crie bons relacionamentos
Um bom professor precisa construir relacionamentos sólidos com seus alunos e colegas de trabalho, afinal,
educação é acima de tudo uma atividade que envolve pessoas e sentimentos. O professor é o responsável
por desenvolver um dos primeiros laços afetivos fora do círculo familiar da vida de uma criança.

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Esse vínculo inicial é muito importante, já que pode ser um fator decisivo para os relacionamentos futuros
do indivíduo. Cultivar laços possibilita o nosso crescimento e amadurecimento, não é mesmo? Então, plante
boas sementes para colher bons frutos sempre!
Tenha consciência da importância do professor para a evolução
de outras pessoas
Todos nós eventualmente nos sentimos chateados com alguma situação, mas quando se é professor,
muitas vezes torna-se necessário deixar as próprias questões de lado para tentar ajudar com algum
problema do aluno.
Se você tiver a consciência de que o seu trabalho é plantar uma semente de esperança em cada aluno que
cruzar o seu caminho em alguma sala de aula, você já estará fazendo a sua parte! Ser professor é isso!
Apesar da desvalorização injusta da profissão no Brasil, a importância do professor nas escolas, faculdades
e na vida das pessoas continua sendo indiscutível. (https://blog.portabilis.com.br/)

Tema 3
Formação de professores: por que é tão importante?
Além de ter o objetivo de formar alunos e cidadãos, a escola também é responsável por promover o
crescimento profissional dos seus docentes. Isso é muito importante, pois a formação de professores
representa um papel estratégico na qualidade da educação.
Uma boa escola é formada por bons alunos, que são formados por bons professores. Nesse contexto, é
fundamental que a instituição forneça as ferramentas necessárias para que o profissional dê conta das
demandas e obstáculos da sala de aula.
Deu para perceber que o diretor tem um papel determinante no desempenho do docente, certo?
Acreditamos que uma ótima forma para lidar com isso seja por meio da formação continuada, tendo em
vista que os impactos dessa qualificação podem ser poderosos em todo o processo de aprendizagem do
educando. Continue a leitura e saiba mais a respeito.
O que é formação continuada?
O profissional interessado e que busca se aprimorar continuamente, bem como desenvolver suas
competências, tende a demonstrar uma qualidade de ensino superior em sala de aula, e isso pode ampliar
o seu campo de trabalho.
Todos sabemos a importância inquestionável de contar com um educador competente dentro das escolas.
Isso fica ainda mais claro se considerarmos que nossos jovens estão em constante mudança para
acompanharem o ritmo do novo mundo, o que demonstra o quanto é necessário que os professores estejam
sempre aprendendo e adaptando-se para seguirem essa realidade.
Sendo assim, a formação continuada visa a engajar os profissionais em processos de aperfeiçoamento —
como pesquisas, projetos, estudos, reflexões e críticas —, para que, assim, possam estar sempre bem
informados e atualizados acerca das novidades e tendências educacionais. O objetivo é transformá-los em
facilitadores do conhecimento, mais do que meros transmissores.
Com a formação de professores sendo levada em consideração, o educador poderá melhorar sua prática
docente e seu conhecimento profissional e despertar a consciência para o seu papel social dentro e fora da
sala de aula — o que lhe confere melhores chances para gerar transformação e impactar positivamente o
contexto escolar.
Quais os benefícios de investir na qualificação de professores?
Talvez você esteja se perguntando quais são os benefícios, na prática, da formação de professores na
educação. Para ficar ainda mais fácil de visualizá-los, fizemos uma lista. Veja!
Melhoria na qualidade dos conteúdos ministrados
Investir na qualificação do professor é uma maneira de melhorar a qualidade dos conteúdos ministrados
em sala de aula. Isso porque o profissional terá o conhecimento e as condições favoráveis para elaborar,
com mais esmero, um plano de aula. Com a formação continuada, ele estará mais bem preparado e
informado sobre as técnicas para entreter alunos, abordar conteúdos e conduzir com eficiência uma aula.
Profissionais mais produtivos e atentos aos avanços de suas áreas
A formação continuada é uma estratégia efetiva para motivar os professores de uma escola, mesmo com
os muitos desafios da profissão. A motivação, por sua vez, é fundamental para garantir o interesse do
educador e, consequentemente, para trazer qualidade ao ensino.
Colocando-o na posição de sempre aprender, o professor estará sempre descobrindo algo novo sobre a
sua área, repensando suas iniciativas pedagógicas e aprimorando suas técnicas de ensino — o que
contribui para a construção de sua identidade profissional e a própria prática da formação de professores.
Isso é crucial para que o profissional se sinta útil, valorizado e, naturalmente, seja mais produtivo.

Conteúdo mais adequado à realidade dos alunos


Outra vantagem da formação de professores é que, assim, ele saberá distinguir qual conteúdo é mais
adequado para a realidade de seus alunos. Dessa forma, fica mais fácil interessá-los e aproximá-los do
assunto proposto.
Além disso, o professor começa a compreender essa nova geração de estudantes e consegue identificar
qual a melhor maneira para se relacionar com ela. Sendo assim, passa a atuar como mediador, incentivando

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a autonomia de seus alunos e tornando-os protagonistas da educação e da construção do seu próprio


conhecimento.
Alunos mais engajados
Uma consequência natural de se oferecer um conteúdo mais adequado é o engajamento dos estudantes.
Professores competentes, motivados e conhecedores das atuais e melhores práticas de ensino são
capazes de aproximar seus alunos da proposta pedagógica.
Esses profissionais entendem, por exemplo, que não adianta travar uma guerra em sala de aula contra os
celulares. Em vez disso, o ideal seria utilizá-los como ferramentas para favorecer o ensino e melhorar a
qualidade da educação. Um professor bem qualificado está, sobretudo, apto para adotar medidas
inovadoras no ambiente escolar.
Como a escola pode ajudar na formação de professores?
Agora, a dúvida que não quer calar: como você pode contribuir para a qualificação de seus professores e
conseguir todos esses benefícios para a sua escola? Inicialmente, sugerimos que a instituição faça um
levantamento de suas principais dificuldades. O que precisa ser melhorado? Quais os seus pontos fracos,
deficiências e falhas?
Respondida essa questão, é importante ter em mente que a formação continuada deve se basear em
metodologias que estimulem o pensar reflexivo dos professores e a prática docente, além da teoria. Ou
seja, promova ações que instiguem o lado inovador e produtivo do profissional.
A escola pode investir em atividades, como:
 oficinas;
 workshops;
 seminários;
 simpósios;
 congressos;
 cursos de formação continuada.
Vale lembrar que, para executar tais ações, é preciso contar com profissionais de alta expertise no assunto.
Além disso, é fundamental disponibilizar ambientes acolhedores, incentivar um clima agradável,
documentar os encontros, realizar avaliações constantes e ser flexível, pois cada professor tem seu próprio
ritmo, preferências e facilidades.
Outra medida interessante é conversar individualmente com cada docente a fim de trocar informações e
identificar outras alternativas que fortaleçam a sua formação e atuação profissional. Aliás, a escola é mais
do que um espaço de trabalho para o professor. Trata-se, também, de um ambiente de aprendizagem e
desenvolvimento para aluno e educador.
Contudo, a qualidade da formação continuada não tem a ver somente com a quantidade de
cursos, workshops, palestras e demais experiências que a escola possa promover ao professor, mas à
capacidade de torná-lo um facilitador e empoderador de alunos. Lembre-se: não há excelência profissional
sem qualificação. Investir na formação de professores significa investir na escola, nos alunos e no futuro.
Você, claramente, importa-se com a qualidade do ensino da sua escola. Então, o que acha de se inteirar
sobre as 7 dimensões da qualidade da educação? Vamos lá!

Confira quais são as 7 dimensões da qualidade na educação


1. Ambiente educativo
Essa dimensão reafirma a necessidade de se pensar na escola como um espaço para aquisição dos
saberes, para a socialização e para a convivência com a diversidade.
É nesse lugar especial que o aluno adquire noções de cidadania, solidariedade e cristaliza valores por meio
da orientação dos profissionais da educação. Para isso, esse indicador propõe que o gestor busque criar
um ambiente na escola favorável à alegria, respeito, tolerância e disciplina.
2. Prática pedagógica e avaliação
Aqui, enfatiza-se que a prática pedagógica do professor deve objetivar o desenvolvimento e a autonomia
dos educandos. Para isso, é preciso acompanhá-los de perto e, de fato, conhecê-los em suas
potencialidades e dificuldades.
Outro aspecto abordado é a necessidade de se levar em conta, no dia a dia da sala de aula, o fato de que
a informação está em toda parte e os alunos têm acesso a essa torrente de notícias cotidianamente.
Por essa razão, o professor deve sempre partir do conhecimento prévio do aluno para pensar a sua aula,
partindo do que eles já sabem e indo em direção dos conhecimentos que ainda precisam adquirir. Esse é
o grande desafio de ensinar na Era Digital.
Outra questão abordada nessa dimensão é a necessidade de que façam avaliações iniciais (diagnósticas)
para mensurar o desenvolvimento do aluno e ver quais melhorias terão que ser implementadas na prática
pedagógica do professor para corrigir defasagens e avançar.
Também em relação à avaliação, orienta-se que seja um processo contínuo e não apenas centrado nas
provas.
Por isso, o professor deve levar em conta os múltiplos aspectos do desenvolvimento do aluno em sua
avaliação e não apenas o desempenho acadêmico. Questões como comportamento, postura e
comprometimento precisam ser contempladas na avaliação do professor.
3. Ensino e aprendizagem da leitura e da escrita

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A leitura e a escrita são bases para o exercício da cidadania e as portas de entrada para o mundo do
conhecimento. Essa dimensão postula a necessidade de a criança ter contato com diferentes tipologias
textuais durante o início do processo de alfabetização, ouvido histórias e observando adultos que leem.
Aqui, indica-se que a escola tenha proposta pedagógica definida para que o professor nela se norteie na
elaboração de atividades e avaliações adequadas a cada série nesse processo. Também é salientado que
os pais conheçam a proposta e que acompanhem o progresso do aluno segundo essas diretrizes.
Ressalta-se também que a equipe de gestores da escola precisa estar a par do progresso dos alunos para
avaliar resultados e, eventualmente, compará-los com os obtidos em outras instituições.
Vista como um processo contínuo, a aquisição das competências de leitura e escrita precisam seguir uma
lógica de progressão a cada ano, segundo a qual o aluno vai se aprimorando gradativamente e conseguindo
fruir textos cada vez mais complexos.
O bom uso da biblioteca por professores e alunos também é reiterado nessa dimensão. A escola precisa
zelar pelo espaço e cuidar do acervo. Diante da realidade tecnológica atual, enfatiza-se também a
importância de a biblioteca disponibilizar recursos de informática, como computador com acesso à internet,
aos alunos.
4. Gestão escolar democrática
A dimensão da gestão escolar democrática bate na tecla do acompanhamento da qualidade da educação
ofertada na escola.
Além disso, ressalta a importância do compartilhamento de decisões com a comunidade escolar, bem como
a busca pela maior transparência em relação aos gastos.
Para garantir a representatividade de pais, professores, alunos e servidores da escola, conselhos escolares
devem ser criados para que esses entes participem ativamente da gestão.
O gestor que visa a administração democrática da escola deve zelar pelo acolhimento de todos,
preocupando-se, sobretudo, com as taxas de evasão escolar. Em caso de números elevados, a direção
deverá verificar as práticas pedagógicas em curso e, se for o caso, propor a implementação de atividades
mais atrativas para que os alunos permaneçam na escola.
Essa quarta dimensão do documento também salienta que a presença dos pais e colaboradores na escola
deve ser sentida em festas e eventos culturais ou comemorativos promovidos pela escola.
A gestão democrática, segundo postulado, deve estender-se para além da escola. O gestor precisa buscar
parcerias com ONGs, postos de saúde, bibliotecas, universidades e museus para implementar ações que
beneficiem diretamente os alunos.
5. Formação e condições de trabalho dos profissionais da escola
Como propõe essa dimensão, para alcançar os objetivos traçados no projeto pedagógico da escola, o gestor
precisa da colaboração de todos os profissionais nela atuantes. Desde o professor, responsável pela
transposição didática (intermediando a relação do aluno com o conhecimento), até os profissionais de
zeladoria do prédio.
Todos esses profissionais têm responsabilidade sobre a educação do aluno, pois o processo de
aprendizagem não se encerra na sala de aula. O aluno aprende com a vivência e a observação de atitudes
de respeito e solidariedade no cotidiano escolar.
Por isso, é importante investir na formação continuada dos profissionais, buscando parcerias com
instituições de ensino públicas e/ou privadas.
Outros fatores também têm grande influência na qualidade desse processo educativo, tais como:
estabilidade do corpo docente, salários justos e condições de trabalho adequadas, além de garantir que o
número de funcionários disponíveis atenda bem à demanda dos alunos.
6. Espaço físico escolar
Uma escola tem que ter jardim, plantas e flores. Esse sexto indicador aponta a necessidade de um ambiente
escolar arejado, bem cuidado, florido e equipado para atender os alunos.
Para zelar pela manutenção desse ambiente, o gestor precisa:
 Aproveitar os recursos disponíveis: cuidar do equipamento e da infraestrutura que se tem,
aproveitando ao máximo esses recursos.
 Cuidar para que no prédio haja condições físicas adequadas para que as atividades com os alunos
possam ser desenvolvidas com qualidade, como: zelar pela manutenção da quadra de esportes e
dos espaços amplos para aulas ao ar livre.
 Obter recursos de qualidade (ou seja, equipamentos eletrônicos modernos, bem configurados e
disponíveis ao uso, itens de qualidade para a prática de esportes, etc.)
7. Acesso, permanência e sucesso na escola
O mais importante desafio da educação no Brasil é manter as crianças na escola e cuidar para que
concluam os níveis de ensino consolidando os conhecimentos necessários e com a idade adequada.
Essa última dimensão indica que para uma boa gestão é imprescindível o acesso a in
formações precisas sobre os alunos com maior dificuldade de aprendizado, sobre quem são os infrequentes
e sobre quem são os evadidos para que se possa traçar estratégias para trazer esses alunos de volta às
aulas.
É preciso conhecer a realidade desses alunos e entender os motivos pelos quais abandonaram a escola ou
frequentemente não comparecem às aulas. Como a escola precisa oferecer oportunidades de aprendizado
a todos, esses alunos também precisam ser alcançados. (https://blog.portabilis.com.br/)

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Aprendendo a ensinar: como me tornei uma professora

Quem aconselharia alguém a se tornar professor hoje em dia? Quais argumentos poderiam ser utilizados
para convencimento? Amor pela causa? Identificação com o ambiente escolar? Missão de vida? Ou
simplesmente aceitar que é tarde demais para iniciar uma nova carreira? Foram dúvidas como essas que
levei junto ao meu material de ensino quando adentrei a escola pela primeira vez, assumindo o título de
professora.
Lembro-me deles e delas: giz e quadro negro, instrumentos que dominam bem. Poeira branca no ar quando
batem as mãos, nem sempre são palmas ao mérito de um aluno. Limpam as mãos esbranquiçadas nas
roupas, marcas de mais um dia no trabalho de educar. Ou usam jalecos brancos para se proteger. Têm um
armário abarrotado de itens e o coração cheio de uma esperança que fingem acabar quando se zangam.
Carregam livros, apostilas, e o peso de educar as futuras gerações, que um dia fomos nós e hoje são
nossos filhos e netos. Muitos deles e delas lecionam para duas ou três gerações antes de aposentarem o
porta-giz, nunca a vontade de ensinar.
Eles e elas (que me perdoe a gramática machista) me fizeram brincar de ser professora na infância. Claro
que também fui cantora, dançarina, secretária, atriz… – menos médica, médica eu nunca fui, nem
brincando. Mas, na feira infantil das profissões, abracei esse desejo de ensinar. E com o sonho de ensinar,
veio o sonho de aprender. Porque, pra ensinar, temos sim muito que aprender.
Tornei-me amante do livro, um amor ao qual ninguém me apresentou. Encontramo-nos na biblioteca do
acaso e foi amor à primeira lida. Ele não me julgou pela capa, ainda que eu fosse uma menina do interior
de uma cidade pequena, que morava numa rua sem saída. Qual saída encontraria para aprender o que eu
ensinaria depois? Quando queremos algo, aprendemos que só querer não basta, é preciso fazer algo
acontecer. Quer conteúdo mais importante para trabalhar com alunos? É… o professor também é educado
pela vida, como qualquer outro profissional. A diferença é que ele, ou ela, tem a chance de passar isso
adiante para alguém que, com certeza, precisa de mais que física, química e línguas. Alguém que estuda
história enquanto já está escrevendo sua própria história, sem saber.
Fui universitária, recebi o diploma em Letras, colei grau, joguei capelo para o alto e abracei a insegurança
de não me sentir pronta para lecionar. É que meu sonho era ensinar a falar inglês, mas eu ainda não sabia
falar. Lembram que eu disse “é preciso aprender para ensinar”? É uma regra para mim.
Fui intercambista, recebi certificado em Língua Inglesa, colei fotos no álbum da vida, joguei tudo para o alto
e abracei a coragem de viver o desconhecido. Alcancei meu objetivo e, na volta, eu quis encarar esse
desafio, porque é isso que educar significa pra mim hoje.
Os motivos são muitos e tão batidos que apanhamos só de ouvir: salários, direitos trabalhistas, recursos
ou, melhor, a falta deles, indisciplina dos alunos, dupla e longa jornada de trabalho, instabilidade, falta de
apoio do governo e das instituições de ensino, superproteção dos estudantes por parte de seus familiares,
supervalorização dos direitos do alunos em detrimento dos deveres, desvalorização da carreira de
professor, etc.

A realidade, encarada por alguém tão realista como eu, conseguiu me surpreender de várias formas. Em
primeira instância, por concluir que alguns dos problemas que citei acima se encontram em um nível ainda
mais elevado do que eu imaginava, sobretudo, a indisciplina e o descaso com que os alunos tratam os
docentes. E, depois, por perceber que o ambiente escolar, assim como qualquer outro âmbito da vida,
oferece exemplos de tudo, bastando a nós definir se vamos seguir algum deles e qual será. Entre tantas
frequências à disposição, a qual delas vamos nos conectar? Associarmo-nos aos que apenas reclamam,
aos mais otimistas/intimistas, aos que se esquivam ou aos amantes da causa? Acredito que, em cada uma
das escolas do nosso Brasil, a sala dos professores é composta por esses e outros perfis. E temos – eu
tenho – de criar o nosso próprio perfil, baseado nas nossas experiências pessoais e profissionais.
Confesso que muitos comentários e comportamentos que percebo no ambiente escolar alimentam minha
vontade de desistir da carreira enquanto ainda posso repensar meu futuro. Eu mesma já devo ter alimentado
essa fome de alguém. Mas, de uma forma muito sutil, eu tenho aprendido a observar mais as ações dos
que pouco falam, e que parecem estar mais focados em trabalhar diariamente enfrentando todos esses
desafios com um sorriso no rosto, um olhar acolhedor, uma tentativa diária de empatia com a atual situação
da educação. Há quem diga que eles não fazem mais que a obrigação. Mas, num mundo feito de tantas
obrigações, eu diria que eles são justamente exemplos de desprendimento da obrigação, pois se entregam
além da remuneração.
Hoje talvez o porta-giz já tenha sido substituído pelo laser que aponta uma palavra projetada. O velho
quadro negro esverdeado já é branco ou de vidro. Já não se sente o cheiro de álcool dos mimeógrafos. E
o virtual substituirá as impressões. Mas sua impressão, ao fazer essa viagem no tempo comigo, é de que
ainda há esperança? Espero que sim.
Que você, professor(a), independentemente da Disciplina ou da esfera de atuação e público alvo, reflita
sobre o seu perfil em meio a tudo que se pensa e se afirmar sobre a educação. Que sua escolha, depois
de ter escolhido ser professor(a), seja continuar escolhendo aprender para ensinar. Aprender mais sobre o
que, como e quando ensinar. Que sejamos pesquisadores, inventivos, sem medo de testar e nos testar,
focando mais nas soluções que nas problemáticas, porque, quando batemos demais nos problemas,
apanhamos também, e de mãos vazias.

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E você, o que tem para nos contar das suas experiências como professor ou professora? Comente abaixo

ou compartilhe o artigo com pessoas que você acha que possam se interessar.
O texto acima é de autoria de Milene Maciel, que compartilha conosco aqui suas experiências e vivências
do processo de ensino-aprendizagem.

Tema 4
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO PEDAGÓGICO - Parte I
Professor: Ms. Sidinei Cruz Sobrinho
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO PEDAGÓGICO

O presente trabalho apresenta, em primeira parte, sínteses das correntes filosóficos, políticas, sociais e
educacionais em ordem cronológica de expressão pública, mas que não são delimitadas (fechadas) em
períodos de tempo; pois, ao longo dos séculos, houve surgimentos, sincretismos e reformulações de teorias.
Diversos fatores condicionaram as inspirações dessas correntes: a valorização do
cidadão/indivíduo/coletivo; a emergência do cristianismo, do mercantilismo, do capitalismo; o
apogeu/declínio de Estados e modelos governamentais; a necessidade de rever conceitos como realidade,
matéria, liberdade, trabalho, história, poder.
Na segunda parte, dispõe-se as sínteses dos pensadores envolvidos nas correntes citadas na primeira,
ordenada da mesma maneira, com ênfase nas ideias relacionadas à educação e proposta pedagógica
(quando há).
1ª parte – AS CORRENTES DE PENSAMENTO
IDEALISMO - A ideia (pensamento, consciência, representações do mundo, signos) como sendo o princípio
do ser e do conhecer. A reflexão do sujeito e a capacidade de idealizar promovem uma discussão
das condições que as coisas devem satisfazer ou existir a fim de que possamos ser capazes de percebê-
las ou conhecê-las.
REALISMO - Existe um conjunto de dados, de coisas, de objetos, que podem explicar a priori e por si só
como se adquire conhecimento. Primeiramente, se percebe a realidade externa e independente do objeto;
posterior e decorrente deste conhecimento se forjam perguntas (metafísica) e se induz e deduz novas
respostas, intrínseca e concomitante a novas manifestações reais do objeto.
NEOPLATONISMO - A real existência do ser através do exercício constante da meditação filosófica como
forma de obtenção e aprimoramento de virtudes e consequente superação das imperfeições.
TOMISMO - Tomas de Aquino como precursor. Tentativa de conciliar Razão e Fé: o conhecimento parte
dos sentidos, toda causa depende de outra, todos possuem um grau de perfeição – mas todos os
movimentos existem por meio de Deus. A Inquisição condena teses do Tomismo em 1277, entretanto este
teve importância capital no combate ao Protestantismo quando ocorreu, no século XVI, a chamada
Contrarreforma Católica. O tomismo decai no auge do racionalismo e do empirismo com Descartes.
REFORMA - A retirada do poder da igreja sobre o método de educação. Todos tinham que ter acesso ao
conhecimento. Com isso, abria-se a discussão do modelo de ensino para mais pensadores e filósofos.
CONTRA- REFORMA - Reação da igreja para manter-se como fonte de ensinamento, tendo plenos poderes
para ensinar sem que fossem questionadas suas ideias.
HUMANISMO - O homem é o centro do mundo, digno e valoroso. Ser racional, livre, agente ético, político,
técnico e artístico. Ninguém detém o monopólio da verdade. Teve um apogeu entre os séculos XIV e XVI
em oposição ao teologismo na educação. Valorizava a infância e a juventude. A corrente mantém-se em
pensadores racionalistas e empiristas e, mesmo com as mudanças políticas nos séculos seguintes, insere-
se em quase todas as concepções pedagógicas do século XX.
EMPIRISMO - Somente as experiências são capazes de gerar ideias e conhecimentos. A geração de
conhecimentos, bem como as teorias das ciências devem ser formuladas e explicadas a partir da
observação do mundo e da prática de experiências científicas, e não através das formas não científicas (fé,
intuição, lendas, senso comum).
IDEALISMO (2) - Retomada importante pelas obras de Kant. Afirma que a realidade da ideias é
independente e superior ao mundo sensível. A realidade primeira, o pensamento e todas as coisas materiais
são simples, produtos do ato de pensar, isto é, produtos exclusivos do pensamento humano. Supõe-se de
que a única realidade plena e concreta é de natureza espiritual; a compreensão materialista é um estágio
superável no desenvolvimento cognitivo da subjetividade humana.
NATURALISMO - A radicalização do realismo: observação fiel da realidade e da experiência, mostrando
que o indivíduo é determinado pelo ambiente e pela hereditariedade. Corrente geradora do pensamento
evolucionista de Charles Darwin e pedagógico de Froebel, além do desenvolvimento da tecnologia através
da formulação de leis, da previsibilidade de fenômenos.
LIBERALISMO - Fundamentalmente racionalista, busca o conhecimento e a verdade através da razão
individual. A história é feita, não pelas forças coletivas, mas pelos indivíduos. Opõe-se ao jugo da
autoridade, pois a verdade deve surgir no confronto dos pontos de vista.

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REALISMO (2) - Retomada de um tratamento objetivo da realidade do ser humano, em oposição ao


subjetivismo idealista, mas com um forte caráter ideológico, marcado por uma linguagem política e de
denúncia dos problemas sociais
MATERIALISMO - A realidade da matéria, do sujeito, como o elemento que determina o nosso pensamento,
as nossas ideias e a nossa vida. As respostas para os fenômenos físicos e sociais estão contidas nesses
mesmos fenômenos. As ideias e concepções estão determinadas pela existência material dos objetos a
nossa volta, e estes incidem sobre nós quando nos relacionamos com eles. Através da abordagem dialética
voltada ao estudo da vida social e da herança ideológica do passado, surge o Materialismo Histórico,
corrente que tem como referência Karl Marx.
EVOLUCIONISMO - Referência em Charles Darwin. Explica o mecanismo que propiciou a variedade de
seres vivos através do processo de seleção natural: as espécies tendem, lentamente, a ir sofrendo
transformações, tornando-se cada vez mais adaptadas às mudanças impostas pelo meio.
MARXISMO - Consequência do pensamento de Marx e suas numerosas interpretações, esta corrente
compreende ideias filosóficas, econômicas, políticas, sociais e educacionais sobre o homem como um ser
social histórico e que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho. Em
suma, a classe operária deve se libertar, romper com a propriedade privada burguesa, socializando a base
produtiva e produzindo de acordo com os interesses comuns.
EDUCAÇÃO PROGRESSIVA - A educação está centrada no desenvolvimento da capacidade de raciocínio
e espírito crítico do aluno. Ela se prende em 3 noções fundamentais: progresso, educação e democracia.
A experiência é o resultado da reflexão que o indivíduo realiza sobre a sua interação com os outros
indivíduos e com o meio, reflexão está cada vez mais ampliada à medida em que o indivíduo vive. Com
isto, entende-se a “reconstrução da experiência” operada pela educação como sendo a forma a partir da
qual a experiência individual seria conduzida de maneira a levá-lo a se integrar cada vez mais a seu meio
social e a fazê-lo melhorar continuamente (progredir). Assim, a educação seria preparar o indivíduo para
uma sociedade em processo constante de mudança e, simultaneamente, promover esta continua mudança
social.
ESCOLA NOVA - Num mundo em que se vivia um momento de crescimento industrial e de expansão
urbana, surge uma corrente inspirada nas ideias político-filosóficas de igualdade entre os homens e do
direito de todos à educação. Via-se num sistema estatal de ensino público, livre e aberto, o único meio
efetivo de combate às desigualdades sociais da nação. A escola deve propiciar uma reconstrução
permanente da experiência e da aprendizagem dentro da vida do indivíduo, tendo uma função
democratizadora de igualar as oportunidades. Movimento que teve seu auge no Brasil com a publicação do
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova em 1932.
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO - Colaboram para o entendimento dos processos biológicos e
culturais. O Professor que compreende o modo de agir e pensar da criança obterá uma melhor qualidade
de trabalho.
FENOMENOLOGIA - Movimento que procura compreender os fenômenos tais como eles parecem ser, sem
depender do real conhecimento e de sua natureza essencial. Tudo o que podemos saber do mundo se
resumo a fenômenos, a esses objetos ideais que existem na mente. Os objetos da fenomenologia são
dados absolutos (matemática pura) apreendidos em instituição pura, com o propósito de descobrir
estruturas essenciais dos atos e a entidades objetivas que correspondem a elas.
EXISTENCIALISMO - Nascida no século XIX, através das ideias do filósofo dinamarquês Kienkergard, teve
seu apogeu na década de 50, pós-guerra, com os trabalhos de Heidegger e Sartre. Enfatiza a
responsabilidade do homem sobre seu destino e no seu livre arbítrio. A existência é prioridade sobre a
essência humana, isto é, o homem existe, independentemente de qualquer definição pré-estabelecida
sobre seu ser (seja postulado científico ou especulação metafísica). Predominância de elementos
fenomenológicos. O existencialismo pressupõe que a vida seja uma jornada de aquisição gradual de
conhecimento sobre a essência do ser, por esta razão ela seria a mais importante que a substancia humana.
CONSTRUTIVISMO - Construtivismo é uma das correntes teóricas empenhadas em explicar como
a inteligência humana se desenvolve partindo do princípio de que o desenvolvimento da inteligência é
determinado pelas ações mútuas entre o indivíduo e o meio.
PÓS-MARXISMO - Surgimento de pensadores que preencheriam o vazio deixado pela crise do marxismo
enquanto ideologia política, visão de mundo e paradigma teórico na segunda metade do séc. XX.
PSICOLOGIA COGNITIVA - Cognição é a capacidade do ser humano de adquirir conhecimento. Assim, a
Psicologia Cognitiva estuda a cognição, os processos mentais que estão por detrás do comportamento.
2ª parte – OS PENSADORES
SÓCRATES (469-399 a.C.) - Até então, a filosofia procurava explicar o mundo baseada na observação das
forças da natureza. Com Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo. Concebia o homem como um
composto de dois princípios: alma (ou espírito) e corpo. Tinha o diálogo como método de investigação para
se chegar a verdade, com a preocupação em levar as pessoas à sabedoria e à prática do bem por meio do
autoconhecimento. Método este construtivo: o reconhecimento da própria ignorância, a percepção das
próprias contradições, a revisão de conceitos e, por último, a reconstrução do pensamento por meio de
novas ideias.
PLATÃO (427-347 a.C) - Deu o status de realidade ao mundo das ideias. Previa um sistema de ensino para
formação de homens morais, sábios e virtuosos, vivendo em um estado justo. A educação era
responsabilidade estatal, mesma instrução para ambos os sexos e acesso universal do ensino. Não é
possível ou desejável transmitir conhecimentos, mas procurar respostas, ao longo de debates de ideias.

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Procura explicar que o processo de conhecimento se desenvolve através da passagem do mundo das
sombras e aparências (o homem comum dominado pelos sentidos e pelas paixões) para o mundo das
ideias. O método é a dialética (contraposição de uma opinião com a crítica que se pode fazer).
ARISTÓTELES (384-322 a.C.) - Fundador da Lógica, e desenvolveu o silogismo. Ao lado de Platão,
Aristóteles é o pensador mais influente da filosofia ocidental de todos os tempos. A obra aristotélica só
voltou a circular na Europa na Idade Média, por intermédio dos invasores árabes, que haviam preservado
seus livros. Ele via na escola o caminho para a vida pública e o exercício da ética, e princípio do aprendizado
seria a imitação, e para ele o mundo que percebemos é suficiente, e nele a perfeição está ao alcance de
todos os homens.
SANTO AGOSTINHO (354-430) - O idealizador da revelação divina afirmava que o homem só tem acesso
ao conhecimento quando iluminado por Deus. Foi o mais influente pensador ocidental dos primeiros séculos
da Idade Média. A ele se deveu a criação de uma filosofia que, pela primeira vez, deu suporte racional ao
cristianismo. A crença ganhou substância doutrinária para orientar a educação, já que a pensamento grego
tinha caído em decadência. Defendia que educação e catequese se equivaliam, e estimulava obediência
aos mestres, e objetivava o controle das paixões para merecer a salvação. Recomendava que jovialidade,
alegria, paz e brincadeiras são fundamentais. A ideia principal é que o professor mostra o caminho e o
aluno adota, assim o saber brota.
TOMÁS DE AQUINO (1225-1274) - Doutor da Igreja, inverteu prioridades no pensamento medieval, dando
ênfase ao mundo real e ao aprendizado pelo raciocínio. Conciliava a fé cristã com o pensamento do Grego
Aristóteles (realismo). Para ele, o conhecimento humano se dividia em dois: o sobrenatural (ou sensível),
ensinado pela fé (ou captado pelos sentidos), e o natural, à luz da razão. Foi o grande nome da filosofia
escolástica. Na educação, introduz que o conhecimento é construído pelo estudante e não simplesmente
transmitido pelo professor.
ERASMO DE ROTERDÃ (1469-1536) - Anunciou o fim da predominância religiosa na educação. Defendeu
a importância da leitura dos clássicos (o conhecimento dos livros como alternativa saudável à educação
religiosa que recebera) e do desenvolvimento do homem em todo o seu potencial (essência do humanismo),
bem como a liberação da criatividade e da vontade do ser humano.
REBELAIS (1490- 1593) - Tinha uma maior preocupação com o corpo como centro da ação social e
educativa. Colocava-se a favor da mistura das classes sociais e tinha crença no poder da educação como
agente transformador do homem e da sociedade.
JESUÍTAS - Fundada por Inácio de Loyolo-1491. Chegam no Brasil em 1549. Tinham um plano de estudo:
Ratio Studiorium-30 conjunto de regras num manual que indicava: responsabilidade, desempenho,
subordinação e todo o tipo de relacionamento dos membros da hierarquia. Conteúdo e metodologia a ser
utilizada pelos professores. Os Jesuítas pregaram a obediência total à doutrina da Igreja Católica com o
objetivo de catequisar.
MARTINHO LUTERO (1483-1546) - Autor do conceito de educação útil. Fundador do protestantismo e
também um dos responsáveis de formular o sistema público que serviu de modelo para a escola moderna
no ocidente. Movido pela indignação e pela discordância com os costumes da igreja de seu tempo, foi
responsável pela reforma protestante(cristianismo). A ideia da escola pública é para todos, organizava-se
em três ciclos: fundamental, médio e superior.
MICHEL DE MONTAIGNE (1533-1592) - Fez de si mesmo seu grande objeto de estudo. Para ele, o
questionamento “O que sei eu?”, é a base para nosso conhecimento. Inaugurou o gênero literário
denominado “ensaio”, com o propósito de contestar certezas absolutas. O objetivo principal da educação
seria permitir à criança a formulação de julgamentos próprios sem ter que aceitar acriticamente as leituras
que a escola recomenda.
FRANCIS BACON (1561-1626) - Ele tinha ideias de transformar a filosofia em uma coisa fértil, iluminada e
a favor do bem do homem. Bacon era um entusiasta das novas invenções. Enalteceu a experiência e o
método dedutivo. Bacon reivindica, contra Aristóteles e a Escolástica, o método indutivo.
DESCARTES (1596-1650) - Discípulo dos Jesuítas, decepcionou-se com o ensinamento deles e decidiu
buscar a ciência por conta própria, esforçando-se para decifrar” o grande livro do mundo”. Sua missão era
reunir todo o conhecimento humano em uma única ciência e universal. Cria um livro “Discurso do método”,
para questionar o ensinamento dos jesuítas, tinha quatro regras básicas: verificar, evidenciar; analisar;
sintetizar, enumerar. Defende que a dúvida é o primeiro passo para se chegar ao conhecimento, assim
questionando a própria existência do próprio eu e de Deus. Tinha certeza “meus pensamentos existem”.
Afirmação: Penso, logo existo, onde coloca que o pensamento é algo mais certo que a própria matéria-
corporal.
COMÊNIO (1592-1670) - O pai da didática moderna. Combateu o sistema medieval, defendeu o ensino de
"tudo para todos" e foi o primeiro teórico a respeitar a inteligência e os sentimentos da criança. A prática
escolar deveria imitar os processos da natureza. O professor deveria ser um profissional, não um
missionário, e bem remunerado. Nas relações entre professor e aluno, seriam consideradas as
possibilidades e os interesses do aluno. A organização do tempo e currículo levaria em conta os limites do
corpo. Não concordava no modelo de ensino que era aplicado, pois não poderia ser colocada a força sem
respeitar o interesse e o crescimento de cada indivíduo e sem haver os questionamentos necessários.
JOHN LOCKE (1632-1704) - Um dos líderes do empirismo e um dos ideólogos do liberalismo e
do iluminismo. A busca do conhecimento deveria ocorrer através de experiências, descartadas as
explicações baseadas na fé. Para ele, a mente de uma pessoa ao nascer era uma espécie de folha em

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branco. Tentou determinar quais são os mecanismos e os limites da capacidade de apreensão do mundo
pelo homem. As crianças não seriam dotadas de motivação natural para o aprendizado.
CONDORCET (1743-1794) - Matemático, iluminista, preconizava uma educação que contribuísse para a
liberdade de pensamento e o alcance da perfeição. Por intermédio dele houve a criação do modelo da
escola do Estado – Nação, com os diferentes graus. Defendeu um ensino igual para homens e mulheres e
também o voto feminino.
EMMANUEL KANT (1724 –1854) - Apesar de ter adaptado a ideia de uma filosofia crítica, cujo objetivo
primário era criticar as limitações das nossas capacidades intelectuais, Kant foi um dos grandes
construtores de sistema, levando a cabo a ideia critica nos seus estudos da metafísica, ética e estética. A
obra, “A crítica da Razão Pura” são consideradas a mais influente, importante, e a mais lida de filosofo Kant.
Ela, é geralmente referida como a primeira crítica dele a história da filosofia ocidental, uma vez que precede
a “Crítica da Razão Prática e Critica do Julgamento” Neste livro Kant tenta responder três questões
fundamentais da filosofia e da teoria do conhecimento: que podemos saber? Que devemos fazer? Que nós
é licito esperar? Essa obra dá continuidade à sua investigação critica acerca dos princípios da moral, então
iniciada em 1784, com a publicação da “Fundamentação da Metafísica dos Costumes”.
ROUSSEAU (1712 – 1778) - O filósofo da liberdade como valor supremo. Na história das ideias, segue os
lemas da Revolução Francesa como: princípio às suas obras, que defendem principalmente a liberdade e
igualdade. O homem é bom por natureza, mas está submetido a influência corruptora da sociedade, onde
os seres humanos estão expostos a desigualdade, que pode se originar das características individuais ou
das influências sociais sofridas. Desenvolveu a teoria de que a criança deve ter as características próprias
preservadas, sem receber influências da sociedade que quer moldar sua educação de acordo com seus
interesses. O homem deve ter a liberdade de ter a essência preservada, mas precisa agir conforme as leis
da sociedade em que vive, formando-se também como cidadão.
GEORG HEGEL (1770 – 1831) - Filósofo da totalidade, do saber absoluto, do fim da história, da dedução
de toda a realidade a partir do concreto, da identidade que não conhece o espaço para o contingente, para
a diferença. Todas essas são algumas das recepções da filosofia de Hegel na contemporaneidade.
JOHANN HEINRICH PESTALOZZI (1746 –1827) - O pensamento educacional de Pestalozzi tem origem
na ideologia republicana discutida intensamente na segunda metade do século XVIII na Suíça. Tornou-se
radical e criou um movimento reformista em que se integrou politicamente durante a década de 1760.
Mantendo-se fiel a ideologia republicana anticomercial, decidiu-se tornar-se fazendeiro; sonhando com uma
vida virtuosa, longe dos conhecidos vícios e corrupção de uma cidade mercantil como Zurique, indo morar
em Berna. Exerceu grande influência no pensamento educacional e foi um grande adepto da educação
pública; democratizou a e educação, proclamando ser direito absoluto da criança ter plenamente
desenvolvidos os poderes dados por Deus; para ele a escola deveria aproximar-se de uma casa bem
organizada, pois o lar era a melhor instituição de educação, base para a formação moral, política e religiosa.
JOHANN FRIEDRICH HERBART (1776-1884) - Filósofo e pedagogo alemão, num período em que os
expoentes da cultura e da filosofia alemãs estavam próximas do apogeu. Estudou o campo da filosofia da
mente, à qual subordinou suas obras pedagógicas. Herbart trouxe grandes contribuições para a pedagogia
como ciência, emprestando rigor e uma certa cientificidade ao seu método. Foi o precursor de uma
psicologia experimental aplicada à pedagogia. Foi o primeiro a elaborar uma pedagogia que pretendia ser
uma ciência da educação. Em Herbart, o processo educativo se baseia, em seus objetivos e meios, na ética
e na psicologia, respectivamente; segundo ele a ação pedagógica é orientada de três maneiras: o governo,
a instrução e a disciplina; para ele, o conhecimento é dado pelo mestre ao aluno.
FRIEDRICH WILHEIM FROEBEL (1782 –1852) - Viveu num período em que a burguesia se encontrava em
ascensão num contexto marcado pelas guerras e revoluções como a Francesa, a Industrial, as Guerras
Napoleônicas. Seus ideais educacionais foram considerados politicamente radicais. A essência da
pedagogia são as ideias de atividade e liberdade; para ele a educação deve basear-se na evolução natural
da criança; o objetivo do ensino é sempre extrair mais do homem do que colocar mais e mais dentro dele;
a criança não deve ser iniciada em nenhum novo assunto enquanto não estiver madura para ele; o
verdadeiro desenvolvimento advém de atividades espontâneas, na educação inicial da criança o brinquedo
é o processo essencial; os currículos das escolas devem basear-se nas atividades e interesses de cada
fase da vida da criança; criador do jardim da infância.
HERBERT SPENCER - Foi um filósofo inglês e um dos representantes do positivismo. Admirador de
Charles Darwin e autor da expressão sobrevivência do mais apto, aplicou à sociologia ideias que retirou
das ciências naturais, criando um sistema de pensamento muito influente a seu tempo. Suas conclusões o
levaram a defender a primazia do indivíduo perante a sociedade e o Estado, e a natureza como fonte da
verdade, incluindo a verdade moral. Defendeu o ensino da ciência para formar adultos competitivos.
CHARLES DARWIN (1809 – 1882) - Mais famoso adepto do Evolucionismo. Pôs em evidência o papel da
seleção natural no mecanismo da evolução, através do qual as espécies tendem, lentamente, a ir sofrendo
transformações, tornando-se cada vez mais adaptadas às mudanças impostas pelo meio.
KARL MARX - Tudo se encontra em constante processo de mudança decorrente dos conflitos resultantes
das contradições de uma mesma realidade. As sociedades se estruturam de modo a promover os interesses
da classe economicamente dominante. Abordando o sistema capitalista como fenômeno histórico, mutável
e contraditório, previu que o mesmo seria superado pela emancipação (não alienação) dos trabalhadores,
rumo a uma sociedade sem classes e na qual a propriedade privada seja extinta. A educação participa do
processo de transformação das condições sociais, mas, ao mesmo tempo, é condicionada pelo processo.

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EDMUND GUSTAV ALBRECHT HUSSEL (1859-1938) - Filósofo, matemático e lógico. Mais importante e
expressivo representante da fenomenologia. Tudo o que podemos saber do mundo resume-se a esses
fenômenos, a esses objetos ideais que existem na mente (cada um designado por uma palavra que
representa sua essência, sua significação). Lutou contra o historicismo e o psicologismo. Idealizou um
recomeço para a filosofia como uma investigação subjetiva e rigorosa que se inicia com os estudos dos
fenômenos como aparentam a mente pata encontrar as verdades da razão. Suas investigações lógicas
influenciaram até mesmo os filósofos e matemáticos da mais forte corrente oposta, o empirismo lógico. A
fenomenologia representou uma reação à eliminação da metafísica, pretensão de grande parte dos filósofos
e cientistas do século XIX.
JOSÉ ORTEGA Y. GASSET (1883 –1955) - O pensador espanhol apresenta suas ideias pedagógicas
contrapondo-as às ideias educacionais então vigentes. Naquele momento as teorias da educação
consagram o saber prático. Assim, verificamos que o principal problema educacional de sua geração é a
conversão dos conceitos educacionais nos termos das ciências técnicas. O problema da educação, nesse
caso, é um problema de eliminação. Eliminação significa a capacidade de o homem selecionar o que é
essencial para sua vida, eliminando o que não é. As funções essenciais que o homem deve perseguir são
de ordem psíquica e é essa ordem que o distingue de uma máquina. Para Ortega a ciência pedagógica não
pode apenas abordar um tema, mas precisa instaurar uma postura crítica diante da situação sociopolítica
e cultural alterando-a para melhor.
ADOLPHE FERRIERE - O trabalho pedagógico de Ferriere está estreitamente ligado ao movimento da
Escola Nova, na medida em que é difícil separar as ideias de cada um dos seus idealizadores. A sua ação
é caracterizada pela transformação e renovação, por oposição à velha escola e métodos tradicionais.
Ferriere propõe o conceito da nova escola cujo funcionamento é baseado no respeito aos interesses e
necessidades da criança, a utilização de métodos ativos, do desenvolvimento de autonomia, espírito crítico
e da cooperação. A finalidade da educação é contribuir para o desenvolvimento infantil e ao
desenvolvimento das suas potencialidades, numa educação para a liberdade.
WALLON (1879 – 1962) - O homem é um ser biologicamente social (havendo uma relação entre cognitivo
X afetivo X motor). A construção do eu na teoria de Wallon depende essencialmente do outro.
CLAPARÈDE (1873 – 1940) - Defendia a necessidade de estudar o funcionamento da mente infantil e de
estimular na criança um interesse ativo pelo conhecimento. Pregava pela Escola Ativa.
VYGOTSKY (1896 –1934) - Deu origem ao socio construtivismo ou sociointeracionismo. Relação homem-
ambiente: um ser se forma em contato com a sociedade. Segundo Vygotsky, o primeiro contato da criança
com novas atividades, habilidades ou informações deve ter a participação de um adulto.
ANTON MAKARENKO - Viveu as grandes transformações históricas do fim do século XIX e do começo do
séc. XX, tendo influência direta das ideias marxistas em sua visão de mundo e de educação. Concebeu um
modelo de escola baseado na vida em grupo (coletividade), na autogestão, no trabalho e na disciplina,
procurando educar pessoas conscientes de seu papel político, cultas, sadias e que se tornassem
trabalhadores solidários. Também buscou envolver a família no ambiente escolar auxiliando na educação
de seus filhos.
ANTONIO GRAMSCI - Testemunhou de perto os dois extremos totalitários do séc. XX: a degeneração
política soviética pela tirania de Josef Stalin e a ditadura fascista em seu país que o perseguira e o
aprisionara. A tomada de consciência e a conquista da cidadania como objetivos da escola. Orientando a
elevação cultural das massas, a intenção era livrá-las da visão de mundo que predispõe a aceitação da
ideologia das classes dominantes. Descreve a hegemonia como relação de domínio de uma classe sobre
a sociedade, sendo que ela é obtida por meio de luta no campo da ética e, posteriormente, no campo da
política. Defendeu uma escola única, de cultura geral, humanista, formativa: a escola do trabalho
voltada para a cidadania.
DECROLY (1871-1932) - Nasceu na Bélgica. Por essa época criou uma disciplina, a "pedotecnia", dirigida
ao estudo das atividades pedagógicas coordenadas ao conhecimento da evolução física e mental das
crianças. dedicou-se apaixonadamente a experimentar uma escola centrada no aluno, e não no professor,
e que preparasse as crianças para viver em sociedade, em vez de simplesmente fornecer a elas
conhecimentos destinados à sua formação profissional. foi um dos precursores dos métodos ativos,
fundamentados na possibilidade de o aluno conduzir o próprio aprendizado e, assim, aprender a aprender.
Alguns de seus pensamentos estão bem vivos nas salas de aula e coincidem com propostas pedagógicas
difundidas atualmente. É o caso da ideia de globalização de conhecimentos – que inclui o chamado método
global de alfabetização – e dos centros de interesse.
FREINET (1896-1966) - Foi um crítico da escola tradicional e das escolas novas. a educação deveria
proporcionar ao aluno a realização de um trabalho real. Foi criador das escolas modernas. A aprendizagem
através da experiência seria mais eficaz. a interação professor-aluno é essencial para a aprendizagem.
Estar em contato com a realidade em que vive o aluno é fundamental. Desenvolveu atividades como: aula
passeio, jornal da classe, cantinhos pedagógicos, troca de correspondências entre escolas, livro da vida.
NEILL (1883-1973) - Acreditava que a felicidade é fundamental para o desenvolvimento das crianças e esta
tem origem num senso de liberdade das mesmas. Para ele, as escolas tradicionais privam de liberdade
seus alunos e as consequências da infelicidade vivida pelas crianças reprimidas estão na origem da maioria
dos problemas psicológicos da vida adulta. Sustentava que os jovens devem ser estimulados a aprender
em um ambiente de liberdade e de responsabilidade. Ficou famoso por defender a liberdade das crianças
na educação escolar. Fundador da escola Summerhill.

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MARIA MONTESSORI (1870-1952) - Ela propunha despertar a atividade infantil através do estímulo e
promover a autoeducação da criança colocando meios adequados de trabalho a sua disposição. Sustentava
que só a criança é educadora de sua personalidade. Fundou a Casa dei Bambini (Casa das crianças),
evidenciando a prevalência do aluno. Procura desenvolver o potencial criativo desde a primeira infância,
associando-o à vontade de aprender – conceito que ela considerava inerente a todos os seres humanos.
Sua prática se inspira na natureza o crescimento mental acompanha o crescimento biológico. Sendo que,
para despertar o aprendizado, a criança deve ter acesso e estímulos a desvendar essas curiosidades, assim
trabalhando com didáticas de ensino em que a criança pega, vê, toca e não tem um lugar certo para ficar
ou sentar estimula o seu aprendizado. Deve haver a troca de informações. Saber o porquê das coisas.
HANNAH ARENDT (1906-1975) - Cientista política que atribuía aos adultos a responsabilidade de conduzir
as crianças por caminhos que elas desconhecem. Sua obra inspira também na educação, onde vê na escola
a função de ensinar às crianças como o mundo é, e não as instruir na arte de viver. Sua argumentação é a
favor da autoridade na sala de aula e sua visão educativa é conservadora.
JOHN DEWEY (1859 –1952) - Filósofo norte-americano, presenciou momentos políticos e econômicos
como o fim da Guerra Civil Americana, o desenvolvimento tecnológico, a Revolução Russa e a crise de
1929 que acabaram por influenciar sua filosofia educacional. Acabou por ser um dos principais
contribuidores da Escola Nova. Defendia a democracia e a liberdade de pensamento como instrumentos
para a maturação emocional e intelectual do homem. O processo educativo que se dá na escola é de
continua reorganização, reconstrução e transformação da vida segundo Dewey, o hábito de aprender
diretamente da própria vida, e fazer que as condições da vida sejam tais que todos aprendam no processo
de viver, é o produto mais rico que pode a escolar alcançar. Dentro da visão de que o interesse fundamental
é pela vida; aprender significa adquirir um novo modo de agir, um novo comportamento de nosso organismo;
ou seja, o que é aprendido tem uma força propulsora. A educação está centrada no desenvolvimento da
capacidade de raciocínio e espírito criativo do aluno; o aluno como sujeito do processo ensino-
aprendizagem; o objetivo da escola deveria ser ensinar a criança a viver no mundo; educar, portanto, é
mais do que reproduzir conhecimento. É incentivar um desejo de desenvolvimento continuo; preparar
pessoas para transformar algo.
BERTRAND RUSSEL (1872-1970) - Político liberal, ativista e um popularizador da filosofia. Inúmeras
pessoas respeitaram Russell como uma espécie de profeta da vida racional e da criatividade. A sua postura
em vários temas foi controversa. Lutou por ideais humanitários e pela liberdade do pensamento.
CARL ROGERS (1902 –1987) - Segundo Rogers, assim como num tratamento psicológico, onde o paciente
é apenas orientado em direção ao sucesso do tratamento, nas salas de aula o professor é também um
orientador que mostra a direção que o aluno deve tomar para alcançar o conhecimento. Nas palavras do
psicólogo, a tarefa do educador é facilitar o aprendizado, que o aluno conduz a seu modo. O próprio gosto,
quando livre de influências, faz a pessoa optar pelas melhores escolhas, sendo que o professor deve expor
os dois lados de cada situação sem transparecer hierarquia, mas sim agir de modo a criar a confiança e
admiração, pois o aluno só aprende mesmo aquilo que for capaz de despertar o seu interesse. Um psicólogo
a serviço do aluno.
PIAGET (1896 – 1980) - Suas descobertas demonstraram que a transmissão de conhecimentos é uma
possibilidade limitada. Por um lado, não se pode fazer uma criança aprender o que ela ainda não tem
condições de absorver, mesmo tendo essas condições, não vai se interessar a não ser por conteúdos que
lhe façam falta em termos cognitivos.
ANISIO TEIXEIRA (1900 –1971) - Educador baiano. No século vinte, na Primeira República, quando a
questão da identidade nacional se torna tema de discussão obrigatória para vários autores, inclusive para
Anísio Teixeira, a questão da centralização e descentralização reaparece no centro dos debates. Começa
a se processar uma diferenciação social, com o surgimento de uma reduzida classe média nos centros
urbanos, que passou a pressionar por mais e melhor educação. Anísio Teixeira parte de uma premissa
fundamental: a sociedade brasileira foi fincada enquanto estrutura organizativa e ideológica de país, na
lógica da dualidade entre elite e povo, entre os governantes e os comuns. Desestruturar essa dualidade e
refazer a concepção de país passa, fundamentalmente, segundo o autor, pela educação pública, mais
especificamente através da escola de base comum a todos os brasileiros. Anisio Teixeira, sendo
influenciando pelas ideias de Dewey, é defensor de uma escola democrática, capaz de implantar na
sociedade capitalista mecanismos aperfeiçoadores do sistema democrático e seus males; uma escola
aberta a todas as classes, capaz de reconstruir a sociedade.
FLORESTAN FERNANDES - Sociólogo, lutou pela democratização do ensino, manutenção e ampliação da
escola pública. A escola de qualidade seria um instrumento fundamental para a emancipação dos
trabalhadores. Criticou a concepção do professor como mero transmissor do saber, o aluno como apenas
receptor do conhecimento e o ensino discriminatório, que trata o aluno pobre como cidadão de segunda
classe. A educação transformadora se faz com uma escola capaz de transformar, desenvolver a criatividade
e se desfazer, por si mesma, do autoritarismo, da hierarquização e das práticas de servidão (mecanismos
de dominação de classe). Para ele, as elites querem controlar a educação para manter a maioria da
população culturalmente alienada e afastada das decisões políticas. Participou ativamente da discussão,
elaboração e tramitação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que só seria aprovada
em 1996, um ano depois de sua morte.
PAULO FREIRE - Assim como Darcy Ribeiro, despertou intelectualmente no período iniciado pela
revolução de 30 e terminado com o golpe militar de 1964. Ideologia baseada na realidade, na vivência
concreta do educando. O aluno é capaz e possui algum tipo de conhecimento, só deve saber o modo de

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como aplicá-lo. O saber é o resultado da interação entre as pessoas e a educação é uma prática de
libertação da opressão.
DARCI RIBEIRO (1922 –1997) - Antropólogo brasileiro, que se preocupava com a formação da população,
estudou a evolução da sociedade. Acreditava que o progresso só é possível com o investimento na
educação; cansado do discurso acadêmico de sua época, que ignorava a situação brasileira e privilegiava
o ponto de vista europeu, o antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997) propôs uma abordagem transformadora
do país, que saísse da academia e repercutisse na realidade. Para isso, quis entender a formação do povo
brasileiro e a evolução da sociedade nacional. Dedicou-se por dez anos ao SPI (Serviço de Proteção ao
Índio, atual Funai), onde estudou os indígenas do Pantanal, do Brasil Central e da Amazônia. Mais tarde,
como educador, fundou a Universidade de Brasília em 1962
EMILIA FERREIRO (1936) - Construtivista, esta psicóloga argentina realizou estudos sobre leitura e a
escrita. Do ato de ensinar, o processo desloca-se para o ato de aprender por meio da construção de um
conhecimento que é realizado pelo educando, que passa a ser visto como um agente e não como um ser
passivo que recebe e absorve o que lhe é "ensinado".
MICHEL FOUCAULT - Filósofo que inspirou o espírito contestador dos jovens intelectuais em crise com
marxismo e existencialismo nos anos 60. Concentra seus estudos não sobre os governos e as nações, mas
sobre os sistemas prisionais, a sexualidade, a loucura, a medicina. Não há universalidade nem unidade e
também não existe uma evolução histórica linear, mas vínculos a sistemas circunscritos historicamente. A
dominação e o poder não são originários de uma única fonte – como o Estado ou as classes dominantes –
, mas são exercidos em escala múltipla. Não há relação de poder que não seja acompanhada da criação
de saber e vice-versa. Não cabe o papel de objeto para o homem, mas de sujeito, capaz de apreender e
modificar o mundo, dependendo de suas interações com espaço e tempo. Define a sociedade atual como
disciplinar em que a disciplina é um instrumento de dominação e controle destinado a suprimir ou
domesticar os comportamentos divergentes. Sendo assim, define a educação como um instrumento de
vigilância, adestramento do corpo e da mente e disciplina do comportamento.
PIERRE BOURDIEU - Se posicionou contra a tendência política neoliberal. Combativo, tornou-se ideólogo
e símbolo dos protestos contra a globalização econômica e cultural no final do séc. XX. Acusava, inclusive,
os meios de comunicação de renderem-se à lógica do comércio, bem como produzirem lixo cultural em
larga escala. Diante dessa ordem que considerava excludente, detectou mecanismos de conservação,
reprodução e legitimação das desigualdades sociais. A escola perdeu seu papel de instância
“transformadora e democratizadora da sociedade” e passou a ser vista como uma instituição por meio da
qual se mantêm e se legitimam os privilégios sociais das classes dominantes. Criou a noção de habitus que
se refere à incorporação de uma determinada estrutura social pelos indivíduos, influindo em seu modo de
sentir, pensar e agir, de tal forma que se inclinam a confirmá-la e reproduzi-la, mesmo que nem sempre de
modo consciente. Outro conceito é o de campo, para designar nichos da atividade humana nos quais se
desenrolam lutas pela detenção do poder simbólico, que produz e confirma significados. Os indivíduos se
posicionam nos campos de acordo com o capital acumulado – que pode ser social (relações interpessoais),
cultural (educação), econômico e simbólico. Introduziu, para se referir ao controle de um estrato social sobre
outro, o conceito de violência simbólica, legitimadora da dominação e posta em prática por meio de estilos
de vida, sem necessidade do uso da força.
EDGAR MORIN - É considerado um dos maiores intelectuais da atualidade. Colocou-se sempre contra
qualquer forma de ditadura. Diante do cenário do final do século XX, percebeu que a maior urgência no
campo das ideias não é rever doutrinas e métodos, mas elaborar uma nova concepção do próprio
conhecimento. Propõe o conceito de pensamento complexo em lugar da simplificação e da fragmentação
do conhecimento, tendo como princípio a dialógica, isto é, provocar discussão, debate, diálogo. Em sua
defesa da religação dos saberes, criou Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro: o estudo do
próprio conhecimento; a pertinência dos conteúdos; o estudo da condição humana com identidade terrena;
a abordagem das relações humanas; o enfrentamento das incertezas com base nos aportes recentes das
ciências; o aprendizado da compreensão; e uma ética global, baseada na consciência do ser humano como
indivíduo e parte da sociedade e da espécie. Vê a sala de aula como um fenômeno complexo, que abriga
uma diversidade de culturas, classes sociais e econômicas e, neste ambiente, incumbe os professores do
Ensino Fundamental a começar a derrubar as barreiras e reformar a mentalidade, por duas razões: eles
têm a experiência generalista e lidam com as crianças mais novas, que guardam uma curiosidade e um
modo de pensar ainda não influenciados pela separação dos conteúdos em disciplinas.
GARDNER (1943) - Organizou e teorizou as sete inteligências: Inteligências Linguísticas, Inteligências
Lógico-Matemática, Inteligências Espacial, Inteligência Musical, Inteligência Corporal-Cinestésica,
Inteligência Interpessoal e Inteligência Intrapessoal. A escola ideal baseia-se na ideia de que ninguém é
igual e nem tem os mesmos interesses, e que ninguém pode “saber tudo”.
Diante do trabalho de sintetização, além dos debates em grupo, os integrantes desse trabalho chegaram a
um consenso de que a educação é o instrumento político no desenvolvimento humano e social, cultivando
e condicionando a interação do indivíduo com a realidade (seja ideal ou material, não importando a
definição), com o próximo e com o futuro.
Reitera-se o que fora citado na introdução deste trabalho que, o que há de característico na evolução do
pensamento pedagógico ocidental ao longo dos tempos, não é o sectarismo e individualização de cada
corrente, mas a interação e justaposição de ideias, suas variações e correlações, por mais antagônicas e
contraditórias que pareçam, que ampliam o arsenal ideológico e criativo dos pensadores em qualquer época
que se encontram.

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