FEITOSA, Sonia Couto S. Método Paulo Freire. A reinvenção de um legado. Brasília:
Líber Livro Editora, 2008.
O próprio livro apresenta o currículo da autora que é mestre em Educação e doutoranda
pela faculdade de Educação da USP. Professora aposentada da Rede Municipal de São Paulo, Assessora Educacional, coordenadora de projetos de educação de jovens e adultos e responsável pela secretaria de Política Editorial do Instituto Paulo Freire. È Licenciada em Letras e Pedagogia.
Trata-se de um livro de 156 páginas, Dividido em três capítulos. È um livro que
faz parte de um conjunto inicial de três volumes que constitui “série educação de adultos”. Elaborado a partir de um trabalho concreto de formadores de educadores adultos. A autora começa falando sobre a leitura, que muitas das vezes é tratada como atividade exclusiva da escola. Sendo que o ser humano em seus primeiros meses de existência, faz leituras e interpreta tudo aquilo que ver. Na alfabetização de jovens e adultos deve-se respeitar o conhecimento “vivido” e dele partir rumo à construção de novos conhecimentos e à ampliação da visão de mundo. A autora também trás que para Freire a leitura da palavra, não só é precedida pela leitura de mundo, mas apresenta-se como uma forma de reescrevê-lo. Assim para ele, a essência da alfabetização. O capitulo I, trata-se da gênese do método. Que depois de diversas experiências bem sucedidas, se tornou a referencia mais respeitável pelos educadores. Uma das experiências que mais notabilizou foi a Angicos, que tinha como objetivo a alfabetização de 300 trabalhadores rurais em 40 horas de aula. Em meio a tantos problemas geográficos, econômicos, populacionais, acabou formando um desiquilíbrio social assim o acesso à escola para esses trabalhadores se tornou difícil, crescendo mais ainda o número de analfabetos. Paulo Freire foi convidado por governantes da época para coordenar o projeto, pois tinha uma postura inovadora em relação ao analfabetismo. No Brasil e no mundo essa experiência ficou conhecida com “As 40 Resenha produzida para requisito de nota da A1 para matéria Educação de jovens e adultos, do curso de licenciatura em pedagogia da faculdade fortium. Orientada Pelo professor Lúcio Batista. horas de Angicos” , hoje ao se avaliar as 40 horas de Angicos, percebe-se que foram mais do que uma experiência pedagógica bem sucedida. Em um ambiente em que imperavam as mais duras condições climáticas, além da arrogância das elites. Mas depois que a elite percebeu que aqueles homens e mulheres, poderia transformar a realidade, pois estavam com ideias e pensamentos férteis. Tiraram o direito do povo sobre uma educação libertadora, verdadeiramente democrática e emancipadora, por meio dela poderosos correriam riscos. Mandaram recolher todo o acervo do Programa Nacional De Alfabetização, com objetivo de apagar até mesmo a memória daquela experiência, seguindo então um Brasil ditatorial. Freire defendia a ideia de se construir uma sociedade livre e justa, tendo a educação como instrumento de sua construção no futuro. Ele tinha algumas concepções sobre o sujeito. A sua proposta ia além da mecânica de transmissão das técnicas elementares de leitura e escrita. Para Freire, ninguém estar totalmente pronto para ensinar e aprender, o conhecimento sempre está em produção. No processo de alfabetização o sujeito precisa compreender, para poder recriar e questionar, mas com própria leitura sem precisar da leitura dos outros. Na concepção de Piaget do construtivismo, trás que o conhecimento se constrói pelo organismo e o meio. Então para Freire homens e mulheres são produtores de cultura e sujeitos produtores do conhecimento. No capitulo II, a autora fala sobre os fundamentos e etapas do método Paulo Freire. Na educação de adultos o educador começa pelos saberes do educando, que juntamente com os saberes escolares, irá aumentar a autoestima e a participação. Pois muitos deles chegam à escola pensando que não sabem nada. O método de Paulo Freire tem como fio condutor a alfabetização, visando à libertação. A autora cita os princípios que constituem o método. A politicidade do ato educativo, onde educador busca conhecer a realidade dos seus educandos, e coloca-os para refletir. Nesse momento é ensinado a escrever e ler as palavras que fazem parte do quotidiano do grupo. Para Freire não existe educação neutra, ela é vista como a construção e reconstrução de uma realidade. A dialogicidade do ato educativo está ancorada no tripé educador-educando-objeto do conhecimento. A base da pedagogia para Freire é o dialogo. No capitulo III, a autora fala sobre a presença de Paulo Freire na atualidade. O cotidiano dos educadores e educadoras deve ser permeado pela alegria, pela criatividade, pela inovação e por desafios constantes. A sala de aula precisa ser um espaço onde educadores e educandos aprendam. O modelo se sala de aula que temos hoje em dia, é do tipo que o educador é o dono da verdade, é a autoridade. Mas apara Freire, precisamos fugir desse tipo de modelo, para isso ele criou o conceito de Circulo de Cultura. Nele, a organização do espaço é determinante para a promoção da interação, da conectividade entre os participantes e da horizontalidade nas relações. Nesses Circulo não cabem aulas monólogos, a vida é trazida para a sala de aula. Sempre lembrando que aprendemos em todos os espaços em que vivemos. Com a presença de jovens e adolescentes na sala de alfabetização, cada vez mais. Cabe ao educador ver o trabalho de maneira diferente buscando conhecer linguagens e expressões próprias do educando, sem existe qualquer preconceito e evitar discriminação da linguagem dos jovens. O educador poderá usar assuntos como violência, pichação etc. Para a alfabetização do mesmo. Enfim, alfabetizar jovens adolescentes na perspectiva Freiriana do Circulo de Cultura é tanto possível quanto necessário, garantindo uma pratica criativa, contextualizada e altamente emancipadora. A Autora em suas considerações finais faz elogios a Paulo Freire. Para ela o método De Freire é uma prova concreta da crença de Freire na possibilidade de uma educação conscientizadora, libertadora e desalienante; educação capaz de promover a autoconfiança mútua para se fazer a história e para se construir o futuro com possibilidades iguais e possíveis a todos. Um futuro de possibilidades. Considero que o método de Paulo Freire fez e faz parte da nossa história, às vezes usamos alguns de seus métodos até mesmo sem saber. Mas agora com leitura desse livro ficou claro como Freire usava seus métodos em busca de uma educação melhor. No curso de Pedagogia desde o primeiro semestre fica muito focado a educação infantil e séries iniciais, sendo que somos habilitados para da aula na EJA também. Por muita das vezes o conteúdo sobre o ensino na EJA, se torna pouco, por isso recomendo essa obra para todos os alunos de Licenciatura habilitados em dar aula em Educação de jovens e adultos.