Você está na página 1de 18

@relstudy

Glossário
de termos
de Relações
Internacion
ais
Do Concerto Europeu ao

Mariana de Souza Lira de Melo


1- Modelo vs Ordem
Enquanto modelo trata de ideais abstratos de funcionamento para explicar uma certa
estrutura de poder, como um esquema sintético abstrato, a ordem é uma etapa ou período
na evolução do sistema caracterizada por certa normatividade e polaridade nas relações
de poder, com um conjunto de características minimamente estáveis.

2- Concerto Europeu
Ordem de Viena (1815) como um arranjo territorial e de poder que reorganiza o sistema
na era pós-napoleônica, com a característica da ausência de grandes conflitos militares e
do equilíbrio dinâmico multipolar.

3- Equilíbrio dinâmico multipolar


Característica do Concerto Europeu que permite uma grande fluidez de alianças e
acordos pelos múltiplos atores, ocasionando a manutenção dos alcances de poder sem
muitos conflitos.

4- Alsácia-Lorena / I Guerra
Região rica em recursos minerais (ferro e carvão) sob domínio francês antes da I Guerra.
É invadida pelo Império Alemão, sendo tal fato um dos agravantes causadores da I
Guerra.

5- “Duplicidade” na política externa russa antes da 1a Guerra


Rússia com abordagens distintas de política externa com 2 ministros de relações
exteriores diferentes para a Europa e a Ásia. Enquanto tratava da Europa com
equivalência e buscando a manutenção do equilíbrio, a Ásia era tratada através de um
caráter imperial e subordinativo.

6- Máquina do fim do mundo


Do equilíbrio dinâmico multipolar à proximidade da guerra, tendo a unificação alemã e o
fim da Realpolitik com início da Weltpolitik como parte do início do desequilíbrio. Assim
como evidenciado pelo fim do pacto Russo-Alemão, que propicia a aproximação franco-
russa (já que a Alemanha se apresenta como uma ameaça para ambas). Há também a
tensão Alemanha-Inglaterra, devido à questão marítima, que se fez elemento decisivo
para a entrada inglesa na entente, fato que rompe com o isolamento esplêndido inglês e
com o equilíbrio europeu. Alemanha causando grande desconforto, evidenciado pela
crescente corrida armamentista entre os países. Contudo, há de se levar em
consideração que para além da análise puramente política de Kissinger, a Alemanha vivia
uma fase de potência industrial, logo, buscava matérias-primas e parceiros para satisfazer
as necessidades de vazão às dinâmicas econômicas.

7 – Tecnologia na I Guerra
A aplicação de novas tecnologias muda a dinâmica da guerra, fazendo-a a maior em
número de mortos até então. A utilização de armas automáticas de múltiplos disparos
desumaniza o processo da morte, fato que foi de muita influência para que o número de
mortos fosse maior, já que há um maior distanciamento entre os soltados. É crescente o
uso de telegramas e de espionagem dos meios de comunicação, além do uso da
criptografia para evitar interceptações (Rússia foi muito interceptada pela falta desta). Há
o uso de aeronaves, dirigíveis para o lançamentos de bombas - logo sendo substituídos
por aviões que realizam lançamentos à distância, submarinos e também gases
sufocantes.
8 – Plano Schleieffen
Plano militar executado pelo exército alemão no início da I Guerra para chegar até Paris,
buscando obter rapidamente uma vitória decisiva contra a França e em seguida objetivava
voltar sua força contra a Rússia. Contudo, não foi eficaz, havendo uma grande
contradição entre o militarismo alemão e o voluntarismo francês.

9- Brest-Litovsky – 1918
Tratado de paz em separado entre Rússia e o Império Alemão, retirando a Rússia da
guerra, dado o contexto revolucionário e a enorme insatisfação popular pelas perdas
materiais e humanas. Impõe situação de bastante derrota para a Rússia, que sai muito
enfraquecida, já que foi obrigada a abrir mão de territórios muito significativos
economicamente (parte mais industrializada e com 90% das reservas de carvão) e das
áreas economicamente mais desenvolvidas (incluindo Finlândia, Países Bálticos, Polónia,
Bielorrússia e Ucrânia. Tal tratado permite ao Império Alemão fazer guerra somente contra
o front ocidental, sendo imensamente favorável à eles para além do ganho de territórios e
recursos.

10- Versalhes– 1919


Grande tratado de paz depois da I Guerra. Não levou a uma situação estável devido ao
seu alto grau de idealismo, onde os “culpados” deveriam pagar pela guerra, embora não
haja consenso histórico quanto aos culpados - fato que levou à uma paz precária, devido
principalmente à situação de rancor e subjugação da Alemanha, que teve que pagar
indenizações, transferir indústrias e carvão e além disso, se manter desmilitarizara até os
anos 30, com limitações à sua produção militar.

11 – Saint-Germains - 1919
Tratado através do qual há o desmonte do Império Austro-Húngaro, reconfigurando o
território europeu e dando origem à Áustria, Hungria, Tchecoslováquia, Polônia, partes da
Romênia e Bulgária, reino dos Sérvios, croatas e Eslovenos.

12- Sévres – 1919 / Lausanne – 1923


Sévres marca o desmonte do Império Otomano e estipulava que os estreitos de Bósforo e
Dardanelos seriam zonas neutras desmilitarizadas. Sévres tira praticamente todo o
território europeu da Turquia, enquanto Lausanne faz uma revisão e reconhece a Turquia
com suas fronteiras modernas. Marcam a divisão da Península Arábica em mandatos
britânico (Transjordânia) e francês (Síria e Líbano). Tais tratados configuraram o desenho
do Oriente médio contemporâneo.

13- Pacto Briand-Kellogg – 1928


Compromisso moral entre as grandes potências de não usar a guerra como política para
resolver seus conflitos, embora não tivesse sanções. Fracassou no seu propósito
principalmente devido ao alto grau de idealismo, mas foi significativo no desenvolvimento
posterior do Direito Internacional.

14- Locarno – 1925


Tratado que fixa as fronteiras da Alemanha. Os Aliados concordam em não intervir e a
Alemanha concorda em manter a Renânia desmilitarizada. A partir daí a Alemanha entra
para a liga das nações.

15- Crítica de H. Carr à doutrina da Harmonia de Interesses


Carr vira um marco do pensamento realista. Em sua análise, ele dedica uma atenção
especial à crítica à doutrina da harmonia de interesses vigente através do paradigma do
idealismo. Critica principalmente a transposição de um elemento do liberalismo
econômico (Estados com interesses comuns) ao plano político.

16- Crise ao liberalismo no “entre guerras”


A crise de 1929 significou a falência do modelo político-econômico liberal (que não
possuía os mecanismos de defesa que possui hoje). Propicia discursos de críticas ao
capitalismo/liberalismo na Europa Ocidental e em muitas outras partes do mundo e o
crescimento de movimentos socialistas/comunistas. Nessa época houve a desconstrução
do laissez-faire, comércio e normatização entre os Estados como criadores de harmonia e
“paz perpétua”, pois o que gerava era a concentração de renda e desigualdade social. As
saídas consistiam em ir contra o liberalismo: New Deal, socialismo e fascismo.

17- Fascismo e Nazismo


O fim da I Guerra não equaciona o desequilíbrio sistêmico que havia antes da guerra, os
mesmos que acabam por levar à II Guerra. A Itália se apresenta como o primeiro
desenvolvedor do fascismo (anos 20) e serve de inspiração para o nazismo alemão (que
incorpora aos ideais fascistas o antissemitismo vinculado à projetos de extermínio).
Ambos se apresentam como uma saída para a crise do liberalismo e como uma
alternativa aos movimentos social-democratas dos trabalhadores. Eram caracterizados
por forte nacionalismo (na prática, uma saída autoritária para defender os interesses das
elites), o apontamento de um inimigo/culpado como desvio útil criador de coesão e como
justificativa de equacionamento da indústria financeira. Usavam da pseudocientificidade,
faziam oposição ao Iluminismo/racionalismo, contra a liberdade formal do liberalismo e
apoiavam a noção de hierarquia racial. Não obstante, não conseguiam conviver com o
pluralismo político ou com a democracia, exercendo pretensões totalitárias e anti-
intelectualista em um conservadorismo com aparência de ruptura num discurso anti-
politica, por enxergarem a mesma como uma atividade corruptora.

18- Eixo Berlim – Roma


Aliança constituída em 1936 entre a Alemanha nazista e a Itália fascista através de um
acordo de amizade ligando os dois Estados totalitários isolados hindustâni mundial (a
Alemanha devido à sua política externa agressiva e não reconhecimento da culpa na I
Guerra e a Itália sofrendo sanções devido a sua política expansionista na África).

19- Guerra Civil Espanhola


Serviu como um ensaio entre forças para a II Guerra. De um lado estavam os defensores
da república e da democracia apoiados pela URSS e do outro os militares que buscavam
a instalação de um regime fascista apoiado por Itália e Alemanha. França e Inglaterra
optaram por não se envolver.

20 – Ascensão de Hitler e do Nazismo ao poder


Em um clima de conjugação de crises econômica e política que terminaram por culminar
em crise social, a crise do liberalismo e a quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929 (como
um sintoma da crise) acabaram por impulsionar a “ameaça” soviética e o crescimento dos
movimentos dos trabalhadores. O nazismo se apresenta como uma alternativa à tal
“ameaça” e também ao modelo liberal, visando a manutenção de um capitalismo
autoritário. Explorando o rancor proveniente do Tratado de Versalhes e da
descontinuidade do território alemão (corredor polonês), Hitler se apoia na ideia do
espaço vital alemão como reforço da identidade ética nacional. Tendo o militarismo como
elemento movimentador da economia, a Alemanha rompe com os tratados e acordos de
Versalhes, se afastando das limitações pós-I Guerra e em poucos meses há a
consolidação do nazismo após a chegada ao poder, com a extinção dos partidos e o
fechamento dos meios de comunicação. Torna-se evidente na dinâmica do sistema a
inércia dos Estados liberais, que acaba por culminar na Conferência de Munique (1938),
onde há a “benção” ocidental para a anexação alemã dos Sudetos. Stálin também tem
responsabilidades importantes na ascensão nazista, por subestimar Hitler e não ter dado
orientações assertivas aos Partidos Comunistas. Há vários tipos de cumplicidade com o
crescimento alemão, que vão desde a ingenuidade, os simpatizantes, os que
estabeleciam equidistância entre nazismo e comunismo e os negligentes.

21- Molotov – Ribbentropp


Pacto de não-agressão e não-intervenção assinado em 1939 entre Alemanha e União
Soviética. Firmava um acordo de paz durante 10 anos e dividia secretamente a Polônia
entre as duas potências. Pacto vital para os dois, já que assegurava a manutenção da
guerra somente no front ocidental, permitindo à Alemanha lutar apenas nesse front e à
URSS ter um tempo de preparação maior. Durou até 1941, quando a Alemanha invade o
território soviético com a operação Barbarossa.

22- Conferência de Munique – 1938


Também conhecida como Conferência da Vergonha, foi uma política falha de
apaziguamento feita pelos aliados ocidentais, que ao buscar ganho de tempo para que a
guerra começasse no front Oriental, acordaram a anexação alemã dos Sudetos e o
controle efetivo da Tchecoslováquia, desde que Hitler prometesse que seria a última
reivindicação territorial alemã. Em 1939 Hitler quebra o acordo anexando a
Tchecoslováquia e a Polônia, dando assim início à guerra.

23- Pacto Nipônico-Soviético – 1941


Pacto de não agressão entre Japão e União Soviética, pondo fim à guerra não declarada
entre os dois Estados pela fronteira entre a Manchúria e a Mongólia. Tal pacto permitiu à
URSS ter segurança para enviar suas tropas para o front do Oeste. O pacto foi anulado
pela URSS em 1945, já ao fim da II Guerra.

24- Teerã – Final de 1943


Primeira conferência dos 3 Grandes (Stálin, Churchill e Roosevelt), onde a retomada dos
territórios ocidentais é adiada, buscando uma maior preparação e um melhor momento
político – fato que consequentemente acaba por dar muito fôlego, prestígio e vitórias para
a URSS.

25- Desembarque na Normandia


Operação militar gigantesca através do estabelecimento de uma cabeça de ponte para a
retomada dos exércitos ocidentais. Maior operação militar anfíbia da história, foi um
Turning Point na II Guerra, quando EUA em conjunto com Inglaterra começam a liberar a
França e posteriormente o restante da Europa.

25- Diretório
Ordem que substitui o Concerto Europeu após a II guerra, caracterizada pelo fato de as
potências vencedoras decidirem tudo o que acontece politicamente na Europa depois da
guerra. Essa nova hierarquia internacional não significou a paz, pois a aliança EUA-URSS
que permitia acordos comuns logo cedeu lugar à desconfiança.

26- “Nações Unidas”


Termo cunhado por Roosevelt na Carta do Atlântico para se referir aos aliados e depois
definir a grande organização mundial no pós-guerra. Nova institucionalidade na ordem
mundial bipolar, instituída em 1945 na Conferência de São Francisco, como substituta da
Liga das Nações. Serviu para deslocar o centro de poder mundial, com sede em NY e
caracterizada por certa ambiguidade entre o apelo ao universal e a afirmação da vitória
dos EUA e seus interesses nesse período.

27- Carta do Atlântico


Negociada por Churchill e Roosevelt em 1941, estabeleceu uma visão pós-II guerra. Os
principais pontos se referem ao fato de EUA e Inglaterra não quererem expansão
territorial, ajustes territoriais de acordo com desejos dos interessados, o direito à
autodeterminação dos povos, a exclusão de barreiras comerciais, a busca por uma
cooperação econômica global e o avanço do bem-estar social, a liberdade dos mares e o
desarmamento das nações agressoras após a guerra. Provou ser um dos primeiros
passos para a formação da ONU.

28- Yalta
Conferência realizada em fevereiro de 1945 na Criméia (URSS), com a presença dos 3
grandes, afirmando a concentração de poder significativa. Trataram de questões decisivas
quanto ao reconhecimento do governo da Polônia (partido comunista) e quanto à
reconfiguração de suas fronteiras, deslocadas para o lado ocidental (Linha Oder-Niesse),
explicitando prestígio da URSS. Além disso, fizeram a declaração da Europa Liberada,
com a previsão de eleições livres em todos os países que fossem sendo liberados e
fizeram a divisão da Alemanha entre as 3 potências.

29- Declaração sobre Europa Libertada


Definida em Yalta, previa a ocorrência de eleições livres (pluripartidárias) em todos os
países europeus que fossem sendo liberados. No leste não ocorre como esperado.

30- Potsdam
Conferência dos 3 grandes (agora Stálin, Truman e Atlee) em julho de 1945, quando a
guerra na Europa já havia acabado, restando somente a guerra no pacífico. Ocorre o
teste da bomba atômica, dando a Truman maior poder de negociação e maior equilíbrio
da correlação de forças. São realizados ajustes de fronteiras e as definições finais quanto
aos territórios polonês e alemão, que tem o território dividido em 4 zonas de influência.

31 – Relações entre “ocidentais” e URSS na fase final da 2 a Guerra


O predomínio do front oriental gera uma situação de aumento do prestígio militar e político
da URSS dentro dos países ocidentais, refletindo na ascensão de Partidos Comunistas
em muitos deles. O “atraso” na retomada da Europa, definido em Teerã (1943) também
acabou por fortalecer a posição soviética.

 GUERRA FRIA
 1945-1947 – Antessala da guerra fria. Criação da bipolaridade. Bombas
atômicas. Negociações de Yalta e Potsdam.
 1947-1955 – Guerra Fria. Possibilidade de conflito direto, equilíbrio
precário, tensão. Não há acordos, canais ou relações entre as potências.
 1955-1962 – Coexistência Pacífica. Morte de Stálin e crise de Suez como
pontos iniciantes. Rebaixamento UK e França. Discurso de Krushov.
Disputa em outros campos que não o conflito militar direto. Equilíbrio do
terror.
 1962-1973 – Distensão. Crise de Berlim (1961) e Crise dos mísseis de Cuba
(1962) como pontos de viragem da política. Acordos diretos. Duopólio.
Arms Control. Risco de conflitos diretos diminui até aqui. 1973 regelo da
URSS com Brejnev, crise econômica no mundo.
 1979/80-1989-91 – Nova Guerra Fria/2ª Guerra Fria. Queda do muro de
Berlim em 1989. Risco de conflitos volta a subir.

32- Trieste
Disputa por região estratégica (saída para o mar e para os Bálcãs) na Itália que era alvo
do interesse Iugoslavo. Foi uma das grandes disputas diplomáticas da Guerra Fria, e só
se resolve na década de 50 – embora desde 46 penda para o ocidente.

33- Vale do Ruhr


Região da Alemanha ocidental densamente povoada, sendo a região mais industrializada
da Europa. Ficou sob guarda da Inglaterra e EUA no fim da II Guerra.

34- Fulton
Discurso no qual Churchill lança a expressão “cortina de ferro”, denunciando a URSS por
ter demarcado sua área de influência e controle dos territórios ao seu redor, começando a
enxerga-la como inimiga. É um dos marcos do início da Guerra Fria.

35- Kennan
Diplomata americano defensor da “política de contenção” da expansão soviética, que
perdurou durante a Guerra Fria com diferentes nomes.

36- Doutrina Truman


Marco do início da Guerra Fria, onde o presidente Truman designa um conjunto de
práticas governamentais em escala mundial objetivando conter o avanço comunista junto
aos “elos frágeis” do sistema capitalista. Os EUA deixam sua política externa isolacionista
e passam a se fazerem presentes em qualquer lugar de seu interesse para a defesa da
democracia, dos mercados e da liberdade, tendo como característica a manutenção de
bases militares pelo mundo. Fato que tampem acaba por evidenciar o “fim” negociado do
Império Britânico.

37- “Troca de guarda” - 1947


Momento em que a Inglaterra, ao se perceber incapaz de resolver e intervir nos conflitos
ocorridos na Grécia e na Turquia devido as perdas na II Guerra, passa o “bastão” da
defesa dos interesses mundiais capitalistas aos Estados Unidos – fato evidenciado
através da Doutrina Truman.

38- Plano Marshall


Plano de recuperação econômica e reconstrução da Europa Ocidental financiado pelos
EUA, caracterizado pela tentativa de favorecer a reindustrialização europeia com
maquinário americano e para além disso, “amarrar” a Europa aos EUA. Tratando de
economia como política, também objetivava afastar influências soviéticas, contendo a
expansão comunista e servindo como um impulso político para trazer a Europa Ocidental
para a sua esfera política.

39- Instituições de Bretton Woods (1944)


Instituições através das quais os EUA lideram o processo de recuperação econômica da
Europa sob sua influência. Servem como uma forma dos EUA sediarem e reorganizarem
a economia mundial, incluindo o BIRD (banco internacional para reconstrução e
desenvolvimento), FMI e GATT (livre comércio).

40 – Período 45-47
Dois grandes vitoriosos políticos e morais da II Guerra, mas os EUA saem com a
economia favorecida, concentrando os instrumentos para ditar as regras da economia
mundial. Período de criação da bipolaridade, desenhada e afirmada na própria II Guerra.
Desdobramentos das negociações de Yalta e Potsdam servindo como antessala da
guerra fria. Bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki como ato inicial da Guerra Fria,
evidenciando a demonstração dos EUA de sua capacidade destrutiva que também teve
implicações no plano político.

41- Cominform
Servia como instrumento de diplomacia paralela na URSS, como “correios de
transmissão” de suas diretrizes políticas para o Leste Europeu, com políticas com
características conservadoras.

42- Pacto de Bruxelas / União Ocidental (1948)


Primeira tentativa de reconfigurar a segurança dos Estados da Europa Ocidental no pós-II
Guerra. Acontece mais ao nível da segurança e defesa do que no plano político
estratégico. O Pacto previa assistência militar mútua em caso de ataque à um dos
membros. Os signatários foram os primeiros a aderir à primeira iniciativa de construção
europeia e viriam mais tarde a se tornar a União da Europa Ocidental, que embora
chegue até os dias atuais sem qualquer relevância política, foi o ponto de partida para a
formação da OTAN.

43- OTAN (1949)


Embora formalmente seja um pacto militar entre EUA, Canadá e Europa Ocidental sem
ser um exército comum, na realidade é a principal expressão da política de defesa dos
EUA e Europa Ocidental (colocada em posições militares subordinadas), como
mecanismo fundamental da política americana, que em sua formação objetiva a
contenção da URSS no plano externo, a contenção da França e Inglaterra no plano
interno e a manutenção da Alemanha fora da condição de potência no plano inferior.

44- Golpe de Praga (1948)


Evento em que o Partido Comunista tcheco toma o poder com apoio soviético,
inaugurando mais de 4 décadas de ditadura sob seu comando e evidenciando o
afastamento à sinalização de eleições livres no Leste.

45- Bloqueio de Berlim (1948/1949)


URSS visando obter controle sobre Berlim e pressionando por um acordo de melhor
redistribuição territorial faz o bloqueio de todas as vias de ligação de Berlim Ocidental.
EUA não aceita e passa a fornecer suprimentos por ponte aérea. O plano foi bem
sucedido, a URSS recua e abre as vias. Leva a institucionalização da divisão das duas
Alemanhas.

46- GATT (1947)


Está na base da criação da OMC. É um conjunto de normas e concessões tarifárias
criado com a função de impulsionar a liberalização comercial e combater práticas
protecionistas, regulando provisoriamente as relações comerciais internacionais.

47- CECA (1951)


Comunidade Europeia do Carvão e do Aço nasce do Plano Schumann, que propõe uma
gestão comum da produção de carvão e aço para lidar com disputas. Acaba por
desencadear o processo de discuto sobre integração econômica e política. Foi uma
política regida pela influência externa dos EUA, como maneira de aumentar sua
hegemonia e “combater” o comunismo com mais facilidade.
48- Lei Fundamental Alemã (1949)
É a constituição da Alemanha Ocidental formalmente aprovada em 1949 com a assinatura
dos aliados. A palavra constituição não foi usada pois os criadores a viam como um
documento provisório, que seria substituído pela constituição da Alemanha re-unida. Tal
fato, contudo, não foi possível no contexto da Guerra Fria e da orientação comunista do
setor soviético alemão, que em seguida se proclamou República Democrática da
Alemanha, dividindo-a em dois Estados.

49- Julgamento de Nuremberg (1945-1946)


Constituiu-se em uma série de tribunais militares realizados pelos aliados depois da II
Guerra, conhecidos pelos processos contra os proeminentes membros da liderança
política, econômica e militar da Alemanha nazista. Aconteceram na cidade de Nuremberg,
na Alemanha.

50- Sarre
Região altamente industrializada da Alemanha, importante estrategicamente e pela
produção de carvão, que ficou sob protetorado francês ao fim da II Guerra. Voltando a
integrar a Alemanha através de um plebiscito realizado na década de 50.

51- Plano Schuman


Proposta de criação de uma Europa organizada, requisito indispensável para a
manutenção de relações pacífica entre todos os Estados europeus. É considerado o
começo da criação do que hoje é a União Europeia, através da partilha da gestão do
carvão e do aço e da isenção aduaneira.

52- Aliança sino-soviética


Tratado de amizade e aliança entre a República Popular da China e a União Soviética em
1950. O Tratado lidou com uma série de questões tais como privilégios soviéticos em
Xinjiang e na Manchúria e um dos seus pontos mais importantes foi a prestação de um
empréstimo de 300 milhões de dólares da União Soviética a República Popular da China,
que havia sofrido economicamente e logisticamente por mais de uma década de guerra
intensa. O tratado não impediu que as relações entre Pequim e Moscou sofresse uma
deterioração drástica no final dos anos 1950-1960, na época da ruptura sino-soviética.

53- Guerra da Coreia


Entre 1950 e 1953, começou quando a Coreia do Norte invadiu a Coreia do Sul. As
Nações Unidas, com os Estados Unidos como sua principal força, vieram em ajuda aos
sul-coreanos e empurraram de volta os norte-coreanos para além das fronteiras originais.
A China, por sua vez, interveio nesse momento em favor do norte, com a União Soviética
lhes dando apoio logístico e político. Por três anos a guerra ficou estacionada no Paralelo
38. Um armistício foi assinado em 53, criando uma zona desmilitarizada na fronteira.

54- Paralelo 38
A Coreia foi governada pelo Japão desde 1910 até o final da Segunda Guerra Mundial.
Em agosto de 1945, os soviéticos declararam guerra contra os japoneses, como resultado
de um acordo feito com os Estados Unidos e libertaram o norte do Paralelo 38. Tropas
estadunidenses, logo em seguida, se moveram para ocupar o sul da península. Em 1948,
como resultado do início da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, a
Coreia foi dividida em duas regiões pelo paralelo 38, com governos separados.
Representantes da zona sul (capitalista, de influência americana) e da zona norte
(comunista, de influência soviética) afirmavam, cada um, ser o legítimo governo da
Coreia, e nenhum lado aceitava as fronteiras da época como permanentes.

55- Paix blanche na guerra da Coreia


Paz sem vencedores ou vencidos, que caracteriza o fim da luta entre as duas Coreias
com um armistício e a criação de uma zona desmilitarizada no paralelo 38.

55- Japão como “sentinela do mundo livre” (51 em diante, sobretudo)


Mundo livre era um termo usado pelo ocidente na GF para caracterizar aqueles estados
que não estavam sob influência da URSS ou outras nações comunistas. O termo implica
que os Estados Unidos são a principal superpotência democrática da época, e seu
presidente por extensão é o líder de todos os Estados democráticos do mundo, ou seja,
do "mundo livre". A aliança entre Japão e EUA permitiu que os japoneses cumprissem tal
papel na Ásia, buscando contenção do avanço soviético.

56- Comecon
COMECON (Council for Mutual Economic Assistance, ou Conselho para Assistência
Econômica Mútua) foi fundado em 1949, e visava a integração econômica das nações do
Leste Europeu. O aparecimento do COMECON surgiu no contexto europeu após o final
da Segunda Guerra Mundial, do qual resultou a destruição de parte do continente
Europeu e surgindo como a resposta soviética ao plano edificado pelos Estados Unidos, o
Plano Marshall, que visava apoiar a reconstrução econômica da Europa Ocidental.

57- Pacto de Varsóvia


Aliança militar formada em 1955 pelo bloco do leste. O tratado estabeleceu o alinhamento
dos países membros com Moscou, estabelecendo um compromisso de ajuda mútua em
caso de agressões militares e legalizando na prática a presença de milhões de militares
soviéticos nos países do leste europeu desde 1945. O organismo militar foi alegadamente
instituído em contraponto à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte),
organização internacional que uniu as democracias da Europa Ocidental e os Estados
Unidos para a prevenção e defesa dos países membros contra eventuais ataques vindos
do Leste Europeu.

58- Degelo
Após a morte de Stálin há a ascensão de Krushov, que põe em prática um
desenrijecimento mediado das políticas soviéticas, com certa liberalização quanto à
presença de novas políticas, em um período onde a censura e a repressão política foram
parcialmente relaxadas e houve a liberação de inúmeros prisioneiros políticos. Além
disso, o novo líder procurou promover uma política de "coexistência pacífica" com as
grandes potências ocidentais. Marcado também pela visita de Adenauer a Moscou.

59- “Desestalinização”
Krushov apresenta um dossiê com os crimes de Stálin no XX Congresso dos PCUS, fato
que se dá como um terremoto político. Ao descredibilizá-lo, abre caminho para a sua
política de desestalinização com o degelo. Inicia-se uma política externa bem sucedida
com o anúncio de abertura política e de relações menos intervencionista com os países
do leste, dissolvendo a Komminform e salvando a influência soviética nesses territórios. O
resultado é um período razoavelmente bem sucedido em termos de política, com a
recuperação do prestígio soviético e um crescimento significativo e acelerado quanto ao
âmbito econômico.

60- “Coexistência pacífica”


Segunda fase da guerra fria (1955-1962), iniciada a partir a morte de Stálin e também
pela Crise de Suez (55) que marca o rebaixamento da França e da Inglaterra, reafirmando
o duopólio URSS-EUA. Fase marcada pelo discurso de Krushov de que a disputa pode
ser feita em outros campos que não o conflito militar direto (como ideológico, econômico,
tecnológico e político), com o anúncio de uma política em termos não-bélicos.

61- Equilíbrio do terror


Mecanismo pelo qual os dois blocos se dissuadem mutuamente de recorrer ao uso da
força pela sua capacidade de destruição mútua, com uma corrida armamentista por trás
disso e o desenvolvimento de tecnologia militar em paralelo.

62- Resposta gradativa (Kennedy / MacNamara)


Mudança da política externa dos EUA para que ao invés de represálias imediatas, a
resposta a eventuais abusos e agressões passe a ser na mesma proporção, devido à
nova dimensão do equilíbrio de terror.

63 - “Roll back” de Eisenhower


O uso das políticas de rollback durante a Guerra da Coreia é de especial importância.
Esse é o tipo de política externa mais agressivo, isso significa que os EUA derrubariam os
regimes comunistas e os substituiriam por regimes mais amigáveis. Logo, também era
mais arriscada e aumentava a tensão com os países comunistas. Ao invés de somente
defender a Coreia do Sul contra o comunismo (política de contenção), os EUA foram
longe demais e tentaram reverter o regime comunista norte coreano.

64- Crise dos mísseis (Cuba) (1962)


Serve como ponto de “viragem” na política, sendo um dos eventos que marcam o fim do
período de coexistência pacífica e iniciam a distensão. A URSS ameaça colocar mísseis
em Cuba, em uma situação que tende por colocar em evidência a presença de mísseis
dos EUA na Turquia. A resolução ocorre através de negociações diretas Kennedy-
Krushov, em um acordo que passa pela retirada dos mísseis de ambos os locais.

65 – A exceção iuguslava
O fato de a Iugoslávia ter se auto liberado das investidas nazistas na II Guerra lhe dá
maior liberdade como regime socialista em relação aos moldes e interesses soviéticos,
inclusive saindo da Komminform. Tito é visto por Stálin como inimigo e após o início da
era Krushov, em decorrência da busca de melhores relações com o Leste, as variações
das vias ao socialismo deixaram de ser uma questão. Tito leva a Iugoslávia em direção
aos não-alinhados, fazendo parte do núcleo central de liderança política e protagonismo
do grupo, buscando não se tornarem completamente reféns às superpotências.

66- Distensão (1962-1973)


Período iniciado pela crise de Berlim (1961) e pela resolução da crise dos mísseis de
Cuba (1962), é marcado por uma mudança nas características da relação EUA-URSS,
saindo do campo ideal de “podemos não fazer guerra” e partindo para uma busca efetiva
através de acordos diretos e encontros em cúpulas para a cooperação. É marcado
também pelo duopólio, com enorme secundarização de outros atores, negociações
diretas e permanentes entre as 2 potências e pelo Arms Control.

67- Arms control na relação EUA - URSS


Conceito que não elimina o equilíbrio de terror, mas agrega a ele a negociação sobre
quantas, quais e onde as armas estarão. Trata-se de uma gestão burocrática controlada
sobre as armas. Tem seu auge com a criação de escudos anti-mísseis, aumentando o
risco de confronto nuclear direto – solucionado através de acordos com o qual apenas as
capitais seriam protegidas pelos escudos.

68- Tratado de Moscou de 1963


Tratado proveniente do Arms Control, proíbe testes nucleares e impede que os países não
detentores de armamento nuclear passem a possuí-lo. França e China não assinam por
ainda estarem desenvolvendo sua tecnologia, havendo necessidade de testes. O Tratado,
contudo, não limita o arsenal de quem já o possui, afirmando a manutenção do oligopólio
nuclear como medida política.

69- TNP (1968)


Tratado de não proliferação de armas nucleares, busca um congelamento, impedindo os
que não as possuem de desenvolvê-las e um comprometimento por transparência por
parte dos que já as possuem. Serve como um momento de alívio para a URSS, já que a
Alemanha não poderia mais ter as armas e foi rejeitado pela França, China, Índia e Israel.

70 – Especificidade da França na GF
A França, comandada por DeGaulle, busca situação de maior independentismo em
relação aos EUA, rejeitando o Tratado de Moscou e o TNP até que possuíssem armas
nucleares. Saem da OTAN e no contexto europeu, buscam vetar a entrada do Reino
Unido nos programas de integração.

71- Regelo
A partir de 1966 após a mudança de governo, com a entrada de Brejnev – figura mais
fechada politicamente. Há regelo sobretudo interno, com reforço do controle estatal na
economia e na política.

72- Trocas comerciais Leste-Oeste pós distensão


Trocas comerciais leste-oeste crescem exponencialmente na distensão. Contudo, após o
início do período Brejnev há uma estagnação. Houve o aumento da pressão econômica
dos EUA para com a URSS - o que para quem via de fora passava uma imagem
aparentemente mais tranquila pelo aumento das cúpulas, na verdade mostrava o
crescimento de uma disputa dentro do Arms Control, com os EUA aumentando suas
despesas militares visando o esgotamento do modelo socialista soviético.

73- Salt (1968)


Strategic Arms Limitation Talks. Acordo que restringe o número e o ritmo da corrida
armamentista de armas estratégicas. Limita a defesa antimísseis às capitais Washington e
Moscou, já que faz parte da lógica do equilíbrio de terror que a dissuasão funcione para
impedir a guerra, deixando sua população como refém. Pela primeira vez é somente entre
EUA e URSS, com reconhecimento americano da paridade da URSS.

74- Cortina de Bambú


Foi a versão leste-asiática da Cortina de Ferro, marcando a divisão ao redor de Estados
comunistas do leste da Ásia durante a Guerra Fria, especialmente da China, mas
excluindo a URSS. O termo Cortina de Bambu foi usado com menos frequência que a
Cortina de Ferro devido ao fato deste ter permanecido relativamente estático por mais de
40 anos, enquanto aquele tinha constantemente seu posto alterado. O termo também foi
uma descrição menos precisa da situação política na Ásia devido à falta de coesão dentro
do bloco comunista do leste asiático, que em última análise, resultou na ruptura sino-
soviética.

75- Cordão sanitário (Ásia pós-segunda guerra)


Série de acordos entre diversos países mas especialmente entre EUA e Japão, para
impedir a expansão do comunismo chinês pelo pacífico. Japão foi usado como plataforma
(para bases dos EUA) para cuidar da região.

76- Seato (55 – 77) Organização do Tratado do Sudeste Asiático


Organização internacional para defesa coletiva com objetivo principal de bloquear
possíveis avanços comunistas no sudeste da Ásia. A organização foi planejada para ser
uma versão asiática da OTAN, na qual as forças militares de cada um de seus membros
seriam coordenadas para fazer conjuntamente a defesa de cada um dos países
signatários.

77- Cisma sino-soviético


Movimento importante dentro da Guerra Fria. Devido à visões divergentes sobre como
deveria ser a cooperação e colaboração entre ambos, agravada pelo fato de a China
nunca aceitar ser colocada em posições subordinadas à URSS, desejando um tratamento
em condições de igualdade – em contraste com o tratamento que recebiam, assim como
“satélites” ao estilo da Europa Oriental. Em 1955, a China se recusa a fazer parte do
Pacto de Varsóvia. Os dirigentes chineses consideravam que os interesses soviéticos não
coincidiam em absoluto com os seus, sendo muitas vezes interesses geopolíticos
conflitantes, no que tange à disputa por áreas de interesse na Ásia. Tal cisma acaba por
propiciar acordos URSS-Índia e uma crescente aproximação China-EUA.

78- Política Kissinger / Nixon


Enquanto no cenário externo os EUA declinavam sua hegemonia em virtude de fatores
como a derrota no Vietnã, o crescimento econômico da Europa e do Japão (consequente
concorrência) e o aumento da vantagem nuclear soviética – em um âmbito pós cisma
sino-soviético. Nixon agia de acordo com os interesses nacionais dos EUA, por acreditar
que um equilíbrio emergiria do conflito de interesses rivais. Sua doutrina, lançada em
1969, representou um meio termo entre a superextensão e o retraimento, através de uma
política externa marcada por uma competição pacífica rumo à distensão (equilíbrio
nuclear), resolvendo atritos através da cooperação com a URSS em áreas que fossem
possíveis. Iniciou sua política de triangulação, através de uma abertura para reforçar os
laços com a China.

79- Bandung (1955)


A conferência de Bandung foi uma reunião de 29 países asiáticos e africanos com o
objetivo de mapear o futuro de uma nova força política global, os países do Terceiro
Mundo, visando a promoção da cooperação econômica e cultural afro-asiática como
forma de oposição ao colonialismo ou neocolonialismo, por parte dos EUA e da URSS, se
dando em paralelo com a concentração de poder nessas superpotências e
concomitantemente com o declínio das potências coloniais. Bandung deu origem à uma
política de não-alinhamento – uma postura diplomática e geopolítica de equidistância das
Grandes Potências, onde tais nações buscavam não virar meros “fantoches”.

80- Pacto do Rio (1947)


Tratado interamericano de assistência recíproca. O princípio central do acordo é que um
ataque contra um dos membros será considerado um ataque contra todos, com base na
“doutrina de defesa hemisférica”. Surge no contexto de vários pactos militares onde os
EUA se colocavam na liderança, organizando e permitindo a cooperação de vários
Estados.

81 – Pacto de Bagdá (1955)


Criado por iniciativa dos Estados Unidos, foi uma aliança de defesa assinada por Turquia,
Iraque, Irã, Paquistão e Reino Unido. Serviu como mais uma frente mundial contra
Moscou, além da OTAN (Atlântico Norte), SEATO (Sudeste Asiático), agora possuíam
uma terceira aliança no Oriente Médio.

82 – Anzus (1951)
Australia-New Zealand-United States. Tratado de segurança celebrado pelos países cujas
iniciais formam a sigla, marcou a formação de uma aliança militar defensiva no Pacífico
Sul, havia o comprometimento de revidar qualquer agressão direta aos seus membros.
Fez parte de uma série de acordos criados pelos EUA na era 1949-1955 como parte da
sua resposta coletiva à ameaça soviética.

83- OEA (1948)


Organização dos Estados americanos. Os países membros se comprometiam a defender
os interesses do continente americano, buscando soluções pacíficas para o
desenvolvimento econômico, social e cultural. Instrumento de poder político dos EUA na
América, com desequilíbrio de poder inerente.

84- Suez (1955)


Como parte da agenda nacionalista, o presidente egípcio Nasser tomou controle do Canal
de Suez (encurta o caminho entre o mar vermelho e o mar mediterrâneo) em 1956
tomando-o das empresas britânicas e francesa que o possuíam. EUA e URSS
pressionaram a Inglaterra pelo fim do conflito, como reafirmação do duopólio e do
rebaixamento francês e britânico. Como resultado, há uma aproximação Egito-URSS.

85- Reino Unido em cada grande etapa da GF


Marcando o início da Guerra Fria em 1947 há a troca da guarda, momento em que a
Inglaterra, ao se perceber incapaz de resolver e intervir nos conflitos ocorridos na Grécia
e na Turquia devido as perdas na II Guerra, passa o “bastão” da defesa dos interesses
mundiais capitalistas aos Estados Unidos. Já em 1955, devido aos conflitos relacionados
à nacionalização do canal de Suez, há um rebaixamento francês e britânico, reforçados
também pelos processos descolonizatórios. Na distensão, devido ao crescimento do
duopólio EUA-URSS, há a secundarização de todos os outros atores.

86- Nehru Tito Nasser


Núcleo central dos não alinhados, líderes do movimento terceiro-mundista. Liderança
política e protagonismo de Índia, Iugoslávia e Egito.

87- ONU entre 62 e 73


Ao final da II Guerra, fundada na Conferência de São Francisco com cerca de 40 países-
membros, tem um crescimento exponencial após os processos de descolonização e
ascensão dos países do Terceiro mundo, chegando ao marco de 173 membros em 1973.
A Assembleia geral se tornou palco para reivindicação de novos interesses, para além do
âmbito dos países desenvolvidos, trazendo à tona uma nova agenda com novas
problemáticas, já que os membros não-alinhados e terceiro mundistas representam quase
2/3 dos países-membros da ONU.

88- Não alinhados


Associação de países formada com o aparecimento dos dois grandes blocos opostos
durante a guerra fria. Seu objetivo era manter uma posição neutra e não associada a
nenhum dos blocos. Tratam principalmente das lutas nacionais pela independência,
combate à pobreza, o desenvolvimento econômico e a oposição ao colonialismo,
imperialismo e neocolonialismo. Seus membros representam quase 2/3 dos países-
membros da ONU.

89- 3o Mundo
Termo usado para descrever os países posicionados como neutros na Guerra fria, não
alinhados a nenhum dos blocos. Ao colocar que seu alinhamento não era automático,
buscavam melhores negociações e vantagens, objetivando uma maior margem de
manobra frente às superpotências. O conceito mais amplo também define países em
desenvolvimento ou subdesenvolvidos.

90- Pan-arabismo
Movimento político que busca a união dos países de língua e civilização árabe em uma
grande comunidade de interesses. Movimento para unificação entre as populações e
nações árabes do Oriente Médio, possui estreita vinculação com o nacionalismo árabe,
baseado em preceitos nacionalistas, seculares e estatizantes. Opôs-se ao colonialismo e
à política ocidental de envolvimento no mundo árabe, tendo Nasser como principal
expoente.

91- Pan-africanismo
Ideologia que propõe a união de todos os povos da África como forma de potencializar a
voz do continente no contexto internacional, em parte responsável pelo surgimento da
Organização da Unidade africana (1963). Propunham a unidade política de toda a África e
o reagrupamento das diferentes etnias divididas pelas imposições coloniais. Em
conjunção com o pan-arabismo, ajudaram a legitimar algumas organizações
internacionais.

92- Organização da Unidade Africana – 63


Criada pela organização de 32 governos de países africanos independentes, visando a
promoção da cooperação frente ao colonialismo, neocolonialismo e apropriação de suas
riquezas.

93- Relações Norte Sul depois da descolonização


Com a crescente desigualdade entre Norte-Sul durante os anos 60, cresce também o uso
de “novos” mecanismos de manutenção de influência das velhas potências e das
superpotências também, revestidos por ideais de ajuda e cooperação. Ajudas, no entanto,
vinculadas, que acabam por sempre aumentar o vínculo de dependência entre o ajudado
e o provedor. Ponto central na política internacional.

94- Ajuda aos PED a partir dos 60


Com o aumento da distância Norte-Sul, a ajuda aos países em desenvolvimento passa a
ser ponto importante na agenda política dos países desenvolvidos. Contudo, são na
verdade “novos” mecanismos de manutenção de influência revestidos por ideais de ajuda
e cooperação que sempre acabam por aumentar o vínculo de dependência entre o
ajudado e o provedor.

95 – CNUCED / UNCTAD (60 e 70)


Conferência das nações unidas sobre comércio de desenvolvimento, estabelecida em
1964, atendendo às reclamações dos países em desenvolvimento, que entendiam que as
negociações realizadas no GATT não abordavam os produtos primários por eles
exportados. A UNCTAD é o órgão da Assembleia geral da ONU, mas suas decisões não
são obrigatórias. Ela tem sido utilizada pelos países em desenvolvimento como um
instrumento de pressão, com objetivo de acelerar o desenvolvimento econômico
coordenando políticas relacionadas com países em desenvolvimento.

96- OPEP (1960 – Conferência de Bagdá)


Organização internacional criada em 1960 na Conferência de Bagdá que visa coordenar
de maneira centralizada a política petrolífera dos países membros, de modo a restringir a
oferta de petróleo no mercado internacional, impulsionando os preços. Embora não seja
uma aliança política, tem efeitos políticos significativos. Há também crescente disputa
pelo controle e influência sobre os países membros da OPEP.

97 – Partilha, Guerra de Independência, Nakba


A guerra árabe-israelense de independência de Israel, considerada pelos palestinos como
“Al Nakba”, a catástrofe. Começou em 1948, logo após a declaração de independência de
Israel. A guerra foi um desdobramento da Guerra civil da palestina e foi declarada pelos
estados árabes que haviam rejeitado o Plano da ONU de partição da palestina
(Resolução 181) segundo o qual a Palestina, ainda sob mandato britânico, seria dividida
em um estado árabe e um judeu. Exércitos árabes combinados atacaram Israel por 3
diferentes frentes, que contra atacou anexando o território palestino. Terminou com a
vitória de Israel e centenas de milhares de palestinos deslocados após vários acordos de
cessar-fogo entre israelenses e árabes, firmados entre fevereiro e julho de 1949.

98- Fronteiras de 67
Fronteiras entre palestina e Israel pré-guerra dos seis dias, frequentemente citadas pelos
países árabes para uma possível solução do conflito árabe-israelense.

99- Guerra do Vietnã (1955-1975)


Episódio emblemático da Guerra Fria, com empreendimento de muito esforço humano e
material dos EUA no Vietnã, cuja derrota traz enorme desprestígio. O fim da guerra do
Vietnã tem um efeito desestabilizador muito grande, já que evidencia a possibilidade de
se rebelar contra os EUA, que demostraram importante fragilidade e tiveram a liderança
questionada. Também se torna um marco sobre a consideração do peso da opinião
pública.

100- China-EUA a partir dos 70


Há crescente aproximação EUA-China, inicialmente política e posteriormente também
econômica. Ocorrem como grande terremoto no sistema, fazendo um redesenho da
política no século XX. EUA reconhecem o lugar da China na ONU, incorporando-a no
concerto mundial.

101- Doutrina Bush


Termo utilizado para descrever os princípios da política externa dos EUA declarada como
resultado dos atentados de 11 de setembro. Dá-se início a fase da Guerra ao Terror,
guerra preventiva – contra todos que representassem ameaça à segurança e/ou
interesses nacionais dos EUA - utilizada como justificativa às invasões no Afeganistão e
Iraque. Se refere também ao combate ao terrorismo e a um enfraquecimento de
organismos supranacionais, tal como a ONU.

102- Heping Jueqi


Maneira como os chineses apresentam sua política externa e ascensão nos anos 90-00,
através da doutrina dos 4 sins e 4 nãos. Os 4 sins englobam a confiança, cooperação,
redução das dificuldades e a busca por evitar confrontos – crescendo e avançando sem
perturbar a ordem existente. Já os 4 nãos se referem à hegemonia (apresentava sua
política externa fora de disputas hegemônicas no sistema e/ou região), força (evitar o uso
da força como política), blocos e corrida armamentista (não usa da corrida armamentista
como mecanismo de imposição hegemônico.

103- EAMs na ascensão chinesa


As empresas de aldeias e municípios tem papel determinante na ascensão chinesa. São
empresas não-estatais, em uma espécie de cooperativa coletiva predominantemente rural
mas que também recebe incentivos do governo para a produção industrial. Foi
responsável por receber os trabalhadores rurais excedentes. Boa parte do seu lucro é
convertido em investimento na própria empresa e bem estar social da região. São
indicantes que boa parte do crescimento chinês se deu graças não somente ao setor
exportador, mas também ao desenvolvimento interno.

104- Mito do colapso do poder americano


Teoria de Fiori que vai contra as correntes teóricas que apontam para uma decadência do
poder americano a partir da década de 70. De acordo com o autor, as mudanças
ocorridas em 70 acabaram por fortalecer os EUA e que faz parte e é normal na dinâmica
do sistema a existência de crises e alterações parciais fazendo com que a potência líder
perca posições sem perder o papel dominante - já que a mesma precisa e se beneficia
da existência de competição no sistema para manter seu poder crescendo (o sistema
funciona com base na competição e interação dos atores). Logo, a quebra do padrão ouro
com início do padrão dólar-dólar (dólar flexível) marcou o fim de uma hegemonia
americana e também o início de outra. O hegemon precisa de competidores, que não são
vistos como uma ameaça, mas sim como viabilizadores da sua existência.

105– Neutralismo antiocidental


Neutralismo de fachada observado nos países não-alinhados que denunciavam o
neocolonialismo mas eram dispersos e frágeis demais para que tal fato se perpetuasse.

106– Hungria e Polônia em 1956


Dois episódios que desafiaram o discurso de Kruschev no período da Coexistência
Pacífica, onde a URSS estaria disposta a ser menos interventora e mais amiga dos
países do Leste. Polônia e Hungria clamaram por mais independência e foram reprimidas.
A Polônia conseguiu maior independência política por se manter socialista e integrante do
Pacto de Varsóvia. A Hungria, contudo, foi impedida de sair do Pacto de Varsóvia
(interesses geopolíticos da URSS sobrepostos à retórica de maior abertura) e foi
reprimida por uma resposta soviética militar pesada.

107- Krushev e o XX Congresso do PCUS


Após a morte de Stálin, a figura prevalecente é a de Kruschev, que inicia uma nova etapa
na Guerra Fria. No XX Congresso do PCUS, ele revela arquivos trazendo à tona os
crimes de guerra cometidos por Stálin – fato que inicia e acelera a desestalinização, com
o fim do culto à personalidade e ao regime extremamente fechado e repressivo. Ao
descredibilizar Stálin, abre caminho para sua política de desenrijecimento e maior
liberalização.

108- Guerra dos seis dias (1967)


Conflito armado que opôs Israel a uma frente de países árabes – Egito, Jordânia e Síria,
apoiados pelo Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão. O crescimento das
tensões entre os países árabes e Israel, em meados de 1967, levou ambos os lados a
mobilizarem suas tropas. O conflito se iniciou de fato quando a força aérea israelense
lançou uma grande ofensiva contra as bases da força aérea egípcia no Sinai. Israel
alegou que o Egito se preparava para fazer guerra contra a sua nação e que, sendo
assim, o ataque era uma ação preventiva. A partir daí, Israel ocupou a Cisjordânia, a
Faixa de Gaza, Sinai e Golã. Como resultado da guerra, houve o aumento do número de
refugiados palestinos na Jordânia e no Egito e o estreitamento das relações Egito-URSS.

109- Cisjordânia e faixa de gaza


A Cisjordânia e a Faixa de Gaza não foram formalmente anexadas por Israel e, por isso,
segundo a lei internacional, não pertence de jure a nenhum Estado desde a renúncia de
soberania por parte da Jordânia (que se mantinha desde a anexação ilegal, em 1948).
Deste modo, aguarda uma resolução do seu estatuto definitivo em futuras rondas
negociais entre israelitas e palestinos.

110- Fim do bloco soviético


Fim que não foi previsto, tendo somente explicações a posteriori. A explicação se baseia
em três aspectos: político – desgastes internos burocráticos e desgaste nas relações
URSS-Leste (Leste europeu demandando maior liberdade política); econômico – crise
capitalista de 70 afetou o bloco soviético, em suas relações comerciais, URSS com
crescimento estagnado; e militar – dificuldade de sustentabilidade econômica da Guerra
Fria, frente à um período de recrudescimento da disputa, com um aumento de despesas
militares dos EUA visando esgotamento soviético. A resultante é um período de
instabilidade nos países do Leste, a reunificação alemã, aproximação da Rússia com a
Europa Ocidental, busca dos EUA por novos inimigos, Japão e Alemanha emergindo
como potências e o nascimento de uma nova Europa que retorna ao centro das Relações
Internacionais.

111- Perestroika e Glasnost (1986)


Perestroika (reconstrução) foi, em conjunto com a Glasnost (abertura política e liberdade
de expressão), uma das políticas introduzidas na URSS por Gorbachev em 1986.
Significou uma reestruturação (abertura) econômica, tendo em mente a necessidade de
reformas no modelo socialista soviético – levado a cabo pela Perestroika. Um elemento
chave da Perestroika era a redução dos gastos em defesa, através da estratégia de
desocupar o Afeganistão, negociar com os EUA a redução de armamentos (acordos de
Yalta) e não interferir em outros países comunistas (doutrina Sinatra). A Perestroika
permitiu a liberalização do comércio exterior, a redução de subsídios à economia e a
autorização de importação de produtos estrangeiros – o que levou a uma variação
extrema de diversos fatores econômicos.

112- Protocolo de Lisboa (1992)


No processo de acomodações políticas concernentes ao desmonte do bloco soviético, o
Protocolo de Lisboa de 1992, teve importante papel estabilizador ao definir que um único
Estado, a Rússia, ficaria com as armas nucleares que pertenceram à URSS, com o
correspondente compromisso de respeito à integridade territorial de seus participantes.

Você também pode gostar