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Revista de Educação

1997, Vol. 1, n° 3,7 - 24

Do estudante ao professor
universitário: caminhos para a
didática do ensino superiop
2
Newton Cesar Balzan

Introdução
"A indiferença ou o descontentamerzto dos estu-
dantes jamais está desprovidos de significação, por mais
infundados que possam parecer ao professor. Ninguém
melhor que o próprio estudante pode explicar seu entu-
siasmo ou suas dificuldades" (Kourganoff 1990:260).
Artigos
"Os sistemas tradicionais de educação que herda-
mos têm falhado na criação de 'sociedades de aprendiza-
gem' nas quais todos estejam motivados e capacitados a
praticar a aprwdizagem ao longo de suas próprias vidas".
(Report of the Rome Lifelong Learning Conferwce,
Rome,1994).
(00')"se as Universidades aspiram corrigir os erros
e injustiças da sociedade, elas devem começar por procu-
rar caminhos que ajudem seus estudantes a pensarem em
profundidade e compreenderem, defato, esses problemas
". (Bock, 1982:116)
"O professor universitário é o único profissional
de nível superior que entra para uma carreira sem que
passe por qualquer julgamento de pré-requisitos em ter-
mos de competência e de experiência prévia no domínio
das habilidades de sua profissão". (American Council on
Education:1950; Apud Wise, 1967:)

As afirmações acima refletem não somente preocupa-


ção com a questão da qualidade do ensino superior, como evi-
denciam tratar-se de um fenômeno que ultrapassa as
fronteiras dos Estados, adquirindo um nível de abrangência
mundial e características extremamente complexas, dadas as
realidades vigentes em países situados em diferentes níveis
de desenvolvimento sócio-econômico e multiplicidades de
culturas construídas ao longo da história.

1. Trabalho apresentado no 9° Congresso Mundial de Educação Comparada


- Sidney, Austrália, julho de 1996 (com apoio do CNPq).
2. Professor titular da Faculdade de Educação - Pontifícia Universidade Ca-
tólica de Campinas (PUC-Campinas) e professor colaborador da Universi-
dade Estadual de Campinas (UNICAMP). Campinas, SP, Brasil.
Newton Cesar Balzan 8
Doei

Assim, a crise pela qual passam os siste- problema se coloca na busca de um tipo de
mas educacionais insere-se num fenômeno
mais amplo, isto é, a crise da própria cultura
organização de situações de ensino-aprendiza- :1
gem capaz de manter e mesmo melhorar os ní- falh1
ocidental neste final de século, quando os ter- veis de eficiência do ensino e, ao mesmo tempo,
çãol
mos globalização,l1lodernidadee pós-l1lodernidade oferecê-lo a um grande número de alunos" exigi
se tornaram uso freqüente. Em se tratando da (Candau, si d.:02). der.
Educação, a questão da qualidade do ensino A situação aparece em toda sua comple-
tem-se destacado dentre as demais, sendo obje- xidade quando se tem presente o fato de as re- fios
to de referências constantes, não apenas por centes mudanças registranas na economia das 1
parte de professores e estudantes, também mundial terem levado a um forte crescimento síve
como da imprensa, população em geral e até da no intercâmbio de estullantes de diferentes paí- Unb
classe política. ses. Segundo Woodhall (1981), o número de es- dUfê
O presente trabalho tem, como objeto de tudantes inscritos no ensino superior em países
tão.
estudo, a Didática - termo utilizado neste texto estrangeiros ao redor do mundo quadruplicou 199J
como sinônimo de Metodologia do Ensin03 -e entre 1960 e 1980, passando de 240 000 para per~
sua possível contribuição para o desenvolvi- aproximadamente 1 milhão, concentrando-se, mod
mento da qualidade do ensino superior. Des- principalmente, em cinco países: Estados Uni- des
cartando a idéia de que a Didática, por si só, dos, Canadá, França, Alemanha e Reino Unido. pem
poderia mudar substancialmente o nível de Quantidade e qualidade são freqüente- zage
qualidade ora observado nas Instituições de mente vistas de modo dicotômico e não como 1991
Ensino, tenho, como pressuposto, o fato de que pólos mutuamente inclusivos de um mesmo fe- duaj
ela tem contribuição possível a dar neste sentido. nômeno por parte dos educadores, gerando in- vo,~
O fato de essa contribuição estar condicionada c;atisfações de ambos os lados: professores, cienl
a uma série de fatores que a extrapolamleva-me de~estimulados a trabalhar junto a estunantes (Pao
a expressar termos de alcancee limites em lugar que lhes pareçam desinteressados e, cada vez um!
de certezasdogmáticas. mais, desqualificados para a aprendizagem dos se 11
Uma grande transformação vem-se conteúdos propostos; estudantes, que conside- (199/
registrando no ensino superior, em nível mun- ram o ensino ministrado de baixa qualidade e
fora d<1realidade. c°Iri
dial, nos anos recentes. Sua forte expansão, em rela4
termos quantitativos, mais marcante em países A grande rapidez de acumulação de co- histd
altamente industrializados, mas também pre- nhecimentos na sociedade contemporânea exi- balhJ
sente nos países em desenvolvimento, gera pro- ge novos parâmetros para se definir a aprendi- Conf
blemas novos4 diante dos quais nos sentimos zagem dos alunos, não mais L,n termos exclusi- qU
despreparados como educadores: uma mo- vos de conteúdos curriculares, mas, acima de tem
dalidade "... que b'adicionalmente se caracteri- tudo, aprendizagens de metodologiasdasdiferelltes pelo~
zou por ser um ensino de elite, vem- se áreas de COtz11ecimetltos,propiciando-se condi- gar
transformando em ribno acelerado num ensino ções para que o estudante seja capaz de realizar me
de massa. Este fato, indiscutivelmente uma a própria aprendizagem ao longo da vida. Ou, outr,
conquista, coloca-nos diante de problemas que como bem sintetiza Sir Christopher Ball na Pa-
se caracterizam como autênticos desafios: como lestra de Abertura da 3aConferência de Oxford riên
conciliar um ensino de massa com um ensino de sobre Educação - The Third Oxford Conference real
excelência? (...) "Do ponto de vista didático, o on Education (1995:2): "Diante de tantos desa- 1999

3. Veja-se, a propósito de conceituações sobre ambos os termos: de Luis Carlos de Freitas, Projeto histórico, ciência evidJ
pedagógica e" didática", in Edllcaçiíoe Sociedade(27),São Paulo, Cortez Ed., 1982; de Maria Rita N.5. Oliveira, A re- o q~
construção da didática-elementos teórico-metodológicos. Campinas, Papirus, 1992. dent
4. Constituem exemplos significativos os estudos desenvolvidos na Austrália, por Beed e outros (1977) e por .soci~
MilIer (1980);na Suécia, por Lane e outros (1981); nos Estados Unidos: na Universidade de Kentucky (Laverenz, sobrj
1979), no Central Connecticut State College (1982); no Brasil, por Forachi (1977).
1995
cond
8 Do estudante ao professor universitário: caminhos para a didática do ensino superior 9

tipo de fios, os velhos currículos não mais se susten- xos, pois, a partir do momento em que" se ace-
'endiza- tam. Além de suas características paroquiais, lerou o processo de globalização do mundo,
ar os ní- falham pela incapacidade de preparar a popula- modificaram-se as noções de espaço e tempo. A
) tempo, ção para o mundo moderno".(...)... "a primeira crescente agilização das comunicações, merca-
alunos" exigência para um currículo moderno é apren- dos, fluxos de capitais e tecnologias, intercâm-
der como aprender" . bios de idéias e imagens modifica os parâme-
comple- De fato, encontramo-nos frente a desa- tros herdados sobre a realidade social, o modo
de as re- fios para os quais urge obter respostas adequa- de ser das coisas, o andamento do devi. As fron-
:onomia das num espaço de tempo tão curto quanto pos- teiras parecem dissolver-se. As nações inte-
icimento sível: como evitar que o estereótipo de gram-se e desintegram-se. Algumas trans-
ntes paí- Universidade que os calouros terão construído formações sociais, em escalas nacional e mun-
~rode es- durante os anos de adolescência venha a ruir dial, fazem ressurgir fatos antes esquecidos,
m países tão precocemente? (Archângelo, Balzan e Paoli, anacrônicos. Simultaneamente, revelam-se ou-
ruplicou 1993). Como fazer do ensino de graduação um tras realidades, abrem-se outros horizontes. É
000 para período de construção de conhecimentos, de como se a história e a geografia, que pareciam
rando-se, modo a propiciar condições para que as ativida- estabilizadas, voltassem a mover-se espetacu-
dos Uni- des didáticas sejam gratificantes ao docente e larmente, além das previsões e ilusões (Ianni,
o Unido. permitam uma atribuição de sentido à aprendi- 1995:167).
'eqüente- zagem por parte do corpo discente? (Geral di, Em se tratando de procedimentos didáti-
\ão como 1992). Como deixar de fazer do ensino de gra- cos, vemo-nos oscilando entre as mais tradicio-
:lesmo fe- duação um processo marcantemente informati- nais formas de ensino - professor falando para
rando in- vo, sob a alegação de que formação acadêmico- uma classe que anota o que ele diz - e propostas
)fessores, científica se faz em nível de pós-graduação? tão avançadas que soam como pós-modernas-
;tudantes (Paoli,1985). Como trabalhar de forma tal que aprendizagem por simulações com uso da in-
cada vez um maior número de professores possa situar- formática - ambas com resultados precários.
agem dos se no paradigma denominado por Pimentel Confunde-se modernidade com novidade. Ex-
~conside- (1992) "pós-moderno" e caracterize-se por um celentes professores que recorrem a métodos
lalidade e compromisso radical por parte do docente em tradicionais de ensino passam a sentir-se deso-
relação ao próprio trabalho, contextualizado rientados e aqueles que se utilizam da mais
;ão de co- historicamente e desenvolvido de forma a tra- avançada tecnologia raramente se perguntam
rânea exi- balhar nos limites na interdisciplinaridade? sobre o porquê, para quê e para quem estão en-
i aprendi- Como alcançar esse compromisso radical, sinando.
)s exclusi- quando o próprio clima da pós-modernidade A situação do ensino se mostra, em toda
acima de tem, em suas marcas, "a história substituída sua complexidade, quando se considera que,
s diferelltes pelo efêmero, pela imagem do instante, pelo lu- além do fato de a educação normalmente vir a
-se condi- gar fugidio" (onde) "tudo se dissolve no mo- reboque dos avanços científicos, tecnológicos e
de realizar mento presente, imediatamente superado pela sociais, não há ainda consenso, entre os pró-
\ vida. Ou, outra imagem, colagem, bricolagem, montagem, prios cientistas sociais, a respeito dos conceitos
Ballna Pa- mensagem" (ocorrendo) " a substituição da expe- de globalização e pós-modernidade. Assim, es-
de Oxford riência pela aparência, do fato pelo simulacro, do tudam-se "Teorias da Modernização" (Ianni,
:onference real pelo virtual, da palavra pela imagem? (lanni, 1995) e não simplesmente" A Teoria da Moder-
mtos desa- 1995:170- 172). nização" . As discussões em tomo dos conceitos
A importância dessas interrogações fica de Modernidade e Pós-Modernidade , bem
>rico,ciência evidente se partirmos do pressuposto segundo como suas periodicidades, continuam suceden-
liveira, A re- o qual as Instituições de Ensino Superior po- do. Se há um certo consenso em tomo das carac-
dem tornar-se um microcosmo de uma terísticas das sociedades pós-modernas -
(1977) e por sociedade racional, um alerta para a sociedade "ambiente (...) "povoado pela cibernética, a ro-
y (Laverenz, sobre o que ela própria deveria ser (Barnett, bótica industrial, a medicina nuclear, a tecnolo-
1995:121). No entanto tal possibilidade está gia de alimentos, o trânsito computadorizado,
condicionada a fatores extremamente com ple- junto com o walk-man, o vídeo-game, o vídeo-
Newton Cesar Balzan 10
Do

cassete, o vídeodata, a TV a cabo e os computa- ou São Paulo - bolsões de pobreza, que lem- um
dores domésticos" (Santos, 1995:26-27), por ou- bram o quarto ou "quinto mundo", coexistem trai
tro lado, prevalecem as incertezas quanto ao junto a núcleos onde traços da pós-modernida- na]
início da Pós-Modernidade - a partir do mo- de podem ser facilmente identificados. Peque- nm
mento em que tem lugar, na Itália, um movi- nas cidades do interior de São Paulo, nas quais
mento de rebelião contra o internacionalismo o analfabetismo deixou de existir e cidades do
do
na arquitetura ou, dois anos antes, em 1953, interior da Amazônia, onde aqueles que não sa- ver
com a descoberta do DNA ou, pouco mais tar- bem ler e escrever correspondem a quase 90% fen
de, a partir do desenho do chip e lançamento do da população, pertencem a um mesmo país.
qUé
primeiro Sputinik?( Santos, 1995). As proje- Pergunta-se, então, se o tradicional deve COI
ções sobre o que nos legará a Pós-Modernidade, ser descartado, a priori, se o modernosatisfez as tes
são, também, bastante divergentes, abrangen- esperanças nele depositadas e que se espera do
naç
do desde previsões bastante otimistas, como as pós-moderno.O presente trabalho tem, como ob- car,
apresentadas por Naisbitt (1994) -"Somos todos jetivo, trazer alguma contribuição para o escla- tul(
guardiões de nossos irmãos", "Um consenso recimento destas questões, assim como
paí
está emergindo sobre as questões ambientais apontar para possíveis alternativas visando à Bra
globais", "Áreas de tensão globais aumentam o alteração do panorama ora vigente no ensino em
debate sobre os direitos humanos" etc.- a consi- superior. Para isto, recorro a resultados de Pro-
sil,
derações carregadas de pessimismo, como as jetos de Pesquisa que venho desenvolvendo con
formuladas por Derrida (1993) sobre uma desde 1980, tendo o estudante, concluinte de
ses
"Nova Ordem", segundo ele, "fundamentada cursos de graduação, como meu principal inter- Un
no desemprego, na exclusão, na rejeição dos locutor. Recorro, também, a dados de pesquisas out
exilados e dos imigrantes, da guerra econômica desenvolvidas por alunos de doutorado sob dua
entre nações, nas disputas entre e01ias, na dívi- minha orientação e estabeleço relações com os Sul
da externa" . áchados de outros pesquisadores do Brasil e Ex- de]
Se não há necessariamente sincronicida- terior.
za"
de entre aquilo que ocorre num determinado Ao desenvolver o presente trabalho, par-
Pau
segmento cultural - ciência ou arte, por exem- to dos seguintes pressupostos:
plo - e demais segmentos, em relação à educa- (i) Da Metodologia de Ensino contribuir
ção, sincronicidade só dificilmente ocorre. Em positivamente para o desenvolvimento da qua- Re
todo o mundo, ela normalmente vem a reboque lidade de ensino ora vigente. Seu poder é, no
dos avanços que ocorrem nas demais áreas, entanto, bastante limitado. Negar sua possibili- dan
mesmo nas ciências humanas em geral e nas ciên- dade de contribuição constitui erro tão grave tud
cias sociais aplicadas. Nos raros casos em que a quanto afirmar que, por si só, ela poderá alterar Can
educação se pôs a par com as mudanças sociais o panorama com o qual ora nos defrontamos no Ba12
e raríssimos casos em que se antecipou, ousan- processo educacional. estu
do contribuir para a construção do futuro atra- (ii) Os recursos que a Metodologia de En- de (
vés de projetos inovadores, foi acusada de estar sino põe à disposição dos educadores serão tão nho
subvertendo a ordem pública, sendo desmante- mais eficientes quanto mais seus usuários tive- bási,
lada. Por isso é preferível ter-se presente a dia- rem presente o contexto sócio-cultural em que dou
lética do novo e velho, vistos como pólos atuam. Este contexto inclui desde a rede de rela-
dad,
mutuamente inclusivos na cultura, em geral e ções que se estabelece entre indivíduos e gru- riên
educação, de modo especial. pos de diferentes origens sócio-econômico- um
Num mesmo país - o Brasil, por exemplo culturais, dotados de expectativas nem sempre nett
- em 1996, são encontrados grupos populacio- convergentes, até as relações entre Instituições
expE
nais - não indígenas - que vivem - em cavernas e de Ensino e Sociedade. Num momento em que mel,
aglomerados humanos, cujo estilo de vida se o mundo tende para a Globalização, é evidente
identifica claramente com aqueles vigentes nos que não basta aos educadores conhecer o meio 5.Cc
Estados Unidos, Japão e Europa Ocidental. mais próximo em que atuam - a chamada Co- tes d
Numa mesma grande metrópole - New York munidade, por exemplo - sendo necessária CAtI
10
Do estudante ao professor universitário: caminhos para a didática do ensino superior 11

que lem- uma conscientização sobre as tendências e con-


coexistem ce for the students". Sob esse aspecto o estudo,
lodernida- tradições que se observam em nível internacio- guarda semelhanças com outros, desenvolvi-
nal e, forçosamente, situam-nos diante de dos no Brasil e exterior. A título de exemplos: os
os. Peque- novos e, cada vez mais, numerosos desafios. estudos desenvolvidos na Austrália por Beed e
I nas quais
:idades do (iii) Os achados que constam deste estu- outros (1977) e Miller (1980); na Suécia, Lane e
do embora tendam a coincidir com aquilo que outros (1981);nos Estados Unidos: na Universi-
lue não sa-
vem sendo registrado por pesquisadores de di- dade de Kentucky (Leverenz, 1981), no "Cen-
quase 90%
ferentes países, serão tão mais significativos, tral Connecticut State College (1981), na
no país.
:ionaldeve quanto mais forem objetos de reflexão, tendo Northern Illinois University (Spikes, 1976) e
, satisfezas
como referência as especificidades dos diferen- Universidade da Flórida (1982); no Brasil,
tes países, de diferentes regiões de uma mesma Foracchi (1977).
~espera do
nação e, inclusive, das enormes diferenças que Comparações com outros estudos, nos
l, como ob-
ara o escla- caracterizam as atuais grande metrópoles. A tí- quais foram utilizados idênticos procedimen-
sim como tulo de exemplos, tomemos alguns casos: dois tos metodológicos, têm contribuído para vali-
; visando à países inseridos no chamado Terceiro Mundo, dar os resultados alcançados. Convém
, no ensino Brasil e Índia; dois países ocidentais situados destacar, a propósito, pesquisa desenvolvida
dos de Pro- em diferentes hemisférios, como Canadá e Bra- por Pagotto (1995) tomando como sujeitos 229
sil, países que fazem parte da União Européia, concluintes da Universidade Estadual Paulista
nvolvendo
1cluinte de como Holanda e Portugal; dois pequenos paí- - UNESP- e resultados preliminares de estudo
ses do hemisfério Sul, como Nova Zelândia e em desenvolvimento junto a Egressos da UNI-
lcipal inter-
Uruguai; dois países europeus, um ao Norte e CAMps no período 1968-1991 (Balzan, 1995).
e pesquisas outro ao Sul, como Suécia e Grécia ou, ainda,
torado sob No presente trabalho, são feitas referências a
ões com os duas regiões de uma mesma nação - o Norte e o ambos os estudos e extratos de apreciações fei-
Sul da Itália. Lembremo-nos, ainda, das "Ilhas tas pelos sujeitos pesquisados são reproduzidos.
Brasil e Ex-
de Excelência", ao lado dos "Bolsões de Pobre- O estudo priorizou o questionário como
za" de Megalópoles, como Nova Iorque e São instrumento de coleta de dados, cuja aplicação
ibalho, par- Paulo. se deu no último bimestre de cada um dos se-
) contribuir guintes anos letivos: 1980,19861990 e 1992. Foi
nto da qua- Referendal metodológico elaborado de forma a cobrir os seguintes tópi-
cos: dados pessoais; expectativas imediatas e a
poder é, no
O principal sujeito da pesquisa é o estu- longo prazo em relação à profissão e estudos;
Ia possibili- dante em fase de conclusão de cursos: 1254 es- estudo: tempo dedicado, condições para sua
o tão grave tudantes da Universidade Estadual de
derá alterar realização e domínio de habili- dades; percep-
ontamos no Campinas - UNICAMP- (Balzan, 1980e 1986; ção sobre a qualidade de ensino; relações estu-
Balzan, Meneghel e Jakubowski, 1993) e 2172 dante- Universidade.
estudantes da Pontifícia Universidade Católica Para se estudar aquilo que o estudante
logia de En-
~es serão tão de Campinas -PUCCAMP- (Camargo, Casta- diz ao fazer suas apreciações sobre o ensino e a
;uários tive- nho e Balzan, 1994). Partiu-se do pressuposto Universidade - respostas discursivas - recor-
básico segundo o qual esse aluno, tendo passa- reu-se a dois tipos de procedimentos:
ural em que
rede de rela- do um tempo relativamente longo na Universi- 1°) As respostas dadas pelos alunos a um
dade, terá acumulado um conjunto de expe- dado item do questionário foram objeto de lei-
:duos e gru-
econômico- riências e vivências que permite situá-Io como turas por duas pessoas (auxiliares de pesquisa)
um interlocutor válido. Entende-se, como Bar- que as classificam, em função dos sentidos fa-
nem sempre
nett (1994:4),"o ensino universitário como uma vorável ou desfavorável nelas contidos em:
Instituições
experiência cultural para os estudantes" (Na- a)Positivas e predominantemente positivas; b)
ento em que
mely, higher education, a s a cultural experien- Negativas e predominantemente negativas: c)
), é evidente
lecer o meio
hamada Co- 5. Convém destacar, a propósito, pesquisa desenvolvida por Pagotto (1995) que tomou como sujeitos 229 concluin-
tes da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e resultados de estudo desenvolvidos junto a egressos da UNI-
Dnecessária CAMP, no período 1968-1991. (Balzan, 1995).
Newton Cesar Balzan 12 o

Positivas e/ ou negativas com ressalvas; d) Di- ziram à construção de categorias mais amplas
fusas; f) Outras. surgidas quando da procura de convergências
Nos casos em que as classificações feitas e divergências" (Balzan, Meneghel e Jaku-
pelos dois leitores não apresentassem concor- bowski, 1993: 27). Assim, Ciclo Básico,Iniciação
dância, um terceiro elemento se manifestaria a Científica, Professor e outros temas não definidos
respeito, discutindo-se, a seguir, os resultados previamente, e por isso, não relacionados como cate-
das três apreciações. gorias prévias de análise, passarama constituir nú-
Os resultados, transcritos em matrizes - cleos temáticos de importância fundamental
uma para cada item/ curso especialmente elabo- para o Projeto como um todo.
- radas para este fim - foram tabulados e, a se-
guir, expressos em termos percentuais através
A síntese inicial se amplia e ganha novos
significados em relação ao aluno pesquisado,
de gráficos. A análise realizada, a seguir, foi feita visto não mais" apenas" como o concluinte de
tomando-se como referência cada dentro dos graduação de uma determinada Instituição,
curso isoladamente, cursos que compõem uma mas como sujeito historicamente situado, jo-
dada área do conhecimento e a Universidade vem que, ao se formar num Curso Superior, vê-
como um todo. se às voltas com problemas de mercado de tra-
Justifica-se esse tipo de tratamento, que balho ou de carreira acadêmica. Em termos, um
se aproxima de alguns pressupostos enuncia- sujeito contextualizado historicamente.
dos por Bardin (1977) e Krippendorff (1980), No desenvolvimento do estudo, contem- da
tendo em vista as expectativas dos principais plaram-se, portanto, dois tipos de abordagens, SI:
usuários dos resultados do estudo, isto é, do- - quantitativas e qualitativas - consideradas, uti
centes da Universidade, que, freqüentemente como não mutuamente excludentes por uma sé- tal
perguntam sobre" o grau de intensidade" em rie de autores que vêm dedicando-se às pesqui- fOI
que um determinado fenômeno ocorre num sas educacionais: Barbosa (1986), Luna (1989), ceI
dado curso ou Universidade, como um todo. Schultz(1982), Erickson (1986) dentre outros. (Sa
2°) A Análise de Discurso, conforme é Os tópicos que vêm a seguir tomam do
conceituada por Pécheux (1975), Maingueneau como ponto de partida, extratos de discursos dos rer
(1976), cuja fundamentação teórica inclui obri- estudantes já relacionados anteriormente. Ao pr<
gatoriamente "a relação do discurso com a his- selecioná-Ios, não se privilegiaram os mais mar- tiV
tória da formação social e o sujeito dito da cantemente favoráveis ou desfavoráveis a um
enunciação" (Orlandi,1986:112). Foram feitas determinado item do ensino superior. Os extra- de~
sucessivas leituras das respostas aos itens do tos apresentados constituem, isto sim, uma
questionário, destacando-se períodos que amostra aproximada das tendências observadas, oril
apontavam marcas nos discursos dos concluin- "para cima e para baixo", isto é, positivas e ne- no~
teso Repetidas, essas marcas carregam "unida- gativas do conjunto das apreciações feitas pelos doe
des de significado, discriminações espontanea- estudantes. Após cada enunciado, vêm, entre ao]
mente percebidas" (Orlandi, 1986), que possibi- parênteses, os nomes dos Cursos que os pesqui- did
litam aos pesquisadores depreenderem alguns sados estavam concluindo. resl
dos elementos envolvidos no processo de fun-
cionamento da Instituição de Ensino Superior
em questão.
Ensino tradicional - um processo te e
descartável? ape
Os "recortes" obtidos foram organizados sua
de forma a facilitar um processo sistemático de "Aspecto muito negativo no meu pes
buscas de unidades de significados relevantes Curso? Ensino muito calcado no sistema: não
aos objetivos da pesquisa. Surgiram, assim, agru- professor na lousa, aluno sentado, apenas ção
pamentos, isto é, categorias de respostas que for- ouvindo" (Química) par
necem estrutura a cada item do questionário. "Não critico os professores quanto vol-
Um processo de "leituras e releituras, a sua capacidade e os seus conhecimentos, ran
correção de vieses e busca dos focos essenciais pois muitos são bastante inteligentes, úni
na construção de estruturas específicas condu- dêI
12 Do estudante ao professor universitário: caminhos para a didática do ensino superior 13

is amplas masquanto aforma de transmiti-los" (Es- Universidade no contexto nacional e inter-


ergências tatística) nacional, por outro, acabou gerando forte des-
I e Jaku- "Gosto particularmente de aulas contentamento em relação às atividades de en-
, Iniciação expositivas, complementadaspor leituras sino. A pergunta- título - "Quem dará aulas na
) definidos de textos. Gosto da aula em que o profes- graduação?" de um artigo publicado no Jour-
sor dominebemum assunto ediscorra so-
comocate- nal of Chemical Education (1993:607) e a maior
stituir nú- bre ele com paixão, envolvendo o aluno"
(História)
parte das observações nele contidas, embora se
damental refiram à sociedade norte-americana, aplicam-
"O quepara mim foi mais signifi-
cativoforam asaulas expositivas dospro- se a esta Universidade: "Aqueles que se torna-
ma novos ram acadêmicos ocupam hoje posições que lhes
fessores que procuravam fazer uma
~squisado, análiseprofunda e crítica dos textos, poe- permitem reproduzir outros iguais a eles. Gra-
cluinte de dualmente atingem situações razoavelmente
siase livros quedeveríamosler. Creio que
1Stituição, isto valeu muito para mim, principalmen- confortáveis em muitas universidades onde o
uado, jo- te para atiçar o meu espírito analítico en- ensino pode ser ignorado e a pesquisa deva ser
perior, vê- quanto leitora e também em outros reforçada" (...) "o que faz com que haja pouca
ldo de tra- momentosda vida!(Letras) ou nenhuma preocupação em relação a falta de
~rmos,um interesse ou aptidão para o ensino que desen-
lte. Os extratos acima tocam num ponto fun- volvem". A mesma situação ocorre no Reino
o, contem- damental do processo didático: aAULA EXPO- Unido: "A pesquisa é o ponto alto da comuni-
)ordagens, SITIVA, provavelmente, ainda a forma mais dade acadêmica. É em torno dele que a comuni-
ISideradas, utilizada não somente no Ensino Superior, mas dade acadêmica gira e é pela sua performance
'oruma sé- também nos demais níveis. Classificada como em pesquisa que os membros da academia ad-
às pesqui- forma tradicional, "...em que a educação se quirem sua identidade profissional e são julga-
ma (1989), centrá no educador, intelecto, conhecimento" dos por seus pares. O sucesso no ensino se situa
~ outros. (Saviani,1980:18), privilegiando a passividade num plano inferior" .(...) "Mas se estamos seria-
lir tomam do aluno e deixando de lado toda a oferta de mente interessados em promover a qualidade
5cursos dos repertório que a Didática pôs à disposição dos do ensino superior, em desenvolver efetiva-
mente. Ao professores nas últimas décadas, a aula exposi- mente o ensino e a aprendizagem, é ao processo
;mais mar- tiva resiste fortemente. de ensino que devemos prestar atenção. Em
íveis a um Seria esta modalidade de ensino, de fato, síntese, se estamos preocupados com o ensino
r. Os extra- descartável? superior, é ao ensino superior que devemos dar
sim, uma São freqüentes, nas pesquisas que deram atenção, mais que a pesquisa". (Barneu,
observadas, origem a este trabalho, os casos em que os alu- 1994:135).
itivas e ne- nos se referem à inteligência e competência do Na outra Instituição abordada neste es-
feitas pelos docente como profissional de uma dada área e, tudo - a Universidade Católica de Campinas
vêm, entre ao mesmo tempo, a seu péssimo desempenho -classes muito numerosas e o fato de a maio-
~os pesqui- didático, o qual, segundo muitos estudantes, ria dos professores trabalharem em tempo par-
resume-se em ''falar,falar,falar...". cial contribuem para explicar tanto as críticas
Na primeira das Instituições citadas nes- dos alunos sobre como esta forma de ensino é
Ifocesso te estudo - UNICAMP - Universidade criada há desenvolvida, como o porquê de sua utilização
apenas 30 anos, isto se explica, em parte, por tão freqüente. Paradoxalmente, o descuido em
sua própria história com alto prestígio dado à relação à pesquisa teria prejudicado, aqui, a
10meu pesquisa e situando em plano secundário, se- própria qualidade do ensino. A reprodução das
istema: não, desprezível a parte expositiva. A publica- falas acima situa-nos, frente a questões mais
apenas ção de artigos em revistas internacionais, a complexas que simplesmente a opção em acei-
participação de encontros cienlificos, o desen- tarmos ou não as aulas expositivas. Vejamos al-
quanto volvimento de projetos de pesquisa, constituí- gumas delas.
nentos, ram, ao longo de três décadas, praticamente os A distribuição das falas - duas de estu-
gentes, únicos critérios para promoção na carreira aca- dantes de Ciências Exatas - e duas de alunos
dêmica. Se isto, por um lado, deu prestígio à de Ciências Humanas e Letras, as primeiras
Newton Cesar Balzan 14 Do eS

desfavoráveis e as duas últimas favoráveis à te ao professor, que apresenta os assuntos se-


aula expositiva, não se fez por acaso. Embora gundo uma estruturação lógica. A principal crí- ao s~
este tipo de atividade didática sofra fortes críti- tica que se faz é no sentido de que, em tal aula
cas no meio estudantil em geral, os estudantes situação, o aluno estaria limitando-se a acom- ens
de Ciências Exatas e Área Tecnológica tendem a
ser mais duros em suas críticas em relação a ela
que os alunos das outras duas áreas. Isto se ex-
panhar exposto pelo professor, deixando de
realizar sua própria aprendizagem. O aluno es-
taria sendo ensinado, mas não aprendendo,
nhe
pe
Com
j
plica, provavelmente, pelo uso quase exclusivo conforme um dos autores mais conhecidos na flexã
de outras modalidades de ensino - com predo- área pedagógica, Cousinet: "quanto menos se é tudo
minância para seminários e trabalhos em gru- ensinado mais se aprende, pois ser ensinado é de sé
pos, geralmente mal estruturados - nos cursos receber informações e aprender é procurá-Ias". for TI
de Ciências Humanas e Letras, ocorrendo situa- No entanto esta modalidade de ensino repn
ção inversa em duas outras áreas de conheci- não é descartada, a priori, por um grande nú- tua
mentos. Assim, tenderia a haver um sentimento mero de autores, que procuram chamar a aten- cois
de ausência da fala do professor naquelas duas ção para a complexidade de processos inte- ria"
áreas e, quando isto ocoresse, a recepção, por lectuais que poderão estar ocorrendo na mente
parte dos estudantes, tenderia a ser mais favo- do expositor e ouvinte, enquanto se realiza. Ae-
rável. bli (1972) cita, entre outros, os seguintes: repre-
Em segundo lugar, é preciso prestar sentações de percepções e ações, quando o
atenção ao termo paixão, contido no terceiro ex- expositor revive em seu íntimo aquilo que terá
trato, que, certamente, constitui-se como fator- captado ao realizar sua própria aprendizagem;
chave para que se possa melhor qualificar esta processo de matização emocional, fazendo com
forma tradicional de ensino. A última transcri- que determinados aspectos surjam como positi- te
ção contém, também, termos bastante precisos vos e outros como negativos, segundo seu pró-
sobre esta maneira de ensinar: "análise profun- prio sistema de valores; associação entre
da", "críticas" " aguçamento do espírito analítico", pensamento e unidades da língua; associação
"outros momentos da vida". entre sinais e significados, tendo lugar o proces-
As aulas expositivas não precisam, ne- so conhecido como decodificação em teoria, da
cessariamente, resumir-se às formas criticadas informação. No entanto conclui o mesmo autor:
nos dois primeiros exemplos. Além disso, pro- "Somente uma forma é aqui excluída:a exposi-
fessores inteligentes e capazes têm muito a di- ção pura, o ensino ex-cátedra. Este não permite
zer aos estudantes e, sem dúvida, devem fazê- ao professor conhecer a mente do aluno e é, em
10. Podem-se constituir, desta forma, não ape- geral, sabido que, nas escolas onde é emprega-
nas como fator de estímulo ao aluno para o de- do com exclusividade, as mais das vezes, fala-
sejo de saber mais, como também fonte de se sem o mínimo de resultados" (1972:45).
conhecimentos, elaborando sínteses a partir de Acrescente-se a essas observações o fato
todo o conjunto de experiências e vivências pe- de o estudante geralmente estar anotando aqui-
las quais terão passado e situa-os, em termos de lo que é exposto pelo professor, procedimento
conhecimentos, necessariamente, num pata- do qual decorre uma série de vantagens, con-
mar mais elevado que seus alunos. Estudos de- forme apontam Beard e Hartley: " As anotações
senvolvidos na Inglaterra por Bliss e Ogborn oferecem não apenas um lembrete 'daquilo que
(1977) e Beard e Senior (1980), appud Hartley e foi exposto', capacitando, ao mesmo tempo, os
Beard (1984:153-154) confirmam essas observa- estudantes a relembrar e reconstruir a matéria
ções. original" "Esta atividade, claro, leva os es-
(00')

A aula expositiva - ou "aula propriamen- tudantes à revisão e reprocessamento do conte-


te dita" - característica mais marcante do ensino údo da exposição, logo após ela ter sido apre-
tradicional, embora possa cobrir um amplo es- sentada. Além disso, a releitura de anotações
pectro que vai da exposição dogmática à expo- marginais auxiliará uma revisão posterior"
sição dialogada, caracteriza-se, essencial- (1984:120-125)
mente, pela atividade caber predominantemen-
14 Do estudante ao professor universitário: caminhos para a didática do ensino superior 15

mtos se- A questão que de fato deve ser levantada "Na Faculdade de Educação há a
tendência de se desvalorizar totalmente as
eipal crí- ao se pretender julgar a pertinência ou não da
, em tal aula expositiva e outras formas tradicionais de provas como forma de avaliação. Dá-se
a acom- ensino é esta: estamos interessados em dar co- notas para participação, freqüência, semi-
ando de nhecimentos a nossos alunos' ou estimulá-Ios a nários, etc., porém, só raramente são uti-
lluno es- lizadas provas. Acredito haver casos em
pensar? Em adquirir e reproduzir para não criar?
que elas sejam instrumentos importantes,
ndendo, Consumir em lugar de realizar o trabalho da re-
não podendo, portanto, serem elimina-
cidos na flexão? (Chauí, 1980). "Porque para não pensar,
das" (Pedagogia)
enos se é tudo quanto atravessa as portas da universida-
iSinadoé de só tem direito à entrada e a permanência se
A julgar pelas respostas dadas pela
Irá-Ias". for reduzido a um conhecimento, isto é, a uma
maioria dos estudantes, a avaliação se apresen-
le ensino representação controlada e manipulada intelec-
ta como uma área crítica, que requer atenção
ande nú- tualmente. É preciso que o real se converta em
prioritária quando se pretende alterar para me-
u a aten- coisa morta para adquirir cidadania universitá-
lhor o processo de ensino-aprendizagem.
sos inte- ria" (Chauí, 1980:47). Se há insatisfação com relação à avalia-
na mente As observações da autora se aplicam não
ção tradicional- centrada em provas- a mesma
lliza. Ae- somente àquilo que surge explicitamente como insatisfação existe com relação à avaliação
es:repre- tradicional no ensino universitário, como tam-
"não tradicional", que pressupõe ênfase nos
uando o bém às demais formas de atuação didático-pe-
aspectos formativos. Se a primeira forma, tal
I que terá dagógicas, pretensamente modernas e mesmo como vem sendo utilizada, é identificada como
dizagem; pós-modernas.
simples mensuração de conhecimentos - privi-
mdo com Se estabelecermos um "continuum" que
legiando a memorização- a segunda é conside-
no positi- tenha em um de seus extremos, a aula expositi-
rada como carregada de subjetividade, desti-
)seu pró- va e, no outro, a avaliação da aprendizagem, fa- tuída de critérios claramente definidos, não le-
ão entre cilmente identificaremos problemas idênticos,
vando, conseqüentemente, os estudantes a se
ssociação em relação aos quais as perguntas formuladas sentirem efetivamente avaliados.
o proces- acima e citações da própria autora apontam Considerável parcela dos estudantes, no
teoria, da para as mesmas raízes. entanto, é capaz de entender corretamente a
mo autor: Vejamos, a título de exemplos, algumas avaliação como parte integrante de um processo edu-
:a exposi- apreciações de concluintes sobre o processo de cativo, em que a ausência de definição clara de
o permite A VALIAÇAO aos quais foram submetidos nas objetivos, clareza sobre aquilo que se pretende
no e é, em Universidades.
alcançar em termos de universidade, sociedade
emprega- e a ausência de uma visão mais abrangente so-
"São avaliações tradicionais que
ezes, fala-
obrigama Idecorebas' (...) não resultam bre o perfil do profissional almejado acabam
2:45). por gerar uma série de confusões. Isto resulta
em nada positivo, são logo esquecidas e
ões o fato
estão longe da realidade profissional" num sistema de avaliação que se caracteriza
ndo aqui- (Química). pela falta de critérios, indeterminação de instru-
edimento "O processo de avaliação é crítico, mentos e padrões utilizados.
~ens, con- pois ficamos presos as notas" (...) e temos
anotações que lembrar que, aos olhos do professor, se
lquilo que sua nota é 5,0, você é um aluno 5,0". (Ciên- Ventos da modemidade: sempre
tempo, os cias da Computação). sinais de progresso?
a matéria "O curso médico exige uma ava-
eva os es- liação integral do aluno: da relação médi- É difícil acreditar que, passado quase um
I doconte- co-pacien te; suas responsabilidades quarto de século desde que uma das principais
perante o paciente; seus conhecimentos asserções apresentadas pela UNESCO ao tratar
lido apre- intelectuais sobre as moléstias. Entretan- dos desafios mundiais a educação, a maioria
anotações dos educadores ainda não tenham decifrado o
)osterior" to, são aplicadas provas que visam apenas
decorar livros" (Medicina) "enigma" nela contido:
Newton Cesar Balzan 16

"A era de mudanças nos propor- aquisição de conhecimentos e mesmo experiên-


ciona os instrumentos necessários para cias e vivências de valor inestimável:
responder a exigência quantitativa e qua-
litativa de educação, que ela mesma provo- "Aponto, comoaltamentepositi-
ca. Mas precisamos saber como reconhecer vos em meu curso, Seminários coordena-
e adaptar esses instrumentos as nossas fi- dos pelo professor, indagando aleatoria-
mente cada aluno sobre determinado
nalidades".(O Correio, 1973:5).
item, seguido de verificação prática para
E assim, toda sorte de inovações vem desenvolver técnicas e sedimentar infor-
- mações, completando-se com discussão de
sendo tentada, sem que a qualidade do ensino
casos à beira do leito" (Medicina).
universitário apresente melhoras efetivas. Na
maior parte das vezes, confundem-se modismos
Freqüentemente, encontramo-nos diante
com modernidade(Furter, 197) e, em nome desta
de situações intituladas como Pesquisas, as
última, a participação do professor se torna efê-
quais, na realidade, resumem-se a cópias ou fi-
mera e as inovações acabam falhando (Levine,
chamento de textos. Esquecemo-nos de que a
1980).
Vemo-nos diante de Seminários- uma consulta bibliográfica tem como pré-requisito a
das formas de ensino mais utilizadas no ensino capacidade de compreensão do conteúdo lido e
pressu põe o aproveitamento de seus resultados
superior - que, freqüentemente, resumem-se a através da elaboração de sínteses, processo in-
aulas expositivas dadas por um grupo de alu-
telectual para o qual muitos estudantes não fo-
nos ao restante da classe. A palavra do profes-
ram razoavelmente preparados durante o
sor é substituída pela dos alunos que, ao se
período que antecede a Universidade. Ignora-
prepararem para a apresentação de um determi- mos o fator tempo, atribuindo uma quantidade
nado tema aos colegas, limitam-se a dominar
exagerada de leituras aos alunos, tendo como re-
pontos específicos do mesmo, isto é, aquilo so-
sultado, enganos mútuos: lêem de modo super-
bre o que a cada um caberia falar. Tem-se, desta
ficial - quando lêem! - e docente que supõe ter
forma, um processo de alienação até maior que havido leituras não realizadas.
o identificado nas aulas expositivas. Perde-se,
inclusive em qualidade, uma vez que é alta- "O curso tem que acabar, para a
mente provável que o professor esteja mais maioria, em 4 anos, pois é hora de ir ao
apto a tratar de um determinado assunto que mercado de trabalho. São, no mínimo, 20
um grupo de estudantes. O primeiro se acomo- créditos por semestre (5 disciplinas).
da na posição de observador, limitando-se a Cada disciplina dá, em média, 2 leituras
cumprimentar os expositores pelo sucesso al- por semana. Digamos que para uma boa
leitura de textos densos, um período de 4
cançado e lembrando a classe de que,na próxi-
horas seja necessário. Chega-se, então a
ma aula, um outro grupo dará o Seminário. 40 horas semanais de leitura (Se a leitura
"O que geralmente acontece nes- foi mal feita, é necessário retomá-Ia, o que
sas discussões é que um grupo acaba' datl- exige, no mínimo, 20 horas semanais).
do aula' no lugar do professor e a turma Temos, portanto, 60 horas semanais dedi-
escuta, não lê os textos. Sendo assim, cada cadas ao estudo teórico, ou seja, das 8:00
grupo se 'especializa' no seu assunto, não às 24:00 horas. Não é possível fazer um
se chegando a uma noção de conjunto" bom curso. (u.) Resulta, necessariametlte,
(História). em um curso mal feito".(Ciências So-
ciais).
No entanto, assim como já foi afirmado
em relação às aulas expositivas e avaliação, a si- Os comentários acima, feitos por um es-
tuação não precisa ser obrigatoriamente assim. tudante brasileiro em 1990, soam como um eco
Os próprios estudantes identificam autênticos daquilo que foi dito 26 anos antes por um estu-
seminários, sugerindo-nos formas de torná-Ios dante de Northampton, Reino Unido:
atividades que conduzam à sociabilidade,
16 Do estudante ao professor universitário: caminhos para a didática do ensino superior 17

experiên- "Precisamos de mais tempo para "As atividades práticas nos labo-
pensar sobre os princípios básicos. O cur- ratórios deixavam pouca margem a criati-
so reaquer uma fantástica quantidade de vidade e não demonstravam se o aluno
lositi- trabalhos - relatórios de laboratórios, entendera ou não a teoria (eram laborató-
dena- propostas de experimentos, questionários rios dirigidos e os alunos acabavam se
toria- a responder, desenhos - e isto toma dois acostumando com isso, ficando acomoda-
inado terços do seu tempo, e lhe deixa muito dos" (Engenharia Elétrica).
rpara pouco tempo para revisões ou para tentar
infor- compreender as exposições... Isto não o Mais uma vez, os resultados, aqui apre-
sãode prepara para pensar, é tudo mecânico, le- sentados, são idênticos aos de estudos desen-
vando você a correr o tempo todo, como se volvidos em outros países. Veja-se, a título de
você fosse uma máquirza"(Marris,1964,
nos diante exemplo, a seguinte conclusão apresentada por
Appud Beard e Hartley, 1984:8)
Johnstone e Wham (1979), que tomaram como
quisas, as
referência atividades práticas em cursos de gra-
.pias ou fi- Os resultados são muito diferentes, po-
duação realizadas por estudantes de Química:
; de que a dendo alcançar níveis de rendimento capazes de
"A validade das atividades práticas tem sido
requisito a superar eventuais falhas didáticas do professor,
~údolido e questionada sob dois aspectos: seu custo e efe-
quando este dá a devida atenção àquilo que se
resultados tividade para a aprendizagem". (...) "Há, no mí-
convencionou chamar" pesquisa bibliográfica":
rocesso in- nimo, dois pontos fracos que depõem contra a
tes não fo- "O mais importante, tIOcurso urzi- aprendizagem efetiva:(i)A ênfase no domínio
versitário, foi ter dos professores a orien- de habilidades em alto nível é insuficiente; (ii)
durante o
tação sobre o que deveria ler e quando de- Os estudantes são muito 'programados' e têm
ie.Ignora- veria fazê-Io. Considero, pois, que inde- pouca responsabilidade na própria aprendiza-
[uantidade pendertte da didática destes, o material gem" (1979:16).
lo como re- bibliográfico que usei foi plenamente sa- Perdem-se, desta forma, oportunidades
odo super- tisfatório, fazendo com que me sinta hoje,
preciosas de se atingir uma melhor compreen-
~supõe ter realmente um profissional do ramo que
são dos aspectos teóricos de uma dada discipli-
decidi abraçar" (Engenharia Mecânica).
na e proporcionar envolvimento mais efetivo
paraa entre professores e alunos, que atividades deste
e Ir ao As atividades práticas de Laboratórios e
tipo, potencialmente possam gerar:
mo, 20 Campo, desenvolvidas principalmente nas áreas
linas). de Ciências Exatas, Biológicas e Tecnológicas, "Considero como muito sigrzifica-
eituras de modo geral, não fogem à regra observada tivos os trabalhos de campo (excur-
~a boa nas "pesquisas" bibliográficas. Ao estereótipo sões)que levam o biólogo a corzstatar, na
dode4 traçado pelos docentes e estudantes que per- natureza, muitos fatos inéditos que, mui-
~ntão a tencem à Área de Ciências Humanas, isto é, tra- tas vezes, só se conhecem por livros. Além
leitura balhos nos laboratórios associados a comporta- disso, a posterior avaliação, pesquisa bi-
l, oque bliográfica e envolvimento professor-alu-
mento científico-levantamento de hipóteses,
~anais). no nesse tipo de trabalho, são inigualá-
experimentação etc.-muitas vezes, correspon-
is dedi- veis" (Ciências Biológicas).
de apenas atividades rotineiras, nas quais o
as 8:00
exercício da criatividade se torna praticamente
zer um O exemplo acima contém informações
impossível diante de roteiros de" experiências"
rmente, que mostram a riqueza possível das atividades
ias 50- rigidamente elaborados e exigência de relató-
práticas, quando vistas como parte integrante
rios detalhistas. Aquilo que deveria aguçar a
de um processo mais amplo, onde consultas a
observação, desencadear um processo de cons-
bibliografia, avaliação e relacionamento inter-
tante busca de soluções para determinados fe-
por um es- nômenos das Ciências Físicas e Naturais, acaba pessoal estão presentes.
Imo um eco Se, por um lado, os Ventos da Moderni-
or um estu- se tornando um conjunto de exercícios aborre-
cidos e enfadonhos. dade enriqueceram a didática, por outro, este
io: enriquecimento parece ter ficado aquém das
expectativas de professores e alunos. Nem sem-
--

Newton Cesar Balzan 18

noj
pre trouxeram progresso e não são raros os ca- rne numa pura técnica de agir circunscrita ao es
sos em que acabaram gerando retrocesso. Não campo do provável e do previsível" (1980:49). pio'
são poucos, os casos em que parecendo, a prin- mo'
cípio, trazer soluções mágicas para a educação, co
Pós-modemidade: haverá espaço
caíram logo em desuso: a instrução programa- ver.
da e as máquinas de ensinar por exemplo. São
para o professor?
Oh
&eqüentes os exemplos em que uma série de "Tenho receiode que o acentuado
rearranjos vem sendo feita a fim de que os resul- uso de simulações, através da Informáti- res,
tados prometidos se concretizem. É o caso do ca, venha resultar naformação de profis- asa.
Ensino por Módulos que, embora se apresente sionais cujo perfil estará muito distante dos
como uma das alternativas possíveis para a daqueleque se convencionou atribuir aos desi
aprendizagem permanente, grupos de estu- engenheiros: pessoas que gostam de ver
como as coisasfuncionam, porquefuncio-
pari
dantes pesquisados dizem não terem visto rela- du
ções entre os módulos do programa de estudos nam, porqueapresentamfalhas" (Reis P,
1995) cip
de sua própria área e outras áreas pelos quais "O acentuado interesse dosatuais difl
optaram.(Jenkins e Walker, 1994).
alunos deMedicina em optarpor especia-
Do falso pressuposto segundo o qual a
lizações que demandam a utilização de
Modernidade no Ensino viria exigir menor pre- aparelhos sofisticados é preocupante, na
paro acadêmico do professor, decorreu uma ên- medida em que, concomitantemente, eles
fase nas atividades práticas, desconsiderando- parecem estar fugindo daquilo que sem- mé
se o fato de que o professor, ao promovê-Ias, te- pre caracterizouaprofissãomédica,istoé, bai
ria que se capacitar não somente em termos de o contato humano, médico-paciente". par
técnicas pedagógicas mas, acima de tudo, como (UNICAMP, 1995)
apr
um profissional capaz de integrar teoria e práti-
ca, coordenar atividades de vários tipos, utili- A pós-modernidade - "...sociedades tex
zar-se dos recursos oferecidos pela moderna programadas (em que) a tecnociência atravessa
tecnologia educacional, considerando-os como de ponta a ponta a vida cotidiana" (...) oferecen-
meios para que a Educação de fato se realize e do-nos um ambiente" povoado pela cibernéti-
não como fins em si mesmos. E, assim, a Moder- ca, a robótica industrial, a biologia molecular, a
I
nização, com seus métodos centrados no edu- medicina nuclear, a tecnologia de alimentos, as
cando, vida, atividade, seguindo uma ordem terapias psicológicas, a climatização, as técni-
psicológica e subordinando os fins educacio- cas de embelezamento, o trânsito computadori-
I
nais aos meios (Saviani,1980), se, por um lado, zado, junto com o walk-man, o vídeogame, o pro
trouxe inegáveis contribuições ao ensino supe- videocassete, o vídeodata, a TV por cabo e os
rio r, por outro, prejuízos cuja reparação plena computadores domésticos (Santos, 1995:26-27),
I

não se fará tão cedo. O mais grave deles é apon- situa-nos diante de novos desafios - como
tado por Chauí (1980), ao criticar a "mística mo- mostram os enunciados acima - e ao mesmo
I dernizadora", a "fácil adesão ao 'moderno' ", o tempo frente a problemas com os quais estamos
"mito da modernização" e o "ativismo trans- convivendo há décadas e para os quais ainda
formista" que tiveram lugar no Brasil durante o não encontramos solução. XXI
I

período de forte repressão político-militar e, Dentre os novos desafios, cabe-nos per- sor?
provavelmente, em muitos outros países, a par- guntar, antes de mais nada. se não estaremos que
, tir do final dos anos sessenta, resultando na su- correndo o risco de um novo totalitarismo, de soci
per-valorização da transformação do real, na fonte tecnológica, tendo em vista os fantásticos em
aplicação imediata dos conhecimentos, em de- mecanismos da civilização cibernética e evi- &a
I
trimento do pensamento e reflexão. "Desta ma- dente crise do capitalismo (Reale, 1995). Cabe- per
neira, não é apenas o trabalho do pensamento nos responder" a necessidade, mais que qual- con
que se perde, mas a própria idéia da ação como quer outra de sermos capazes de utilizar de tan
práxis social, uma vez que a atividade, longe de modo efetivo as informações, especialmente de daI'
ser a criação de um possível histórico, se conso- sermos capazes de distinguir entre aquilo que é
18
Do estudante ao professor universitário: caminhos para a didática do ensino superior 19

!Scrita ao
espúrio e genuíno", (...) "reforçando os princí- O estudo realizado por Pimentel (1992)
980:49). pios intelectuais, científicos e tecnológicos, de junto a 14 professores identificados pelos alu-
modo que os estudantes sejam capazes de lidar nos de uma Universidade brasileira considera-
~spaço com os conhecimentos que virão depois que ti- da como Instituição de vanguarda, ajuda-nos a
verem deixado a Universidade" (Stanford buscar respostas para estes desafios. Assim, a
Observer, 1993) autora assim caracteriza quatro dos docentes
uado Dentre os desafios que já nos são familia- pesquisados, situados por ela num paradigma
náti- res, é importante destacar: os" ciclos básicos" e ao qual denomina "pós-moderno":
'ofis- as altas taxas de evasão nos primeiros semestres
lante "Esses irldivíduos fogem ao termo
dos cursos de graduação; as várias formas de
r aos médio do padrão individual de desenvol-
~ver desintegração: teoria e prática, ciclo básico e vimento humano, de uma determinada
ncio- parte profissionalizante, graduação-pós-gra-
época"(...) "Reagem a desumanização
duação, conteúdos curriculares das várias dis-
isfD, como a um desafio. Negam seu mundo e
ciplinas num mesmo período etc.; o tratamento buscam novas perspectivas para o desen-
tuais diferenciado junto a turmas de cursos diurno e volvimento humano, consideradas as
,ecia- noturno, assim como junto a diferentes grupos condições da alienação do homem. Vivem
lia de de calouros: grupos com altas médias de in- a crise pela qual passa o mundo, imersos
:e,na gresso na Universidade, em cursos de alta de- nele, atentos, voltados para o mundo, em
~,eles manda e turmas de ingressantes com baixas especial para as coisas da educação. Os
sem- médias de ingresso, geralmente em cursos de verbos que mais aparecem nos seus dis-
istoé, baixa demanda, oferecidos em período noturno cursos são: questionar, mudar, procurar,
nte". para populações com condições adversas de descobrir, inventar, modificar, melhorar,
aprendizagem pré-universitária. sen tir, participar, arriscar, inovar..."
"São críticos, denunciam um en-
Haveria lugar para o professor no con-
)ciedades sino onde o paralelismo teoria e prática
texto denominado pós-moderno? As questões
atravessa leva ao imobilismo" (...) "Criticam afalta
acima poderiam ser resolvidas através de re-
I oferecen- de apelo ao pensamento divergente..." (...)
cursos da InformáticaJa partir de um gerencia- "Reagem, denunciam e, muito mais do
cibernéti-
mento eficiente direcionado à "qualidade que isso, criam e renovam em direção a
Dlecular,a total", a "reengenharia" aplicada a educação? mudança".
nentos, as As manifestações de muitos estudantes, das
" as técni- "...Esses professores estão dizendo
quais a transcrição a seguir constitui um exemplo que mudar um espaço de erlsino não
lputadori- claro, parecem apontar para a necessidade do significa apenas mudar a metodologia ou
eogame, o professor: adotar os procedimentos de um professor
cabo e os
bem sucedido. Significa questionar-se
j95:26-27), "Acho que faltam professores mais
profundamente em relação as suas posi-
; - como interessados, mais 'professor' mesmo". çõesfilosóficas, epistemológicas, políticas
ao mesmo (Estatística)
e ideológicas" (...) Constatando
11 a reali-
.isestamos dade, críticos, preparados e ocupados com
uais ainda Ou os tempos atuais, limiar do Século a mudança, estes professores são mais do
XXI,estariam exigindo um outro tipo de profes- que atentos, 'ligados' a realidade. Sabem
'e-nos per- sor? Que tipo de professor seria este? Aquele decodificá-la. Têm parâmetros, tem códi-
estaremos que estivesse disposto a "criar incompetentes gos para isso - o de suas posições filosó-
arismo, de sociais e políticos, realizar com a cultura o que a ficas e epistemológicas conscientizadas.
fantásticos empresa realiza com o trabalho, isto é, parcelar, Têm uma atitude de alerta para o mundo,
tica e evi- fragmentar, limitar o conhecimento e impedir o de consciência presente, que poderia ser
}95).Cabe- pensamento, de modo a bloquear toda tentativa definida como de constante pesquisa".
concreta de decisão, controle e participação, (Pimen tel:35-38).
; que qual-
utilizar de tanto no plano da produção material quanto no
almente de da produção intelectual"? (ChauÍ, 1980:34). Esses, certamente, são os professores ne-
cessários para o momento em que vivemos e
quilo que é um futuro próximo. No entanto esta necessida-
- ~

Newton Cesar Balzan 20 Do.

de cria um novo desafio à Pedagogia: é possível nas. É importante lembrar a coincidência entre jali'
formar professores com estas características? os resultados de pesquisas realizadas em dife- sã<
Minha resposta, até o presente momento, é ne- rentes momentos e lugares, a este respeito: d
gativa. Projetos ou Programas voltados para a Brennan e Percy (1976), Cunha (1988), Grígoli
formação de professores poderiam, eventual- (1990), Pimentel (1992) e Ambrosetti (1995), por aj
mente, provocar insights que estariam faltando exemplo. ~
alc.
a profissionais que já possuem a maior parte No conjunto de situações assinaladas, esti
das características acima apontadas, de modo a cabe destacar aquela que se caracteriza pela rea- me:
facilitar que "emergissem, viessem à tona".
. Mas não se formam professores desta enverga-
lização de PROJETOS. Embora possam refe-
rir-se a atividades de natureza tão distintas
como o desenvolvimento de um trabalho em
dura. Eles fazem do ensino uma arte. Aproxi-
mam-se do Arquiteto excepcional, para cujo Engenharia e, de outro, em História, o tipo de
trabalho a contribuição das Ciências Exatas e trabalho realizado sugere desenvolvimento do
Tecnologia são indispensáveis, mas a alta dose aluno em todas as fases do mesmo, do planeja-
de criatividade, a capacidade de tratar simulta- mento à avaliação, passando por sua execução.
neamente formas e conteúdos os situa, predo- Trata-se de situações em que o aluno se sente
minantemente, na categoria de artistas. participante, tendo a possibilidade de aplicar
Há, no entanto, docentes que, embora seus conhecimentos na construção de algo que
não tendo chegado a este nível, dada a serieda- pode variar de uma máquina a um acervo bi-
de e forte compromisso profissional, conse- bliográfico.
guem fazer da própria Instituição um verda- "Melhor situação de aprendiza-
deiro laboratório de experiências de vida. Para- gem? Os Projetosrealizadoscom ajudado
doxalmente, põem em cheque a capacitação di- professore que tinhllm enfoquesem situa-
dática como questão de grande relevância: çõesreais" (Matemática)
"Julgo que a experiência na " Sempre gostei, como aluno, dos
UNICAMP foi um grande salto em projetosquefiz, pois além de permitir tra-
termos de independênciae estudo. Talvez, balhoem grupo com colegas,aumentaram
até afalta de habilidadede alguns profes- meu sentimento profissional e a minha
sores tenha contribuído para meu apri- convivência com o professor" (Engenha-
moramento em termos dessa indepen- ria Mecânica)
dência"( Engenharia Química). "... é nele que se tem uma idéia do
Que experiências teriam sido estas? Mui- que é ser biólogo.Desenvolvendo projetos
de pesquisa, pode-se viver o dia-a-dia de
tas, uma multiplicidade, provavelmente. No
um laboratório,além de se exercitar o ra-
entanto é possível captar, nos discursos dos es-
ciocínio,formulando hipótesese maneiras
tudantes, algumas situações de aprendizagem para testá-las. Em suma, a experiência
consideradas por eles como extremamente adquirida, vale muito mais do que muitas
significativas e identificar-se um núcleo comum a das aulas teóricase práticas" (Biologia).
essas situações. Este núcleo se constitui pelo en-
volvimento efetivo de alunos e professores em Priorizar a integração em torno de proje-
atividades que ultrapassam os estreitos limites tos de trabalho e estudos independentes volta-
do dar e receberinformaçõesou, ainda, de relações dos para a solução de problemas da vida real,
pr
estritamente cognitivas com os conteúdos das disci- com grupos de estudantes trabalhando sob a ver
plinas. As observações dos estudantes sugerem não supervisão docente, implica, no entanto, subs- de
apenas exemplos de situações em que ensino e pes- tituir a distribuição convencional da carga ho- de
quisa surgem integrados como também situa- rária por projetos dirigidos para a solução de qu
ções em que se terá alcançado o nível da problemas da vida real, com estudantes traba-
(19
construção de conhecimentos (Geraldi, 1993). lhando em grupos numa ampla variedade de

Em termos didáticos, é importante destacar o temas. Será dado, assim, a professores e estu- ma
envolvimento do professor, carregado de afeti- dantes, maior controle sobre suas próprias ati- do~
vidade para com os conteúdos de suas discipli- vidades e maior espaço de tempo para plane- lhe I
20
Do estudante ao professor universitário: caminhos para a didática do ensino superior 21

nciaentre
jamento, reduzindo-se o sentimento da opres- tivar seus alunos e abreviar o tempo necessário
s em dife-
são rotineira e certezas previamente estabeleci- para a aprendizagem, que recorra a seminários.
~respeito: das (lfargreaves, 1994) Em quaisquer destas situações, no entanto, será
8), Grígoli As palavras de Goodlad (1995:55) nos exigido dele um envolvimento pleno de sua
(1995),por ajudam a melhor compreender o significado e pessoa para com a realização de um trabalho
alcance dos Projetos: "...Os Projetos permitem e sempre integrado, em que ensino e pesquisa,
isinaladas,
estimulam os estudantes a integrar os conheci- atividades extrac1asse, em sala de aulas, labora-
:apela rea- mentos das diferentes disciplinas tradicionais" tórios e campo, formação e informação, conteú-
isam refe-
(...) ...lIaintegração deve ocorrer na mente do es- dos de sua disciplina e currículo do Curso a que
) distintas
abalho em
tudante que,normalmente,precisa de algo mais pertencem seus alunos, formando um todo in-
elaborado para alcançar a coerência através de dissolúvel. Em outros termos, terá de atribuir
1.,o tipo de
tudo aquilo que lhe é oferecido. Os Projetos po- sentido àquilo que faz, considerado por si mes-
'imento do
dem constituir-se como o meio mais apropria- mo e seus alunos como algo extremamente im-
io planeja- do para que tal integração seja alcançada". Falta portante que pode, até mesmo, ajudar a mudar
l execução. acrescentar às observações acima a contribui- para melhor o mundo em que vivemos.
10 se sente
ção possível dos Projetos, no combate a uma Ser no mundo, implica, hoje, ter coragem
de aplicar das dezesseis formas de heresiasnoensinosupe- de não ter respostas em relação à rede extrema-
le algo que
rior explicitadas pelo mesmo autor: o departa- mente complexa de relações sociais, econômi-
acervo bi-
mentalismo: "0 território intelectual ou o sim- cas e culturais que marcam o presente e, ao
'ndiza- pIes desejo de conservar junto um grupo de mesmo tempo, comprometer-se em busca de
iudado pessoas como conseqüência de um falso enten- uma nova ética que possa elevar o ser humano.
fsitua- dimento sobre a motivação para a pesqui- No ensino superior, especificamente, isto signi-
sa"(1995:16) na medida em que a realização de fica um compromisso radical com a produção e
~o,dos Projetos implica freqüentemente abordagem transmissão da cultura, rejeitando o simples
tir tra- interdisciplinar, que supera, forçosamente, os treinamento de pessoas a fim de que sejam pro-
1taram limites dos departamentos. dutivas para quem for contratá-Ias. (Chauí,
minha Projetos ou outras formas de ensino que 1980).
genha- ajudem a superar a abordagem meramente dis-
ciplinar nos cursos universitários-" pacotes de
déiado conhecimentos e experiências, cada qual segun-
/rojetos do suas próprias características e direcionados
!-diade à estreiteza e limitação do desenvolvimento Referências Bibliográficas
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muitas dizer-nos e, a partir de suas falas, os caminhos AMBROSETTI, Neusa B. (1996) A prática compe-
./ogia). para a didática do ensino superior ficam mais tente na escolapública. Pont. Universidade
claros, mais abertos. Situam-nos, no entanto, Católica de São Paulo (PUC-SP) São Paulo,
[\0de proje- Tese de Doutorado.
entes volta- diante de desafios que, muitas vezes, nos recu-
samos a ver e para os quais não temos respostas BALL, Christopher (1995). Towards a Global
Iavida real,
.ando sob a prontas. Temos certeza, porém, de que a Uni- Core Curriculum. SyrlOpsisof the Presidential
versidade atual, parte de um mundo em estado Addres - The Third Oxford Conference,"Globa-
tanto, subs-
de mudança permanente e acelerada, precisa lisation and Learning". Oxford, D.K.
Ia carga ho-
de professores cujo perfil se aproxime tanto
solução de BALZAN, Newton C. (1980) Perfil deconcluin tes
antes traba- quanto possível daquele traçado por Pimentel de graduação. Câmara Curricular, Universi-
(1993) ao tratar do grupo que classificou como dade Estadual de Campinas (UNICAMP),
ariedade de
,ores e estu- pós-moderno. É possível que ele "exponha a mimeo.
matéria", que use o quadro negro, se utilize-se
)lóprias ati- BALZAN, Newton C. (1986) UNICAMP - aqua-
dos mais avançados recursos que a tecnologia
para plane- lidade do ensino em questão.Faculdade de
lhe oferece para transmitir seus conteúdos, mo-
Newton Cesar Balzan 22 r::

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