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RESUMÃO – INTRODUÇÃO ÀS CIÊNCIAS AGRÁRIAS – 1ª NAP

Docente: D.Sc. Márcia Alessandra Brito de Aviz dos Santos

DOMESTICAÇÃO DAS PLANTAS E ANIMAIS E O DESENVOLVIMENTO DA


SOCIEDADE

PORQUE ESTUDAR A ORIGEM E DOMESTICAÇÃO DAS PLANTAS?

Satisfazer a curiosidade intelectual; Entender melhor a evolução e vê-la em ação;


Compreender como a biodiversidade é transformada em recursos genéticos; Entender
a estrutura da diversidade genética observada em plantas cultivadas; Identificar regiões
geográficas onde se possa coletar e conservar in situ; Identificar regiões geográficas
que poderão ter novos cultivos; Entender os limites do melhoramento genético e
biotecnologia; Para entender melhor a ecologia histórica do Homo sapiens.

PLANTAS CULTIVADAS: DEFINIÇÃO

Definições de cultivar (Dicionário Aurélio)

1. Fertilizar (a terra) pelo trabalho; 2. Dar condições para o nascimento e


desenvolvimento da planta; 3. Aplicar-se ou dedicar-se a; 4. Procurar manter ou
conservar; 5. Formar, educar ou desenvolver pelo estudo, pelo exercício; 6. Exercer
agricultura; 7. Formar-se por educação, adquirir cultura.

Ato de cultivar plantas requer energia e conhecimento – é um ato consciente. A energia


e o conhecimento transformam o ambiente no qual a planta cresce. A modificação no
ambiente favorece a produção de uma planta cultivada.

O QUE É DOMESTICAÇÃO? 

Definição de domesticar (Dicionário Aurélio):

1. Tornar doméstico; 2. Amansar, domar.

Domesticação é um processo que transforma algo silvestre em algo familiar, próprio


para o uso humano;

Harlan (1975) – introduz a palavra genética na definição, com a implicação de que a


domesticação é um processo evolutivo que transforma o genótipo do individuo ou
população;

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Darwin (1872) conceito de evolução com estudo de domesticação de plantas e animais
criados;

Domesticação é um processo evolucionário chamado de coevolução (evolução


simultânea de duas ou mais espécies que têm um relacionamento ecológico próximo).

DOMESTICAÇÃO DAS PLANTAS - SÍNTESE

A domesticação é um processo evolucionário conduzido pelo homem visando adaptar


plantas e animais às necessidades humanas.

Plantas domesticadas são geneticamente distintas de seus progenitores selvagens.

Uma espécie totalmente domesticada é completamente dependente do homem para


sua sobrevivência, não conseguindo se reproduzir na natureza sem a intervenção
humana.

CARACTERÍSTICAS DAS PLANTAS DOMESTICADAS

As espécies domesticadas apresentam uma série de modificações morfológicas


quando comparadas com seus ancestrais selvagens.

Harlan (1992) chamou estas mudanças de “Síndrome da Domesticação”.

Modificações são: Perda de dormência (período que a semente leva até a sua
germinação); aumento do tamanho de frutos (graviola) e sementes; mecanismos de
dispersão ineficientes, hábito de crescimento mais compacto (mamão); maior
uniformidade (frutos de tamanhos iguais); redução de substâncias tóxicas; aumento do
número de sementes por inflorescência; etc.

GRAUS DE MUDANÇAS – PLANTAS

1. SELVAGEM: População natural cujos genótipos e fenótipos não foram modificados


pela intervenção humana; ex.: jatropha, camapú.

2. INCIDENTALMENTE CO-EVOLUÍDA: População que se adapta ao ambiente


modificado pelo homem, porém sem seleção humana - Plantas daninhas (potencial
para a domesticação em caso de seleção e manejo); ex.: jurubeba, urtiga.

3. DOMESTICAÇÃO INCIPIENTE: População que foi modificada por intervenção e


seleção humana, mas cujo fenótipo ainda se encontra na magnitude da variação
encontrada na população selvagem para a característica submetida à seleção;

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4. SEMI-DOMESTICADA: População modificada por intervenção e seleção humana;

5. DOMESTICADA: População de plantas cuja adaptabilidade ecológica foi reduzida ao


ponto em que ela só consegue sobreviver em ambientes criados pelo homem,
especialmente em ambientes cultivados.

PLANTAS DOMESTICADAS

O MILHO (Zea mays)

Melhor exemplo das modificações ocorridas durante a domesticação.

Domesticado no Sul do México: 7.000 anos

Quando comparado com o teosinto, uma espécie ancestral, o milho apresenta


crescimento mais compacto e maior dificuldade na dispersão natural, pois os grãos
estão aderidos ao sabugo e são envolvidos por palha.

PRINCIPAIS PROCESSOS EVOLUTIVOS DOMESTICAÇÃO DE PLANTAS

Os principais processos evolutivos são:

MUTAÇÃO:

É um dos fatores evolutivos que geram variabilidade genética, definida como qualquer
alteração na sequência de nucleotídeos, bem como na estrutura e número de
cromossomos (FUTUYMA, 2006). Ex.: trigo, arroz, milho.

HIBRIDAÇÃO:

Definida como acasalamento natural entre indivíduos de duas ou mais populações, é


um dos eventos de maior importância evolutiva (ARNOLD, 2004).

Exemplo: Algodão tetraplóide (4n) (Gossypium hirsutum e G. barbadense), formado a


partir do cruzamento de uma espécie diplóide (2n) (genoma A) originária da Ásia com
outra espécie diplóide (genoma D) originária do novo mundo (KIMBER, 1961).

DISPERSÃO, MIGRAÇÃO E COLONIZAÇÃO:

Constitui em dois importantes fenômenos, a migração e a colonização (HAMARICK &


NASON, 1996). Esses fatores contribuem: Ocorrência de fluxo gênico, hibridação,
deriva genética e seleção natural favorece o processo de adaptação e especiação. Ex.:
batata, abacate, feijão.

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SELEÇÃO:

É a ação natural ou artificial exercida em uma determinada população capaz de alterar


suas frequências alélicas (par de alelos) pelo fato de apenas alguns indivíduos
contribuírem para a formação das gerações seguintes (FALCONER, 1987). Ex.:
tomate.

DERIVA GENÉTICA:

Definida como a imprevisibilidade de variação nas frequências alélicas em uma


população de tamanho reduzido, pode ocorrer tanto em populações naturais quanto em
espécies cultivadas (FUTUYMA, 2006).

FATORES PARA A DOMESTICAÇÃO DE PLANTAS & ANIMAIS

Ancestrais selvagens comestíveis; Altas colheitas; Crescimento rápido e colheita fácil;


armazenamento; Sistema de acasalamento; Poucas mudanças a partir do ancestral
selvagem.

CONSIDERAÇÕES FINAS

A origem e domesticação das plantas estão diretamente relacionadas com os


processos evolutivos;

Mutação; Hibridação; Migração; Seleção; Deriva Genética

Atuado no sentindo de manter, aumentar ou mesmo diminuir a diversidade genética


das espécies cultivadas.

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DOMESTICAÇÃO ANIMAL

A domesticação de animais/plantas é um processo utilizado desde a pré-história;

Seleção e adaptação de certos seres vivos, considerados úteis para suprir


necessidades humanas, ex. a alimentação;

Domesticação consiste numa relação ecológica do tipo esclavagismo;

Ao longo de milhares de anos, esse processo acarretou modificações em várias


características originais dos seres vivos domesticados, chegando em muitos casos ao
desenvolvimento de dezenas de raças, como os cães e gatos.

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EXEMPLOS DE ANIMAIS DOMÉSTICOS

CONCEITO DE ANIMAL DOMESTICO

Animal criado e reproduzido pelo homem. Necessita de intervenção humana para


sobreviver, além disso, perpetua condições através de gerações por hereditariedade,
oferecendo utilidades e prestando serviços em mansidão;

A característica principal do animal doméstico, ou diferença entre este e o animal não


doméstico “é a perpetuidade de sua condição, através de gerações, hereditariamente”.

ENTRAVES NO PROCESSO DE DOMESTICAÇÃO

 A domesticação acompanha a História da civilização, sendo benéfica para o


desenvolvimento da mesma;

Extremamente prejudicial à natureza e à ecologia, já que, em contraste com a seleção


natural, a domesticação provoca uma seleção artificial de alguns seres vivos em
detrimento de outros que o ser humano procura eliminar por considerar hostis à sua
sobrevivência.

A domesticação, desse modo é um fator de redução da biodiversidade.

A monocultura – ocasiona a diminuição da biodiversidade pela redução dos habitats e


pelo desequilíbrio no ecossistema. O habitat e os alimentos de animais selvagens são
dessa forma destruídos.

A DOMESTICAÇÃO – é o ato de tornar doméstico os animais selvagens.

Processo: Mesmo tempo benéfico e maléfico ao ser humano, pois este também sofre
as consequências de problemas ambientais gerados pela domesticação em grande
escala.

ALTERAÇÕES NO COMPORTAMENTO

O tipo de comportamento que mais visivelmente se altera com a domesticação é o


comportamento sexual.

Comportamento sexual: Mais importante para a perpetuação da espécie e o mais


complexo. Animais domesticados tendem a ser menos seletivos quanto a seus
parceiros sexuais. Este efeito é chamado de vulgarização sexual, e é resultado de
diversos fatores, entre eles a mudança de ambiente (LORENZ, 2002).

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É visível no animal domesticado a perda de certas características físicas, como o
crescimento de pelos. A perda de tais características não é necessariamente genética,
pois essas características são reguladas por hormônios.

Há também uma degradação no cuidado com os filhotes, tendendo do excesso de


proteção ao excesso de agressividade ou descaso. Certos pássaros domesticados
literalmente sufocam seus filhotes tentando protegê-los de um ambiente
potencialmente hostil (LORENZ, 2002).

Indivíduos domesticados ou criados em ambientes de domesticação tendem a ferir


sistematicamente um ao outro, mesmo fora do período de procriação, causando lesões
ou morte. Causa: estresse.

Adquirem comportamentos obsessivos, muitas vezes ferindo a si mesmos, o que é


chamado de automutilação.

Condições inadequadas de vida.

Solidão, ansiedade.

Perda de companheiro (animais monogâmicos: araras e pinguins): mudança de


ambiente.

Presença de animais predadores no mesmo ambiente e abandono do tratador.

ATRIBUTOS DOS ANIMAIS DOMESTICOS

Sociabilidade;

Mansidão;

Fertilidade em cativeiro;

Funções Especializadas;

Facilidade de adaptação ambienta;

PROCESSOS DE DOMESTICAÇÃO

1ª Fase: CATIVEIRO

É a fase inicial da domesticação, quando o homem mantém o animal preso,


eventualmente utilizando-o para um fim. É o caso dos animais silvestres mantidos

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engaiolados como material de estudo ou de embelezamento ou para satisfazer a
curiosidade visual humana: aves e mamíferos dos parques e jardins zoológicos.

2ª Fase: AMANSAMENTO

Esta segunda fase é a de amansamento, mansidão ou domação, em que o animal


convive pacificamente com o homem, prestando utilidade ou alguma forma de serviço.

3ª Fase: DOMESTICIDADE PROPRIAMENTE DITA

Última e definitiva fase, que constitui o estado pleno de domesticidade, vem a ser o
estado de simbiose (troca mútua de algum benefício) na qual se acham os animais
domésticos e o homem. A domesticação é o ato de tornar domésticos os animais
selvagens. O animal domesticado torna-se dependente do criador.

No estado de domesticação os animais vivem voluntariamente presos ou quase, são


naturalmente mansos e prestam serviços de tal modo que sem eles, impossível seria a
vida do homem civilizado.

MOTIVOS DA DOMESTICAÇÃO – ANIMAIS - CONSIDERAÇÕES FINAIS

1 - Alimentação

2 - Sobrevivência ambiental - perpetuação das Espécies

3 - Aproveitamento da força motriz, carne, pele e outros produtos de interesse


econômico.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL

O QUE CARACTERIZA A AÇÃO ÉTICA DE UMA MANEIRA GERAL?

Ação deve ter compromisso muito forte com o bem e a justiça coletivas.

O QUE É UMA BOA AÇÃO? É uma ação ética, de justiça coletiva.

Antiético: leviano, fofoqueiro, preconceituoso quanto à conduta alheia.

O que é bom para a minha pessoa é necessariamente bom para o outro?

Como poderei ser justo se não tenho a certeza de como ser bom?

DEFINIÇÃO DE ÉTICA E MORAL

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Ética: Pode ser definida como o estudo da conduta humana em relação aos valores. É
fazer a coisa certa pelo bem comum.

Moral: Está fortemente atrelada aos valores

EXEMPLOS: VALORES MORAIS DA SOCIEDADE

-Fidelidade – relacionamentos, trabalho, amigos, família, estudos, coletividade.

-Liberdade – todos querem ser livres, mas nem todos concedem liberdade a outrem.

-Igualdade – nem prevalecer, tampouco prejudicar alguém. Justiça.

-Matrimônio

-Honestidade – mentiras, justiça.

-Valorização do Trabalho

-Prioridade no cuidado com crianças, doentes e idosos.

ÉTICA PROFISSIONAL

A ética se distingue da moral. A moral, propriamente dita, é a moral teórica, um


conceito maior, um horizonte mais amplo. A ética é a moral prática, isto é, as questões
práticas, do dia-a-dia dos profissionais, são julgadas pela ética.

Moral = teoria, valores

Ética = moral prática

DEFINIÇÃO - ÉTICA PROFISSIONAL

“Ética profissional é o conjunto de princípios que regem a conduta funcional de uma


determinada profissão.”

Cada profissão, porém, exige de quem a exerce, além dos princípios éticos comuns a
todos os homens, procedimento ético de acordo com a sua profissão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os valores morais são relativos e variam de acordo com a história de cada cultura;

Todos os valores morais das diversas culturas devem ser igualmente respeitados;

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A variação dos valores leva em conta tempo, condições geográficas, religião,
desenvolvimentos do conhecimento, mistura de etnias e afins;

Ética e Moral, embora se relacionem, são temas diferentes, já que ter valores (Moral) é
diferente de refletir sobre como agir em relação a esses valores (Ética);

A Moral é a matéria com a qual a Ética trabalha;

A Moral surge antes da Ética, por meio do estabelecimento de normas que promovem
o bem para determinada comunidade humana;

A Ética surge com o processo de racionalização ocorrido no Ocidente;

Os seres humanos são racionais, mas a racionalização do mundo não aconteceu em


todas as culturas.

ATIVIDADE

Segundo o que você aprendeu até agora, qual a diferença básica entre a Ética e a
Moral?

Como surgem os valores morais dentro de uma determinada sociedade?

Qual é a relação direta entre a Ética e a razão?

AGRONEGÓCIO

DEFINIÇÃO: Agronegócio – é a soma de todas as operações, tais como: Produção


(plantio, manejo, engenheiro agrônomo); Movimentação (atravessadores,
transportadores); Estocagem (empresas de silos – para grãos), Transformação
(indústrias: Sadia, Monsanto, Friboi) e Comercialização de produtos e matérias primas
oriundas do campo.

Divisão do Agronegócio: Três Partes

1ª parte: Trata dos negócios agropecuários propriamente ditos (ou de "dentro da


porteira") – representados pelos produtores rurais, sejam pequenos, médios ou
grandes produtores, constituídos na forma de pessoas físicas ou de pessoas jurídicas.
Ex: Camponeses, Fazendeiros e Empresários.

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2ª Parte: Negócios a montante (ou "da pré-porteira"), representados pela indústria e
comércio que fornecem insumos (ferramentas, implementos, adubos, fertilizantes,
sementes, mudas, crias, maquinário, equipamentos, defensivos, etc.) para a produção
rural. Ex: Fabricantes de fertilizantes, defensivos químicos, equipamentos, etc.

3ª Parte: Estão os negócios a jusante dos negócios agropecuários, ou de "pós-porteira“


- estão a compra, transporte, beneficiamento e venda dos produtos agropecuários, até
chegar ao consumidor final. Ex: frigoríficos, indústrias têxteis e calçadistas,
empacotadores, supermercados e distribuidores de alimentos.

A VISÃO SISTÊMICA DO AGRONEGÓCIO

Engloba os fornecedores de bens e serviços, Agricultura; Produtores Rurais;


Processadores; Transformadores e distribuidores; Governo, Mercados, Entidades:
Comerciais, Financeiras e de serviços; Envolvidos: geração/fluxo dos produtos de
origem agrícola até o consumidor final;

FUNÇÃO DO AGRONEGÓCIO EM NÍVEIS

•Função do Agronegócio em Níveis

1 – Suprimentos; 2 – Produção; 3 – Transformação; 4 – Acondicionamento; 5 –


Armazenamento; 6 – Distribuição; 7 – Consumo.

SUPRIMENTOS: Insumo significa cada um dos elementos essenciais para a


produção de um determinado produto ou serviço. No agronegócio os principais
insumos são sementes, adubo, defensivos, maquinário, combustível, ração, mão de
obra especializada, entre outros.

PRODUÇÃO: A produção é o trabalho do agropecuarista por meio do cultivo de plantas


e/ou criação de animais. É a transformação do produto agropecuário em subprodutos,
que podem ser bens de consumo ou insumos para outros processos, como o leite,
queijos, carnes, embutidos, ração, fios, corantes. Entra o trabalho do agrônomo.

TRANSFORMAÇÃO: Processo de industrialização.

ACONDICIONAMENTO: É quando coloca-se produtos em geral acondicionando-os em


embalagens, abertas ou fechadas, não importando o tipo de material dessas caixas de
embalagens. O objetivo é de proteger os produtos para que estes possam ser
armazenados com qualidade, e protegê-los de qualquer tipo de acidente que possa
ocorrer no seu manuseio e transporte.

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ARMAZENAMENTO: Estocagem dos produtos, depois de industrializados e
acondicionados.

DISTRIBUIÇÃO: Caracteriza-se pelo transporte, processamento e distribuição dos


bens agropecuários, para o consumidor ou para intermediários no processo.

CONSUMO: Cliente final – É o consumidor dos produtos agropecuários, que os


recebe in natura ou processados.

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