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Sobre o Behaviorismo
Na Própria Pele
A Mente Behaviorista
Referência Bibliográfica
13/9/06
A Psicologia não possui uma única unidade conceitual e / ou metodológica, isso por que até
hoje, tal ciência não chegou a um acordo de como estudar o seu objeto de estudo (o
homem), dentre algumas abordagens, podemos destacar como unidades de analise deste
objeto de estudo: o comportamento, a mente, a existência, a personalidade, a subjetividade,
dentre outras que surgem frente aos avanços e investimentos científicos que sustentam o
deslanche desta ciência.
Não significa que tais “ramificações” defendam a mesma unidade de analise 100% iguais. É
o caso de Skinner (behaviorismo radical) que contrapões Watson (behaviorismo
metodológico) conforme veremos na seqüência deste artigo. É importante deixar claro que
há ainda, “ramificações” dentro destas abordagens que servem para estudos específicos,
como por exemplo: o Behaviorismo Radical é a filosofia da analise do comportamento,
analise aplicada do comportamento, psicologia experimental, psicologia analítico –
comportamental, psicologia cognitivo – comportamental, ou seja, enquanto filosofia, visa
trazer subsídios epistemológicos para um sólido embasamento teórico, que posteriormente,
fornecerá meios para o deslanche de experimentos (psicologia experimental, estudos de
laboratório, etc.), de formação de conceitos (analise do comportamento, psicologia
comportamental, etc.) e aplicação de conceitos (analise aplicada do comportamento,
psicologia analítico – comportamental, etc.), assim como o behaviorismo metodológico é a
filosofia do comportamentalismo.
Matos e Tomanari (2002), por sua vez trazem a visão do behaviorismo radical que propõe
que o objeto de estudo da psicologia deva ser o comportamento dos seres vivos,
especialmente do homem. É radical na medida em que nega ao psiquismo a função de
explicar o comportamento, embora não negue a possibilidade de , por meio de uma
estrutura da linguagem, estudar eventos encobertos, tais como pensamento e as emoções,
só acessíveis ao próprio sujeito.
Segundo Forisha e Milhollan (1978), devido a sua preocupação com controles científicos,
Skinner, frente aos rigores científicos, não fez diferente, realizou a maioria de suas
experiências com animais inferiores - principalmente pombo e rato branco. Desenvolveu o
que se tornou conhecido como "caixa de Skinner", um aparelho adequado para o estudo
animal. Tipicamente, um rato era colocado dentro de uma caixa fechada que contém apenas
uma alavanca e um fornecedor de alimento, quando o animal aperta a alavanca sob as
condições / critérios estabelecidos pelo experimentador, uma bolinha de alimento cai sobre a
tigela, recompensando-o, após o animal ter fornecido esta resposta, o experimentador
poderia então, colocar o comportamento deste animal sob controle de uma infinita variedade
de estímulos, além disso, tal (is) comportamento (s) poderia ainda, ser modelado ou
modificado gradativamente até que aparecerem respostas que ordinariamente não faziam
parte do repertório comportamental do indivíduo, ou seja, diferente de Watson, êxitos nestes
esforços levaram Skinner a acreditar que as leis da aprendizagem aplicam-se a todos os
organismos vivos, independente de “entidade” internalista.
Matos e Tomanari (2002), complementam ainda que um grande passo dado por Skinner que
superou os “buracos” do behaviorismo metodológico foi o de considerar o comportamento
como algo que está sempre em reconstrução, ou seja, acreditar em um modelo de seleção
pelas conseqüências, não só frente as características anatômicas e fisiológicas, mas também
as comportamentais que passam por sucessivos crivos de uma seleção baseada nos contatos
com dos organismos vivos com o seu ambiente, neste crivo, alguns comportamentos são
eliminados, por inadequados, e outros são mantidos, por eficazes em garantir a adaptação e
sobrevivência, isto é, o comportamento humano passou a ser compreendido, considerando-
se que o homem sofre influências de contingências filogenéticas (atuando no nível do banco
genético das espécies), de contingências ontogenéticas (atuando no nível de repertórios
comportamentais dos indivíduos) e de contingências culturais (atuando no nível das práticas
grupais de uma cultura ou sociedade), ou seja, a integração destes três níveis trouxe aos
analistas do comportamento a ferramenta para avaliar o sujeito como um todo, incluindo os
seus aspectos subjetivos como a consciência e o autoconhecimento por exemplo. A Analise
funcional do comportamento (estimulo antecedente – resposta do organismo – evento
conseqüente à resposta), ferramenta coerente com os determinantes citados por Matos e
Tomanari (2002) busca dar ao observador, terapeuta, cientista do comportamento uma “luz”
que esclareça ordem entre eventos sujeito – ambiente.
Na graduação de psicólogo dos cursos disponíveis no Brasil hoje, estão presentes até nas
abordagens de Desenvolvimento Humano as contribuições da abordagem comportamental
enquanto possibilidade de compreensão do homem. Quando Carvalho (1999), afirma que ao
discriminarmos aquilo que sentimos e falamos sobre sentimentos, nada mais é do que
comportamentos aprendidos, produtos da comunidade verbal em que interagimos, que nos
ensina a descrever o que fazemos, o que pensamos e o que sentimos e por tanto o que é
certo, errado, tristeza, alegra, estamos considerando, que eventos internos, antes
considerado via determinantes internalistas, começaram a ser compreendidos via unidade de
analise comportamental, o que contrapõe as injustas críticas de que o behaviorismo radical
nega eventos internos.
Oito dias antes de sua morte, Skinner recebeu da APA – American psychologist Association o
prêmio por “Destacada a contribuição à psicologia ao longo da vida”, deste a fundação desta
associação (1974), Behavioristas do Brasil e do Mundo, cerca de 6.500 espalhados pelo
planeta, segundo Hubner (2005), vêem tomando os cuidados científicos oriundos da filosofia
do behaviorismo radical, abandonando o comportamentalismo de Watson, que no contexto
histórico – cultural de hoje, deixa como marca, contribuições para ter gerado em segunda
instância, a ciência do comportamento de Skinner, mais completa, cientificamente adaptada
para abarcar as demandas que exijam uma intervenção comportamental.
Hubner (2005), parece concordar com Thomaz, Silva, Alencar, Bueno e Rocha (2005 ;
2006), que no resumo deste artigo, destacou uma das causas das injustas críticas à Analise
do Comportamento como sendo a construção de uma incorreta concepção de alunos
enquanto graduandos de psicologia, quando afirma que no Brasil, ainda há, mesmo com este
reconhecimento internacional (APA), com a presença da mídia, com as comprovações
científicas dos experimentalistas, profissionais e alunos contrapondo-se a abordagem
comportamental por falhas na compreensão de sua metodologia, como por exemplo, ao
generalizar as práticas de cientistas do comportamento com bases filosóficas do
behaviorismo radical com cientistas do comportamento que utilizam-se de ferramentas
embasadas no behaviorismo metodológico de Watson.
Hubner (2005) ilustra este fato exemplificando que ao se referir a Skinner para alguns
alunos e profissionais, recebemos como palavras chaves: S-R, experimento com ratos, caixa
de Skinner, condicionamento, onde poucos sabem que este autor dedicou grande parte de
sua obra em temas como utopia, educação, amor, humor e uma das mais reconhecidas: a
linguagem e o comportamento verbal.
A Autora destaca ainda que, ao contrário do que muitas pessoas confundem, o behaviorismo
radical se propõe a estudar eventos não observáveis (consciência, raiva, ciúmes, etc.), neste
sentido é que o seu “behaviorismo” é considerado radical, não de extremo, mas de ir até a
“raiz” dos eventos para buscar a ordem entre os eventos, para isso, suas características
enquanto ciência, foca cuidados para jamais tornar-se uma ciência dualista ou mentalista
que transfere e modifica a função dos eventos encobertos. Ao decorrer seu artigo, Hubner
(2005) finaliza esta discussão com opiniões que vão de encontro com os dados apontados
até o momento separando o behaviorismo radical do metodológico e por tanto as práticas de
cientistas que tomam como embasamento teórico os X ou Y behaviorismo.
CONCLUSÃO
Hubner (2005), Thomaz, Silva, Alencar, Bueno e Rocha (2005 ; 2006), dentre outros autores
já levantaram dados para nos fazer refletir sobre a importância da multiplicação adequada
de informações na relação entre professores – alunos em um ambiente escolar. Um aluno
que não compreende a teoria, certamente, terá sua prática comprometida, é neste sentido
que este artigo objetivou deixar claro algumas diferenças entre o behaviorismo radical x o
behaviorismo metodológico, para que sérios analistas do comportamento, não sejam
injustamente criticados pelas suas práticas.
Poderíamos abordar a diferença entre Skinner e Watson durante páginas e páginas, para
quem tiver a curiosidade de checar as produções bibliográficas do americano B.F. Skinner,
terá dados suficientes para dizer que o behaviorismo radical preocupou-se por demais com
as questões sociais, comportamentos de grupos e individuais, agências controladoras,
comportamento verbal, enfim, neste caminho, o prêmio da APA foi mais do que merecido,
sem Skinner, talvez ainda estaríamos aplicando as práticas do behaviorismo metodológicos,
o que, com os avanços atuais da psicologia, seria uma erro agravante para a prática de
psicólogos.
BIBLIOGRAFIA
Hubner, M.M.C. (2005). O Skinner que poucos conhecem: contribuições do autor para um
mundo melhor, com ênfase na relação professor – aluno. Momento do professor. Revista de
educação continuada, São Paulo, ano 2, número 4, p. 44-49.
Thomaz, C.R.C Silva, D.R.S Alencar, E.T.S Bueno, K e Rocha, T. (2005). A concepção dos
alunos sobre o behaviorismo radical e sua concepção de psicologia. Divulgação de pesquisa e
painel no XIV congresso brasileiro de psicoterapia e medicina comportamental – ABPMC.
Campinas.
Thomaz, C.R.C Silva, D.R.S Alencar, E.T.S Bueno, K e Rocha, T. (2006). A concepção dos
alunos sobre o behaviorismo radical e sua concepção de psicologia. Artigo publicado em meio
eletrônico: www.redepsi.com.br . São Paulo