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Lua
Satélite da Terra
Características orbitais
Perigeu 363 104 km
0,0024 UA
Apogeu 405 696 km
0,0027 UA
Excentricidade 0,0549
Características físicas
Diâmetro equatorial 3474,8 km
Albedo 0,1054
Composição da atmosfera
Hélio 25%
Neônio 25%
Hidrogênio 23%
Argônio 20%
Índice
1Nome e etimologia
2Formação
3Características físicas
o 3.1Estrutura interna
o 3.2Geologia de superfície
3.2.1Características vulcânicas
3.2.2Crateras de impacto
3.2.3Presença de água
o 3.3Campo gravitacional
o 3.4Campo magnético
o 3.5Atmosfera
o 3.6Estações
4Relação com a Terra
o 4.1Órbita
o 4.2Aparência a partir da Terra
o 4.3Efeitos nas marés
o 4.4Eclipses
5Estudo e exploração
o 5.1Primeiros estudos
o 5.2Exploração direta (1959–1976)
5.2.1União Soviética
5.2.2Estados Unidos
o 5.3Pós-corrida espacial (1990-atualidade)
o 5.4Astronomia
o 5.5Estatuto jurídico
6Impacto cultural
7Ver também
8Notas
9Referências
10Bibliografia
o 10.1Leitura adicional
11Ligações externas
Nome e etimologia
O termo em português Lua tem origem no latim Luna. Outro termo menos comum
é selene, derivado do grego antigo selene (Σελήνη), de onde o prefixo "seleno-" (como
em selenografia) derivou-se.[3]
Formação
Ver também: Hipótese do grande impacto e Origem da Lua
Têm sido propostos vários mecanismos para explicar a formação da Lua, a qual ocorreu
há 4,527 ± 0,010 mil milhões de anos atrás e entre 30 e 50 milhões de anos após a origem
do Sistema Solar.[4] Uma pesquisa recente propõe uma idade ligeiramente mais jovem,
entre 4,4 e 4,45 mil milhões* de anos.[5][6] Entre os mecanismos propostos estão a fissão da
Lua a partir da crosta terrestre através de força centrífuga[7] (o que exigiria uma imensa
força de rotação da Terra),[8] a captura gravitacional de uma lua pré-formada [9] (o que
exigiria uma improvável atmosfera alargada da Terra capaz de dissipar a energia da
passagem da Lua)[8] e a formação simultânea da Terra e da Lua no disco de
acreção primordial (que não explica o esgotamento de ferro metálico na Lua).[8] Estas
hipóteses também não conseguem explicar o elevado momento angular do sistema Terra-
Lua.[10]
A hipótese que hoje em dia prevalece é a de que o sistema Terra- Lua se formou em
resultado de um gigantesco impacto, durante qual um corpo do tamanho de Marte,
denominado Theia, colidiu com a recém-formada proto-Terra, projetando material para a
sua órbita que se aglutinou até formar a Lua.[11] Modelos de computador do gigantesco
cenário de impacto freqüentemente afirmam que mais de 60% da lua deveria ser feita de
material de Theia, mas a Lua e a Terra são um espelho de uma para o outra em sua
composição, lançando dúvidas sobre uma origem principalmente de material lunar
extraterrestre e, portanto, a única explicação de impacto[12]. Essa objeção intrigante pode
ser resolvida se a lua se formar quando Theia atingir a Terra enquanto ela ainda era jovem
e coberta de rocha derretida.[13] Uma teoria de 2017 propõe que a lua é feita de mini-luas.
Uma amálgama de mini-luas explica por que a lua tem uma composição química terrestre.
[14]
Dezoito meses antes de uma conferência sobre a possível origem da Lua em outubro de
1984, Bill Hartmann, Roger Phillips e Jeff Taylor desafiaram os colegas cientistas ao dizer:
"Vocês têm 18 meses. Voltem para os dados da Apollo, voltem para os computadores,
façam o que tiverem que fazer, mas decidam-se. Não venham para a conferência a menos
que tenham algo a dizer sobre o nascimento da Lua." Na conferência de 1984 em Kona,
no Havaí, a hipótese do grande impacto emergiu como a mais popular. "Antes da
conferência havia partidários das três teorias "tradicionais", além de algumas pessoas que
estavam começando a considerar o impacto gigante como uma possibilidade séria e havia
um enorme grupo apático que achava que o debate jamais seria resolvido. Posteriormente,
havia essencialmente apenas dois grupos: os defensores do grande impacto e os
agnósticos."[15]
Pensa-se que os impactos gigantes tenham sido comuns nos primórdios do Sistema Solar.
As simulações em computador do modelo do grande impacto são consistentes com as
medições do momento angular do sistema Terra-Lua e com o pequeno tamanho do núcleo
lunar. Estas simulações mostram também que a maior parte da Lua tem origem no corpo
que embateu, e não na proto-Terra.[16] No entanto, há testes mais recentes que sugerem
que a maior parte da Lua se formou a partir da Terra, e não do impacto. [17][18][19]
Características físicas
Estrutura interna
Ver artigo principal: Estrutura interna da Lua
Estrutura lunar
Composição (wt %)
Composto Fórmula
Mares Montanhas
óxido de
MgO 9.2% 7.5%
magnésio
Topografia da Lua. Note a região da Bacia do Polo Sul-Aitken, à esquerda, onde se encontram as
menores altitudes do relevo lunar.
O outro principal processo geológico que afetou a superfície lunar foi a formação
de crateras de impacto,[54] em consequência da colisão de asteroides e cometas com a
superfície lunar. Estima-se que só na face visível existam trezentas mil crateras com
diâmetro superior a 1 km.[55] Algumas são batizadas em homenagem a investigadores,
cientistas e exploradores.[56] A escala de tempo geológico lunar baseia-se nos principais
eventos de impacto, como o nectárico, ímbrico ou o Mare Orientale, estruturas
caracterizadas por vários anéis de material revolto, geralmente com centenas ou dezenas
de quilómetros de diâmetro e associadas a uma gama diversa de depósitos de material
projetado que formam um horizonte estratigráfico regional.[57] A ausência de atmosfera,
meteorologia e processos geológicos recentes significa que muitas destas crateras se
encontram perfeitamente preservadas. Embora só algumas das bacias com múltiplos anéis
tenham sido datadas em definitivo, são, no entanto, usadas como referência para atribuir
datas relativas. Uma vez que as crateras de impacto se acumulam a um ritmo
relativamente constante, a contagem do número de crateras em determinada área pode
ser usada para estimar a idade da superfície.[57] As idades radiométricas das rochas de
impacto recolhidas durante as missões Apollo datam de há 3,8-4,1 mil milhões de anos.
Isto tem sido usado para propor a existência de um Intenso bombardeio tardio de
impactos.[58]
A crosta lunar é revestida por uma superfície de rocha pulverizada denominada regolito,
formada por processos de impacto. O regolito mais fino, o solo lunar de dióxido de silício,
tem uma textura semelhante à neve e odor semelhante a pólvora usada.[59] O regolito das
superfícies mais antigas é geralmente mais espesso que o das superfície mais jovens,
variando entre 10 a 20 metros nas terras altas e 3 a 5 metros nos mares. [60] Por baixo da
camada de regolito encontra-se o megaregolito, uma camada de rocha matriz bastante
fraturada com vários quilómetros de espessura.[61]
Presença de água
Não é possível suster água em estado líquido na superfície lunar. Quando exposta à
radiação solar, a água decompõe-se rapidamente através de um processo
denominado fotólise, perdendo-se para o espaço. No entanto, desde a década de 1960
que os cientistas têm levantado a hipótese de existirem na Lua depósitos de água sob a
forma de gelo. O gelo teria origem em impactos de cometas ou possivelmente produzido
através da reação entre rochas lunares ricas em oxigénio e o hidrogénio do vento solar,
deixando vestígios de água que poderiam ter sobrevivido nas crateras frias e sem luz dos
polos lunares.[62][63] As simulações em computador sugerem que até 14.000 km² da
superfície podem estar em sombra permanente. [64] A presença de quantidades utilizáveis
de água na Lua é importante para se considerar a viabilidade económica de uma
eventual colonização da Lua, uma vez que o transporte a partir da Terra seria
economicamente inviável.[65]
Em décadas posteriores, têm vindo a ser encontrados vestígios de presença de água na
superfície lunar.[66] Em 1994, uma experiência com radar biestático pela
sonda Clementine indicou a existência de pequenas bolsas de água congelada perto da
superfície. No entanto, observações posteriores no radiotelescópio de Arecibo sugerem
que estas bolsas se podem tratar, na realidade, de rochas projetadas a partir de crateras
de impacto recentes.[67] Em 1998, o espectómetro de neutrões a bordo da sonda Lunar
Prospector indicou que há hidrogénio presente em elevada concentração no primeiro
metro de profundidade do solo nas imediações das regiões polares. [68] Em 2008, uma
amostra de rocha vulcânica trazida para a Terra pela Apollo 15 revelou que existiam
pequenas quantidades de água no seu interior.[69]
Ainda em 2008, a sonda Chandrayaan-1 confirmou a existência de água à superfície
através do mapeador de mineralogia a bordo. O espectómetro observou linhas de
absorção em comum com o hidroxilo na luz solar refletida, fornecendo evidências de
grandes quantidades de água na forma de gelo na superfície lunar. A sonda mostrou que
estas concentrações podem ser tão elevadas como 1000 ppm.[70] Em 2009,
o LCROSS enviou um módulo de impacto para uma cratera polar em sombra permanente,
detetando pelo menos 100 kg de água numa pluma de material projetado. [71][72] Uma outra
análise dos dados do LCROSS mostrou que a quantidade de água detetada estava
próxima dos 155 kg (±12 kg).[73][74]
Em 2018, moganita, um dióxido de silício semelhante ao quartzo, foi detectado em rochas
lunares. Isso é significativo porque a moganita é um mineral que requer água para se
formar, reforçando a crença de que a água existe na Lua. [75]
Confirmando as previsões anteriores, uma recente pesquisa, publicada em Agosto de
2018 pela revista Proceedings of National Academy of Sciences (PNAS), confirmou a
presença de gelo nos pólos lunares. A pesquisa utilizou dados do Mapeador de
Mineralogia da Lua (M3) a bordo da espaçonave Indiana Chandrayaan-1 e analisou as
propriedades reflexivas da superfície lunar. O equipamento ainda forneceu medições
diretas de como as moléculas absorvem a luz infravermelha. Isso proporcionou a
capacidade de diferenciar entre água líquida, vapor e gelo sólido. [76]
Campo gravitacional
Ver artigo principal: Campo gravitacional da Lua
Aceleração gravitacional na superfície da Lua em m/s². À esquerda: face visível. À direita: face
oculta.[77]
O campo gravitacional da Lua tem sido medido através do rastreio do efeito Doppler de
sinais de rádio emitidos a partir de veículos em órbita. As principais características da
gravidade lunar são concentrações de massa, anomalias gravitacionais positivas de
grande dimensão, associadas a algumas das maiores bacias de impacto, causadas em
parte pelos densos depósitos basálticos que preenchem estas crateras. [78][79] Estas
anomalias influenciam significativamente a órbita de veículos em torno da Lua. No entanto,
há ainda eventos sem explicação; as correntes de magma não explicam por si só todo o
mapa gravitacional, e existem algumas concentrações de massa que não têm relação com
o vulcanismo dos mares.[80]
No entanto, devido à rotação sincronizada da Lua, não é possível efetuar o rastreio de
veículos espaciais muito para além das extremidades do lado visível, pelo que o campo
gravitacional do lado oculto se encontra ainda pouco caracterizado. A aceleração
provocada pela gravidade na superfície da Lua é de 1,6249 m/s², cerca de 16,6% daquela
da superfície terrestre. Quando considerada a totalidade da superfície, a variação na
aceleração gravitacional é de cerca de 0,0253 m/s² (1,6% da aceleração provocada pela
gravidade). Uma vez que o peso está diretamente relacionado com a aceleração
gravitacional, os corpos na Lua pesam apenas 16,6% daquilo que pesariam na Terra. [81]
Campo magnético
Ver artigo principal: Campo magnético da lua
A Lua tem um campo magnético exterior de cerca de 1-100 nanoteslas, menos de um
centésimo do campo magnético terrestre. A Lua não tem um campo magnético global
dipolar, como aqueles que são gerados pelo geodínamo característico de um núcleo de
metal líquido, apresentando apenas magnetização da crosta, provavelmente adquirida
muito cedo na sua História quando o geodínamo estava ainda em funcionamento. [82][83] De
acordo com uma hipótese alternativa, alguma da magnetização restante pode ter origem
em campos magnéticos transitórios gerados durante grandes eventos de impacto, através
da expansão de uma nuvem de plasma gerada por esse impacto na presença de um
campo magnético ambiente. Isto é apoiado pela localização aparente das maiores
magnetizações da crosta perto dos antípodas das maiores bacias de impacto.[84]
Atmosfera
Ver artigo principal: Atmosfera da Lua