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Antropologia da comunicação visual 143

O que se privilegia aqui é “a verdade do cinema e não a verdade no


cinema”, explica o cineasta [Jean Rouch]. Em outras palavras, são dois os
pontos a compor o método fílmico-etnográfico rouchiano, assim como
sua ética. O primeiro é o que trata de fazer do objeto sujeito, ponto-chave
da antropologia compartilhada. [...] O segundo ponto encontra-se no
compromisso dessa antropologia compartilhada em mudar o foco de
uma suposta verdade ou de um conhecimento científico inquestionável
para uma verdade fílmica, que compreende um sentido de provisorie-
dade, ou seja, da construção de uma verdade que se busca interpretar.
A concepção de verdade, nesse sentido, está em sua possibilidade de
construção a partir do que é filmado, do que é provocado pela câmera.
Valoriza-se, portanto, a construção de uma verdade fílmica, e não seu
estado bruto. Esse mesmo método serviria à etnografia.

Você pode assistir o documentário “Os mestres


loucos”, de Jean Rouch, de 1955, e acompanhar a
discussão do texto.

https://goo.gl/ankZVx

Etnografia sonora
O que se pode evidenciar na discussão sobre a narrativa imagética do outro,
é em relação ao som, pois é possível registrar e pensar por meio do que se vê,
como também por meio do que se ouve. E nesse sentido, muitas vezes, quando
vemos um filme, naturalizamos a presença do som ali. Entretanto, em termos
da prática etnográfica também, podemos problematizar e compreender como
se dá a captação de sons dos fenômenos sociais. Em primeiro lugar, cabe
sensibilizar o ouvido/escuta do pesquisador, e depois registrar o que se ouve,
seja por meio da escrita ou mesmo da gravação em equipamento específico
para som ou mesmo na câmera de vídeo.
Assim, pode-se interpretar as sonoridades dos arranjos da vida social
e aprender mais sobre os fenômenos aos quais estamos interessados. Para a

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