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IART / DLA / UERJ

CAMPO AMPLIADO DA ESCULTURA


Prof. Renato Pera

PLANO DE AULAS
(Mudanças pontuais serão informadas previamente para as turmas)

Premissas
O curso procura abordar a noção de “campo ampliado”, moeda corrente para tratar da
categoria “escultura” na arte contemporânea, identificando os seus contornos históricos e
procurando expandir o seu limite epistemológico para além da hegemonia geopolítica do
Norte global. Consiste, portanto, em um curso teórico-prático, com estudos de caso
acompanhados de textos para discussão e intensa experimentação artística dxs discentes.

O curso parte de uma visada dirigida ao contexto brasileiro dos anos 1950 e 60, e suas
revisões críticas atuais. A seguir, observaremos brevemente a construção hegemônica da
noção de campo ampliado (termo cunhado nos anos 70, por Rosalind Krauss, crítica e
historiadora da arte estadunidense) e algumas práticas artísticas que a subsidiaram, para
propor problemas aos seus fundamentos epistemológicos. Por fim, investigaremos a
situação contemporânea de outras regiões geopolíticas do Sul global.

Sendo este curso principalmente prático, tais reflexões serão feitas como estudos de caso,
apenas com a intenção de sinalizar e ampliar as discussões, e construir um repertório de
obras e textos que nos auxiliem a pensar a situação contemporânea.

Avaliação
Espera-se que xs discentes participem ativamente de todos os encontros. A avaliação tem
caráter contínuo: será baseada na frequência, participação nas discussões, leituras de textos,
atividades externas, trabalhos autodirigidos, realização e apresentação de trabalhos
práticos. Serão propostos 7 temas para os trabalhos práticos, a serem apresentados nos
encontros presenciais e incluídos em um portfólio digital entregue no final do semestre.
Atenção: o portfolio não substitui as apresentações presenciais durante os encontros.

Materiais
As propostas de trabalhos práticos consistirão em enunciados conceituais que poderão ser
realizados com materiais de livre escolha dxs discentes.

Bibliografia
https://drive.google.com/drive/folders/1nWnDWixcYiGxdGJUwdQ8KvQXyTPgtd3I?usp=shar
e_link
As aulas presenciais terão início em 26, 27 e 28 de abril de 2023.

Ente 27/3 e 19/4, haverá uma atividade autodirigida e conversas (online) com artistas.
Datas, horários e nomes dxs participantes das conversas serão enviados em breve.

Atividade prática autodirigida:


Fazer um trabalho que explore o campo da tridimensionalidade e que procure responder
ao conceito de “uma semana”. Como definir o que é uma semana? Como traduzir uma
semana em experimentação escultórica? Uma semana é um tempo presente, passado ou
futuro? Quanto espaço, tempo, material e processos cabem em uma semana? Quais
espaços, corporeidades, identidades, relações sociais são possíveis em uma semana? O
que é visível ou invisível em uma semana? O que é audível, inaudível, sensível, na
experiência cotidiana, em uma semana? O enunciado do exercício é propositalmente
aberto e incompleto, para que cada alune possa preencher as lacunas com as suas
próprias respostas. Estas e outras perguntas buscam estimular a experimentação livre e
pessoal com processos materiais, temporais, corporais, identitários e sociais, a partir da
ideia de “uma semana”.

Data de entrega: 12 de maio.

Local de entrega:
https://drive.google.com/drive/folders/1mtt5WeKrDkeCZlptb3ESSuvSegcC4m2E?usp=shar
e_link
Cada alune deverá incluir um único arquivo PDF na pasta do drive até a data de entrega com: identificação
(nome, número de matrícula); fotografias dos trabalhos desenvolvidos ou links para vídeos; título do
trabalho, dimensões, duração, créditos e outras informações relevantes.

O professor encontra-se à disposição no e-mail: luiz.pera@uerj.br.

CRONOGRAMA

Encontro 1

Apresentação do curso (estrutura, trabalhos práticos, bibliografia, avaliação);


Conversa com discentes;
Regras de uso do(s) espaço(s).

Balanço geral:
Algumas tensões históricas e contemporâneas da noção de “campo ampliado” da escultura.

Encontro 2
Estudo de caso:
Rubem Valentim e Hélio Oiticica: alargando o cânone neoconcreto.

Textos para leitura:


GULLAR, Ferreira et al. “Manifesto Neoconcreto” In PINACOTECA DO ESTADO DE SÃO PAULO.
Projeto construtivo brasileiro na arte. São Paulo: Pinacoteca, 2012, p. 80-84.
OITICICA, Hélio. “A transição da cor do quadro para o espaço e o sentido de construtividade”.
In OITICICA, H. Aspiro ao grande labirinto. Rio de Janeiro: Rocco, 1986, p. 50-65.
VALENTIM, Rubem; RANGEL, Daniel (Curador). Ilê funfun: uma homenagem ao centenário
de Rubem Valentim. São Paulo: Almeida e Dale Galeria, 2022.

Atividade prática:
A cor como elemento instaurador do espaço tridimensional.

Encontro 3

Estudo de caso:
Lygia Pape e a arte dos “loucos”

Bibliografia complementar:
FUNDAÇÃO BIENAL DE SÃO PAULO. Imagens do inconsciente. São Paulo: A Fundação, 2000.
João Loureiro, O Fantasma, 2008. Link:
https://www.joaoloureiro.info/filter/pt/O-Fantasma-2008
NEUENSCHWANDER, Rivane; LAGNADO, Lisette (Org.). O nome do medo. Rio de Janeiro:
Museu de Arte do Rio; Instituto Odeon, 2017. Link:
https://museudeartedorio.org.br/wp-content/uploads/2019/09/onomedomedo.pdf
Vídeo: Ailton Krenak, Assembleia Constituinte, 1987. Link:
https://www.youtube.com/watch?v=TYICwl6HAKQ

Atividade prática:
A cor como elemento instaurador do espaço tridimensional.

Encontro 4

Estudo de caso:
Lyz Parayzo x Lygia Clark: limites do cânone neoconcreto

Textos para leitura:


CLARK, Lygia. “Da supressão do objeto” In FERREIRA, Gloria; COTRIM, Cecília (Orgs.). Escritos
de artistas: Anos 60/70. Rio de Janeiro: Zahar, 2006, p. 350-356.
MOMBAÇA, Jota. “Pode um cu mestiço falar?” Em
https://medium.com/@jotamombaca/pode-um-cu-mestico-falar-e915ed9c61ee#:~:text=Si
m.,fala%20mesti%C3%A7a%20enunciada%20pelo%20cu.&text=*%20Jota%20Momba%C3%
A7a%20%C3%A9%20escritorx%2C%20investigadorx%20e%20performer.
Bibliografia complementar:
GULLAR, Ferreira. “Teoria do não-objeto” In PINACOTECA DO ESTADO DE SÃO PAULO.
Projeto construtivo brasileiro na arte. São Paulo: Pinacoteca, 2012, p. 85-94.
ROLNIK, Suely. “Por um estado de arte: a atualidade de Lygia Clark” In Fundação BIENAL de
São Paulo. XXIV Bienal de São Paulo: antropofagia e histórias de canibalismos, volume I. São
Paulo: A Fundação, 1998, p. 456-467.
PERA, Renato. “Políticas da indigestão (Antropofagia revisitada)” In ARS (São Paulo), 20(45),
2008, p. 470-516. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2178-0447.ars.2022.197334.
ASBURY, Michael. “O Hélio não tinha Ginga” In FÓRUM PERMANENTE. Seguindo fios soltos:
caminhos na pesquisa sobre Hélio Oiticica. Disponível em:
http://www.forumpermanente.org/painel/colet%C3%A2nea_ho.

Atividade prática:
O corpo como instaurador do espaço tridimensional.

Encontro 5

Estudo de caso:
Conceitualismos do Sul

Texto para leitura:


RAMÍREZ, Mari Carmen. “Circuito das heliografias: arte conceitual e política na América
Latina” In ARTE E ENSAIOS, 2001, p. 154-163.

Bibliografia complementar:
FREIRE, Cristina; LONGONI, Ana. Conceitualismos do Sul. São Paulo: Annablume, 2009.
OITICICA, Hélio. “Esquema geral da Nova Objetividade” In OITICICA, H. Aspiro ao grande
labirinto. Rio de Janeiro: Rocco, 1986.
XAVIER, Ismail. Alegorias do subdesenvolvimento. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

Atividade prática:
A circulação como instauradora do espaço tridimensional

Encontro 6

Estudo de caso:
Cinema e espaço tridimensional

Texto para leitura:


PARENTE, André. “A forma cinema: variações e rupturas” In MACIEL, Kátia. Transcinemas. Rio
de Janeiro: Contracapa, 2009.

Bibliografia complementar:
MACIEL, Kátia. Transcinemas. Rio de Janeiro: Contracapa, 2009.
Atividade prática:
A imagem como instauradora do espaço tridimensional

Encontro 7

Estudo de caso:
Flávio de Carvalho, Abdias do Nascimento (Teatro Experimental do Negro), José Mojica
Marins, Márcia X.

Bibliografia complementar:
BISHOP, Claire. “Antagonismo e estética relacional” In TATUÍ, Ed. 12. Disponível em:
<www.revistatatui.com.br/imprimir/?texto=391>. Acesso em 12 fev, 2021.
BISHOP, Claire. Artificial Hells: participatory art and the politics of spectatorship. London;
New York: 2012.

Atividade prática:
O social como instaurador do espaço tridimensional

Encontro 8

Estudo de caso:
Mídia e espaço urbano: 3Nós3 e Pornoshow

Bibliografia complementar:
NUNES, Hariagi Borba; SEFFNER, Fernando; MÉNDEZ, Natalia Pietra. “O corpo histórico: meu
dildo goza terrorismo”- Pós-pornografia e pornoterrorismo na contemporaneidade, uma
analítica de ruptura” In AEDOS, Porto Alegre, v. 11, n. 24, p. 103-126, Ago. 2019.
FREITAS, Arthur. Contra-arte: vanguarda, conceitualismo e arte de guerrilha, 1969-1973
(Tese de doutorado). Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007.

Atividade prática:
A circulação como instauradora do espaço tridimensional

Encontro 9

Estudo de caso:
A definição hegemônica do “campo ampliado” da escultura e os seus limites epistemológicos
(Land Art e a ideologia do território deserto)

Textos para discussão:


KRAUSS, Rosalind. “”O Duplo Negativo”: uma nova sintaxe para a escultura” In KRAUSS, R.
Caminhos da escultura moderna, São Paulo: Marins Fontes, 1998, p. 291-343.
_____. “A escultura no campo ampliado” in Gávea – Revista de História da Arte e
Arquitetura, PUC-Rio, 1985, ano 1, n. 1, p. 87-93.
Rosalind Krauss, A escultura no campo ampliado
_____. “Arte na era da condição pós-meio” In NONES, Leonardo (Tradução e comentários
críticos) Arte na era da condição pós-meio: estudo e tradução de Rosalind Krauss
(Dissertação de Mestrado). São Paulo, USP, 2019, p. 25-88.

Bibliografia complementar:
KWON, Miown. “Um lugar após o outro: anotações sobre site-specificity” In ARTE &
ENSAIOS, n. 17, UFRJ, 2009, p. 166-187.

Atividade prática:
O lugar como instaurador do espaço tridimensional

Encontro 10

Estudo de caso:
Andrea Fraser e Fred Wilson

Bibliografia complementar:
FRASER, Andrea. “O que é crítica institucional?” In CONCINNITAS, ano 15, v. 02, n. 24,
dezembro de 2014, UERJ, p. 1-4.
MIGNOLO, Walter. “Museus no horizonte colonial da modernidade: “Garimpando o museu”
(1992), de Fred Wilson” In MUSEOLOGIA & Interdisciplinaridade, v. 7, nº13, jan./ jun. de
2018. Disponível em:
<https://periodicos.unb.br/index.php/museologia/article/view/17751/16263>. Acesso: 27
fev, 2023.
KWON, Miown, Um lugar após o outro: anotações sobre site-specificity, Revista Arte &
Ensaios, n.17, Escola de Belas Artes da UFRJ, 2009, p. 166-187.

Atividade prática:
O lugar como instaurador do espaço tridimensional

Encontro 11

Estudo de caso:
O “campo ampliado” no Sul Global (Sudeste Asiático)

Bibliografia complementar:
LENZI, Iola (Cur.). “Conceptual strategies in Southeast Asian art: a local narrative”. In
BANGKOK ART AND CULTURAL CENTRE. Concept, Context and Contestation: Art and the
Collective in Southeast Asia (Catálogo de exposição). Bangkok: Bangkok Art and Cultural
Centre, 2014.
LENZI, Iola (Ed.). Negotiating home, history and nation: two decades of contemporary art in
Southeast Asia, 1991-2011 (Catálogo de exposição). Singapore: Singapore Art Museum,
2011.
VEIGA, Leonor. “Southeast Asian Biennales: Local and Global Interactions”. In MODOS:
Revista de História da Arte, Campinas, SP, v. 5, n. 2, p. 239–251, 2021. DOI:
10.20396/modos.v5i2.8665187. Disponível em:
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/mod/ article/view/8665187.

Atividade prática:
O social como instaurador do espaço tridimensional

Encontro 12

Estudo de caso:
O “campo ampliado” no Sul Global (África)

Bibliografia complementar:
ENWEZOR, Okwui. “Reframing the black subject ideology and fantasy in contemporary South
African representation” In THIRD TEXT, 11:40, 21-40, 1997, DOI:
10.1080/09528829708576684.
ENWEZOR, Okwui; OKEKE-AGULU. Contemporary African Art Since 1980. Bologna: Damiani,
2009.
ENWEZOR, Okwui. “Where, What, Who, When: A Few Notes on “African” Conceptualism” In
QUEENS Museum of Art. Global Conceptualism: Points of Origin, 1950s-1980s. New York:
Queens Museum of Art, 1999.

Atividade prática:
A circulação como instauradora do espaço tridimensional

Encontro 13

Estudo de caso:
O “campo ampliado” no Sul Global (América Latina): Teresa Margolles (MX), Cecilia Vicuña
(CH), entre outrxs artistas.

Bibliografia complementar:
CAMNITZER, Luis; FARVER, Jane; WEISS, Rachel. “Global Conceptualism: Points of Origin,
1950s-1980s”. In QUEENS MUSEUM OF ART. Global conceptualism: points of origin,
1950s-1980s. New York, 1999, p. VII-XI.
MOSQUERA, Gerardo (Ed.). Beyond the fantastic: Contemporary Art Criticism from Latin
America. Londres, Cambridge (US): The Institute of International Visual Arts London, MIT
Press, 1996.
BELTING, Hans; MOSQUERA, Gerardo et all. The Global Contemporary and the Rise of New
Art Worlds. Karlsruhe: ZKM Center for Art and Media Karlsruhe, 2013.
Atividade prática:
A imagem como instauradora do espaço tridimensional

Demais encontros
Revisão, avaliação (portfolio), auto-avaliação, atividades autodirigidas.

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