A República Democrático-Populista
No período da política brasileira que se estendeu desde
o fim de 1945 até o golpe militar de 1964, o país
conheceu algumas ampliações democráticas 
desenvolvimento econômico.
Populismo no Brasil e em outros países da América
Latina, a partir da década de 1930  transformações
econômicas e sociais no fim da década de 1920 (com a
crise de 29).
Modelo agrário-exportador da economia latino-
americana entrou em colapso devido à retração do
comércio internacional, abalando o predomínio das
oligarquias no poder político.
Décadas finais da República-Oligárquica  processo de
transição de uma sociedade rural, de base econômica
agrária, para uma sociedade urbana, de base
econômico-industrial.
Emergência de novas classes sociais, como o
proletariado e os setores médios urbanos.
Guerra Fria – ambiente bipolarizado, em que cada país
era constantemente chamado a alinhar-se a um dos
blocos hegemônicos. Brasil  ao lado dos EUA.
Governo Dutra
(1946 – 1951)
General Dutra foi eleito pela coligação partidária
formada por PSD e PTB, vencendo o forte concorrente
da UDN.
Partido Comunista – foi legalizado e seus integrantes
tiveram larga votação nos centros urbanos.
Luís Carlos Prestes – eleito para o Senado, juntamente
com uma bancada de 14 deputados federais (entre eles
o escritor Jorge Amado e Carlos Marighella).
Possuindo cerca de 200 mil militantes, o Partido
Comunista tornou-se o mais forte partido comunista da
América Latina.
Constituição de 1946
Em dezembro de 1946, foi promulgada a quarta
Constituição da República, mantendo o
presidencialismo, o federalismo e os três poderes.
 Restabelecimento do cargo de vice-presidente;
 Voto universal obrigatório para maiores de 18
anos, exceto para analfabetos e militares de
baixa patente;
 Voto feminino;
 Liberação para o direito de greve para
estruturas que não fossem de primeira
necessidade;
Política econômica
O surto industrial e o aumento das exportações
provocados pela guerra haviam deixado ao país uma
reserva de 708 milhões de dólares.
Política financeira exageradamente liberal – o governo
abriu às importações indiscriminadas, principalmente
para artigos de luxo. Houve a redução das reservas
brasileiras de 708 milhões para 29 milhões.
Essa política liberal procurava abster o Estado do
controle sobre a economia.
Plano Salte  investimento estatal em áreas de
infraestrutura como saúde, alimentação, transporte e
energia, procurando promover o desenvolvimento
econômico e gerar empregos.
Política externa e o combate ao comunismo
Maiores dificuldades do governo Dutra – comunistas e
setores getulistas.
Os comunistas passaram a compor, cada vez mais,
bancadas legislativas estaduais e municipais.
Campanhas contra os comunistas passaram a ser
constantes na imprensa.
O governo decretou a extinção do PCB, com a alegação
de que o partido era regido por um estatuto
clandestino. O Poder Legislativo cassou os mandatos
de todos os parlamentares que haviam sido eleitos
pelo PCB.
Sucessão política
Logo após Dutra ter assumido a presidência, os adeptos
de Getúlio Vargas já estavam articulando o seu retorno
ao poder.
Em 1949, Getúlio começou a aparecer com mais vigor,
ostentando uma postura democrática.
O trabalhismo, o nacionalismo econômico e o apoio de
Ademar de Barros proporcionaram a Getúlio Vargas a
vitória nas eleições de 1950.
Segundo Governo Vargas
(1951 – 1954)
Retomada do nacionalismo econômico
O país já não era mais o mesmo que ele havia
governado: a sociedade estava mais complexa e
diferenciada, os industriais haviam se fortalecido, as
classes médias urbanas tinham crescido e os
trabalhadores se multiplicado. Havia a presença de
capital externo na economia brasileira.
Desenvolveram-se duas correntes de pensamento
econômico:
Uma defendia a participação do capital externo
(principalmente estadunidense) – UDN (setores de
exército e industriais liberais) – “Entreguistas”;
A outra defendia um desenvolvimento baseado no
capitalismo nacional e não aceitava a presença do
imperialismo – estudantes, classe média,
trabalhadores e comunistas.
Vargas permitia o capital estrangeiro no país, em
associação com capitais nacionais, mas não admitia a
desnacionalização da economia. Esses capitais
deveriam ser disciplinados.
O governo iniciou um programa de investimentos em
infraestrutura, como energia, transporte, indústria de
base, siderurgia, petroquímica etc.
1952 – criou o BNDE (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico) – anular ou reduzir
deficiências infraestruturais que impedem o regular
desenvolvimento da economia brasileira.
A política cambial favorecia a importação de matérias-
primas e equipamentos e restringia a de bens de
consumo, reservando para os produtos nacionais. –
“Confisco cambial”, possibilitou a redistribuição da
renda nacional em favor do governo e do setor
industrial.
1953 – Vargas criou a Petrobras.
Houve uma diminuição da remessa de lucro para o
exterior, o que provocou oposição internacional.
Os trabalhadores, descontentes com a inflação que
corroía seus salários.
O Estados Unidos embromavam nas promessas feitas
de apoiar o desenvolvimento industrial, e depois da
criação da Petrobras, o governo estadunidense avisou
que diminuiria pela metade o valor de dólares
prometidos pelo presidente Truman – uma resposta à
criação da Petrobras e outras ações do governo.
Retomada do trabalhismo
Retomada da garantia do direito de greve, cerceado
pela Constituição de 1946.
Automaticamente, o que se viu foram greves pelos
Brasil  Greve dos 300 mil em São Paulo, Belém e Rio
de Janeiro...
Percebendo a oposição de trabalhadores, visando
retomar seu apoio para enfrentar a oposição, Getúlio
aprovou a proposta de João Goulart de aumentar o
salário mínimo em 100%.  A oposição explodiu.
A UDN e os conservadores passaram a pensar em
destituir Getúlio, nem que fosse por meio de golpe.
Crise da Era Vargas
Acusações de corrupção;
Pressão política vinda de “entreguistas” e imprensa;
Tentativa de assassinato de Carlos Lacerda e morte do
major Vaz;
Vargas se suicida com um tiro no peito.
A transição política de Getúlio a Juscelino: Café Filho,
Carlos Luz e Nereu Ramos
1955 – Café Filho (Novembro de 1955) – vice
Carlos Luz (Novembro de 1955) – presidente Cam. Dep.
Nereu Ramos (Março 1956) – presidente Cam. Sen.
Governo Juscelino Kubitschek
(1956 – 1961)
“Presidente bossa-nova”, prometia incrementar a
industrialização brasileira: o Estado continuaria
investindo em setores da indústria de base, enquanto
a indústria de bens de consumo durável se daria pela
iniciativa privada, com incentivo ao capital estrangeiro.
O nacional-desenvolvimento
Política econômica que combinava a ação do Estado
com as empresas nacionais e com o capital estrangeiro
para promover o desenvolvimento baseado na
industrialização.
Brasília tornou-se o símbolo dos “50 anos de progresso
em 5 anos de governo” propostos por JK.
Brasília não foi construída apenas para cumprir a
Constituição, mas também para incentivar a
interiorização da população e da economia, promover
a defesa nacional, protegendo a capital de possíveis
ataques estrangeiros e para retirar a capital do RJ, onde
a agitação era muito intensa.
Os “50 anos em 5” e suas consequências
Aumento das desigualdades regionais, alargando o
fosso entre o Nordeste e o Centro-Sul do país.
A velha dinâmica da substituição de importações cedeu
lugar à produção de bens de capital e de bens de
consumo duráveis  indústria automobilística, que
levou à instalação ou ao desenvolvimento de outros
setores, como o de autopeças, o metalúrgico e o
siderúrgico.
Capital estrangeiro no mercado interno
Impulso à industrialização: duas hidrelétricas foram
construídas em Minas Gerais.
Grande impulso rodoviário (Belém – Brasília)
Êxodo rural – aumento do desemprego e dos
problemas de transporte, de habitação e de
saneamento nas cidades.
Em 1959, não querendo prejudicar o seu Plano de
Metas nem provocar perturbações sociais, JK rompeu
com o Fundo Monetário Internacional, que exigia um
plano de estabilização econômica. – Apoio dos setores
de esquerda e nacionalistas.
JK: marcou o desenvolvimento industrial do Brasil e a
geração de milhares de empregos, por outro fez
crescer a dívida externa brasileira, e o grande aumento Em meio a toda essa crise, em agosto de 1961, Jânio
da inflação. enviou ao Congresso Nacional uma carta com seu
pedido de renúncia.
Eleições de 1960
Crise do populismo
Jânio Quadros X Henrique Teixeira Lott X Ademar
Barros O populismo, surgido na Era Vargas, voltava-se para a
expansão do setor industrial conjugada a interesses do
Jânio Quadros (1961)
setor agroexportador e obedecia uma política de
Problemas: inflação e dívida externa. participação efetiva do Estado na economia.
Uma das primeiras medidas econômicas foi reformar o Os setores conservadores viam com receio crescente o
sistema cambial, assim o cruzeiro, moeda da época, foi avanço do populismo, pois as massas tendiam a exigir
desvalorizado em 100%. cada vez mais direitos, e os líderes populistas, para
 Diminuiu os subsídios para a importação do ganharem eleições muitas vezes atendiam a essas
trigo e da gasolina, provocando uma alta dos reinvindicações.
preços do pão e dos transportes; João Goulart
 restringiu o crédito;
1961 – 1964
 aumentou os impostos;
 congelou os salários; Etapa parlamentarista (1961 – 1963)
 reduziu os vencimentos e as vantagens dos
No dia seguinte a posse de Goulart, o Congresso
militares.
aprovou a criação do modelo de Estado
Objetivo: aumentar as exportações, para resultar no parlamentarista, tendo Tancredo Neves como
crescimento das reservas em moeda estrangeira e na primeiro-ministro.
redução do déficit governamental.
Etapa presidencialista (1963 – 1964)
FMI – reatou relações com o Brasil, aprovou a
Implementou um conjunto de soluções para os
renegociação da dívida externa e autorizou novos
diversos problemas do país, conhecido como Plano
empréstimos ao país. (726 milhões)
Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social. Tinha
Entretanto, a política econômica e a política como foco o controle da inflação, (que se encontrava
administrativa geraram descontentamentos em vários na casa dos 54,8%), o crescimento econômico e as
setores da sociedade, inclusive no Congresso Nacional, reformas sociais.
que fazia oposição ao presidente vetando as iniciativas
Reforma agrária, reformas fiscais, manutenção da
do Executivo.
capacidade de concorrência do país no mercado
Política externa – Jânio procurou levar o Brasil a uma externo, redução dos gastos públicos, manutenção da
política externa independente. Para isso, procurou não capacidade de importação de matérias-primas e o
seguir o alinhamento com os EUA. O seu interesse era reescalonamento da dívida externa.
expandir e aumentar as exportações brasileiras para
todo o mundo, inclusive para países comunistas.
Dessa forma, Jânio estava colocando em prática uma
política de defesa do princípio da autodeterminação
dos povos.
Destacou-se a não aceitação, pelo Brasil, do boicote
econômico e da intervenção armada financiada pelos
EUA, em 1961, contra Cuba. Essa oposição fez com que
as relações com os EUA ficassem abaladas.
Por esses motivos, Jânio passou a ser duramente
criticado pelos setores conservadores da sociedade,
especialmente pela Igreja Católica, por facções das
Forças Armadas, por políticos de direita, pela
imprensa...
Apesar das críticas e da forte oposição, Jânio continuou
com a política econômica e a política externa
independente.