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A IMPORTÂNCIA DA PERSEVERANÇA NA BATALHA ESPIRITUAL

Texto base 2 Reis 13.14-19

INTRODUÇÃO

Nos períodos governados pelo rei Jeoás e seu pai, o também monarca Jeoacaz, a Síria impôs uma intensa opressão
sobre o povo de Israel. Essa pressão foi uma permissão de Deus como consequência do pecado persistente entre
o povo, a idolatria, introduzida pelo rei Jeroboão, o primeiro monarca de Israel após a divisão do reino entre Judá
e Israel. Algumas cidades permaneceram sob o domínio sírio por longos períodos, enquanto simultaneamente os
exércitos sírios cercavam outras cidades de Israel.

Ao tomar conhecimento da enfermidade do profeta Eliseu, o rei Jeoás foi visitá-lo para se despedir do homem de
Deus. A partir desse encontro, emergem lições valiosas, com o potencial de expandir nossa compreensão
espiritual.

O HOMEM DE DEUS

O versículo 14 inicia informando que o profeta Eliseu estava “sofrendo da enfermidade da qual viria a morrer”,
indicando que o seu tempo estava se findando, possivelmente próximo aos 100 anos. Isso nos convida à reflexão
sobre a finitude da vida. Independentemente da quantidade de anos que Deus nos designou, e apesar de quão
próximos possamos estar d’Ele, chegará o dia em que nos dirigiremos para a glória. Isso nos conduz a questionar:
o que estamos realizando com o nosso tempo neste mundo?

Eliseu exerceu o seu ministério até as vésperas de sua morte. Este exemplo ressalta a importância de utilizar
sabiamente o tempo que nos foi concedido, dedicando-nos ao serviço e ao bem comum, independentemente da
iminência da partida para a eternidade.

Assim que o rei Jeoás adentrou a residência do profeta Eliseu, suas emoções transbordaram em lágrimas, e ele
proclamou com fervor: “Meu pai, meu pai! Carros de Israel e seus cavaleiros!” (v.14). Essa comovente
expressão remete aos capítulos 6 a 8 de 2 Reis, que detalham como Deus, por meio do profeta, libertou os israelitas
das garras dos sírios. A profecia de Eliseu se revelou mais valiosa para Israel do que todo o poderio militar que
possuíam. O apóstolo Paulo ressalta, de maneira semelhante, que a verdadeira fortaleza reside em Deus,
afirmando: “a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados e as potestades, contra os
dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais. Por isso, peguem
toda a armadura de Deus, para que vocês possam resistir no dia mau e, depois de terem vencido tudo,
permanecer inabaláveis.” (Efésios 6.12).
O ATO PROFÉTICO

Os atos proféticos são ações simbólicas realizadas com o propósito de transmitir mensagens divinas. Esses atos
muitas vezes são usados para chamar a atenção do povo para uma verdade espiritual ou para comunicar um
princípio específico que Deus quer enfatizar. Temos vários exemplos de atos proféticos na Bíblia. Vejamos
alguns:

1. Jeremias e o cinto (Jeremias 13.1-11): Deus instrui Jeremias a comprar um cinto, usá-lo e depois enterrá-
lo próximo ao rio Eufrates. Este ato ilustra como o povo de Israel se tornou inútil para Deus, assim como
o cinto se deteriorou.
2. Ezequiel e o cerco a Jerusalém (Ezequiel 4.1-17): Deus ordena a Ezequiel que represente o cerco a
Jerusalém usando um modelo da cidade e deitar-se em frente a ele. Esse ato simboliza o cerco que se
aproximava e a punição iminente sobre a cidade.
3. Ossos secos que ganham vida (Ezequiel 37.1-14): Ezequiel profetiza sobre ossos secos, e eles são
trazidos de volta à vida. Este ato ilustra a restauração de Israel, simbolizando a ressurreição dos mortos.

Os atos proféticos na Bíblia são poderosos meios pelos quais Deus comunica Sua vontade de uma maneira que
vai além das palavras, usando símbolos e ações palpáveis para transmitir mensagens espirituais e ensinamentos.

A última intervenção do profeta Eliseu em relação a Israel foi marcada por um ato profético significativo. Ele
instruiu o rei Jeoás de maneira simbólica e estratégica, delineando passos que representavam não apenas “o que”
Israel deveria fazer, mas também o crucial “como” deveria ser realizado.

Na primeira fase do ato profético, Eliseu focalizou “o que” Israel deveria empreender:

1. Iniciando com a ordem para o rei Jeoás, Eliseu disse “pegue um arco e algumas flechas” (v.15),
simbolizando a força militar de Israel.
2. Subsequente à aquisição do arco, a instrução foi “empunhe o arco” (v.16), indicando a disposição para a
batalha.
3. “Eliseu pôs as mãos sobre as mãos do rei” (v.16), simbolizando a presença divina e a garantia de que a
mão do Senhor estaria com o rei.
4. A direção estratégica quando Eliseu ordenou “abra a janela que dá para o leste” (v.17), apontava para a
direção do inimigo.
5. Concluindo com a declaração enfática “Atire!” (v.17), simbolizando a vitória predestinada por Deus para
Israel.

Na segunda parte do ato profético, Eliseu revelou o “como” da empreitada:


1. A instrução para o rei Jeoás “pegue as flechas” (v.18), expressa a confiança de que o Senhor já havia
entregado a Síria nas mãos de Israel. O profeta esperava que o rei recolhesse todas as flechas disponíveis.
2. Seguindo, ele deu a ordem de “atire contra o chão” (v.18), simbolizando que a força de guerra do exército
de Israel vinha do alto, enquanto o reino da Síria dependeria apenas de suas habilidades naturais.

A revelação divina não se limitava a indicar “o que” fazer, mas também proporcionava a orientação essencial
sobre “como” realizar a tarefa. Infelizmente, a falta de perseverança do rei Jeoás resultou em sua interrupção
prematura, conforme registrado no versículo 18: “O rei fez isso três vezes e parou”. O rei Jeoás foi duramente
repreendido pelo profeta Eliseu: “Você deveria ter atirado cinco ou seis vezes e assim venceria os sírios até
acabar com eles; mas agora vai vencê-los só três vezes” (v.19).

A ausência de perseverança muitas vezes é a razão pela qual abandonamos nossas batalhas e sofremos as nossas
mais tristes decepções. Com que frequência paramos de lutar por conta própria? Segundo a sabedoria judaica, a
hora mais escura da noite é antes do amanhecer. Essa perspectiva ressalta a importância de permanecermos alerta
e perseverantes, especialmente nas vésperas de nossas maiores batalhas. Esses momentos desafiadores, embora
intensos, podem indicar a proximidade da mudança, exigindo uma persistência firme e uma fé inabalável. É
nesses momentos cruciais que a perseverança revela sua verdadeira força, impulsionando-nos através das trevas
em direção à Luz de Cristo.

CONCLUINDO

Lamentavelmente, para o rei Jeoás, a profecia de Eliseu se concretizou: “Três vezes Jeoás o derrotou e recuperou
as cidades de Israel” (2 Reis 13.24). Embora Israel tenha triunfado em três confrontos contra a Síria, a ameaça
maligna persistiu, não sendo erradicada por completo. É crucial lembrar que, aos olhos divinos, a mera redução
do sofrimento não é o objetivo final. Após um período de alívio, a aflição pode ressurgir. O propósito de Deus
vai além; Ele almeja a extinção total do mal que assola Seu povo.

PARA COMPARTILHAR

Como podemos aplicar a importância da perseverança em nossas próprias batalhas espirituais, garantindo não
apenas triunfos momentâneos, mas a erradicação completa do mal em nossas vidas?

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