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A armazenagem sustentável como

inovação para a pequena propriedade

MARTINS, Ricardo Ramos 1, CALCANHOTTO, Flávio plástico subterrâneo, tonéis de metal, paiol
Abreu 2, MARTINS, Bibiana Volkmer 3, FRANCO, José modelo Chapecó, o armazém graneleiro com
Boaventura da Rosa 4
aeração forçada e, mais recentemente o seca-
dor solar com coletor armazenador em leito
Resumo de pedra britada e o silo secador armazenador
A evolução da secagem e armazenagem de de alvenaria armada, que utiliza ar natural
grãos nas pequenas propriedades do Estado na secagem dos grãos. Todas estas inovações
do Rio Grande do Sul, embora seja um tema tecnológicas tiveram como objetivo oferecer
estratégico aos produtores, somente nas úl- aos produtores maior autonomia na gestão da
timas duas décadas vem ocupando o devido comercialização ou mesmo para uso dos grãos
espaço. Tanto a secagem, como a armazena- na propriedade, tendo como ponto de partida
gem, passam a ser ações importantes na po- a economia no processamento da secagem e
lítica pública de assistência técnica e exten- armazenagem, uma maior flexibilidade para
são rural (ATER) promovida pela Emater/RS. a tomada de decisão no momento de comer-
Desde o final da década de setenta, várias cializar ou usar os produtos, e reflexos na
tecnologias de armazenagem têm sido dispo- melhoria substancial da qualidade dos grãos
nibilizadas aos produtores, cujas primeiras secos e armazenados, bem como um menor
inovações tecnológicas foram o paiol de tela gasto energético no processamento.
com estrutura construída em madeira, silo

1
Engenheiro Agrônomo, Extensionista de Nível Superior da Emater/RS. Mestre em Pré-Processamento de Produtos
Agrícolas pela Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas (FEAGRI – UNICAMP).
E-mail: rmartins@emater.tche.br
2
Engenheiro Agrônomo, Extensionista de Nível Superior da Emater/RS. Mestre em Economia Rural pela Faculdade de
Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FCE/IEPE-UFRGS). E-mail: flavioc@emater.tche.br
3
Doutoranda em Administração, Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (PPGA-EA/UFRGS). Mestre em Administração, PPGA-EA-UFRGS. E-mail: bibivolkmer@hotmail.com
4
Engenheiro Agrônomo, Consultor Técnico na área de Pós Colheita de Grãos. E-mail: jotafranco@brturbo.com
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Agroecologia e Desenv. Rural Sustentável, Porto Alegre, v. 6, n. 1/2, p. 8-25, jan./nov., 2013.
Palavras-chave: Secagem. Armazenagem. gem para produção de farinha, apresenta um
Sustentabilidade. Agricultura familiar. produto altamente competitivo em nível de
mercado. Existe uma tendência dos consumi-
Abstract dores em cidades de menor porte no estado
The evolution of drying and storage of crops em adquirir, mesmo a preços mais altos, fa-
in small farms from Rio Grande do Sul State, rinhas de grãos originários de silos secadores
although a strategic issue for producers, only e com moagem realizada através de sistemas
in the two last decades has been occupying tradicionais como os moinhos de pedra.
the proper spot. Both the drying and stora- A assistência técnica e extensão rural
ge, become important actions in technical (ATER) promovida pela Emater/RS, vem tra-
assistance and rural extension public policy balhado ao longo dos últimos trinta anos, na
(ATER) promoted by Emater/Rio Grande do adaptação de tecnologias sustentáveis e de
Sul State. Since the late seventies, several menor custo para a armazenagem nas peque-
storage technologies have been available to nas propriedades. O escopo deste artigo, em
producers, whose first innovations were the um primeiro momento é resgatar a história
screen with barn structure built in wood, da armazenagem dos grãos nas propriedades
underground plastic silo, metal barrels, familiares, e em um segundo momento, ofe-
Chapecó’s barn model, the warehouse grain recer tecnologias que conduzam a uma maior
with forced aeration and, more recently the sustentabilidade no gerenciamento dos grãos
dryer with solar collector storer in the bed of colhidos bem como discute o tema da sobera-
crushed stones and the silo dryer storer from nia alimentar a ser trabalhado junto às co-
reinforced masonry, which uses natural air munidades rurais quando das ações exten-
drying of grains. All these innovations were sionistas, e concluindo, com a apresentação
designed to offer farmers greater autonomy de alguns cases de sucesso nos municípios de
in the commercialization management as well Casca, Nova Alvorada e Santa Cruz do Sul.
for the use of grains in the property, taking as
its starting point the economy in the process 2 A EVOLUÇÃO DA ARMAZENAGEM NA
of drying and storage, greater flexibility for PEQUENA PROPRIEDADE
taking the time to decision making about the Para que se entenda a real importância
proper time to commercialize or use the pro- dos grãos – principalmente do milho – é fun-
duct, reflects in substantial improvement of damental que antes se conheça de forma
the quality of grain dried and stored, as well breve, a história da colonização no Estado do
as a lower energy expenditure in processing. Rio Grande do Sul e a influência cultural da
subsistência alimentar para as famílias imi-
Keywords: Drying. Storage. Sustainability. grantes.
Family farms. A colonização alemã no solo gaúcho foi
motivada pela necessidade de povoar o sul
1 INTRODUÇÃO do Brasil, garantindo a posse do território,
A armazenagem nas unidades familiares ameaçada pelos vizinhos castelhanos. A pri-
do Rio Grande do Sul tem sido um tema re- meira leva de 39 imigrantes que chegou ao
corrente, ao longo dos últimos anos, nos en- Estado remonta ao ano de 1824 e foi desti-
contros técnicos sobre o cultivo de grãos em nada à região do Vale do Rio dos Sinos. Para
diversos eventos ocorridos no estado. Arma- convencê-los a vir para o Brasil, o governo
zenar grãos em pequenos silos, principalmen- brasileiro à época acenou com uma série de
te o milho, além de ser mais econômico para vantagens: passagens a custas do governo;
o agricultor, conduz a uma maior qualidade concessão gratuita de um lote de terra de
do produto processado, refletindo em melhor 78 hectares; subsidio diário de um franco ou
desempenho das criações e quando da moa- 160 réis a cada colono no primeiro ano e me-
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Agroecologia e Desenv. Rural Sustentável, Porto Alegre, v. 6, n. 1/2, p. 8-25, jan./nov., 2013.
tade no segundo; bem como certa quantida- tural da armazenagem de grãos. O conheci-
de de animais tais como bois, vacas, cavalos, mento trazido com a colonização, de um sis-
porcos e galinhas, proporcional ao número tema simples de estocagem nas propriedades
de pessoas de cada família. não teve inovações tecnológicas que acompa-
A partir de 1875, chegaram os primeiros nhassem pari passu o desenvolvimento atin-
grupos de imigrantes italianos, vindos das re- gido com o modo de produzir (dos insumos e
giões do Piemonte e da Lombardia, e depois das máquinas agrícolas). Pode-se dizer que
do Vêneto, e se instalaram nas colônias Conde de certa forma houve um descuido em apon-
d’Eu (atual cidade de Garibaldi), Dona Isabel tar soluções atualizadas para com a armaze-
(atual cidade de Bento Gonçalves) e Caxias do nagem, capazes de ser compatíveis com a ca-
Sul. Ali eles passaram a viver da plantação pacidade de investimento e de conhecimento
de milho, trigo e outros produtos agrícolas; dos produtores familiares. Esta situação é
porém, a introdução do cultivo da videira na preocupante na medida em que se compa-
região tornou a vinicultura a principal econo- ra com a realidade de países que têm uma
mia dos colonos italianos. estratégia de segurança alimentar consoli-
A criação de animais e o cultivo dos grãos dada. O Canadá chega a 85% dos grãos ar-
nessas regiões, principalmente o milho, re- mazenados nas próprias fazendas, enquanto
montam à época da vinda dos colonos ale- que nos Estados Unidos é de 65% e Argenti-
mães e italianos para o Estado. A utilização na 35%. Já no Brasil esse montante chega a
desse cereal tanto na alimentação humana apenas 14%, sendo que no início da década
como dos animais, apresentava problemas de de oitenta este número não ultrapassava 4%.
provisão ao longo do ano devido a sua sazona- No Brasil ainda se paga um alto preço pela
lidade, o que obrigou os colonos a providencia- ineficiência das políticas públicas de estoca-
rem a construção de locais destinados a sua gem. Tal postura acarreta em perdas em vá-
estocagem, como os paióis simples de madei- rios níveis. Para o País, porque deixa de ar-
ra, que dividiam espaço com outros produtos, recadar mais impostos; para os produtores,
ferramentas e mesmo as próprias criações. porque depois de correrem todos os riscos na
Com o passar do tempo houve evolução lavoura dividem seu lucro ao expor os grãos
nas formas de armazenagem dos grãos no às pragas, tais como os insetos e roedores,
que concerne à sofisticação das construções, e também com os intermediários; para os
ao ponto de alcançar estruturas capazes de consumidores as perdas se traduzem em au-
constituir uma rede de silos e armazéns para mento dos custos de aquisição de produtos
estocagem de grãos. Apesar destes enormes agrícolas, porque além de pagarem mais, a
avanços ocorridos na armazenagem há que se qualidade, não raro, é duvidosa.
levar em conta dois temas fundamentais: a No sentido de promover mudanças nas ca-
distribuição espacial das unidades de estoca- deias produtivas dos grãos, o serviço de as-
gem e o custo de investimento para construí- sistência técnica e extensão (ATER) oficial
-las. Tais fatores têm sido a causa de perdas do Estado praticado pela Emater/RS vem
tanto quantitativas como qualitativas dos buscando inovações tecnológicas de secagem
grãos colhidos anualmente no Estado, bem e armazenagem de grãos que preconizam se-
como, têm resultado na baixa rentabilidade rem sistemas de baixa complexidade e de cus-
dos pequenos produtores, os quais vendem to reduzido. As tecnologias mais recentes de
antecipadamente suas safras ou a transpor- secadores solares e silos secadores de alvena-
tam para fora da propriedade e depois preci- ria que utilizam ar ambiente na secagem dos
sam fazer o caminho inverso em virtude do grãos têm se demonstrado ao alcance dos pro-
uso dos grãos para alimentação dos animais. dutores e podem representar ganhos expres-
Na verdade, em algum momento da história sivos por meio de uma adequada estocagem
parece ter havido a perda da identidade cul- de suas safras (MARTINS et al., 2002a).
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Agroecologia e Desenv. Rural Sustentável, Porto Alegre, v. 6, n. 1/2, p. 8-25, jan./nov., 2013.
3 O SURGIMENTO DE TECNOLOGIAS b) Paiol de alvenaria (modelo Chapecó):
APROPRIADAS À PEQUENA as vantagens são a redução sensível das
PROPRIEDADE quebras físicas, pela secagem natural e
A partir do início dos anos oitenta, os técni- pouca movimentação do produto; é uma
cos da extensão rural, dos órgãos de pesquisa técnica economicamente viável; permite
e empresas governamentais buscavam desen- a colheita das espigas com palhas com
volver estruturas viáveis para armazenagem até 24 a 25 % de umidade b.u.5; seca as
de grãos, principalmente de milho, como al- espigas no próprio paiol; protege o mi-
ternativas aos paióis comuns de madeira uti- lho do ataque de ratos; é de fácil carga
lizados pelos produtores que já se mostravam e descarga; permite o expurgo e o reex-
ineficientes (COMPANHIA BRASILEIRA DE purgo para combate aos gorgulhos e tra-
ARMAZENAMENTO, 1981; FRAGA et al., ças sempre que necessário, sem remover
1981; BRESOLIN et al., 1985). As alternati- o milho; reduz a incidência de fungos
vas para armazenagem de milho em espiga que produzem substâncias tóxicas aos
com palha, o paiol de tela e o paiol de alvena- animais e ao homem; pode ser utilizado
ria, modelo Chapecó e as granelizadas, tonéis, para expurgar outros grãos ensacados
silo plástico subterrâneo e armazém granelei- com umidade inferior a 12% b.u.; permite
ro com aeração forçada, apresentavam a épo- operações de carga e descarga com qual-
ca as seguintes considerações (BRESOLIN et quer tempo; permite descarga paulatina,
al., 1985): sem prejuízo da armazenagem; permite
a armazenagem em boas condições e sem
a) Paiol de tela: as vantagens desta tecno-
perdas por períodos longos; as varandas
logia é ser economicamente viável; não é
podem ser utilizadas como abrigo para
de custo elevado; evita o acesso de ratos;
veículos, máquinas, e implementos agrí-
permite a colheita e armazenagem do
colas; permite a contratação de Emprés-
milho em espigas com teores elevados de
timo do Governo Federal (E.G.F.) sem
umidade; permite uma secagem rápida
opção de venda, em nível de propriedade.
do milho e uma aeração intensa. Como
Como desvantagem, apresenta um custo
desvantagens têm-se: parte do milho é
inicial elevado.6
molhada quando ocorrem chuvas acom-
panhadas de vento; umidade relativa
muito alta em certas regiões impossibili-
ta o seu uso; não há facilidade para con-
trole de pragas como carunchos e traças;
é específico para armazenar milho em
espiga; não é próprio para armazenagem
por períodos longos.

Fonte: Emater/RS-Ascar. [198-].

c) Silo plástico subterrâneo: dentre as


vantagens desta tecnologia esta a de evi-
tar as perdas devido ao ataque de insetos

b.u.= umidade expressa em base úmida.


5

Na forma de espiga, para o milho, cada metro cúbico


6

Fonte: Emater/RS-Ascar. [198-]. de paiol armazena apenas 270 kg ou 4,5 sacos de 60 kg.
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e roedores; se mantida a hermeticidade é boração de rações caseiras; através da
um método que permite perfeita estoca- aeração forçada evita o aquecimento
gem por longos períodos. Como desvan- dos grãos. Desvantagens: custo elevado;
tagens: se houver perfurações no plástico exige um bom nível de conhecimento do
a infiltração de água deteriorará o pro- produtor.
duto; carga e descarga trabalhosa; nor-
malmente os tubulões são utilizados uma
única vez; o custo é elevado.

Fonte: BRESOLIN et al., 1985.

Tais sistemas de armazenamento em face


Fonte: Emater/RS-Ascar. [198-]. às mudanças tecnológicas da produção de
d) Tonéis: tecnologia de baixo custo; ex- grãos foram sendo gradativamente aban-
termina os gorgulhos e traças pela in- donadas. Atualmente, em virtude dos agri-
suficiência de oxigênio (asfixia); não há cultores na sua grande maioria colherem os
perdas pelo ataque de ratos. Como des- produtos a granel, os paióis de espiga es-
vantagens: requer a secagem do milho tão em desuso. Os tonéis, além dos riscos
previamente; armazena pequenas quan- decorrentes da contaminação dos produtos
tidades; tonéis que serviam para deter- originalmente neles embalados poderem
minados produtos químicos, não poderão causar aos grãos, tornaram-se escassos com
ser utilizados. a grande procura, e com isto, houve um au-
mento significativo nos preços o que tem
inviabilizado sua utilização. O silo plásti-
co subterrâneo, além da pouca praticidade
para carga e descarga do milho, apresentou
desde o início sérios problemas de estan-
queidade, uma vez instalado em solos pe-
dregosos ou com excesso de raízes, segui-
damente era perfurado e parte do produto
era perdida em função da entrada de água.
Tanto nos tonéis como no silo plástico o mi-
lho necessita ser seco abaixo de 13%, o que
na época era feito espalhando-se o produto
em uma lona ao sol, processo pouco prático
Fonte: BRESOLIN et al., 1985.
e que com o passar do tempo também foi
e) Armazém graneleiro com aeração abandonado. Sobraram então os armazéns
forçada: armazena grande quantidade graneleiros com aeração forçada. Por um
de milho em espaço reduzido; facilidade equívoco na concepção do projeto foi conce-
para o controle de pragas e moléstias; bido no formato retangular, o que conduz a
facilita os trabalhos de moagem e ela- um maior “gasto” estrutural e inviabiliza,
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em função do custo, sua utilização nas pro- anos noventa desenvolveram um silo de al-
priedades familiares. venaria com contenção de telas metálicas
Outro fator restritivo que se apresenta soldadas. (Figura 1).
aos produtores diz respeito a necessidade Figura 1 – Vista geral de silos de alvenaria ar-
de recorrer a prestação de serviços de ter- mada
ceiros para o pós-colheita. Embora a seca-
gem e armazenagem em grandes unidades
(engenhos, cooperativas, cerealistas, etc.)
apresentem um menor custo de processa-
mento em função da escala, os pequenos
produtores ficam impedidos de utilizar tais
estruturas, em virtude do preço do frete,
principalmente se forem consumir os grãos
para as criações na propriedade. Além dis-
so, o custo fica elevado para o transporte
de grãos com excesso de água (umidade)
e impurezas. Constata-se também que a
qualidade dos produtos armazenados é in-
versamente proporcional ao tamanho das Fonte: Emater/RS-Ascar, [200-].
unidades. Ou seja, quanto maior forem Nota: Observa-se também o uso de madeira roliça na constru-
os depósitos dos grãos, menor tende a ser ção do galpão, município de Cruzeiro do Sul/RS.
a qualidade apresentada pelos produtos
neles estocados. Assim, o produtor colhe Os silos são conceituados como unidades
um produto de excelente qualidade, mas armazenadoras de grãos, caracterizadas
ao levar para as unidades de secagem o por células ou compartimentos estanques,
seu produto perde a identidade. E quando cuja função consiste em permitir o míni-
o produtor necessita o produto ele recebe mo de incidências ou trocas de influências
normalmente um grão em piores condições, entre o meio externo e o ambiente de esto-
principalmente pelo excesso de grãos trin- cagem. (Figura 2). Pelas próprias caracte-
cados e quebrados7 e que resultam em me- rísticas construtivas, os silos oferecem con-
nor conservação do produto. dições de armazenagem por períodos mais
Neste sentido, a Emater/RS foi em busca longos que os armazéns, pois propiciam um
de inovação tecnológica capaz de atender controle das fontes de deterioração muito
às exigências contemporâneas de modo a mais eficiente (CALIL JUNIOR, 1983). A
proporcionar aos produtores uma forma de carência de informações técnicas para pro-
secagem e armazenagem de grãos eficiente jetos e construção de silos tem sido causa
e aliada à relação custo versus benefício. de fissuras e deformações e até mesmo rom-
pimentos em diversas instalações. As pres-
sões desenvolvidas nas laterais e sobre o
4 SILO DE ALVENARIA ARMADA COM
fundo são alguns dos fatores responsáveis
CONTENÇÃO DE TELA METÁLICA
por esses acidentes (BAÊTA, 1980).
SOLDADA
Um novo passo no sentido de buscar tec-
nologias sustentáveis foi o que fizeram os 7
Vale lembrar que as partes que formam o grão rea-
técnicos da Emater/RS e da Embrapa Suí- gem com o ambiente de forma diferente: a casca – pra-
ticamente não reage com a umidade e com o oxigênio
nos e Aves, aliando as soluções, economia e contido no ar ambiente; o interior – é altamente reativo e
eficiência para armazenar os produtos nas facilmente deteriorável; o grão não protegido com os seus
propriedades. Foi então que no início dos envoltórios deteriora com maior velocidade.
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Figura 2 – Interior de um silo produtores, com secagem artificial em altas
temperaturas, na maioria das regiões do
Estado. As fornalhas para queima de lenha
e aquecimento do ar de secagem eram de
fogo direto, ou seja, os gases da combustão
atravessam diretamente a massa de grãos.
Normalmente os secadores eram utilizados
de forma comunitária, porém a armazena-
gem era realizada em silos de alvenaria ou
tulhas de madeira a granel nas proprieda-
des rurais.
Os principais tipos de secadores de fogo
direto eram os de leito fixo e os intermiten-
tes, com capacidades de carga variando de
Fonte: Emater/RS-Ascar, [200-]. 10 a 40 sacos e de 30 a 140 sacos respectiva-
Nota: Observa-se o fundo de madeira ripada e as paredes ele- mente. Poucos secadores utilizavam siste-
vadas com tijolos em espelho.
mas de fogo indireto com trocador de calor
Todavia, os silos construídos durante a e estes, embora apresentassem um produ-
década de 90 eram somente armazenadores, to de melhor qualidade, caíram em desuso
sem aeração forçada, sendo necessários se- em virtude da pouca mão de obra existente
cadores para diminuir a umidade dos grãos nas propriedades. Como operavam em mais
em níveis seguros para uma estocagem de baixas temperaturas demoravam muito
longo prazo. O primeiro silo construído em tempo para secar um lote de grãos, com
alvenaria e contenção com telas metálicas tempos ao redor de 12 h, em contraponto,
soldadas, no Estado, foi na propriedade dos os secadores de leito fixo de fogo direto, por
produtores Arno e Alexandre Becker, na Pi- exemplo, com projetos adequados, levavam
cada Felipe Essig, município de Travesseiro, 4 h para efetuar a mesma secagem, ou seja,
no ano de 1992. um terço do tempo. A qualidade tem custo,
A partir da necessidade de secagem dos mas infelizmente ainda para o milho não ti-
grãos surge um novo desafio para Emater/ nha preço e se os produtores não lucravam
RS: desenvolver uma inovação que supere os mais, então, porque entregar um milho de
limites já existentes da tecnologia tradicio- maior qualidade?
nal que implicam diretamente na qualidade A combustão nas fornalhas de fogo direto
final do produto. é um fator determinante na qualidade final
do produto. A lenha, largamente emprega-
da para o aquecimento do ar de secagem de
5 OS SECADORES DE GRÃOS produtos agrícolas no país, é um combustí-
TRADICIONAIS E OS PROBLEMAS vel sólido de queima relativamente difícil e
RELACIONADOS que libera, durante o processo de combus-
A secagem artificial dos produtos agrí- tão, quantidade muito grande de produtos
colas com altas temperaturas, particular- químicos, alguns de periculosidade compro-
mente os cereais (milho, arroz, trigo e sor- vada (NOLL, 1993). Dentre os produtos, es-
go), consiste em uma rápida eliminação do tão os compostos de hidrocarbonetos polia-
conteúdo de água de modo que garanta uma romáticos (HPAs), formados em processos
boa conservação (ZANCHE, 1991). de combustão incompleta de todas as espé-
Entre o final da década de oitenta e a cies de matérias orgânicas, os quais podem
década de noventa foram instalados diver- ser encontrados como contaminantes em
sos equipamentos utilizados por pequenos matrizes complexas do meio ambiente, in-
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cluindo os alimentos. Outros componentes de questões, como meio ambiente, seguran-
conferem cor e cheiro aos produtos secados, ça alimentar, direitos humanos, educação,
numa segura indicação de contaminação saúde e cultura – os quais necessitariam de
física e química. Os HPAs são famílias de conhecimentos e expertises específicos, re-
produtos com características mutagênicas sultando no envolvimento de uma diversi-
e carcinogênicas comprovadas (WONGTS- dade de atores nos assuntos internacionais,
CHOWSKI, [1998]). tais como: “[...] empresas, organizações não
A legislação brasileira vigente não esta- governamentais, meios de comunicação so-
belece tolerância para a presença de HPAs cial, movimentos sociais, organismos públi-
em alimentos. Países como a Alemanha, cos da esfera municipal ou estadual.” (PI-
Áustria e Polônia limitam em 1 μg/kg o NHEIRO; MILANE, 2002, p. 15-16).
teor máximo de B(a)P8 em carne defumada Nesse sentido, trabalhar para a produ-
e este valor tem sido utilizado como limi- ção de conhecimento no que tange tecno-
te referencial para avaliar a contaminação logias rurais, dentro do campo específico
de outros alimentos (LARSSON, 1986 apud da agricultura familiar, mostra-se rele-
CAMARGO, 1998). Tem-se conhecimento vante para dois sistemas do que se inti-
de países importadores de grãos, recusa- tula governança global 9.
rem cargas de milho e arroz por conta de O primeiro deles abrange a governança
contaminação por HPAs, o que poderá em global da segurança alimentar. A preocu-
um futuro próximo comprometer a exporta- pação com a segurança alimentar tornou-
ção do Brasil para países com legislação e -se premente, principalmente entre 2007 e
controle mais rigoroso. Fica ainda a ques- 2010, quando o número de pessoas em si-
tão do consumo interno frente aos níveis de tuação de insegurança alimentar subiu de
contaminantes encontrados em amostras 850 milhões para um bilhão. Situação que
de vários produtos e a questão da soberania reflete, principalmente, os casos de países
alimentar do nosso país. pobres situados na África, Ásia, América
Latina e Caribe. Instabilidade econômica e
flutuações nos preços dos alimentos contri-
6 A GRANDE VIRADA: AMBIENTE, buíram para isso (MARQUES, 2010). Ou-
SUSTENTABILIDADE E SOBERANIA tro fator que confere relevância ao tema é o
ALIMENTAR fato de “acabar com a fome e a miséria” ser
A grande virada que a extensão rural um dos objetivos do milênio da Organização
começou a desenvolver junto aos produto- das Nações Unidas (ONU).
res rurais foi a partir da necessidade de Alardear que se deva ter segurança ali-
criar formas de autossuficiência no arma- mentar, é dizer que se necessita ter ofer-
zenamento dos grãos na propriedade pela ta abundante de alimentos e a baixo custo;
superação dos limites impostos pelas tec-
nologias disponíveis: reduzindo os custos Benzo (a) pireno.
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de produção e minimizando os impactos A Comissão sobre Governança Global define o


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ao meio ambiente. A adoção de tecnologias termo como: “Governança é a totalidade das diver-
sas maneiras pelas quais os indivíduos e as ins-
sustentáveis foi somente uma questão de
tituições, públicas e privadas, administram seus
tempo. Segundo Zacher (2000) postula, o problemas comuns. É um processo contínuo pelo
aumento da interdependência entre os Es- qual é possível acomodar interesses conflitantes
tados faz com que os problemas como os ou diferentes e realizar ações cooperativas. Gover-
ambientais, por exemplo, necessitem de nança diz respeito não só a instituições e regimes
formais autorizados a impor obediência, mas tam-
um planejamento mundial. Para Pinheiro bém a acordos informais que atentam aos interes-
e Milani (2012), as relações internacionais ses das pessoas e instituições.” (COMISSÃO SO-
passaram a englobar um leque mais vasto BRE GOVERNANÇA GLOBAL,1996, p. 2).
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políticas orientadas para a modernização localmente, de imediato e minimamente
agrícola; multiplicação das relações mer- processados (o que permite o acesso ao
cantis; orientação produtivista – reforça a alimento mais próximo possível das suas
importância do setor agroindustrial para propriedades naturais). É a ideia do mer-
a segurança alimentar -, ou seja, o comér- cado local, para a revalorização de ali-
cio internacional de alimentos constitui mentos tradicionais como também para
fator chave para a segurança alimentar; construção ou consolidação de cadeias
atualmente bastante contestada devido curtas de produção e consumo (CRUZ;
seus efeitos sociais e ambientais perver- SCHNEIDER, 2010).
sos. Em vez disso, é importante lembrar o De acordo com nota publicada no site
que trata o artigo vigésimo quinto da De- das Nações Unidas no Brasil, no últi-
claração Universal dos Direitos Humanos: mo dia 5 de junho, o relatório “Peque-
nos Agricultores, Segurança Alimentar
1. Toda a pessoa tem direito a um nível de e Meio Ambiente”, elaborado pelo Fundo
vida suficiente para lhe assegurar e à sua Internacional de Desenvolvimento Agrí-
família a saúde e o bem-estar, principal-
cola (IFAD), apontou que o investimen-
mente quanto à alimentação, ao vestuá-
rio, ao alojamento, à assistência médica e to em pequenos agricultores é a melhor
ainda quanto aos serviços sociais necessá- maneira de superar a pobreza. (NAÇÕES
rios, e tem direito à segurança no desem- UNIDAS, 2013). O relatório também es-
prego, na doença, na invalidez, na viuvez, clarece que investimentos no setor agrí-
na velhice ou noutros casos de perda de cola oferecem mais retorno em prol da
meios de subsistência por circunstâncias
superação da pobreza (IFAD, 2013).
independentes da sua vontade. [...]” (DE-
CLARAÇÃO ..., 2013).
Na mesma nota, o diretor da Divisão
de Clima e Meio Ambiente do Fundo In-
Dentro dessa proposta mais ampla se ternacional de Desenvolvimento Agrícola
enquadra outro aspecto importante nos (FIDA), Elwyn Grainger Jones, afirmou
dias de hoje, a soberania alimentar, que que “[...] os pequenos agricultores pos-
trata do acesso ao alimento em quanti- suem conhecimentos locais que podem
dade e qualidade e não pode resumir-se oferecer soluções práticas, necessárias
simplesmente à oferta abundante de ali- para a agricultura atingir um patamar
mentos de baixo custo para os consumi- mais sustentável. [...]” (NAÇÕES UNI-
dores. A alimentação adequada associa DAS, 2013). A afirmação coaduna-se com
as dimensões étnicas e culturais, o que o posicionamento assumido neste traba-
leva a pressupor a validade de medidas lho de que é fundamental agir localmente
protecionistas e de apoio às agriculturas para que benefícios globais sejam alcan-
locais; necessidade de medidas para as- çados.
segurar o acesso à água, às sementes, ao O outro sistema de governança global,
crédito, entre outros. Se as políticas pú- para o qual o desenvolvimento de tecno-
blicas vão apoiar as agriculturas locais logias rurais se torna importante é o do
na produção de alimentos sadios elas de- meio ambiente. Algumas considerações
veriam montar uma logística de abasteci- sobre o tema foram analisadas em recen-
mento e armazenamento de grãos de for- te matéria publicada sob o título, “Gover-
ma descentralizada e com qualidade, nas nança ambiental global: atores e cená-
propriedades ou no máximo nas comuni- rios”, sendo em parte reproduzido abaixo:
dades mais próximas. Esta ação faz par-
te da lógica das cadeias curtas, ou seja, Inicialmente, observa-se a urgência da cons-
trução de decisões relativas à implantação de
que os alimentos possam ser consumidos
16
Agroecologia e Desenv. Rural Sustentável, Porto Alegre, v. 6, n. 1/2, p. 8-25, jan./nov., 2013.
um efetivo sistema de governança ambiental Utilizar tecnologias limpas, susten-
global, capaz de assegurar a participação de táveis e que economizem mão de obra é
atores representativos dos diferentes interes- de fundamental importância para a pro-
ses envolvidos quando o tema é proteção do
meio ambiente. O debate se estende, eivado
dução da agricultura familiar. Dentro
de disputas e de insatisfações, mas o que é desses conceitos deve se encaixar a pós-
mais grave: sem que o sistema de governança -colheita. Em um mundo globalizado,
socialmente construído para responder aos países importadores de alimentos, além
desafios ambientais que ameaçam o planeta da exigência de qualidade, encaminham
se demonstre capaz de atender, seja a urgên- missões para in loco verificarem como são
cia da situação, seja ao clamor da sociedade
por uma efetiva participação. O que nos leva
produzidos e manipulados os alimentos e
a questionar se Hermet (2005, p. 35) não te- se existe respeito ao ambiente em que são
ria razão ao associar o termo ’governança‘ produzidos (meio ambiente, processos,
à imagem de um processo ’de organizações, pessoas envolvidas, animais, etc.). Mas, e
por organizações e para as organizações – se a agricultura familiar produzir somen-
sejam elas públicas ou privadas, empresa- te para o consumo interno? Qual a dife-
riais ou associativas, com ou sem fins lucra-
rença? O cidadão brasileiro merece tanto
tivos‘, o qual assumiria as características
’de um jogo, progressivamente codificado quanto os estrangeiros consumir alimen-
e no interior do qual as autoridades públi- tos saudáveis e produzidos com respeito
cas clássicas têm cada vez mais dificuldade à natureza.
para fazer valer seus recursos específicos‘. A partir dessas premissas, no final da
Por outro lado, compartilhamos a crença no década de noventa, a Emater/RS passa
slogan da conferência de Estocolmo, que co- a repensar a armazenagem nas proprie-
loca ser fundamental agir localmente para
vislumbrar benefícios globais. Isso implica
dades familiares, com o objetivo final de
também criar espaço no âmbito das decisões preservação ambiental e a melhoria da
globais para que sejam consideradas as es- qualidade dos produtos processados. E
pecificidades locais, inclusive, no que se re- investe em inovações tecnológicas de fácil
fere às formas de participação. Como aponta acesso e baixo custo para os agricultores
Fernandes (1994), com base na análise da familiares, as quais serão apresentadas
sociedade brasileira, ao limitar-se a partici-
pação apenas aos atores formalmente orga-
a seguir.
nizados em instituições, corre-se o risco de
desconsiderar parcelas especialmente signi-
ficativas da sociedade. Caberia, pois, rever 7 SECADOR SOLAR COM COLETOR
os atributos exigidos como condição ao direi- ARMAZENADOR EM LEITO DE
to de participar dos fóruns internacionais, PEDRA BRITADA
de modo a tornar possível também a parti- Os primeiros dois secadores solares,
cipação de novos movimentos sociais. Postu-
instalados com coletor armazenador em
lamos que maior dedicação acadêmica deve
ser direcionada às contribuições das instân- leito de pedra britada, na Região do Vale
cias informais, na medida em que tais espa- Rio do Taquari, no Rio Grande do Sul,
ços têm apresentado vigor ímpar, principal- foram construídos na propriedade dos
mente, através das configurações sociais em agricultores familiares, Cleto e Altair Jo-
rede. Quanto à participação do setor privado hner, e também na propriedade do Celor
na governança ambiental, atenção especial Lorenz, ambos no município de Cruzeiro
deve ser dada a análise da legitimidade das
intenções desses atores. Não podemos es-
do Sul. O Cleto e o Altair instalaram um
quecer que a referência à ’responsabilidade equipamento de 450 sacos de milho de
social’, não raramente, oculta interesses me- capacidade estática e o Celor Lorenz, um
ramente mercadológicos. (LORENZETTI; equipamento com capacidade de 140 sa-
CARRION, 2012, p. 732). cos (Figura 3), no ano de 1999.

17
Agroecologia e Desenv. Rural Sustentável, Porto Alegre, v. 6, n. 1/2, p. 8-25, jan./nov., 2013.
Figura 3 - Secador solar com capacidade de 140 dições climáticas, longo tempo de secagem e
sacos de milho de carga estática e coletor solar ar- deterioração por insetos; já o segundo apre-
mazenador com leito de pedra britada coberto com senta algumas vantagens sobre o anterior
plástico de estufa como: rapidez de secagem, alta capacidade,
uniformidade do produto e independência das
condições atmosféricas (PINTO NETO, 1988).
O equipamento desenvolvido levou em con-
sideração vários fatores quando da sua con-
cepção, sendo que se destacam os seguintes
aspectos (MARTINS et al., 2002b)
a) demanda baixa potência elétrica para
acionar o motor do ventilador. Enquanto
um secador convencional de 50 sacos de
capacidade estática e fornalha a lenha
utiliza um motor de 5 CV, um secador
que usa energia solar, de igual capaci-
dade estática, necessita de somente 1
CV. Este fator torna-se importante uma
vez que as companhias de eletrificação,
no Vale do Rio Pardo no Estado, têm
vinculado a utilização de motores com
maior potência aos horários de menor
demanda, como se constata em alguns
equipamentos instalados no município
de Venâncio Aires/RS, que só podem ser
acionados nos horários compreendidos
Crédito: Katia Marcon, 1999. entre as 6 e as 18 horas;
Nota: Produtor Celor Lorenz, Cruzeiro do Sul/RS.
b) utiliza para o aquecimento do ar de se-
As pesquisas com secadores solares, com ar cagem uma fonte de energia renovável
forçado, porém, é bem mais antiga, tanto no (energia solar);
Brasil como nos Estados Unidos. Como exem-
plo, podemos citar, o Grupo de Energia da c) a radiação solar é uma fonte limpa de
Universidade de Campinas, no estado de São energia, o mesmo não ocorrendo com a le-
Paulo (UNICAMP), que nos anos 70 desenvol- nha, grandemente utilizada na secagem
viam trabalhos nesta área, pelos pesquisado- de grãos em nosso país;
res Luiz Gabriel Villa e Gonzalo Roa. d) o secador que utiliza energia solar é um
Os trabalhos gerados neste período eviden- poupador de mão de obra na pequena
ciaram que a secagem poderia ser feita de propriedade, pois, uma vez carregado o
duas maneiras: equipamento e ligado o motor do venti-
a) exposição direta dos raios solares e às lador, o agricultor não precisa acompa-
condições atmosféricas do ar; nhar o processo de secagem. O mesmo
não ocorre com os equipamentos que uti-
b) uso de equipamentos que utilizam o ar lizam lenha;
aquecido como agentes de desumidifi-
cação. e) o secador solar foi projetado para ser
construído com material e mão de obra
O primeiro método apresenta uma série local, em princípio somente o ventilador é
de desvantagens como: dependência das con- adquirido fora da localidade. Esta é uma
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Agroecologia e Desenv. Rural Sustentável, Porto Alegre, v. 6, n. 1/2, p. 8-25, jan./nov., 2013.
grande vantagem quando o equipamen- caracteriza o processo como não sendo mais
to apresenta algum defeito; o agricultor de baixa temperatura.
não perde tempo com as demoras da as- A secagem com ar natural em silos segue
sistência técnica das indústrias, além do as seguintes características, de acordo com
equipamento possuir menor custo de ma- Hansen, Keener e Gustafson (2013): o pro-
nutenção, pois o produtor tem condições cesso de secagem é lento, geralmente reque-
de ele mesmo ou alguém muito próximo rendo 4 a 8 semanas; o conteúdo inicial de
executar o conserto; umidade é normalmente limitado na faixa
de 22 a 24%; os resultados de secagem são
f) a qualidade do produto é muito superior.
conseguidos forçando o ar sem aquecimento,
Como os grãos são secos em temperatu-
através dos grãos, em taxas de fluxo de ar
ras baixas, em média 5°C acima da tem-
entre 1,13 a 2,26 m³/min/t; a secagem e a ar-
peratura ambiente, o produto não trinca,
mazenagem ocorrem no mesmo silo, minimi-
não perde a cor e reduz muito pouco de
zando a movimentação do produto; os silos
volume, o que comprova que a secagem
são equipados com fundo totalmente perfu-
com altas temperaturas retira do produ-
rado, um ou dois ventiladores de alta capaci-
to algo mais do que simplesmente água.
dade, um distribuidor de grãos e escadas; e
máquinas de limpeza devem ser usadas para
8 SILO SECADOR ARMAZENADOR remoção de grãos quebrados e finos.
A busca permanente por maior raciona- Nas máquinas de limpeza, para milho,
lização na secagem dos grãos, fez com que tem sido usado a peneira superior com fu-
a construção de silos, em meados da déca- ros redondos de 13mm de diâmetro e a infe-
da de 2000, buscasse o aprimoramento do rior com furos redondos com 6,5mm de diâ-
sistema de secagem nas propriedades fami- metro. É claro que o produto que está sendo
liares. O secador solar que já era uma tec- colhido deve passar por uma avaliação em
nologia bastante difundida, principalmente termos de tamanho dos grãos, e se neces-
no município de Casca/RS e com resultados sário diminuir ou aumentar os diâmetros
em outros municípios do Estado, demons- sugeridos.
trava ser uma tecnologia simples, eficiente Existe ainda a possibilidade da utiliza-
e sustentável. Porém os produtores necessi- ção de coletores solares acoplados nos silos
tavam de dois equipamentos: o secador e o secadores para locais com neblina cons-
silo armazenador. Foi então, a hora de mais tante ou épocas de maior umidade relati-
uma vez a Emater/RS inovar e difundir o va ou, ainda, propiciar a entrada de milho
uso de silo secador no Estado para as uni- com maior teor de umidade nos silos. Em
dades familiares. trabalho desenvolvido por Converse, Fos-
Segundo Silva, Afonso e Donzelles (2000), ter e Sauer (1978) foi testado o uso e o tipo
na secagem com ventilação forçada se pode de coletores solares em silos e demonstra-
empregar baixa temperatura, alta tempe- do que: o uso de aquecimento suplemen-
ratura, secagem combinada e outros. Seca- tar reduziu o consumo de energia elétri-
gem em baixas temperaturas é um méto- ca dos ventiladores; o uso de coletores na
do artificial de secagem em que se utiliza secagem torna o processo efetivo, nos pe-
ar natural ou ar levemente aquecido – até ríodos de menor temperatura e maiores
10ºC acima da temperatura ambiente. A se- umidades relativas do ar. Todos os testes
cagem com alta temperatura é aquela em com coletores acoplados nos silos tiveram
que o ar de secagem é aquecido a uma tem- o tempo de secagem menor do que os silos
peratura superior a 10ºC acima da tempe- que utilizaram somente ar natural, entre
ratura ambiente. Naturalmente, esse limi- outras observações. Na observação do tipo
te não é rígido, mas esta é a diferença que de coletor, aquele que armazenou energia
19
Agroecologia e Desenv. Rural Sustentável, Porto Alegre, v. 6, n. 1/2, p. 8-25, jan./nov., 2013.
em leito de pedra foi mais eficiente nos pe- cos de capacidade e somente necessitou de
ríodos mais frios. profissionais especializados para emboçar10
No Estado, os silos secadores são maneja- as paredes dos silos. Algumas vantagens
dos dependendo do produto e da região; em são apontadas com esta nova prática, sendo:
secagem com enchimento em uma única vez maior rapidez na elevação das paredes de
para silos de menor porte, ou em camadas, tijolos, realizando o serviço em um terço do
para silos de maior porte. Para o milho, o li- tempo do sistema tradicional com argamas-
mite de sacos para um silo com secagem em sa, e não necessidade de profissional especia-
camada única é de 2.500 sacos. Para o arroz, lizado; a parede colada é 30% mais leve que a
pode ser de até 3.000 sacos, mas é aconse- tradicional; usa-se menos cimento – lembra-
lhável que o produtor construa silos de me- mos que a produção de 1 kg de cimento libe-
nor porte. Em secagem e armazenagem de ra 600 gramas de dióxido de carbono (CO2)
qualidade, o melhor é ser pequeno. O estudo para atmosfera; usa-se menos areia, evi-
da região onde o silo secador vai ser instala- tando a constante mineração nos leitos dos
do é de fundamental importância, somente rios; economia de 30% em relação ao sistema
após análise técnica detalhada é que se têm tradicional; sem perdas, diminui o entulho e
condições de definir o projeto. Cabe salientar mantém a obra limpa; não requer cal, água
também, que durante todo o processo decisó- ou betoneira.
rio da obra haja participação dos agriculto- Segundo Meneguetti (2010), a possibilidade
res, pois é deles a opinião do melhor mane- de construção com material e mão de obra lo-
jo, para um processo mais adequado à suas cal possibilita ampla difusão no País por tor-
necessidades. Como o consumo elétrico está nar o sistema viável para pequenas e médias
diretamente ligado ao volume de ar produ- propriedades. Além disso, o consumo ener-
zido pelas pás do ventilador e a pressão to- gético para a produção de blocos cerâmicos é
tal a ser vencida pelo ar no sistema, quanto consideravelmente menor quando comparado
mais alta for a camada de grãos no silo, tan- ao do concreto e ao do aço. A energia utilizada
to maior será a pressão estática requerida e para a produção destes materiais se relaciona
maior será o consumo energético. numa proporção de 1:2, 5:15. Num período em
A partir de 2012, houve inovação no modo que são discutidos métodos construtivos mais
de construção no que se refere à elevação sustentáveis, este menor consumo energético
dos silos. Há que se destacar a necessida- é outro importante fator para utilização de
de de avaliar mudanças que impliquem em blocos cerâmicos nesse estudo.
custo da mão de obra, visto que esta repre- Todo o silo secador é, potencialmente, um
senta algo ao redor de 35% do valor dos controlador de insetos dos grãos armazena-
materiais para silos pequenos e de até 60% dos de alta eficiência (WILKE, 2013). Como
para silos de maior porte. Observando ino- os fluxos de ar utilizados na secagem são bas-
vações introduzidas no mercado por empre- tante elevados e para aeração bem inferio-
sas de construção no município de Lajeado/ res, se for utilizado um fluxo de 2,5 m³/min/t,
RS, foi possível identificar o uso de novo pode-se secar milho, em aproximadamente
material na elevação das paredes internas 15 dias e completar uma dose de aeração em
e externas dos edifícios: as argamassas po- 10 horas. A Emater/RS tem acompanhado
liméricas (alvenaria colada). por meio de medições frequentes a campo,
A partir desta experiência consolidada no temperaturas em silos secadores abaixo de
mercado imobiliário, a Emater/RS adotou 15 ºC, o que leva ao desenvolvimento muito
esta tecnologia na elevação dos silos de al- lento dos insetos
venaria. Um exemplo clássico é o produtor
Daniel De Bona, no município de Dois Laje- Aplicar emboço ou base do reboco em uma parede
10

ados/RS, que construiu dois silos de 600 sa- (HOUAISS; VILLAR; FRANCO, 2009).
20
Agroecologia e Desenv. Rural Sustentável, Porto Alegre, v. 6, n. 1/2, p. 8-25, jan./nov., 2013.
9 RESULTADOS ALCANÇADOS Figura 5 - Vista dos coletores solares armazena-
dores e uma vista geral do pavilhão que abriga os
9.1 Irmãos Damo: município de Casca/RS silos, a moega e os secadores

Os irmãos Damo são criadores de suínos


em ciclo completo, com plantel de 350 matri-
zes. A aproximadamente uma década atrás
enfrentavam sérios problemas de qualidade
da ração fabricada na propriedade. Eles co-
lhiam em média 17.000 sacos de milho e ter-
ceirizavam a secagem e armazenagem.
Os índices reprodutivos do plantel da pro-
priedade eram alarmantes. O retorno ao cio
das matrizes suínas era de 24% e o núme-
Fonte: Emater/RS-Ascar, [200-].
ro de abortos nas fêmeas eram 50 ao ano. A Nota: Atualmente os coletores estão recobertos com vidro o que
conversão alimentar nas fases de crescimen- melhorou sua eficiência.
to e terminação estava em 2,73 kg de ração
consumida/kg peso vivo, além da necessida-
de do uso contínuo de sequestrantes de to- 9.2 Lauro Martello: Município de Nova
xinas nas rações. Atualmente, os índices se Alvorada/RS
encontram em um patamar diferenciado: o
retorno ao cio está em 6,7% e os abortos são O produtor Lauro Martello é criador de
quase inexistentes. Enquanto que a conver- leitões e, atualmente, tem um plantel de
são alimentar passou para 2,30 kg de ração 80 fêmeas. Há algum tempo atrás che-
por quilo de peso vivo adquirido e o uso dos gou a ter 150 fêmeas em produção. Foi
sequestrantes está muito reduzido. Os ir- produtor integrado junto a uma grande
mãos contam hoje com: dois secadores sola- companhia, mas em virtude das sucessi-
res de 500 sacos de carga estática, um silo vas crises, diminuiu o plantel e acabou
pulmão com capacidade de 1.000 sacos, dois com a integração. Atualmente tem uma
silos armazenadores de 7.500 sacos cada, e parceria com um vizinho: entrega os lei-
recentemente foram construídos mais dois tões para a engorda. Também pretende
silos secadores de 2.500 sacos e um de 4.500 plantar milho que deverá ser vendido
sacos de capacidade. para um moinho local (moagem a pedra).
Em virtude da excelente qualidade do
Figura 4 - A qualidade do milho armazenado,
seu milho processado, mesmo durante os
com limpeza admirável, após 12 meses de arma-
zenagem anos de crise, conseguiu juntar um patri-
mônio – está investindo na construção de
um prédio de 15 apartamentos na cida-
de de Nova Alvorada. Com a diminuição
da criação de suínos, está pensando em
montar um plantel leiteiro 11. Possui um
secador solar (Figura 6) de 500 sacos de

Uma unidade animal bovina (450 kg de peso


11

vivo) pode comer no máximo 3 kg de milho por dia


em uma ração concentrada. Na pequena propriedade
é muito mais viável, em termos de área necessária e
produção obtida, produzir milho para as vacas do que
Fonte: Emater/RS-Ascar, [200-].
para os porcos.
21
Agroecologia e Desenv. Rural Sustentável, Porto Alegre, v. 6, n. 1/2, p. 8-25, jan./nov., 2013.
capacidade e quatro silos armazenadores com capacidade para 6.000 sacos e outro com
de 2.000 sacos cada. (Figura 7). Confor- capacidade para 600 sacos de arroz. Estes dois
me palavras do produtor Lauro Martello silos mostram bem a versatilidade desse equi-
“[...] as vantagens com o sistema implan- pamento. O silo maior com capacidade para
tado são: o ar frio acelera o processo de 6.000 sacos (Figura 8) utiliza um ventilador
secagem e controla insetos; custo de seca- com motor de 20 CV12, e seca o produto em ca-
gem por saco é de R$0,17; em virtude de madas durante um período de 40 dias. O silo
produzir ração de melhor qualidade hou- menor de 600 sacos, usa motor de 3 CV no ven-
ve menor retorno de cio nas fêmeas, e me- tilador e seca o arroz com enchimento em uma
nor ocorrência de abortos e praticamente única vez, em 14 dias. Evidentemente que a
inexistência de diarreia em leitões.” propriedade possui rede trifásica em virtude
Figura 6 - Secador solar secando semente de do motor maior (20 CV), mas se tivesse somen-
aveia para plantio no inverno te rede monofásica poderia assim mesmo cons-
truir o silo menor de 600 sacos, em função da
menor potência requerida. Antes de implantar
o projeto dos silos secadores, os Kessler seca-
vam e armazenavam o produto fora da pro-
priedade, em um cerealista, e obtinham uma
média de grãos inteiros de 58%13. Hoje dificil-
mente baixam de 60% de grãos inteiros. Estes
2% a mais de rendimento de grãos inteiros im-
plica num acréscimo de R$2,00 a mais por saco
entregue em virtude da qualidade.
Fonte: Emater/RS-Ascar, [200-].
Figura 8 - Silo secador de 6.000 sacos utilizado
para secar em camadas
Figura 7 - Vista externa de um silo

Fonte: Emater/RS-Ascar, 2010.

Fonte: Emater/RS-Ascar, [200-]. 12


Unidade de medida de potência. Equivale a 1 Cavalo
Vapor (CV) = 0,9863 HP (ENTENDA..., 2008).
13
É importante lembrarmos que a quantidade de
9.3 Família Kessler: Santa Cruz do grãos inteiros do arroz que o produtor entrega aos ce-
Sul/RS realistas, depende do processo de secagem. O produtor
ganha menos em virtude do processamento deficiente,
que não é dele, mas sim de quem compra. É, pois, dupla-
A família Kessler, do município de Santa mente penalizado, recebe pouco pelo seu produto e recebe
Cruz do Sul, é plantadora de arroz irrigado e menos ainda pelo trabalho que não fez. Quem deveria
construiu dois silos de alvenaria armada, um pagar esta conta é quem realizou o processo mal feito.
22
Agroecologia e Desenv. Rural Sustentável, Porto Alegre, v. 6, n. 1/2, p. 8-25, jan./nov., 2013.
9.4 Moinho Soccol: Município de Figura 9 - Silo secador com capacidade para 3.000 sa-
Casca/RS cos de milho em construção

O moinho Soccol produzia farinha de mi-


lho em moinho de pedra, secando os grãos
em alta temperatura, em um secador de
leito fixo. A partir de 2004, construiu o
primeiro silo secador com capacidade de
2.000 sacos de milho. Atualmente conta
com mais um silo de 3.000 sacos (Figu-
ra 7). O moinho aumentou significativa-
mente o volume de farinha produzido e
hoje conta com quatro pedras realizando
moagem.
Na Figura 8 pode-se observar uma po-
lenta feita com a farinha do moinho. A Fonte: Emater/RS-Ascar, [200-].
foto ilustra o momento exato em que a po-
lenta foi retirada do cozimento e do prato
Figura 10 - Polenta fabricada com farinha do moinho
de vidro que serviu de forma. Nota-se que Soccol, município de Casca/RS, com o milho seco em
a polenta não perde o formato original do silos secadores
prato. Na foto a direita, observa-se a sua
elasticidade. Além do sabor e odores ca-
racterísticos de um produto de qualidade
superior, observa-se que a gelatinização
da farinha foi alcançada o que mantém
o produto com bom grau de aglutinação.
Caso a polenta seja cortada em fatias e co-
locada para fritar em óleo, os pedaços se
mantém integrais, o que não ocorre com
polentas feitas com farinhas oriundas
de milhos secos em altas temperaturas e
que durante a secagem iniciam o proces-
so de gelatinização. Secar grãos com alta
temperatura e umidade pré-gelatiniza o
amido e pode ser até bom na nutrição de
animais (MARTINS, 1997), porém jamais
produzirá farinhas de qualidade. Farinha
sem qualidade é produto final sem qua-
lidade. O rendimento de farinha de um
milho seco em silo secador é maior que
os secos em secadores convencionais. Um
saco de 60kg de milho processado em si-
los rende de 7 a 10kg a mais de farinha,
e é por isso, que o produtor que seca em Fonte: Emater/RS-Ascar, 2013.
silos recebe ao redor de R$5,00 a mais por
saco de milho vendido.

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Agroecologia e Desenv. Rural Sustentável, Porto Alegre, v. 6, n. 1/2, p. 8-25, jan./nov., 2013.
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