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Autores Da Criminologia Positivista
Autores Da Criminologia Positivista
Autores Da Criminologia Positivista
De acordo com os ensinamentos de Shecaira (2013, p. 24), Gaspar Virgílio foi um dos
pioneiros no estabelecimento da anormalidade do indivíduo como fator criminógeno e
antecipou, inclusive, ideias de Cesare Lombroso, a exemplo da ideia de criminoso nato.
Bernardo de Almeida Lucas, consoante os ensinamentos de Maria Rita Lino Garnel, foi
um dos principais defensores do positivismo criminológico em Portugal. Ele defendeu a tese do
criminoso nato (que, portanto, já nasceria com caracteres criminógenos) e atávico, resultado
da ocorrência de uma regressão orgânica que age na contramão da evolução da espécie;
compactuando, pois, com o darwinismo social dos positivistas. Bernardo Lucas afirmou
também, de acordo com as ideias positivistas, que a criminologia deveria “estudar a génese
natural do delito, no delinquente e no ambiente em que este vive, para adaptar juridicamente
às várias causas de delito os diversos remédios apropriados”. Garnel explica que Lucas
acreditava em um determinismo, mas o diferenciava do fatalismo, pois os fatores apontados
como determinantes podiam ser modificados, sendo que, numa crença fatalista, não haveria
alternativa aos indivíduos a não ser aceitar o destino. Ainda de acordo com as ideias
positivistas de que questões orgânicas (fisiológicas) poderiam influir da personalidade e
consequentemente na conduta das pessoas, Lucas sugeria a necessidade do exame médico de
todos os delinquentes nos esforços para apurar a responsabilidade dos indivíduos por algum
crime. Conquanto não confundisse loucos com delinquentes, Lucas indicava semelhanças
fisionômicas ou fisiológicas entre eles. Mas Lucas, em oposição a alguns positivistas, acreditava
na possibilidade de adaptação do criminoso à sociedade (da mesma forma que uma tribo de
“selvagens” poderia ser civilizada), por isso, defendia o sistema penitenciário irlandês, em que
a liberdade do condenado era quase totalmente suprimida no início, porém ia sendo
recuperada por etapas.
João Vieira de Araújo, jurista recifense, e Nina Rodrigues, médico maranhense, tiveram
grande importância na divulgação das ideias da criminologia positivista aqui no Brasil.
Conforme explica Marcos César Álvarez, Nina Rodrigues chegou a defender a existência de
mais de um sistema legislativo para diferentes regiões do Brasil, visto que, a seu ver, haveria
diferenças (principalmente étnicas) entre os indivíduos de regiões distintas e entre as
condições ambientais a que eles estavam submetidos e a igualdade jurídica não seria
compatível com essas diferenças. O médico declarou-se “profundamente convencido de que a
adoção de um código único para toda a república foi um erro grave que atentou grandemente
contra os princípios mais elementares da fisiologia humana. Pela acentuada diferença de sua
climatologia e aspecto físico do país, pela diversidade étnica de sua população, já tão
acentuada e que ameaça mais acentuar-se ainda, o Brasil deve ser dividido para os efeitos da
legislação penal, pelo menos nas suas quatro grandes divisões regionais, que [...] são tão
natural e profundamente distintas”.
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS
GARNEL, Maria Rita Lino. Bernardo Lucas: a defesa dos arguidos a e perícia médico-
legal. IN: AGRA, Cândido da (org). A criminologia: um arquipélago interdisciplinar.
Universidade do Porto Editorial, Porto, 2012.