Autores Da Criminologia Positivista

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Conforme explica Sérgio Shecaira (2013, p.

24), Lucas, discípulo de Cesare Lombroso e


autor de “Traité philosophique et physiologique de l’hérédité naturelle”, anunciou a ideia de
atavismo, que ele definiu como o “reaparecimento, em um descendente, de um caráter não
presente em seus ascendentes imediatos, mas, sim, em remotos”. Sendo defensor da tese do
criminoso nato, Lucas considerava que a tendência criminal existente em algumas pessoas
seria transmissível por via hereditária e presente no indivíduo desde o seu nascimento.

De acordo com os ensinamentos de Shecaira (2013, p. 24), Gaspar Virgílio foi um dos
pioneiros no estabelecimento da anormalidade do indivíduo como fator criminógeno e
antecipou, inclusive, ideias de Cesare Lombroso, a exemplo da ideia de criminoso nato.

Bernardo de Almeida Lucas, consoante os ensinamentos de Maria Rita Lino Garnel, foi
um dos principais defensores do positivismo criminológico em Portugal. Ele defendeu a tese do
criminoso nato (que, portanto, já nasceria com caracteres criminógenos) e atávico, resultado
da ocorrência de uma regressão orgânica que age na contramão da evolução da espécie;
compactuando, pois, com o darwinismo social dos positivistas. Bernardo Lucas afirmou
também, de acordo com as ideias positivistas, que a criminologia deveria “estudar a génese
natural do delito, no delinquente e no ambiente em que este vive, para adaptar juridicamente
às várias causas de delito os diversos remédios apropriados”. Garnel explica que Lucas
acreditava em um determinismo, mas o diferenciava do fatalismo, pois os fatores apontados
como determinantes podiam ser modificados, sendo que, numa crença fatalista, não haveria
alternativa aos indivíduos a não ser aceitar o destino. Ainda de acordo com as ideias
positivistas de que questões orgânicas (fisiológicas) poderiam influir da personalidade e
consequentemente na conduta das pessoas, Lucas sugeria a necessidade do exame médico de
todos os delinquentes nos esforços para apurar a responsabilidade dos indivíduos por algum
crime. Conquanto não confundisse loucos com delinquentes, Lucas indicava semelhanças
fisionômicas ou fisiológicas entre eles. Mas Lucas, em oposição a alguns positivistas, acreditava
na possibilidade de adaptação do criminoso à sociedade (da mesma forma que uma tribo de
“selvagens” poderia ser civilizada), por isso, defendia o sistema penitenciário irlandês, em que
a liberdade do condenado era quase totalmente suprimida no início, porém ia sendo
recuperada por etapas.

João Vieira de Araújo, jurista recifense, e Nina Rodrigues, médico maranhense, tiveram
grande importância na divulgação das ideias da criminologia positivista aqui no Brasil.
Conforme explica Marcos César Álvarez, Nina Rodrigues chegou a defender a existência de
mais de um sistema legislativo para diferentes regiões do Brasil, visto que, a seu ver, haveria
diferenças (principalmente étnicas) entre os indivíduos de regiões distintas e entre as
condições ambientais a que eles estavam submetidos e a igualdade jurídica não seria
compatível com essas diferenças. O médico declarou-se “profundamente convencido de que a
adoção de um código único para toda a república foi um erro grave que atentou grandemente
contra os princípios mais elementares da fisiologia humana. Pela acentuada diferença de sua
climatologia e aspecto físico do país, pela diversidade étnica de sua população, já tão
acentuada e que ameaça mais acentuar-se ainda, o Brasil deve ser dividido para os efeitos da
legislação penal, pelo menos nas suas quatro grandes divisões regionais, que [...] são tão
natural e profundamente distintas”.
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS

GARNEL, Maria Rita Lino. Bernardo Lucas: a defesa dos arguidos a e perícia médico-
legal. IN: AGRA, Cândido da (org). A criminologia: um arquipélago interdisciplinar.
Universidade do Porto Editorial, Porto, 2012.

ÁLVAREZ, Marcos César. A criminologia no Brasil ou como tratar desigualmente os


desiguais. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/dados/v45n4/a05v45n4.pdf>, acesso em
11/05/2014.

SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. Revista dos Tribunais, São Paulo,


2013.

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