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GUARDA COMPARTILHADA
RIO DE JANEIRO
2012
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SONILEI VIEIRA LEITE
GUARDA COMPARTILHADA
RIO DE JANEIRO
2012
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TERMO DE APROVAÇÃO
GUARDA COMPARTILHADA
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção de grau de Bacharel em Direito
no Curso de Direito da Universidade Veiga de Almeida.
_______________________________________________
Leonora Roizen Albek Oliven
Coordenadora do Núcleo de Monografia
Orientadora: __________________________________________________
Profª Francesca Cosenza
Examinador 1: _________________________________________________
Examinador 2: _________________________________________________
Examinador 3: _________________________________________________
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RESUMO
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..............................................................................................................7
3. GUARDA COMPARTILHADA.............................................................................20
3.1 Definição...................................................................................................................20
3.2 Histórico do instituto.................................................................................................23
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3.3 Guarda compartilhada no código civil de 2002.........................................................24
3.4 Consequências da guarda compartilhada...................................................................25
3.5 Aspectos psicológicos da guarda compartilhada.......................................................26
3.6 Dever de alimentos....................................................................................................27
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................37
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INTRODUÇÃO
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como tais desvantagens, muitas vezes assim são vistas, por mero desconhecimento das
partes sobre o tema.
O Código Civil traz apenas dois artigos tratando do assunto, o que acaba por
deixar dúvidas entre aqueles que são aplicadores e destinatários da norma. Tendo em
vista a complexidade do instituto, é certo que não deve ser abordado de forma resumida
e obscura, mostrando-se necessário uma abordagem mais completa para que as partes
não sejam vítimas de interpretações equivocadas.
O estudo abordará as dúvidas mais comuns quando se trata da guarda
compartilhada e a análise do posicionamento judicial demonstrará que muitas delas já
foram dirimidas.
Um ponto relevante a ser analisado é a questão da animosidade entre as partes e
sua incompatibilidade com a guarda compartilhada, demonstrando assim, ser impossível
a imposição de tal modelo de guarda entre pais que vivem em constantes desavenças.
Levando-se em consideração que é tendência das sociedades modernas um
constante aumento da dissolução da sociedade conjugal e, ainda, o surgimento das mais
diversas espécies de famílias, a guarda compartilhada é vista como uma solução
benéfica capaz de impedir que pais e filhos sejam injustamente privados do seu direito à
continuidade de convivência.
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1. GUARDA E PROTEÇÃO DO MENOR
1.1- CONCEITO
Com a ruptura do vínculo conjugal nasce a disputa acerca da guarda dos filhos
menores. É certo que, historicamente, os filhos sempre ficavam sob a guarda materna,
porém, essa tendência diminuiu e os pais, hoje, são mais participativos e mais próximos
dos filhos e, por isso, não se contentam com visitas em dias e horários pré-
determinados.
A evolução dos costumes, que levou a mulher para fora do lar, convocou o homem a
participar das tarefas domésticas e a assumir o cuidado com a prole. Assim, quando da
separação o pai passou a reivindicar a guarda da prole, o estabelecimento da guarda
conjunta, a flexibilização de horários e a intensificação das visitas. (DIAS, 2010, p.1).
A guarda dos filhos menores pode ser atribuída a apenas um dos pais ou aos
dois. A guarda é regulada pelo Código Civil Brasileiro nos artigos 1.583 e 1.584 e
estabelece duas possibilidades: acordo entre os genitores ou a determinação por via
judicial.
O ideal e mais benéfico para as partes é que a guarda seja definida por um
acordo entre os pais, mas se isso não for possível, a decisão se dará por determinação
judicial. Ainda que haja acordo entre os pais, é necessário submeter essa decisão ao
crivo do Judiciário para ter a certeza de que a decisão acordada é realmente a que
melhor atende aos interesses da criança. Caso o juiz entenda que o interesse do menor
não foi respeitado, ele pode se negar a homologar o acordo.
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adotar as medidas que mais beneficiem a criança. Os filhos deixam de ser considerados
como meros objetos de uma disputa e passam a ser tratados como sujeitos de direitos
que merecem ter respeitada a sua dignidade e o direito a convivência familiar.
Há uma inversão dos interesses protegidos. Mais do que discutir a guarda dos
filhos, discute-se o seu direito à continuidade de convivência ou de contato com os pais,
ou, como afirma Paulo Lôbo “Os pais preservam os respectivos poderes familiares em
relação aos filhos, com a separação, e os filhos preservam o direito de acesso a eles e ao
compartilhamento recíproco de sua formação.” (LÔBO, 2011, p.169).
O autor salienta que este princípio “não é uma recomendação ética, mas diretriz
determinante nas relações da criança e do adolescente com seus pais, com suas famílias,
com a sociedade e com o Estado.” (LÔBO, 2011, p.55).
Caberá ao juiz, no caso concreto, determinar a partir de critérios objetivos e
subjetivos se o princípio está sendo respeitado em determinada situação fática.
O melhor interesse da criança não está diretamente ligado ao interesse material e
a guarda não será dada, obrigatoriamente, ao genitor com melhores condições
financeiras. No princípio do melhor interesse da criança devem ser analisados tanto os
interesses morais quanto os materiais.
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que o juiz possa ter uma maior segurança no momento da decisão, porém, Eduardo de
Oliveira Leite diz que “vale saber se o resultado apresentado pelos assistentes sociais
tem poder vinculante ou meramente informativo; ou, ainda, se se trata de mera proposta
ou se assume foros de pré-decisão.” (LEITE, 2003, p.204).
A guarda compartilhada, ao atender o princípio do melhor interesse do menor,
coloca o interesse dos filhos acima dos interesses dos pais, protegendo as crianças de
pais separados que não possuem maturidade para escolher o melhor para elas por não
terem superado a ruptura do vínculo conjugal ou outro motivo que impeça um acordo
quanto à guarda de seus filhos independentemente da intervenção judicial.
A criança não tem que escolher entre o pai ou a mãe; é direito dela ter o contato e a
possibilidade de usufruir as duas linhagens de origem, cultura, posição social, religião.
A criança deve ter o direito de ter a ambos os pais e não ser forçada a tomar uma
decisão que a afogará em culpa e sobrecarregará emocionalmente o outro genitor.
(DOLTO, 1989, p.29 citado por LÔBO, 2011,p. 189).
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Pais com condutas reprováveis, consideradas contrárias à moral, ilícitas podem
prejudicar a formação de seus filhos e não deverão obter a guarda. Nesse sentido,
Edgard de Moura Bittencourt diz que “não podem ser investidos nem mantidos na
guarda do menor o pai, mãe ou terceiro de comportamento irregular ou censurável.”
(BITTENCOURT, 1984, p.73 citado por FILHO, 2002, p.72).
Waldyr Grisard Filho (2002, p.72) afirma que a análise da jurisprudência tem
demonstrado que muitas vezes é negada a guarda à mãe acusada de homicídio contra o
pai da criança, outras vezes não se nega o direito de visita ao pai que esteja sub judice,
sendo a vítima do crime de homicídio a mãe do menor e, ainda, confere a guarda
àquelas mães que tenham falhado como esposa mas que sejam consideradas boas mães.
Várias modalidades de guarda são definidas pela doutrina, sendo que as mais
importantes serão abordadas a seguir.
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A primeira é aquela correspondente aos pais, integra o poder familiar, como um direito
dever de plena convivência com o menor, e vice-versa, que possibilita o exercício de
todas as funções parentais, como a educação, assistência, vigilância, correção e
representação. Sua origem, sendo natural, é originária dos pais, enquanto que, a segunda
é a que surge da lei e corresponde a quem exerça a tutela do menor, seja um particular,
de forma dativa, legítima ou testamentária, seja por um organismo oficial, cumprindo o
Estado a sua função social, conforme o artigo 30 do ECA. (FILHO, 2002, p. 74).
É aquela que se estabelece por decisão própria de uma pessoa que toma o menor a seu
cargo, sem qualquer atribuição legal ou judicial, não tendo sobre ele nenhum direito de
autoridade, porém todas as obrigações inerentes à guarda desmembrada, como
assistência e educação. (FILHO, 2002, p.74).
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Desta forma, pode-se dizer que o genitor que tem a guarda do menor terá tanto a guarda
material quanto a guarda jurídica e será o responsável por todas as decisões que
envolvam os interesses da criança, enquanto que o outro genitor deverá fiscalizar tais
decisões.
Não há um consenso sobre o período que a criança deverá permanecer com cada
genitor podendo ser anual, semestral, mensal, diário, ou seja, aquele que for pactuado
entre as partes e, durante esse período caberá ao genitor guardião assumir todas as
responsabilidades de assistência à criança.
O artigo 1.586 do Código Civil prevê que o juiz poderá, sempre que for para o
bem dos filhos, regular de maneira diferente a guarda. Tal previsão somente é possível
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pelo fato de que a sentença que homologa a guarda não transitar em julgado. A decisão
transita em julgado sim, mas não será imutável!
Não há preclusão para a investigação que busque definir o que é o melhor para os
interesses da criança diante de fatos. O princípio do melhor interesse do menor é de
ordem pública e obriga atuação diligente e contemporânea, sem perder de vista que as
modificações que invertem a titularidade são sempre ditadas por oportunidade para a
criança. (ZULIANI, 2010, p. 17).
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transformações e mudanças na vida de cada um implicam perdas e, mesmo que
em médio prazo venham se mostrar benéficas, quase sempre são rejeitadas num
primeiro momento. (GUAZZELLI, 2010, p.37)
Quando o divórcio ocorre de forma consensual, há menos trauma aos filhos, pois
há maior probabilidade de se chegar a um acordo nas questões referentes à guarda dos
filhos menores e evita a imposição de uma decisão judicial. Uma vez proposto o acordo
deverá ser homologado pelo juiz que poderá indeferi-lo caso verifique que a proposta
não é benéfica para a criança.
Sem razão, quer nos parecer, pois este risco existe igualmente, quer em relação
à guarda exclusiva (e como existe), quer em relação a pais não divorciados. O
conflito faz parte da natureza humana e é encontrável em qualquer situação, ou
em qualquer fórmula, por mais perfeita (se é que existe perfeição) que ela se
revele. (LEITE, 2003, p. 283)
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Eduardo de Oliveira Leite ensina que “o genitor, detentor da guarda, assume
majoritariamente os direitos e deveres que ambos os cônjuges exerciam colegiadamente
durante o casamento, em relação à pessoa e aos bens dos filhos.” (LEITE, 2003, p. 213).
Sendo a guarda o direito de ter a criança permanentemente em sua companhia, é
certo que ao guardião caberá fixar a residência e as demais questões relativas ao
cotidiano da criança, sempre respeitando os direitos de visita e fiscalização do genitor
não guardião.
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jurídica, mas igualmente, de dependência material entre genitor e filho.
Igualmente, o genitor guardião pode se exonerar da responsabilidade provando
em juízo que não cometeu qualquer falta na educação ou vigilância do menor.
(LEITE, 2003, p. 219)
O direito de visita não é um “direito” dos pais em relação aos filhos, mas é,
sobretudo, um direito da criança. Direito de ter a companhia de seus dois
genitores, direito de ter amor de um pai ausente, direito de gozar da presença
decisiva do pai, direito de minorar os efeitos nefastos de uma ruptura
incontornável. Logo, é um dever que a lei impõe àquele genitor que se vê
privado da presença contínua do filho. (LEITE, 2003, p. 221).
O Código Civil trata da matéria em seu artigo 1.589 o qual prevê que “ o pai ou
a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá vista-los e tê-los em sua
companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem
como fiscalizar sua manutenção e educação.”
O ideal é que as visitas sejam livres e regulares, porém isso só se torna possível
quando os genitores convivem de forma harmônica, caso contrário, o direito de visitas
se transforma numa disputa entre os genitores na qual a vítima será sempre a criança.
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Ainda na visão do mesmo autor,
A visita é um expediente jurídico de caráter compensatório que procura
minorar os efeitos da ruptura dos laços entre pais e filhos e, por isso, estabelece
períodos mais ou menos longos, conforme o calendário estabelecido pelo juiz
ou pelos esposos, de contato entre o pai não guardião e o filho. (LEITE, 2003,
p. 221)
É um dever daquele que detém a guarda, ainda que de forma implícita, informar
ao não guardião as decisões importantes relativas ao filho comum. Vale destacar que o
guardião não deve dar satisfações ao outro de tudo que faz com a criança, pois tal
situação seria insustentável, porém, como bem ensina o professor Eduardo Leite
“somente as decisões consideradas relevantes deverão ser fiscalizadas e não detalhes da
vida cotidiana.” (LEITE, 2003, p. 227).
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dever alimentos, obrigação de dar, representada pela prestação de certo valor
em dinheiro. (CAHALI, 2009, p. 80).
3. GUARDA COMPARTILHADA
3.1- DEFINIÇÃO
Levando-se em consideração que nos dias atuais os dois cônjuges têm atuado de
forma igualitária dentro do casamento com relação aos filhos, não é certo que, após a
ruptura do mesmo, somente um conserve o poder de decisão sobre os filhos, excluindo-
se o outro genitor, como se este não mais fosse importante na vida do menor.
Como forma de solucionar esse problema, foi instituída no Código Civil de 2002
a guarda compartilhada.
O instituto surgiu para atender as necessidades que os outros modelos de guarda
não alcançaram e evitar os prejuízos causados aos filhos que não podiam conviver
livremente com o outro genitor após a separação, pois só lhes restava o mero direito de
visitas, afastando pais e filhos de uma convivência mais próxima e, com isso, causando
o enfraquecimento dos laços parentais.
Paulo Lôbo afirma que “essa modalidade é a que melhor atende aos princípios
constitucionais da solidariedade, do melhor interesse do menor e da convivência
familiar.” (LÔBO, 2011, p. 202).
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Paulo Lôbo afirma que a “a guarda compartilhada assegura a preservação da
coparentalidade e corresponsabilidade em relação ao filho, que tem o direito de
conviver e ser formado por ambos os pais, com igualdade de condições.” (LÔBO, 2011,
p. 200).
A guarda conjunta deve ser vista como uma solução que incentiva ambos os
genitores a participarem igualitariamente da convivência, educação e
responsabilidade pela prole. Deve ser compreendida como aquela forma de
custódia em que as crianças tem uma residência principal e que define ambos
os genitores do ponto de vista legal como detentores do mesmo dever de
guardar seus filhos. (MOTTA, 2000).
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Na guarda compartilhada inexiste disputa entre os genitores que, de forma
equilibrada, vivem, na plenitude, a relação de genitores. Observa-se que,
diferentemente do que ocorre na guarda conjunta, na forma alternada, a criança
não possui residência fixa, ora permanecendo com a mãe, ora com o pai,
situação que propicia inevitável instabilidade ao menor. A alternância entre as
residências paterna e materna pode ser uma condição desestabilizadora para a
prole, podendo levar a perda de habitualidade, continuidade e rotina de seus
vínculos e afazeres cotidianos. (AKEL, 2009, p.112).
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A guarda compartilhada surgiu com o intuito de atenuar os impactos negativos
que a separação ocasiona para os filhos, garantindo que pai e mãe mantenham um
contato permanente e equilibrado com seus filhos como antes da ruptura conjugal.
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É certo que a adoção da guarda compartilhada por muitos países foi um fator
importante para que o direito brasileiro inovasse e instituísse em seu sistema jurídico o
mesmo modelo de guarda como ocorreu com o advento da Lei 11.698/98 que alterou os
artigos 1.583 e 1.584 do Código Civil e transformou a guarda compartilhada em guarda
legal.
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compartilhada tem como premissa a continuidade da relação da criança com os dois
genitores, tal como era a operada na constância do casamento, conservando os laços de
afetividade.” (Filho, 2003, p.148).
Com a instituição da guarda compartilhada haverá uma divisão de
responsabilidades e os dois genitores continuam a exercer o poder parental da mesma
forma que ocorria durante a união conjugal, evitando com isso disputas e conflitos tão
comuns na guarda unilateral.
Há que se definir a residência da criança o que na visão de Eduardo Leite (2003,
p. 270) poderá ser tanto a residência materna quanto a paterna, dependerá de quem
poderá oferecer melhores condições de acompanhamento da criança, portanto, a escolha
da residência dependerá do fato concreto.
Quanto a responsabilidade civil, no exercício da guarda conjunta os pais serão
solidariamente responsáveis por danos causados pelos filhos e no que se refere aos bens
dos filhos, ambos terão o dever de administração.
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diversificar as influências que atuam amiúde na criança, ampliando seu
espectro de desenvolvimento físico e moral, a qualidade de suas relações
afetivas e sua inserção no grupo social. Busca-se com efeito,, a completa e a
eficiente formação sociopsicológica. (DEIRDRE, Disponível em
<http://www.fesmpdft.org.br/conteúdo.asp?id=500&92>. Acesso em
13/07/2012).
Paulo Lôbo cita um estudo publicado pelo Jornal de psicologia Familiar, dos
Estados Unidos, sobre a divisão compartilhada da guarda dos filhos o qual afirma que
“isso faz bem à saúde mental das crianças.” (LÔBO, 2011, p. 201).
Quando o casal supera a ruptura e mantém um convívio harmônico em prol de
seus filhos os efeitos negativos do divórcio são minimizados, o que é visto de forma
positiva por especialistas de diversas áreas como psicólogos, assistentes sociais, entre
outras, que reconhecem a importância da manutenção de convívio entre pais e filhos
após a ruptura conjugal.
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4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO MODELO
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Waldyr Grisard Filho afirma que,
Outra vantagem de se optar pela guarda compartilhada é que com esse modelo
pai e mãe dividem responsabilidades, não sobrecarregando nenhum dos genitores,
facilitando inclusive a possibilidade de novas uniões.
Eduardo de Oliveira Leite lembra que “a guarda comum facilita a
responsabilidade cotidiana dos genitores, que passa a ser dividida entre pai e mãe,
dando condições iguais de expansão sentimental e social a ambos os genitores.”
(LEITE, 2003, p. 282).
Estimular a convivência entre pais e filhos é mais uma vantagem deste modelo
de guarda que defende a manutenção dos laços parentais.
Suzana Viegas Borges de Lima diz que “a convivência com o não guardião
resulta mais freqüente e flexível, permitindo que ele continue a desempenhar um papel
significativo no cotidiano de seus filhos.” (DE LIMA, 2006, p.25).
A guarda compartilhada não limita o genitor que não possui a guarda física a
assistir as decisões referentes à vida da criança como simples observador, ao contrário,
garante ao não guardião uma participação efetiva na vida da criança.
No plano psicológico a guarda compartilhada é vista como a solução mais
adequada, Maria Antonieta Pisano Motta mostra que:
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Eduardo de Oliveira Leite (2003, p. 281) aponta, ainda, como vantagem o fato
de a criança não criar uma imagem distorcida do genitor com o qual não convive pois na
guarda compartilhada ele terá um contato permanente com ambos os pais, evitando,
assim, que aquele genitor ainda ressentido com a separação consiga afastar o outro da
relação com a criança e evitar a síndrome da alienação parental tão comum no regime
da guarda unilateral.
A convivência com os pais é um direito dos filhos assegurado pela Constituição
Federal, e tal convivência é de fundamental importância para a formação do caráter e
identidade da criança.
Pais que estabelecem disputas constantes e não cooperam para o cuidado dos
filhos contaminam a educação dos filhos, impossibilitando qualquer tipo de
diálogo e, nesta hipótese, os arranjos da guarda conjunta podem ser
desastrosos. (AKEL, 2009, p. 110).
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ponderação, imbuídos da tarefa de priorizarem apenas os interesses de seus
filhos e não interesse egoísta dos pais. (MADALENO, 2006, p. 190).
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imagens dos interlocutores, favorecendo a comunicação entre os pais separados
e entre estes e seus filhos.” (LÔBO, 2011, p. 201).
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Tal lei não mencionou que sua aplicabilidade dependeria da harmonia entre os
genitores ou de um acordo entre as partes, sua imposição tornou-se obrigatória.
Ocorre que, ao analisar a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Paraná e do
Rio Grande do Sul nos anos de 2010 e início de 2011 pode-se afirmar que a guarda
compartilhada, ainda que considerada como prioridade pela lei, na prática é uma
exceção e ocorre somente quando há consenso entre as partes.
Os julgados demonstram que a animosidade entre os genitores é um fato
impeditivo de instituição de tal modalidade de guarda, como comprova o julgado abaixo
transcrito.
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TJRS, 7ª Câmara Civil, Apelação Cível Nº 70035140433, Rel. Des. André Luiz
Planella Villarinho, unânime, Dje 22/09/2010. Ação de Regulamentação de
Guarda Compartilhada. Ausência dos requisitos. impossibilidade de imposição
ante a desavença entre os genitores. embora o disposto no § 2.º do art. 1.584 do
cc/02, descabe o exercício da guarda compartilhada por pais que após a
separação, não mantém relação harmoniosa. o exercício de tal modalidade de
guarda, pressupõe contatos amiúde entre os pais, para discussão e acertos
acerca da criação e educação da filha, se tornando inaplicável quando há
conflitos entre o ex-casal. Visitas regulamentadas, preservando o
relacionamento pai e filha. Apelação Desprovida.
Diante do exposto acima, fica claro que para a aplicação prática da guarda
compartilhada é necessário que o ex casal mantenha um relacionamento harmônico,
caso contrário, a instituição do modelo torna-se inviável porque contraria o princípio do
melhor interesse das crianças.
Outro fato considerado impeditivo para a aplicação prática da guarda
compartilhada é o fato de os genitores residirem em localidades diversas.
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TJRS, 7ª Câmara Cível, Apelação Cível Nº 70037517273, Rel. Des. André
Luiz Planella Villarinho, Dje 23/03/2011. Ação de guarda compartilhada.
Ausência dos requisitos. Impossibilidade de imposição aos genitores de tal
modalidade de guarda ante a discordância de uma das partes. A guarda
compartilhada pressupõe harmonia e consenso entre os genitores, quanto à
criação, educação e guarda do filho. Se um dos genitores se opõe continuidade
da guarda compartilhada até então mantida, demonstrando forte dissidência
entre os genitores, não há como se impor a ambos a guarda compartilhada, ante
a ausência de requisito essencial a sua configuração. Guarda deferida a
genitora, Preservado o direito de intensa visitação entre pai e filho. Mantidos os
alimentos no patamar fixado na sentença, convertido para valor fixo, Corrigido
anualmente pelo Igp-M. Apelação Parcialmente Provida.
Ainda que a guarda compartilhada seja a regra, o julgado acima evidencia que
impossível sua instituição quando há discordância de uma das partes. A discordância,
muitas vezes, é conseqüência da desarmonia entre o ex casal e por tal motivo, já
mencionado anteriormente, fica evidente sua inaplicabilidade na prática.
A análise dos acórdãos mostra que as decisões têm sido fundamentadas com
base no laudo do estudo social, ou seja, a pesquisa social tem se mostrado de grande
importância nas decisões.
TJPR , 12ª Câmara Cível, Agravo de Instrumento 0641442-6, Rel. Des. Costa
Barros, Unânime, Dje 12.05.2010. Agravo de Instrumento -Guarda
deferimento à mãe -melhor interesse do menor requerimento de guarda
compartilhada -tutela antecipada -necessidade de dilação probatória (Estudo
Social) decisão correta recurso desprovido. A guarda de filho menor deve ser
definida sempre no interesse e no sentido do bem estar do menor. E, se essa
manifestação não vem de maneira expressa, mas pode ser retirada do contexto,
ainda assim, deve ser ela preservada como forma de prestigiar o princípio de
prevalência do interesse dele, menor. Desta forma, comprovou-se que a
agravada tem maiores condições de cuidar do menor, No momento,
determinando a manutenção da guarda à mãe.
Neste caso, o Tribunal de Justiça do Paraná enfatiza o uso da pesquisa social nas
fundamentações das decisões. Levando-se em consideração que é impossível para o juiz
conhecer a realidade de vida das partes cabe à pesquisa social levar tal conhecimento ao
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julgador, portanto, tal pesquisa deve ser realizada de forma adequada e demonstrar de
forma precisa aquele que possui melhores condições para cuidar da criança.
TJRS, 7ª Câmara Cível, Apelação Cível Nº 70038396495, Rel. Des. Jorge Luís
Dall'Agnol, Dje 28/02/2011.Ação Ordinária de Alteração De Guarda. Interesse
da criança. Manutenção da guarda compartilhada. Tendo em vista que a guarda
deve atender, primordialmente, ao interesse do menor e ele, segundo o estudo
social, está bem inserido no ambiente em que vive, de ser mantida a guarda
compartilhada. A divergência quanto à escola a ser freqüentada pelo menor não
justifica a alteração da guarda compartilhada. Apelação desprovida, de plano.
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onde não existam disputas nem conflitos. 4. Quando o litígio é uma constante,
a guarda compartilhada é descabida. Recurso desprovido.
Fica claro pelo exposto acima que na guarda compartilhada a criança terá uma
residência fixa.
A guarda compartilhada é deferida quando há o interesse mútuo das partes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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como objeto de disputa para atingir o cônjuge que deu causa a separação. Nestas
situações cabe ao Estado intervir para assegurar que esses menores tenham respeitada
sua dignidade e seu direito à convivência familiar.
Uma das maneiras encontradas para se preservar o direito dos filhos de contato
com os pais foi a instituição da guarda compartilhada, que por assegurar uma
distribuição mais equitativa da autoridade parental, permite que a criança seja
beneficiada pela convivência com ambos os genitores.
Embora o instituto seja benéfico para as partes e apresente inúmeras vantagens,
fica evidente que quando a separação ocorre em meio a conflitos, mágoas e
ressentimentos tomam conta da relação, tornando inviável a aplicação da guarda
compartilhada na prática.
O estudo demonstra que o principal obstáculo para a aplicação da guarda
compartilhada é a animosidade entre os genitores, uma vez que para o exercício desta
modalidade de guarda é imprescindível maturidade dos pais, compreensão, respeito e
civilidade.
A divergência entre residência fixa ou alternada, apontada pela doutrina como
uma desvantagem, já se mostra superada, fica evidente que guarda compartilhada não se
confunde com guarda alternada.
Outro ponto observado foi que a pesquisa social tem se tornado constante na
prática e vincula o magistrado no momento da decisão, portanto, há que se preocupar
com a qualidade e comprometimento dos profissionais responsáveis por sua realização.
A guarda compartilhada foi instituída no ordenamento jurídico como regra, mas
na prática ainda é uma exceção e, somente, atinge seus objetivos quando há acordo entre
os genitores demonstrando desta forma a ineficácia da imposição legal do artigo 1.584,
parágrafo 2° que afirma que será instituída a guarda compartilhada quando não houver
acordo entre os genitores.
Pode-se concluir que embora a finalidade da lei seja atingir o princípio do
melhor interesse do menor, afinal, a convivência com os pais é um direito dos filhos que
não pode ser prejudicado pela ruptura conjugal, na prática o que se pode constatar é que
são os próprios pais, os quais deveriam zelar pelo bem estar de seus filhos, que
impedem a aplicação do instituto ao deixar que as desavenças do casal conjugal venham
macular as relações parentais.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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41