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SOCIOLOGIA E CIDADANIA - Andrea bulgakov klock - UNIGRAN

Aula 04

Os modos de produção

1. O processo de produção

Todos os indivíduos que vivem em sociedade utilizam bens e serviços produzidos


por ela mesma. Seja em forma de alimento ou na compra de um veículo, como bens, ou
seja, em uma consulta ao dentista ou no conserto de algum pertence quebrado, como servi-
ços.
Assim, os bens são as coisas que o indivíduo utiliza para satisfazer suas necessidades
e serviços são as atividades prestadas por um indivíduo ao outro, de forma a satisfazer esse
segundo.
Os indivíduos envolvidos nestes processos estão diretamente envolvidos na produ-
ção, distribuição e consumo dos bens e serviços, afetando a economia, a política e o futuro
do país.
As etapas de produção, distribuição e consumo são indissociáveis. Com o salário
que o trabalho recebe devido a sua participação na produção, ele compra produtos, passando
à fase de distribuição e, posterior consumo. Entretanto, a etapa de produção é a mais impor-
tante, economicamente.
Um exemplo é o que ocorre na industria têxtil: o algodão plantado (matéria bruta) é
colhido e separado; os maços de algodão (matéria-prima) são enviados para a industria. Já na
industria, o algodão passa por diversos processos envolvendo as maquinas e os trabalhadores,
e ao final do procedimento, transforma-se em tecido, que será comercializado.
Assim, segundo Pérsio Santos de Oliveira, “Produção é a transformação da nature-
za da qual resultam bens que vão fazer as necessidades do homem. Portanto, produzir é dar
uma nova combinação aos elementos da natureza”.

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O processo de produção compõe-se de três elementos:

Trabalho: trata-se da atividade desenvolvida pelo ser humano que resulta em


bens e/ou serviços. O trabalho pode ser predominantemente físico, como o de um carregador
de caixas, ou mental, como o de um engenheiro, porém, nenhum trabalho é exclusivamente
manual ou intelectual. O trabalho do carregador de caixas exige certo esforço intelectual,
assim como o engenheiro, ao desenhar o projeto de construção, realiza esforço manual.

O trabalho também é dividido de acordo com o grau de capacitação necessário para


realizá-lo, sendo dividido da seguinte forma:

Trabalho qualificado: é necessário um conhecimento anterior para a realização


do trabalho. Exemplo: o projeto do engenheiro.
Trabalho não qualificado: pode ser executado com base na imitação de outra
pessoa que esta realizando a atividade. Exemplo: carregador de caixas. Essa divisão, além de
teórica, demonstra-se na prática. Quanto maior a qualificação exigida para o serviço, maior a
remuneração recebida.

Matéria-prima: o item que passa pelo processo de produção, para tornar-se


um bem final é chamado de matéria-prima. No exemplo da industria têxtil, o algodão separa-
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do é a matéria-prima. Antes, ele era matéria bruta, presente na natureza, em forma de recurso
natural. Os recursos naturais são os elementos que podem ser utilizados pelo homem, para
obter fins econômicos. Tais recursos variam de sociedade para a sociedade, dependendo da
capacidade que a mesma tem para utilizá-lo. Um exemplo é o minério, que só é utilizado por
sociedades que dominam a mineração, sendo inútil para as que não detêm esse conhecimento.

Instrumentos de produção: tratam-se das ferramentas e máquinas utilizadas


na transformação da matéria-prima em bem final. Tais instrumentos permitem a eficiência e
celeridade da produção, o que causa um maior rendimento para quem os detêm.

Sem a matéria-prima e os instrumentos de produção não é possível que o traba-


lho seja empregado. A soma desses dois elementos formam os meios de produção.

Para que as indústrias possam produzir se faz necessária a combinação do trabalho e


dos meios de produção. Sem os meios de produção, os indivíduos não podem produzir, e sem
o trabalho humano, a produção não é possível.
Forças produtivas é o conjunto dos meios de produção com o trabalho humano.
Essas forças transformaram-se durante a história da humanidade.

Relações de produção

Para que a produção ocorra, é imprescindível que, além das forças produtivas, exis-
ta relação entre os indivíduos envolvidos na mesma. Essa relação se estabelece de um lado
pelos trabalhadores, que fornecem a mão de obra, e do outro, pelos proprietários, que detêm
os meios de produção.
Essas relações também passam e influenciam transformações históricas e culturais,
sendo possível distinguir uma sociedade da outra, conforme elas se estabeleçam.

1. Modos de produção

Modo de produção é a soma das forças produtivas mais as relações de produção.


É a forma com que a sociedades produz seus bens e serviços, bem como os distri-
buem e os utilizam.
A humanidade, durante seu desenvolvimento, passou por diversos modos de pro-
dução, sendo estes influenciados tanto pelo tempo, quanto pela cultural do local onde se
desenvolveram.
Em um mesmo momento histórico, é possível que ocorra modos de produção dis-
tintos em diferentes sociedades. Por exemplo, o modo de produção indígena, considerados
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primitivos, que perduram, enquanto há uma quase hegemonia do modo capitalista.


O filósofo e sociólogo Karl Marx escreveu que “O modo de produção da vida mate-
rial condiciona o processo da vida social, política e espiritual em geral. Não é a consciência
do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua
consciência”. (Karl Marx, Prefácio - Introdução à Contribuição para a Crítica da Economia
Política)

Agora vamos conhecer as principais características dos


principais modos de produção!

Modo de produção Primitivo

Tal modo de produção caracteriza


uma formação econômica e social que abran-
ge um período muito longo, sendo o primei-
ro desenvolvido pela sociedade humana. A
comunidade primitiva foi a primeira forma
de organização social da humanidade, já os
modos de produção escravista, feudalista e
capitalista não ultrapassam cinco milênios.
Na comunidade primitiva, os indi-
víduos trabalhavam prol da coletividade. Os meios de produção e os bens finais do trabalho
eram da coletividade. Não existia a propriedade privada de tais meios, “nem havia a oposição
entre proprietários e não proprietários”, conforme Pérsio Santos de Oliveira. As relações de
produção eram de cooperação entre todos os envolvidos.
Uma das características desse modo era a inexistência do Estado, que só passou
a existir quando alguns indivíduos começaram a exercer poder sobre os outros. O Estado
formou-se como instrumento de organização social.

Modo de produção escravista

Predominou na Antiguidade, na Gré-


cia e Roma antigas, porém, também se repro-
duziu na fase do Brasil Colônia. Os principais
envolvidos nesse modo eram os donos dos es-
cravos, que também eram detentores dos meios
de produção e, os escravos que trabalhavam na
produção. Os meios de produção (terras e ins-
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trumentos de produção) e os escravos eram propriedade do mesmo indivíduo. O escravo era


considerado parte do meio de produção, assim como uma máquina ou ferramenta. Em tal
modo de produção, as relações produtivas eram de domínio e de sujeição, entre senhores a
escravos. Havia uma grande discrepância entre o número de senhores e a massa de escravos.

Modo de produção feudal

Tal modo de produção predominou na Eu-


ropa Ocidental medieval e tinha como característi-
ca principal a relação de produção entre senhores e
servos. Os servos não eram escravos, eles apenas
serviam seus senhores em troca da ocupação de um
pequeno espaço dentro do grande território do se-
nhor, para poderem produzir alimentos e ter uma
morada.
Os servos trabalhavam como camponeses, por meio da agricultura de subsistência, e
tinham uma série de obrigações para com seu senhor, entre elas o trabalho forçado em alguns
dias da semana, nas propriedades do senhor feudal.
Parte da obrigação também consistia em entregar o excedente da produção agrícola
ou pagamento de taxas e impostos por dinheiro recebido na comercialização dos bens pro-
duzidos pelos mesmos. A exploração do trabalho camponês era feita por meios militares e
religiosos Porém, em determinado momento, as relações feudais começaram a atrapalhar o
desenvolvimento econômico.

Modo de produção capitalista

Com a decadência do feudalismo, frente ao grande aumento populacional e avanço


das técnicas agrícolas, foi-se caracterizando o capitalismo.
No modo de produção capitalista, existem duas classes principais: os trabalhadores
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e os proprietários dos meios de produção (burgueses). O grande elemento do modo capita-


lista é o trabalho assalariado, que permite ao trabalhador um limitado acesso à distribuição e
consumo dos bens.


O capitalismo passou por quatro fases:

→ 1) Pré-capitalismo (séculos XII a XV): embora predominassem outros mo-


dos de produção, como a servidão em parte da Europa e escravidão na África e
América, já se desenvolviam relações capitalistas.
→ 2) Capitalismo Comercial (séculos XV a XVIII): os lucros concentram-se
com os comerciantes, que integram a camada dominante, e o trabalho assala-
riado populariza-se.
→ 3) Capitalismo industrial (séculos XVIII a XX): com a revolução industrial,
os investimentos na agricultura diminuem, e o capital é investido principal-
mente nas industrias, que cresce exponencialmente e o trabalho remunerado se
estabelece.
→ 4) Capitalismo financeiro (século XX em diante): os bancos e instituições
financeiras detêm o controle das atividades econômicas, via financiamentos à
agricultura, a indústria, à pecuária, e ao comércio.

Modo de produção socialista

Tal modo de produção foi implantado em alguns pa-


íses, como Coréia do Norte, Cuba, Vietnã, China, União So-
viética (atual Rússia), entre outros. Umas das características
principais do socialismo são: a transformação dos meios de
produção privados em públicos, de forma a distribuir com
equidade os produtos da produção, bem como diminuidor das
desigualdades sociais. Para teóricos do socialismo, este seria a
primeira parte de uma grande transformação social, que resul-
taria no comunismo.

Segundo Karl Marx:

“Na fase superior da sociedade comunista, quando houver desaparecido a subor-


dinação escravizadora dos indivíduos à divisão do trabalho e, com ela, o contraste entre o
trabalho intelectual e o trabalho manual; quando o trabalho não for somente um meio de
vida, mas a primeira necessidade vital; quando, com o desenvolvimento dos indivíduos em
todos os seus aspectos, crescerem também as forças produtivas e jorrarem em caudais os
mananciais da riqueza coletiva, só então será possível ultrapassar-se totalmente o estreito
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horizonte do direito burguês e a sociedade poderá inscrever em suas bandeiras: de cada


qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades.” (Karl Marx - Crí-
tica ao Programa de Gotha)

Quem foi Karl Marx?

Karl Marx

Karl Heinrich Marx, conhecido apenas como Karl


Marx, nasceu em maio do ano de 1818 e morreu em março
de 1883. Marx foi um importante revolucionário e intelectual
alemão, fundador da doutrina comunista moderna. Além disso,
ele ainda atuou como filósofo, economista, historiador, jorna-
lista e teórico político.
Os pensamentos e as ideias de Karl Marx acabaram
influenciando diversas áreas de estudo, em especial a Geogra-
fia, a Filosofia, a Teologia, o Direito, a História, a Literatura,
a Sociologia, a Antropologia, a Ciência Política, a Pedagogia, a Economia, a Administração,
a Cosmologia, a Ecologia, a Arquitetura, a Comunicação, a Biologia, a Física e a Psicologia.

Fonte:https://www.resumoescolar.com.br/filosofia/resumo-sobre-karl-marx-quem-foi-karl-
marx/

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia. 4. ed. São Paulo: Ática, 2012

CASTRO, Anna Maria de; DIAS, Edmundo Fernandes. Introdução ao pensamento sociológi-
co. 9. ed. São Paulo: Moraes; São Paulo: Centauro, 2008.

MIRANDA, Pontes de. Introdução à sociologia geral. Campinas: Bookseller, 2003.

GIDDENS, Anthony. “Sociologia: Problemas e Perspectivas”. 6ª Ed. Lisboa: Fundação Calo-


uste Gulbenkian, 2008

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