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MENSAGENS BIBLICAS

TEMA: UMA IGREJA SOB O PRUMO DE DEUS

Amós 7.7-9: “Mostrou-me também isto: eis que o Senhor


estava sobre um muro levantado a prumo; e tinha um prumo na
mão. O Senhor me disse: Que vês tu, Amós? Respondi: Um prumo.
Então, me disse o Senhor: Eis que eu porei o prumo no meio do
meu povo de Israel; e jamais passarei por ele. Mas os altos de
Isaque serão assolados, e destruídos, os santuários de Israel; e
levantar-me-ei com a espada contra a casa de Jeroboão.”

INTRODUÇÃO

O período em que Amós é chamado a profetizar é crítico e


provido de uma série de desafios envolvendo a incredulidade de um
povo que, não obstante viver tempos de julgamentos severos se mantém
em verdadeiro estado de rebeldia e irreverência face ao Deus Todo-
poderoso. Visto como as advertências dadas aos filhos de Israel não
foram encaradas em tom de seriedade, Deus decide anunciar a nação
que um juízo maior havia de alcança-los, os sofrimentos seriam
multiplicados e a terra qual habitavam seria assolada. É importante
destacar as figuras de linguagem presentes no pronunciamento de Deus
através do profeta, pois uma vez interpretadas e aplicadas de maneira
correta no contexto do livro produz compreensão da dimensão da
seriedade por trás das palavras apontadas ao povo.
O texto em foco é uma das visões que permeiam o conteúdo da
mensagem de Amós para a nação pecadora; demonstra Deus utilizando
um instrumento comumente aplicado em construções civis cuja
finalidade é a de demonstrar possíveis incongruências na retidão de uma
parede ou muro erguida. Ressalte-se a fundamental eficácia do prumo
no que concerne a indicação de defeitos presentes em uma construção
que não podem ser percebidos a olho nu. O que a primeira vista parece
ser perfeito, impecável e cirúrgico tem sua aparência bela confrontada
pelo prumo. Toda tese fundamentada na observação rasa e puramente
superficial desaba diante deste instrumento de imprescindível
funcionalidade e importância, no que pesa a revelação de desvios e ao
convencimento dos erros; o que aparenta ser perfeito carece de ajustes.
Era isso o que o Senhor estava falando aos filhos de Israel!

CONSTRUÇÃO EQUIVOCADA

Ao considerar o muro como construção erguida por mãos


humanas, chegamos à conclusão de que este representa a nação de
Israel, que foi levantada ao longo anos sem o auxílio da Palavra de
Deus. Não é necessário explanar de forma ampla para deduzir que uma
construção feita sem as ferramentas específicas para cada etapa do
processo incorrerá em ruínas. Em relação à falta de um prumo,
obviamente o muro será levantado fora do esquadro e a obra finalizada
com defeitos em sua estrutura. Embora seja contratado um profissional
de excelência para construí-lo, este somente será pleno em retidão se
houver o instrumento que o certifica de erros passíveis de conserto. Os
filhos de Israel perderam de vista essa realidade; caíram no engodo de
achar que a nação poderia crescer e chegar à plena retidão sem o
auxílio da Palavra de Deus. Como esperado, a ruína deles seria
manifestada dentro de alguns momentos através do prumo de Deus.
O PRUMO

Significado de Prumo - Instrumento formado de uma peça


metálica que, presa à extremidade de um fio metálico, verifica se algo
está na direção.

Etimologia (origem da palavra prumo) - Do latim plumbu,


“chumbo”.

O fio de prumo é um instrumento inventado pelos astrónomos do


Egito Antigo cerca de 3000 a. C. Este foi usado como ferramenta de
alinhamento das quatro direções – norte, sul, leste e oeste – na
construção das pirâmides de Gizé.

A fim de buscar o real significado do aludido instrumento no


contexto em que está inserido, consideremos o versículo a seguir:

“O Senhor me disse: Que vês tu, Amós? Respondi: Um prumo. Então, me


disse o Senhor: Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo de Israel; e
jamais passarei por ele.” (Am 7.8 ARA)

Visto como o dado instrumento serve para verificar se algo na


construção de fato está na direção correta, compreende-se o prumo,
neste contexto, como sendo a representatividade da Palavra de Deus,
que é o único instrumento capaz de verificar em estado pleno a retidão
da conduta humana tanto em sentido individual como em âmbito coletivo
(Hb 4.12). Tentar construir um estilo de vida desprovido dos princípios
bíblicos é como erguer um muro sem a ajuda de um prumo: pode até
concluí-lo sem, contudo, qualquer eficácia. Toda construção humana
longe dos ditames da Palavra de Deus é uma ruína repentina.

CONSERTANDO O CARÁTER

A Nova Tradução Linguagem de Hoje (NTLH) traz-nos sentido


mais compreensível do que Deus revela a Amós:

“Ele me perguntou: — Amós, o que é que você está vendo? — Um prumo!


— respondi. Então ele me disse: — Eu vou mostrar que o meu povo não anda
direito: é como um muro torto, construído fora de prumo. E nunca mais vou
perdoar o meu povo” (Am 7.8 NTLH)

O Senhor iria convencer a nação impenitente, através de


julgamentos mais severos, de que estavam procedendo erroneamente.
Todas as lamúrias que iriam vivenciar eram apenas as consequências
de seus próprios atos, assim como a queda de um muro mal erguido tem
origem na ineficácia de sua construção.

Nunca somos descartados à primeira instância em face de


condutas reprováveis, mas Deus sempre busca nos resgatar da nossa
vã maneira de viver, uma vez que Ele não tem prazer na morte do ímpio,
mas que este se arrependa e viva (Ez 33.11). De acordo com Atos
17.30: “Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora,
porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam”.

A disciplina de Deus impetrada ao povo revela o Seu anseio pela


retidão e fidelidade genuína por parte do homem. Como se observa no
cenário caótico vivenciado naqueles dias, a sociedade estava maculada
pela corrupção em nível nacional em que os ricos oprimiam os pobres, o
Poder Judiciário mostrava-se parcial e a moral da cidade era
“camuflada” por uma máscara de religiosidade tão somente por causa
dos rituais realizados nos templos. Na realidade, os israelitas não
diferiam em nada das nações pagãs e distantes do verdadeiro
significado de fé, embora se orgulhassem do título de Nação Escolhida,
Povo Adquirido e Semente de Abraão. O momento de suposta bonança
fez com que eles pensassem ser isto um sinônimo da aprovação divina;
sua atenção estava voltada para os prazeres que o conforto promove
sem, contudo, se atentarem para a sua realidade espiritual.

Deus precisava trazer à tona o que a nação não queria ouvir nem
ver: sua semelhança a um muro construído sem a devida eficácia, um
monumento erguido sem retidão, um povo desviado dos propósitos
divinos. Sinto que Deus precisa fazer isto com os cristãos impenitentes
dos tempos hodiernos; não é novidade o surgimento de modismos em
várias denominações evangélicas que não passam de engodos que
mais exaltam o ego humano e abre certa margem de conforto para seus
adeptos. Na verdade, a comunidade evangélica em muitas localidades
tem vivido verdadeira crise de identidade, conformismo com uma
dimensão superficial e desconhecimento demasiadamente amplo do
genuíno evangelho. O mais triste em toda esta realidade é que muitos
não suportam mais terem suas obras confrontadas pelo prumo da
Palavra de Deus; antes, adotam profetas de estimação ao modo de
Acabe e fazem do sagrado um restaurante e da Bíblia um cardápio onde
podem escolher o conteúdo das mensagens que desejam degustar,
rejeitando por completo o bojo de advertências que confrontam o seu
real caráter. Sem dúvidas, se inserem na categoria daqueles que tem
seus ouvidos bloqueados pela incredulidade e rebeldia, preferindo se
acercar de mestres segundo a sua própria cobiça. Embora pensem
serem melhores que os ímpios que nunca confessaram Cristo como
Senhor e Salvador de suas almas, não percebem estarem em mesmo pé
de igualdade, em nada diferindo daqueles. A única diferença entre
ambos é que enquanto os ímpios assumem total indiferença em relação
a Deus, os cristãos de fachada, por assim dizer, são hipócritas em
alegar conhecerem o Deus a quem desagradam através de suas obras
desprovidas de retidão.

DEMOLINDO PARA RECONSTRUIR

Em um canteiro de obras, os erros de esquadro são gravíssimos e


necessitam ser consertados com caráter de urgência. Em alguns casos
se faz necessário demolir alguns setores ou, em outros casos, a
construção inteira a fim de reerguer a estrutura sem eventuais desvios.
Era o mesmo que o Senhor propôs à nação de Israel com vistas a
consertar os erros que comprometiam o caráter santo e imaculado do
povo que devia ser a representatividade do próprio Deus no que tange a
santidade que os distinguia dos demais povos.

Sem dúvidas, existem momentos em que necessitamos ser


reconstruídos pelas mãos meigas do nosso Salvador; porém, é preciso
que toda a nossa estrutura seja abalada e arruinada para que, à maneira
de Deus tenhamos nosso caráter forjado e nossa vida construída de
acordo os padrões divinos. As muralhas do orgulho, o edifício do
egoísmo e as barreiras da incredulidade devem ser demolidos a fim de
que no mesmo terreno se construa um templo verdadeiro onde somente
o Espírito Santo tenha o direito de habitar. Homens como Pedro, Paulo,
Jonas, Isaías e a própria nação israelita são exemplos de que
necessário é destruir os impedimentos presentes no homem a fim de
que sejam eles reconstruídos sob o prumo de Deus, embora seja
essencial derramar muitas lágrimas que revelam o peso do processo.

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