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2 – Sociedade Da Informação E Aprendizagem

Segundo Maria Clara Fraga Lopes, “o saber é aonde adquirimos conhecimento através
da informação.” Desde então, percebe-se quão importante é a informação para a construção
do nosso saber. Além do mais, vive-se a Era da Informação, e para Arthur C. Clarke,

A Era da informação oferece muito a humanidade e eu gostaria de pensar que nós nos
elevaremos aos desafios que ela apresenta. Mas é vital lembrar que a informação – no
sentido dos dados brutos – não é conhecimento, não é sabedoria, e que sabedoria não é
presciência. Mas a informação é o primeiro passo essencial para tudo isso.

2.1. Sociedade Da Informação

Sociedade da Informação é um termo também chamado de sociedade do


Conhecimento ou Nova Economia – que surgiu no fim no fim do Século XX com origem no
termo Globalização. A sociedade não é um elemento estático, muito pelo contrário, está em
constante mutação e como tal, a sociedade contemporânea está inserida num processo de
mudança em que as novas tecnologias são as principais responsáveis.

Nosso Mundo, tal como conhecemos, está sendo transformado através da


Globalização e da Informacionalização determinadas pelas redes de riqueza,
tecnologia e poder. Isso, sem dúvida, possibilita a melhoria de nossa capacidade
produtiva, criatividade cultural e potencial de comunicação. (Castells, 2000).

Essa expressão “sociedade da informação” passou a ser utilizada, nos últimos anos,
como substituta para conceito complexo de “Sociedade pós-industrial”. Esta Sociedade pós-
industrial ou informacional possui as seguintes características fundamentais, segundo
Castells:
- Informação é a sua matéria-prima: as tecnologias se desenvolvem para permitir o
homem atuar sobre a informação propriamente dita, criando implementos novos ou
adaptando-os a novos usos.
- Os efeitos das novas tecnologias têm alto poder de penetração, porque a informação é
parte integrante de toda atividade humana, atividades essas que tendem a ser afetadas pela
nova tecnologia.
- Predomínio da lógica de redes: característica implementada em qualquer tipo de
processo complexo.
- Flexibilidade, permitindo processos reversíveis, reorganizáveis e com alta capacidade
de reconfiguração.
- Interação de diversas áreas do saber da trajetória do desenvolvimento tecnológico.
Como muito bem alerta Agudo Guevara (2000), deveria referir-se a sociedades da
informação no plural, para identificar, numa dimensão local, aquelas nas quais as novas
tecnologias e outros processos sociais provocaram mudanças paradigmáticas. A expressão
“sociedade da informação” no singular seria mais bem utilizada numa dimensão global, para
identificar os setores sociais que participam, “Como atores de processos produtivos, de
comunicação, políticos e culturais que têm como instrumento fundamental as Tic
[Tecnologias de informação e comunicação] e se produzem – ou tendem a produzir-se em
âmbito mundial.” (Agudo Guevara, 2000, pp4).
Adotando a sugestão de Agudo Guevara, um olhar sobre a experiência concreta das
sociedades de informação permite revelar como reestruturação do capitalismo e a difusão das
novas tecnologias da informação lideradas pelo Estado está interagindo com as forças sociais
locais e gerando um novo processo de transformação social.
A Sociedade da Informação é uma realidade decorrente dos novos mercados, meios de
comunicação decorrente de novos mercados, meios de comunicação, e consumidores desta
Era que conseguiu transformar o mundo em uma grande sociedade globalizada e globalizante,
na qual os bens primordiais são informação e conhecimento. Conforme demonstrou Borges
(2000), a sociedade da informação pode ser caracterizada pelo seu estilo sistêmico, tendo
como destaque ser: 1) Complexa, 2) Hierárquica e 3) Configurada. A relação entre quantidade
e qualidade de informação é, sem dúvida, um dos “calcanhares de Aquiles”, desta sociedade.
Por isso o grande desafio está em transformar o imenso volume e intenso fluxo de
informações em conhecimento. Além do mais, a informação, sem uma mente que a analise,
que a reflita, que a compreenda e use adequadamente, é inútil para o crescimento do
intelectivo do sujeito.
Para Jorge (1998) e Falzetta (2000), o excesso de informação ameaça soterrar cada
indivíduo, pois se não há tempo, nem disposição para saborear idéias ou refletir sobre suas
implicações, fica-se apenas na superficialidade. Observação semelhante é feita por Monteiro
(2000), mostrando que a internet é como uma grande vitrine de informações, não de
conhecimento. Cabe então ao usuário converter essa informação em conhecimento.
Por fim a sociedade da informação tem colocado novos desafios ao processo de
ensino-aprendizagem. A forma de se proceder em relação à construção do conhecimento
mudou. O contato com as fontes e informações tornou-se mais dinâmico, obedecendo a uma
lógica nunca vista anteriormente. Segundo José Marcos Oliveira Cruz, “o próprio saber
tornou-se maleável e instável, necessitando de atualização constante.”

2.2. Teoria Da Aprendizagem

“Aprender v.t.d. 3. Tomar conhecimento de algo, retê-lo na memória, graças ao estudo,


observação, experiência, etc.” (Mini-Aurélio, 7º Edição). Partindo desse pressuposto, busca-se
discutir as teorias de aprendizagem que subsidiam as práticas pedagógicas e as repercussões
das mesmas, considerando o movimento e as contradições que são inerentes a tal discussão.
Portanto, tornou-se como ponto de partida justamente o conceito de aprender do dicionário
Aurélio, tão utilizado.
Primeiramente, é importante compreender o modo como as pessoas aprendem e as
condições necessárias para a aprendizagem, bem como identificar o papel do professor, por
exemplo, nesse processo. Estas teorias são importantes porque possibilita a este mestre
adquirir conhecimentos, atitudes e habilidades que lhe permitirão alcançar melhores objetivos
de ensino.
Na aprendizagem escolar, existem os seguintes elementos centrais, para que o
desenvolvimento escolar ocorra com sucesso: o aluno, o professor e a situação de
aprendizagem. É tanto que para Becker (1993, p. 19), o professor:

No seu imaginário, ele, e somente ele, pode produzir algum novo


conhecimento no aluno. O aluno aprende se, e somente se, o professor ensina. O
professor acredita no mito da transferência do conhecimento: o que ele sabe, não
imporá o nível de abstração ou de formalização, pode ser transferido ou transmitido
para o aluno. Tudo o que o aluno tem que fazer é submeter-se a fala do professor: ficar
em silêncio, prestar atenção, ficar quieto e repetir tantas vezes quantas for necessário,
escrevendo, lendo, até aderir em mente o que o professor deu.

As teorias de aprendizagem buscam reconhecer a dinâmica envolvida nos atos de


ensinar, e aprender, partindo do reconhecimento da evolução cognitiva do homem, e tentam
explicar a relação entre o conhecimento pré-existente e novo conhecimento. Segundo Marta
Darsie (1999, p.9): “Toda prática educativa, traz em si uma teoria do conhecimento. Esta é
uma afirmação incontestável e mais incontestável ainda quando referida á prática educativa
escolar.”
A aprendizagem não seria apenas inteligência e construção do conhecimento, mas
basicamente identificação pessoal e relação através da interação entre pessoas. Os ambientes
computacionais destinados ao ensino devem trazer à tona fatores pertinentes à mediação
humana através da tecnologia. E as teorias de aprendizagem têm em comum o fato de
assumirem que indivíduos são agentes ativos na busca e construção do conhecimento.
Encontram-se aqui algumas das principais teorias de aprendizagem, e seus respectivos
pensadores:
- Teoria Construtivista (Bruner): O aprendiz filtra e transforma a nova informação,
infere hipóteses e toma decisões. O aprendiz é participante ativo nos processos de aquisição
de conhecimento.
- Teoria Sócio-Cultural (Vygotsky): O aprendiz deve está inserido em um grupo social
e aprende o que seu grupo produz. O conhecimento surge primeiro no grupo, para só depois
ser interiorizado. A aprendizagem ocorre no relacionamento do aluno com o professor e com
outros alunos.
- Teoria da Flexibilidade Cognitiva (Spiro, Feltovitch e Coulson): Trata-se da
transferência do conhecimento e as habilidades. É especialmente formulada para dar suporte
ao uso da tecnologia interativa.
- Aprendizado Situado (J. Lave): A aprendizagem ocorre em função da atividade,
contexto, cultura e ambiente social na qual está inserida.
- Teoria da Inclusão (Ausubel): o fator mais importante de aprendizagem é que o aluno
já sabe. A aprendizagem ocorre quando uma nova informação ancora-se em conceitos ou
proposições relevantes preexistentes.
- Inteligências Múltiplas (Gardner): No processo de ensino deve-se procurar identificar
as inteligências mais marcantes em cada aprendiz e tentar explorá-las para atingir o objetivo
final, que é o aprendizado de determinado conteúdo.
Por fim, Carl Rogers diz, “por aprendizagem significativa, entendo aquilo que provoca
profunda modificação no individuo. Ela é penetrante, e não se limita a um aumento de
conhecimento, mas abrange todas as parcelas de sua existência.”

3 – Prática Pedagógica Do Ensino De História

Segundo Mariotto Cerezer (2007), na atual conjuntura educacional não é mais possível
continuar vendo a escola, como um campo de atuação das manifestações culturais
dominantes, uma vez que a escola tem com principio básico a formação de cidadãos nas suas
concepções mais amplas e democráticas, pois vivemos em uma sociedade em que as
manifestações políticas e culturais são múltiplas e variadas e, nesse contexto, se faz necessário
na construção de uma prática pedagógica que privilegie as diferenças existentes no próprio
ambiente de salário de aula. Nesse processo o professor de História ocupa posição central na
analise dessa conjuntura e na possibilidade de construir situações concretas na superação
através da prática pedagógica por ele desenvolvida no interior do espaço escolar.

3.1. Visão Do Ensino De História

Historicamente, a prática educativa esteve condicionada pelo contexto histórico e a


escola como “representante oficial” dos interesses dominantes. A superação dos problemas
didáticos e metodológicos deve ser uma preocupação constante do professor de História, pois
as mesmas são vitais no processo de ensino e aprendizagem realizada em sala de aula. No
entanto, essa superação só ocorrerá através de uma busca constante pela atualização e
formação continuada do professor, aliada a uma análise crítica e cotidiana da sua própria
prática pedagógica. É preciso pensar a disciplina de História como,

(...) disciplina fundamentalmente educativa, formativa, emancipadora e libertadora. A


história tem como papel central a formação da consciência histórica dos homens,
possibilitando a construção de identidades, a elucidação do vivido, a intervenção
social e praxes individuais e coletivas (Fonseca, 2003: 89).

O papel de “formativa, emancipadora e libertadora” da disciplina de História, só possuirá


eficácia através do trabalho realizado pelo professor em sala de aula e sua interação com os
alunos. Por isso a importância do mesmo em buscar uma aproximação com as questões
ensinadas e a realidade vivida pelo público escolar. E para que isso seja possível,

(...) o professor de história, com sua maneira própria de ser, pensar, agir e ensinar,
transforma seu conjunto de complexos saberes em conhecimentos efetivamente
ensináveis, faz com que o aluno não apenas compreenda, mas assimile, incorpore e
reflita sobre esses ensinamentos de variadas formas. É uma reinvenção permanente
(FONSECA, 2003:71).

A prática pedagógica do professor de História,

(...) ajuda o aluno a adquirir as ferramentas de trabalho necessárias para aprender a


pensar historicamente, o saber-fazer, o saber-fazer-bem, lançando os germes do
histórico. Ele é o responsável por ensinar ao aluno como captar e valorizar a
diversidade das fontes e dos pontos de vista históricos, levando-o a reconstruir, por
adução, o percurso da narrativa histórica. Ao professor cabe ensinar ao aluno como
levantar problemas, procurando transformar, em cada aula de história, temas e
problemáticas em narrativas históricas (SCHMIDT e CAINELLI, 2004:30).

Nesse contexto, salienta-se a importância do professor ser também um pesquisador e


produtor do conhecimento e não apenas um mero executor de saberes já produzidos. Nesse
processo, a didática possui papel relevante no sentido de possibilitar a transformação de um
saber histórico em um saber compreensível e atuante para a compreensão do aluno, tornando-
o capacitado a não só conhecer o saber histórico, mas também de torná-lo um participante
ativo do pensar e do narrar os fatos históricos. Assim, a didática é elemento fundamental
nesse processo de transformação daquilo que se ensina e do significado histórico/social do
que se ensina. A história possui significados que precisam ser compreendidos pelos educando
para que haja transformação.
Nesse processo, não se pode esquecer a realidade social, política, econômica e cultural
em que se vive e da realidade encontrada em cada escola e, conseqüentemente, em cada sala
de aula. Torna-se importante salientar que cada aula é única e que na realidade da sala de aula,
possuímos alunos reais, concretos, afetados pelas influências históricas, sociais, políticas,
econômicas, culturais, etc., e estas influências atuam sobre seu modo de ser, ver, compreender
e atuar no mundo. As individualidades representam as diferenças culturais que existem em
uma determinada sociedade. Não valorizar essas diferenças que cada aluno traz consigo num
processo de ensino e aprendizagem seria, no nosso entendimento, um modo de encaminhar os
sujeitos para a exclusão.

Um educador, que se preocupe com que a sua prática educacional esteja voltada para a
transformação, não poderá agir inconsciente e irrefletidamente. Cada passo de sua
ação deverá estar marcado por uma decisão clara e explícita do que está fazendo e
para onde possivelmente está encaminhando os resultados de sua ação. A avaliação,
neste contexto, terá de ser uma atividade racionalmente definida, dentro de um
encaminhamento político e decisório a favor da competência de todos para a
participação democrática da vida social (LUCKESI, 1984: 46).

Outro ponto importante para o debate sobre o Ensino de História, bem posto por Abud
(2007), diz respeito às metodologias para o ensino da disciplina. Uma vez que se parte da
noção de que o trabalho do educador reveste-se tanto dessas concepções quanto das políticas
educacionais e do ambiente escolar em que está inserido, as questões apontadas remetem
também ao papel das concepções filosófico-políticas no que tange a formação do educador de
História e suas relações com as práticas pedagógicas. Sobre essa questão são importantes as
palavras de Silma do Carmo Nunes (1996): “[O educador de História] delineia sua prática
pedagógica e educativa calcada em concepções e tendências filosóficas de educação que
mediarão o seu trabalho cotidiano em sala de aula” (NUNES, 1996:13-14).
Além do campo da subjetividade do educador de História, é importante apresentar
alguns aspectos sobre metodologias de ensino que dizem respeito a esses educadores.
Referindo-se ao Ensino de História, o debate maior se concentra no uso e assimilação dos
livros didáticos. Em texto sobre o tema, Fonseca (2003) expõe o enorme crescimento da
produção de livros didáticos voltados para o Ensino de História. Impulsionados por leis e
incentivos estatais, a indústria editorial se concentrou na produção de obras cada vez mais
diversificadas e também coerentes com os currículos e diretrizes educacionais. Entretanto, é
importante apontar que a utilização de apenas uma obra básica, o que ocorre em diversas
turmas, se assemelha ao pensamento sobre a simplificação dos conteúdos, e mera assimilação
de fatos e personagens. Numa perspectiva excludente, fixa a idéia de que a História é feita de
atores “únicos” e não de sujeitos históricos. Nas palavras da autora, “o uso de um único livro,
única fonte, acaba por simplificar a forma do currículo e do conhecimento na sala de aula”.
(FONSECA, 2003:55). Assim, o livro didático acaba sendo usado por esses educadores como
a única fonte de estudos dentro das salas de aula, formando nos educando uma concepção de
“história como verdade absoluta”. (FONSECA, 2003:55).

“O ensino de história é um campo complexo, no qual atuam diferentes


propostas de saber e poder, cabendo aos professores de história o papel
fundamental de desenvolver um ensino que contribua para a formação do
pensamento crítico e reflexivo, para a construção da cidadania e para a
consolidação da democracia.” (FONSECA, 2003:56)

Sendo assim, buscam-se uma mudança para essa tradicional, e monótona maneira de ensinar
História. E isso é um dos grandes debates adotados, uma alternativa de melhora no ensino
tanto para o corpo docente, ou melhor professor e também para os alunos.

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