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DA TOTALIDADE AO LUGAR | Milton Santos

1) SOCIEDADE E ESPAÇO: A FORMAÇÃO SOCIAL COMO TEORIA E COMO MÉTODO


“O que não está em nenhum lugar não existe”
(Aristóteles)

Febvre - os geógrafos partem em geral do solo, e não da sociedade (p.21) // mais forma do
que “formação”

Pois a História não se escreve fora do espaço e não há sociedade a-espacial. O espaço, ele
mesmo, é social. (p.22)

Formação Econômica e Social (FES) (Marx e Engels) [e espacial]

1.1) A CATEGORIA DE FORMAÇÃO SOCIAL

Para Sereni, a categoria expressa a unidade e a totalidade das diversas esferas -


econômica, social, política, cultural - da vida de uma sociedade, daí a unidade da
continuidade e da descontinuidade de seu desenvolvimento histórico. (p.24)

Não é à “sociedade em geral” que o conceito de FES se refere, mas a uma dada sociedade,
como Lênin fez a respeito do capitalismo na Rússia. (p.24)

Globot - “Marx pôde fundamentar o método científico em História precisamente porque


soube isolar de início os raciocínios “histórico-filosóficos” sobre a “sociedade em geral” e se
propôs a dar somente uma análise científica de uma sociedade e de um progresso” (p.24-5)

Bukharin = “casa sociedade veste a roupa do seu tempo” (p.25)

modo de produção =/ formação social (p.26)

Modo de produção - uma possibilidade de realização // FES - possibilidade realizada =


realidade concreta, suscetível de localização histórico-temporal. (p.27)

FES = defini-la é produzir uma definição sintética da natureza exata da diversidade e da


natureza específica das relações econômicas e sociais que caracterizam uma sociedade
numa época determinada (p.27)

1.2) FORMAÇÃO SOCIOECONÔMICA OU FORMAÇÃO ESPACIAL?

Estrutura técnico-produtiva expressa geograficamente por uma certa distribuição da


atividade de produção (p.28)

a organização local da sociedade e do espaço reproduz a ordem internacional (Santos,


1974) (p.28)

O modo de produção expressa-se pela luta e por uma interação entre o novo, que domina,
e o velho (p.28)
Os modos de produção escrevem a História no tempo, as formações sociais escrevem-na
no espaço. (p.29)

A. Córdova = “uma forma particular de organização do processo de produção destinada a


agir sobre a natureza e obter os elementos necessários à satisfação das necessidades da
sociedade”. Esta sociedade e “sua” natureza, isto é, a porção da “natureza” da qual ela
extrai sua produção, são indivisíveis e, conjuntamente, chamam-se “formação social”. (p.29)

1.3) O PAPEL DAS FORMAS

O movimento do espaço, isto é, sua evolução, é ao mesmo tempo um efeito e uma


condição do movimento de uma sociedade global. (p.31)

Assim, o movimento do espaço suprime de maneira prática, e não somente filosófica, toda
possibilidade de oposição entre História e estrutura. (p.31)

1.4) ESPAÇO E TOTALIDADE

Labriola = Mais do que uma expressão econômica da história, as FES são uma organização
histórica. Este conceito abarca “a totalidade da unidade da vida social” (p.32)

Quando se fala de modo de produção, não se trata simplesmente de relações sociais que
tomam uma forma material, mas também de seus aspectos imateriais, como o dado político
ou ideológico. Todos eles têm uma influência determinante nas localizações e tornam-se
assim um fator de produção, uma força produtiva, com os mesmos direitos que qualquer
outro fator. (p.32)

O espaço reproduz a totalidade social na medida em que essas transformações são


determinadas por necessidades sociais, econômicas e políticas. Assim, o espaço
reproduz-se, ele mesmo, no interior da totalidade, quando evolui em função do modo de
produção e de seus momentos sucessivos. Mas o espaço influencia também a evolução de
outras estruturas e, por isso, torna-se um componente fundamental da totalidade social e de
seus movimentos. (p33)

Castells (Nota 19) = O espaço é, pois, sempre conjuntura histórica e forma social que
recebe seu sentido dos processos sociais que se expressam através dele. O espaço é
suscetível de produzir, em contrapartida, efeitos específicos sobre os outros domínios da
conjuntura social, pela forma particular de articulação das instâncias estruturais que se
constituem. (p.33)

O espaço é a matéria trabalhada por excelência. Nenhum dos objetos sociais tem uma
tamanha imposição sobre o homem, nenhum está tão presente no cotidiano dos indivíduos.
A casa, o lugar de trabalho, os pontos de encontro, os caminhos que unem esses pontos
são igualmente elementos passivos que condicionam a atividade dos homens e comandam
a prática social. A práxis, ingrediente fundamental da transformação da natureza humana, é
um dado socioeconômico, mas é também tributária dos imperativos espaciais. (p34)
Marx na segunda parte da teoria da mais-valia = “Tudo que é resultado da produção é, ao
mesmo tempo, uma pré-condição da produção” (cap. VIII, 5, 465) (p.34)

“Cada pré-condição da produção social é, ao mesmo tempo, seu resultado, e cada um de


seus resultados aparece simultaneamente como sua pré-condição”

INSEPARABILIDADE DAS REALIDADES E DAS NOÇÕES DE SOCIEDADE E DE


ESPAÇO INERENTES À CATEGORIA DE FORMAÇÃO SOCIAL (p.35)

2) O ESTADO-NAÇÃO COMO ESPAÇO, TOTALIDADE E MÉTODO

Um país, um espaço nacional, pode ser estudado como um sistema. Sistema de estruturas
ao estilo de Godelier. (p.43)

Um Estado-Nação é uma Formação Sócio-Econômica. Um Estado-Nação é uma totalidade


(...) A “região” não tem existência autônoma, ela não é mais que uma abstração se tomada
separadamente do espaço nacional considerado como um todo. (p.43)

2.1. ESTADO-NAÇÃO COMO TOTALIDADE E COMO ESPAÇO

A realidade social é o resultado da interação de todas essas estruturas. (demográfica, de


classe, receita, consumo etc) (p.44)

1- Estruturas simples 2 - Estruturas complexas (p.44)

2.2. O ESPAÇO COMO ESTRUTURA SOCIAL

O espaço, entretanto, não é usualmente considerado como uma das estruturas da


sociedade, mas um mero reflexo. E, se concluímos que a organização do espaço é também
uma forma, um resultado objetivo de uma multiplicidade de variáveis atuando através da
história, sua inércia passa a ser dinâmica. (p.45)

Por inércia dinâmica entendemos que forma é tanto resultado como condição do processo.
As formas espaciais não são passivas, mas ativas (...) Mas as formas espaciais também
obrigam as outras estruturas sociais a modificar-se, procurando uma adaptação, sempre
que não possam criar novas formas.

Cada elemento (estrutura, subestrutura) muda de valor, ao mesmo tempo que a totalidade
se transforma, qualitativa ou quantitativamente. Contudo, o ritmo dessa evolução é diferente
para cada elemento ou estrutura. Essa diacronia é a verdadeira base do processo de
transformação. Por isso, as formas espaciais, cuja natureza as torna resistentes à mudança,
constituem um elemento fundamental de explicação do processo social e não somente o
seu reflexo.
2.3. OS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS

Um país subdesenvolvido é uma Formação Sócio-Econômica dependente, um espaço onde


o impacto das forças externas é preponderante em todos os processos. Por esse motivo,
sua organização do espaço é dependente. (p.45)

Essas forças externas têm sua própria lógica, que é interna às instituições e às empresas
interessadas, mas externa em relação aos países a que pertencem. (p.45)

A dialética do espaço no Terceiro Mundo se dá entre o Estado-Nação e as atividades


modernas, principalmente as empresas multinacionais e os monopólios. O nível das forças
produtivas e o ritmo dos vários processos representam outras tantas determinações das
estruturações 1 e 2 das variáveis, das quais já falamos anteriormente. (p.46)

Do momento em que se aceita um modelo de crescimento orientado para fora, o Estado e a


Nação perdem o controle sobre as sucessivas organizações do espaço. Ao ser adotada a
ideologia do crescimento pela maioria dos países do Terceiro Mundo, o Estado prepara o
caminho para que os “modernizadores” possam instalar-se e operar. (p.46)

Atualmente no Terceiro-Mundo o Estado prepara as condições para que as maiores


empresas, sobretudo as estrangeiras, possam apropriar-se da mais-valia local, que elas
mandam para fora ou utilizam para incrementar seus ativos e aumentar, assim, suas
possibilidades de ampliar a própria mais-valia. (p.46)

O Estado empobrece e perde sua capacidade para criar serviços sociais ou para ajudar na
criação das atividades descentralizadas ou descentralizadoras. A produção, sobretudo a
produção industrial, não corresponde às necessidades nacionais e está sujeita a uma
concentração acumulativa; ao mesmo tempo, distorce-se também o consumo, que passa a
ser utilizado como o melhor vetor do capitalismo internacional para a ocupação de todo o
território nacional. (p.47)

2.4. UM EXEMPLO: O USO DA TERRA

Através do tempo, o espaço se comporta como um todo. A transformação do espaço


“natural” em espaço produtivo é o resultado de uma série de decisões e escolhas
historicamente determinadas. Cada porção de espaço é apropriada, reutilizada ou deixada
intacta. Em cada caso, o valor de cada subespaço se transforma com relação a outros
subespaços dentro do espaço nacional. Cada um dos subespaços é submetido a uma série
de impactos de natureza diversa, que o diferencia dos demais, mas sua explicação deve ser
buscada numa dinâmica global que é a mesma para todos. Se cada porção de espaço
controla alguns aspectos de sua evolução, a evolução de suas estruturas dominantes -
população, emprego, inversões etc. - não são controladas localmente. (p.48)

A análise supõe, mais uma vez, que encontremos uma periodização para a história do
subsistema que estamos estudando, e essa história deve ter suas raízes nos períodos da
história nacional, considerada em suas relações com a história mundial. (p.48-9)
2.5. UM MÉTODO: DA TOTALIDADE AOS CONCEITOS E MODELOS

O problema principal deriva do fato de que nenhuma questão pode ser respondida fora da
concepção de uma totalidade de estruturas e de uma totalidade de relações. (p.49)

A evolução interna de cada estrutura deve-se principalmente a uma de suas subestruturas,


a qual, por seu comportamento, tem um papel de “liderança” sobre a estrutura considerada
como um todo. O conjunto de subestruturas que dispõe dessa força de comando - o núcleo
motor - é responsável pela evolução do sistema (o conjunto de estruturas), isto é, é
responsável pela evolução da totalidade. (p.49)

Partimos da prática humana para as teorias através dos conceitos e voltamos da teoria para
a práxis por intermédio dos modelos. A “redução” sistemática e a “reconstituição” baseada
na teoria, conceitos e modelos representam um processo dialético no qual se elimina a
pseudocontradição entre dedução e indução. (p.50) Constatando a “realidade” reconstituída
com a prática humana, submetemos a teoria a um “teste” e sabemos então se há
necessidade de reconstruí-la.

SEGUNDA PARTE = ESPAÇO GEOGRÁFICO E URBANIZAÇÃO

3. A DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO COMO UMA NOVA PISTA PARA O ESTUDO DA


ORGANIZAÇÃO ESPACIAL E DA URBANIZAÇÃO NOS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS

As teorias de planejamento urbano e regional raramente decorrem de situações reais que


se deseja modificar. Elas se apresentam muito mais como portadoras de um modelo a
impor. Esse modelo é, mais frequentemente, trazido dos países do centro, onde essas
teorias são elaboradas para servir a interesses que raramente são os nossos. Nesse
particular isso foi duplamente eficaz, pois tanto contribui à importação de doutrinas que
nada têm a ver com nossas realidades, como, pelo seu uso prestigioso, impede que um
pensamento autônomo e sério se desenvolva. (p.56)

3.1 DIVISÃO DO TRABALHO E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL

[...] cidades, uma realidade em processo permanente de transformação. (p.56)

Na América Latina, cidades como Salvador e México já contavam no fim do século XVIII,
com uma população em torno dos 100 mil habitantes. Poucas cidades européias e
nenhuma dos Estados Unidos dispunha, então, de tais efetivos. As cidades
latino-americanas eram entrepostos de comércio e também praças-fortes, onde a divisão de
trabalho se fazia segundo uma tecnologia menos avançada do que na Europa e que
demandava mais braços (mesmo não tendo uma produção material importante), sem,
entretanto, atingir os números alcançados pelas cidades hindus. A incidência do fator
político, representado pelas necessidades da administração e segurança, era um outro
dado da divisão do trabalho interno ao país que não pode ser negligenciado. (p.57-8)
[...] chama a atenção o número de grandes cidades, especialmente na AL, muito mais do
que nos outros continentes. Isto se explica pela forma como as forças produtivas se
desenvolveram, isto é, com a concentração de instrumentos de trabalho e de meios de
produção mais modernos em certos pontos do território, ao mesmo tempo em que o
consumo se expandia a galope. (p.58)

A cada nova divisão do trabalho ou a cada um novo momento decisivo seu, a sociedade
conhece um movimento importante, assinalado pela aparição de um novo elenco de
funções e, paralelamente, pela alteração qualitativa e quantitativa das antigas funções. A
sociedade se exprime através de processos que, por sua vez, desdobram-se através de
funções, enquanto estas se realizam mediante formas. (p.59) = objetos, formas geográficas,
normas jurídicas. No entanto mesmo essas formas sociais não geográficas terminam por
espacializar-se, geografizando-se, como é o caso da propriedade ou da família.

A cada movimento social, possibilitado pelo processo da divisão do trabalho, uma nova
geografia se estabelece, seja pela criação de novas formas para atender a novas funções,
seja pela alteração funcional das formas já existentes [...] a divisão internacional do trabalho
torna diversamente produtivas as diferentes porções de natureza [...] “geografização da
sociedade” (SANTOS, 1978) (p.60)

3.2. DIVISÃO INTERNACIONAL E INTERNA DO TRABALHO: O ESTUDO DE UM PAÍS


COMO UMA FORMAÇÃO SOCIAL

Através da análise das consequências de uma dada divisão internacional do trabalho, em


diferentes continentes e em diferentes países, neles encontramos formas correspondentes
ao modo de produção dominante, e que nesses lugares diferentes guardam um mesmo ar
de família. Através do estudo das formações sociais, reconhecemos a ordem pela qual se
dispõem essas formas e o nexo que elas mantém através da própria vida da sociedade.
Essa ordem é fornecida pelo somatório das ações dos modos de produção e das formações
sociais em movimento, ou , em outras palavras, da adição dos efeitos e da divisão
internacional e da divisão interna do trabalho. (p.61-2)

3.3. AS FORMAS E O PROBLEMA DO TEMPO

Qualquer que seja o instante em que as examinemos, as formas, tomadas isoladamente,


representam uma cumulação de tempos; e sua compreensão, desse ponto de vista,
depende do entendimento do que foram as divisões do trabalho pretéritas. Mas seu valor
sistêmico, que é seu valor atual e real, depende da divisão do trabalho atual. (p.63)

Tempo e espaço conhecem um movimento que é, ao mesmo tempo, contínuo, descontínuo


e irreversível. Tomado isoladamente, tempo é sucessão, enquanto espaço é acumulação,
justamente uma acumulação de tempos. (p.63)

O tempo que trabalha para que as coisas evoluam é o tempo presente; o palimpsesto
formado pela paisagem é a acumulação de tempos passados, mortos para a ação, cujo
movimento é dada pelo tempo vivo atual, o tempo social. O espaço é o resultado dessa
associação que se desfaz e renova-se continuamente, entre uma sociedade em movimento
permanente e uma paisagem em evolução permanente. (p.63)
Trata-se de um tempo interno próprio de cada país, que decorre paralelamente ao tempo
externo, dado pelo modo de produção dominante. (p.64)

Como, entretanto, as regiões e os lugares não são nada mais do que lugares funcionais do
Todo, esses tempos internos são também divisões funcionais do tempo, subordinados à
dialética do Todo, ainda que possam, em contrapartida, participar do movimento do Todo e
assim influenciá-lo. É aliás, por esse fato que as regiões e lugares, mesmo não dispondo de
uma real autonomia, influenciam o desenvolvimento do país como um todo. (p.65)

3.4. AS INSTÂNCIAS SOCIAIS COMO INSTRUMENTO ANALÍTICO

Quando do movimento da sociedade através de suas estruturas, nem todos os lugares são
atingidos, ao menos diretamente. Mas na realidade, todos o são porque o fato de que um
ponto do espaço conheça uma nova definição, através do impacto de variáveis novas, muda
as hierarquias e impõe uma nova ordem espacial que concerne à totalidade dos lugares.
Cada lugar atingido pelo movimento do todo social fica em condições de reagir sobre esse
todo e, desse modo, obrigando-o a modificar-se, conduz também a modificações, mais ou
menos grandes, mais ou menos rápidas, mais ou menos imediatas, da totalidade dos
lugares. (p.65)

[...] tudo isso, fatores de desequilíbrio e, portanto, de evolução, isto é, de mudança do


significado dos lugares no conjunto do espaço. (p.66)

Nas condições históricas atuais, avulta o papel do subsistema político, a começar pela ação
que o seu nível mais alto, o Estado, representa na adoção ou modificação de um modelo
dado de produção, de um modelo dado de consumo, de um modelo dado de distribuição de
recursos. (p.67)

3.5. O ESTUDO DAS GRANDES CIDADES E DA REDE URBANA

O sistema de cidades constitui o arcabouço econômico, político, institucional e sociocultural


de um país. A rede urbana é um conjunto de aglomerações produzindo bens e serviços
junto com uma rede de infra-estrutura de suporte e com os fluxos que, através desses
instrumentos de intercâmbio, circulam entre as aglomerações. (p.68)

As demais subunidades que formam o espaço nacional (zonas agrícolas, bacias mineiras,
cidades monofuncionais etc.) são subespaços que não possuem o necessário aparelho
para o controle de suas próprias inter-relações. Estas têm de ser feitas através das
aglomerações urbanas. (p.68)

[...] Mas, seja qual for o caso, incluindo os estágios inferiores de desenvolvimento, o sistema
de cidades constitui a armadura do espaço. (p.69)

São Paulo = A natureza das migrações que aumentavam o volume da população, a


significação dos saldos migratórios numa fase em que a migração “descendente” se
avoluma, as atividades a que a cidade preside, seu próprio papel metropolitano em relação
à totalidade do espaço nacional exigem uma definição específica das novas condições da
economia nacional e mundial, definição que, às vezes, é diametralmente oposta à de
períodos anteriores. (p.71)

Vimos como a seletividade da atividade produtora moderna conduz ao fenômeno da


macrocefalia (p.71)

Cidades médias = função qualitativa e quantitativamente intermediárias, é a de proporcionar


serviços de nível médio e produtos mais diversificados do que as cidades locais podem
vender [...] Na África, alguns autores constataram o que denominaram de morte ou
estiolamento das cidades regionais, e isso está ligado à revolução dos transportes. (p.71)

Pequena cidade preferimos chamar de cidade local (p.73)

3.6. RESUMO À GUISA DE CONCLUSÃO

O espaço é uma realidade objetiva, um produto social e um subsistema da sociedade


global, uma instância. (p.73)

Sua análise supõe a construção de uma epistemologia genética do espaço geográfico,


fundada no fato de que as mudanças históricas conduzem a mudanças paralelas da
organização do espaço. (p.74)

Esse ponto de vista exige que consideremos as categorias de tempo e de escala como
capazes de assegurar uma visão global, dinâmica e concreta, onde a noção de totalidade
aplicada à sociedade e ao espaço não deixe lugar a nenhuma espécie de tautologia. E para
levar em conta os aspectos formais e de estrutura do espaço em geral e do sistema urbano,
as noções de estrutura, função e forma são fundamentais. (p.74)

Assim, serão considerados paralelamente: a sociedade, em sua realidade e em seu


movimento; os processos dessa evolução; as atividades atualmente localizadas no espaço;
e os objetos de que essas atividades dependem, isto é, as formas analisadas através do
seu aspecto material e de seus atributos técnicos e sociais. (p.74)

A urbanização nada mais é que um resultado de tais processos historicamente


determinados, enquanto localização geográfica seletiva das forças produtivas e das
instâncias sociais. (p.74)

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