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União das Igrejas Evangélicas

Congregacionais do Brasil

RELATÓRIO DO
FÓRUM NACIONAL
PARA DEFINIÇÃO
DOUTRINÁRIA

“Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito” (Zc 4,6)
RELATÓRIO DO FÓRUM NACIONAL
PARA DEFINIÇÃO DOUTRINÁRIA

União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil


Abril de 1994
COMISSÃO NACIONAL

Relator: Rev. Jair Álvares Pintor


Vice-Relator: Rev. Hélio Rodrigues Martins
Secretários: Rev. Vanderli Lima Carreiro
Rev. Marco Antônio da Silva Costa

Vogais: Rev. Álvaro José Côrtes da Trindade


Rev. Deneci Gonçalves da Rocha
Prof. Ari Antônio Teixeira Nogueira
ÍNDICE

INTRODUÇÃO [1]
DONS DE CURAR [3]
O DOM DE PROFECIA [7]
DONS DE VARIEDADE DE LÍNGUAS [13]
VISÃO OU REVELAÇÃO [19]
UNÇÃO COM ÓLEO [23]
EXPULSÃO DE DEMÔNIO OU EXORCISMO [27]
QUEBRA DE MALDIÇÃO [29]
SINAIS E PRODÍGIOS [35]
SEGUNDA BENÇÃO [39]
CURA INTERIOR [43]
JEJUM [47]
MAÇONARIA [49]

DEFINIÇÕES DE TERMOS [51]


FÓRUM NACIONAL PARA DEFINIÇÃO DOUTRINÁRIA

REPRESENTANTES DAS REGIÕES ADMINISTRATIVAS DA UIECB


PRESENTES NO FÓRUM NACIONAL

Pr. Cid Mauro A. oliveira


Pr. Carlos A. F. da Silva
1ª R.A. Pr. Odinal Ferreira de Aguiar 15ª R.A.
Pr. José Roberto Bonome
Pr. Paulo Leite da Costa
Pr. Josias de Carvalho Pereira Pr. Jethro C. A. de Albuquerque
2ª R.A. Pr. Amaury de Souza Jardim 16ª R.A. Pr. Ademir Rodrigues da Silva
Pr. Paulo Welte Presb. José Segundo da Silva
Pr. Joás Gonçalves de Souza
Pr. Domingos G. de Souza
3ª R.A. Pr. Zefanias dos Santos Lima 17ª R.A.
Pr. Milton A. Souza Sobrinho
Pr. Benedito Dias Prestes
Pr. Isaías Evaristo Ferreira
Rev. Elecir Brito da Silva
4ª R.A. Pr. Jatiel Fernandes Araújo 18ª R.A.
Rev. Adiel Alves da Silva
Luiz Antônio Pereira
Pr. Oswaldo Luiz Machado
5ª R.A. Pr. Moisés das Neves Farias 19ª R.A. Rev. Jaílson Amorim Pereira
Pr. Adair Gomes da Luz
Pr. Cléber da Silva Araújo
6ª R.A. Pr. Francisco José da Costa 20ª R.A. Não houve representação
Pr. Ubiraci José Aguiar
Pr. Leônidas Prudêncio de Lemos
Pr. Armando T. de Vasconcelos
7ª R.A. Pr. Jorge Marques Ferreira 21ª R.A.
Pr. Antônio Hilário Bezerra
Pr. Eliazi Souza Xavier
Pr. Gérson Jorge
8ª R.A. 22ª R.A. Não houve representação
Pr. Daniel
Pr. Otávio Roque da Trindade
Pr. Josué Borba Cordeiro
9ª R.A. 23ª R.A. Pr. Manoel Messias da Silva
Pr. Miguel Ângelo de M. Bento
Pr. Renato Moreira
Pr. Girval Trevisan
Pr. Elhiabe Antunes dos Santos
Pr. José Remígio F. Braga
10ª R.A. Pr. Carlos Alberto Lopes 24ª R.A.
Pr. Carlos Antônio T. Nogueira
Pr. Davi Soares Escodino
Pr. Lyndon Araújo Santos
Pr. Jorcimar Patrício da Silva Pr. Israelito de Almeida Lima
11ª R.A. 25ª R.A.
Pr. Elias Inocêncio Rodrigues Pra. Solange Andrade
Pr. Marcos Baião Folena
12ª R.A. Pr. Renato Pereira 26ª R.A. Não houve representação
Pr. Paulo Lopes
Pr. Daniel Gonçalves Lima
13ª R.A. Pr. César Pedro de Abreu 27ª R.A. Pr. Jonas Leite Siqueira
Pr. Álvaro Reboredo
Pr. Paulo Sérgio Reetz
14ª R.A. Pr. Filadelfo N. de Jesus Filho 28ª R.A. Pr. Jáder José de Oliveira
Pr. Oséias Gomes da Fonseca
FÓRUM NACIONAL PARA DEFINIÇÃO DOUTRINARIA

Itatiaia (Penedo) – RJ
Documento final oriundo das reflexões, estudos e
sistematizações a que chegaram os participantes do
Fórum Nacional
Nós, participantes do Fórum Nacional para Definição Doutrinária, reunidos em
Itatiaia (Penedo), Rio de Janeiro, na semana de 28 de fevereiro a 5 de março de
1994, sob a direção e as bênçãos de Deus, estudamos, refletimos e expomos sobre
dons do Espírito Santo e outros assuntos.
Damos nosso testemunho que durante estes dias fomos alvos das bênçãos e da
direção do Espírito que atuou nos momentos de louvor, de oração, de estudos e
reflexão dos vários temas e nos momentos de meditação na palavra, através do
servo de Deus Rev. Ricardo Barbosa, especialmente convidado pela Comissão
Nacional para dirigir as devocionais.
Após exaustivos estudos e discussão dos temas constantes deste documento,
chegamos ao final do Fórum Nacional alegres pelo resultado de nosso trabalho.
Com a mesma alegria queremos passar às mãos dos lideres das igrejas da União
este documento, para a devi da apreciação.
Os irmãos lerão este documento e verificarão no seu conteúdo que os participantes
do Fórum Nacional procuraram, entre outras coisas:
1. Registrar as interpretações mais representativas e sólidas dentro de cada
tema, possibilitando deste modo, às igrejas, um conhecimento mais
extenso sobre o pensamento vigente das várias correntes.

2. O registro de toda a matéria contida neste documento não esgota os


assuntos. Contudo, cremos que contém a fundamentação necessária para
a decisão final sobre a matéria.

3. No período que intercala o encerramento deste Fórum Nacional e a data


a ser anunciada para a realização da 43ª Assembleia, a Comissão
Nacional estará à disposição dos interessados para dar orientações e
esclarecer pontos obscuros ou conflitantes deste documento.

4. Incentivamos aos líderes das igrejas que conduzam o processo de


reflexão sobre os temas constantes deste documento, com humildade,
esforço e dedicação. Reconhecemos que não é fácil para muitos, em tão
pouco tempo, ler e refletir sobre todo o texto que estamos enviando. [1]
Mas encorajamos a todos para que, na medida do possível, preparem-se
devidamente, pois terão de votar, em nome de sua igreja, as decisões
sobre os pontos doutrinários apresentados neste documento.

Os participantes do Fórum Nacional sentem-se gratificados e honra dos por terem


chegado até aqui. A próxima tarefa pertence às igrejas em seus estudos e
apreciação dos temas deste documento e na decisão por ocasião da 43ª Assembleia
Geral.
Registramos a nossa gratidão a Deus por sua inspiração e iluminação e pelo modo
dócil e amoroso como nos dirigiu em todas as coisas. A Ele toda a glória.
Itatiaia (Penedo) - RJ, março de 1994.
Participantes do Fórum Nacional para Definição Doutrinária

[2]
1 DONS DE CURAR

Os participantes do Fórum Nacional abordaram este assunto nos seguintes


aspectos: não contemporaneidade, contemporaneidade, cura divina e efeito
genérico do sacrifício de Cristo.

1.1 A NÃO-CONTEMPORANEIDADE DOS DONS DE CURAR


Alguns participantes declararam que os dons espirituais, incluindo os de curar,
foram dados por Deus no passado para credenciar ou autenticar o ministério dos
apóstolos, enquanto no processo de formação do Cânon bíblico, com o objetivo de
despertar a fé para a revelação escrita, conforme pode-se atestar pelos seguintes
textos: Atos 3,1-6.10-16; 8,6-7; 19,11-12; Rm 15,18-19; 2 Coríntios 12,12.
Serviram-se também do texto de 1 Coríntios 13,10, entendendo que “o que é
perfeito”, nesse texto, é uma referência ao Cânon Bíblico (encerramento da
revelação dos livros considerados inspirados, que se deu no IV século AD.). Além
disso, apresentaram uma interpretação diferente de 1 Coríntios 1,4-8, declarando
que os dons ali referidos não são dons espirituais, mas dons da graça, os quais
Deus concede a todos os crentes que os buscam.
Outro argumento em que fundamentam a não-contemporaneidade é o baseado de
Marcos 16:18. Segundo a interpretação desses irmãos, esse texto não contém um
mandamento para a Igreja. Trata-se apenas de uma previsão do ministério dos
apóstolos, devidamente cumprido por eles.

1.2 A CONTEMPORANEIDADE DOS DONS DE CURAR


A maioria dos representantes do Fórum Nacional se manifestou favorável a esta
posição, defendendo-a com vários argumentos bíblico-teológicos.
Afirmaram que os dons de curar são concedidos à Igreja hoje pelo Espírito Santo,
segundo a Sua soberana vonta-[3]de, sem limitação de tempo e circunstância (1
Coríntios 12,7-9). Deram uma conceituação aos dons de curar, entendendo-os
como a capacitação sobrenatural dada aos crentes, instrumentos de Deus, para, na
autoridade do Filho e em nome dEle, ministrar a bênção da cura, como fizeram
servos de Deus no passado (2 Reis 5,1-14; 20,1-11; Atos 3,1-11; 9,36-42) .
Rejeitaram que 1 Coríntios 13,8-13 seja apoio para a negação da
contemporaneidade dos dons de curar. Apresentaram outra interpretação do texto,
mostrando que “o que é perfeito’, mediante o exame do contexto, tem relação com
a pessoa de Cristo e a sua volta, quando então será visto “face a face’. Opondo-se
também à ideia de que os dons de curar foram dados apenas para credenciar o
ministério apostólico, referiram-se a Filipe, que, sendo diácono, também exerceu
os dons de curar (Atos 8,4-7).
Alertaram para o perigo de se considerar Marcos 16,17-18 como simples previsão
do ministério apostólico. Este tipo de abordagem do texto tornam prejudicadas as
demais implicações ministeriais que o texto contém.
Demonstraram que no exercício dos dons de curar deve-se levar em conta a origem
das doenças que podem ser:
a) Do pecado (Tiago 5,15);

b) Satânica (Mateus 17,15.18; Lucas 11,14; 13,11-13);

c) Quebra das leis naturais (1 Timóteo 5,23);

d) De natureza ambiental (Gênesis 3,17; Romanos 8,22-23);

e) Divina, visando disciplina (1 Coríntios 11,30);

f) Divina, visando provação (Salmos 119,71).

Portanto, a afirmação de que toda a doença tem origem em um pecado determinado


ou no diabo, é falsa. O discernimento acerca da origem da enfermidade é de suma
importância para o tratamento da pessoa. Se é pecado, o tratamento aplicado deve
ser, antes de tudo, espiritual. Exemplo: Miriam (Números 12) e os crentes de
Corinto (1 Coríntios 11,30). Se quebra de leis naturais, o tratamento deverá ser
através de disciplina pessoal. Se é provação, deve-se estimular o enfermo a
permanecer firme na fé. [4]
A questão considerada com ênfase pelos participantes foi a da prática dos dons de
curar. Entendem que os dons de curar são concedidos a crentes habilitados pelo
Espirito, os quais não devem se servir deles para promoção pessoal, prática de
comércio ou curandeirismo. Também se advertiu que não se encontra na Bíblia
apoio para promoção de “cultos de cura’. Recomendaram, portanto, que as Igrejas
e ministros se livrem de imitações e práticas comumente usa das nesse sentido.
Ainda se afirmou que não se encontra na Bíblia definição quanto à liturgia ou
fórmula bíblica para o exercício dos dons de curar. Contudo, deve-se levar em
conta o padrão bíblico de atuação de Jesus e dos apóstolos (Marcos 16,18; Atos
3,6; Mateus 9,27-31; João 9,1-12; Tiago 5,14-15).
1.3 CURA DIVINA
Os participantes do Fórum Nacional foram unânimes em afirmar que Deus operou
e ainda opera curas, sempre mediante o Seu eterno propósito e soberana vontade.
Entre tanto, afirmaram que Deus não instituiu um ministério de cura divina para a
Igreja, mas responde à orações específicas nesse sentido. O serviço da Igreja é a
pregação do Evangelho e ela deve deixar à soberana vontade do Pai a realização ou
não de curas que podem acompanhar o ministério da Palavra (Marcos 16,15-20;
Atos 4,29-31).
Afirmaram também, com base em Tiago 5,15-17, que Deus não opera cura divina
apenas mediante a concessão dos dons de curar. Também a realiza mediante a
oração da fé.
Alguns chamaram a atenção para o fato de que as curas divinas, geralmente
operadas hoje, são de enfermidades “tipo males funcionais”, enquanto se
demonstra pelos Evangelhos e Atos dos Apóstolos que as curas divinas, então
realizadas, eram de três tipos:
a) Orgânicas - órgãos destruídos, lesados ou mutilados;

b) Funcionais - órgãos que não funcionam;

c) Espirituais - doenças ligadas à possessão demoníaca. [5]

1.4 EFEITO CURATIVO GENÉRICO DO SACRIFÍCIO DE CRISTO


Alguns justificaram o efeito curativo genérico do sacrifício de Cristo em Isaías 53,
afirmando que ali se anuncia a salvação da alma, a cura interior e cura do corpo.
Outros, que compreendem que o sacrifício de Cristo não tem efeito curativo
genérico, apresentaram os seguintes argumentos:
a) A doutrina da redenção das enfermidades é uma interpretação errônea de
Isaías 53 e Mateus 8,16-17, porque neste último texto o evangelista está
relacionando a profecia de Isaías como cumprida no ministério de Jesus;

b) Isaías 53 merece outra interpretação. A paz ali referida não é interior


(resultado de cura interior), mas a paz judicial ou legal, que o crente
desfruta em consequência do sacrifício de Cristo. A cura profetizada
neste texto de Isaías dar-se-á no futuro, quando do estabelecimento do
Remo Escatológico. O Reino já inaugurado na cruz, só será consumado
no futuro, ocorrendo sinais esporádicos no presente.
1.5 CONCLUSÕES
Diante do exposto sobre os dons de curar, os representantes das Regiões
Administrativas da UIECB chegaram às seguintes conclusões:
a) A existência de duas correntes relativas à contemporaneidade dos dons
de curar, não constitui obstáculo à fraternidade cristã.

b) A cura divina, Isto é, a operação miraculosa de Deus, pelo Espírito, na


restauração da saúde dos seus filhos e de pessoas estranhas ao
Evangelho, é fato incontestável na História da Igreja. Portanto,
independente da aceitação ou não dos dons de curar, admitimos e
defendemos a cura divina como a operação da Soberania e do Poder de
Deus para minorar o sofrimento humano.

c) Rejeitamos os movimentos de curas, pois visam a promoção pessoal e


muitas vezes a prática do comércio e do curandeirismo.

d) Recomendamos aos pastores e Igrejas que desenvolvam, através da


oração e da percepção espiritual, a doutrina sobre os dons de curar,
evitando radicalismos ou extremismos que firam a sã doutrina e
quebrem a comunhão entre os irmãos Congregacionais.
[6]
2 O DOM DE PROFECIA

Os participantes do Fórum Nacional consideraram o tema, Dom de Profecia,


destacando os seguintes pontos:
a) A não contemporaneidade do dom;

b) A contemporaneidade do dom entendido como capacidade para pregar;

c) A contemporaneidade do dom entendido como capacidade para pregar e


para predizer.

2.1 A NÃO CONTEMPORANEIDADE


Alguns participantes do Fórum Nacional defenderam a tese de que o dom de
profecia só foi concedido aos homens de Deus no passado. A eles, e tão somente a
eles, Deus revelou Sua mensagem (Isaias 6,1-6; Jeremias 1,4-5: Ezequiel 1,1.3).
De acordo com essa interpretação, apóstolos e profetas, segundo o Novo
Testamento, foram igualmente inspira dos na transmissão da mensagem divina
(Efésios 3,4-5; Lucas 11,49-50; Atos 15,22.32-33). Segundo a maneira de ver
desses participantes do Fórum Nacional havia uma afinidade entre o ministério
apostólico e o ministério protético (Atos 13,1; 14,14).
Com base em Efésios 4,7-14, também afirmaram que Cristo concedeu à Igreja
profetas, apóstolos, evangelistas. pastores e mestres, com o propósito de compor e
ensinar o corpo doutrinário, agora devidamente completo. Para esses participantes,
apóstolos e profetas foram dons não mais concedidos a partir do segundo século.
Evangelistas, pasto res e mestres são dons ainda concedidos à Igreja nos dias de
hoje.
De acordo com esses participantes do Fórum Nacional, o dom de profecia no
sentido de predição não mais existe. Os profetas existiram até João. Tudo o que
Deus tinha para revelar ao homem Ele o fez e o faz em Sua Palavra. Portan-[7]to,
profecia preditiva seria como que um acréscimo à Palavra, o que não acontece,
porque a Escritura está completa.

2.2 CONTEMPORANEIDADE DO DOM (ENTENDIDO COMO


CAPACIDADE PARA PREGAR)
Segundo o entendimento de alguns dos participantes, o dom de profecia seria
apenas a capacidade para transmitir a mensagem de Deus, pois a linhagem dos
profetas preditivos se estendeu apenas até João Batista (Mateus 11,13). Diante
disto, profecia hoje e apenas a transmissão fiel da mensagem de Deus ao seu povo
através de alguém escolhido para essa missão (Êxodo 4,12-16). Profeta é, pois,
aquele que fala, proclama e anuncia uma mensagem em no me de Deus (Efésios
4,11; Jeremias 1,4-10), de acordo com as Escrituras, ou aquele que,
contemporaneamente, contextualiza histórica e doutrinariamente a mensagem da
Palavra de Deus.
Declararam crer que na era apostólica os profetas estavam associados aos apóstolos
(Atos 13,1; 15,32; 1 Coríntios 14,29; 12,29; Lucas 11,49; Efésios 2,20; 3,5; 4,11).
Mostraram entender que na era apostólica profetizar tinha o proposito definido de
discernir o que era melhor à Causa (Atos 11,27; 21,10), de instruir, de confortar, de
repreender e de exortar (1 Coríntios 14,3.24).
Afirmaram ainda esses participantes que o Espírito Santo, ao inspirar o Apocalipse
(22,18-19),tinha o propósito de convencer os cristãos de que a Palavra escrita é a
única regra de Fé e Prática, e, todo crente, como profeta que é, deve declarar as
verdades de Deus já registradas em Sua Palavra.

2.3 CONTEMPORANEIDADE DO DOM (ENTENDIDO COMO


CAPACIDADE DE PREGAR E PREDIZER)
A maioria dos participantes do Fórum Nacional se colocou favorável a esse
posicionamento: profecia é a capacidade para pregar, transmitir o recado de Deus,
mas também pode conter o sentido preditivo em determinados momentos.
[8]
Segundo essa compreensão, o dom de profecia é a capacitação para transmitir a
Palavra de Deus, com o propósito de edificar, confortar, exortar e levar ao
arrependimento (1 Coríntios 14 e Atos 15,32). Mas também pode ser a capacitação
pare predizer (Gênesis 49,1; Números 24,14; Atos 11,27-28; 21,10-11).
Mostraram também que o dom da profecia está associado ao dom de revelação (1
Coríntios 14,26-30; Atos 21,9-11; 19,6-7; Efésios 4,11).
O profeta, segundo a maneira de ver desses participantes, tem de exercer o dom
estando em plena posse de suas faculdades, sendo capaz de se restringir. Ele não
deve estar em estado de êxtase ou descontrole emocional ao exercer o dom (1
Coríntios 14,32.40).
A palavra profética contemporânea deve ser objeto de reflexão por parte dos que a
ouvem (1 Coríntios 14,29). Quando preditiva, a profecia deve ser encarada com
cautela, visto termos no Novo Testamento os casos de Ágabo e Paulo, como
referência comprobatória (Atos 11,28; 21,10-11; 27,10-22). Na atualidade o dom
de profecia dever ser desenvolvido mais frequentemente nos aspectos de proclamar
e revelar as verdades divinas exaradas nas Escrituras. O aspecto de prognóstico é
raro e assim deve se encarado e ensinado.
Conforme a postura desses participantes, a profecia não pode contrariar os
ensinamentos da Palavra de Deus (1 Coríntios 14,37-38; Efésios 2,20). Essa
interpretação pode evitar os seguintes erros:
a) A aceitação de profecias que têm o objetivo de guiar homens e igrejas a
decisões, usurpando o lugar das Escrituras e contendo o perigo de levar
os crentes a abandonar sua consciência e sua capacidade de raciocínio
(Salmo 32,9; Lucas 12,57; 1 Coríntios 14,29; Atos 17,11);

b) A aceitação de profecias que teriam o objetivo de ser fonte de “novas


Verdades” para a Igreja e que podem ser introduzidas dissimuladamente
como doutrinas inovadoras (2 Pedro 2,14: Gálatas 1,9; Apocalipse
22,18-19).
[9]
Entendem esses irmãos que o dom de profecia não é associado ao dom de línguas
nem ao de interpretação (1 Coríntios 14,22-25), embora o conteúdo do falar em
línguas, com interpretação, possa ter caráter profético (1 Coríntios 14,5).
“Profetizar em línguas” é uma pratica com fundamento hermenêutico equivocado
de Atos 19,6. onde ‘falaram em línguas e “profetizaram” são atividades
independentes e não interligadas.
Argumentaram que a palavra hebraica “naby”, usada 316 vezes no Antigo
Testamento e que significa “aquele que fala” (falso ou verdadeiro) é traduzida por
profeta. E ainda a palavra “naba”, usada 115 vezes no Antigo Testamento, que
significa “profetizar sob a influência divina ou de um falso profeta”.
Mostraram que no Antigo Testamento existem 42 pessoas chamadas de profetas.
No Novo Testamento, foram mostradas as três palavras ligadas ao assunto. São
elas: “προφεετεια” (profeteia), usada 19 vezes e que se traduz profecia, discurso,
provindo de Deus, declarando os seus propósitos, quer soja reprovando ou
admoestando o fraco, confortando o aflito ou ainda revelando coisas escondidas
(prevendo eventos Muros). A palavra se refere ainda às verbalizações dos profetas
do Antigo Testamento e as pregações dos Mestres da Igreja Neotestamentária,
chamados profetas. A segunda palavra é “προφετης” (profetes), usada 149 vezes no
Novo Testamento. É traduzida como profeta (um intérprete dos oráculos ou de
outra coisa escondida; aquele que é movido pelo Espírito de Deus, porta voz, que
dedara ao homem o que recebe, por inspiração, tratando especialmente de eventos
futuros e, em particular, de coisas relacionadas à causa do Reino de Deus e da
salvação do homem). Também significava pessoas que, nas assembleias religiosas
cristãs eram movidas pelo Espirito Santo para falar, tendo poder para instruir,
confortar, encorajar, refutar, convencer e motivar seus ouvintes. A terceira palavra
no Novo Testamento é “προφετευο” (profeteuo), usada 28 vezes. Significa
profetizar, ser um profeta, falar pró (em favor de) [10] ou através de divina
inspiração; também predizer, declarar algo antes obscuro (revelar) ensinar,
reprovar, admoestar, confortar outros.
Mostraram também que, com base nos termos acima citados, pode-se entender que
a palavra profecia continha três aspectos:
1. Proclamar a revelação divina - Discurso emanado de divina inspiração,
declarando os propósitos de Deus: reprovando, admoestando,
confortando (1 Coríntios 14,3; Isaías 4,5; 2 Coríntios 15,7);

2. Revelar o que estava escondido Com o sentido de desvendar,


descortinar. Ação ligada à proclamação e ao ensino (Mateus 3,7);

3. Prognosticar - Declarar algo que acontecerá, antes do fato. Há aí dois


aspectos: predições (envolvendo eventos que aconteceriam no futuro
próximo do profeta); e, prognósticos apocalípticos (envolvendo eventos
que se relacionam aos uns rios tempos).

Finalizaram declarando que:


 É impossível desassociar o aspecto preditivo do termo (tanto no Antigo
como no Novo Testamentos). Não é o único aspecto e nem é o mais
usado, mas faz parte dos conceitos que os termos trazem;

 E evidente que o maior usa de profecia é com o significado de proclamar


e revelar em detrimento de prognóstico, no Novo Testamento.

 Não há como provar biblicamente que o dom cessou ou que um só dos


aspectos cessou;

 É anti-bíblico equiparar predições, quaisquer que sejam, com a Palavra


inspirada. Profecia como palavra inspirada, canônica, cessou;

 A igreja Neotestamentária mostrou grande cuidado com o discernimento


da Profecia e julgamento do Profeta.

 Há cinco testes nas Escrituras que podem provar a profecia:

a) O caráter moral do profeta (textos já indicados antes; Jeremias 23,14;


Isaías 28,7; Mateus 7,17-20). A profecia está de acordo com a Palavra de
Deus?
b) Natureza espiritual da profecia: a mensagem desvia o povo de Deus?
(Deuteronômio 13,1-3); A mensagem tende a encobrir pe-[11]cados?
(Jeremias 28,8). Respondidas positivamente estas perguntas a profecia no
passou no teste;

c) A autenticidade dos sinais (Êxodo 7,9; 2 Reis 4,1-7). Foi-nos trada a


necessidade de se ter cuidado, pois, segundo os textos, os emissários de
Satanás também podem demonstrar sinais e maravilhas.

d) Discernimento e julgamento do povo (1 Reis 22,7).

e) Cumprimento na história (Deuteronômio 18,21; 1 Reis 22,28).

2.4 CONCLUSÕES
Os pontos seguintes mostram a síntese de todo arrazoado sobre o dom de profecia:
a) Os defensores dos três posicionamentos supracitados evocam o apoio
bíblico para as suas respectivas teses, havendo, entre tanto, consenso de
que a prática ou não do dom em questão não prejudica a convivência
pacifica e harmoniosa entre as igrejas;

b) O pensamento predominante do Fórum Nacional é o de que o dom de


profecia se fundamenta, pincipalmente no Novo Testamento, em revelar
algo antes obscuro (entendimento da Palavra, que é a atuação do Espirito
Santo, teologicamente denominada iluminação), ensinar, reprovar,
admoestar, confortar e proclamar as verdades de Deus;

c) O dom de profecia, no sei caráter preditivo, quando ocorrer, deve ser


exercido com o devido cuidado e, à semelhança da Igreja Primitiva, toma-
se necessário testar a idoneidade do profeta e de sua mensagem, muito
mais pela sua coerência com os princípios bíblicos do que pelo seu
cumprimento.

[12]
3 DONS DE VARIEDADE DE LÍNGUAS

Os participantes do Fórum Nacional abordaram este assunto considerando a sua


não-contemporaneidade, a sua contemporaneidade e a questão relacionada com a
prática desse dom. Nas referências à contemporaneidade compreendeu-se que as
línguas podem ser de duas naturezas: estranhas ou idiomáticas.

3.1 O DOM DE VARIEDADE DE LÍNGUAS NÃO É CONTEMPORÂNEO.


Foi opinião de alguns participantes do Fórum Nacional que o dom de variedade de
línguas não é contemporâneo. Argumentaram a favor da não-contemporaneidade
dizendo que este dom foi transitório, que esteve em evidência na implantação da
Igreja, dando-se cumprimento às profecias específicas (1 Coríntios 14,21). Era um
dom necessário para aquele período, tendo em vista a necessidade urgente de
propagação do Evangelho aos estrangeiros, como se deu em Jerusalém (Atos 2,1-
11), em Cesareia (Atos 10,44-46) e em Éfeso (Atos 19,6). Deste modo, entenderam
que o objetivo do dom de variedade de línguas foi acelerar a propagação da
mensagem do Evangelho aos povos.
Apresentaram também o argumento de que 1 Coríntios trata do dom de variedade
de línguas da mesma natureza que o de Atos — idiomáticas. Devido á situação
geográfica da cidade e dos jogos ístmicos que ali eram realizados, para lá acorriam
muitos estrangeiros, exigindo que no culto público a mensagem fosse anunciada
em várias línguas. O que Paulo teve como propósito, em 1 Coríntios, foi disciplinar
o exercido do dom (capitulo 14), por causa dos exageros que lá eram cometidos.
Entenderam que Paulo não recomenda a prática do dom de variedade de línguas,
antas, com a complacência que lhe era característica, não condena a atitude dos
irmãos [13] coríntios, mas chama-lhes a atenção para a inutilidade ou ineficiência
do dom. O que Paulo deixa claro em 1 Coríntios 14 é que não se pode falar na
Igreja sem que haja compreensão quanto àquilo de que se fala.
Disseram também que não se pode estudar 1 Coríntios com destaque para apenas
alguns versículos, com o fim do fundamentar o dom de variedade de línguas
estranhas. Há expressões onde claramente o apóstolo condene a
incompreensibilidade, como, por exemplo: “Prefiro falar na igreja cinco palavras
com o meu entendimento...” (1 Coríntios 14,19).
Alertaram também para o fato de que a existência de línguas estranhas no culto
contraria omanos 12,2, onde se exige que o culto seja racional. Se não o for, não
edifica a Igreja, não traz progresso ao Evangelho nem serve para a glorificação de
Deus.
Quanto a uma língua espiritual ou angelical, citada em 1 Coríntios 13,1,
argumentaram dizendo que Paulo não afirma a existência de línguas espirituais,
pois se o fizesse teria admitido a ocorrência de uma Sabei nos céus. A língua dos
anjos é uma só e, quando houve necessidade de se comunicarem com os homens, o
fizeram na língua deles, de forma compreensível, inteligível.

3.2 O DOM DE VARIEDADE DE LÍNGUAS É CONTEMPORÂNEO.


Outro grupo de participantes do Fórum Nacional opinou sobre a
contemporaneidade do dom de variedade de ínguas, subdividindo-se em dois
outros grupos: Os que aceitam o dom de variedade de línguas de natureza estranhas
e os que aceitam o dom de variedade de línguas de natureza idiomática.
Os adeptos do primeiro subgrupo argumentaram que este dom é a capacitação dada
por Deus para falar em uma língua ininteligível! Isso ocorreu em Jerusalém (Atos
2), em Cesareia (Atos 10) e em Éfeso (Atos 19). Entendem que, de modo especial
em Cesareia e em Éfeso, não há nenhuma indicação de que se tratava de línguas
estrangeiras.
Quanto ao dom exercido em Corinto, há várias expres-[14]sões em 1 Coríntios 14
que indicam que as línguas eram estranhas, nos versículos 2, 4, 9, 13, 14 e 23.
Demonstraram também que a língua estranha tem vários propósitos:
a) É uma conversa com Deus;

b) Pode acontecer em momento de culto ou em momento participar de


devoção;

c) É um meio divino para a educação da Igreja;

d) É um meio de agradecer a Deus;

e) É um recurso para edificação própria;

f) É um dom que segue os que creem.

Disseram ainda que Paulo deseja tal bênção para todos (1 Coríntios 14,5), pois a
possuía (1 Coríntios 14,18), entretanto deixa claro que nem todos possuem o dom,
e que para ser exercido no culto público necessita ser acompanhado do dom de
interpretação e discernimento.
Também defenderam a existência de uma língua angelical ou espiritual, que
ultrapassa o próprio raciocínio, com base em 1 Coríntios 14,14.
Os participantes do Fórum Nacional que fizeram parte do segundo subgrupo
apresentaram também seus argumentos. Disseram que o dom de variedade de
línguas é capacidade sobrenatural concedida pelo Espírito Santo de Deus para falar
em uma língua estrangeira não conhecida, ou anteriormente não aprendida. Isso se
deu igualmente conforme as narrativas de Atos e o ensinamento em Coríntios.
Fizeram uma exposição sobre o assunto, dizendo, primeiro, que a palavra “glossa”
significa línguas, idioma, uma linguagem usada por um povo em particular.
Também é empregada a palavra “dialeto” (Atos 2,6.8), com o sentido de uma
linguagem falada por um povo.
Em segundo lugar disseram que os textos que pare cem indicar a existência de uma
faia extática são descritivos, mas não normativos.
Em terceiro lugar mostraram qual o propósito da glossolália: [15]
a) Anunciar a verdade (1 Coríntios 14,21-22.24-25), de maneira
miraculosa, falando no Idioma do incrédulo, as grandezas de Deus;

b) Julgar os que rejeitaram a mensagem (1 Coríntios 14,21.24-25). Aí se


faz a citação de Isaías 28,11-12, que menciona o julgamento dos judeus,
em função da sua incredulidade. Este povo teria que ouvir a mensagem
de Deus em outras línguas;

c) Ensinar a verdade (1 Coríntios 14,5; 12,1), para a edificação da Igreja,


desde que se atrele a dom de variedade de línguas interpretação,
concedendo-lhe o valor cia profecia;

Admite-se que o dom sirva para edificação pessoal, embora isso vá de encontro ao
propósito geral dos dons, que é edificar o Corpo — a igreja. Em quarto lugar,
foram apresentadas algumas limitações à glossolália:
a) Paulo não indica em nenhum lugar que a glossolália é prova indispensável
de que o Espírito Santo foi recebido. Também não diz que os que faiam
em línguas são os membros do Corpo que possuem um nível mais elevado
de vivência cristã. Ao contrário, Paulo deixa claro que este dom não era
dado a todos os crentes e não era um dos principais (1 Coríntios 12,27-
30);

b) Paulo regulamenta o uso de línguas em púbico, principalmente porque


existia um dom mais edificante e necessário para a igreja — a profecia;

c) A glossolália é assunto apenas referido em Marcos, Atos e em 1 Coríntios.

d) Nos demais Evangelhos e nos outros livros doutrinários do Novo


Testamento o assunto não é mencionado.
Em quinto lugar deixou-se claro, na exposição de participantes, que o dom de
variedade de línguas não é sinal exclusivo de uma experiência marcante com o
Espírito Santo. Este conceito é uma herança evangélica pentecostal, que não
encontra fundamento bíblico. Não é também evidência de maior “status” espiritual
A essência da santificação é o fruto do Espírito, e não os dons espirituais. Sequer
pode-se considerar o dom de línguas como a maneira mais eficiente de orar.
[16]

3.3 A PRÁTICA DO DOM DE VARIEDADE DE LÍNGUAS


Quanto a este aspecto, participantes do Fórum Nacional demonstraram que o dom
de variedade de línguas sã pode ser exercido no culto público de acordo com a
regulamentação bíblica, qual seja:
a) Não deve ser exercido publicamente sem interpretação (1 Coríntios
14,13.28);

b) Deve-se julgar o conteúdo da fala, aplicando-se o dom do discernimento


(1 Coríntios 14,29).

c) Que no culto público os falantes “não sejam mais de dois ou quando


muito três” (1 Coríntios 14,27);

d) Os que falam devem fazê-lo sucessivamente, o que elimina qualquer


permissão para uma fala em grupo (1 Coríntios 14,27).

Foi considerado como um procedimento que não recebe apoio bíblico o


“aprendizado” de falar em línguas. Se é um dom, e é distribuído segundo apraz ao
Espirito Santo (1 Coríntios 12,11), não pode ser aprendido.
Considerou-se o perigo de achar que toda fala ininteligível seja dom de variedade
de línguas, pois raia ininteligível também se verifica em reuniões de outros grupos
religiosos, tendo origem que não é divina.

3.4 CONCLUSÃO
Diante das argumentações sobre o dom de variedade de línguas e a sua
contemporaneidade e tendo em vista os dois subgrupos em que se dividiram os
participantes do Fórum Nacional, deve-se admitir:
a) Os defensores da não contemporaneidade do dom evocam apoio bíblico
para a sua posição, e por isso não se deve rotulá-los de anti-bíblicos ou
menos espirituais pelo lato de assim crerem;

b) Igualmente os defensores da contemporaneidade evocam apoio bíblico


para a sua posição, e por isso não devem ser discriminados ou
considerados extremados se assim crerem;

c) Que nossas diferenças de interpretação bíblica quanto ao dom considerado


não devem constituir barreiras para a promoção da unidade visível da
Igreja, que é por si proclamadora do propósito amoroso do Pai em enviar-
nos o Filho (João 17,21); [17]

d) Que aqueles que praticam o dom não devem exceder ao que a Palavra de
Deus claramente expõe, conforme explicado no item 3 do presente
documento.
[18]
4 VISÃO OU REVELAÇÃO

Este assunto mereceu suficiente discussão por parte dos participantes do Fórum
Nacional, que apresentaram argumentos a favor da não-ocorrência ou da
ocorrência nos dias atuais de visões ou revelações, e consideraram o perigo dos
exageros quanto à questão.

4.1 VISÕES OU REVELAÇÕES NÃO MAIS OCORREM NO PRESENTE


MOMENTO HISTÓRICO DA IGREJA
Os defensores desta opinião declararam, inicialmente, admitir a existência de uma
única revelação - a bíblica - para a formação do cânon. Quando completo, Deus
encerrou o seu processo de revelação aos homens.
Apresentaram, em segundo lugar, o argumento de que visões eram manifestações
divinas a uma pessoa ou grupo de pessoas, com a finalidade específica ou
particular, que hoje não mais ocorrem. Era uma das maneiras pelas quais Deus se
revelou aos pais no passado (Hebreus 1,1-2), deixando de ser necessária quando da
vinda do Filho, a máxima expressão da revelação divina.
Alertaram para o fato de que as visões têm-se tornado prática de religiões e seitas
não evangélicas, e por isso se recomenda o máximo de prudência e vigilância da
Igreja quanto à questão.

4.2 VISÕES E REVELAÇÕES AINDA OCORREM


Argumentando sobre a contemporaneidade das revelações e visões divinas,
participantes do Fórum acional definiram visão como um modo de Deus se
comunicar com o homem, com o objetivo de:
a) Propor uma orientação pessoal imediata (Gênesis 15,2; 19,5; Números
22,2);

b) Esclarecer um aspecto do desenvolvimento do Reino de Deus (Hebreus


1,1);
[19]
Definiram também revelação como um meio de comunicação divina com a
finalidade de esclarecer, mostrar, descobrir e orientar. E, inclusive, um dos
objetivos da profecia; quando alguém profetiza torna clara uma mensagem de Deus
(1 Coríntios 14,24-25).
Ressaltaram, entretanto, que nem a visão nem a revelação podem ser entendidas
como meio de Deus acrescentar qualquer conteúdo às Escrituras Sagradas, já
completas (Apocalipse 22,18-19).
Fizeram a demonstração de que as visões, no Novo Testamento, não têm o único
sentido de manifestação sobrenatural. Podem significar:
a) “Coisa Vista” ou “espetáculo” (Mateus 17,19; Atos 7,31; 9,10.12;
10,3.17.19; 11,5; 12,9; 16,9-10);

b) “Aspecto” (Atos 2,17; 4,13; 9,17);

c) “Aparição” ou “visualidade” (Lucas 1,22; 24,23; Atos 26,19; 2 Coríntios


12,1).

Ressaltaram, também, que a devida importância da vi são não está em si mesma,


nas circunstâncias que a envolvem ou no seu caráter fantástico, mas na mensagem
que ela transmite, que sempre precisa encontrar coerência com a Palavra escrita.

4.3 PERIGO DOS EXAGEROS EM RELAÇÃO À REVELAÇÃO E VISÃO


Participantes do Fórum Nacional consideraram o perigo em que irmãos e igrejas
podem incorrer se não discernirem espiritualmente o fundamento bíblico e o valor
prático da visão e revelação no presente contexto. As considerações foram as
seguintes:
a) Segundo a Bíblia, não é necessário que haja um estado de espírito
definido para ocorrerem as visões. Elas podem acontecer:

 Em momentos despertos (Daniel 10,7; Atos 9,7);

 Durante o dia (Atos 10,3; 10,9-16; Números 24,4-16);

 Durante a noite (Gênesis 46,2);

 Durante o sono (Números 12,6: Daniel 4,9).


[20]
b) As revelações e visões devem estar sujeitas à mesma disciplina da
profecia (conforme documento que trata do assunto), isto é, devem ser
julgadas, pois podem ser simplesmente fruto de mente natural ou carnal
(Jeremias 23,16; Colossenses 2,18-19). Na questão do misticismo da fé
o ruído que pensarmos vir do Senhor pode não ter origem nEle (1 Reis
19).
c) Precisam estar subordinadas às aferições das Escrituras e do
discernimento espiritual (Jeremias 23,16.28);

d) Nunca devem ser usadas como meio promocional ou de “auto


afirmação”;

e) Visões e revelações não podem ser entendidas como a forma mais


eficiente de Deus indicar a Sua vontade e orientar o Seu povo. A Bíblia
é a fonte de descobertas da vontade do Senhor e a bússola precisa para
dirigir os santos. Além da utilidade das Escrituras (2 Timóteo 3,16-17),
o povo de Deus desfruta hoje da ação do Espírito Santo em sua vida,
aclarando a Palavra, ao espírito humano, guiando-o a toda verdade (João
16,13).

4.4 CONCLUSÕES
As reflexões dos participantes do Fórum Nacional sobre o assunto em foco levaram
às seguintes considerações finais:
a) Visões e revelações ainda podem ocorrer. Porém, o assunto sempre deve
ser encarado pela Igreja com o devido critério, conforme foi exposto no
item 3 do presente documento;

b) Nenhuma visão ou revelação contemporânea pode pretender possuir a


mesma qualidade e valor da Revelação divina, insubstituível e imutável,
expressa nas Sagradas Escrituras;

c) A aceitação ou não da atualidade da Visão ou Revelação, de


conformidade com o posicionamento dos representantes das Regiões
Administrativas presentes, não deve impedir a comunhão e a
fraternidade do povo de Deus.

[21]

[22]
5 UNÇÃO COM ÓLEO

Os participantes do Fórum Nacional enfocaram o assunto unção com óleo emitindo


opiniões contrárias e opiniões favoráveis a sua prática.

5.1 OPINIÕES CONTRÁRIAS


Praticada no Antigo Testamento, a unção com óleo tinha os seguintes propósitos:
a) Simbolizar o Espírito Santo conferindo autoridade a reis e sacerdotes
(Êxodo 29,7; 40,15; 1 Samuel 9,16; 10,1; 1 Reis 1,39);

b) Para consagrar objetos (Êxodo 29,36; 30,26; 40,9; Levítico 8,10;


Números 7,1);

c) Como medicamento e como produto para fins estéticos (Isaías 1,6;


Jeremias 8,22; Rute 3,3; 2 Samuel 14,2; Ezequiel 16,9).

No Novo Testamento a unção com óleo foi usada:


a) Com fins terapêuticos (Marcos 6,13; Lucas 10,34; Tiago 5,14);

b) Com a finalidade de conceder honraria a hóspedes (Lucas 7,39-46; João


11,2; 12,3);

c) Com finalidade estética (Marcos 14,8).

Nos dias de hoje a prática da unção cerimonial não tem sentido porque, no período
da Lei, representava o Espírito, que já foi concedido no Pentecoste (Atos 2,1-4).
Assim, já que o tipificado está presente, o tipo perde o seu valor, não tendo mais
razão de ser. Por este motivo, tal prática não se encontra no Novo Testamento, que
também não a recomenda. As ocorrências da unção em Marcos e em Tiago
mostram a aplicação do óleo com finalidade terapêutica.
Uma observação mais detalhada de Tiago 5,14 mostra a inutilidade da prática da
unção com óleo em sentido cerimonial ou simbólico, pois este texto deixa claro
que todo o benefício é trazido pela oração da fé e não por um ritual onde o óleo
seja usado.
Os representantes que advogam a não prática da unção com óleo fizeram ainda
várias considerações sobre o [23] assunto mostrando que a sua prática foi
passageira no Novo Testamento; que o poder do Espírito Santo não está na
dependência da unção com óleo; que o óleo foi elemento circunstancial.
Argumentaram ainda que os símbolos usados na Ceia e no Batismo (pão, vinho e
água) não servem para fundamentar o uso do óleo como símbolo, pois água, pão é
vinho são elementos de duas ordenanças instituídas por Jesus Cristo.
Mostraram também que a unção com óleo nos seus vá rios aspectos e usos é
desnecessária para a Igreja de Deus hoje, inclusive no sentido cerimonial, pois,
como tal, a unção simbolizava uma realidade espiritual, hoje experimentada pelo
crente ao receber o Espírito Santo (Lucas 4,18; Atos 4,27; 10,38; 1 João 2,20.27;
João 14,17.26; 16,13).

5.2 OPINIÕES FAVORÁVEIS


Os favoráveis à prática da unção com óleo mostraram que a Bíblia menciona a
unção com óleo no sentido espiritual, não simbólico (literal) e simbólico.
Argumentaram que a unção espiritual, realizada pelo Espírito Santo sobre Jesus e
sobre os crentes, substitui qualquer unção com óleo que represente consagração
(Lucas 4,18; Atos 4,27; 10,38; Hebreus 1,9; 1 João 2,20.27; 1 Coríntios 1,21), e é
de caráter permanente.
Com base em Lucas 7,38 e Mateus 6,17 afirmaram que a unção não simbólica é a
aplicação de óleo ou unguento aromático com o objetivo de perfumar e embelezar.
Baseados em Lucas 10,34, mostraram que o óleo era usado como aumento e como
comburente (1 Reis 17,12; Ezequiel 16,13; Êxodo 25,6; 27,20; Mateus 25,3).
Em suas considerações disseram aceitar a prática da unção Com óleo em sentido
simbólico e que ele deve ser aplicado a pessoas enfermas, como símbolo do poder
cura dor de Deus (Marcos 6,13; Tiago 5,14-15). Quanto ao uso do óleo nesse
sentido foi destacado que:
a) O óleo não tem poder curador em si: o poder é de Deus, que opera
através da oração da fé (Tiago 5,14-15);

b) Não há obrigatoriedade de se ungir a todos os enfermos pelos [24] quais


se intercede;

c) O ato da unção com óleo sobre os enfermos deve ser restrito a pastores e
presbíteros com base em Tiago 5,14-15.

d) A unção simbólica sobre objetos e ambientes era uma prática relativa à


lei mosaica em seu caráter cerimonial, não determinada pelo Novo
Testamento e que, por isso, não é recomendável aos cristãos.
Os defensores da unção com óleo argumentaram que a prática se acha no Novo
Testamento, na vida dos Pais da Igreja e que, portanto, pode ser usada nos dias de
hoje.

5.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS


Todos os que participaram das argumentações contrárias e das favoráveis foram
unânimes em algumas colocações sobre o uso do óleo para unção:
a) Não é procedente a expressão “óleo ungido”;

b) Foi mostrado o perigo do uso do chamado “óleo ungido”, que


transforma o óleo numa espécie de amuleto, levando os adeptos de tal
prática aos limites da magia;

c) Enfatizou-se a necessidade de se ter cuidado para que o óleo não venha a


se tomar um elemento mediador da fé.

5.4 CONCLUSÕES
Tendo em vista as argumentações favoráveis e contrárias à unção com óleo,
concluímos:
a) A unção com óleo realmente foi usada no Antigo e no Novo
Testamentos com vários sentidos e finalidades, conforme foi mostrado
nas argumentações contidas neste texto final;

b) Que os Congregacionais que desejarem fazer uso da unção com óleo, o


façam apenas como símbolo do poder curador divino. Em caso de
enfermidades, que o óleo seja aplicado por pastores e presbíteros, e que
não sejam molestados u discriminados por causa dessa prática;

c) Que os Congregacionais que julgarem desnecessário o uso simbólico do


óleo, por acharem que ele nada representa para a operação ou não do
poder curador de Deus, que assim o façam, sem serem molestados ou
discriminados por aqueles que adotam tal prática; [25]

d) Que os Congregacionais não usem a expressão “óleo ungido” ou similar.

[26]
6 EXPULSÃO DE DEMÔNIO OU EXORCISMO

Os participantes do Fórum Nacional consideraram o presente tema sem


conflitarem, necessitando apenas de algumas elucidações e orientações.
Concordaram unanimemente:
a) Quanto à existência dos demônios, à possessão demoníaca sobre pessoas
não redimidas pelo sangue de Jesus e quanto ao do mínio satânico sobre
territórios e grupos sociais (Lucas 8,27-31; Atos 19,27-35);

b) Quanto à opressão dos demônios ou espíritos imundos sobre não crentes


e crentes quando estes perdem sua santidade e deixam de se submeter à
vontade soberana de Deus (Jó 1,2; 1 Coríntios 5,2-5; 2 Coríntios 12,7-
10; 2 Pedro 5,6-9) ou não resistem ao Diabo (1 Coríntios 5,5; Tiago
4,7);

c) Que somente os incrédulos estão sujeitos à possessão maligna (João


8,36; Colossenses 1,13; 2 Tessalonicenses 3,3; 1 João 4,4; 5,18).

Fizeram ainda distinção entre exorcismo e expulsão de demônios:


 Exorcismo é a manipulação de espíritos invasores, praticada por
religiões e seitas não evangélicas;

 Expulsão é a prática de retirar da pessoa humana demônios, ou espíritos


imundos, mediante o poder e autoridade dados por Jesus a seus
discípulos. Esta expulsão deve ser feita em Seu nome.

6.1 CONCLUSÕES
Diante das considerações acima, os participantes do Fórum Nacional chegaram às
seguintes conclusões:
a) Deve-se tomar cuidado para não confundir possessão demoníaca com
certas enfermidades, tais como: epilepsia, esquizofrenia e outras; ainda
que, em alguns casos, enfermidades resultem de possessão demoníaca
(Mateus 9,32-34; 17,14-18; Lucas 13,10-13);

b) Deve-se entender que as obras da came, embora possam ser [27] usadas
pelos demônios, não são, em sua essência, consequência de sua ação.
Por isso se deve evitar nomear de “espíritos” as obras da came;
c) Quanto à metodologia para a prática da expulsão de demônios, não se
apresenta de forma específica nas Escrituras. Alguns exemplos bíblicos
apresentam apenas uma ordem dada (Mateus 8,16; Marcos 1,25; Atos
16,18). Assim se deduz que qualquer crente em Cristo, cheio do Espírito
Santo, pode ordenar em nome de Jesus que o demônio se retire da
pessoa, sem perverter a liturgia do culto com inserções desnecessárias
tais como: passes místicos, entrevistas com demônio etc.
[28]
7 QUEBRA DE MALDIÇÃO

O Fórum Nacional, ao considerar o tema “quebra de maldição”, trouxe à lume duas


posições diferentes. Houve opiniões favoráveis à pratica da quebra de maldições e
houve os que se posicionaram contrariamente a ela.

7.1 FAVORÁVEIS À PRÁTICA DA QUEBRA DE MALDIÇÕES


Afirmaram os favoráveis à referida prática, que a terminologia conceitual adotada
deve ser “apropriação da quebre de maldições”, realizada na cruz (Isaías 53).
Os que defenderam essa posição entendem por maldição a ordem dada por quem
possui autoridade, para que Satanás cause dano a outrem. A maldição pode ter
origem divina (Gênesis 3,17; 4,11; Deuteronômio 11,28; 27,15 28,16; Juízes 6,16;
5,23; Jeremias 11,3; Malaquias 3,9 Gálatas 3,10) e, também, origem humana, como
por exemplo, Noé que amaldiçoou Cão e sua descendência (Gênesis 9,25).
Compreende-se que todas as pessoas regeneradas são livres da maldição da lei
(Tito 3,5; Gálatas 3,10-14). Outras maldições, entretanto, podem ser quebradas
através da repreensão no nome de Jesus e do perdão aos que amaldiçoaram
(Exemplo: José do Egito).
A maldição sem causa legal e sem motivo que a justifique, não surte efeito
(Números 23,20-23; Provérbios 26,2).
Entendem os favoráveis à apropriação da quebra de maldições, que o crente não
deve atrair maldição sobre si e nem amaldiçoar a outros (Eclesiastes 7,22;
Romanos 12,14; Tiago 3,9-10), como por exemplo, autoridades (Êxodo 22,28;
Eclesiastes 10,20), ou filhos, colocando sobre eles nomes carregados de maldição
e, nem devem usar objetos relacionados a bruxaria, idolatria, etc... (Êxodo 20,2-4).
Houve ainda vários argumentos dos que são favoráveis a essa prática, a saber: [29]
a) Que o assunto é novo e como tal deve ser estudado sem medo, com
coragem e aprofundamento nas Escrituras e na prática, não fechando
questão sobre o mesmo;

b) Que assim como pais abençoam filhos, também podem amaldiçoá-los;

c) Aludiram ao fato de alguns lugares serem considerados malditos


(existindo até exemplos bíblicos, como Jericó) o que justifica na a
quebra dessas maldições;
d) Destacaram a importância da palavra como tendo poder em si, dando
como exemplo a maldição de Eliseu aos meninos (2 Reis 2,23-25) e
também a palavra do povo na crucificação de Jesus, pedindo que o
sangue caísse sobre eles e seus filhos (Mateus 27,25);

e) Concluíram que a maldição existe com a citação da promessa a Abraão:


“Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te
amaldiçoarem” (Gênesis 12,3);

f) Ainda no terreno da força da palavra expuseram que os termos gregos


ρημα e λογος (rema e logos) são diferentes. O primeiro denotaria a força
do poder que a palavra tem em si;

g) Destacaram ainda que pode existir maldição sobre igrejas, impedindo


crescimento e progresso. Também sobre nosso país, sendo um lugar de
fome, miséria e injustiças sociais ligados à história de nosso povo desde
o seu descobrimento, sua formação religiosa, idolatria e outros fatos
negativos. Outro fato altamente negativo são nomes de santos e
divindades do mal dados às pessoas;

h) Argumentaram, baseados em Romanos 8,1, que os termos “nenhuma


condenação” têm implicações ligadas à salvação e não à libertação de
outros males. Portanto, os crentes não estão livres da corrupção da came,
que os faz vulneráveis à maldição.

7.2 CONTRÁRIOS À PRÁTICA DA QUEBRA DE MALDIÇÕES


Os contrários a essa prática afirmaram entender pelo termo maldição uma
consequência da quebra da Lei de Deus. A maldição se originou do pecado
(desobediência ou rebeldia contra Deus), enquanto a bênção se origina da
obediência ao Senhor (Deuteronômio 11,26-32).
Assim sendo deve-se despojar a maldição do seu sentido místico-supersticioso. Os
pagãos criam que a maldição era uma entidade em si mesma e que, uma vez
pronun-[30]ciada, acionava o poder dos deuses ou forças ocultas para executarem o
mal desejado contra o próximo. Os cristãos, em contraposição, com base na
Palavra de Deus, creem que bênção e maldição relacionam-se ao conceito de
obediência e desobediência (Deuteronômio 27—28; Malaquias 3,8-12; 1 Coríntios
11,28-30) ou ao conceito de aceitar ou não o puro evangelho de Cristo (Gálatas
1,6-9; 3,10-13).
A maldição não tem poder em si mesma. Depende da autoridade de Deus para que
se concretize. Observe-se:
a) Há o perigo de que a pessoa que amaldiçoa venha a desencadear sobre si
mesma a maldição que evoca (Números 24,9; Salmos 119,17);

b) Para amaldiçoar ou abençoar é preciso obter-se delegação de Deus


(Números 8,23; 1 Samuel 17,43; 2 Samuel 16,5.14; Salmos 137,8-9;
Isaías 54,17; Tiago 5,4;);

c) A verdadeira maldição não está contida na declaração amaldiçoadora, mas


no sentimento de quem a pronunciou. A palavra que amaldiçoa nasce da
cólera, da amargura, com o objetivo de humilhar, desprezar ou execrar a
pessoa amaldiçoada (Mateus 12,34). O grande prejudicado, pois, quando
se profere uma maldição, é o seu autor. Por isso a preocupação da Bíblia
não está no fato de uma maldição realizar-se ou não, mas na reação carnal
das pessoas que desencadearam a vontade de destruir, prejudicar e atingir
com o mal a outras pessoas (Tiago 3,1-12).

Os crentes em Cristo não devem temer nem preocupar-se com maldições


(Romanos 8,1). Todos estão libertos da maldição imposta pela Lei (Gálatas 3,13).
Não há razão para se temer maldição alguma, uma vez que a mais terrível delas a
morte, perdeu o seu poder (Gênesis 2,17; Romanos 8,33-39; 1 Coríntios 15,55).
A chamada maldição hereditária que consiste em acreditar-se que os pecados,
alianças e padrões estabelecidos pelos antepassados podem exercer maldição sobre
os descendentes até à terceira e quarta geração (Êxodo 25; Levítico 26,39-42), deve
ser rejeitada pelas seguintes razões:
a) Quem amaldiçoa é Deus, por desobediência a Ele. E Ele quem age
visitando a maldade dos pais nos filhos, que continuam prati-[31]cando os
mesmos pecados. Os crentes, com especialidade, precisam e podem crer
que nenhum débito acumulado existe contra eles, a partir do momento em
que se apropriarem da vitória de Cristo na cruz (Colossenses 2,14-15);

b) É preciso fazer distinção entre maldição e efeitos ou consequências do


pecado. As consequências do pecado caem sobre o pecador e seus
descendentes. Não há transmissão hereditária de pecados, mas efeitos
(Deuteronômio 24,16). Diante disto pode-se concluir que os pactos, as
alianças feitas pelos ancestrais não são passadas para os descendentes,
mas as consequências sim. O comportamento dos pais influencia e modela
a personalidade dos filhos, mas não lhes transmite algo como um
“encanto” que os condena automaticamente;

c) A acreditar-se que as maldições familiares transmitem-se


automaticamente, ter-se-ia de acreditar que as bênçãos também sejam
automaticamente transmitidas (Êxodo 26). Afirmar-se que uma aliança
demoníaca dos pais “amarra” os filhos, implicaria em acreditar-se que a fé
possuída pelos pais também salva os filhos automaticamente. Em Êxodo
20,5-6 trata-se apenas do desdobra mento tanto dos pecados quanto da
obediência na vida dos descendentes;

d) Ezequiel 18 mostra que a responsabilidade humana é individual. Os maus


feitos dos pais não passam para os filhos, nem a justiça daqueles repercute
automaticamente nestes (Romanos 14,12).

A maldição das consequências dos pecados dos pais pode ser quebrada. Mas isto só
acontece quando o homem se volta para Deus, arrependido, contrito, com um
coração quebrantado (Atos 2,14-40). Jesus Cristo quebra toda a força do pecado,
inclusive das suas consequências (1 Pedro 1,18-19; Colossenses 1,13-14).
Os ritos para quebra de maldição por parte dos que advogam tal prática são
condenáveis por duas razões: primeiramente, porque incluem súplica de perdão dos
pecados dos antepassados, o que se assemelha à oração orn favor dos mortos; em
segundo lugar, porque contrariam o próprio bom senso, uma vez que ignoram o
fato de que as árvores genealógicas sobem em progressão geométrica.
Os que se posicionaram contrariamente à prática da quebra de maldições
argumentaram ainda, que: [32]
a) Não há lugar para esta prática na Igreja porque quem está em Cristo está
fora da maldição da Lei e do pecado. Ademais argumentaram que o
fundamento bíblico tal prática é muito fraco e contraditório;

b) É preciso evitar tal prática porque e pode levar o povo de Deus a


atitudes assemelhadas ao espiritismo e ao romanismo;

c) Em contraposição à ideia apresentada sobre a expressão “nenhuma


condenação” (Romanos 8,1) declaram que se refere a todos os aspectos
da vida do crente em Cristo;

d) Impossível aceitar-se que haja qualquer maldição sobre um servo de


Jesus Cristo, visto que Este o tem salvo e libertado completamente como
Seu sangue;

e) A libertação que Deus dá é total. Se por acaso algum crente não se


liberta totalmente é porque lhe falta vida espiritual abundante e não
porque esteja sob maldição;

f) A bênção dada por Deus na salvação e libertação do velho homem é


multo mais poderosa do que qualquer bênção ou maldição proferida por
pais.
Alguns participantes do Fórum Nacional lembraram ainda que:
a) Há maldição que é consequência da criação dada pelos pais e não divina
ou satânica;

b) Há casas que são ligados apenas a problemas de saúde ou traumas


psicológicos;

c) Há necessidade de atentarmos para o fato de que não existe poder em


palavras somente;

d) Uma ênfase demasiada nas maldições herdadas poderia levar alguém ao


conceito de que a responsabilidade dos seus erros e problemas pessoais
não lhe pertencem ou não são sua culpa: eles viriam de antepassados
seus que seriam os culpados de seus insucessos;

e) O problema da maldição pode estar em quem a ouve. Ela será uma


realidade se o que a ouve a assume como tal;

f) É importante se atentar para as dispensações, pois há maldições ligadas


a alianças específicas e que não devem ser aplicadas a outras. As
maldições de Deuteronômio pertencem ao período da Lei;

g) No que diz respeito a maldições ligadas a nomes de santos e [33]


divindades do mal, dados a pessoa, destacam-se o que aconteceu com
Daniel e seus amigos, Hananias, Misael e Azarias, aos quais foram
dados nomes de deuses pagãos e eles continuaram fiéis ao seu Deus.
Entenderam também que a genealogia de Jesus inclui nomes
comprometidos com uma herança estranha à reação entre Deus e Israel e
isso não compromete a santidade do Filho de Deus, nem imputa a Ele
qualquer maldição (Mateus 1; Lucas 3).

7.3 CONCLUSÕES
Após esgotados os estudos sobre a queda de maldição e na base do texto sobre a
matéria, os participantes do Fórum Nacional chegaram às seguintes conclusões:
a) A maldição procede da boca de Deus e da autoridade que Ele concede a
homens;

b) A maldição deve ser entendida como consequência da quebra da Lei de


Deus e como resultado do ato de desobediência ou consequência de
transferência de autoridade recebida;
c) Todos os regenerados pelo sangue da cruz estão libertos de maldições,
uma vez tendo se apropriado desta bênção em Cristo, contudo, enquanto
vivem neste tabernáculo, estão sujeitos aos efeitos e consequências do
pecado;

d) Para os que aceitam a quebra de maldição deve haver cuidado para que
orações ou outras liturgias não se assemelhem a cultos pelos mortos ou
intercessão por eles, Ainda não se deve tirar a responsabilidade
individual, lançando os problemas do individuo sobre seus antepassados;

e) Tanto para os que aceitam a doutrina da quebra de maldição como para


os que a rejeitam, é necessário aprofundamento dentro do assunto e
cuidado para evitar os extremos de conceito e de prática da doutrina.

[34]
8 SINAIS E PRODÍGIOS

Os participantes do Fórum Nacional, tendo em vista o consenso sobre a


possibilidade de Deus se manifestar através de sinais ainda hoje, aprovaram o texto
do presente documento, como segue:
Sinais e prodígios feitos sobrenaturais, usados por Deus para confirmar a palavra
pregada, manifestar o Seu poder e a Sua glória (Deuteronômio 6,22; Neemias 9,10;
Marcos 16,15-20; Atos 4,29-41; Hebreus 2,3-4).
Estas ações divinas assessoram o ministério de propagação do Evangelho. Vemos
em Marcos 16,15-20 as expressões: “Estes sinais hão de acompanhar” e
“cooperando com eles o Senhor e. confirmando a palavra por meio de sinais que se
seguiam”. Isto também ocorre em Atos 4, na oração da igreja: “Enquanto estendes
a mão para fazer (...) sinais e prodígios” (v.30).
Observe-se que no Novo Testamento os sinais:
a) Marcaram a inauguração do ministério terreno de Jesus Cristo (João
2,11);

b) São apresentados como avisos escatológicos (Mateus 24:3-14, Marcos


16,1-4; Lucas 21,25-28);

c) Testemunham da presença divina nos ministérios de Jesus e dos


apóstolos (Marcos 16,1720; João 2,23; 3,2; 7,31; Atos 2,22; 2 Coríntios
12,12; Hebreus 2,4);

d) Corroboram o ministério apostólico (Atos 4,16-30; 5,12; 6,8; 8,6.13;


14,3; 15,2);

e) Apontavam para Cristo e Seu Evangelho (João 20,30-31; Romanos


15,18-19).

Entendemos que os fenômenos ou acontecimentos, tidos como sinais, devem ser


submetidos à apreciação da igreja e, se aprovados, podem ser admitidos.
Entendemos, também, que os sinais constituem lampejos, no presente, do Reino já
inaugurado em Cristo, a ser estabelecido escatologicamente. [35]
No Novo Testamento está registrado que os apóstolos operavam “muitas sinais e
prodígios”, a tal ponto de causar em alguns do povo receio de estar junto a eles e
em outros grande admiração (Atos 5,12-13) Também pelas mãos de Paulo e
Barnabé se operavam sinais e prodígios (At 14,3) Paulo declara expressamente que
pregava o Evangelho no poder do Espírito Santo com manifestação de sinais,
prodígios e milagres (Romanos 15,9; 2 Coríntios 12,12).
Os termos gregos σεμειον (semeion) e εννευο (ennuo) significam sinais, prodígios
ou portentos chamando atenção para a presença de Deus no melo do povo
confirmando a palavra pregada.
Adverte-se, porém, quanto à busca errada de sinais, como aconteceu no passado
(Lucas 23,8; João 6,2), pois há sinais de engano (Mateus 24,24; Marcos 13,22; 2
Tessalonicenses 2,7.11; Apocalipse 13,13-14; 16,13-14; 19,20), e, nem todos os
sinais têm origem divina (Atos 8,9-10; 16,16). Embora incrédulos exijam sinais
(Mateus 12,38-39) e alguns necessitem deles para serem levados à fé (João 20,25),
a Palavra adverte que são bem-aventurados os que não viram e creram (João
20,29); que o, justo viverá pela fé (Gálatas 3,8.11) e que andamos por fé e não pelo
que vemos (2 Coríntios 5,7).
Note-se ainda que há grandes porções da Bíblia sem a menção de um milagre
sequer João Batista não realizou, especificamente nenhum milagre (João 10,41).
Considere- se também que o maior de todos os sinais já foi dado com a vinda, vida
e obra de Jesus Cristo (Mateus 12,38-40). Assim não se deve considerar a
manifestação de sinais como uma necessidade imprescindível para a vida e serviço
da Igreja.

8.1 CONCLUSÕES
À luz do que foi dito anteriormente, não se deve tomar uma atitude de
incredulidade quanto a sinais e prodígios, mas crer que Deus, por sua vontade
soberana e livre, em ocasião oportuna, pode operar sinais que confirmem o anúncio
de sua mensagem ou sirvam para a glorificação do Seu nome (Atos 5,1-11). Muitos
sinais espetaculares ainda [36] estão para acontecer, segundo a profecia bíblica,
especialmente a do Apocalipse. Por outro lado, deve-se cuidar para não atribuir aos
sinais valor e lugar além daquele que a Palavra lhes dá. Advirta-se que a Igreja e os
crentes estão sempre sujeitos a buscar e seguir usinais que não são de Deus, que às
vezes não passam de circunstâncias ou fenômenos naturais sobre carregados de
mistificação.
[37]

[38]
9 SEGUNDA BENÇÃO

Os participantes do Fórum Nacional tiveram posições diferentes quanto ao


conceito e ao momento de receber o batismo com o Espírito Santo, embora todos
rejeitem a expressão “segunda bênção” para definir quaisquer experiências com o
Espírito Santo. Os dois grupos apresentaram sua argumentação buscando
embasamento bíblico:

9.1 BATISMO COM O ESPIRITO SANTO NA EXPERIÊNCIA DE


SALVAÇÃO
Conceituaram batismo com o Espírito Santo como sendo a experiência histórica
única cumprida em Jerusalém, no dia de Pentecostes, confirmando as profecias de
Joel 2,28-32 e de João Batista, conforme registro de Mateus 3,11. Hoje, como
resultado do derramamento do Espirito Santo, o crente é batizado no corpo de
Cristo) mediante a ação do Espirito (Romanos 8,9). E a experiência inicial da vida
cristã. E o ato mediante o qual, quando o homem crê em Cristo como Senhor e
Salvador de sua vida, é unido ao Seu Corpo, que é a Igreja. À luz da Bíblia
declararam que batismo com o Espírito Santo é:
a) Recebimento do dom do Espírito (Atos 2,38);

b) Recebimento do selo do Espírito (Efésios 1,13);

c) Ser colocado no corpo de Cristo (1 Coríntios 12,13);

d) Ser incorporado na família de Deus (Gálatas 4,4-6);

e) Ser revestido do novo homem (Efésios 4,22-24).

Mostraram ainda que há textos em abundância que provam que o batismo com o
Espírito Santo é uma experiência já realizada em todos os cristãos (Romanos 5,5; 2
Coríntios 1,21-22; Efésios 1,13; 4,30; 1 Tessalonicenses 4,8; 1 João 2,20).
Os componentes deste grupo declararam também que o crente em Cristo pode
experimentar, após essa bênção [39] inicial e universal, outras bênçãos do Espírito
Santo, resultado do viver no Espírito (Gálatas 5,22-26) ou da plenitude do Espírito
(Efésios 5,15-21).
Afirmaram entender que batismo e plenitude são experiências diferentes. Sendo a
primeira um ato único e a segunda um ato ou processo (Atos 4,31, 13,52; Efésios
5,18). Mas nenhuma experiência tem que, necessariamente ser acompanhada de
fenômenos excepcionais, tal como falar em línguas.
Definiram plenitude do Espírito Santo como uma experiência do enchimento ou de
concessão da vida para ser guiada ou dominada pelo Espírito Santo (Efésios 5,18-
21), e como um revestimento de poder para o exercício do ministério (Atos
19,9.17; Lucas 24,49 comparado com Atos 1,8). Declararam também que plenitude
é uma experiência que tanto pode ser repetida como progressiva, uma vez que o
crente promove atitudes que invalidam ou interrompem o enchimento, que são:
a) Apagar (1 Tessalonicenses 5,19);

b) Entristecer (Efésios 4,30).

Consideraram também que tem havido uma confusão de termos que deve ser
evitada. Batismo é um termo que está ligado a ideia de iniciação, enquanto
plenitude significa enchimento e só ocorre naquele que já experimentou a
regeneração efetuada pelo mesmo Espírito. Para ter a experiência do batismo com
o Espírito Santo é necessário que a pessoa se aproprie, pela fé, da salvação
oferecida por Cristo. Para ter a experiência da plenitude, o crente é exortado a
buscá-la (Efésios 5,18). O batismo é graça, é dom; a plenitude é exigência feita ao
cristão.
Interpretaram o texto de João 20,22 como uma capacitação do Espírito concedida
aos discípulos para o serviço, semelhante à atuação comum do Espírito na antiga
dispensação.
[40]

9.2 BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO COMO SINÔNIMO DE


PLENITUDE
Os participantes deste grupo citaram o texto de João 20,22 como sendo o momento
em que os discípulos foram selados com o Espírito e Atos 2,4 como o momento em
que se tornaram cheios ou batizados com o Espírito Santo, evidenciando duas
experiências distintas. Na primeira experiência o Espírito Santo batiza o crente
colocando-o no corpo de Cristo (1 Coríntios 12,13; Efésios 1,13); na segunda, é
Jesus quem batiza com o Espírito Santo, dando poder para testemunhar (Atos 1,4-
5.8; 2,32-33; 8,14-15; 11,15; 19,6).
Participantes desse grupo defenderam que não há regra única para se ter tal
experiência. O crente apropria-se dela pela fé e por uma disposição genuína de vida
santa e submissa (Lucas 11,13; Marcos 11,14; Atos 15,8-9). Consideraram que
línguas estranhas não são evidência obrigatória desta experiência (1 Coríntios
12,7), e também consideraram o termo “segunda bênção” inadequado para defini-
la.
9.3 CONCLUSÕES
A reflexão que os participantes do Fórum Nacional fizeram deste assunto
conduziram às seguintes conclusões:
a) As duas correntes concordam que todos os crentes regenera dos por
Cristo têm o Espírito Santo;

b) Concordam também que não se deve esposar a doutrina da “segunda


bênção”, cuja evidência obrigatória é o falar em línguas, característica
dos grupos pentecostalistas, nem adotar o termo para definir quaisquer
experiências com o Espírito Santo;

c) Recomendaram o respeito mútuo entre aqueles que esposam diferentes


pensamentos a respeito da doutrina do batismo e plenitude do Espírito
Santo.

[41]

[42]
10 CURA INTERIOR

Os participantes do Fórum Nacional consideraram o assunto quanto ao seu


conceito e à sua prática. Como resultado das discussões surgiram declarações que
aclararam o conceito de cura interior e definiram procedimentos quanto à sua
prática.
Entenderam que a expressão cura interior, como tal, não aparece nas Escrituras.
Entretanto encontraram-se nelas expressões que definem certas doenças da alma, e,
por conseguinte, têm-se ensinamentos sobre a necessidade da cura de tais
enfermidades.
Declararam entender, à luz da Bíblia, que todas as pessoas têm feridas interiores,
em maior ou menor escala, das quais precisam ser curadas. Tais feridas são
provoca das por várias razões:
a) A opressão do mundo caído, que impõe ao homem certas doenças mentais
e psicológicas;

b) A herança psíquica familiar, transmitida pelas influências, imperfeições


ausência de sabedoria e discernimento na educação por parte dos pais;

c) O conflito íntimo espiritual provocado pela tendência natural para o


egocentrismo em oposição à consciência do justo (Romanos 7);

d) As influências, sugestões e agressões do mundo dos espíritos demoníacos


(Efésios 6,12).

Afirmaram que as várias tendências da alma humana — rejeição, ausência de


autoestima, medo, sentimento de culpa doentio, marcas do sexo, depressão,
traumas, lembranças indesejáveis e outras — podem ser curadas, a partir da
aceitação do Evangelho de Cristo Jesus (Isaías 61,1-2; Lucas 4,18; Mateus 11,28-
29; João 10,10), com quebra do domínio de Satanás e a tomada de posse da graça
de Deus. Mas entenderam que alguns crentes em Cristo ainda podem trazer na
alma alguma ferida, sendo necessitados de trata mento, que se lhes deve dar através
de aconselhamento [43] pastoral, leitura da Palavra de Deus, oração e dependência
do Espírito Santo.
Entenderam também que para a cura de certas doenças da alma pode-se contar com
o auxílio da ciência psicoterapêutica, que é capaz de diagnosticar a doença e em
certos casos até prover sua cura, não dispondo, porém, do remédio para curá-la,
Admitiram que a técnica da regressão consciente é recomendável para a descoberta
de causas de enfermidades da alma, ajudando o enfermo a encontrar a cura interior.
Porém advertiram quanto ao perigo da regressão com sentido místico, que algumas
seitas atribuem ao processo.
Demonstraram que há vários recursos para alcançar a cura das doenças da alma:
a) A recuperação dos relacionamentos interpessoais, mediante a confissão
dos pecados e prática do perdão (Mateus 6,14; Efésios 4,32; Tiago
5,16);

b) A confiança plena em Deus para evitar o medo e a ansiedade (Salmos


112,7; 118,6; Provérbios 29,25; Mateus 6,25-34; João 16,33; Romanos
8,15; Filipenses 4,6; 1 João 4,18);

c) A consciência do valor e propósito da vida humana para Deus (Gênesis


1,26-27; Efésios 2,10);

d) A sujeição completa a Deus, resistência a Satanás e apropriação da


armadura de Deus (Tiago 4,7; 1 Pedro 5,6-7; Efésios 6,13-17), para
eliminar toda influência, sugestão e agressão demoníaca sobre a alma;

e) A substituição das más, lembranças por louvores e pensamentos


amáveis, construtivos e saudáveis (Filipenses 4,6-7);

f) A confiança no poder de Deus para restaurar a alegria da sua salvação


(Salmos 51,10-12).

Tais recursos, quando aplicados, não só propiciam a cura como também, se


continuamente utilizados, mantêm a alma livre de novas enfermidades.
Finalmente os participantes não recomendaram os rituais de cura interior,
atualmente em moda, Pois a saúde da alma geralmente necessita de tratamento
demorado.
[44]

10.1 CONCLUSÕES
À luz das considerações acima, os participantes do Fórum Nacional admitem que a
doutrina da cura interior encontra respaldo bíblico, sendo apenas necessário que
igrejas e obreiros se atenham aos parâmetros trazidos pelas Sagradas Escrituras
para a sua realização, evitando adotar certos modismos relacionados à prática da
cura da alma. Concordaram também que não se pode menosprezar os recursos
científicos à disposição, pois são instrumentos benditos para a cura interior, quando
devidamente utilizados.
[45]
[46]
11 JEJUM

O Fórum Nacional, após considerar os assuntos especificamente relacionados pela


42ª Assembleia Geral, teve a oportunidade de considerar também o jejum, tema
enfocado por algumas regiões.
Houve posições divergentes a respeito do jejum:

11.1 FAVORÁVEIS À PRÁTICA DO JEJUM


Os componentes deste grupo apresentaram os seguintes argumentos:
O jejum deve ser visto como um instrumento de busca, consagração e humilhação.
Sua prática deve ser espontânea, seja individual ou coletivamente (Jonas 3,5).
Nunca deve ser usado como elemento de ostentação de espiritualidade, como o
próprio Jesus orientou (Mateus 6,16-18). Não deve tornar-se uma prática rotineira
ou mecânica, mas ser observado com um fim específico (Atos 13,2-3).
Argumentaram ainda que a prática do jejum é ampla mente provada nas Escrituras,
tanto no Antigo como no Novo Testamentos. Jesus jejuava, os discípulos jejuavam
e também a Igreja o fazia. Hoje ainda deve ser uma prática da Igreja. O jejum faz
parte dos ensinos de Jesus (Mateus 6,16-18) e Ele mesmo afirmou que os seus
discípulos jejuariam quando Ele não estivesse mais presente.

11.2 CONTRÁRIOS AO JEJUM


Foram apresentadas as seguintes razões para essa posição:
Na sua fase embrionária o jejum denominou-se “Dia da Expiação” (Levítico 16,29-
34; 23,26). Ele foi instituído em plena vigência da Lei como sombra de realizações
espirituais futuras que se concretizaram na dispensação da graça. É ainda um tipo
das aflições de Cristo na cruz, morrendo pelos nossos pecados (Hebreus 10,1).
Sendo assim, o ad-[47]vento do tipificado torna inútil o tipificante (Hebreus 10,8-9
Gálatas 3,25).
A prática do jejum no Novo Testamento teve lugar na instalação do ministério
terreno de Jesus (Mateus 6,16-18; Marcos 2,18-22), e ainda no período inicial da
Igreja (Atos 13,1-3; 10,30; 14,23; 2 Coríntios 6,5; 11,27).
A abordagem do jejum deve incluir um paralelo com as promessas de bênçãos
espirituais para a Igreja. O sentido do jejum cristão é claramente definido em Isaías
58,5-7. O jejum, portanto, não constitui doutrina fundamental nem prática cristã.
11.3 CONCLUSÕES
Diante das considerações feitas sobre o jejum, os participantes do Fórum Nacional
reconhecem que:
a) Há claramente ensino bíblico sobre jejum, embora alguns entendam que
sua prática não tem vigência nos dias atuais;

b) O jejum pode ser praticado pelos Congregacionais que aceitam a sua


prática como atual. Mesmo os participantes do Fórum que defenderam a
posição contrária, fizeram a concessão da prática do jejum nos nossos
dias, mas ressaltaram que tal prática não deve trazer inconveniências
doutrinárias e éticas.
[48]
12 MAÇONARIA

No momento em que o assunto “maçonaria” entrou em pauta para estudo e


reflexão por parte dos participantes do Fórum Nacional, houve proposta no sentido
de encaminhá-lo à 43ª Assembleia Geral da UIECB.
Constatada, pelos presentes, a competência deste Fo rum Nacional, não só para
discutir o assunto como para deliberar sobre ele, resolveu-se colocar a referida
proposta em discussão.
Após os estudos e discussão do conteúdo da referida proposta, resolveu-se
encaminhar o assunto “maçonaria” à 43ª Assembleia Geral, para a devida
apreciação e deliberação sobre a matéria em questão.

[49]

[50]
FORUM NACIONAL PARA DEFINIÇÃO DOUTRINARIA
Definições de termos de acordo com o “Novo Dicionário Aurélio da
Língua Portuguesa”.

01 - Fórum - Lugar para debates ou reunião para o mesmo fim.


02 - Sistematização - Ato ou efeito de sistematizar.
03 - Sistematizar - Agrupar em um corpo de doutrina.
04 - Reflexão - Ato ou efeito de refletir, meditação, contemplação; considera cão
atenta, prudência, tino, discernimento, ponderação, observação, etc.
05 - Doutrina - Conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso,
político, filosófico, científico, etc.
06 - Hermenêutica - Interpretação dos sentidos nas palavras; Interpretação dos
textos sagrados; arte de interpretar.
07 - Contemporâneo - Que é do mesmo tempo; que vive na mesma época
08 - Cânon - Regra geral de onde se inferem regras gerais; tabela; padrão; modelo,
norma; regra, etc... Referindo-se ao cânon bíblico significa a “regra” que
determinou a aceitação dos livros inspirados e a rejeição dos demais.
09 - Genérico - Respeitante a gênero, geral; tem caráter de generalidade. Opõe-se
ao específico.
10 - Simbólico - Referente a, ou que tem caráter de símbolo – alegórico,
metafórico - referentes aos formulários da fé.
11 - Exorcismo - Oração e cerimônia religiosa com que se esconjura o demônio, os
espíritos maus etc...
12 - Maldição - Ato ou efeito de amaldiçoar ou maldizer, praga, desgraça,
infortúnio, calamidade.
13 - Plenitude Qualidade ou estado pleno - Em plenitude - Em plena ou máxima
extensão, brilho, glória etc...
14 - Progressiva - Que progride; que encerra progressão que se vai realizando
gradualmente.
15 - Embrionária - Relativo ao embrião, que está em via de formação.
16 - Maçonaria - Sociedade parcialmente secreta, cujo objetivo principal é
desenvolver o princípio da fraternidade e da filantropia; combinação, acordo,
entendimento secreto entre duas ou mais pessoas.
[51]
Definições de termos bíblicos e teológicos

01 — Dom
Do grego “Charis”, graça, favor, gratidão etc... “Charisma”, presente oferecido de
boa vontade. Dom imerecido. Paulo chama de “Charisma” (um revestimento
pessoal com graça) a operação multiforme da única graça nos cristãos individuais,
mediante o único — Espírito.
02 — Curar
Do grego “Therapeuo”, sarar, curar. Na antiguidade era usado para o serviço
prestado a alguém. No Novo Testamento, mencionado 43 vezes, é usado para
“cura”. Outro termo grego.
03 — Profeta
Do grego “Profhetês”, profeta, proclamador etc... (ocorre 144 vezes no Novo
Testamento); “profhêtis”, profetisa, (ocorre 2 vezes no Novo Testamento);
04 — Língua
Do grego “Glôssa”, língua, idioma, linguagem. Paulo usa “guêne glôsson”, para
variedade de línguas em 1 Cor. 12: 10; “lalein glôsse”, para aquele que fala em
língua, em I Cor. 14:4 e “lalein glôssais”, para o falar em outras línguas, em 1 Cor.
14,5. Há outras citações do apóstolo que se assemelham a estas.
05 — Revelação
Do grego “Apokalypto”, descobrir, desvendar, revelar, revelação e manifestação
(Mt 10,26; 11,25; 16,17; Lc 2,35; 10,21; Jo 12,38; Rm 1,17-18; 8,18; 1 Cor 2,10;
3,13; Gl 1,16; 3,23; Ef 3,5; etc.). Outros termos são: “epiphaneia”, aparecimento,
revelação (2 Ts 2,8; 1 Tm 6,14; 2 Tm 4,1.8; Tt 2,13); “epiphaino”, mostrar,
aparecer (Lc 1,79; At 27,20; Tt 2,11; 3,14); “phanerosis”, revelação, manifestação
descoberta (1 Cor 12,7; 2 Cor 4,2).
06 — Visão
Do grego “Horama”, visão, coisa maravilhosa, estupenda (Mt 17,9; At 7,31; 9,10.
Hb 10,3.17.19; 11,5 etc.).
[52]

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