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Lua

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 Nota: Para outros significados, veja Lua (desambiguação).

Lua 
Satélite da Terra

Características orbitais

Semieixo maior 384 399 km (0,00257 UA)

Perigeu 363 104 km
0,0024 UA

Apogeu 405 696 km
0,0027 UA

Excentricidade 0,0549

Período orbital 27,321582 d (0,074802 a)

Período sinódico 29,530589 d (0,08085 a)

Velocidade orbital média 1,022 km/s

Inclinação Com a eclíptica: 5,145°


Com o equador da Terra: entre
18,29° e 28,58 °

Características físicas
Diâmetro equatorial 3474,8 km

Área da superfície 0,074 Terras


3,793 x 107 km²

Volume 0,020 Terras


2,1958 × 1010 km³

Massa 0,0123 Terras


7,349 x 1022 kg

Densidade média 3,34 g/cm³

Gravidade equatorial 0,1654 g

Período de rotação 27 d 7 h 43 min (rotação síncrona)

Velocidade de escape 2,38 km/s

Albedo 0,1054

Temperatura média: -53,1 ºC


mínima: -173,1 ºC
máxima: 116,9 ºC

Composição da atmosfera

Pressão atmosférica 1 µPa

Hélio 25%
Neônio 25%
Hidrogênio 23%
Argônio 20%

A Lua é o único satélite natural da Terra[nota 1] e o quinto maior do Sistema Solar. É o maior


satélite natural de um planeta no sistema solar em relação ao tamanho do seu corpo
primário,[nota 2] tendo 27% do diâmetro e 60% da densidade da Terra, o que representa 1⁄81 da
sua massa. Entre os satélites cuja densidade é conhecida, a Lua é o segundo mais denso,
atrás de Io. Estima-se que a formação da Lua tenha ocorrido há cerca de 4,51 mil
milhões* de anos[2], relativamente pouco tempo após a formação da Terra. Embora no
passado tenham sido propostas várias hipóteses para a sua origem, a explicação mais
consensual atualmente é a de que a Lua tenha sido formada a partir dos detritos de
um impacto de proporções gigantescas entre a Terra e um outro corpo do tamanho
de Marte.
A Lua encontra-se em rotação sincronizada com a Terra, mostrando sempre a mesma face
visível, marcada por mares vulcânicos escuros entre montanhas cristalinas e
proeminentes crateras de impacto. É o mais brilhante objeto no céu a seguir ao Sol,
embora a sua superfície seja na realidade escura, com uma refletância pouco acima da do
asfalto. A sua proeminência no céu e o seu ciclo regular de fases tornaram a Lua, desde
a antiguidade, uma importante referência cultural na língua, em calendários, na arte e na
mitologia. A influência da gravidade da Lua está na origem das marés oceânicas e
ao aumento do dia sideral da Terra. A sua atual distância orbital, cerca de trinta vezes o
diâmetro da Terra, faz com que no céu o satélite pareça ter o mesmo tamanho do Sol,
permitindo-lhe cobri-lo por completo durante um eclipse solar total.
A Lua é o único corpo celeste para além da Terra no qual os seres humanos já pisaram.
O Programa Luna, da União Soviética, foi o primeiro a atingir a Lua com sondas não
tripuladas em 1959. O Programa Apollo, do governo dos Estados Unidos, permitiu a
realização das únicas missões tripuladas até hoje ao satélite, desde a primeira viagem
tripulada em 1968 pela Apollo 8, até seis alunagens tripuladas entre 1969 e 1972, a
primeira das quais a Apollo 11. Estas missões recolheram mais de 380 quilogramas
de rochas lunares que têm sido usadas no estudo sobre a origem, história
geológica e estrutura interna da Lua. Após a missão Apollo 17, em 1972, a Lua foi visitada
apenas por naves espaciais não tripuladas, como pela última sonda do programa
soviético Lunokhod. Desde 2004, Japão, China, Índia, Estados Unidos e a Agência
Espacial Europeia enviaram sondas espaciais ao satélite natural. Estas naves espaciais
têm contribuído para confirmar a descoberta de água gelada em crateras lunares
permanentemente escuras nos pólos e vinculada ao regolito lunar. Missões tripuladas
futuras para a Lua foram planejadas, através de esforços de governos e do financiamento
privado. A Lua permanece, conforme acordado no Tratado do Espaço Exterior, livre para
todas as nações que queiram explorar o satélite para fins pacíficos.

Índice

 1Nome e etimologia
 2Formação
 3Características físicas
o 3.1Estrutura interna
o 3.2Geologia de superfície
 3.2.1Características vulcânicas
 3.2.2Crateras de impacto
 3.2.3Presença de água
o 3.3Campo gravitacional
o 3.4Campo magnético
o 3.5Atmosfera
o 3.6Estações
 4Relação com a Terra
o 4.1Órbita
o 4.2Aparência a partir da Terra
o 4.3Efeitos nas marés
o 4.4Eclipses
 5Estudo e exploração
o 5.1Primeiros estudos
o 5.2Exploração direta (1959–1976)
 5.2.1União Soviética
 5.2.2Estados Unidos
o 5.3Pós-corrida espacial (1990-atualidade)
o 5.4Astronomia
o 5.5Estatuto jurídico
 6Impacto cultural
 7Ver também
 8Notas
 9Referências
 10Bibliografia
o 10.1Leitura adicional
 11Ligações externas

Nome e etimologia
O termo em português Lua tem origem no latim Luna. Outro termo menos comum
é selene, derivado do grego antigo selene (Σελήνη), de onde o prefixo "seleno-" (como
em selenografia) derivou-se.[3]

Formação
Ver também: Hipótese do grande impacto e Origem da Lua

Escala do tempo geológico lunar (milhões de anos antes do presente)

Impressão artística do impacto entre a Terra e Theia. Os destroços do impacto teriam


posteriormente formado a Lua.

Têm sido propostos vários mecanismos para explicar a formação da Lua, a qual ocorreu
há 4,527 ± 0,010 mil milhões de anos atrás e entre 30 e 50 milhões de anos após a origem
do Sistema Solar.[4] Uma pesquisa recente propõe uma idade ligeiramente mais jovem,
entre 4,4 e 4,45 mil milhões* de anos.[5][6] Entre os mecanismos propostos estão a fissão da
Lua a partir da crosta terrestre através de força centrífuga[7] (o que exigiria uma imensa
força de rotação da Terra),[8] a captura gravitacional de uma lua pré-formada [9] (o que
exigiria uma improvável atmosfera alargada da Terra capaz de dissipar a energia da
passagem da Lua)[8] e a formação simultânea da Terra e da Lua no disco de
acreção primordial (que não explica o esgotamento de ferro metálico na Lua).[8] Estas
hipóteses também não conseguem explicar o elevado momento angular do sistema Terra-
Lua.[10]
A hipótese que hoje em dia prevalece é a de que o sistema Terra- Lua se formou em
resultado de um gigantesco impacto, durante qual um corpo do tamanho de Marte,
denominado Theia, colidiu com a recém-formada proto-Terra, projetando material para a
sua órbita que se aglutinou até formar a Lua.[11] Modelos de computador do gigantesco
cenário de impacto freqüentemente afirmam que mais de 60% da lua deveria ser feita de
material de Theia, mas a Lua e a Terra são um espelho de uma para o outra em sua
composição, lançando dúvidas sobre uma origem principalmente de material lunar
extraterrestre e, portanto, a única explicação de impacto[12]. Essa objeção intrigante pode
ser resolvida se a lua se formar quando Theia atingir a Terra enquanto ela ainda era jovem
e coberta de rocha derretida.[13] Uma teoria de 2017 propõe que a lua é feita de mini-luas.
Uma amálgama de mini-luas explica por que a lua tem uma composição química terrestre.
[14]
Dezoito meses antes de uma conferência sobre a possível origem da Lua em outubro de
1984, Bill Hartmann, Roger Phillips e Jeff Taylor desafiaram os colegas cientistas ao dizer:
"Vocês têm 18 meses. Voltem para os dados da Apollo, voltem para os computadores,
façam o que tiverem que fazer, mas decidam-se. Não venham para a conferência a menos
que tenham algo a dizer sobre o nascimento da Lua." Na conferência de 1984 em Kona,
no Havaí, a hipótese do grande impacto emergiu como a mais popular. "Antes da
conferência havia partidários das três teorias "tradicionais", além de algumas pessoas que
estavam começando a considerar o impacto gigante como uma possibilidade séria e havia
um enorme grupo apático que achava que o debate jamais seria resolvido. Posteriormente,
havia essencialmente apenas dois grupos: os defensores do grande impacto e os
agnósticos."[15]
Pensa-se que os impactos gigantes tenham sido comuns nos primórdios do Sistema Solar.
As simulações em computador do modelo do grande impacto são consistentes com as
medições do momento angular do sistema Terra-Lua e com o pequeno tamanho do núcleo
lunar. Estas simulações mostram também que a maior parte da Lua tem origem no corpo
que embateu, e não na proto-Terra.[16] No entanto, há testes mais recentes que sugerem
que a maior parte da Lua se formou a partir da Terra, e não do impacto. [17][18][19]

Oceanus Procellarum ("Oceano das Tempestades"). Fossas tectônicas antigas – estrutura


retangular (visível – topografia – gradientes gravitacionais da GRAIL)

Os meteoritos mostram que os outros corpos do Sistema Solar interior, como Marte


e Vesta, têm composições isotópicas de oxigénio e tungsténio muito diferentes das
encontradas na Terra, enquanto a Terra e a Lua têm composições isotópicas praticamente
idênticas. A mistura de material vaporizado entre a Terra e a Lua em formação após o
impacto poderia ter equilibrado as suas composições isotópicas, [20] embora isto ainda seja
debatido.[21]
A grande quantidade de energia libertada no evento de grande impacto e a posterior
aglutinação de material na órbita da Terra teriam fundido a camada externa terrestre,
formando um oceano de magma.[22][23] A recém-formada Lua teria tido também o seu próprio
oceano de magma lunar; cuja profundidade se estima ter sido entre 500 km e o raio total
da Lua.[22] Apesar da hipótese do grande impacto ser precisa na explicação de muitas
linhas de evidência, existem ainda algumas questões em aberto, a maioria delas sobre a
composição da Lua.[24]
Em 2001, uma equipa do Instituto Carnegie de Washington divulgou a medição mais
precisa das assinaturas isotópicas de rochas lunares até à atualidade. [25] Para sua
surpresa, descobriram que as rochas do programa Apollo apresentavam uma assinatura
isotópica idêntica à de pedras da Terra e diferente de quase todos os outros corpos do
Sistema Solar. Tratou-se de uma observação inesperada, uma vez que se acreditava que
a maior parte do material que entrou em órbita para formar a Lua fosse proveniente de
Theia. Em 2007, um grupo de investigadores do Instituto de Tecnologia da
Califórnia anunciou que a probabilidade da Terra e de Theia terem assinaturas isotópicas
idênticas era inferior a 1%.[26] Uma análise de isótopos de titânio nas amostras lunares
trazidas pela Apollo, publicada em 2012, demostrou que a Lua tem a mesma composição
que a Terra.[27]

Características físicas
Estrutura interna
Ver artigo principal: Estrutura interna da Lua

Estrutura lunar

Composição química do regolito lunar[28]

Composição (wt %)
Composto Fórmula
Mares Montanhas

sílica SiO2 45.4% 45.5%

alumina Al2O3 14.9% 24.0%

cal CaO 11.8% 15.9%

óxido ferroso FeO 14.1% 5.9%

óxido de
MgO 9.2% 7.5%
magnésio

dióxido de titânio TiO2 3.9% 0.6%

óxido de sódio Na2O 0.6% 0.6%


Total 99.9% 100.0%

A Lua é um corpo diferenciado: a sua crosta, manto e núcleo são distintos em


termos geoquímicos. A Lua possui um núcleo interno sólido e rico em ferro com 240 km
de raio e um núcleo externo fluido composto essencialmente por ferro em fusão e com um
raio de aproximadamente 300 km. O núcleo é envolto por uma camada parcialmente em
fusão com um raio de cerca de 500 km.[29] Pensa-se que esta estrutura se tenha
desenvolvido a partir da cristalização fracionada de um oceano de magma global, pouco
tempo depois da formação da lua, há cerca de 4,5 mil milhões de anos. [30] A cristalização
deste oceano de magma teria criado um manto máfico através de precipitação e
afundamento dos minerais olivina, piroxena e ortopiroxena. Após a cristalização de cerca
de três quartos do oceano de magma, tornou-se possível a formação de plagioclases que
permaneceram à superfície, formando a crosta.[31] Os últimos líquidos a cristalizar teriam
inicialmente permanecido entre a crosta e o manto, com elevada abundância de elementos
incompatíveis e produtores de calor.[32] De forma consistente com esta hipótese, o
mapeamento geoquímico a partir de órbita revela que a crosta é composta principalmente
por anortosito,[33] enquanto que as amostras de rocha lunar dos rios de lava que emergiram
à superfície a partir da fusão parcial do manto confirmam a composição máfica do manto,
o qual é mais rico em ferro do que o da Terra.[32] As análises geofísicas sugerem que a
crosta tenha em média 50 km de espessura.[32]
A lua é o segundo satélite mais denso do Sistema Solar, atrás apenas de Io.[34] No entanto,
o seu núcleo interno é pequeno, com um raio de apenas 350 km ou menos,[32] o que
corresponde apenas a cerca de 20% da sua dimensão, em contraste com os cerca de 50%
da maior parte dos outros corpos terrestres. A sua composição não está ainda confirmada,
mas é provavelmente de ferro metálico ligado com uma pequena quantidade
de enxofre e níquel. A análise da rotação da Lua indica que o núcleo se encontra num
estado de fusão, pelo menos parcialmente.[35]
Geologia de superfície
Ver artigos principais: Geologia da Lua e Rocha lunar

Topografia da Lua. Note a região da Bacia do Polo Sul-Aitken, à esquerda, onde se encontram as
menores altitudes do relevo lunar.

A topografia da Lua tem sido medida através de altimetria laser e análise estereoscópica.


[36]
 A característica topográfica mais proeminente é a Bacia do Polo Sul-Aitken, com cerca
de 2240 km de diâmetro, o que faz dela a maior cratera lunar e a maior cratera conhecida
do Sistema Solar.[37][38] Com 13 km de profundidade, a sua base é o ponto de menor altitude
na Lua.[37][39] Os pontos de maior altitude encontram-se imediatamente a nordeste, tendo
sido sugerido que esta área possa ter sido formada através do próprio impacto oblíquo na
superfície que deu origem à bacia.[40] As outras bacias de impacto de grande dimensão,
como os mares Imbrium, Serenatis, Crisium, Smythii e Orientale, possuem igualmente
pouca altitude e orlas elevadas.[37] A face oculta da lua tem uma altitude média cerca de
1,9 km superior à face visível.[32]
Características vulcânicas
Ver artigo principal: Mare (Lua)
As planícies lunares escuras e relativamente desertas que podem ser facilmente
observadas a olho nu são denominadas mares (ou maria em latim, singular mare), uma
vez que os astrónomos da Antiguidade acreditavam que continham água. [41] Sabe-se hoje
que são vastos depósitos de antiga lava basáltica. Embora semelhantes aos basaltos
terrestres, os basaltos dos mares têm uma abundância muito maior de ferro, ao mesmo
tempo que não possuem quaisquer minerais alterados pela água. [42][43] A maioria destas
lavas afluiu ou foi projetada para as depressões formadas por crateras de impacto, uma
vez que eram as regiões de menor altitude da topografia lunar. Na orla dos mares,
encontram-se várias províncias geológicas com vulcões-escudo e domos lunares.[44]
Os mares encontram-se quase exclusivamente na face visível da Lua, cobrindo 31% da
sua superfície,[45] enquanto que na face oculta são raros e apenas cobrem 2% da
superfície.[46] Pensa-se que isto seja devido à concentração de elementos produtores de
calor na face visível, observada em mapas geoquímicos obtidos através
de espectómetros de raios gama, a qual poderia ter provocado o aquecimento, fusão
parcial, subida à superfície e erupção do manto inferior. [31][47][48] A maior parte dos basaltos
presentes nos mares surgiu durante erupções no período ímbrico, há cerca de 3-3,5 mil
milhões de anos, embora algumas amostras datadas através de radiometria sejam de há
4,2 mil milhões de anos,[49] enquanto que as erupções mais recentes datam de há apenas
1,2 mil milhões de anos.[50]
As regiões mais claras da superfície lunar são denominadas terrae ou montanhas, uma
vez que são mais elevadas do que a maior parte dos mares. Têm sido datadas, através de
radiometria, de há 4,4 mil milhões de anos, e podem representar cumulatos
de plagioclase do oceano de magma lunar.[49][50] Em contraste com a Terra, pensa-se que
nenhuma das principais cadeias montanhosas da Lua tenha sido formada em
consequência de eventos tectónicos.[51]
A concentração de mares na face visível é provavelmente o reflexo de uma crosta
substancialmente mais espessa nas montanhas da face oculta, as quais podem ter sido
formadas durante o impacto a pouca velocidade de uma segunda lua terrestre poucas
dezenas de milhões de anos após a formação das próprias luas. [52][53]
Quatro vistas da Lua. Da esquerda para a direita: o lado oculto, vista da direita, lado visível e vista
da esquerda. Observe que o lado voltado para a Terra apresenta muito mais regiões escuras (mares
lunares) que a face oculta.
Crateras de impacto
Ver também: Lista de crateras lunares

A cratera lunar Daedalus no lado oculto da Lua

O outro principal processo geológico que afetou a superfície lunar foi a formação
de crateras de impacto,[54] em consequência da colisão de asteroides e cometas com a
superfície lunar. Estima-se que só na face visível existam trezentas mil crateras com
diâmetro superior a 1 km.[55] Algumas são batizadas em homenagem a investigadores,
cientistas e exploradores.[56] A escala de tempo geológico lunar baseia-se nos principais
eventos de impacto, como o nectárico, ímbrico ou o Mare Orientale, estruturas
caracterizadas por vários anéis de material revolto, geralmente com centenas ou dezenas
de quilómetros de diâmetro e associadas a uma gama diversa de depósitos de material
projetado que formam um horizonte estratigráfico regional.[57] A ausência de atmosfera,
meteorologia e processos geológicos recentes significa que muitas destas crateras se
encontram perfeitamente preservadas. Embora só algumas das bacias com múltiplos anéis
tenham sido datadas em definitivo, são, no entanto, usadas como referência para atribuir
datas relativas. Uma vez que as crateras de impacto se acumulam a um ritmo
relativamente constante, a contagem do número de crateras em determinada área pode
ser usada para estimar a idade da superfície.[57] As idades radiométricas das rochas de
impacto recolhidas durante as missões Apollo datam de há 3,8-4,1 mil milhões de anos.
Isto tem sido usado para propor a existência de um Intenso bombardeio tardio de
impactos.[58]
A crosta lunar é revestida por uma superfície de rocha pulverizada denominada regolito,
formada por processos de impacto. O regolito mais fino, o solo lunar de dióxido de silício,
tem uma textura semelhante à neve e odor semelhante a pólvora usada.[59] O regolito das
superfícies mais antigas é geralmente mais espesso que o das superfície mais jovens,
variando entre 10 a 20 metros nas terras altas e 3 a 5 metros nos mares. [60] Por baixo da
camada de regolito encontra-se o megaregolito, uma camada de rocha matriz bastante
fraturada com vários quilómetros de espessura.[61]
Presença de água

Composição de imagens do polo sul lunar obtida pela sonda Clementine.

Não é possível suster água em estado líquido na superfície lunar. Quando exposta à
radiação solar, a água decompõe-se rapidamente através de um processo
denominado fotólise, perdendo-se para o espaço. No entanto, desde a década de 1960
que os cientistas têm levantado a hipótese de existirem na Lua depósitos de água sob a
forma de gelo. O gelo teria origem em impactos de cometas ou possivelmente produzido
através da reação entre rochas lunares ricas em oxigénio e o hidrogénio do vento solar,
deixando vestígios de água que poderiam ter sobrevivido nas crateras frias e sem luz dos
polos lunares.[62][63] As simulações em computador sugerem que até 14.000 km² da
superfície podem estar em sombra permanente. [64] A presença de quantidades utilizáveis
de água na Lua é importante para se considerar a viabilidade económica de uma
eventual colonização da Lua, uma vez que o transporte a partir da Terra seria
economicamente inviável.[65]
Em décadas posteriores, têm vindo a ser encontrados vestígios de presença de água na
superfície lunar.[66] Em 1994, uma experiência com radar biestático pela
sonda Clementine indicou a existência de pequenas bolsas de água congelada perto da
superfície. No entanto, observações posteriores no radiotelescópio de Arecibo sugerem
que estas bolsas se podem tratar, na realidade, de rochas projetadas a partir de crateras
de impacto recentes.[67] Em 1998, o espectómetro de neutrões a bordo da sonda Lunar
Prospector indicou que há hidrogénio presente em elevada concentração no primeiro
metro de profundidade do solo nas imediações das regiões polares. [68] Em 2008, uma
amostra de rocha vulcânica trazida para a Terra pela Apollo 15 revelou que existiam
pequenas quantidades de água no seu interior.[69]
Ainda em 2008, a sonda Chandrayaan-1 confirmou a existência de água à superfície
através do mapeador de mineralogia a bordo. O espectómetro observou linhas de
absorção em comum com o hidroxilo na luz solar refletida, fornecendo evidências de
grandes quantidades de água na forma de gelo na superfície lunar. A sonda mostrou que
estas concentrações podem ser tão elevadas como 1000 ppm.[70] Em 2009,
o LCROSS enviou um módulo de impacto para uma cratera polar em sombra permanente,
detetando pelo menos 100 kg de água numa pluma de material projetado. [71][72] Uma outra
análise dos dados do LCROSS mostrou que a quantidade de água detetada estava
próxima dos 155 kg (±12 kg).[73][74]
Em 2018, moganita, um dióxido de silício semelhante ao quartzo, foi detectado em rochas
lunares. Isso é significativo porque a moganita é um mineral que requer água para se
formar, reforçando a crença de que a água existe na Lua. [75]
Confirmando as previsões anteriores, uma recente pesquisa, publicada em Agosto de
2018 pela revista Proceedings of National Academy of Sciences (PNAS), confirmou a
presença de gelo nos pólos lunares. A pesquisa utilizou dados do Mapeador de
Mineralogia da Lua (M3) a bordo da espaçonave Indiana Chandrayaan-1 e analisou as
propriedades reflexivas da superfície lunar. O equipamento ainda forneceu medições
diretas de como as moléculas absorvem a luz infravermelha. Isso proporcionou a
capacidade de diferenciar entre água líquida, vapor e gelo sólido. [76]
Campo gravitacional
Ver artigo principal: Campo gravitacional da Lua

Campo gravitacional da Lua

Aceleração gravitacional na superfície da Lua em m/s². À esquerda: face visível. À direita: face
oculta.[77]

O campo gravitacional da Lua tem sido medido através do rastreio do efeito Doppler de
sinais de rádio emitidos a partir de veículos em órbita. As principais características da
gravidade lunar são concentrações de massa, anomalias gravitacionais positivas de
grande dimensão, associadas a algumas das maiores bacias de impacto, causadas em
parte pelos densos depósitos basálticos que preenchem estas crateras. [78][79] Estas
anomalias influenciam significativamente a órbita de veículos em torno da Lua. No entanto,
há ainda eventos sem explicação; as correntes de magma não explicam por si só todo o
mapa gravitacional, e existem algumas concentrações de massa que não têm relação com
o vulcanismo dos mares.[80]
No entanto, devido à rotação sincronizada da Lua, não é possível efetuar o rastreio de
veículos espaciais muito para além das extremidades do lado visível, pelo que o campo
gravitacional do lado oculto se encontra ainda pouco caracterizado. A aceleração
provocada pela gravidade na superfície da Lua é de 1,6249 m/s², cerca de 16,6% daquela
da superfície terrestre. Quando considerada a totalidade da superfície, a variação na
aceleração gravitacional é de cerca de 0,0253 m/s² (1,6% da aceleração provocada pela
gravidade). Uma vez que o peso está diretamente relacionado com a aceleração
gravitacional, os corpos na Lua pesam apenas 16,6% daquilo que pesariam na Terra. [81]
Campo magnético
Ver artigo principal: Campo magnético da lua
A Lua tem um campo magnético exterior de cerca de 1-100 nanoteslas, menos de um
centésimo do campo magnético terrestre. A Lua não tem um campo magnético global
dipolar, como aqueles que são gerados pelo geodínamo característico de um núcleo de
metal líquido, apresentando apenas magnetização da crosta, provavelmente adquirida
muito cedo na sua História quando o geodínamo estava ainda em funcionamento. [82][83] De
acordo com uma hipótese alternativa, alguma da magnetização restante pode ter origem
em campos magnéticos transitórios gerados durante grandes eventos de impacto, através
da expansão de uma nuvem de plasma gerada por esse impacto na presença de um
campo magnético ambiente. Isto é apoiado pela localização aparente das maiores
magnetizações da crosta perto dos antípodas das maiores bacias de impacto.[84]
Atmosfera
Ver artigo principal: Atmosfera da Lua

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