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Derek Prince

Guerra
Espiritual
Os cristãos estão envolvidos nesta
batalha, quer acreditem ou não!
“GUERRA ESPIRITUAL”
Copyright©2016 tradução portuguesa, Derek Prince Portugal
Originalmente publicado com o titulo: “ Spiritual Warfare”
Copyright 1987 Derek Prince Ministries-International

ISBN: 978-989-8501-16-5

Publicado em português por:


Editora Um Êxodo Unipessoal Lda.
E-mail: umexodo@gmail.com

Autor: Derek Prince


Tradução: Alda Silva, Christina van Hamersveld
Correção: Alda Silva, Christina van Hamersveld
Redação: Christina van Hamersveld
Layout capa: Mário Pereira (Nova Grãfica, Lda.)

Endereço para contato:

Derek Prince Portugal


Caminho Novo Lote X,
9700-360 Feteira AGH
Tels.: (00351)295 663738 / 927 992 157
E-mail: derekprinceportugal@gmail.com
Blog: www.derekprinceportugal.blogspot.pt
ÍNDICE

PARTE 1
A NATUREZA DA GUERRA

1 - Dois Reinos Opostos 7
2 - O Quartel-General de Satanás 11
3 - A Batalha dos Anjos 16
4 - As Armas e o Campo de Batalha 20
5 - A Base da Nossa Vitória 25

PARTE 2
A NOSSA ARMADURA DEFENSIVA

6 - A Armadura Completa de Deus 33


7 - O Cinto da Verdade 36
8 - A Couraça da Justiça 38
9 - Os Sapatos da Preparação do Evangelho 42
10 - O Escudo da Fé 45
11 - O Capacete da Salvação 47
12 - A Espada do Espírito 53
13 - A Área Desprotegida 57

PARTE 3
ARMAS DE ATAQUE

14 - A Ofensiva 61
15 - A Arma da Oração 66
16 - A Arma do Louvor 71
17 - A Arma da Pregação 76
18 - A Arma do Testemunho 82

Derek Prince Ministries 89


Sobre o Derek Prince (1915-2003) 91
Outros livros por Derek Prince (em Português) 93
Os cristãos estão envolvidos nesta
batalha, quer acreditem ou não!
Parte 1
A NATUREZA DA GUERRA
1 - DOIS REINOS OPOSTOS

Há muitas imagens do povo de Deus no Novo Testamento.


Em Efésios, por exemplo, o povo de Deus é apresenta-
do através das seguintes imagens: como uma assembleia
legislativa, uma família, um templo, e como a noiva de
Cristo. No entanto, a imagem final do povo de Deus em
Efésios é, a de um exército.
Este exército está encarregado de combater numa guerra
que é global nas suas proporções, o que afecta e inclui toda
a parte deste mundo em que vivemos. De facto, mesmo
a palavra “global” não faz justiça ao âmbito deste confli-
to. Abrange não só a terra, mas estende-se para além da
terra, dentro dos próprios céus. De facto, o adjectivo que
descreve correctamente este conflito não é “global”, mas
“universal”: inclui todo o universo criado.

A Escritura que introduz mais claramente este conflito e


descreve a sua natureza encontra-se em Efésios 6:10-12.
Vou citar primeiro a versão de João Ferreira de Almeida, e
em seguida, vou comparar com algumas outras versões.

Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do


seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para
poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo.

Paulo assume que como cristãos estamos garantidamente


envolvidos numa guerra para a qual é necessário a armadura
adequada, e que o nosso adversário é o próprio demónio. No
versículo 12, é explicado mais claramente a natureza desta
guerra:

Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim


contra os principados e potestades, contra os dominado-


res deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do
mal, nas regiões celestes.
Na Bíblia Viva, que não é exactamente uma tradução lite-
ral, mas uma paráfrase, lê-se:

Porque nós não estamos lutando contra gente feita de car-


ne e sangue, mas contra pessoas sem corpo – os reis ma-
lignos do mundo invisível, esses poderosos seres satânicos
e grandes príncipes malignos das trevas que governam
este mundo; e contra um número tremendo de maus espí-
ritos no mundo espiritual.

Independentemente da versão que desejar seguir, é claro


que, como cristãos estamos envolvidos num gigantesco
conflito, e quando nos apercebemos disto ficamos estupe-
factos. Tenho meditado com muita frequência e durante
muito tempo em Efésios 6:12 no original grego, tendo che-
gado ao que se poderá chamar “A versão de Prince.”

“A nossa luta não é contra a carne e o sangue, não é contra


pessoas com corpos, mas contra os governantes em diver-
sas áreas e descendentes ordens de autoridade, contra os
dominadores do mundo das presentes trevas, contra as for-
ças espirituais da maldade nas regiões celestes.”
Deixe-me explicar-lhe porque escolhi algumas destas pa-
lavras. Eu disse, “governantes em diversas áreas e descen-
dentes ordens de autoridade”, porque essa imagem é a de
um reino altamente estruturado e bem organizado, com
vários níveis de autoridade e de diferentes governantes e
subordinados responsáveis pelas diferentes áreas do seu
território. Eu usei a palavra “dominadores” no “dominado-
res do mundo das presentes trevas”, porque o termo “do-
minam” descreve tão vividamente a forma como Satanás
trata a raça humana.


Observe que todas as traduções, excepto na Bíblia Viva,
enfatizam que o quartel-general deste reino altamente or-
ganizado está nas regiões celestes.

Aqui estão alguns pontos que surgem a partir de Efésios


6:12. Em primeiro lugar, o conflito envolve todos os cris-
tãos – e não algum grupo especial como missionários,
evangelistas ou pastores, mas a todos nós. Muitos cristãos
não têm entendido isso desta forma.

A Versão do Rei Tiago (como não temos esta versão na


Língua Portuguesa, traduzimo-la à letra, pelo que achá-
mos importante mencionar esta nota para não confundir o
leitor), no versículo 12 afirma, “Porque a nossa luta não
é contra o sangue e a carne...” Uma vez ouvi alguém co-
mentar que a maioria dos cristãos pontuam esses versícu-
los erradamente. Lêem, “nós não lutamos - e ponto final”
Por outras palavras, tudo o que precisamos fazer é de sen-
tarmo-nos no banco da igreja e cantar hinos. No entanto,
Paulo diz, “Porque não estamos a lutar contra a carne e
o sangue.”

Considere também a importância da palavra “lutar”, lutar


é a mais intensa de todas as formas de conflito entre duas
pessoas. Cada parte do corpo, todas as habilidades, e cada
truque deve ser utilizado para o sucesso. É um conflito to-
tal.

Satanás tem um reino altamente organizado. Neste reino


existem várias áreas e níveis de autoridade. O quartel-ge-
neral deste reino está nas regiões celestiais. Isto é um facto
surpreendente, mas é bastante claro.

O facto de Satanás comandar um reino altamente organi-


zado surpreende algumas pessoas, contudo existem indi-
cações claras disso nas Escrituras. Em Mateus 12:22-28,


este incidente do ministério de Jesus está registado. Jesus
curou um homem que era cego e mudo, expulsando um
espírito maligno.

E toda a multidão se admirava e dizia: É este porventu-


ra, o Filho de David? Mas os fariseus, ouvindo isto, mur-
muravam: Este não expele demónios senão pelo poder de
Belzebu, maioral dos demónios.

Belzebu significa, literalmente, “o senhor das moscas.”


É o título de Satanás particularmente como o governante
dos demónios, pois os demónios são comparados a todo o
domínio dos insectos. Jesus responde aos fariseus no ver-
sículo 25:

Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos disse:


Todo o reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e
toda a cidade ou casa dividida contra si mesma não sub-
sistirá. Se Satanás expele a Satanás, dividido está contra
si mesmo; como, pois, subsistirá o seu reino?

Existe uma clara indicação de que, em primeiro lugar, Sa-


tanás tem um reino. Em segundo lugar, não é dividido, mas
altamente organizado. Em terceiro lugar, permanece e ain-
da não foi derrubado. Jesus continua:

E, se eu expulso demónios por Belzebu, por quem os expul-


sam vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos
juízes. Se, porém, eu expulso demónios pelo Espírito de
Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós.

Jesus menciona aqui outro reino, o reino de Deus. Em par-


ticular, Ele descreve um ponto em que se torna visível o
conflito entre estes dois reinos. Ele diz, “quando eu expul-
so demónios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado
o reino de Deus sobre vós.” A implicação é que o minis-

10
tério de expulsar demónios põe a nu as forças do reino de
Satanás e também demonstra a superioridade do reino de
Deus, porque os demónios são expulsos, sob a autoridade
do reino de Deus. Em última análise, há dois reinos em
oposição: o reino de Deus e o reino de Satanás.

Novamente, em Colossenses 1:12-14, Paulo refere:

…dando graças ao Pai, que vos fez idóneos à parte que


vos cabe da herança dos santos na luz. Ele nos libertou
do império das trevas e nos transportou para o reino do
Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão
dos pecados.

Repare novamente que existem dois domínios ou reinos:


existe o reino da luz, no qual reside a nossa herança, mas
também existe o domínio das trevas. A palavra traduzida
“domínio” é a palavra grega “exousia”, que significa “au-
toridade”. Por outras palavras, quer queiramos quer não,
Satanás tem autoridade. Ele é o governante de um reino
que a Bíblia reconhece. Portanto, estes dois reinos encon-
tram-se envolvidos numa guerra mortal, e a guerra está a
chegar ao seu clímax nos nossos dias, assim como estes
tempos em que vivemos estão a chegar ao fim.

2 - O Quartel-General de Satanás

Em Efésios 6:12, Paulo deixa muito claro que, como cris-


tãos, estamos envolvidos numa luta entre a vida e a morte
com um reino altamente organizado, povoado com seres
do mal e com espírito de rebelião, e que o quartel-general
deste reino está no reino celestial.

11
A expressão “o reino celestial,” provoca um dilema parti-
cular na mente dos cristãos. Se Satanás foi expulso do céu
há muito tempo, então como é que ele ainda pode ocupar
um lugar no reino celestial?

Permita-me responder a esta questão, salientando algu-


mas passagens que descrevem acontecimentos que tive-
ram lugar muito depois da primeira rebelião e expulsão de
Satanás por Deus. Estas passagens indicam que Satanás
continuou a ter acesso à presença de Deus no céu naquela
altura: Job 1:6-7:

Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se


perante o SENHOR, veio também Satanás entre eles. En-
tão, perguntou o SENHOR a Satanás: Donde vens? Sata-
nás respondeu ao SENHOR e disse: De rodear a terra e
passear por ela.

Então, até ao momento dos dias de Job, percebemos que


Satanás ainda tinha acesso directo à presença do Senhor.
Quando os anjos de Deus se apresentaram e comunicaram
com o Senhor, Satanás estava ali entre eles. A passagem
parece indicar que os outros anjos não identificaram Sata-
nás. Posso compreender isto, porque em 2 Coríntios 11:14,
Paulo diz que, Satanás se transforma num “anjo de luz.”
Esta passagem cria na minha mente a impressão de que o
único que poderia identificar Satanás era o Senhor. Apa-
rentemente, ele poderia aparecer na presença de Deus mis-
turando-se com os outros anjos, e não ser detectado.

O Senhor disse, “De onde vens, Satanás?” Por outras pa-


lavras, “O que estás a fazer aqui?” O Senhor não expulsa
imediatamente Satanás da Sua presença, mas, na verda-
de, teve uma conversa com ele. Portanto, sabemos que no
tempo de Job, Satanás ainda tinha acesso à presença de
Deus no céu.

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Então, ouvi uma grande voz do céu, proclamando: Agora,
veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autori-
dade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos
irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do
nosso Deus. (Apocalipse 12:10)

O “acusador dos nossos irmãos” é Satanás. Observe que,


neste momento ele ainda acusa o Povo de Deus diante do
próprio Deus, dia e noite.

Apocalipse 12:11-12 continua:

Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e


por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo
em face da morte, não amaram a própria vida.
Por isso, festejai, ó céus, e vós, os que neles habitais. Ai
da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de
grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta.

Esta passagem indica que Satanás ainda tem acesso à pre-


sença de Deus, e ele usa o seu acesso para acusar o Povo
de Deus na Sua presença. Obviamente, todas as passagens
que eu citei, referem-se a períodos longos após a original
rebelião de Satanás. Então, qual é a resposta? Há mais do
que um céu. Creio que isto está claramente indicado atra-
vés de toda a Escritura. Por exemplo, no primeiro versícu-
lo da Bíblia, Génesis 1:1, diz, “No princípio Deus criou os
céus e a terra.” A palavra hebraica para céus é shamayim.
“Im” significa plural. A primeira vez que o céu é referido,
repare que é no plural.

Em 2 Crónicas 2:6, temos esta expressão de Salomão, na


sua oração ao Senhor com a dedicação do templo:

13
No entanto, quem seria capaz de lhes edificar a casa, visto
que os céus e até os céus dos céus o não podem conter?

O hebraico diz, de igual modo, “o céu dos céus.” Qualquer


tradução indica claramente que, há mais do que um céu.
A palavra “céu” da expressão “céu dos céus” sugere um
céu que está tão acima do céu, como o céu está acima da
terra.

Em 2 Coríntios 12:2-4, Paulo é ainda mais específico:

Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi


arrebatado até ao terceiro céu (se no corpo ou fora do
corpo, não sei, Deus o sabe) e sei que o tal homem (se no
corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe) foi arreba-
tado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é
lícito ao homem referir.

Antes de ser pregador, eu era perito em lógica e, por ve-


zes, não consigo fugir dela. A lógica convence-me que, se
houver um terceiro céu, deve haver um primeiro e um se-
gundo. Portanto, há pelo menos três céus. Aparentemente,
o terceiro céu agora está localizado: é o Paraíso, o lugar de
descanso dos justos que partem. É também onde o próprio
Deus habita.

Efésios 4:10, fala sobre a morte e a Ressurreição de Je-


sus:

Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de


todos os céus, para cumprir todas as coisas.

Repare na expressão “todos os céus.” A palavra “todos”


só pode ser utilizada correctamente no mínimo para três.
Quando eu ensinava Inglês a estudantes africanos no Qué-
nia, um aluno disse-me uma vez: “Todos os meus pais vie-

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ram ver-me.” Eu disse-lhe: - Não pode dizer, “Todos os
meus pais”, porque ninguém tem mais do que dois pais. Se
tem somente dois não se pode dizer “Todos.” O mesmo se
aplica à expressão “todos os céus.” Deve haver pelo menos
três, penso que é claramente indicado pelo teor de toda a
Escritura. Isto conduz-nos à resposta de como o reino de
Satanás ainda está no reino celestial.
Numa conversa trivial, nós às vezes usamos a expressão
“sétimo céu”, para descrever uma condição de grande fe-
licidade. Alerto-o de que não está de acordo com as Escri-
turas. Na verdade, esta expressão é retirada do Alcorão, o
livro sagrado do Islamismo, e certamente não é apropriada
para os cristãos. Em vez disso, se estiver a sentir-se parti-
cularmente feliz, deixe-me sugerir que diga que está “nas
nuvens.” Há muitas nuvens no céu, e esta expressão está
mais em linha com a Escritura: Jesus virá nas nuvens.

A existência dos três céus é a minha opinião e não uma


doutrina estabelecida. No entanto, acredito que é uma opi-
nião razoável que se ajusta a todos os factos conhecidos
da Escritura e da experiência. Quais são os três céus? O
primeiro céu é o céu visível e natural com o sol, a lua e as
estrelas que vemos com os nossos olhos.

O terceiro céu, sabemos a partir de 2 Coríntios 12, que é


a morada de Deus. É o Paraíso, o local de descanso dos
mortos virtuosos. É o lugar para onde o homem foi arre-
batado e ouviu Deus falar as palavras que não podiam ser
pronunciadas.

Então só nos falta o segundo céu. Claramente, este deve


estar entre o primeiro e o terceiro. Eu entendo que se trata
de um intermediário entre o céu da habitação, do céu de
Deus e do céu visível que vemos aqui na terra. Também
acredito que este céu intermediário é onde o quartel-ge-
neral de Satanás está localizado. Isso explicaria porque,

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muitas das vezes encontramo-nos num jogo de luta intensa
quando oramos.

Por vezes não nos apercebemos como é difícil chegar até


Deus. Fazemos uma oração que está na vontade de Deus,
acreditamos que Deus ouve e, no entanto, a resposta de-
mora. Pode haver mais do que uma explicação para isso,
mas uma razão importante para experiências deste tipo na
vida dos crentes sinceros e comprometidos, é que estamos
envolvidos numa guerra e que o quartel-general do reino
de Satanás está localizado entre o céu visível e a habitação
de Deus no céu.

3 - A BATALHA DOS ANJOS

O livro de Daniel tem um exemplo específico de guerra


espiritual que lança ainda mais luz sobre a localização do
reino de Satanás. Na verdade, ele descreve a batalha dos
anjos. No capítulo 10, Daniel descreve como ele se pre-
dispôs para orar e buscar a Deus para obter uma revelação
sobre o futuro do seu povo de Israel. Durante três semanas,
dedicou-se com uma especial intensidade à oração e a es-
perar em Deus. No final das três semanas um anjo do céu
veio até Daniel com a resposta à sua oração. O anjo era tão
glorioso e poderoso que todas as pessoas que estavam com
Daniel dispersaram-se e ele foi o único que se manteve
para receber a revelação. Daniel 10:2-6 afirma:

Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas.


Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entra-
ram na minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que
passaram as três semanas inteiras. No dia vinte e quatro
do primeiro mês, estando eu à borda do grande rio Tigre,
levantei os olhos e olhei, e eis um homem vestido de linho,

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cujos ombros estavam cingidos de ouro puro de Ufaz; o
seu corpo era como o berilo, o seu rosto, como um relâm-
pago, os seus olhos, como tochas de fogo, os seus braços
e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das
suas palavras era como o estrondo de muita gente.

Como já referi, os companheiros de Daniel não podiam


suportar essa gloriosa aparição e simplesmente desapare-
ceram. Então o anjo começou a falar com Daniel, e a par-
te em que eu me quero focar, encontra-se nos versículos
12 e 13:

Então, me disse: Não temas, Daniel, porque, desde o pri-


meiro dia em que aplicaste o coração a compreender e
a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas
palavras; e, por causa das tuas palavras, é que eu vim.

É importante ver que no primeiro dia em que Daniel co-


meçou a orar, a sua oração foi ouvida e o anjo foi enviado
com a resposta. No entanto, o anjo demorou “três sema-
nas completas” a chegar à Terra, junto a Daniel. O que
é que impediu o anjo nesta viagem de três semanas? Ele
foi contestado pelos anjos de Satanás. Algures no percurso
entre o céu de Deus à terra, o anjo foi obrigado a passar
por Satanás, no reino celestial. Lá ele resistiu aos anjos da
maldade que o tentaram impedir de passar com uma men-
sagem para Daniel. O versículo 13 continua:

Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e


um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio
para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pér-
sia.

Tudo isto ocorreu nos reinos celestiais. O líder dos anjos


de Satanás é chamado de “o príncipe do reino da Pérsia”, o
principal governante sobre a Pérsia. Relacionados a ele e,

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aparentemente, debaixo da sua autoridade estavam vários
“reis” ou anjos menores. Em seguida, no lado de Deus,
o anjo que veio para ajudar o anjo original era o arcanjo
Miguel.

Em Daniel 12:1, lemos isto sobre Miguel:

Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o


defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angús-
tia, qual nunca houve, desde que houve nação até aquele
tempo; mas, naquele tempo, será salvo o teu povo, todo
aquele que for achado inscrito no livro.

A expressão “grande príncipe” pode-se interpretar como


“arcanjo”. Este especial arcanjo Miguel mantém a guarda
sobre os filhos do povo de Daniel, os filhos de Israel.

Miguel, de alguma maneira especial, é encarregado por


Deus para vigiar os interesses e proteger Israel. Dado que
toda esta revelação se centrava em torno do futuro de Is-
rael, era de todo o interesse para Israel que o mensageiro
conseguisse atravessar. Então, quando o primeiro anjo foi
impedido, o arcanjo Miguel veio para ajudá-lo e eles com-
bateram lá contra os anjos satânicos durante vinte e um
dias.

Os anjos satânicos foram representados por um que era


conhecido como o príncipe do reino da Pérsia (o supre-
mo governante) e sob as suas ordens diferentes reis ou
subordinados governantes de várias áreas de autoridade.
Por exemplo, pode haver um rei em cada grande cidade
do império Persa, um grupo étnico mais importante, talvez
também sobre cada uma das várias religiões pagãs do im-
pério Persa. Ficamos com uma imagem de um reino com
uma estrutura altamente organizada em diversas áreas e ní-
veis de autoridade descendentes, com os quartéis-generais

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nos lugares celestiais, o qual é o reino de rebeldes, seres
espirituais descaídos.

O anjo fala novamente sobre o conflito em Daniel 10:20:

…Sabes por que eu vim a ti? Eu tornarei a pelejar contra


o príncipe dos persas…

Por outras palavras, a batalha contra o anjo satânico que


dominou o império da Pérsia não foi ainda concluída; ha-
verá mais guerra nos céus. O anjo continua:

…e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia.

Por outras palavras, uma vitória foi obtida durante sobre o


anjo maligno, que rege o império da Pérsia; o próximo im-
pério também vai ter o seu próprio anjo satânico específico
que é o governante, ou príncipe, da Grécia.

No Versículo 21, o anjo que fala com Daniel diz:

Mas eu te declarei o que está expresso na escritura da ver-


dade; e ninguém há que esteja ao meu lado contra aque-
les, a não ser Miguel, vosso príncipe.

Assim, vemos mais uma vez que o arcanjo Miguel está es-
pecificamente associado a proteger e a guardar os interes-
ses do povo de Deus, Israel. Vemos também que foi neces-
sário unir as forças do primeiro anjo às forças do Miguel,
para superar os anjos satânicos governantes do reino de
Satanás, que se opuseram ao próprio trabalho e propósito
de Deus para Israel.

Poderá admirar-se com a referência à Pérsia e à Grécia.


Deixe-me lembrá-lo de que havia quatro grandes impérios
Gentios que sucessivamente dominavam Israel e a cidade

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de Jerusalém, sensivelmente desde o século V a.C. e daí em
diante: Babilónia, Pérsia, Grécia e Roma. De entre eles, a
Pérsia e a Grécia foram significativas, porque naquela épo-
ca eram os dois impérios Gentios mais dominantes.

Vemos a partir destas passagens em Daniel, que a batalha


se centra em torno do povo de Deus e dos Seus propósitos.
Creio que isto ainda hoje é verdade. Sempre que o povo de
Deus e os Seus propósitos são postos em prática, a batalha
espiritual será mais intensa. Na minha opinião, nos dias
em que vivemos hoje, o centro do conflito é mais uma vez
sobre Israel e a cidade de Jerusalém.

O efeito da oração de Daniel é algo de surpreendente.


Quando Daniel começou a orar na terra, ele colocou todos
os céus em movimento, tanto os anjos de Deus como os
anjos de Satanás. Isso dá-nos um espectacular conheci-
mento sobre o que a oração pode fazer.

Também estou impressionado com o facto de que os anjos


de Deus aparentemente necessitaram da ajuda das orações
de Daniel para cumprirem as suas missões. Mais uma vez,
isso dá-nos um tremendo discernimento sobre a eficácia
da oração.

4 - AS ARMAS E O CAMPO DE BATALHA

Vamos abordar agora dois aspectos relacionados com a ba-


talha espiritual: em primeiro lugar, as armas que temos de
usar; em segundo lugar, o campo de batalha na qual a guer-
ra é travada. Ambos são revelados em 2 Coríntios 10:3-5:

20
Porque, embora andando na carne, não militamos segun-
do a carne. Porque as armas da nossa milícia não são
carnais… (versão JFA)

A Versão do Padrão Americano diz:*

No entanto andamos na carne, não estamos na guerra de


acordo com a carne, porque as nossas armas de guerra
não são carnais…

(*Não temos esta versão em Português, por isso traduzi-


mo-la à letra).

Note, que Paulo diz que estamos a viver na carne, envol-


vidos numa guerra, mas a nossa guerra no reino não é car-
nal. Por isso, usamos as armas que devem corresponder à
natureza da guerra. Se a natureza da guerra for carnal ou
física, então podemos usar armas carnais ou físicas, tais
como tanques, bombas ou balas. Porque a guerra é espiri-
tual e, num reino espiritual, as armas também devem ser
espirituais.

Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim


poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando
nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhe-
cimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obe-
diência de Cristo. (Versão JFA)

... Porque as armas da nossa guerra não são da carne,


mas divinamente poderosas para a destruição das forta-
lezas. Estamos a destruir todas as especulações e nobres
coisas que se levantam contra o conhecimento de Deus, e
levamos cada pensamento cativo à obediência de Cristo...
(Versão do Padrão Americano*)

21
Repare, que as nossas armas são apropriadas para a guerra,
e estamos a lidar com fortalezas.

Na versão do Rei Tiago lê-se:

Apesar de andarmos na carne, não guerreamos segundo a


carne, porque as armas da nossa guerra não são carnais
(carnais ou físicas), mas poderosas em Deus para derru-
bar lugares seguros; subjugar toda a imaginação, e cada
altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, le-
vando cativo todo o pensamento à obediência de Cristo...

(de igual modo, esta tradução não existe em português, por


isso, está traduzida à letra).

A versão do padrão Americano diz “fortalezas” a versão


do Rei Tiago diz “lugares seguros.”

A guerra é no reino espiritual, consequentemente, as ar-


mas, são espirituais e adequadas para o reino da guerra.
Estas armas vão ser o meu tema principal, nos dois capí-
tulos seguintes: “A nossa Armadura Defensiva” e “Armas
de Ataque.”

É extremamente importante que, entendamos que a bata-


lha está a decorrer. Falando do campo de batalha e dos
nossos objectivos, Paulo usa várias palavras. Eu escolheria
entre as diferentes traduções as seguintes palavras: ima-
ginações, raciocínios, especulações, argumentos, conheci-
mento e pensamento.

Repare, que cada uma destas palavras se refere ao mesmo


domínio particular, o domínio da mente. É absolutamente
necessário compreender que o campo de batalha é na
esfera da mente. Satanás aposta numa guerra que cujo
objectivo é cativar as mentes da raça humana. Ele está a

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construir lugares seguros e fortalezas nas suas mentes e é
da nossa responsabilidade, como representantes de Deus,
usarmos as nossas armas espirituais para quebrar essas for-
talezas, para libertar a mente dos homens e mulheres e,
em seguida, levá-los cativos à obediência de Cristo. Que
missão surpreendente que isso é!

Satanás deliberada e sistematicamente constrói lugares se-


guros nas mentes das pessoas. Estas fortalezas resistem à
verdade do evangelho e da Palavra de Deus e impedem
que elas sejam capazes de receber a mensagem do evan-
gelho.
Que tipo de fortalezas a Bíblia indica? Gostaria de sugerir
duas palavras bastante comuns em Inglês que descrevem
o tipo de fortificações na mente das pessoas: preconceito
e pré-concepção.

Não sei se já ouviu falar desta definição de preconceito: é


estar perante uma situação ou assunto acerca do qual não
domina e de antemão nem se dispõe a considerar. Por ou-
tras palavras, senão souber nada acerca desse assunto, para
si isso já é uma coisa que não lhe oferece credibilidade. Se
não partir primeiro de si chegar a essa conclusão, então
é porque é algo impensável. Se isto se aplicasse a algum
grupo então seria a um grupo de pessoas religiosas, porque
a maior parte do que as pessoas religiosas não ouviram
falar, enfrentam com desconfiança imediata.

Há um outro exemplo de preconceito que está contido na


famosa declaração, “Não me confunda com os factos, nada
vai mudar o que eu já sei disto!” Isto é preconceito. Quan-
do a mente de uma pessoa já está preconcebida, nenhum
facto, verdade, prova ou razão pode alterá-lo. Apenas as
armas espirituais podem quebrar essas fortalezas. As pes-
soas são motivadas e dominadas por preconceitos e pre-

23
concepções, o que muitas vezes as levará à sua própria
destruição.

Um exemplo que realmente me impressionou, talvez por


ser inglês, aconteceu na Guerra Revolucionária Americana
em que os soldados foram lutar contra os rebeldes ameri-
canos. A ideia inglesa da guerra foi usar uniformes bastan-
te coloridos e marchar em linha ao som dos tambores para
a batalha. Os atiradores americanos escondiam-se nas ár-
vores e pântanos e simplesmente atiravam sobre eles, sem
serem vistos. Nos nossos padrões de hoje, isso seria con-
siderado um suicídio militar. Nesse tempo, porém, as pes-
soas não poderiam conceber o combate de qualquer outra
forma. Foi uma fortaleza de preconceito e preconcepção
que causou a morte desnecessária de milhares soldados in-
gleses. Este é apenas um exemplo de como um preconceito
mental pode conduzir as pessoas à sua própria destruição.

Há outros exemplos de preconceitos que se apoderam das


mentes do povo, tais como cultos religiosos, ideologias
políticas, preconceitos raciais. Estes são encontrados, fre-
quentemente, entre os cristãos professos.

Há algum tempo atrás, eu estava a pregar na África do


Sul. Fui convidado a pregar sobre o tema dos principados e
batalha espiritual. À medida que meditava sobre ele, pare-
cia que o Senhor me estava a revelar quem era o “homem
forte” que estava dominando a África do Sul, e percebi que
este homem forte é: o fanatismo. Procurei a palavra “fa-
nático” no dicionário e esta foi a definição que encontrei
mais apropriada: “Aquele que ocupa, independentemente
do motivo, e atribui peso desproporcional a algumas cren-
ças ou opiniões.” Também é uma fortaleza, é algo que Sa-
tanás constrói na mente das pessoas.

24
Depois de ter falado sobre isso, um ministro que nasceu
na África do Sul e conhecia bem o país, disse-me: “Não
poderia ter descrito melhor os problemas da África do Sul.
A África do Sul está cheia de intolerância religiosa, racial
e confessional. A raiz dos problemas desta nação é o fana-
tismo.” Os Sul-africanos, individualmente, são um grupo
encantador de pessoas, mas as suas mentes foram cativa-
das e ficaram presas na fortaleza do fanatismo. Não estou
a insinuar que as pessoas da África do Sul são diferentes
das outras pessoas, elas simplesmente têm a sua fortaleza
muita própria. 2 Coríntios 4:4 afirma:

Nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos


incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evan-
gelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.

A fortaleza é algo que cega as mentes dos homens, para


que a luz do evangelho não possa brilhar neles. Quando
uma pessoa está nesta condição, é completamente inútil
discutir com ela. Quanto mais se alega, quanto mais se
tentar mostrar o seu erro, mais firmemente ficam presos
nesse erro. A única forma de libertar essas pessoas é utili-
zar as nossas armas espirituais para derrubar as fortalezas
nas suas mentes.

5 - A BASE DA NOSSA VITÓRIA

Agora, vou explicar o facto mais importante que precisa-


mos de saber, a fim de garantir a vitória na nossa batalha
espiritual. Em Colossenses 2:13-15, Paulo descreve o que
Deus fez por nós, como crentes, através da morte de Cristo
na Cruz em nosso nome.

25
E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgres-
sões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida jun-
tamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo
cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que
constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, remo-
veu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando
os principados e as potestades, publicamente os expôs ao
desprezo, triunfando deles na cruz.

Permita-me primeiro avisar que Satanás está extremamen-


te determinado em que não chegue ao conhecimento pleno
deste facto. Ele quer manter todos os cristãos na ignorân-
cia acerca desta verdade, pois é a chave para a sua derrota.
A grande verdade essencial é esta: Cristo já derrotou Sa-
tanás e todos os seus poderes e autoridades malignos
totalmente e para sempre.

Se não se lembrar de mais nada, ao menos lembre-se do


seguinte: Cristo já derrotou Satanás e todos os seus pode-
res e autoridades malignos totalmente e para sempre. Ele
fez isso através da Sua morte na cruz, através do Seu san-
gue derramado, e através da Sua ressurreição triunfante.

Para perceber de que maneira é que foi alcançado, é preci-


so reconhecer que a principal arma que Satanás usa contra
nós é a culpa. Apocalipse 12:10 afirma:

Então, ouvi grande voz do céu, proclamando: Agora, veio


a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade
do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos ir-
mãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do
nosso Deus.

Quem é o acusador dos irmãos? Sabemos que é Sa-


tanás. Como já anteriormente referi, Satanás tem
acesso à presença de Deus e a sua ocupação prin-

26
cipal é acusar-nos a nós que cremos em Jesus.
Porque é que Satanás nos acusa? Qual é o seu objectivo? A
resposta resume-se numa simples frase: para nos fazer sen-
tir culpados. Enquanto Satanás nos conseguir manter com
este sentimento de culpa, não o podemos derrotar. Culpa,
é a chave para a nossa derrota e justiça é a chave para a
nossa vitória.

Deus, através da Cruz, resolveu este problema de culpa,


tanto no passado como no futuro. Ele fez provisão com-
pleta para ambos. Como é que Deus lida com o passado?
Colossenses 2:13 diz: “…perdoando todos os nossos de-
litos…”

Através da morte de Jesus Cristo em nosso nome, como


o nosso representante, transportando a nossa culpa e pa-
gando a nossa pena, Deus é agora capaz de nos perdoar de
todos os nossos actos pecaminosos. Porque a Sua justiça
foi satisfeita pela morte de Cristo, Ele pode perdoar todos
os pecados que temos cometido, sem nunca comprome-
ter a Sua própria justiça. A primeira coisa que temos de
compreender é que todos os nossos actos pecaminosos do
passado, não importando quantos ou quão graves foram
perdoados, quando pomos a nossa fé em Jesus.

Então, Deus fez provisão para o futuro, como nos mostra


em Colossenses 2:14:

…tendo cancelado o escrito da dívida, que era contra nós


e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial,
removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz.

O “escrito da dívida” é a lei de Moisés. Jesus, na Cruz


aboliu lei de Moisés como sendo o requisito para a obten-
ção da justiça com Deus. Enquanto a lei de Moisés foi a
exigência, cada vez que não se cumpria um dos requisi-

27
tos por mais pequeno que fosse, éramos culpados perante
Deus. Quando a lei deixou de ser o requisito para alcançar
a justiça, tornou possível de imediato que nós vivêssemos
livres de culpa, porque é a nossa fé que passou ser o requi-
sito para a justiça.

Relacionado a este assunto encontramos duas passagens.


Uma delas está em Romanos 10:4:

Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele


que crê.

Esta é uma declaração importante. Judeu ou gentio, cató-


lico ou protestante, não faz diferença. Cristo não é o fim
da lei como parte da Palavra de Deus, ou como uma parte
da história de Israel, ou em qualquer outro aspecto, Ele é o
fim da lei como um meio de alcançar justiça com Deus.

Nós não somos obrigados a manter a lei, a fim de sermos


justos. A outra passagem está em 2 Coríntios 5:21:

Aquele que não conheceu pecado, ele fez o pecado por


nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.

Isto é a troca divina. Jesus foi feito pecado com o nosso


pecado, para que que possamos ser justos com a Sua jus-
tiça. Depois de perceber o facto de que fomos feitos jus-
tos com a justiça de Cristo, o diabo já não pode fazer-nos
sentir culpados por mais tempo. Assim arma principal de
Satanás foi-lhe retirada. Jesus desarmou os principados e
potestades através da Sua morte na Cruz. Ele tirou-lhes a
principal arma que tinham contra nós.

28
Agora eu quero mostrar-lhe o resultado da vitória de Cristo
através de nós. Já vimos a declaração da vitória de Cristo
em Colossenses 2:15:

…e, despojando os principados e as potestades, [toda a


maldição do reino de Satanás] publicamente os expôs ao
desprezo, triunfando deles na cruz.

Um triunfo não é realmente a conquista de uma vitória, é a


celebração de uma vitória que já foi ganha. Jesus, através
da Sua morte na Cruz, demonstrou a todo o universo a Sua
vitória sobre todo o reino satânico. No entanto Jesus não
ganhou esta vitória para Ele próprio. Não precisava dela
para si, mas conquistou-a para nós.

Os propósitos da vitória de Deus são para dar fruto e serem


demonstrados através de nós. Em 2 Coríntios 2:14 (um dos
meus versículos favoritos), Paulo diz:

Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos con-


duz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar
a fragrância do seu conhecimento.

Não admira que Paulo diga, “graças a Deus.” Quando se


consegue perceber a mensagem deste versículo, só nos
resta mesmo render graças a Deus. Ele em todo o tempo
partilha connosco o triunfo de Cristo sobre o reino de Sata-
nás. Existem duas formas adverbiais, “sempre” e “em todo
o lugar”. Isto significa que não há tempo e lugar onde não
possamos partilhar visivelmente o triunfo de Cristo sobre
o reino de Satanás.

Em Mateus 28:18-20, Jesus declara:

Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a auto-


ridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei

29
discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome
do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a
guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que
estou convosco todos os dias até à consumação dos sécu-
los.

Aqui Jesus diz que, através da Sua morte na Cruz, Ele ar-
rancou a autoridade de Satanás, obtendo-a para si mesmo,
e Deus investe Nele toda a autoridade no céu e na terra.
Então Ele diz: “Portanto ide e fazei discípulos...” Qual é a
implicação da palavra “Ide? “ Jesus diz, “Eu conquistei a
autoridade, agora chegou a tua vez de a usares. Demons-
tra a Minha vitória a todo o mundo cumprindo a Minha
missão.”

Gostaria de fazer três declarações simples sobre a vitória


de Jesus. Em primeiro lugar, a tentação no deserto, Jesus
pessoalmente derrotou Satanás. Conheceu-o, resistiu à sua
tentação, e derrotou-o. Em segundo lugar, na Cruz, Jesus
derrotou Satanás em nosso lugar; não para Si próprio, mas
para nós. Ele não precisava da vitória para Si, porque Ele
já a tinha, mas ele ganhou a vitória para nós e o derrotou o
nosso inimigo. Ele desarmou o nosso inimigo publicamen-
te, “expondo-o a nu”, revelando-o tal como ele é, em nosso
favor. Terceiro, agora a nossa responsabilidade é demons-
trar e administrar a vitória de Jesus.

Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos con-


duz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar
a fragrância do seu conhecimento.
(2 Coríntios 2:14)

Lembre-se que “sempre” e “em todo o lugar” Cristo tor-


nou possível a vitória para nós.

30
PARTE 2
A NOSSA ARMADURA
DEFENSIVA
32
6 - A ARMADURA COMPLETA DE DEUS

Já expliquei que nós como representantes do Reino de


Deus aqui na terra, nos encontramos envolvidos numa
guerra intensa contra o reino oposto, extremamente bem
organizado e governado por Satanás. É um reino formado
por seres espirituais malignos (pessoas sem corpos), cujo
quartel-general está nos reinos celestiais.

O campo desta batalha situa-se nas mentes das pessoas.


Satanás construiu a fortaleza do preconceito e da incre-
dulidade nas mentes da raça humana com o objectivo im-
pedir de conhecer a verdade do evangelho. O nosso Deus,
atribui-nos a tarefa de derrubar estas fortalezas mentais,
libertando assim os homens e as mulheres do engano de
Satanás e, em seguida, levá-los à submissão e obediência
a Cristo.

A nossa capacidade para cumprir esta tarefa que Deus nos


incumbiu, depende principalmente de dois factores: Em
primeiro lugar, que nós aceitemos com base na Escritura
que, na Cruz Jesus derrotou totalmente Satanás por nós,
sendo agora da nossa responsabilidade demonstrar e ad-
ministrar a vitória que Jesus já conquistou. Em segundo
lugar, temos que utilizar de forma adequada as armas es-
pirituais que Deus nos proporcionou. Estas armas espiritu-
ais dividem-se em duas categorias principais: as armas de
defesa e as armas de ataque. Nesta fase, vamos tratar da
primeira categoria, as armas de defesa.

Efésios 6:10-17 é a nossa base:

Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do


seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para
poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque

33
a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra
os principados e potestades, contra os dominadores des-
te mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal,
nas regiões celestes. Portanto, tomai toda a armadura de
Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de
terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois,
firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da cou-
raça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evan-
gelho da paz; embraçando sempre o escudo da fé, com o
qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Ma-
ligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada
do Espírito, que é a palavra de Deus.

Na passagem “Portanto tomai toda a armadura de Deus...”,


Paulo refere-se ao assumir da armadura de Deus na sua to-
talidade. Eu já comentei em diversas ocasiões, que quando
se encontra a palavra “portanto” na Bíblia, é necessário
descobrir o “porquê”. O “portanto” neste versículo está lá
por causa do versículo anterior onde Paulo diz: “... Porque
a nossa luta não é contra carne e o sangue, e sim contra
os principados, contra os dominadores deste mundo te-
nebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões
celestes.”. É porque estamos envolvidos nesta luta de vida
e morte com as forças espirituais malignas do reino de Sa-
tanás que devemos a nós mesmos (e pelo que a Palavra de
Deus requer de nós), colocar a armadura total de Deus. É
significativo que por duas vezes nesta passagem (v. 11 e
13) Paulo alerte:

“Revesti-vos de toda a armadura de Deus” Na verdade,


fomos claramente informados pela Escritura que nos de-
vemos proteger com a armadura total de Deus.

No versículo 13, Paulo dá mais um motivo: “Para que


possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido
tudo, permanecer inabaláveis.” Reflicta na expressão “no

34
dia mau.” Eu não acredito que isto signifique a Grande Tri-
bulação ou alguma catástrofe profética que irá surgir em
todo o mundo (apesar de acreditar na existências dessas
catástrofes). Neste contexto “no dia mau”, creio que se re-
fere a algo menos bom que cada cristão irá enfrentar. Este
será um momento em que ele tem que enfrentar as forças
do mal, onde a sua fé estará a ser desafiada e onde todo o
tipo de oposição e problemas será lançado sobre ele.
Paulo não questiona a necessidade de enfrentar o dia mau.
Não é uma opção, mas uma certeza. Penso muitas vezes na
parábola que Jesus contou relativamente aos dois homens
que construíram as suas casas. O homem insensato cons-
truiu sobre a areia, mas o homem sábio construiu sobre a
rocha. A casa do homem insensato acabou por cair, o que
não aconteceu com a do homem sábio. A diferença entre
essas duas casas não foi as intempéries, pois cada casa pas-
sou pelas mesmas situações: vento, chuva, tempestades e
inundações. A diferença foi a base sobre a qual elas foram
construídas.

Nada nas Escrituras indica que nós, como cristãos, iremos


escapar a tribulações. Não vamos escapar ao “dia mau,”
temos pois que estar preparados para passar por isso. Por
isso Paulo nos alerta “tomai toda a armadura de Deus.”
Paulo para transmitir esse alerta, usa a imagem de um le-
gionário romano dos seus dias e enumera as seis peças do
equipamento que normalmente um legionário usaria. Per-
mita-me descrevê-las para si:

Em primeiro lugar, o cinto da verdade; em segundo lugar,


a couraça da justiça; terceiro, os sapatos da preparação do
evangelho; em quarto lugar, o escudo da fé; quinto, o capa-
cete da salvação e em sexto lugar, a espada do espírito.

Irá entender, à medida que meditar sobre isto, que se co-


locar todas estas seis peças do equipamento, estará total-

35
mente protegido desde o cimo da sua cabeça até às plantas
dos pés com uma excepção. Não existe qualquer protecção
para as costas, acerca disto explicaremos mais adiante.

7 - O CINTO DA VERDADE

A primeira peça do equipamento é o cinto da verdade. Te-


mos de compreender por que razão, um legionário romano
iria precisar de um cinturão como parte do seu equipamen-
to. Note-se que, naquela época, o vestuário dos homens
(bem como o das mulheres) era composto por uma única
peça de roupa, larga e cujo comprimento era pelo menos
até aos joelhos. No caso do legionário romano, era uma
espécie de túnica.
Quando um legionário romano era obrigado a fazer algo
activo, tal como a luta ou utilizar as suas armas, ele teria
que ter cuidado com este vestuário. Se ele não o tivesse,
as suas abas e pregas prejudicariam os seus movimentos
e impediam-no de utilizar o resto do seu equipamento de
forma eficaz.

A primeira coisa que ele tinha que fazer era amarrar bem
o cinto à volta da sua cintura, de tal forma que a túnica o
deixasse livre e em nada pudesse dificultar ainda mais os
seus movimentos. Isto era essencial, e foi a base para tudo
o resto. É por isso que Paulo menciona o cinto da verdade
antes de ele falar de qualquer outra coisa.

Paulo transmite que para nós o cinto simboliza a verdade.


Creio que não significa a verdade teológica e abstracta,
mas a verdade que é praticada no dia-a-dia: ou seja a ho-
nestidade, a sinceridade, a abertura e a franqueza.

36
As pessoas religiosas encontram-se frequentemente carre-
gadas de muito fingimento e hipocrisia. Muitas das coisas
que dizem não são propriamente o que pretendem dizer,
mas dizem-no apenas porque lhes parece que ficará bem.
Estamos cheios de clichês religiosos e insinceridades. Há
coisas que fazemos não com o intuito de agradar a Deus
ou porque realmente queremos fazê-las, mas para agradar
a outras pessoas. Praticamente cada grupo religioso tem o
seu próprio cliché particular, como por exemplo: “Jesus
vai-te ajudar, meu irmão.” Normalmente isto é só da boca
para fora, apenas para “ sacudir a água do capote”; porque
não é Jesus que tem que ajudar o teu irmão, és TU que tens
que ajudar o teu irmão.

Conversa religiosa como esta é como uma túnica larga
e solta (equipamento legionário romano), só atrapalha e
impede-nos de pôr em prática o tipo de coisas que Deus
realmente quer que façamos. Impede-nos de ser cristãos
activos, enérgicos e eficazes. Também nos impede de usar
o restante equipamento. Somos obrigados, antes de tudo,
a colocar o cinto da verdade. Temos que pôr de lado o fin-
gimento, a hipocrisia, os clichês religiosos e tudo o que
dizemos e fazemos que na realidade não é o pretendemos.
Muitas vezes a verdade é bastante dolorosa. Tens que co-
meçar a mostrar às outras pessoas que tipo de pessoa que
realmente és. Mesmo que tenhas fingido ou te escondido
durante muito tempo atrás de uma máscara religiosa, agora
estás a ser confrontado com a necessidade da verdade, da
abertura e da franqueza. Tens que pôr o cinto, amarrá-lo
à tua volta; para que com isso possas acabar com as in-
sinceridades; e as falsidades religiosas não possam mais
circular em torno de ti, impedindo de seres e fazeres o que
na verdade Deus requer de ti.

37
8 - A COURAÇA DA JUSTIÇA

A couraça do legionário romano protege, acima de tudo,


um órgão absolutamente vital do corpo humano: o cora-
ção. A Bíblia indica que o coração é de suma importância
nas nossas vidas como declarou Salomão em Provérbios
4:23:

Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, por-


que dele procedem as fontes da vida.

Fui professor, no Quénia, África Oriental, durante cinco


anos. Familiarizei-me com algumas das tribos lá existen-
tes e aprendi um pouco das suas línguas. Um dia, na pa-
rede do dormitório de um estudante, eu li Provérbios 4:23
citado na língua Maragoli. Traduzi literalmente para mim
e nunca me esqueci desta tradução. “Guarda o teu coração
com toda a tua força porque todas as coisas da vida vêm
daí.”

O que tem no seu coração inevitavelmente determinará o


rumo da sua vida, para o bem ou para o mal. É essencial
proteger o nosso coração de todos os tipos de males. Paulo
fala sobre a couraça da justiça como sendo uma protecção
do coração.

Temos que perguntar a nós mesmos o que se entende por


justiça neste contexto. Felizmente, Paulo retoma este tema
da armadura noutra epístola. Em I Tessalonicenses 5:8, ele
diz o seguinte:

Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestin-


do-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capa-
cete a esperança da salvação.

38
Aqui Paulo descreve a couraça, de um outro ponto de vis-
ta. Ele chama-lhe “a couraça da fé e do amor.” Coloque
essas duas passagens em conjunto: “a couraça da justiça” é
uma “couraça da fé e do amor.” Isto revela o tipo de justiça
que Paulo tem em mente. Não é a justiça de obras, ou de lei
religiosa, mas é a justiça que vem somente pela fé.

Paulo fala sobre este tipo de justiça novamente em Fili-


penses 3:9:

…[que eu] seja achado nele [Cristo], não tendo justiça


própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em
Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé…

Paulo, coloca agora os dois tipos de justiça lado a lado.


Primeiramente, ele fala de uma justiça própria, derivada
da lei e diz que isto não é o suficiente. Como alternativa,
ele fala da justiça que vem de Deus baseada na fé. Esse é
o tipo de justiça que ele tem em mente quando fala sobre
a couraça da justiça que protege o coração. Enquanto ves-
tirmos uma couraça que provém da nossa própria justiça,
Satanás pode encontrar muitos pontos fracos e muitas ve-
zes pode penetrá-la com os seus ataques causando danos
no nosso coração. Temos que colocar uma couraça que,
não seja a nossa própria justiça, mas a justiça de Cristo. 2
Coríntios 5:21, diz:

Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por


nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.

Baseado na Escritura, tornamo-nos convictos e aceitamos


pela fé que nos tornamos a justiça de Deus. Essa é a única
espécie de couraça que pode proteger o nosso coração e a
nossa vida. Este tipo de justiça, Paulo enfatiza que, vem
somente pela fé. Portanto não há outra maneira de conse-
gui-la.

39
Sempre que me relembro da oração de Jesus a Pedro, na
noite antes da Sua paixão, quando Jesus advertiu Pedro
que ele o iria trair naquela mesma noite, fico comovido. No
contexto dessa advertência, Jesus disse: “Pedro, eu tenho
orado por ti.”Jesus não orou para, que Pedro não O traísse.
Nestas circunstâncias, sob as pressões que se desenvolvem
e com as conhecidas debilidades na personalidade de Pe-
dro, era inevitável que ele iria trair Jesus. Mas Jesus orou
uma oração diferente: a única oração que poderia realmen-
te ajudar Pedro. Jesus disse em Lucas 22:31-32:

Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos pe-
neirar como trigo!
Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfale-
ça…

Note, “para que a tua fé não desfaleça.” Mesmo que ele


negasse o Senhor e se mostrasse muito fraco e cobarde,
tudo ainda poderia ser recuperado desde que a sua fé não
falhasse. Este é a couraça da fé e do amor. A fé é o elemen-
to essencial para esta. A fé que estamos a analisar funciona
somente através do amor. Gálatas 5:6, diz:

Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incir-


cuncisão têm valor algum, mas a fé que actua pelo amor.

Pelo que entendi, o que Paulo no fundo pretende transmitir


é: “Não há nenhuma espécie de ritual ou cerimónia, por
si só, que seja suficiente. A única coisa essencial, sem o
qual não podemos ter sucesso na vida cristã, é a fé, a que
trabalha através do amor. Não é uma fé passiva ou teórica.
Trata-se de uma fé activa que funciona apenas através do
amor.”

40
Quanto mais medito sobre isso, mais impressionado fico
com o poder irresistível do amor. Amo a passagem dos
Cantares de Salomão 8:6-7, que diz:

Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre


o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro
como a sepultura, o ciúme; as suas brasas são brasas de
fogo, são veementes labaredas.
As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os
rios, afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens da
sua casa pelo amor, seria de todo desprezado.

Pense na afirmação: “o amor é forte como a morte.” A mor-


te é única coisa inevitável que todos nós iremos encontrar.
Não há ninguém que lhe possa resistir; não há maneira de a
evitar. A Escritura diz que o amor é forte como a morte.
Pense nisso! O amor é imprescindível, vence sempre, não
há nenhuma maneira que possa ser derrotado! O Amor
protege-nos de todas as forças negativas como o ressen-
timento, falta de perdão, amargura, desânimo e desespe-
ro que podem corromper os nossos corações e estragar as
nossas vidas. Lembre-se, tudo o que existe na vida vem do
coração.

Paulo descreve este amor em 1 Coríntios 13:4-8:

O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ci-


úmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz
inconvenientemente, não procura os seus interesses, não
se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a
injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo
crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais acaba; mas, havendo línguas, cessarão;
havendo ciência, passará…

41
Esta é a couraça de que precisamos, a que nunca falha.
Uma couraça onde não existem pontos fracos que permi-
tam Satanás a possa penetrar. O que Paulo transcreve ca-
racteriza fielmente a imagem da couraça: O amor sempre
protege, sempre confia, sempre espera, sempre persevera.
Quando tiver esta couraça de fé que actua através do amor,
ela sempre o protegerá. Irá guardar o seu coração de cada
ataque e tentativa de Satanás para penetrar nessa área vital
da sua vida.

9 - OS SAPATOS DA PREPARAÇÃO
DO EVANGELHO

Os legionários romanos normalmente usavam sandálias


altas e fortes, com tiras de couro para mantê-las seguras.
Geralmente eram atadas com tiras de couro até aos gé-
meos (músculos situados um pouco abaixo dos joelhos).
Eram uma parte muito importante do equipamento do le-
gionário, porque lhes permitia marchar longas distâncias
em consideráveis velocidades. Isto deu-lhes mobilidade,
permitindo assim estar ao dispor do seu comandante no
momento e no lugar onde eles eram mais necessários.
Pense nestas sandálias e na importância que é estar bem
equipado para assim ter mobilidade e disponibilidade para
o seu comandante, o Senhor Jesus Cristo. Isto aconteceu
comigo, é real; faz parte da minha experiência pessoal.

Durante dois anos, no decorrer da II Guerra Mundial, eu


servi numa unidade hospitalar do exército britânico nos
desertos do Norte de África. Houve alturas em que tra-
balhávamos numa divisão armada muito perto das linhas
inimigas, por vezes à noite. No deserto não é fácil saber
exactamente onde estão as linhas inimigas, porque toda a
guerra é muito móvel. Nessas situações, o nosso coman-

42
dante sempre nos deu ordens para que não descalçarmos
as nossas botas durante a noite, por isso dormíamos com
elas. Evidentemente, a razão é bastante óbvia. Normal-
mente não fica no seu melhor quando é acordado com um
som irritante. Se não tiver as botas calçadas e, há confusão
à sua volta, corre o risco de perder alguns minutos precio-
sos apalpando no escuro à procura delas, e seguidamente
tentando colocá-las e atá-las. Se, no entanto, tiver as suas
botas calçadas, estará imediatamente disponível. A chave
para ter sucesso é: a disponibilidade e a mobilidade.

Semelhantemente, é o que acontece no campo espiritual e


percebemos isso quando Paulo se refere ao nosso equipa-
mento. Os sapatos, ou as sandálias, são chamados de “a
preparação do evangelho”. Por outras palavras, significa
estar-se preparado com alguma coisa. Como cristãos, de-
vemos ter uma compreensão clara do evangelho. Muitos
cristãos dizem que estão salvos e que nasceram de novo,
no entanto não conseguem explicar de uma maneira clara
como foram salvos ou como alguém se salva. Penso que
“preparação” inclui o estudo da Escritura, memorização
das Escrituras, e a capacidade de transmitir com clareza a
mensagem do evangelho. Repare também que, Paulo lhe
chama “o evangelho da paz.” É um evangelho que pro-
duz a paz do coração e da mente de quem nele acredita
e obedece.

Sobre a paz, uma coisa é certa: só podemos transmitir paz


para os outros se nós próprios tivermos paz! Nós não po-
demos transmitir algo que não experimentámos. Podemos
falar sobre isso, podemos teorizar, mas não se pode trans-
mitir.

Há uma passagem muito significativa em Mateus 10:12-


13, onde Jesus deu instruções aos primeiros discípulos,

43
mais propriamente quando Ele os enviou pela primeira vez
a pregar o evangelho. Eis uma parte da Sua instrução:

Ao entrardes na casa, saudai-a; se, com efeito, a casa for


digna, venha sobre ela a vossa paz; se, porém, não o for,
torne para vós outros a vossa paz.

Repare no importante significado desta frase, “se, com


efeito, a casa for digna, venha sobre ela a vossa paz…”.
Ou seja, ao entrar numa casa deve conceder a sua paz, será
que possui paz para dar ou transmitir? Porque, obviamente
não se pode dar algo que não se esteja desfrutando.

Deixe-me dar um pequeno exemplo de como isto pode


funcionar. Suponha que é um(a) senhor(a) a fazer compras
num supermercado. Enquanto espera na caixa, há uma se-
nhora que está, obviamente, à beira de um colapso nervo-
so. Ela está nervosa e trémula e Deus direcciona-o(a) para
ajudá-la. O que vai fazer? Vai dizer: “Vamos à igreja no
domingo de manhã?” Isso não irá satisfazer a sua necessi-
dade. Se isto é tudo o que poderia dizer, então é porque não
tem os seus “sapatos” calçados.

Tendo os seus sapatos calçados significa que está sempre


pronto para fazer qualquer coisa quando e como Deus o
orientar. Primeiro de tudo, tem que ter paz. Deve deixar
que a pessoa sinta que tem algo que ela não tem e que
precisa desesperadamente. Pode-se sentir paz transmitida
por outras pessoas.

Quando alguém está desejando encontrar esta paz, você


tem que ter capacidade para transmitir de uma maneira
simples e sem recorrer a linguagem religiosa como ela
pode encontrar a paz. Tem que saber transmitir o evange-
lho. A isto se chama os “sapatos da preparação do evange-
lho da paz.”

44
10 - O ESCUDO DA FÉ

No Novo Testamento em Grego, há duas palavras diferen-


tes para “escudo”. Uma refere-se a um pequeno escudo cir-
cular, moldado mais ou menos como uma cesta de vimes
grande, redonda e de superfície plana. A outra refere-se a
um escudo rectangular longo e esta palavra tem origem na
palavra porta, porque no fundo ele é parecido com uma
porta. É este o tipo de escudo a que Paulo se refere quando
ele diz “o escudo da fé.”

Um legionário romano devidamente treinado poderia usar


o escudo para que nenhuma parte do seu corpo pudesse
ser atingida pelos mísseis do inimigo. Está completamente
protegido; este é o tipo de fé que Paulo fala quando se re-
fere a ela como um escudo.

Quando fizer face a Satanás, se começar a causar-lhe al-


gum problema, pode ter a certeza que ele vai contra-atacar.
Primeiro, ele pode contra-atacar as nossas mentes, os nos-
sos corações, os nossos corpos, ou as nossas finanças, por
isso precisamos de ter um escudo que nos cubra. Ele irá
atacar qualquer área que ele possa alcançar. Se ele não nos
poder atacar, ele vai atacar os mais próximos de nós. Se é
um homem casado, a primeira coisa que Satanás irá atacar
é a sua esposa. É quase garantido. Esta é uma das maneiras
que ele usará para atingi-lo a si, tal como era o seu objecti-
vo inicial. É indispensável ter um escudo suficientemente
grande para proteger tudo aquilo pelo qual Deus vos tor-
nou responsáveis, incluindo-o a si, a sua família, e tudo o
que Deus providenciou para si. Aprendi esta lição de uma
maneira muito prática.

Numa certa altura estava a ministrar para uma mulher que


tinha um espírito de suicídio. Num determinado momento,

45
ela recebeu a libertação de uma maneira tão clara e radi-
cal que imediatamente percebeu que estava livre. Ambos
louvámos a Deus. No dia seguinte ela voltou para me ver e
contar este notável incidente: num dado momento aquando
da sua libertação, o seu marido estava a conduzir ao longo
da estrada, no seu camião pick-up aberto, e o seu cão Pas-
tor Alemão estava em pé (como sempre gostava de fazer)
na parte traseira do camião. Sem razão aparente, enquanto
o camião viajava em alta velocidade, o cão saltou para fora
e morreu instantaneamente.

No momento em que ela me contou aquilo, percebi que


o espírito de suicídio, que a deixou, passou para o cão.
Satanás atacou a coisa mais próxima que poderia atingir.
Eu aprendi uma lição e confio que nunca mais a precisarei
de aprender novamente. Sempre que eu ministro libertação
para as pessoas, clamo pela protecção da fé no sangue de
Jesus sobre tudo o que esteja ligado a elas. Isto ensinou-me
a importância do escudo da fé como sendo um grande es-
cudo na forma de uma porta, que protege tudo o que Deus
nos providenciou.

A fé é mencionada duas vezes na lista da armadura. A cou-


raça é fé e amor, o escudo é o escudo da fé. Cada utiliza-
ção de “fé” deve ser entendida de uma maneira um pouco
diferente: a couraça é fé para a nossa própria justiça, mas
o escudo é fé para a protecção e provisão de nós e de todos
os que Deus nos tem confiado. E isso cobre tudo.

Aprendi isto de uma maneira clara, no início do meu mi-


nistério de rádio. Quando eu comecei este ministério, foi
notável como muitas coisas ao mesmo tempo correram
mal no escritório e na produção. Equipamentos que de-
veriam ter funcionado perfeitamente de repente deixaram
de funcionar. O pessoal ficou doente, as mensagens foram
extraviadas. A confusão quebrou o que normalmente es-

46
tava bem organizado e ordenado. Então eu percebi que
era necessário ampliar o escudo da fé. Satanás foi contra
atacando e ele não poderia chegar a mim, pessoalmente,
então atacou uma coisa da qual eu dependia, daqueles que
apoiavam o meu ministério. Mas, agarrei o escudo da fé,
repreendi este poder de confusão e a paz e a ordem foram
restauradas. Mais uma vez, aprendi uma lição. Temos de
erguer o escudo da fé para a plena protecção e provisão.

11 - O CAPACETE DA SALVAÇÃO

A quinta peça do equipamento é o capacete da salvação.


Vou compartilhar algumas verdades preciosas relativas a
isso, que eu aprendi com os meus próprios conflitos.

Quando olho reflicto nesses conflitos, recordo-me das pa-


lavras de Paulo em Romanos 8:37:

Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores,


por meio daquele que nos amou.

O que significa ser mais do que vencedores? Isso significa


não só ganhar a batalha, mas de facto sair dela com mais
do que tínhamos quando fomos para lá. Já vi muitas vezes
isto se tornar realidade na minha própria vida.

Ao lidar com o escudo, vimos que ele protege o coração.


Agora que nós estamos a olhar para o capacete, podemos
ver que ele protege a cabeça e que a cabeça representa a
mente. Com efeito, estamos a falar de um capacete que
protege as nossas mentes.

Vimos anteriormente que o campo de batalha espiritual


onde decorre esta guerra é na mente da humanidade. Como

47
a mente é o campo de batalha, é óbvio que temos de ser
especialmente cuidadosos em proteger as nossas próprias
mentes.

Na Segunda Guerra Mundial ao prestar funções em hos-


pitais, por experiência tornei-me consciente disto. Natu-
ralmente, uma pessoa ferida na cabeça, já não pode fazer
uso efectivo do resto do seu equipamento. Ele pode ser um
soldado muito corajoso e eficiente e ter excelentes equipa-
mentos, mas quando ele é ferido na cabeça, torna-se muito
difícil para ele fazer um bom uso da sua capacidade e do
seu equipamento.

No mundo espiritual, isto acontece muitos obreiros cris-


tãos. Sinto-me privilegiado por ter estado ligado ao mi-
nistério em diferentes tempos e em diferentes lugares com
muitos servos maravilhosos de Deus, quer homens quer
mulheres. Penso particularmente nos missionários que vi-
vem sobre uma pressão espiritual extrema. Alguns missio-
nários com quem trabalhei eram homens e mulheres de
Deus, dedicados e qualificados com grande habilidade;
percebia-se neles a verdadeira chamada.

Muitas vezes, porém, permitiram que fossem feridos na


cabeça. Quero com isto dizer que, eles permitiram que
a depressão ou a desconfiança nos outros trabalhadores
cristãos os mantivesse presos. Estes problemas nas suas
mentes impediram-nos de ter o tipo de eficácia que os mis-
sionários e os servos de Deus poderiam ter tido. Sendo
feridos na cabeça, não podiam utilizar o resto do seu equi-
pamento.

Na minha própria vida, travei uma tremenda luta pessoal


com a depressão por muitos anos. Era como uma nuvem
cinza escura ou névoa que se estabeleceu sobre mim, ora
estava bem, ora estava mal, tornou-se difícil para mim co-

48
municar com os outros. Deu-me um sentimento de deses-
pero e, embora em muitos aspectos seja um talentoso e
qualificado servo do Senhor, eu tinha esta impressão, “Os
outros podem, mas eu não consigo. Nunca conseguirei fa-
zer isto. Vou ter que desistir.”

Eu lutei contra esta depressão durante muitos anos, fiz tudo


o que podia: orei, jejuei, procurei Deus, li a Bíblia. Então
um dia, Deus deu-me a revelação que resolveu o meu pro-
blema. Eu estava a ler em Isaías 61:3, que diz:

e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa


em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste
de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se
chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para
a sua glória…

Quando li as palavras”espírito angustiado”, algo saltou


dentro de mim. Eu disse: “Este é o meu problema! É disto
que eu preciso de ser liberto. Li outras passagens da Es-
critura sobre libertação, orei uma simples oração de fé, e
Deus libertou-me sobrenaturalmente daquele espírito an-
gustiado.
Então entendi que precisava de uma protecção especial
para a minha mente. Estava familiarizado com a passagem
em Efésios 6 e disse para mim mesmo: “Tem que ser o
capacete da salvação”.

De seguida pensei: “Isso quer dizer que tenho o capacete


porque sou salvo? É automático?” Vi que não podia ser
assim, porque Paulo estava a escrever para as pessoas que
eram cristãs, quando ele disse, “colocai o capacete da sal-
vação”. Eu estava direccionado para uma passagem para-
lela em 1Tessalonicenses 5:8:

49
Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestin-
do-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capa-
cete a esperança da salvação.

E quando eu li esta frase, “a esperança da salvação”, tive


uma revelação instantânea do Espírito Santo. Vi que a pro-
tecção para a mente é a esperança, mas a protecção para
o coração é a fé. Nós muitas vezes misturamo-las. A fé
Bíblica está no coração: “Com o coração o homem crê na
verdade.” A Fé bíblica é a couraça que protege o coração.
Mas a protecção da mente é a esperança.

Temos de ver a ligação entre a fé e a esperança. E isso


afirma-se claramente em Hebreus 11:1:

Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convic-


ção de factos que não se vêem.

A fé é a base sobre a qual a esperança é construída. Quan-


do temos fé válida, também temos esperança válida. Quan-
do não temos fé válida, também poderemos ter uma espe-
rança não válida; a esperança pode ser um mero desejo.
Mas quando temos um verdadeiro alicerce da fé, podemos
construir uma esperança que é válida por isso sendo a pro-
tecção da nossa mente.

Gostaria de definir esperança de uma maneira muito sim-


ples, de acordo com a Escritura. Esperança é uma calma e
firme expectativa do bom baseado nas promessas da Pala-
vra de Deus. Num certo sentido, ela é um optimismo contí-
nuo. Esta é a protecção da mente. Esperança é uma atitude
optimista que sempre escolhe por ver o melhor e que não
cede à depressão, dúvida, e à auto-piedade.
Para a esperança existe um fundamento bem claro na Pala-
vra de Deus, em Romanos 8:28:

50
Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daque-
les que amam a Deus, daqueles que são chamados segun-
do o seu propósito.

Se nós realmente sabemos que tudo o que acontece nas


nossas vidas está a ser aproveitado e orientado por Deus
para o nosso bem, então não há motivo para pessimismo.
Cada situação é sempre motivo para optimismo. Optimis-
mo é o capacete. Enquanto nós nos mantivermos sob ele,
as nossas mentes estão protegidas contra todos os ataques
subtis de Satanás: seja a dúvida, o desânimo, a auto-pieda-
de, a desconfiança, e por aí fora.

Quando o Espírito Santo me mostrou que o capacete para


proteger a nossa mente é a esperança, foi como uma espé-
cie de sermão para mim. Subitamente reuni um número
de passagens no Novo Testamento que têm haver com ela.
Permita-me apenas falar de algumas.
Em Romanos 8:24, lê-se:

Porque, na esperança, fomos salvos…

O que significa isso? Não há esperança, não há salvação.


Esperança é uma parte essencial da nossa experiência de
salvação. Veja o contraste da condição de não sermos sal-
vos em Efésios 2:12:

…[antes de conhecer a Cristo] naquele tempo, estáveis


sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estra-
nhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem
Deus no mundo.

Estar sem Cristo, sem esperança e sem Deus é a condição


dos perdidos. Ela nunca deve ser a condição do cristão. Se
temos Cristo, temos esperança e temos Deus. Colossenses
1:2 afirma:

51
Aos santos e fiéis irmãos em Cristo que se encontram em
Colossos, graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nos-
so Pai.

O verdadeiro mistério, o segredo do evangelho, é “Cristo


em nós”. Se Cristo está em si, então tem esperança. Se não
tem esperança, é como se Cristo não estivesse em si. Você
não é uma alma perdida, mas quero dizer que não está a
viver na experiência da salvação. Esperança na sua mente
é uma parte essencial da sua experiência de salvação. Em
Hebreus 6:17-20, há duas belas imagens de esperança:

Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos


herdeiros da promessa a imutabilidade do seu propósito,
se interpôs com juramento, para que, mediante duas coi-
sas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, for-
te alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a
fim de lançar mão da esperança proposta;
A qual temos por âncora da alma, segura e firme e que
penetra além do véu, onde Jesus, como precursor, entrou
por nós, tendo-se tornado sumo-sacerdote para sempre,
segundo a ordem de Melquisedeque.

A primeira imagem da esperança é um altar. Sob a Antiga


Aliança, o altar era um lugar de protecção dos vingadores
de sangue. Quando se fugia para o altar, estava-se seguro.
O escritor de Hebreus diz que quando todas as pressões
estão contra nós, que fujamos para o altar, agarremo-nos a
ele com toda a força e que não deixemos que nada nos tire
dali: o altar é esperança.

Em segundo lugar, a esperança é como uma âncora a que


nos agarramos no presente, mas cujos elos de corrente es-
tão firmados na eternidade, na própria presença de Deus.
Neste mundo, somos como uma pequena embarcação no
mar, tudo o que nos rodeia é temporário, inconstante, pou-

52
co fiável e mutável. Não há nada que nos possa dar segu-
rança e estabilidade. Se queremos ter segurança e estabili-
dade, precisamos de uma âncora no presente mas firmada
na eternidade, na Rocha que é Jesus. Quando temos espe-
rança, estamos ancorados.

Finalmente, em Hebreus 10:23, lemos:

“Guardemos firme a confissão de esperança, sem vaci-


lar…”

Mantenha a esperança, não desista dela! Seja um optimis-


ta, ela é a protecção para a sua mente.

12 - A ESPADA DO ESPÍRITO

Há uma coisa que distingue a espada das outras cinco pe-


ças que temos examinado. A espada é a primeira peça que
não é puramente defensiva. Sem ela, não temos maneira
nenhuma de expulsar o demónio. Se nós nos equiparmos
com todas as outras peças da armadura, podemos realmente
até ser capazes de evitar que o diabo nos fira, mas não po-
demos expulsá-lo do nosso redor. A única coisa que o pode
fazer é a espada, que é chamada “A Palavra de Deus.”

A Bíblia compara a Palavra de Deus a uma espada, por-


que a Palavra de Deus trespassa e penetra. Hebreus 4:12,
declara:

Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante


do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao
ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta
para discernir os pensamentos e propósitos do coração.

53
A Palavra de Deus penetra em todas as áreas da perso-
nalidade humana. Ela penetra até à medula, a parte física
mais íntima do nosso interior. Também penetra e divide
entre alma e o espírito, a área mais secreta da personalida-
de humana. É mais afiada do que qualquer espada de dois
gumes.

Em Apocalipse 1:16, onde se encontra registado que João


teve uma visão de Jesus na Sua glória como o Senhor da
Igreja, uma das coisas que ele viu foi uma espada a sair da
boca de Jesus.

Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma


afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o
sol na sua força.

Esta espada de dois gumes é a Palavra de Deus que sai da


boca de Jesus. Uma vez que é indicado nas Escrituras que
o próprio Jesus usa a espada da Palavra de Deus, faríamos
bem em estudar como Jesus a utilizava na Sua vida terres-
tre. O panorama mais claro desta situação é encontrado
em Mateus 4:1-11, que descreve a tentação de Jesus por
Satanás no deserto. Permita-me salientar que, cada vez que
Jesus encontrou Satanás pessoalmente, a única arma que
usou contra ele foi, a espada do Espírito, ou a Palavra de
Deus.

A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para


ser tentado pelo diabo. E, depois de jejuar quarenta dias
e quarenta noites, teve fome. Então, o tentador, aproxi-
mando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas
pedras se transformem em pães. Jesus, porém, respondeu:
Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda a
palavra que procede da boca de Deus. Então, o diabo o le-
vou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo
e lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque

54
está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que
te guardem; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não
tropeçares nalguma pedra. Respondeu-lhe Jesus: Também
está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus.
Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe
todos os reinos do mundo e a glória deles e lhe disse: Tudo
isto te darei se, prostrado, me adorares.
Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está
escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás
culto.Com isto, o deixou o diabo, e eis que vieram anjos e
o serviram.

Gostaria de frisar algumas coisas interessantes sobre esta


passagem. Em primeiro lugar, nem Jesus, nem mesmo Sa-
tanás questionaram a autoridade das Escrituras. Isto não é
notável? Particularmente porque Jesus de cada vez citou
Deuteronómio, um livro que os modernos teólogos e críti-
cos adoptaram para pôr em causa as verdades teológicas.
Pessoalmente, creio que Jesus e Satanás eram mais sábios
do que os modernos teólogos. Ambos conheciam a autori-
dade das palavras.

Em segundo lugar, a base de toda a tentação contra Jesus


era levá-Lo à dúvida. Cada vez que Satanás começava com
as palavras “se és” ele pretendia claramente, provocar dú-
vida em Jesus.

Em terceiro lugar, como já foi indicado, Jesus não variou o


Seu método de lidar com Satanás, utilizou sempre a mes-
ma arma da Palavra de Deus contra ele. “Está escrito... está
escrito... está escrito...”

É importante sabermos que efectivamente o diabo pode


citar a Escritura, mas ele aplica mal. Citou o Salmo 91,
mas Jesus citou novamente Deuteronómio. O diabo tentou
usar a Escritura contra o Filho de Deus. Se ele o fez con-

55
tra Jesus, ele certamente o fará contra si ou contra mim.
Temos de conhecer as Escrituras minuciosamente, saber
como aplicá-las e como lidar com o diabo. Temos que ter
cuidado com as pessoas que aplicam mal a Escritura e que
tentam seduzir-nos a fazer coisas erradas.

Jesus não respondeu ao diabo com teologia ou filiação reli-


giosa. Ele não mencionou que sinagoga frequentava, nem
qual o sacerdote judaico que o tinha instruído. Ele sempre
proclamou directamente a Escritura. “Está escrito ... está
escrito ... está escrito ...” Após a terceira utilização desta
espada de dois gumes, Satanás retirou-se derrotado, pois já
tinha levado o suficiente. Você e eu temos o privilégio de
ter esta arma à nossa disposição.

Em Efésios 6:17, onde Paulo fala sobre a espada do Espí-


rito, a Palavra de Deus, a palavra grega que ele usa para
“palavra” é rhema, que basicamente significa sempre uma
palavra falada. É significativo que a espada do Espírito não
é a Bíblia na estante ou sobre a mesa-de-cabeceira. Isto
não vai assustar o diabo. Mas quando proferir a Escritura
com a sua boca e a citar directamente, então ela torna-se a
espada do Espírito.

Observe também o significado da expressão “a espada do


espírito.” Isto indica a cooperação entre o crente e o Es-
pírito Santo. Temos que erguer a espada, o Espírito San-
to não o vai fazer por nós. Mas quando nós erguemos a
espada em fé, então o Espírito Santo dá-nos o poder e a
sabedoria para utilizá-la.

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13 - A ÁREA DESPROTEGIDA

O nosso estudo até aqui foi sobre as seis peças que com-
põem a armadura protectora. Elas são, o cinto da verdade,
a couraça da justiça, os sapatos da preparação do evan-
gelho, o escudo da fé, o capacete da salvação, e a espa-
da do Espírito, que é a Palavra de Deus. Se colocarmos e
utilizarmos todo este equipamento de protecção que Deus
providenciou, estamos totalmente protegidos desde o cimo
da nossa cabeça até às plantas dos nossos pés, exceptuando
uma área.

Há uma área para a qual não existe qualquer protecção: as


nossas costas. Penso que isto é muito importante e tem uma
dupla aplicação. Em primeiro lugar, nunca virar as costas
ao diabo, porque se o fizer, está a dar-lhe a oportunidade
de ele o ferir nessa área desprotegida. Por outras palavras,
nunca desista. Nunca vire as costas e diga: “Já tenho o
suficiente. Eu não posso suportar isto. Não aguento mais.”
Isto faz com que volte as costas, a área desprotegida, para
o diabo e pode ter a certeza que ele vai aproveitar essa
oportunidade para o ferir.

Em segundo lugar, nem sempre somos capazes de proteger


as nossas próprias costas. Nas legiões de Roma a infanta-
ria lutava em fileiras cerradas. A palavra grega para fileira
cerrada é “falange” Eles foram treinados para lutar desta
forma e nunca quebrar as fileiras. Cada soldado conhecia
o soldado posicionado à sua direita e à sua esquerda, para
que, assim que fosse pressionado e não conseguisse pro-
teger as suas próprias costas, outro soldado o fizesse por
ele.
Creio que o mesmo acontece connosco, como cristãos.
Nós não podemos agir sozinhos, enfrentando e dominando
o reino do demónio individualmente. Temos que nos su-

57
jeitar à disciplina, encontrar o nosso lugar no corpo (que
é o exército de Cristo), e saber quem fica à nossa direita
e quem fica à nossa esquerda. Temos que ser capazes de
confiar nos nossos camaradas. Então, quando estamos sob
pressão, temos de saber quem lá vai estar para proteger as
nossas costas, quando nós não as podemos proteger.

Estive no ministério quase quarenta anos e vi muita coisa.


A verdadeira tragédia da nossa experiência cristã é que, a
própria pessoa que protege as nossas costas, por vezes é a
que nos fere. Quantas vezes nós como cristãos, somos fe-
ridos nas costas pelos nossos irmãos. Isto é algo que nun-
ca deveria acontecer. Reflictamos e optemos por decidir
proteger as costas uns aos outros, e não em nos ferirmos
mutuamente!

58
PARTE 3
ARMAS DE ATAQUE
14 - A OFENSIVA

Depois de analisadas as seis peças da armadura defensiva


da lista a que Paulo se refere em Efésios 6:14-17: o cinto
da verdade, a couraça da justiça, os sapatos da preparação
do evangelho, o escudo da fé, o capacete da salvação, e a
espada do Espírito; salientei que, com a excepção da espa-
da, todas estas peças são essencialmente de protecção ou
de auto-defesa. Até mesmo a espada não pode chegar mais
longe do que o braço da pessoa que a empunha. Por outras
palavras, não há nada nesta lista de equipamento defensi-
vo que nos permita lidar com as fortalezas de Satanás que
Paulo descreve em 2 Coríntios 10:4 e 5, quando ele fala
sobre a nossa obrigação de humilhar as barricadas ou as
fortalezas de Satanás.

Agora queremos avançar da defensiva para a ofensiva.


Nós queremos lidar com as armas ofensivas que nos irão
permitir atacar e humilhar as fortalezas de Satanás. É fun-
damental estarmos convictos de que é nossa obrigação ata-
car, para assim activamente combater o reino de Satanás.
É um facto histórico e assente, de que jamais algum exér-
cito ganhou uma guerra na defensiva.
Na primeira parte deste século, alguém perguntou a um
reconhecido general francês, “Numa guerra, qual é o exér-
cito que ganha?” O general respondeu: “O que avança.”

Isto é provavelmente apenas uma simplificação, mas, pelo


menos, a verdade é que nunca iremos ganhar uma guerra
recuando, ou simplesmente protegendo o nosso território.
Enquanto Satanás mantiver a igreja na defensiva, o seu
reino nunca será derrubado. Portanto, temos a obrigação
absoluta de, sair da defesa e da auto-protecção para a po-
sição de ataque.

61
Quando Jesus revelou o Seu primeiro plano para a igreja,
Ele visualizou-a na ofensiva e atacando as fortalezas de
Satanás. A primeira vez que a palavra “igreja” é usada no
Novo Testamento é em Mateus 16:18. Jesus fala com Pe-
dro, e diz-lhe o seguinte:

Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra


edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não pre-
valecerão contra ela.

Uma leitura alternativa seria “todas as portas do inferno


não serão demasiado fortes para ela.” A palavra para o in-
ferno, em grego, é a palavra, hades (região dos mortos).
A raiz do significado da palavra hades é “invisível, o que
não se vê.” Então hades ou inferno, é o mundo invisível do
reino de Satanás.

Jesus idealizou a Sua igreja à luz de duas actividades prin-


cipais: construir e lutar. Devem andar lado a lado, não se
deve lutar sem ao mesmo construir. Por outro lado, não po-
demos construir, se ao mesmo tempo lutar. Por isso, temos
que pensar sempre em termos de construir a igreja e lutar
contra as forças de Satanás.

Muitas pessoas têm interpretado as palavras de Jesus (Ma-


teus 16:18) incorrectamente. Elas estão convencidas que
Jesus idealizou a igreja na defensiva, sendo uma cidade
cercada pelas forças de Satanás. Perceberam a Sua pro-
messa no sentido de que Satanás não seria capaz de deitar
abaixo o portão da cidade antes de Jesus vir e arrebatar
a Sua igreja. Isto é na realidade um conceito totalmente
defensivo da Igreja no mundo, mas é completamente in-
correcto.

Jesus idealizou a Igreja na ofensiva, atacando os portões


de Satanás. Jesus promete que os portões de Satanás não

62
prevalecerão contra a igreja e que Satanás não será capaz
de manter a igreja longe. Não é a igreja a tentar manter Sa-
tanás longe, mas é Satanás que falha no seu intuito. Jesus
promete-nos que, se lhe obedecermos como sendo o nosso
comandante supremo, nós seremos capazes de avançar e
assaltar as fortalezas de Satanás, derrubar os seus portões,
soltar os cativos, e recuperar o que fora saqueado. Esta é
a missão da igreja, e é essencialmente ofensivo, não de-
fensivo.

A palavra “portão” tem um grande significado nas Escri-


turas. Primeiro de tudo, o portão é o lugar de conselho e
de regra. Por exemplo, Provérbios 31:23 refere essa im-
portância:

Conhece-se o seu marido nas portas [portão], quando se


assenta com os anciãos da terra.

Note-se que, o portão da cidade era o local onde o Conse-


lho governamental de anciãos se sentava, governava e ad-
ministrava a cidade. Então, quando a Escritura diz que os
portões de Satanás não irão prevalecer contra a igreja, isso
significa que os conselhos de Satanás não irão prevalecer
contra a igreja, mas serão frustrados e levados a nada.

Ao atacar uma cidade, o lugar mais lógico para atacar é o


portão, porque são mais fracos do que as paredes. Isaías
28:6 diz:

Será o espírito de justiça para o que se assenta a julgar


e fortaleza para os que fazem recuar o assalto contra as
portas.

A imagem apresentada é a igreja a fazer um ataque sobre


os portões da fortaleza de Satanás, cujos portões não se-
rão capazes de manter a igreja do lado de fora. Portanto,

63
é necessário de uma vez por todas entender o verdadeiro
conceito expresso pelas palavras de Jesus: a igreja é essen-
cialmente ofensiva e não defensiva!

A minha experiência é que, a maioria dos cristãos têm a


seguinte atitude: “Pergunto-me, onde é que o diabo vai
atacar a seguir?” Sugiro-lhe que tenha a atitude contrária:
“o diabo deveria começar a pensar, onde é que a igreja me
vai atacar a seguir? “!

Continuando com este tema, a igreja na ofensiva, eu quero


explicar de acordo com a Escritura a base para este fim.
Encontramo-la principalmente no versículo 15, de Colos-
senses 2, onde descreve o que Deus realizou através da
morte de Cristo na cruz em nosso favor.

“E, despojando os principados e as potestades…”

Os governantes e as autoridades são as mesmas forças es-


pirituais de Satanás referidas em Efésios 6:12. Através da
Cruz, Deus desarmou aqueles governantes e autoridades.

Alguma vez pensou que Satanás ficou


e está sem a armadura?

Ele foi despojado das suas armas. Deus, através da Cruz,


desarmou os governantes e as autoridades. Em seguida,
Ele diz:

…publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na


cruz. (Colossenses 2:15)

Então Deus, através da Cruz, desarmou o reino de Satanás,


Ele fez uma exibição pública dos representantes do reino
de Satanás, e triunfou sobre eles na Cruz.

64
O triunfo não é tanto ganhar uma vitória, mas é a celebra-
ção de uma vitória que já foi ganha. É uma manifestação
pública que completa a vitória que foi alcançada.

Na Cruz, Jesus não ganhou a vitória para Ele. Ele sempre


teve a vitória. Como nosso representante, Ele ganhou a vi-
tória em nosso favor. Assim a Sua vitória torna-se a nossa
vitória. 2 Coríntios 2:14, declara:

Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos con-


duz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo o
lugar a fragrância do seu conhecimento.

Sempre e em todo o lugar devemos representar a vitória


de Cristo. Deus vai demonstrar essa vitória publicamente,
através de nós. Esta é a vitória sobre os governantes, as au-
toridades ou principados e poderes de Satanás. Esta vitória
é para ser desenvolvida através de nós.

Este é o final da comissão de Jesus, dado aos Seus discípu-


los em Mateus 28:18-19:

Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a auto-


ridade me foi dada no céu e na terra.
Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, baptizan-
do-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo…

Jesus disse, “Toda a autoridade me foi dada. Ide, portan-


to...” O que significará a palavra “portanto”? Para mim isto
quer dizer, “Vai e exerce, em meu nome, a autoridade que
eu já ganhei.” A nossa missão é administrar a vitória, de-
monstrar o triunfo e exercer a autoridade que Jesus ganhou
em nosso favor. A autoridade só é eficaz quando ela é exer-
cida. Se não exercermos a autoridade que Ele nos deu, ela
continua a ser ineficaz.

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O mundo só pode ver a vitória de Cristo quando a demons-
trarmos. Cristo conquistou a vitória, mas a nossa missão é
demonstrar a vitória sobre Satanás e o seu reino, que Jesus
já venceu, e isso só poderemos fazer quando passarmos da
defensiva para a ofensiva.

15 - A ARMA DA ORAÇÃO

A fim de que possamos assaltar e derrubar as fortalezas de


Satanás, Deus concedeu-nos as armas espirituais apropria-
das. 2 Coríntios 10:4, descreve:

…porque as armas da nossa milícia não são carnais, (eles


não são carnais, físicos ou materiais, não são bombas,
balas, tanques ou aviões de guerra) e sim poderosas em
Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas.

Claro, que se refere às fortalezas de Satanás. Por outras


palavras, Deus concedeu-nos armas espirituais. Depois de
muito estudo e experiência pessoal, creio que a Escritu-
ra revela as quatro principais armas de ataque espirituais:
oração, louvor, pregação e testemunho. Começaremos por
analisar a arma da oração.

Quero deixar assente que a oração é muito mais do que


uma arma. Há muitos aspectos diferentes de oração, sendo
um deles, uma arma de batalha espiritual. Acredito que é
a mais poderosa de todas as armas que Deus nos disponi-
bilizou.

Em Efésios 6:18, depois de Paulo mencionar a lista das


seis peças da armadura defensiva, ele prosseguiu:

66
Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Es-
pírito e para isto vigiando com toda perseverança e súpli-
ca por todos os santos.

Naquele momento ele mudou da posição defensiva para a


ofensiva. Não é por mero acaso que a oração vem imedia-
tamente após a lista da armadura defensiva. Ele menciona
aqui, a mais poderosa das armas de ataque: a oração.

Pense na oração como um míssil balístico intercontinental.


É como um míssil lançado a partir de um continente, diri-
gido por um avançado sistema de orientação para um alvo
num continente completamente diferente para destruir o
alvo pretendido. Não há limitação de tempo ou distância
na oração. A oração é um míssil balístico intercontinental!
Com ela, nós podemos atacar as fortalezas de Satanás em
qualquer lugar, até mesmo nas regiões celestes.

Um exemplo de uma oração de ataque está relatado em


Actos 12:1-6. A igreja tinha estado a ser perseguida pelo
Rei Herodes. Tiago, um dos líderes, já tinha sido execu-
tado por Herodes. Agora Pedro também foi detido e tinha
sido planeada a sua execução para breve:

Por aquele tempo, mandou o rei Herodes prender alguns


da igreja para os maltratar, fazendo passar a fio de espa-
da a Tiago, irmão de João. Vendo ser isto agradável aos
judeus, prosseguiu, prendendo também a Pedro. E eram os
dias dos pães asmos. Tendo-o feito prender, lançou-o no
cárcere, entregando-o a quatro escoltas de quatro solda-
dos cada uma, para o guardarem, tencionando apresentá-
lo ao povo depois da Páscoa. (Ele não iria fazê-lo durante
a Páscoa, porque isso teria sido considerado uma profana-
ção ao período santo do calendário judaico.)
Pedro, pois, estava guardado no cárcere; mas havia ora-
ção incessante a Deus por parte da igreja a favor dele.

67
Quando Herodes estava para apresentá-lo, naquela mes-
ma noite, Pedro dormia entre dois soldados, acorrenta-
do com duas cadeias, e sentinelas à porta guardavam o
cárcere.”

Pedro estava numa prisão de alta segurança. Herodes esta-


va tão determinado em executar Pedro que à partida nada
nem ninguém conseguiria salvá-lo, daí ele ter providen-
ciado quatro esquadrões de quatro soldados para olharem
por ele, dia e noite, durante quatro horas. Está implícito
que estava acorrentado entre dois soldados. Naturalmente,
qualquer tipo de resgate era totalmente impossível. A igre-
ja, no entanto, orava fervorosamente.

Uma crise ajusta as nossas prioridades. Eu não sei quão fer-


vorosamente a igreja tinha sido na oração; porque primeiro
e de repente Tiago tinha sido arrebatado deles, depois eles
viram o perigo de vida de Pedro, o seu líder natural, eram
motivações suficientes para tornar oração fervorosa. Eles
oravam, não só durante o dia, mas o registo indica que
oravam durante a noite também. É importante notar que há
momentos em que orar apenas durante o dia não é o sufi-
ciente. Jesus disse em Lucas 18, que Deus faria justiça aos
seus escolhidos, que a Ele clamem de dia e de noite.

Na oração há um grau de intensidade que, por vezes é ne-


cessário para haver a intervenção de Deus.

Jesus tinha feito uma promessa a Pedro em João 21:18-19:

Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais


moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde que-
rias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e
outro te cingirá e te levará para onde não queres.

68
Disse isto para significar com que género de morte Pedro
havia de glorificar a Deus, Depois de assim falar, acres-
centou-lhe: Segue-me.

Gostaria de saber se Pedro meditava sobre essa promes-


sa na prisão. Jesus disse, “quando, porém, fores velho...”
Naquela época, Pedro ainda não era um homem velho, por
isso suponho que ele deve ter acreditado que algo ia acon-
tecer para libertá-lo por causa da promessa de Jesus de que
ia morrer velho. Com efeito assim O fez, mas foi preciso a
oração da igreja para o cumprimento da Sua promessa.

Deus responde à oração da igreja enviando um anjo para


libertar Pedro. Actos 12:8-1, regista:

Disse-lhe o anjo: Cinge-te e calça as sandálias. E ele as-


sim o fez. Disse-lhe mais: Põe a capa e segue-me. Então,
saindo, o seguia, não sabendo que era real o que se fazia
por meio do anjo; parecia-lhe, antes, uma visão. Depois
de terem passado a primeira e a segunda sentinela, chega-
ram ao portão de ferro que dava para a cidade, o qual se
lhes abriu automaticamente; e, saindo, enveredaram por
uma rua, e logo adiante o anjo se apartou dele. Então, Pe-
dro, caindo em si, disse: Agora, sei, verdadeiramente, que
o Senhor enviou o seu anjo e me livrou da mão de Herodes
e de toda a expectativa do povo judaico.

Deus respondeu às orações da igreja através da interven-


ção sobrenatural de um anjo. No entanto, a libertação foi
apenas a primeira parte do resultado da sua oração. Temos
também de perceber a segunda parte, que foi um julga-
mento por um anjo, sobre o perseguidor, o Rei Herodes.
Em Actos 12:19-23, refere:

69
Herodes, tendo-o procurado e não o achando, submetendo
as sentinelas a inquérito, ordenou que fossem justiçadas.
E, descendo da Judeia para Cesareia, Herodes passou ali
algum tempo.Ora, havia séria divergência entre Herodes
e os habitantes de Tiro e de Sidom; porém estes, de co-
mum acordo, se apresentaram a ele e, depois de alcançar
o favor de Blasto, camarista do rei, pediram reconcilia-
ção, porque a sua terra se abastecia do país do rei.Em
dia designado, Herodes, vestido de trajo real, assentado
no trono, dirigiu-lhes a palavra; e o povo clamava: É voz
de um deus, e não de homem! (Por outras palavras, eles
lisonjearam Herodes, chamando-lhe de deus. Observe o
resultado.) No mesmo instante, um anjo do Senhor o feriu,
por ele não haver dado glória a Deus; e, comido de ver-
mes, expirou.

Vamos analisar como a oração funcionou de arma de ata-


que nesta situação. A oração furou as regiões celestes e
foi liberada a intervenção dos anjos. Podemos compará-la
com o tempo de Daniel 10, quando Daniel orou e o anjo
veio do céu, com a resposta.

O comentário final da Escritura está em Actos 12:24:

Entretanto, a palavra do Senhor crescia e se multipli-


cava.

Isto dá uma ideia do progresso irresistível da Palavra de


Deus, especialmente a promessa que Jesus havia feito a
Pedro de que ele ia morrer velho. Mas era preciso a oração
para fazer cumprir as promessas da Palavra de Deus. Isto
é o que temos que compreender, as promessas da Palavra
de Deus não são um substituto para a nossa oração, elas
provocam a nossa oração e as nossas orações são neces-
sárias para que as promessas da Palavra de Deus sejam
eficazes no nosso espírito. Além disso, é também usada

70
a nossa oração para libertar a intervenção dos anjos em
nosso favor.

A Escritura refere que os anjos são espíritos ministradores


enviados para nosso benefício, no entanto, por regra eles
não vêm até orarmos sem interrupção. Com a nossa oração
libertamos a intervenção dos anjos, que é a resposta de
Deus. Tenha em mente que a oração perfura o reino de Sa-
tanás nas regiões celestes e liberta uma intervenção divina
através dos anjos.

16 - A ARMA DO LOUVOR

A grande arma de ataque que se segue após a oração é logi-


camente o louvor. Num certo sentido, pode-se considerar
o louvor um género de oração. Na Bíblia, o acto de louvar
está frequentemente relacionado à Majestade e ao Temor
devidos a Deus. Louvor solicita a intervenção sobrenatu-
ral de Deus e é também a resposta adequada a essa inter-
venção. Em Êxodo 15:10-11, é encontrado a música que
Moisés e o povo de Israel cantaram após a sua libertação
do Egipto e depois do exército de faraó ter sido destruído
pelas águas do Mar Vermelho.

Sopraste com o teu vento, o mar os cobriu; afundaram-se


como chumbo em veementes águas.
Ó SENHOR, quem é como tu entre os deuses? Quem é
como tu, glorificado em santidade, terrível em louvores,
operando maravilhas?

Atente para a expressão: “terrível em louvores”. Através


do louvor Deus revela-se e sente-se a sua presença impo-
nente, temerosa, especialmente entre os inimigos do povo
de Deus. Salmos 22:23 declaram:

71
Vós que temeis o SENHOR, louvai-o; glorificai-o, vós to-
dos, descendência de Jacó; reverenciai-o, vós todos, pos-
teridade de Israel.

O Louvor é a resposta adequada do povo de Deus perante


a Sua grandeza, os Seus actos tenebrosos de guerra e vin-
gança em favor do Seu Povo.

Salmos 8:2, refere:

Da boca de pequeninos e crianças de peito suscitaste for-


ça, por causa dos teus adversários, para fazeres emudecer
o inimigo e o vingador.

Daqui concluímos que Deus providenciou força para o Seu


Povo, contra os seus inimigos. Duas palavras são usadas
para inimigo. A primeira palavra é “adversários”, no plu-
ral; creio que isto significa o reino de Satanás, em geral: ou
seja, os principados e potestades, os governantes e autori-
dades descritos em Efésios 6:12. A segunda palavra é “ini-
migo,” no singular, creio que se refere ao próprio Satanás.

Deus providenciou ao Seu povo força para lidar com todo


este reino. A natureza da força que Deus disponibilizou é
claramente revelada em Mateus 21:15-16. Jesus estava no
templo a realizar milagres e as crianças pequenas que ali
estavam corriam de um lado para o outro clamando “Hos-
sana “. Os líderes religiosos pediram a Jesus para que as
mandasse calar.

Mas, vendo os principais sacerdotes e os escribas as ma-


ravilhas que Jesus fazia e os meninos clamando: Hossana
ao Filho de Davi , indignaram-se e perguntaram-lhe:
Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus:
Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de
peito tiraste perfeito louvor?

72
Jesus respondeu-lhes, citando Salmos 8:2, mas ele mudou
um pouco a citação. Ele deu-nos, por assim dizer, o seu
cunho pessoal. O salmista disse: “ Da boca de pequeninos
e crianças de peito suscitaste força.” Jesus disse, “... Da
boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito lou-
vor.” Portanto, isto revela que a força do povo de Deus é o
louvor. O Louvor é a nossa grande fonte de força.

Analisemos mais alguns aspectos desta revelação. Em pri-


meiro lugar, em cada caso, ele diz, “da boca sai.” A boca
é o canal principal para libertar as nossas armas espiritu-
ais contra o reino de Satanás. Em segundo lugar, ele fala
de “crianças e bebés”, referindo-Se àqueles que não têm
resistência natural de si próprios e que devem confiar na
força de Deus.

Por aquele tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai,


Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos
sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos.
(Mateus 11:25)

Ele estava a falar dos Seus próprios discípulos. “Bebés”


não são necessariamente aqueles que são apenas recém-
nascidos pelo meio natural, mas são aqueles que não têm
resistência natural de si próprios e que devem depender
totalmente da força de Deus.

A finalidade do uso da arma de louvor é silenciar Satanás.


Isto está em concordância com o referido em Apocalipse
12:10. Esta é uma visão que ainda está por se cumprir, mas
que nos diz muito sobre a actividade actual de Satanás.

Então, ouvi grande voz do céu, proclamando: Agora, veio


a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade
do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos ir-

73
mãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do
nosso Deus.

Isto demonstra-nos que a actividade primária de Satanás e


a principal arma contra nós, são as acusações. Ele acusa-
nos continuamente diante de Deus, tanto de dia como de
noite. Ocorre-me, se Satanás está ocupado dia e noite, nós
não nos podemos esquecer de combatê-lo não somente de
dia mas também de noite.
Satanás acusa-nos para fazer-nos sentir culpados, esta é a
sua principal arma contra nós. Poderá perguntar: “Então,
por que é que Deus não silencia Satanás?” Simplesmente,
porque Deus colocou ao nosso dispor os meios para si-
lenciá-lo e Ele não o vai fazer por nós. O meio para fazer
isso é louvar à maneira de “sai da boca de pequeninos e
crianças de peito.” É o louvor que sobe até às regiões ce-
lestiais, alcançando o trono de Deus, silenciando Satanás e
as acusações feitas contra nós.

Apocalipse 16:13-14, é profético. Não vou tentar expli-


car como ocorrerá no tempo, mas gostaria de salientar um
princípio importante. João descreve:

Então, vi sair da boca do dragão, da boca do falso profeta


três espíritos imundos semelhantes a rãs; porque eles são
espírito de demónios, operadores de sinais, e se dirigem
aos reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a
peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso.

O ponto que eu quero salientar aqui é que, os espíritos sa-


tânicos imundos também operam através da boca. O lou-
vor que silencia Satanás é o que sai da boca do Povo de
Deus. As forças espirituais satânicas são liberadas através
da boca de todos aqueles que estão do lado de Satanás. Da
boca do dragão, da besta e do falso profeta saíram espíritos
imundos. Num certo sentido, isso indica que o lado que

74
utiliza a sua boca mais eficazmente vai ganhar esta guerra
espiritual. Se não aprendermos a usar a nossa boca, não
podemos ganhar a guerra.

Os espíritos imundos são também comparados com as rãs.


É interessante notar que as rãs só fazem ruído durante a
noite e o seu ruído é um incessante e repetitivo coaxar que
se prolonga ao longo da noite. Penso que é uma imagem
muito nítida de algo que nós conhecemos na civilização
contemporânea: a propaganda. É muitas vezes um instru-
mento satânico para promover falsas ideologias, falsos fins
políticos, ou falsos e maus governantes. Uma das grandes
maneiras de lidar com essas forças é o louvor que sai da
boca do Povo de Deus.

Outro exemplo do poder do louvor está em Salmos


149:6-9:

Nos seus lábios estejam os altos louvores de Deus, nas


suas mãos, espada de dois gumes, para exercer vingan-
ça entre as nações e castigo sobre os povos; para meter
os seus reis em cadeias e os seus nobres; em grilhões de
ferro; para executar contra eles a sentença escrita, o que
será honra para todos os seus santos. Aleluia!

Está a falar de algo que todos os santos de Deus podem


fazer através do louvor. No entanto, este louvor é acom-
panhado por uma espada de dois gumes, que é a Palavra
de Deus. Por outras palavras, a Palavra de Deus e o louvor
devem interagir. Juntos tornam-se um instrumento de lou-
vor de juízo sobre reis e nações. Os reis e nobres referidos
são os príncipes de Satanás e reis do mundo invisível. A
nós, o Povo de Deus crente, é-nos dada a autoridade de
administrar sobre eles a sentença escrita. Por outras pala-
vras, ministramos a eles o revelado julgamento de Deus, e

75
este privilégio é concedido a todos os santos de Deus. Em
1 Coríntios 6:2-3, Paulo diz aos cristãos:

Ou não sabeis que os santos hão-de julgar o mundo? Ora,


se o mundo deverá ser julgado por vós, sois, acaso, indig-
nos de julgar as coisas mínimas?
Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos?
Quanto mais as coisas desta vida!

Foi-nos confiada autoridade através da Palavra de Deus e


através da arma de louvor, para administrar o julgamento
de Deus sobre os anjos, príncipes, reis, povos e nações.
Isto implica um tremendo poder e autoridade.

17 - A ARMA DA PREGAÇÃO

Esta arma de ataque está directa e especificamente relacio-


nada com a Palavra de Deus. É única e exclusivamente a
pregação da Palavra de Deus, em nada se aplica à pregação
de outras coisas, tais como a filosofia humana, ideologias
políticas, ou teologia elaborada.

Comecemos com a advertência de Paulo a Timóteo em 2


Timóteo 4:1-4:
Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há-de julgar
vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: pre-
ga a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige,
repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina.
Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina;
pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas
próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos;
e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às
fábulas.

76
Quero salientar algumas coisas importantes. Primeiro, a
importância da responsabilidade deste encargo atribuído
a Timóteo. Paulo lembra-lhe que a sua exortação é feita
perante Deus e Jesus Cristo, à luz do facto de que Cristo irá
julgar os vivos e os mortos e em virtude da Sua manifes-
tação no Seu reino. É um dos mais importantes encargos
jamais entregue a um servo de Deus.

Em segundo lugar, o dever é, de pregar a palavra. Implica


a responsabilização do pregador para aquilo que ele prega.
A referência ao facto de que Jesus irá julgar os vivos e os
mortos indica que o pregador irá responder ao Senhor so-
bre as mensagens que ele transmite.

É um aviso para não ceder à vontade dos cristãos que não


querem ouvir a verdade e procuram pregadores que pregam
o tipo de coisas que eles querem ouvir. Há um aviso, de que
nem todos receberão a verdade; no entanto, apesar da opo-
sição e da crítica, o dever é de pregar a Palavra de Deus.

A Escritura tem muito a dizer sobre a eficácia da Palavra


de Deus. Em Isaías 55:11, Deus diz:

…assim será a palavra que sair da minha boca: não volta-


rá para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará
naquilo para que a designei.

Novamente em Jeremias 23:29,Deus diz:

Não é a minha palavra fogo, diz o SENHOR, e martelo que


esmiúça a penha?

Depois, em Hebreus 4:12, afirma:

Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante


do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao

77
ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta
para discernir os pensamentos e propósitos do coração.

Há um tremendo poder na pregação da palavra de Deus.


Os Seus resultados são garantidos, Não irá voltar para trás
vazia. Irá realizar os prazeres de Deus. Trata-se de um
martelo, que quebra em pedaços cada rocha que se opõe
aos propósitos de Deus. É como uma espada afiada que
penetra até ao íntimo dos íntimos da personalidade huma-
na e põe a descoberto os segredos dos corações e mentes
dos homens.

Actos 19:8-10, são um exemplo deste poder da Palavra de


Deus pregada no ministério de Paulo em Éfeso:

Durante três meses, Paulo frequentou a sinagoga, onde


falava ousadamente, dissertando e persuadindo com res-
peito ao reino de Deus. Visto que alguns deles se mostra-
vam empedernidos e descrentes, falando mal do Caminho
diante da multidão, Paulo, apartando-se deles, separou os
discípulos, passando a discorrer diariamente na escola de
Tirano. Durou isto por espaço de dois anos, dando ensejo
a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do
Senhor, tanto judeus como gregos.

Existem três adjectivos que descrevem esta pregação de


Paulo: intensa, contínua e extensa. Diariamente, durante
dois anos, ele ensinou a Palavra de Deus. Foi extensa no
sentido de que, o seu ensino alcançou toda a grande pro-
víncia da Ásia. Muitas vezes não conseguimos perceber
que Paulo investiu mais de dois anos na cidade de Éfeso,
todos os dias a pregar a Palavra de Deus.

Os resultados são um pouco como atirar uma pedra num


lago e, depois, assistir à pequena ondulação na superfície
da água a sair do local onde caiu a pedra, a extensão mais

78
vasta e mais ampla em todas as direcções, até que chegue
à margem da lagoa. O primeiro resultado foi uma compro-
vação sobrenatural. A Escritura diz que Deus irá confir-
mar a Sua Palavra. Ele não confirma teorias humanas ou
filosofia, ou mesmo clichés religiosos, no entanto Ele irá
confirmar a Sua Palavra. Assim O fez através de Paulo.
Actos 19:11-12, refere:

E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordiná-


rios…

Adoro estas palavras “milagres extraordinários”. Sabe o


que é que isso implica? Que alguns milagres foram nor-
mais, mas aqueles que aconteceram em Éfeso foram de
facto extraordinários.

Questionei-me a mim próprio: “Em quantas das nossas


igrejas hoje não temos sequer milagres normais, quanto
mais milagres extraordinários?” Estes milagres extraordi-
nários estão descritos no versículo 13:

… A ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do


seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiram
das suas vítimas, e os espíritos malignos se retiravam.

Eu posso testemunhar por experiência pessoal que tenho


visto milagres como os que aconteceram naquele tempo.
Esta prática não está desactualizada, o que é necessário
para isto acontecer é pregar a Palavra de Deus.

O primeiro resultado da pregação de Paulo em Éfeso foi a


comprovação sobrenatural da sua mensagem através dos
milagres. O segundo resultado é, os espíritos malignos se-
rem expulsos. Actos 19:13-16, regista:

79
E alguns judeus, exorcistas ambulantes, tentaram invocar
o nome do Senhor Jesus sobre possessos de espíritos ma-
lignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo
prega. Os que faziam isto eram sete filhos de um judeu
chamado Ceva, sumo-sacerdote.
Mas o espírito maligno lhes respondeu: Conheço a Jesus e
sei quem é Paulo; mas vós, quem sois? E o possesso do es-
pírito maligno saltou sobre eles, subjugando a todos, e, de
tal modo prevaleceu contra eles, que, desnudos e feridos,
fugiram daquela casa.

Uma das coisas importantes no ministério é revelar os


agentes secretos (demónios ou espíritos malignos) de Sa-
tanás. É um grande progresso no ministério da Palavra de
Deus, quando estes espíritos malignos são expulsos. Isto
foi o que aconteceu aqui, estou impressionado com o que
o espírito maligno disse: “ Conheço a Jesus e sei quem é
Paulo.” Para mim, isto é uma espécie de elogio, embora
involuntário, quando os representantes de Satanás podem
dizer sobre um pregador, “Eu sei acerca dele, eu sei do que
ele é capaz.”

O terceiro resultado da pregação de Paulo, foi a quebra do


domínio oculto sobre uma cidade inteira, como descrito
em Actos 19:17-19:

Chegou este facto ao conhecimento de todos, (o incidente


do homem possuído por um espírito maligno) assim judeus
como gregos habitantes de Éfeso; veio tomar sobre todos
eles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido. Muitos
dos que creram vieram confessando e denunciando publi-
camente as suas próprias obras. Também muitos dos que
haviam praticado artes mágicas, reunindo os seus livros,
os queimaram diante de todos. Calculados os seus preços,
achou-se que montavam a cinquenta mil denários.

80
Observe, um grande número de pessoas que eram cristãos,
mas que tinham sido contaminadas com o oculto, uma si-
tuação que é similar na igreja hoje. Eles tinham um pé no
reino de Deus, um pé no acampamento de Satanás, mas
quando viram esta demonstração temerosa e a realidade do
poder de Satanás, decidiram comprometer-se totalmente
com Deus e virar as costas a Satanás. Como prova disto,
trouxeram os livros ou os pergaminhos, que continham o
conhecimento oculto, a magia e feitiçaria. Todos estes li-
vros foram queimados publicamente na cidade de Éfeso.

O valor dos livros era, de cinquenta mil dracmas. A dra-


cma, nessa altura, valia cerca de um dia de salário de um
trabalhador. Se estimar um dia de salário em Portugal, em
30 €, cinquenta mil dracmas corresponde a 1.500,000 €.
Esta é uma grande soma de dinheiro. O mesmo precisa
acontecer hoje em todo o mundo, começando aqui em Por-
tugal.

Vejamos, a explicação da Escritura para tudo isto em, Ac-


tos 19:20:

Assim, a palavra do Senhor crescia e prevalecia podero-


samente.

O poder por trás de tudo isto foi a Palavra do Senhor. O


ministério da palavra de Paulo durante mais de dois anos
produziu dramáticos e poderosos resultados. O reino de
Satanás nessa área foi abalado nas suas fundações, as suas
fortalezas foram derrubadas.

Em actos 20:20 e 26-27, o próprio Paulo conta o seu mi-


nistério em Éfeso:

Jamais deixando de vos anunciar coisa alguma provei-


tosa…

81
Portanto, eu vos protesto, no dia de hoje, que estou limpo
do sangue de todos. Porque jamais deixei de vos anunciar
todo o desígnio de Deus.

Paulo resumiu o seu ministério a um ministério sem reser-


vas e compromissos. Este é o tipo de pregação da Palavra
de Deus, que consegue efeitos semelhantes. Precisamos
desse tipo de pregação hoje!

18 - A ARMA DO TESTEMUNHO

Temos de começar por distinguir entre testemunho e prega-


ção. Pregação é apresentar as verdades da Palavra de Deus
directamente, testemunho é “assistir” ou “ser uma teste-
munha.” O testemunho é falar da sua experiência pessoal
sobre incidentes relacionados com a Palavra de Deus e a
confirmação da verdade da Palavra de Deus. Por exemplo,
se pregarmos uma mensagem de cura, pregamos os prin-
cípios em que Deus cura e oferecemos as Suas promessas
de cura. Mas se nós testemunharmos sobre cura, falamos
de um incidente que vivemos e que Deus nos curou. Então,
testemunho e pregação estão ambos relacionados com a
Palavra de Deus, mas a aproximação é de diferentes ân-
gulos.

O nosso testemunho é de suma importância na estratégia


de Jesus, para chegar a todo o mundo com o evangelho.
Ele revelou esta estratégia nas Suas últimas palavras ainda
na terra, quando Ele se deslocou ao Monte das Oliveiras
com os Seus discípulos, prestes a abandoná-los, como en-
contramos em Actos 1:8:

82
Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito San-
to, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como
em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.

Observemos, em primeiro lugar, que para sermos testemu-


nhas eficazes de Jesus, precisamos do poder sobrenatural.
O nosso testemunho é sobrenatural, ele deve ser apoiado e
executado pelo poder sobrenatural do Espírito Santo. Jesus
não permitiu que os Seus discípulos saíssem e começas-
sem a testemunhar até que fossem dotados com o poder no
Dia de Pentecostes.

Em segundo lugar, Jesus não disse, “testemunha”, que é o


que um grande número de pessoas religiosas diz hoje. Ele
disse: “Serão testemunhas...” Por outras palavras, não é
só as palavras que falamos ou o que distribuímos em pan-
fletos, mas a nossa vida é em si um testemunho pleno de
Jesus e da verdade do evangelho.

Terceiro, Jesus idealizava um círculo que se alargasse cada


vez mais. Ele disse “que começava onde estivesse, em Jeru-
salém. Vai e informa as pessoas, deixa-os acreditar e serem
cheios do Espírito Santo. Depois, deixa-os ir e diz a outras
pessoas. Por sua vez, deixa-os acreditar e serem cheios do
Espírito Santo, vai e diz a outros. Ele disse que terá início
em Jerusalém, mover-se-á até à Judeia, depois a Samaria,
e não cessará até que alcance os confins da terra.”

Estas foram as últimas palavras que Jesus falou na terra. A


Sua mente e o Seu coração estavam nos confins da terra.
Ele jamais ficaria satisfeito até que tudo tenha sido alcan-
çado. O Povo de Deus sendo Suas testemunhas alcançam
outros, estes, por sua vez, irão testemunhar e conquistar
outros, esta é a base da estratégia de Jesus para chegar aos
confins da terra; tal como a expansão das ondulações cau-
sada pelas pedras atiradas à água.

83
Ao examinar atentamente o passado histórico, quando o
Povo de Deus aplicou esta estratégia, ela funcionou. Num
espaço de trezentos anos, conquistaram o Império Roma-
no. Acredito que, teve por base uma grande força espiritual
o derrube do Império pagão Romano; que foi o testemu-
nho de milhares e milhares de crentes cristãos de diferen-
tes antecedentes, raças, níveis sociais e convicções religio-
sas. Todos eles disseram, “Jesus mudou a minha vida!”.
Esse impacto, finalmente derrubou a coluna forte e cruel
do império de Roma.

A Bíblia indica que a mesma arma, em última instância,


até derrubará o reino de Satanás nas regiões celestes. Isto
é revelado profeticamente, em Apocalipse 12:7-11. Estes
versículos descrevem um grande conflito que, ocorrerá en-
tre os anjos e os homens tanto no céu como na terra, no
fim desta era.

Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram


contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus an-
jos; Todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no
céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a anti-
ga serpente, que se chama Diabo e Satanás, o sedutor de
todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os
seus anjos. Então, ouvi grande voz do céu, proclamando:
Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e
a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de
nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite,
diante do nosso Deus.

O “acusador dos nossos irmãos” é Satanás. Isto descreve


como ele foi lançado para fora do seu reino nas regiões
celestes. Em seguida, ele descreve como os fiéis venceram
Satanás. Repare que é um confronto directo.

84
Eles, pois, (os cristãos) o venceram (Satanás) por causa do
sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho
que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a
própria vida.

A sua arma principal está na palavra “testemunho.” É o


seu testemunho que acabará por derrubar todo o reino de
Satanás. Creio que o seu testemunho deverá estar centrado
em dois pilares: a Palavra de Deus e o Sangue de Jesus. O
seu testemunho liberta o poder que está na Palavra e no
Sangue.

Podemos aplicar isto na nossa vida de uma maneira sim-


ples e prática, nós vencemos Satanás pessoalmente, se tes-
temunharmos o que a Palavra de Deus determina sobre o
que o Sangue de Jesus faz por nós. Assim percebemos a
importância do testemunho pessoal acerca da Palavra e do
Sangue. Há várias maneiras de pôr em prática, sendo um
dos caminhos apontados a Santa Ceia. Embora por vezes
não consigamos perceber, esta é a continuação do testemu-
nho da nossa fé na Palavra e no Sangue.
Abordando a Ceia do Senhor, Paulo regista em 1 Coríntios
11:26:

Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o


cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha.

Sabemos que o cálice representa o sangue do Senhor, por


isso quando tomamos a Ceia do Senhor, proclamamos a
Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.

Devemos estar familiarizados, com o que a Palavra de


Deus nos diz de facto sobre o Sangue de Jesus, para que
assim possamos testemunhar eficazmente sobre Ele.

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A Palavra de Deus revela cinco provisões extremamente
importantes, que estão à nossa disposição através do San-
gue de Jesus.

A primeira, está descrita em Efésios 1:7:

No qual (Cristo) temos a redenção, pelo seu sangue, a re-


missão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça…

Neste versículo são-nos transmitidos dois benefícios, ad-


quiridos para nós através do Sangue de Jesus. O primeiro
é a redenção (somos redimidos). O segundo é o perdão
(somos perdoados), como se depreende em 1 João 1:7:

…Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, man-


temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus,
seu Filho, nos purifica de todo o pecado.

Em terceiro lugar, o Sangue purifica-nos continuamente,


através Dele temos à nossa disposição uma contínua lim-
peza espiritual. Romanos 5:9, confirma:

Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu san-


gue, seremos por ele salvos da ira.

Em quarto lugar, somos justificados. Isto significa que


somos feitos justos. A melhor descrição que já ouvi para
justificado é: “como se eu nunca tivesse pecado, pois te-
nho sido feito justo com a justiça de quem não conheceu o
pecado, que é a justiça de Cristo”.

Hebreus 13:12, declara:

Por isso, foi que também Jesus, para santificar o povo,


pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta.

86
Em quinto lugar, a Bíblia revela-nos que podemos ser san-
tificados pelo Sangue de Jesus. “ Santificar” significa tor-
nar santo, ou, ser separado para Deus.

Estas são as cinco grandes provisões do sangue de Jesus


reveladas pela Palavra de Deus:

Primeiro, somos redimidos;

Em segundo lugar, somos perdoados;

Terceiro, somos limpos;

Quarto, somos justificados (fomos feitos justos);

Quinto, somos santificados (fomos feitos santos).

Estas provisões só se tornam plenamente eficazes nas nos-


sas vidas quando nós as testemunhamos pessoalmente. Te-
mos que ter ousadia para afirmar as nossas convicções. É
preciso dizê-lo assim:

Através do Sangue de Jesus, fui resgatado das mãos de Sa-


tanás. Através do Sangue de Jesus, todos os meus pecados
estão perdoados. O Sangue de Jesus limpa-me de todos os
pecados. Através do Sangue de Jesus, eu sou justificado,
feito justo como se eu nunca tivesse pecado. Através do
Sangue de Jesus, sou santificado, sou santo, separado para
Deus. Já não estou no território de Satanás.

Medite sobre estas cinco provisões do Sangue de Jesus:


a redenção, o perdão, a limpeza, a justificação e a santifi-
cação. Então, compreenderá que de facto, eles se tornam
efectivamente seus quando testemunhar deles pessoalmen-
te. Testemunhando pessoalmente estas coisas, vencemos

87
Satanás “pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do nosso
testemunho.”

Para sermos eficazes na batalha espiritual, temos que


continuamente atacar com as armas ofensivas que Deus
nos providenciou. Não basta somente defendermo-nos e
esperar que o Senhor nos liberte. Somos uma tropa con-
quistadora e as nações do mundo estão à espera de um
povo que os conquiste para o Reino de Deus através do
Evangelho de Jesus.

88
Derek Prince Ministries

“Se não conseguires explicar um princípio duma ma-


neira simples e em poucas palavras, então tu próprio
ainda não o percebes suficientemente.”

Esta frase de Derek Prince caracteriza o seu ensino bíbli-


co. Estudos simples e claros que pretendem, direccionar o
leitor para os princípios de Deus, tornando assim possível
uma maior abertura para reflexão e tomada de posição pe-
rante a sua escolha.

Os estudos de Derek Prince têm ajudado milhões de cris-


tãos em todo mundo, a conhecerem intimamente Deus e a
porem em prática os princípios da Bíblia no dia-a-dia das
suas vidas.
Derek Prince Portugal deseja cooperar nesta edificação
do corpo de Cristo:

...com o fim de preparar os santos para o serviço da


comunidade, para a edificação do corpo de Cristo até
que todos cheguem à unidade da fé e ao pleno conhe-
cimento do Filho de Deus, ao homem adulto, à medida
completa da estatura de Cristo. (Efésios 4: 12 e 13)

O nosso alvo é fortalecer a fé dos cristãos no Senhor Je-


sus Cristo, através do ensino bíblico de Derek Prince, com
material (livros, cartas de ensino, cartões de proclamação
e mais tarde cd’s e dvd’s) na sua própria língua!

Em mais de 100 países o DPM está activo, dando a conhe-


cer o maravilhoso e libertador evangelho de Jesus Cristo.
Esperamos também que se sinta envolvido e encorajado
na sua fé através do material por nós (Derek Prince
Portugal) fornecido.

89
A nossa principal actividade neste momento é traduzir e
disponibilizar trabalhos do Derek Prince em Português.
Como por exemplo:

Cartas de ensino: Distribuição gratuita quatro vezes por


ano de cartas de ensino orientadoras e edificadores sobre
temas diversos da Bíblia.

Deseja saber mais sobre os materiais disponíveis e/ou re-


ceber as cartas de ensino gratuitas? Informe-nos! Ficamos
à espera do seu contacto através de:

Derek Prince Portugal:


Caminho Novo lote X,

9700-360 Feteira AGH

Terçeira, Açores, Portugal

Tel: (00351)295 663738 / 927 992 157

Blog: www.derekprinceportugal.blogspot.pt

E-mail: derekprinceportugal@gmail.com

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SOBRE O DEREK PRINCE (1915 – 2003)

Derek Prince nasceu na Índia, filho de pais britânicos.


Teve formação escolar em Grego e Latim no Colégio
de Eton e na universidade de Cambridge, na Inglaterra.
Com 24 anos ele foi professor na Universidade Kings, em
Cambridge, onde ensinou filosofia moderna e clássica. Na
segunda guerra mundial foi obrigado a entrar no exército
Britânico e foi colocado no norte de África. Levou consigo
a Bíblia como material de estudo filosófico, a qual leu em
alguns meses. Numa noite quando estava sozinho numa
barraca foi confrontado pela Palavra com a realidade de
Jesus Cristo.

Com este encontro com Jesus Cristo ele chegou a duas


conclusões:

• Primeiro: Jesus Cristo está vivo


• Segundo: a Bíblia é um livro que traz a verdade,
que é relevante e sempre actual.

Estas conclusões alteraram totalmente o curso da sua


vida.
Desde esta data dedicou a sua vida a estudar e ensinar a
Palavra de Deus. Entretanto adquiriu reconhecimento
internacional como um dos ensinadores da Bíblia mais
importantes desta época. O que faz o seu ministério
ser único não é a sua educação de alto nível nem a sua
inteligência mas o seu ensino directo, actual e simples. O
Programa de rádio “Hoje com Derek Prince” é transmitido
diariamente em vários países (por exemplo em Chinês,
Espanhol, Russo, Mongoliano, Arábico e mais). Os estudos
dele, mais de 40 livros em mais de 100 línguas, 400 CD´s
e 150 DVD´s, tiveram grande influência nas vidas de

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muitos líderes cristãos sobre todo mundo. Em Setembro
de 2003 depois duma vida longa e frutífera, Derek Prince
faleceu com a idade de 88 anos. Derek Prince Ministries,
continuará a distribuir por todo o mundo o ensino dele
através dos diversos meios que dispõe, entre os quais:
livros, cartas de ensino, cartões de proclamação, áudio,
vídeo, e conferências.

Existem no entanto, objectivos bem definidos no DPM:


- Fazer chegar estes meios a locais onde ainda não
conhecem a Palavra de Deus
- Contribuir para o fortalecimento da fé dos cristãos que
vivem em comunidades cujo poder politico não permite a
liberdade de expressão e circulação da Palavra Divina.

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978-989-8501-16-5

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