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Disciplina: Direito Processual Civil

Professor: Murilo Sechieri


Aula: 44| Data: 23/05/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PROCESSO DE CONHECIMENTO
10. Coisa Julgada

PROCESSO DE CONHECIMENTO

10. Coisa Julgada


(Arts. 502 a 508, CPC)

 Espécies de Coisa Julgada – Continuação.

A) Coisa Julgada Formal: vista na aula anterior.


B) Coisa Julgada Material/Propriamente Dita: é a imutabilidade da decisão dentro e fora do processo em que ela
foi proferida; é fenômeno típico das decisões de mérito.

Para alguns processualistas, existe mais uma espécie possível:

C) Coisa Julgada Soberana/Soberanamente Julgada: é o que se verifica quando se esgota o prazo para ajuizamento
da ação rescisória.

 Hipóteses em que a Decisão de Mérito Não faz Coisa Julgada

Vejamos os casos mais importantes:

i- As decisões que dizem respeito a relações jurídicas continuativas (de trato sucessivo), que podem ser objeto de
ação revisional sempre que houver alteração na situação de fato ou de direito que existia ao tempo de sua prolação.

Exs.: alimentos quanto à alteração da capacidade de um e necessidade do outro; guarda; visitas; aluguéis.

ii- Ações coletivas/de natureza coletiva (em sentido amplo), quando houver improcedência por falta ou insuficiência
de provas (poderão ser reajuizadas caso surja prova nova). – É a chamada coisa julgada secundum eventum
litis/probationem (de acordo com a sorte da lide/da prova).

Exs.: Ação Civil Pública, Ação Popular, Ação de Improbidade Administrativa.

Limites da Coisa Julgada

 Dois enfoques:

A) Limites Subjetivos – Para quem a decisão se torna indiscutível? R.: Regra do art. 506, do CPC – a decisão faz coisa
julgada entre as partes às quais é dada, não prejudicando terceiros.

EXTENSIVO REGULAR
CARREIRAS JURÍDICAS
Damásio Educacional
Ex.: discussão sobre a propriedade do celular entre autor e réu – entre eles vale a imutabilidade. Porém, se aparecer
um terceiro, dizendo ser seu o celular, contra ele não há coisa julgada.

Obs.: A coisa julgada pode beneficiar sujeitos que não participaram do processo (não pode prejudicar apenas). Ex.:
art. 103, do CDC.

Obs.2 - que parece ser exceção, mas não é: nos casos em que houver legitimação extraordinária /substituição
processual, são considerados partes tanto o substituto quanto o substituído e, por isso, ambos ficam vinculados à
coisa julgada. - Ex.: de um condômino que propôs e perdeu, estende-se ao outro condômino; Deve-se lembrar da
assistência litisconsorcial (porque a coisa julgada o atingirá).

Obs.3: no NCPC não foi repetida a regra de que nas ações de estado (da pessoa natural) a decisão faz coisa julgada
erga omnes (contra todos), mas é conclusão lógica. – Exs.: na decretação do divórcio, as partes estão divorciadas
perante todos; na declaração de paternidade quando se vincula aos demais parentes ainda que estes não tenham
participado do processo.

B) Limites Objetivos – O que se torna imutável? R.: apenas aquilo que foi decidido na sua parte dispositiva, em regra.

Exceção – art. 503, parágrafos 1º e 2º, do CPC: a resolução da questão prejudicial feita incidentalmente no processo
faz coisa julgada, desde que, se:

a- a solução do mérito dependia dessa decisão (na ação de alimentos é ser ou não ser pai);
b- sobre a questão tenha havido efetivo contraditório (não se aplica em caso de revelia);
c- o juízo tenha competência em razão da matéria e da pessoa para decidir a questão como principal (ex.: se o juiz
cível reconhece a união estável entre as partes na revisional de aluguel –> o juízo da família era o competente para
tanto);
d-no processo não tenha havido restrição probatória ou limitação da cognição do juiz que impedissem o
aprofundamento da análise da questão prejudicial (ex.: na ação de alimentos gravídicos, há uma cognição
superficial. Pode ser procedente por indícios, por exemplo).

Obs. - art. 935, do CC: Embora sejam independentes responsabilidade civil e criminal, não se admite que sejam
discutidas no cível autoria e materialidade do fato, quando essas matérias já estiverem decididas no juízo criminal.
(Trata-se de hipótese em que a fundamentação da sentença penal fica sujeita à imutabilidade; só se aplica em
relação a quem foi réu no processo crime).

Obs. do art. 508, do CPC – Eficácia Preclusiva da Coisa Julgada/Princípio do Deduzido e Dedutível: com a coisa
julgada presumem-se arguidas e rejeitadas todas as alegações que poderiam ter sido feitas pelo autor para o
acolhimento do pedido ou pelo réu, para sua rejeição; o que foi dito e o que poderia ter sido ficam acobertados
pela coisa julgada e não podem ser discutidos em outro processo (trata-se de consequência do Princípio da
Eventualidade).

Ex.: na ação de cobrança que só se alegou prescrição (nem se mencionou pagamento), o juiz julgou procedente a
ação por não haver prescrição (neste caso, embora a matéria pagamento não tenha sido alegada, foi acobertada
pela eficácia preclusiva).

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