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RAFAEL PENTEADO MANENTE

ATIVIDADE FORMATIVA–SEMINÁRIO DE FILOSOFIA SANTO CURA D’ARS


RESENHA DOS LIVROS BÍBLICOS: PRIMEIRO E SEGUNDO LIVRO DE SAMUEL

Resenha do primeiro e segundo livro de Samuel.


Relato do último Juiz e dos primeiros dois reis de Israel.

Reitor: Pe. Frank Antônio de Almeida

SÃO PAULO
2022
Resenha dos livros bíblicos: Primeiro e Segundo Samuel.

O Primeiro Samuel conta a história desde o nascimento de Samuel, o último dos juízes, até a morte
de Saul, o primeiro rei de Israel. O Segundo Samuel, por sua vez, irá contar a história do reinado de Davi, o
maior de todos os reis de Israel.

Primeiro Livro de Samuel

O relato começa com a transição do antigo sacerdote, Eli, para o jovem profeta Samuel. No silêncio
da noite Samuel é chamado pelo Senhor, ao qual o profeta responde: “Fala, teu servo escuta” (3,10). Foi
exatamente porque Samuel primeiro escutou a Deus, que Israel escutou a Samuel, como está no em 1Sm
3,21: “E a palavra de Samuel chegou a todo o Israel”. Essa é a chave para uma efetiva evangelização,
primeiro escutar a Deus.
Naquele tempo, Israel estava cheia de corrupção, perdia muitas guerras, clamava pela ajuda de Deus
e nada mudava. Chegaram a buscar a Arca da Aliança para tentar vencer a batalha, e mesmo assim, foram
completamente dizimados pelos filisteus, os filhos de Eli morreram, a Arca da Aliança acabou sendo
capturada e o sacerdote Eli morre ao receber a notícia desses eventos. Israel estava sem esperança, tinha
perdido a glória de Deus, “foi banida a glória de Israel, pois a arca de Deus foi capturada” (4,22). O templo foi
violado e dessacralizado.
Diante deste cenário, Samuel torna-se Juiz em Israel, e o será por toda a sua vida. Consegue
recuperar a Arca da Aliança e reconduz Israel à vitória sobre seus inimigos. Nesse período, Israel pede a seu
Juiz um rei para governá-los, “assim como é em todas as outras nações”, diziam eles. Esse não era o plano de
Deus, que deveria ser o único Rei sobre a nação, mas a nação não O ouviu. O Senhor acaba permitindo que
seja feito segundo a vontade deles.
Dessa forma, foi-se escolhido Saul como rei. A história de Saul é uma história de crime e punição, o
conto de uma tragédia moral. O início de sua história é marcado por grandes vitórias e conquistas militares,
mas logo isso muda quando Saul sente inveja de Davi e começa a se entreter com o oculto. O profeta
Samuel, por sua vez, renuncia o cargo de Juiz e adverte novamente ao povo sobre o mal que fizeram ao
escolherem um rei para si, lembra-os da importância de permanecer junto ao Senhor, de não se desviarem
do caminho seguindo ídolos vãos e critica duramente algumas ações de Saul no início de seu reinado.
Com o tempo, o reinado de Saul fica marcado por grandes vitórias militares, mas, ao mesmo tempo,
por muitas desobediências a Deus. Em um momento final, Saul é repreendido e pelo profeta Samuel: “Assim
o Senhor arrancou de ti hoje o reinado sobre Israel e o deu a outro melhor que tu”, diz Samuel.
O profeta, então, pôs-se a buscar um novo rei. Davi é o escolhido e ungido na frente de toda a sua
família, a casa de Jessé em Belém. Davi serve como um músico no reinado de Saul. Após derrotar Golias,
ganha grande respeito, assume novas responsabilidades e tem êxito em todas as suas expedições. Em pouco
tempo, Davi desperta a inveja do rei Saul. Movido por medo e ódio, Saul chega a tentar eliminar Davi, mas
sempre sem sucesso. Eventualmente, o filho de Saul, Jônatas, irá intervir em favor de Davi e o ajuda a fugir.
O profeta Samuel morre pouco tempo depois e todo o Israel se reuniu para seu funeral. Davi, por sua
vez, vive como um fugitivo. Chega a reunir um grande grupo de homens que o seguem, mas ainda é
atormentado pela perseguição de Saul. Em um dado momento, essa perseguição termina, ambos se
encontram e Davi derrota Saul, mas não o mata. Esse ato de misericórdia faz com que Saul aceite que Davi é
o escolhido do Senhor para reinar sobre Israel. Em pouco tempo, contudo, Saul irá novamente tentar matar
Davi em diversas ocasiões. A sua obsessão o conduz a consultar necromantes e adivinhos, buscando falar
com o espírito de Samuel.
Durante a Batalha de Gelboé, os filisteus atacam Israel. Saul está gravemente ferido, seus filhos
morrem lutando. Ao ver os inimigos se aproximando, agarra uma espada e atirou-se sobre ela, tirando a
própria vida. Assim termina a história de Saul e o Primeiro Livro de Samuel.
Segundo Livro de Samuel

A história de Davi é uma história de glória. É o grande modelo de Rei, sob o qual todos os próximos
Reis de Israel serão julgados. Davi é um dos principais tipos do Antigo Testamento que simbolizam e
prefiguram Cristo. Especificamente, simboliza Cristo Rei, dentro dos três tipos de Cristo: Rei, Profeta e
Sacerdote.
O segundo livro de Samuel é tanto um relato histórico como biográfico, pois o destino da nação de
Israel está diretamente relacionado com o de Davi. O sucesso espiritual de Davi, traz benções de Deus não só
em sua vida privada, mas também na vida da nação. E o fracasso espiritual de Davi, necessariamente leva a
justiça de Deus sobre ele, sua família e sua nação.
O livro começa com o anúncio da morte de Saul e seu filho, Jônatas, a Davi. Naquele momento
somente a casa de Judá seguia Davi. Houve, então, uma guerra entre a casa de Saul e a casa de Davi. Por
saber ouvir o Senhor e não se render a sentimento de vingança e ambições, a casa de Davi se fortificava e
crescia. Em pouco tempo, Davi consegue unir todas as tribos e é ungido rei de Israel. Reinará sobre toda a
nação por quarenta anos.
Um dos primeiros feitos do reinado de Davi foi o transporte da Arca da Aliança para Jerusalém. Foi
construído um grande templo para ela, muitas músicas, danças e holocaustos foram oferecidos nesse dia.
Em seguida, o profeta Natã faz uma longa profecia de muitas graças que o Senhor derramará sobre esse
reinado, dentre elas, Natã anuncia: “E o Senhor te anuncia que ele, o Senhor, fará uma casa para ti! Quando
teus dias se completarem e repousares com teus pais, suscitarei um descendente teu para te suceder e eu te
firmarei o seu reino. Ele constituirá uma casa para o meu nome, e eu firmarei o trono de seu reino para
sempre. Eu serei para ele pai e ele será para mim filho.” (7,11 – 14).
Assim, o reinado segue prosperando, vencendo as batalhas e reerguendo Israel, pois “o Senhor dava
êxito a Davi em tudo quanto prosseguisse” (8,14). Intrigas, contudo, se iniciam quando Davi se deita com
Betsabeia, esposa de Urias. Ela engravida enquanto Urias lutava na guerra contra os amonitas. Sem
conseguir encobertar seu adultério, Davi ordena que Urias seja mandado para o local mais perigoso da
guerra, para que lá seja abatido. Seu plano funciona, Urias morre em batalha e Davi toma Betsabeia como
esposa.
Diante disso, o profeta Natã visita Davi, o censura duramente, além de alertar que ele se afastou da
benção do Senhor e que um mal surgirá contra ele e sua casa. Por isso, o filho de Davi que nasceu de
Betsabeia, morrerá. Davi implora perdão a Deus, faz intensos jejuns e prostra-se em oração durante dias. No
sétimo dia, contudo, a criança morreu. Eventualmente, Davi terá outro filho com Betsabeia e ele se chamará
Salomão. “E o Senhor o amou” (12,24).
Alguns males ainda irão cair sobre a casa de Davi, desde homicídios até incesto, tudo entre seus
próprios filhos, sua família. Outros males, irão afetar a nação e seu reinado, como traições e perda de
batalhas. Ao longo do tempo, todavia, conforme Davi agia com justiça e misericórdia nas situações que lhe
eram apresentadas, ele irá reconquistar o favor do Senhor.
Atento a voz de Deus, Davi consegue retomar um reinado que é obediente ao Senhor e aberto à
Providência Divina. Em consequência, Deus irá proteger Israel em diversas dificuldades e Davi, já debilitado
pela sua idade e reconhecendo sua fraqueza, irá escrever, em agradecimento, um grande salmo louvando ao
Senhor por seus feitos. “Por isto, eu te louvo, ó Senhor, em meio às nações, e ao teu nome canto louvores:
‘Ele engrandece o êxito de seu rei e faz misericórdia a Davi, seu ungido, e à sua descendência eternamente’”
(22,50-51).
No último momento relatado no Segundo Livro de Samuel, Davi se encontra em uma difícil situação
para libertar Israel de uma praga que matara milhares da nação. É interessante perceber que, para recuperar
plenamente a amizade do Senhor com seu povo, Davi precisa reconhecer e declarar: “Fui eu que pequei, eu
cometi a iniquidade! Mas estes, o rebanho, que fizeram? Peço-te que a tua mão se volte contra mim e contra
a casa de meu pai” (24,17). Em seguida, constrói um altar para o Senhor e oferece holocaustos e sacrifícios.
Ou seja, ele se reconhece pecador, assume a punição por seus pecados e direciona a esperança de salvação
do povo para Deus, não para si. Dessa forma, Davi retoma a verdadeira figura de um justo rei de Israel: um
homem que escuta ao Senhor. Diferente do final de Saul, Davi se arrepende. Ele se consciente de sua
fraqueza, mas muito mais consciente da força e da misericórdia do Senhor.

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