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Instância

A instância inicia-se com a propositura da ação. Após citado o Réu a instância deve-se
manter estável quantos às partes, ao pedido e à causa de pedir.

Efeitos da citação (564º):

1. Faz cessar a boa-fé do possuidor;


2. Torna estáveis os elementos da causa;
3. Inibe o Réu de propor contra o autor ação destinada à apreciação da mesma questão
jurídica;

O princípio da estabilidade da instância diz-nos que após a citação do Réu, não podem
ser modificados os elementos essenciais da causa: as partes, o pedido e a causa de pedir.

Excepções ao princípio da estabilidade da instância:

1. Modificações da instância quanto aos sujeitos


2. Modificação subjectiva por substituição das partes ou intervenção de terceiros
3. Modificação subjectiva por substituição do transmitente pelo adquirente
4. Modificações da instância quanto ao objecto
5. Modificação em virtude de pedido reconvencional
6. Modificação em virtude de apensação de ações

Modificações da instância quanto aos sujeitos

Pode-se falar de modificação subjectiva da instância quando se verifica uma mudança


substancial da parte, quando uma pessoa é substituída por outra, ou acrescida de outra.

Até ao trânsito em julgado da decisão que julgue ilegítima alguma das partes por não
estar em juízo determinada pessoa pode chamá-lo a juízo através da figura da intervenção
provocada (316º/nº1), seja como seu associado seja como associado da parte contrária.

Agora circunscrevemo-nos à situação de litisconsórcio necessário.

Apenas na situação de litisconsórcio necessário pode ocorrer ilegitimidade de algma


das partes por não estar em juízo determinada pessoa. O âmbito de aplicação do art.261º é
mais restrito que o âmbito de aplicação do art.316º, pois enquanto o art.316º prevê direito a
intervir aos sujeitos nas situações aí elencadas, o art.261º apenas possibilita ao autor chamar a
intervir pessoa cuja ausência da ação tenha como consequência a ilegitimidade, quer do
próprio autor quer do réu.
Trata-se de situações em que a relação processual for irregularmente constituída, e
que impede o juiz de se pronunciar sobre a matéria litigiosa. A intervenção pode ser feita até
ao trânsito em julgado.

Modificação subjectiva por substituição das partes ou


intervenção de terceiros -262º

Este tipo de modificação diz respeito a dois tipos de situações: o 1º alude à


substituição de uma ou ambas as partes por sucessão ou acto inter vivos e o 2º tipo refere-se
ao incidente de intervenção de terceiros.

A substituição das partes pode ocorrer por falecimento de pessoas físicas, a extinção
de pessoas colectivas, um ato de transmissão inter vivos. A substituição de uma pessoa por
outra no processo não ocorre automaticamente enquanto efeito da substituição na relação
jurídica substantiva.

No caso de morte ou extinção de uma pessoa, a modificação opera-se através do


incidente de habilitação – arts.351º e ss, 269º/nº1 a), 270º e 276º/nº1 a).

No caso de transmissão por acto inter vivos a modificação opera-se através do


incidente de habilitação dos arts.263º e 356º.

Nos casos de intervenção de terceiros estes estão previstos no art.311º e ss.

Modificação subjectiva por substituição do transmitente pelo


adquirente - 263º

Esta modificação é facultativa, podendo o processo continuar com o transmitente,


uma vez que este continua a ter legitimidade para a causa, enquanto o adquirente não for
admitido a substituí-lo através de habilitação.

Se não se efectuar a substituição da parte no processo, a sentença produz efeitos em


relação ao adquirente ou cessionário ainda que este não tenha tido intervenção no processo.
Deste modo ainda que a relação substantiva já não lhe diga respeito, por ter transferido o seu
direito para outro, o transmitente pode promover o impulso processual da lide, reportando-se
os efeitos desta ao adquirente.

Contudo, o adquirente pode ocupar a posição do transmitente na lide através do


incidente de habilitação – art.356º - sendo esta admitida mediante acordo da parte contrária.

Modificações Objectivas da Instância – arts.264º e 265º

A alteração do pedido e da causa de pedir pode ser feita por acordo das partes, mas
também pode ocorrer na falta de acordo.
O legislador coloca duas ordens de obstáculos à modificação do pedido e da causa de
pedir, independentemente de haver ou não acordo entre as partes:

1. A 1ª é a de que a alteração apenas pode ocorrer nos tribunais de 1ª e 2ª instância


e não no STJ;
2. A 2ª é a de que a alteração não pode ser admitida se perturbar
inconvenientemente a instrução, discussão e julgamento do pleito;

Quanto à alteração do pedido vigora a regra de que o Autor pode alterá-lo até ao fim
da discussão em 1ªinstância, desde que seja consequência ou desenvolvimento do pedido
primitivo, por conseguinte, ter origem comum em causas de pedir semelhantes.

Modificação em virtude de pedido reconvencional - art.266º

Se o pedido reconvencional envolver outros sujeitos que, de acordo com os critérios


gerais se possam associar ao reconvinte ou ao reconvindo, pode o Réu suscitar a respectiva
intervenção.

Mas se não se tratar de litisconsórcio necessário, o tribunal pode entender que ainda
que verificados os requisitos da reconvenção há inconveniente grave na instrução, discussão e
julgamento conjuntos determinará a absolvição da instância quanto ao pedido reconvencional
de quem não é parte primitiva na causa.

Modificação em virtude de apensação de ações - art.267º

Se forem propostas separadamente ações, que por se verificarem os pressupostos de


admissibilidade do litisconsórcio (35º), da coligação (36º e 37º), da oposição (333º), da
reconvenção (266º) ou da cumulação de pedidos (art.555º) pudessem ser reunidas num único
processo, será ordenada a junção delas, a requerimento de qualquer parte com interesse
atendível na junção, ainda que pendam em tribunais diferentes, salvo se existir razão especial
que torne inconveniente a apensação.

Através desta figura, para além de economicidade processual, logra-se a uniformidade


de julgamento relativamente às várias questões idênticas colocadas nas ações apensadas.

A apensação só é facultada quando entre as ações a apensar exista a conexão que


permita que os vários pedidos pudessem ter sido formulados inicialmente numa mesma ação,
quer em resultado de cumulação de pedidos quer por coligação de autores ou réus.

Qualquer das partes desde que tenha interesse atendível pode apresentar o
requerimento de apensação, este é admissível a todo o tempo, mas impõe-se que nenhum dos
processos tenha passado da fase de discussão e julgamento da causa, cabendo ao juiz decidir
da oportunidade de apensação, quando as causas se encontrarem em fases processuais
diferentes.
Suspensão da Instância – arts.269º a 276º
A suspensão da instância ocorre quando determinado evento, normalmente
independente da vontade das partes, a coloca fora de andamento, com o efeito de apenas se
poderem praticar os atos destinados a evitar o dano irreparável.

Casos de suspensão da instância:

1. Falecimento ou extinção de uma das partes, excepto o caso da soc. Comercial art.162º
CSC;
2. Falecimento de advogado ou se este ficar impossibilitado nos processos em que é
obrigatória a sua constituição;
3. Falecimento do representante legal do incapaz, salvo se houver mandatária judicial
constituído;
4. Por decisão do próprio tribunal;
5. Por acordo das partes desde que por um período inferior a 3 meses;
6. Quando a lei especialmente o determinar;

Extinção da Instância – art.277º


A instância extingue-se pelas formas seguintes:

a) Julgamento;
b) Compromisso Arbitral;
c) Deserção;
d) Desistência, confissão ou transação;
e) Inutilidade ou impossibilidade superveniente da lide;

Julgamento -art.278º e 279º

O julgamento enquanto pronúncia de uma decisão pela qual se coloca termo ao


processo, pode-se suceder que a decisão tome conhecimento do mérito do pedido ou pode
abster-se de conhecer do mérito do pedido.

Em qualquer dos casos a decisão extingue a instância, mas no primeiro caso a instância
desenvolveu-se na sua completude enquanto que no segundo caso a decisão deu-se num
momento prematuro, devido à falta de qualquer pressuposto processual.

O não conhecimento do mérito do pedido origina a absolvição do réu da instância, mas


esta não obsta a que proponha nova ação sobre o mesmo objecto.

Compromisso Arbitral – art.280º

A convenção de arbitragem toma a designação de cláusula compromissória. A lei


faculta em qualquer estado da causa a possibilidade de as partes acordarem em submeter a
decisão a um ou mais árbitros da sua eleição. Sendo o compromisso julgado válido este conduz
à extinção da instância.

Deserção da instância e dos recursos – art.281º

A deserção da instância consiste na paralisação ou abandono do processo por um


determinado período de tempo. A instância considera-se deserta quano por negligência da
parte que deveria promover o processo se encontre a aguardar impulso por período igual a
seis meses.

Desistência, confissão ou transação – art.283º a 291º

Desistência – existem dois tipos de desistência: a do pedido e a da instância. A 1ª


extingue o direito que se pretendia valer enquanto que a 2ª apenas faz cessar o processo que
se instaurara.

A desistência da instância é livre enquanto não for apresentada contestação, após a


contestação a desistência exige o acordo do réu. A desistência do pedido é livre, mas não
prejudica a reconvenção.

Confissão e Transação podem-se verificar a qualquer estado da instância e podem


modificar o podido ou fazer cessar a causa nos termos acordados.

Inutilidade ou impossibilidade superveniente da lide

Se por facto posterior à propositura da ação a lide se torne inútil ou impossível deve o
juiz declarar verificada a extinção da instância sem qualquer necessidade de condenação ou
absolvição das partes.

Incidentes da Instância

Os incidentes da instância são ocorrências estranhas ao normal desenvolvimento da


lide e originam processos próprios e autónomos do principal, destinados a resolver questões
secundárias, distintas da ação principal, mas conexos pela influência que têm na solução da
relação jurídica processual e até na materialidade do litígio.

Tipos de incidentes:

1. Verificação do valor da causa – art.296º e 310º


O valor da causa é a sua utilidade sob o ponto de vista económico, i.e., enquanto suscetível
de avaliação pecuniária. A toda a causa é atribuído um valor certo que exprime a utilidade
económica do pedido.
A regra geral é a de que o valor da causa corresponde ao da quantia pedida na ação,
nos casos em que se pretende obter benefício diverso, o valor da causa é a quantia em
dinheiro equivalente a esse benefício.

Existe, porém, regras especiais ver arts.298º a 304º. O art.307º prevê a hipótese de u
incidente ter valor distinto do valor da causa.

O autor deve indicar na pi o valor da causa (552º/nº1), na falta de indicação deve o


autor ser convidado a indicá-la sob cominação de extinção da instância (305º). O réu pode
impugnar o valor indicado na pi, contanto que ofereça outro valor.

Compete ao juiz determinar o valor da causa no despacho saneador, salvo nos casos
do art.299º/nº4 ex vis do art.306º.

Quando se apure por decisão definitiva do incidente de verificação do valor da causa,


pode suceder que o tribunal seja incompetente, nessa situação devem os autos ser
oficiosamente remetidos ao tribunal competente.

2. Intervenção de terceiros

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