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A CONSTRUÇÃO DA NAÇÃO NOS LIVROS DIDÁTICOS

DE GEOGRAFIA DA PRIMEIRA REPÚBLICA

LA CONSTRUCTION DE LA NATION DANS LES MANUELS DIDACTIQUES


DE GÉOGRAPHIE DE LA PREMIÈRE RÉPUBLIQUE

N a iemer R ib e i ro de Car valho


Graduada e Mestre em Geografia (UFMG)
Técnica em Assuntos Educacionais da UFMG
n aiem er@y ahoo.com.br

RESU M O: E s s e a rt ig o a n a l i s a a p r e s e n ç a d e u m a ideologia nac ional e a c om p reens ão de c om o s e formou e


se cr iou u m a id e ia e i m a g e m d e B r a s i l n o s l i vros didát ic os de geografia do ens ino s ec undário na Pri mei ra
Repúb lic a (1 8 8 9 - 1 9 3 0 ) . E s s e p e r í o d o d e c i s i v o à afirm aç ão e definiç ão da nac ionalidade bras ileira rep r esentou
a tra n s içã o d a id e o l o g i a i m p e r i a l , a i n d a l i g a d a à Port ugal, para um a ideologia nac ional c om um E s tado- Nação
fo rte , civ il e r e p ub l i c a n o . A u n i c i d a d e e a c e nt ralizaç ão do t errit ório eram valores im p res c indíveis. Para o
pensa m e n t o g e og r á f i c o , s u a c o n s o l i d a ç ã o e sis t em at izaç ão no Bras il inc luiu-s e a part ic ipaç ão da di sci pl i na
esco la r . O ca bed a l te ó r i c o -m e t o d o l ó g i c o m o bilizado para a c om p reens ão do es paç o e da realidade vi vi da à
épo ca e r e g is t r a d a n o s l i v r o s d i d át i c o s d e g e ografia s e ap oiou na anális e h is t óric a do p eríodo, da geograf i a
esco la r e d o p e n s a m e n t o g e o g r á f i c o . De s ta c onjunç ão foram ext raídas as c at egorias de anális e: Natureza
e Te r r it ór io; e C iv i l i z a ç ã o e M o d e r n i d a d e . E las nos a uxiliaram a p erc eber as t rans form aç ões m ateri ai s e
con ce it u a is at u a n te s n o i m a g i n á r i o pa s s a d o sobre o t errit ório nac ional, p res ent es nos livros didáti cos de
g eog r a fia e con s t i t u i n t e s d a q u e l e p e n s a m e n t o geográfic o.
Palavra s-c hav e: Ge og raf i a; I de ol og i a; D i scurso ; N a c i o n a l ; E s c o l a r .

Résu m é : C e t t e r e c h e r c h e a n a ly s e l a p r é s en ce d’une idé ologie nat ionale dans le s m anue ls didacti ques de
g éog r a p hie a u c oll è g e , c h er c h a n t à c o m p r en d re com m e nt l’idé e e t l’im age du Bré s il s e s ont form é e s a u cours de
la Pr e miè r e R é p u b l i q u e ( 1 8 8 9 -1 9 3 0 ) . C e t t e p ér i ode dé cis ive de l’affirm at ion e t de la dé finit ion de la nati onal i té
brésilie n n e e s t r e p r é s en t é e pa r l a t r a n s i t i o n de l’idé ologie im p é riale , e ncore lié a u Port ugal, à une i déol ogi e
n ation a le , r e c on n u e p o u r s o n É tat-n ati o n f o rte , civil e t ré p ublicain. Le caract è re unique e t la ce nt ra l i sati on
d u te r r it oir e é ta ien t d es va l e u r s e s s e n t i el l e s . A u Bré s il, la cons olidat ion e t la s y s t é m at is at ion de la pensée
g éog r a p hiqu e in c lu a i e n t l a pa rti c i pat i o n d e la dis cip line s colaire . Le s m anue ls didact ique s de géographi e
prése n t e n t u n c a d r e th éo r i q u e e t m é t h o d o l ogique s e rvant à la com p ré h e ns ion de l’e s pace e t à décri re l a
réalit é v é c u e d e l’ é p o q u e , q u i es t f o n d é s u r u ne analy s e h is t orique de la p é riode , la gé ograp h ie s cola i re et l a
pensé e g é og r a p hiqu e . À pa rti r d e l a c o n jo n c t ion, il a é t é p os s ible d’e xt raire le s cat é gorie s d’analy s e: Nature
et Ter r it oir e e t Civ i l i s ati o n e t M o d e r n i t é . C el l e s -ci s ont p ré s e nt e s a ux m anue ls didact ique s de Gé ogr aphi e et
con s t it u e n t la p e ns é e g é o g r a p h i q u e , en p l u s de nous aide r à com p re ndre le s t rans form at ions m atéri el l es.
Mo ts clés : Géogra phi e ; I dé ol og i e ; D i scours; Nat i o n a l ; S c o l a i r e .

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C onstrução da na ção nos livros didát icos de geografia da prime ira república

Introdução envolvidas com esse processo.


É um momento em que se pode perceber
A construção da ideologia1 nacional – em riqueza de detalhes, nos debates da época e
assim como os sentidos e significados que a nos registros de tempos sobrepostos, o processo
nação2 adquire na história do Brasil – e a forma de produção de sentidos. Os livros didáticos, não
como ela produz sentidos a partir do discurso3 somente enquanto textos, mas enquanto acesso
nacionalista nos livros didáticos de geografia a esse discurso, registraram esta sobreposição
da Primeira República (1889-1930) é o que se de tempos em que convivem elementos residuais
buscou compreender na pesquisa que orienta e progressistas, ainda sem hegemonia social. E
este artigo. Pretendeu-se ainda compreender qual por estes motivos, era um discurso aberto e ao
foi sua relação com a consolidação da geografia mesmo tempo fechado: polissêmico e incompleto;
enquanto campo científico e escolar a partir de e também portador de elementos de permanência
então. e da memória.
No Brasil, a construção do Estado-Nação Desde então a ideia de civilização
necessitou de um período de quase um século: passa a fazer parte deste processo, como um
o século XIX. Após a Independência é que se ideal, fortemente demandado de fora, a ser
iniciam os processos de formação da identidade alcançado. Para chegar à civilização, no entanto,
nacional e de consolidação do Estado. Durante havia alguns impedimentos, a nação ainda não
o Império, o que se viu foram estratégias que estava plenamente constituída e a existência
buscavam, desde a manutenção da unidade da escravidão era uma sombra neste processo.
do território, da língua até a implementação da Como disseminar essas discussões para além
escola pública. As tentativas de construção da dos debates intelectuais? Uma das respostas
nacionalidade, até então, concentravam-se nas dadas pelo Estado foi através da escolarização.
mãos de poucos letrados, muitas vezes, ainda A unidade do território ainda era cultuada, mas
no nível da literatura nacional. A consolidação também passou a ser questionada e valorizada,
destas e de outras estratégias de afirmação da a diversidade desse território e sua integração. A
nacionalidade ocorreu somente com o advento unidade do território deveria contemplar também
da República em 1889. Esta consolidação a unidade moral e social do país e a integração
não significou, no entanto, a finalização desse econômica. Nesse sentido, a escolarização ganha
processo. Ao contrário, permanece até os dias um papel de destaque no período, pois ainda se
atuais. colocava em questão a padronização da língua, a
A hipótese com que trabalhamos é que o literatura nacional, a caracterização do povo, ou
início do processo de construção da nacionalidade seja, uma integração nacional também simbólica
deu-se no período colonial, mas sua formulação (DUTRA, 2005). Dentro deste debate, a civilização
foi sendo explicitada durante o período imperial, e a modernização da economia apareciam como
quando se rompe com a dependência da um ideal a ser atingido pelo país, algo que só
metrópole; e sua consolidação, na Primeira poderia ser feito tendo se estabelecido a unidade
República4. moral e a integração do território. Este talvez fosse
Na Primeira República, o próprio Estado se o único consenso.
empenha na construção de um projeto de nação Estes elementos, debatidos pela elite
e coloca a educação como um dos principais letrada, apareceram também nos livros didáticos
pilares para a circulação destas novas ideias. de geografia do período. Pretendia-se uma
Assim, a escola passa a ter um papel fundamental educação cívico-patriótica, que ensinasse aos
na formação destes ‘brasileiros’. E as disciplinas cidadãos o que era ser brasileiro, os valores e
escolares, como é o caso da geografia, da história símbolos do novo regime (GOMES, 2009). A
e da língua portuguesa, estiveram intimamente história da geografia enquanto disciplina escolar

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também nos auxiliou neste processo. Pudemos civilização, do progresso, e da modernização,


constatar uma relação entre a sua constituição todos inerentes a construção de um futuro ideal
enquanto disciplina escolar oficial e o período para o país. Com a expansão do ensino neste
em que se começa a ser discutida a nação no período, as editoras possuíam um grande número
Brasil. Inicialmente com a criação do Colégio de livros didáticos em seus catálogos permitindo
Pedro II esta relação ainda não se demonstrava ampla circulação no território. E a imagem de
diretamente nos conteúdos, apenas em sua própria Brasil elaborada por eles, poderia assim, formar
oficialização. A partir de da década de 1850, esta as novas gerações em várias regiões do país.
relação se estabelece também com o currículo e Os livros que fazem parte desta pesquisa
o conteúdo, instituindo oficialmente a geografia e foram fruto de uma longa busca por acesso a um
a história do Brasil. O objetivo da escola não era material tão raro. Raro, não por sua escassez,
somente a disseminação da nação, mas também poucas edições ou distribuição limitada. Alguns
o aperfeiçoamento do individuo5. permaneceram nos bancos das escolas por
No entanto, é no período republicano que décadas. Sua raridade advém justamente desta
podemos observar uma intenção direta do Estado especificidade, serem livros didáticos, materiais
e dos autores em transformar a educação num descartáveis, pouco valorizados. Mesmo nas
veículo da ideologia nacional e dos valores da grandes bibliotecas de referência em nosso país,
civilização. A formação do que deveria ser o povo uma pesquisa pelos acervos indica a pouca
brasileiro e a criação de um sentimento nacional quantidade destes materiais e que se encontram
estava presente nos livros didáticos de geografia, espalhados. Alguns deles são encontrados
e também se percebia um apelo à padronização repetidamente, o que talvez indique sua dispersão
definitiva da língua e à integração do território. no território, outros, encontramos quase que por
A geografia enquanto disciplina acadêmica acaso, como se não houvesse registro sobre eles.
ainda não era institucionalizada no país, mas já Apesar das dificuldades de acesso, buscamos
possuía por mais de um século uma participação por autores considerados importantes para o
direta no cotidiano da nação, seja através período, como Delgado de Carvalho, Horacio
dos institutos e sociedades, como o Instituto Scrosoppi e outros. Outro ponto importante
Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB), seja notado nestes livros é a referência ao currículo
como disciplina escolar oficial com o currículo adotado pelo Colégio Pedro II que tornou-se
regulamentado e centralizado desde a criação do referência para todo o ensino secundário do país
Colégio Pedro II. Por isso podemos afirmar que durante quase um século. Seus professores eram
tanto os conhecimentos produzidos nos institutos intelectuais e escritores renomados e tornaram-se
quanto os produzidos na disciplinar escolar, também autores de livros didáticos. Na capa de
participaram da consolidação e sistematização do vários desses livros pode-se ler “Livro adoptado
conhecimento geográfico no Brasil, culminando no Collegio Pedro II” (CARVALHO, 1927) ou
em sua institucionalização na década de 19306. “Conforme o programa do Collegio Pedro II onde
Os livros didáticos, que seguiam o são adoptadas de preferencia a qualquer outro
currículo oficial, foram um importante instrumento compendio” (SCROSOPPI, 1922).
da padronização do ensino7. Com eles, os Os livros analisados foram:
professores e alunos de qualquer parte do país
tinham acesso ao currículo oficial. Os autores • Curso Methodico de Geographia
buscaram enquadrá-los às influências externas Physica, Política e Astronômica: Composto
de cada um dos campos científicos e à realidade para uso das Escolas Brasileiras, de Joaquim
brasileira, buscando com isso a formação dos Maria de Lacerda, 1895, 6ª Ed;
cidadãos brasileiros. Além disso, os livros didáticos
eram portadores de outros discursos, como o da • Noções de Geografia do Rio grande

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do Sul, Brazil e Globo Terrestre, de Affonso superficiais seguidas da divisão por localização.
Guerreiro Lima, 1911; Esta divisão também indica a importância que as
divisões jurídico-administrativas foram tomando
• Noções de Geografia: Curso na sociedade moderna, ou seja, do próprio Estado-
complementar – I Parte, também de Affonso Nação, pois é a partir delas que se organizam as
Guerreiro Lima, porém do ano de 1935; sociedades e se estabelecem acordos entre elas.
Nesse período também, os livros passam
• Geographia especial ou Chorographia a contar com maiores possibilidades gráficas
do Brazil, de Carlos de Novaes, 1912; de inclusão de imagens e mapas. O uso desses
recursos disseminou-se desde então nos
• Geographia do Brasil, de Carlos Miguel livros didáticos. Como essas imagens e mapas
Delgado de Carvalho, 1927, 3ª Ed. (sendo a relacionam-se com o conteúdo será comentado
primeira edição de 1913). durante a análise dos livros. Somente o livro de
Delgado de Carvalho (1927) não possui imagens.
• Lições de Chorographia do Brasil, de O autor talvez tenha preferido dar um cunho
Horacio Scrosoppi, 1922, 4ª Ed. mais científico ao trabalho utilizando-se apenas
de mapas e tabelas. As imagens, fotografias e
A análise dos conteúdos dos livros desenhos utilizados pelos outros autores podem
também possuiu um foco específico. O objetivo ser divididos em duas categorias: aquelas que
da pesquisa foi identificar a ideologia nacional nos mostram a natureza exuberante e fornecedora de
livros didáticos de geografia deste período. Sendo recursos para o progresso do país e garantidora
assim, o que se buscou analisar foi o discurso de uma posição do país na divisão internacional do
nacionalista, que no período, tinha como base um trabalho, e aquelas da conquista da modernidade
discurso sobre a civilização e sobre o progresso. e da modernização, em especial as cidades
Nesse sentido, desconsiderou-se os trechos que como monumentos da civilização e as atividades
não coadunam com esta perspectiva, muitos produtivas modernas, mostrando as possibilidades
deles da chamada geografia física ou trechos de o Brasil acertar o passo no atraso econômico e
puramente descritivos8. se tornar potência sem tardar.
E foi deste contexto que retiramos nossas
Comentários gerais sobre categorias de análise, tendo em vista a relação
os livros analisados entre o conhecimento geográfico veiculado nos
livros didáticos, o contexto republicano e a ideologia
Dos livros analisados pudemos perceber nacional e o discurso nacionalista: a Natureza e
uma dificuldade em absorver as inovações do o Território; a Civilização e a Modernidade; e o
conhecimento científico e pedagógico produzidas Povo e a Cidadania. Abaixo faremos uma breve
no exterior e, em parte, aqui. Nesse sentido, o exposição de cada uma dessas categorias e
livro de Delgado de Carvalho (1927) se destaca do algumas de suas ilustrações.
restante, pois embora alguns autores tentassem A categoria Natureza e Território contem
incluir algum tipo de renovação, os conteúdos os discursos que recorrem em seus conteúdos à
de seus livros em muito ainda se baseava no evocação das qualidades da natureza e à ocupação
arranjo discursivo mnemônico9. A sistematização e povoamento do território a fim de compor as
do conhecimento geográfico também estava em ideologias nacionais do período republicano. Por
curso, pois na estrutura dos conteúdos utilizada se tratar de um tema amplo, decidimos subdividi-
pela maioria dos autores analisados, o recorte eram lo em dois grandes grupos:
os estados brasileiros, e não temas geográficos.
Capítulos continham definições geográficas 1. A exaltação da natureza: presente desde

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o período colonial, permanecendo no período As gravuras escolhidas para comporem


imperial e republicano como uma ressonância, os livros indicam uma imagem que se pretende
uma memória persistente. Desde a descoberta criar para o Brasil. Aquelas imagens pertencentes
e da carta de Pero Vaz de Caminha, a ideia da à categoria da natureza exuberante e fornecedora
natureza como paraíso ou inferno terrestre esteve de recursos para o progresso do país acabam
presente em vários registros, como nos relatos de por reforçar o mito da exuberância. Também
viajantes. aparecem neste quesito o mito da fertilidade do
No livro de Lacerda (1895), a primeira solo, em alguns momentos exaltada, mas em
imagem que aparece do Brasil é um desenho com outros rechaçada através da defesa da utilização
a legenda Floresta das regiões tropicaes (Figura correta das técnicas de agricultura. Outra forma
1), uma imagem completamente preenchida de de exaltação da natureza, agora sob o verniz da
árvores e outras espécies vegetais, provocando ciência, aparece nos trechos sobre a hidrografia.
uma sensação de sufocamento perante a São enumeradas as bacias, seus principais rios,
quantidade e a variedade dos vegetais: suas características de extensão e volume d’água,
e uma lista de seus afluentes. Esses dados
permitiam incutir a perspectiva de que o potencial
hídrico apoiará no futuro o progresso do país
pautando a matriz energética na força hidráulica.
No livro de Lima (1935), a hidrografia é
exaltada através da quantidade: o autor fornece
uma extensa lista com os nomes dos afluentes
dos rios principais das bacias. O potencial para
a produção de energia hidráulica de cada rio é,
inclusive, apresentado pelo autor na Figura 2:

Fi gura 1 | F lo r esta d a s re g i õe s t ro p i c a e s .
Font e: L acer d a ( 1 8 9 5 , p . 3 2 7 )

F i g u ra 1 | A c a s c a t a He r v a l , n o m u n i c íp i o d e Sã o Leopoldo,
c o m 1 0 5 m e t ro s d e a l t u ra . F o n t e : L i m a (1 935, p. 90)

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2. O território: as representações sobre o A integração entre as regiões também tinha


território foram sendo disseminadas no discurso um viés econômico de aumento da produção, seja
nacionalista desse período e orientaram a agropecuária, mineral ou extrativista. Também
sua produção. Moraes (1988) classificou esse intencionavam a diversificação da produção que
conjunto de representações sobre o espaço nesse período centrava-se no café e na borracha.
como ideologias geográficas. Dentre essas E foi em torno da integração econômica
representações, que carregam ainda muito da do território que convergiram os discursos de
ideia de conquista, podemos perceber: todos os autores. Os meios de transporte e de
a) A expansão do território, sua ocupação comunicação, com destaque para as estradas
e a consolidação da ocupação das fronteiras: de ferro e telégrafos, são os principais focos
informações com o objetivo de afirmar os limites dessa integração e aos poucos vão aumentando
do país e despertar o ideário de segurança sua importância nos livros didáticos, pois
nacional. A evolução da ocupação e a história do representavam as grafias da modernidade e da
povoamento, a origem das nomenclaturas dos modernização no território nacional. Percebe-se já
locais aparecem também nos livros didáticos. O nesses livros um Brasil novo cujo desenho se faz
histórico dos itinerários das expedições, textos de a partir da rede de fluxos de pessoas, mercadorias
geógrafos, naturalistas, narrativas de viajantes, e informações, infraestrutura imprescindível a um
engenheiros e técnicos eram registros utilizados arranjo mais articulado que conecta extremos e
pelos autores para a escrita do material escolar. volta ao progresso. A Figura 3 demonstra que
Por isso, os livros contavam com descrições as linhas telegráficas eram um símbolo desta
minuciosas, dados estatísticos, atlas, mapas, integração:
itinerários que vão mostrar o espaço geográfico
como espaço nacional, buscando estabelecer um
patrimônio geográfico, descobrindo o território
pela história.
b) A integração do território: com os
obstáculos naturais e de ordem política, cultural
e histórica entre as regiões, a integração do
espaço nacional torna-se um desafio. Esse,
talvez, seja o discurso diretamente relacionado
ao seu contexto de produção mais enfático e
presente em todos os livros analisados. A questão
da integração do território torna-se urgente para
o progresso da nação. O patrimônio cultural e
natural das particularidades regionais estava
sendo valorizado, mas os obstáculos naturais da
integração demandavam uma solução.
E essa integração tinha que se dar em dois
níveis: a integração política, alinhando os governos
estaduais ao governo federal; e a integração do
território, através dos mais diversos recursos
F i g u ra 3 | M a p a d a s l i n h a s t e l e g rá f i c a s n a c i o n ais e cabos
materiais de linhas de comunicação e transportes. s u b m a ri n o s e s t ra n g e i ro s . F o n t e : Sc ro s o p p i (1 9 22, p. 140)
Nesse sentido, incluiu-se também a solidariedade
às áreas econômicas menos favorecidas, uma
divisão territorial do trabalho, pois o ideal era o da c) O regionalismo: implica um jogo de
homogeneização do progresso no território. escalas que mostra a diversidade, mas sem

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pautar expressamente a diferença. Nesse período social, da prosperidade econômica e do progresso


ainda não existia uma divisão regional política brasileiros. Por isso grande parte das ilustrações
oficial. As regionalizações presentes nos livros dos livros são dedicadas a elas. As figuras 4 e 5
didáticos estavam relacionadas, em sua grande abaixo, demonstram a valorização destes dois
maioria, às características naturais de relevo, aspectos da civilização: o aspecto arquitetônico e
vegetação e clima. No entanto, a valorização das o ordenamento urbano.
particularidades regionais já aparece, não só com Se a nação é construída internamente,
relação aos recursos, mas também, à população. afirmando sua diferença com as outras nações
através da língua, cultura, literatura, povo,
A categoria Civilização e Modernidade natureza e território, ela também é construída
foi subdividida em dois tópicos: externamente, mostrando fazer parte do concerto
internacional das nações através da adoção dos
1. A civilização, a modernidade e seus ritos do progresso, pela pratica da ciência e das
símbolos: A modernidade, nesse período, era artes. É a elevação do particular ao universal, e
sinônimo de civilização. Mais que isso, as cidades, as nações civilizadas deveriam participar desse
monumentos, praças, bibliotecas, museus, jardins universal. A República seria a patrocinadora
botânicos, representavam grafias da civilização dessa trajetória do país rumo ao concerto
nos trópicos, especialmente no Brasil. Aliada ao científico, moderno e progressista internacional.
progresso e à modernidade, alcançar a civilização Esses elementos de destaque para a civilização,
era um dos destaques do discurso nacionalista a modernidade e seus símbolos estão presentes
republicano. Nesse sentido, se fazia necessário em todos os livros analisados.
demonstrar, através de suas cidades, o alcance 2. A modernização e a economia - a técnica
do par civilização/ciência no país. e o progresso: Se a civilização era o objetivo a
A cidade foi valorizada nos aspectos ser alcançado, a modernização do país indicaria
arquitetônicos, de transporte e circulação, os o caminho a ser trilhado. A técnica adquiriu um
monumentos, as melhorias nas condições lugar central nesse processo, e a necessidade de
sanitárias e do controle de doenças e epidemias integração do território exigia que a modernização
- nas cidades e na selva também -, as diversões chegasse também ao interior. A riqueza ali
e a sociabilidade urbana. A cidade aparece produzida poderia levar o país a alçar lugar
como uma representação, um símbolo, da dentre os países capitalistas avançados, pois a
modernidade da nação, medida da condição agricultura era a principal atividade econômica

F i g u ra 5 | Ri o d e J a n e i ro – L a rg o da Car ioca.
F o n t e : No v a e s (1 912, p. 61)
Fi gura 4 | P lan ta d e P o rt o A l e gre .
Font e: L IMA ( 1 9 1 1 , p . 33 )

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C onstrução da na ção nos livros didát icos d e geografia da prime ira república

desse período. O progresso industrial e agrícola miscigenação e do branqueamento, promovendo


eram concebidos como uma “vitrine do progresso” uma solução que perpassava por dentro do
para o restante do mundo. Na figura 6 vemos a discurso científico e positivista do período. Nos
valorização da criação de gado selecionado sob livros didáticos, viu-se que as soluções adotadas
princípios técnicos e científicos de produtividade: pelos autores foram a escolha de uma dessas

Fi gura 6 | R o d eio d e g a d o ho l a nd ê s .
Font e: L im a ( 1 9 3 5 , p . 1 0 1 ) vertentes ou a proposição de um amálgama das
teorias e discursos, bem ao estilo da miscigenação.
Nesse período, além da valorização da ciência, Critérios como a língua e a religião, essenciais
havia também uma valorização da racionalidade para a formação da nacionalidade, tornavam esse
instrumental que daria forma à modernização. trabalho mais fácil aos autores, pois se assumia
Assim, as novas técnicas deveriam ser então, uma homogeneidade nesses dois critérios,
empregadas na agricultura, na indústria, no mesmo sabendo-se não serem tão homogêneos
comércio, enfim em todas as áreas da economia assim. Hegemônicos, talvez sim. Ilustrações
nacional para gerar um maior aproveitamento e como a figura 7 eram comuns em muitos dos
lucratividade. livros da época
2. As dificuldades para a formação do
A categoria Povo e Cidadania foi Povo: Nessas concepções, podem-se perceber
subdividida em três tópicos: as dificuldades existentes para a formação do
1. O Povo - os elementos raciais da povo brasileiro e da cidadania de todos os seus
constituição do povo brasileiro: a questão da habitantes, agora sob o regime republicano. O
formação do que seria o povo brasileiro era indígena aparece romantizado, uma ascendência
de extrema importância para a definição da de um povo americano originário, mas poucas são
nacionalidade brasileira. Muitas foram as tentativas suas influências naquele momento.
de unificar as particularidades históricas, regionais Já o elemento negro impõe uma
e ‘raciais’ em um único povo, que pudesse dar questão constrangedora, muitas vezes tratada
unidade ao sentimento de pertencimento. Estas superficialmente, ou mesmo negligenciada, a
tentativas passaram por um discurso culturalista escravidão. A mestiçagem com o negro não
que enfocava as particularidades de cada região e poderia ser negada, mas a sua cidadania sim.
se omitia sobre a história, as teorias racialistas da O que se percebe na maioria dos livros

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N aiemer ribeiro d e car val ho

nacionalidade, e seria assegurado pela abertura


de escolas e pelo compromisso com a instrução e
com a difusão dos saberes científicos.
Abaixo as figuras 8 e 9 demonstram a
valorização das personagens da República, tanto
regionalmente quanto nacionalmente. Retratos
de Anita Garibaldi (da Revolução dos Farrapos),
Prudente de Moraes (primeiro presidente civil
da república, de 1894 a 1898), José Bonifacio,
Rodrigues Alves (presidente de 1902 a 1906),
Carlos Gomes, Campos Salles, Castro Alves,
Marechal Deodoro (proclamador da república
e seu primeiro presidente), Floriano Peixoto
(presidente da república “num agitado período de
revoluções”), José de Alencar, Gonçalves Dias,
Santos Dumont, Affonso Pena, entre outros. O
busto de Tiradentes é o da imagem de barba e
túnica (Figura 9), uma revitalização do mito e da
independência. Na nota de rodapé: “Joaquim José
da Silva Xavier, o Tiradentes, um dos precursores
da Independência. Tomou parte da Conjuração
Mineira e foi martyrisado em 1790.” (LIMA, 1911,
p. 86).

Fi gura 7 | R aça B r an c a : um G re g o ; R a ç a a m a re l l a : um
Chi ne z ; R aça p r eta: n e gro d’ A f ri c a ; R a ç a a m e ri c a n a : I nd i o
dos Es tad o s Un id o s.
Fonte : L a c e r d a ( 1 8 9 5 , p . 2 0 -2 1 )

analisados é a presença das teorias racialistas da


superioridade branca e da teoria da mestiçagem
levando ao branqueamento. Esses dois ramos
teóricos sobre a questão das raças desembocam,
então, na superioridade do elemento branco,
seja diretamente, ou indiretamente quando a
mestiçagem aceita é a que leva ao branqueamento.
3. A cidadania republicana e o panteão dos
heróis: a educação cívico-patriótica e cidadania
F i g u ra s 8 e 9 | Be n t o Go n ç a l v e s e Tir adentes.
republicana era muito valorizada pelo autores.
F o n t e : L i m a (1 9 1 1 , p p. 32 e 87)
Os livros didáticos deveriam transmitir às novas
gerações a forma de funcionamento e os valores
ligados a esse regime de governo, numa proposta Considerações Finais
de educação cidadã. A Instrução (sistema formal
de ensino) é um desses valores e possui um Ao final da pesquisa, podemos então
tópico específico na maioria dos livros analisados. retornar à questão que a motivou: a ideologia
O progresso econômico deveria ser condição nacional estaria presente nos livros didáticos de
para o progresso intelectual, moral e cívico da geografia e com eles estabeleceria uma relação

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C onstrução da na ção nos livros didát icos de geografia da prime ira república

interna? Constatamos que sim, pois como vimos como um fenômeno discursivo, ou seja, considerando sua
materialidade como uma prática e ao mesmo tempo relacionando-a
os elementos considerados constituintes de
com a produção histórica de sentidos, significados.
uma nação estão todos presentes nos livros do
período: o território, o povo, a língua, o passado 2
As referências teóricas sobre a questão nacional são encontradas
em: Anderson (1989); Guibernau (1997); Hobsbawn & Ranger
comum, a religião. Cada um desses elementos foi (2008); Hobsbawn (2008).
destacado de forma a criar uma imagem da nação
que se pretendia naquele momento. A afirmação Neste artigo, consideramos o discurso o lugar em que as ideologias
3

adquirem materialidade, embora esta se dê também através de


da nação frente às outras, em um movimento símbolos, rituais e outras formas. O discurso é entendido não somente
de alteridade, mas também de pertencimento à enquanto linguagem, mas como um conjunto de formulações que
sociedade moderna, também foi contemplado nos engloba não só a linguagem, lidando também com os processos de
significação (BAKHTIN, 1990; ORLANDI, 2009).
livros, e seu suporte era o ideal de civilização e
progresso. 4
Para a construção do contexto histórico da construção da nação e do
A formação da nação empreendida no Estado-Nação no período colonial, imperial e republicano brasileiros
utilizamos como referencial teórico: Carvalho (1990; 2007); Chauí
período republicano em meio a debates delineou (2000); Dolhnikoff (2003); Dutra (2005); Gomes (2009); Jancsó &
o que viria a ser o projeto de nação que se Pimenta (2000); Magnoli (1997); Moraes (1988; 2005).

concretizaria no Estado Novo. Algumas destas 5


Sobre a educação neste período ver: Haidar (2008); e Veiga (2007).
proposições permanecem e ressoam até os dias
atuais. 6
Sobre a geografia deste período: Ferraz (1994); Lourenço (1996);
Pereira (1993); Rocha (1994; 2009).
7
Sobre a pesquisa em livros didáticos recomendamos a leitura
de: Choppin (2004). Sobre os livros didáticos no Brasil: Bittencourt
Notas (2008).

1
Entendemos a ideologia enquanto um fenômeno social que estaria
8
Tais trechos possuem importância para a construção do
diretamente relacionado com o funcionamento das sociedades. conhecimento geográfico, mas devido à multiplicidade de
A partir da crítica à ideologia como proposta por Eagleton (1997) possibilidades de análises desses conteúdos, a análise deteve-se
conseguimos articular a dimensão da racionalidade e dos sistemas ao objetivo da pesquisa. As partes que tratam de cosmographia,
de crenças - relacionadas à questão epistemológica da verdade por exemplo, por se referirem à Terra e seus movimentos, foram
ou falsidade da ideologia - com sua dimensão afetiva, simbólica desconsideradas nesta pesquisa.
e inconsciente - relacionada às representações e aos sentidos
presentes na vida cotidiana. Para isso consideramos a ideologia
9
Lourenço (1996).

Obras didáticas de referência da pesquisa


CARVALHO, Carlos Miguel Delgado de. Geographia do Brasil. 3ª ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1927.

LACERDA, J. M.. Curso Methodico de Geographia Physica, Política e Astronômica: Composto para uso das Escolas Brasileiras. 6ª ed. Rio
de Janeiro: H. Garnier, 1895.

LIMA, Affonso Guerreiro. Noções de Geografia do Rio grande do Sul, Brazil e Globo Terrestre. Porto Alegre: Officinas Graphicas da Escola
de Engenharia, 1911.

LIMA, Affonso Guerreiro. Noções de Geografia: Curso complemetar – I Parte. 7ª ed. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1935.

NOVAES, Carlos de. Geographia especial ou Chorographia do Brazil. Rio de Janeiro: Francisco Alves & Cia, Aillaud, Alves & Cia, 1912.

SCROSOPPI, Horacio. Lições de Chorographia do Brasil. 4ª ed. São Paulo: Casa Duprat, 1922.

64 G I R A M U N D O , R I O D E J A N E I R O , V . 1 , N . 2 , p. 5 5 - 6 5 , ju l . / de z . 2 0 1 4 .
N aiemer ribeiro d e car val ho

Referências
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