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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE MATO GROSSO

Processo N° 0013926-25.2015.4.01.3600 - 1ª VARA - CUIABÁ


Nº de registro e-CVD 00034.2020.00013600.1.00517/00128

Sentença tipo A
Processo nº : 13926-25.2015.4.01.3600
Classe 1300 : Ação Civil Pública
Autor : Ministério Público Federal
Réu : Clóvis Damião Martins

SENTENÇA

Trata-se de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal, em face de
Clóvis Damião Martins, objetivando o ressarcimento ao erário do valor de R$ 397.684,38
(trezentos e noventa e sete mil seiscentos e oitenta e quatro reais e trinta e oito centavos), pago a
maior em favor da pessoa jurídica Nova Guia Construções Ltda. ME, em razão de superfaturamento
na execução do Convênio n. 533/2007, celebrado entre a FUNASA e o Município de Poconé/MT.
Segundo se narra com a exordial, em 31/12/2007, o Requerido, na qualidade de
Prefeito do Município de Poconé/MT, firmou com a FUNASA o Convênio n. 533/2007 no valor de
R$ 1.112.400,00 (um milhão cento e doze mil e quatrocentos reais), para a construção de um
sistema de abastecimento de água para comunidades Quilombolas, obra que seria executada pela
empresa Nova Guia Construções Ltda., vencedora da Tomada de Preços n. 02/2008, nos termos do
contrato n. 158/2008, celebrado entre o Município e a empresa, com prazo para execução de 120
(cento e vinte) dias após a expedição da ordem de serviço, sendo o valor total do contrato de R$
1.170.926,12 (um milhão cento e setenta mil novecentos e vinte e seis reais e doze centavos).
Relata que, por ocasião da Prestação de Contas Final dos recursos repassados pelo
convênio, foi realizada visita técnica, por meio da qual se constatou que apenas 78% (setenta e oito
por cento) do objeto pactuado foi executado, a despeito de 100% (cem por cento) do recurso ter sido
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Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL CIRO JOSÉ DE ANDRADE ARAPIRACA em 16/03/2020, com base na Lei 11.419 de
19/12/2006.
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repassado ao município. Além disso, segundo o Laudo n. 126/2012-UTEC/DPF/ROO/MT, os


serviços executados pela Nova Guia Construções Ltda. correspondem a R$ 947.605,08 (novecentos
e quarenta e sete mil seiscentos e cinco reais e oito centavos), enquanto que pago à empresa o
montante de R$ 1.163.140,83 (um milhão cento e sessenta e três mil cento e quarenta reais e oitenta
e três centavos), sendo que o excesso de R$ 215.535,75 (duzentos e quinze mil quinhentos e trinta e
cinco reais e setenta e cinco centavos) decorre do pagamento de serviços em quantidade superior ao
efetivamente executado e de serviços com valores unitários superiores aos preços de referência
daqueles, considerando as informações constantes do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e
Índices da Construção Civil – SINAPI, com data base de fevereiro de 2008, mês da licitação.
Os encargos sociais considerados para o cálculo dos preços referenciais foram os
adotados pelo SINAPI (de 125,80% para horistas e 75,18% para mensalistas) e para o BDI foi
considerado o percentual de 25%, conforme especificado na planilha da municipalidade de
Poconé/MT.
Assim, resta evidente que o Requerido, na qualidade de Prefeito era responsável por
gerir de forma proba, com estrita observância das normas pertinentes, os recursos federais
destinados ao Município de Poconé/MT e teria causado prejuízo ao erário ao permitir a liberação de
recursos federais em valores superfaturados e por ter autorizado o pagamento por serviços não
prestados.
Alega que a sua conduta teria sido dolosa, tanto que se efetuou o pagamento das
Notas Fiscais n. 203 e n. 210 após a expiração do convênio e quando já expedida a Notificação n.
019/EQUIPE DE CONVENIOS/GAB/COREMT pela FUNASA, informando que os novos
pagamentos não poderiam ser efetuados, nos termos do art. 8º, V da IN n. 01/97 da Secretaria do
Tesouro Nacional. Ainda que assim não fosse, a atuação teria sido, no mínimo, culposa, porquanto
uma mera pesquisa no SIAPI, que não foi feita, poderia evidenciar a irregularidade.
Com a inicial, juntou documentos de fls. 19/1031.
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Em decisão de fls. 1033/1038, foi deferida a liminar para decretar a indisponibilidade


dos bens do requerido.
Notificado, o Requerido deixou de apresentar defesa (fl. 1073).
A petição inicial foi recebida em decisão de fl. 1075.
À fl. 1087, a União manifestou interesse em ingresso no feito.
Citado, o Requerido apresentou contestação, às fls. 1099/1115, alegando,
preliminarmente, a nulidade da decisão de recebimento da petição inicial, porquanto não fora
notificado pessoalmente, e do procedimento preparatório do MPF, por violação do princípio do
devido processo legal e da publicidade, deixando de dar conhecimento ao Requerido da instauração.
No mérito, defende que não agiu com dolo, pois, mediante o Ofício n. 640/2009, recebido pela
FUNASA em 11/12/2009, requereu a celebração de termo aditivo do convênio, devido à
necessidade de conclusão da obra, mas somente em 19/02/2010, após a expiração do prazo de
validade do convênio, é que a FUNASA informou ao Município a sua não prorrogação e que não
deveria proceder a qualquer pagamento; além disso, a FUNASA teria disponibilizado repasse em
18/11/2009, creditado na conta em 20/11/2009, restando prazo inviável para a conclusão da obra,
porque o convênio venceria em 31/12/2009, existindo parecer pela necessidade de prorrogação ex
officio, a teor do art. 7º, IV da IN n. 01/97, o que não ocorreu.
Acrescenta que não existe qualquer documento que comprove o desvio de verba
pública, aplicação indevida ou superfaturamento, porquanto os itens apontados como executados a
menor e recebidos o foram em período em que o Requerido não era mais Prefeito, o que ocorreu em
junho de 2010, em razão de decisão da Justiça Eleitoral, fato que impossibilitou o Requerido de
concluir as obras do convênio e de prestar contas, o que foi feito por seu sucessor. Juntou
procuração e documentos às fls. 1116/1126.
Em decisão de fl. 1133, determinou-se o apensamento do feito aos autos de n. 13925-
40.2015.4.01.3600.
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O MPF impugnou a contestação às fls. 1138/1142.


A FUNASA requereu o ingresso no feito (fl. 1157).
Intimadas, as partes não requereram a produção de outras provas.
O MPF apresentou alegações finais às fls. 1164/1168 e a União e a FUNASA
manifestaram-se às fls. 1185 e 1187. Intimado, o Requerido não apresentou alegações finais (fl.
1191).
Vieram os autos conclusos.

FUNDAMENTAÇÃO
A ação foi proposta visando à condenação do Requerido ao ressarcimento ao erário
do valor de R$ 397.684,38 (trezentos e noventa e sete mil seiscentos e oitenta e quatro reais e trinta
e oito centavos), pago a maior em favor da pessoa jurídica Nova Guia Construções Ltda. ME pelo
então Prefeito de Poconé/MT, em razão do Convênio n. 533/2007.
Preliminarmente, rejeito a alegação de nulidade da decisão por meio da qual se
recebeu a petição inicial, porquanto o Requerido foi previamente notificado para apresentar defesa,
mas se quedou inerte. Consta, da certidão de fl. 1064, que o Requerido foi devidamente intimado,
mas deixou de apor sua assinatura no mandado de notificação, o que afasta a alegação de violação
aos princípios do contraditório e da ampla defesa.
Por outro lado, “o inquérito civil público, por ter caráter meramente inquisitivo e
preparatório da ação judicial, dispensa a observância dos princípios do contraditório e da ampla
defesa, não havendo se falar que não seria ele (inquérito civil público) válido para instruir ação de
improbidade administrativa” (TRF 1 - AC 0001079-38.2008.4.01.3308, Terceira Turma, Relator
Desembargador Federal Hilton Queiroz, e-DJF1 09/08/2019).

No mérito, impõe-se esclarecer que o objeto da ação é apenas o ressarcimento ao


erário dos valores pagos supostamente de forma indevida em razão da execução do Convênio n.
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533/2007, firmado entre a FUNASA e o Município de Poconé/MT.

Aplica-se ao caso o disposto no art. 37, § 5º da Constituição Federal, segundo o qual


“A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou
não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento”.

Acerca da matéria, foi fixada, em sede de repercussão geral pelo Supremo Tribunal
Federal, a tese de que: “São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática
de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa”. Eis a ementa do julgado:

DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO ADMINISTRATIVO. RESSARCIMENTO AO


ERÁRIO. IMPRESCRITIBILIDADE. SENTIDO E ALCANCE DO ART. 37, § 5 º, DA
CONSTITUIÇÃO. 1. A prescrição é instituto que milita em favor da estabilização das
relações sociais. 2. Há, no entanto, uma série de exceções explícitas no texto constitucional,
como a prática dos crimes de racismo (art. 5º, XLII, CRFB) e da ação de grupos armados,
civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. 5º, XLIV,
CRFB). 3. O texto constitucional é expresso (art. 37, § 5º, CRFB) ao prever que a lei
estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos na esfera cível ou penal, aqui entendidas
em sentido amplo, que gerem prejuízo ao erário e sejam praticados por qualquer agente. 4.
A Constituição, no mesmo dispositivo (art. 37, § 5º, CRFB) decota de tal comando para o
Legislador as ações cíveis de ressarcimento ao erário, tornando-as, assim, imprescritíveis.
5. São, portanto, imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de
ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa. 6. Parcial provimento do
recurso extraordinário para (i) afastar a prescrição da sanção de ressarcimento e (ii)
determinar que o tribunal recorrido, superada a preliminar de mérito pela
imprescritibilidade das ações de ressarcimento por improbidade administrativa, aprecie o
mérito apenas quanto à pretensão de ressarcimento. (RE n. 852.475 - Tribunal Pleno,
Relator Ministro Alexandre de Moraes, Relator para o Acórdão Ministro Edson Fachin, DJe
25/03/2019)

No caso dos autos, em 31/12/2007, foi celebrado o Convênio n. 0533/2007, entre a


FUNASA e o Município de Poconé, cujo objeto era a construção de sistema simplificado de
abastecimento de água nas comunidades rurais quilombolas Chumbo, Campina de Pedra, Laranjal,
Morrinho, Jejum, São Benedito, Capão Verde e Rodeio, com valor de R$ 1.112.400,00 (um milhão
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cento e doze mil e quatrocentos reais) a ser transferido pelo concedente e contrapartida do
Município de R$ 58.547,37 (cinquenta e oito mil quinhentos e quarenta e sete reais e trinta e sete
centavos), totalizando R$ 1.170.947,37 (um milhão cento e setenta mil novecentos e quarenta e sete
reais e trinta e sete centavos), com prazo de vigência do convênio até 31/12/2009.
Para a execução do objeto do convênio, o Município realizou a licitação na
modalidade tomada de preços TP n. 02/2008, na qual se sagrou vencedora a empresa Nova Guia
Construções Ltda., celebrando-se o contrato n. 170/2009 em 13/04/2009, que foi posteriormente
cancelado e substituído pelo contrato n. 158/2009, de 02/07/2008, no valor de R$ 1.170.926,12 (um
milhão cento e setenta mil novecentos e vinte e seis reais e doze centavos).
Acerca do prejuízo ao erário, os recursos da concedente FUNASA foram transferidos
para a conta corrente vinculada ao convênio em três parcelas: 1ª parcela, ordem bancária
2009OB802556, no valor de R$ 222.480,00 (duzentos e vinte e dois mil quatrocentos e oitenta
reais), com data do crédito em 15/04/2009; 2ª parcela, ordem bancária 2009OB806518, no valor de
R$ 444.960,00 (quatrocentos e quarenta e quatro mil novecentos e sessenta reais), com data do
crédito em 28/07/2009; 3ª parcela ordem bancária 2009OB811567, no valor de R$ 444.960,00
(quatrocentos e quarenta e quatro mil, novecentos e sessenta reais), com data do crédito em
20/11/2009.
Não obstante o repasse integral dos recursos federais (R$ 1.112.400,00), o Parecer
Técnico Conclusivo da FUNASA n. 18/2015, de 23/01/2015, considerou que foram executados
apenas 78% (setenta e oito por cento) da obra.
Não prospera a alegação do Requerido de que as prestações de conta haviam sido
aprovadas pela FUNASA, porquanto somente consta, dos autos, a aprovação da prestação de conta
parcial referente à 1ª parcela (fls. 601/609 e 649/651). As prestações de conta parciais referentes às
demais parcelas receberam parecer desfavorável para a aprovação (fls. 748/749).
O dano ao erário é comprovado pela perícia realizada no bojo do Inquérito Policial n.
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74/2012-SR/DPF/MT, mediante vistoria nas comunidades quilombolas nos dias 20 e 21 de junho de


2013, constando, do Laudo n. 126/2012-UTEC/DPF/ROO/MT, as seguintes conclusões (fls.
172/212):
a) Comunidade do Chumbo: previa-se a execução de 980 metros de rede de
distribuição de água e 161 ligações domiciliares. O Relatório de Visita Técnica n. 04 do Convênio
Funasa n. 533/2007 atesta a execução de 220 metros de rede de distribuição prevista no convênio e
mais 1.505 metros de rede de distribuição de água em locais distintos do que previa o convênio. A
FUNASA não atestou a execução de nenhuma ligação domiciliar. Assim, comparando-se os
quantitativos de serviços previstos no convênio, os indicados pela Prefeitura Municipal, os atestados
pela FUNASA e os considerados executados pelo perito, tem-se a seguinte diferença:

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b) Comunidade Campina de Pedra: estava previsto a execução de 3.325 metros de


rede de distribuição de água, 39 ligações domiciliares, sistema de captação por poço artesiano e
reservatório metálico tipo taça com 15 m³. O Relatório de Visita Técnica n. 04 do Convênio
FUNASA n. 533/2007 atesta as 39 ligações domiciliares, a execução parcial do sistema de captação
e execução de apenas 2.665 metros da rede de distribuição prevista no convênio. O reservatório
metálico encontrado foi executado com dimensões menores do que o previsto no projeto. Assim,
comparando-se os quantitativos de serviços previstos no convênio, os indicados pela Prefeitura
Municipal, os atestados pela FUNASA e os considerados executados pelo perito, tem-se a seguinte
diferença:

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c) Comunidade Capão Verde: previa-se a execução de 2.524 metros de rede de


distribuição de água, 17 ligações domiciliares e reservatório metálico tipo taça com 10m³. O
Relatório de Visita Técnica n. 4 do convênio atesta as 17 ligações domiciliares, a instalação do
reservatório metálico e a execução de apenas 1.694 metros da rede de distribuição de água prevista.
O perito constatou a existência de sistema de captação por poço artesiano com quadro de comando
elétrico, ligações domiciliares e rede de distribuição de água de 50mm com extensão compatível
com a atestada pela FUNASA. O reservatório metálico encontrado foi executado com dimensões
menores do que o previsto no projeto e não foi encontrada bomba pressurizadora de rede:

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d) Comunidade Laranjal: prevista a execução de 2.925 metros de rede de distribuição


de água, 36 ligações domiciliares, poço tubular profundo e reservatório metálico tipo taça com
15m³. O Relatório de Visita Técnica n. 04 do convênio atestou a execução parcial de sistema de
captação por poço artesiano, 36 ligações domiciliares, instalação de reservatório metálico e a
execução de 2.750 metros de rede de distribuição de água. O perito constatou a existência de
sistema de captação por poço artesiano com quadro de comando elétrico e bomba submersa,
ligações domiciliares e rede de distribuição de água de 50mm com extensão compatível com a
informada pela Prefeitura, de 2.870 metros. O reservatório metálico encontrado foi executado com
dimensões menores do que o previsto no projeto. Assim, comparando-se os quantitativos de
serviços previstos no convênio, os indicados pela Prefeitura Municipal, os atestados pela FUNASA
e os considerados executados pelo perito, tem-se a seguinte diferença:

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e) Comunidade Morrinho: prevista a execução de 3.620 metros de rede de


distribuição de água, 17 ligações domiciliares e reservatório metálico tipo taça com 10m³. O
Relatório de Visita Técnica n. 04 do convênio atestou 13 ligações domiciliares, instalação de
reservatório metálico e a execução de 760 metros de rede de distribuição de água. O perito
constatou a existência de sistema de captação por poço artesiano com quadro de comando elétrico e
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bomba submersa, ligações domiciliares e rede de distribuição de água de 50mm com extensão
compatível com a informada pela FUNASA e pela Prefeitura, de 760 metros. O reservatório
metálico encontrado foi executado com dimensões menores do que o previsto no projeto. Assim,
comparando-se os quantitativos de serviços previstos no convênio, os indicados pela Prefeitura
Municipal, os atestados pela FUNASA e os considerados executados pelo perito, tem-se a seguinte
diferença:

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f) Comunidade Jejum: prevista a execução de 3.500 metros de rede de distribuição de


água, 17 ligações domiciliares, poço tubular profundo e reservatório metálico tipo taça com 10m³. O
Relatório de Visita Técnica n. 04 do convênio atestou 17 ligações domiciliares, poço artesiano,
instalação de reservatório metálico e a execução de 3.750 metros de rede de distribuição de água,
250 metros a mais que o previsto no convênio. O perito constatou a existência de bomba
pressurizadora da rede de distribuição e de sistema de captação por poço artesiano com quadro de
comando elétrico e bomba submersa, ligações domiciliares e rede de distribuição de água de 50mm
com extensão compatível com a informada pela Prefeitura, de 3.671 metros. O reservatório metálico
encontrado foi executado com dimensões menores do que o previsto no projeto:

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g) Comunidade São Benedito: previa-se a execução de 5.250 metros de rede de


distribuição de água, 39 ligações domiciliares e reservatório metálico tipo taça com 40m³. O
Relatório de Visita Técnica n. 04 do convênio atestou a instalação de reservatório metálico, pouco
mais de 1/3 do sistema de tratamento e a execução de 4.850 metros de rede de distribuição de água.
Todavia, não foi executada nenhuma ligação domiciliar. O perito constatou a existência de ligações
domiciliares e de rede de distribuição de água de 50mm com extensão compatível com a informada
pela Prefeitura, de 5.063 metros, além dos serviços extras de quadro de comando e de conjunto
moto-bomba. O reservatório metálico encontrado foi executado com dimensões menores do que o
previsto no projeto:

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h) Comunidade Rodeio: previa-se a execução de 2.120 metros de rede de distribuição


de água, 18 ligações domiciliares e reservatório metálico tipo taça com 20m³. O Relatório de Visita
Técnica n. 04 do convênio atestou a execução parcial da cerca de proteção, 18 ligações
domiciliares, instalação incompleta do reservatório metálico, metade do previsto no sistema de
tratamento e a execução de 3.280 metros de rede de distribuição de água. Todavia, não foi
executada nenhuma ligação domiciliar. O perito constatou a existência de ligações domiciliares e de
rede de distribuição de água de 50mm com extensão compatível com a informada pela FUNASA,
de 3.280 metros, além dos serviços extras de adutora, para-raio e instalações/sistemas preexistentes
(reservatório antigo, poço artesiano, compressor, adutora e rede de distribuição). O reservatório
metálico encontrado foi executado com dimensões menores do que o previsto no projeto e o sistema
executado com recursos do convênio não se encontrava em funcionamento:

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Destarte, os peritos constatam que o custo final da reprodução dos serviços


executados com os recursos do TC/APC n. 533/2007 foi de R$ 947.605,08 (novecentos e quarenta e
sete mil seiscentos e cinco reais e oito centavos), nos termos da Tabela 19, de fl. 208. Para se chegar
a esse montante, foram consideradas as informações constantes do banco de insumos e de serviços
do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil, com data base de
fevereiro de 2008, mês da realização da TP n. 02/200, além de consultadas as revistas Construção
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Centro-Oeste e Informador das Construções e a Tabelas de Composições de Preços para


Orçamentos – TCPO da editora PINI. Assim, uma vez que foram pagos à empresa Nova Guia
Construções Ltda. R$ 1.163.140,83 (um milhão cento e sessenta e três mil cento e quarenta reais e
oitenta e três centavos), houve excesso de R$ 215.535,75 (duzentos e quinze mil quinhentos e trinta
e cinco reais e setenta e cinco centavos), que corresponde a 22,74% do valor devido, em razão do
pagamento de quantidade superior dos serviços efetivamente executados e do pagamento de
serviços com valores unitários superiores aos preços referenciais. Referido valor, corrigido pelo
Índice Nacional de Custo da Construção Civil – INCC alcança, em agosto de 2013, R$ 327.219,08
(trezentos e vinte e sete mil duzentos e dezenove reais e oito centavos).
Acerca da autoria do dano, as contas referentes à 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª medições foram
prestadas por Clóvis Damião Martins, então Prefeito de Poconé/MT (fls. 655/663, 692/711 e
721/740). E, embora, a prestação de contas da 6ª medição tenha sido feita por Ney Rondon
Marques, o fato é que aquela medição refere-se à execução da obra no período de 20/01/2010 a
30/04/2010, período em que o Requerido ainda exercia o mandato de Prefeito do Município de
Poconé, constando seu nome na nota de empenho e na nota de liquidação (fls. 778/787).
O ex-Prefeito efetuou pagamentos por serviços não executados, contrariando o dever
de adotar medidas para garantir a adequada fiscalização da obra, de modo que, se não agiu com
dolo, no mínimo, agiu com culpa grave.
Além disso, em 04/12/2009, a FUNASA informou a iminência da expiração do termo
de compromisso e alertou que, em caso de necessidade de prorrogação do prazo de execução, o
pedido deveria ser formulado em tempo hábil, considerando que deveria ser emitido parecer
favorável a formalização do aditivo e da publicação pela Coordenação Geral (fl. 613). Assim, o fato
de o requerimento de prorrogação do prazo de execução do convênio não ter sido apreciado
tempestivamente não afasta a ilegalidade da conduta praticada pelo gestor.
Em 19/02/2010, a FUNASA encaminhou ao Requerido a Notificação n. 019/Equipe
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de Convênios/GAB/COREMT de fls. 718/720, recebida pela Prefeitura em 25/02/2010, informando


a expiração do prazo de vigência do convênio em 31/12/2009 e que, por esse motivo, não poderiam
ser feitos pagamentos após aquela data, nos termos da IN n. 01/97 da Secretaria do Tesouro
Nacional. Todavia, mesmo após a extinção do convênio, o Requerido autorizou o pagamento das
Notas Fiscais n. 203 e n. 210, nos valores de R$ 149.140,66 (cento e quarenta e nove mil cento e
quarenta reais e sessenta e seis centavos) e R$ 90.000,00 (noventa mil reais), em favor da empresa
Nova Guia Construções Ltda., em 29/01/2010 e 27/04/2010 (fls. 728 e 787), ou seja, neste último
caso, após tomar ciência da impossibilidade do pagamento.
Assim, restaram caracterizados os elementos dano, conduta, nexo de causalidade e
dolo/culpa para imputar ao Requerido o dever de ressarcir ao erário os prejuízos causados em
virtude da execução parcial do Convênio n. 533/2007, celebrado entre a FUNASA e o Município de
Poconé/MT, no valor de R$ 215.535,75 (duzentos e quinze mil quinhentos e trinta e cinco reais e
setenta e cinco centavos).

DISPOSITIVO
Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido, nos termos do art. 487, I do
CPC, para condenar o Requerido a ressarcir ao erário o montante de R$ 215.535,75 (duzentos e
quinze mil quinhentos e trinta e cinco reais e setenta e cinco centavos), em favor da FUNASA, com
correção monetária a partir do desembolso e juros de mora a partir da citação, nos termos do
Manual de Cálculos da Justiça Federal.
O valor da multa civil será revertido em favor da FUNASA, nos termos do art. 18 da
Lei n. 8.429/92.
Em virtude da aplicação, por simetria, do art. 18 da Lei n. 7.347/85, em favor do
Requerido, deixo de condená-lo ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios,
conforme a jurisprudência do STJ (EAREsp 962.250/SP, Corte Especial, Relator Ministro Og
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Fernandes, DJe 21/08/2018).


Caso haja interposição de recurso de apelação por uma das partes, intime-se a outra
para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias e, com o decurso do prazo, encaminhem-
se os autos ao Tribunal Região Federal da 1ª Região.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Cuiabá, 16 de março de 2020.

Assinatura digital
CIRO JOSÉ DE ANDRADE ARAPIRACA
Juiz Federal da 1ª Vara/MT

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