A Carta do Restauro de 1972 teve influência da teoria de Cesare Brandi e tem
o objetivo de introduzir novas formas de garantir que as intervenções de restauro sejam feitas conforme a metodologia compatível às regras estabelecidas nas instruções anexas ao documento, respeitando as características tipológicas da edificação e os interesses históricos que a mesma abriga (KARAJA,2014). Na Carta, a restauração é tratada como um senso crítico e estético, conforme o histórico da obra. Este trabalho busca levantar uma reflexão crítica a respeito da Carta do Restauro, apresentando as aplicações para a prática de preservação e conservação de um patrimônio cultural material - Igreja de São Roque - localizada em Criciúma, sul de Santa Catarina. No ano de 2012, os sinais do tempo, das cheias do rio Sangão e, principalmente, da ação da mineração, tornaram claro o comprometimento da estrutura da igreja que data da década de 1940. A interdição foi realizada no mesmo ano e a comunidade passou a fazer as suas celebrações no Centro Comunitário (PEDROSO, 2014). Após o fechamento, recursos foram repassados pela empresa mineradora e aplicados no projeto de restauração estrutural e estética. Com análise de projeto e verificação in loco é possível afirmar que o restauro não atende devidamente os preceitos estabelecidos na Carta. Mesmo tombada em nível 01 pelo município, não houve cuidado suficiente para manter clara as modificações estruturais e de restauro nas pinturas das paredes, fazendo com que parte da história se perdesse, bem como sua autenticidade. A placa de reinauguração, mesmo que presente, não expõe devidamente as características que foram alteradas, deixando dúvidas sobre a preocupação com a preservação do original. Registra-se que infortunadamente, o estudo de caso representa grande parte das iniciativas de restauro no Brasil, que acabam por reproduzir estilisticamente, sem preocupar- se com aspectos técnicos-construtivos, que corroborariam para evidenciar o significado e a apresentação da memória, tradição e identidade de um local. Cabem comentar ainda, as alternativas que conscientizem a população a respeito da educação patrimonial, para que a história não se corrompa pelos efeitos do desenvolvimento, seja ele da ordem que for.