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MENSAGENS BÍBLICAS

TEMA: O DEUS QUE NÃO SE LIMITA AO ESPAÇO

INTRODUÇÃO

Sem dúvidas, o período mais sombrio que Israel enquanto nação


vivenciou em sua história foi durante o reinado de Acabe, filho de Onri. Visto
como os monarcas não eram apenas líderes políticos, mas também espirituais, a
depender da sua posição em relação à crença que eram adeptos, seus súditos
seriam ou não influenciados a servir o verdadeiro e único Deus. No caso do
personagem em questão, percebe-se grande ruína que o mesmo trouxe para si e
consequentemente para o povo que governava uma vez que não se limitou
apenas em cometer os mesmos pecados que seu pai, mas ainda consolidou
matrimônio com uma pagã chamada Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios, a
qual promoveu o ensinamento de uma nova doutrina que levava seus adeptos ao
politeísmo e os desviava completamente do plano de Deus para seu povo. Com
uma salada de heresias confrontando a Palavra de Deus, os cidadãos de Samaria
passaram a viver de forma réproba, coxeando entre dois pensamentos e andando
errantes como barcos à deriva. Uma série de acontecimentos sobreveio ao
território como consequência de suas obras más, dentre as quais se destacam o
período de três anos e meio de seca em que chuva não se via nem tampouco o
orvalho se acomodava sobre a superfície da terra. Apesar de todas as coisas que
Deus fez ao longo deste espaço de tempo, Acabe não se arrependeu dos seus
maus caminhos e continuava a ser manipulado por sua esposa que, não obstante
ser a principal defensora da religião pagã, ainda detestava os profetas com todas
as suas forças, em especial o profeta Elias.

Certamente, o rei fantoche, por assim dizer, merecia imediato julgamento


pelas suas atitudes pecaminosas, mas percebemos o quanto as misericórdias do
Senhor são infinitas mesmo para as pessoas mais impiedosas. O capítulo 20 de
1Reis é uma das muitas provas incontestes de que Deus é longânime e
compassivo para com os homens, não querendo que os tais se percam, porém
que se arrependam do mal e vivam(Ez 33.11). O quadro pintado no texto em
pauta dispõe uma série de lições que as Escrituras nos dão acerca da graça
divina, do seu julgamento contra os soberbos e da seriedade de Deus ao
pronunciar juízo quando o pecador persiste em ser guiado por suas
concupiscências.
DAR TUDO CERTO NÃO SIGNIFICA QUE ESTÁ TUDO CERTO

O rei Ben-Hadade se levantou contra Samaria e demonstrou desde a sua


primeira mensagem o interesse em gerar guerra contra o povo que até então
procurava manter a paz. A altivez do monarca é nítida em cada palavra e ação
manifestada no mover das águas; certamente, se firmava no poderio bélico que
dispunha somado aos reforços que os trinta e dois reis com quem mantinha
aliança promoviam. O arsenal de recursos disponíveis causaram o crescimento e
desenvolvimento do maior vírus que pode afetar a mente humana: o orgulho;
esse sentimento tão ilusório e, ao mesmo tempo, tão letal que leva o ser humano
aos trilhos da autossuficiência cuja direção percorrida vai à contramão da
locomotiva denominada consequência que, uma vez colidindo lembra ao homem
a dimensão de sua pequenez e a insuficiência de sua capacidade.

É interessante ressaltar que no momento da angustia que assaltou o


coração de Acabe os seus deuses nada puderam fazer por ele. Até mesmo Baal, o
deus da fertilidade que era venerado com tanto ímpeto não manifestou nenhuma
reação para talvez salvar seus adoradores. Foi neste exato momento que todas as
imagens de escultura mostraram que não passam de estátuas desprovidas de vida
própria, sendo confeccionadas pelas mãos humanas a partir de materiais como o
barro, madeira, prata e ouro. Aqui está concentrada a loucura: homens adorando
algo que foi fabricado por eles mesmos e se abstém da verdadeira adoração ao
Deus que não foi criado, mas é o Criador; não foi formado, mas formou o
homem do pó da terra; não surgiu da prata nem do ouro, mas disse: “minha é a
prata, meu é o ouro, diz o SENHOR dos Exércitos” (Ag 2.8).

“Eis que um profeta se chegou a Acabe, rei de Israel, e lhe disse: Assim
diz o Senhor: Viste toda esta grande multidão? Pois, hoje, a entregarei nas
tuas mãos, e saberás que eu sou o Senhor” (1Re 20.13).

O favor do Altíssimo ao anunciar a Sua intervenção no conflito em favor


de Acabe e seus súditos nada tinha a ver com boas obras que os tais houvessem
praticado diante de Deus, mesmo porque não andavam de maneira correta, mas
distanciaram-se de Seus caminhos, indo após deuses estranhos. Na verdade, o
real intuito de comprar a guerra trazia duas intenções: trazer juízo sobre Ben-
Hadade e chamar a atenção do povo escolhido a fim de que se arrependessem e
tornassem para o centro de Sua vontade. Assim, o êxito obtido no evento traz à
luz o alerta de que embora Deus proporcione aos homens vitórias e conquistas,
nunca devemos considerar todo sucesso pessoal como sendo resultado da
aprovação divina. Dar tudo certo não significa que está tudo certo; para que
sejam dignas da aprovação divina, as conquistas devem estar adequadas aos
moldes da Palavra de Deus. Caso contrário, tudo é vaidade.
O DEUS QUE NÃO SE LIMITA AO ESPAÇO

“Chegou um homem de Deus, e falou ao rei de Israel, e disse: Assim diz


o Senhor: Porquanto os siros disseram: O Senhor é deus dos montes e não dos
vales, toda esta grande multidão entregarei nas tuas mãos, e assim sabereis que
eu sou o Senhor” (1Re 20.28).

A batalha soou gloriosa para os israelitas e vergonhosa para os siros, pois


o grande e forte exército de Bem-Hadade desmoronou diante de um pequeno
grupo de soldados de Samaria. A mão de Deus fortaleceu o batalhão que
dizimou todos os inimigos que se levantaram contra eles na peleja. Vendo sua
vida em risco, o rei orgulhoso albarda seu cavalo e parte das montanhas em
direção às suas fortalezas para encontrar refúgio e organizar outra investida
contra Acabe. Um pequeno exército dependendo de suas próprias forças não
seria páreo para uma multidão que formava fileiras de soldados que poderiam
formar muitos outros exércitos com a mesma quantidade das que Israel possuía.
É neste evento que Deus mostrou a todos que não dependia de grandes milícias
para executar Seus propósitos; pelo contrário, sempre fez questão de usar coisas
insignificantes para vencer oponentes gigantescos. A vitória sobre Amaleque,
Seon, Ogue, filisteus, cananeus, midianitas e tantos outros é exemplo disso.

Por fim, o segundo confronto haveria de transportar os personagens dos


altos montes para as rasas planícies. Alguém transmitiu a errônea ideia de que o
Deus que ajudou os filhos de Israel a vencer o primeiro combate só realizava
façanhas nas colinas e nada podia fazer em campo aberto e plano. Ao proferirem
tal sentença, afrontaram o Senhor e decretaram de vez a sua ruína; mal sabiam
eles que o Deus de Israel é Onisciente, Onipresente e Onipotente, não se
limitando ao espaço nem tampouco enfraquecendo quando exposto a outros
cenários à moda superman, personagem fictício que perde a sua força quando
exposto a kriptonita. Certamente, não conheciam o imensurável Deus que
demonstra Sua grandiosa autoridade ao longo de toda a Escritura. Seja em terra,
água, espaço, fogo, tempestade, prisão, altitude, profundidade Ele sempre
triunfa, não dependendo de nada nem ninguém para realizar seus intentos. Se os
inimigos soubessem desse fato, nunca teriam afrontado o Rei dos reis e Senhor
dos Senhores.

A batalha teve seu segundo início e mais uma vez provou o óbvio: Deus
não se limita ao espaço nem à quantidade. A enorme milícia caiu diante do
pequeno exército de aproximadamente sete mil soldados. Independentemente da
ocasião ou possibilidade, quem dispõe da presença de Deus sempre terá consigo
a maioria, não importando quem afronta, ameaça e se levante. Se preciso, apenas
com um homem Ele dizima um exército inteiro, com trezentos derrota seus
inimigos, com um pequeno pastor de ovelhas derruba um gigante temido, com
um profeta envergonha oitocentos e cinquenta falsos profetas, com apenas o
brado de uma multidão destrói a fortaleza de Jericó e com um único sacrifício é
capaz de salvar toda a humanidade arrependida dos seus pecados.

CONCLUSÃO

O livramento que Acabe recebera não o eximiu de um futuro julgamento,


apenas mostrou o amor de Deus para com o pecador ao lhe dar sucessivas
oportunidades para se arrepender. A derrota de Ben-Hadade, por sua vez,
confirma a seriedade de que a altivez do espirito precede a queda e ruína do
homem, assim como aconteceu com personagens como Lúcifer, Nabucodonor,
Senaqueribe, Faraó e Herodes. Deus não tem concorrentes e jamais encontrará
alguém que o sobrepuja em poder e glória. Outrossim, o espaço geográfico e as
condições climáticas nunca foram fatores determinantes para o agir de Deus; na
realidade, quanto maiores as dificuldades e mais complexas as situações, tanto
maior glorificação será endereçada ao Senhor dos Exército. Para nós que
servimos ao Senhor, há uma garantia magnífica que o próprio Deus nos confere:
“Quando passares pelas águas, estarei contigo, e, quando pelos rios, eles não te
submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama
arderá em ti” (Is 43.2). Que nos alegremos com a certeza desta promessa!

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