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ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE GEOCÉLULAS

Conference Paper · November 2015

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4 authors, including:

Gustavo Dias Miguel Luiz Carlos SILVA Abido


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ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE
GEOCÉLULAS

Aline Baruffi
Universidade de Passo Fundo, Prog. De Pós Graduação em Engenharia Civil e
Ambiental
85799@upf.br

Gustavo Dias Miguel


Universidade de Passo Fundo, Curso de Engenharia Civil
112893@upf.br

Luiz Carlos Abido


Universidade de Passo Fundo, Curso de Engenharia Civil
124526@upf.br

Márcio Felipe Floss, Dr.


Universidade de Passo Fundo, Prog. De Pós Graduação em Engenharia Civil e
Ambiental
marciofloss@upf.br

Resumo
Avaliar o desempenho apresentado por geocélulas e/ou geogrelhas no
emprego em diversos fins da Engenharia Geotécnica, especialmente em
obras de infraestrutura. Como se sabe, dentre as características existentes
neste material podemos citar o reforço que irá se somar com a estrutura
em que serão empregados, como também, a separação entre camadas,
drenagem e filtração. A principal abordagem refere-se ao tratamento de
superfícies através da utilização deste material, fazendo com que, possa
se obter a estabilidade desejada tanto contra possíveis deslocamentos de
terras (deslizamentos), como também, o reforço destas superfícies contra
cargas normais atuantes no plano. As geocélulas trabalham com três
principais características, que são estas, restrição ao movimento lateral,
aumento da capacidade de carga e efeito membrana, assim, passamos de
cargas pontuais para cargas distribuídas no plano, esta última tem melhor
dissipação. Avaliou-se o comportamento do material em diferentes
aplicações, buscando sempre a principal justificativa para a sua utilização,
o aumento da resistência mecânica do solo, viabilizando obras em locais
geotecnicamente instáveis de pouca capacidade de suporte. Ficam
evidenciados, entre as várias fontes de pesquisa utilizadas, os benefícios
da utilização do material, que cumpre satisfatoriamente o papel de reforço
em obras de infraestrutura.

Palavras-chave: geocélulas, engenharia geotécnica, estabilidade de


solos.

IV Simpósio de Pós-Graduação em Engenharia Urbana / I Encontro Nacional de Tecnologia Urbana / II


Simpósio de Infraestrutura e Meio Ambiente
Abstract
Assess the performance presented by geocells and / or geogrids in use for
various purposes of Geotechnical Engineering, specially in infrastructure.
As it is known, among the existing characteristics of this material we can
cite the strengthening that will add to the structure to be employed, as well
as the separation between layers, drainage and filtration. The main
approach is with regard to the surface treatment by using this material,
making it possible to obtain the desired stability both against possible
displacements land (slips), as well as the reinforcement of these surfaces
against loads acting in the plane normal. The geocells work with three main
features: restriction of lateral movement, increased load capacity and
membrane effect. In this way, we moved from punctual loads to loads
distributed on the plane, the latter has better dissipation. It was assessed
the material behavior in different applications, always looking for the main
justification for its use, increase of mechanical strength of the soil, enabling
works in unstable geotechnically places with load bearing capacity. It is
evidenced, among the various research sources used, the benefits of using
the material, which successfully fulfills its function of strength in
infrastructure work.

Keywords: geocell, geotechnical engineering, soil stability.

1 Introdução
Os geossintéticos foram criados, após a Segunda Guerra, para obras costeiras nos
Países Baixos e nos EUA. No Brasil, a produção de geossintéticos teve início em 1971
(VERTEMATTI, 2001).
A cada dia novos geossintéticos são desenvolvidos para diferentes aplicações, o
que tem gerado uma onda de pesquisas que buscam otimizar a utilização desses e
avaliar seu desempenho.
As geocélulas, são um exemplo de geossintéticos, são materiais que propiciam
principalmente o aumento da capacidade de suporte do solo, tendo como base o
confinamento celular para a aquisição de resistência. De modo geral, as geocélulas
absorvem parte das tensões dos carregamentos da superfície por meio das camadas
de reforço e redistribuem às camadas adjacentes, também reduzem os deslocamentos
e recalques laterais (AVESANI NETO e BUENO, 2010), possibilitando assim, o uso de
locais onde o solo é geotecnicamente inviável, sem realizar intervenções e
tratamentos.
No Brasil, o emprego de geocélulas ainda é pequeno devido à falta de
conhecimento, sendo assim, o artigo busca apresentar as diferentes aplicações das
geocélulas visando demonstrar o potencial desse material na melhoria da
infraestrutura urbana, por meio de resultados obtidos por outros autores, evidenciando
os benefícios da sua utilização, baseando-se nos acréscimos de resistência mecânica
do solo, de forma a incentivar a pesquisa em uma área relativamente atrasada no
país. Nessa tentativa de aquisição de conhecimentos, utiliza-se também materiais
desenvolvidos por pesquisadores estrangeiros.

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2 Geocélula
As geocélulas segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR ISO 10.318
(2013) é definida como um produto que exibe estrutura tridimensional aberta,
composta por séries de células interligadas (Figura 1) que confinam mecanicamente
os materiais nela inseridos, possuindo como função o reforço do solo e o controle da
erosão.

Figura 1 – Geocélula.

Fonte: Kometa (2001).

Dos materiais constituintes, os polímeros são os mais empregados, como por


exemplo, o polietileno (PE), o polipropileno (PP), o poliéster (PET) e a poliamida (PA).
Cada um destes, cabe a um tipo de aplicação, sendo que, alguns apresentam maior
resistência em ambientes hostis enquanto outros, menos resistentes, tendem a possuir
uma característica mais elástica (MENESES, 2004; CARVALHO, 2011).
As células são ligadas entre si através de solda ultrassônica (PE ou PEAD) ou por
meio de costura, quando esta for possível. As geocélulas disponíveis no mercado são
encontradas geralmente em painéis de 3,00m x 2,40m ou 6,00m x 2,40m, a altura
varia entre 50mm à 200mm, e células apresentam em média de 300cm² à 729cm² de
área em cada gomo, esses valores variam de fabricante para fabricante.
Dentre os benefícios adquiridos com a aplicação da geocélula, segundo Meneses
(2004), destacam-se: por ser um sistema flexível, esta tende a acompanhar toda e
qualquer deformação, evitando assim, possíveis fissuras que possam ocorrer no
terreno; possui versatilidade em seu preenchimento; apresenta fácil aplicação; por ser
um material poroso, facilita a dissipação das poropressões.
O material de preenchimento das geocélulas é definido em função dos esforços
que serão impostos a estrutura, podendo ser o solo do local, solo importado, seixo
rolado, argamassa, pedra britada, solo-cimento, concreto, entre outros (VERTEMATTI,
2004). Além do tipo de material, a densidade deste tende a influenciar no aumento de
capacidade de carga, sendo que quanto mais denso se encontrar, o aumento desta
característica deve ser exponencial (KOERNER, 2005).
As geocélulas são empregadas na melhoria da capacidade de carga de solos,
como uma camada redutora de tensões, na proteção de taludes contra a erosão, no
controle de erosão de canais e, em obras hidráulicas, na proteção superficial contra a
ação de fluxos tangenciais e na rebentação de onda (VERTEMATTI, 2004).

3 Desenvolvimento do estudo
O estudo divide-se em 03 fases:
1. Estudos de casos aplicando geocélulas em obras de infraestrutura;
2. Estudos de casos empregando ensaio de placa em geocélulas;

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3. Análise dos resultados encontrados pelos pesquisadores relacionados ao
uso de geocélulas como reforço do solo.

3.1 Aplicações de geocélulas em obras de infraestrutura


A empresa Salus Construções (2015), realiza obras de drenagem em áreas urbanas e
rurais, uma de suas obras foi realizada em Itabira – Minas Gerais, empregando
geocélulas como revestimento do canal VALE/SA, como mostra a Figura 2a A
empresa Deflor Bioengenharia (2015), também utilizou geocélulas em canais de
drenagem, as mesmas eram preenchidas nas interfaces, curvas, caixas de dissipação
e áreas de grande inclinação com concreto, nas demais áreas eram preenchidas com
solo e plantio de Vetiver (Figura 2b).

Figura 2 – Emprego de geocélulas em canais.

(a) (b)
Fonte: (a) Salum Construções (2015); (b) Deflor Bioengenharia (2015).

A GN Empreendimentos Ambientais (2015) e a ECO Engenharia (2015), aplicaram


as geocélulas em taludes (Figura 3), a fim de controlar a erosão e revitalizar a área.

Figura 3 – Emprego de geocélula em taludes.

(a) (b)
Fonte: (a)GN Empreendimentos Ambientais (2015); (b) ECO Engenharia (2015).

Yang et al. (2011) por meio de Testes de Pavimentos Acelerados (Accelerated


Pavement Testing – APT) buscaram testar seções de estradas não pavimentadas
reforçadas com geocélulas, com o objetivo desenvolver um design apropriado para
que se possa considerar o uso do reforço em estradas não pavimentadas além disto,
discutir a prática do uso de geocélulas inseridas neste meio. Foram construídas quatro
seções experimentais sendo que em duas destas não foram utilizados reforços e nas
demais utilizou-se geocélulas do tipo NPA (Novel Polymeric Alloy) com alturas
variadas.
Para a aplicação da carga construiu-se um eixo contendo quatro rodas, duas em
cada lado e similares as de um veículo que transmite 80 KN ao substrato, com este
cerca de 5000 passagens se deram sobre as seções montadas, 10 passagens por
minuto a uma velocidade de 11,3 Km/h, assim deformações começaram a se

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desenvolver em forma de sulcos por onde este eixo passava sendo estes mensurados
conforme a passagem do eixo. Strain Gages foram utilizados a fim de monitorar a
tensão transmitida a geocélula.
Os testes revelaram a importância da geocélula constituída com NPA onde esta
aumentou significativamente a estabilidade de seções não pavimentadas, podendo
assim, conter grande parte das deformações sujeitas ao substrato em que, segundo o
estudo, utilizando os Strain Gages, o local sobre as rodas tende a sofrer tração
enquanto que o local fora das rodas sofrerá compressão. O estudo salientou também,
a importância dada ao fato de serem mantidas intactas as estruturas da geocélula para
o seu devido funcionamento.
Asha e Latha (2004) realizaram tanto experimentos laboratoriais quanto em
campo, estes, foram divididos em três principais formas de avaliação que são estas,
aplicabilidade em conjunto com o ensaio California Bearing Ratio (CBR), construção
de um tanque nas dimensões 750 mm x 750 mm e altura de 620 mm, e por fim, a
construção de um campo experimental de 2 m x 1 m. Como base para os ensaios,
utilizou-se o próprio solo encontrado nas localidades do Instituto Indiano de Ciência,
sendo este, classificado como uma argila de baixa plasticidade para os ensaios de
CBR e tanque enquanto que, para o ensaio de campo o solo ao qual se teve como
fundação foi classificado como uma mistura entre argila vermelha e areia.
Como reforço foram-se utilizados geocélulas montadas a partir geogrelhas
biaxiais, em formato diamante. Nos preenchimentos, somente especifica-se a
granulometria do material utilizado, que no caso do CBR se encontra na faixa de 5,5
mm, no tanque foram realizadas misturas entre agregados de 26,5 mm variando até 1
mm e no campo utilizou-se agregados passantes na peneira 12,5 mm e retidos na
peneira 10 mm. Após compactação do material utilizado como subleito e colocação do
reforço com os respectivos preenchimentos, aplicou-se uma carga cíclica sobre estes
com a utilização de um pistão no caso do CBR, um macaco hidráulico para o tanque e
uma motocicleta Scooter para o campo experimental.
Através destes, observaram que reforços de geocélulas têm maior eficácia do que
reforços planares. Também observou-se que a razão em que é montada a geocélula
tende a influenciar sua capacidade de resposta à aplicação da carga, além disto, a
articulação ou método como é ligada uma geocélula a outra decide o quão eficaz será
esta é citado também que o reforço dependerá do material utilizado como
preenchimento. Constata-se a melhora, comparado a locais sem reforço e, como
geocélulas são apropriadas para a ação de confinamento.
Zhou e Wen (2007), como os demais, buscaram aplicações práticas e o
desempenho para geocélulas aplicadas em locais desfavoráveis no caso deste estudo
foram utilizados geossintéticos, geocélulas e geogrelhas, com vista em aumentar a
capacidade de carga para solos moles. Utilizaram de uma caixa confeccionada nas
dimensões de 306 cm x 118 cm e 200 cm de profundidade para a realização dos
testes, sendo esta preenchida com 6 camadas de solo mole coesivo obtidos da Qin-
shen Railway igualmente espaçados e de mesmas características.
O ensaio ocorreu este sendo dividido em 4 grupos de testes afim de examinar a
influencia dos geossintéticos sobre a fluência do solo mole, como método para teste,
foram aplicadas cargas sobre os 4 diferentes modelos montados sobre a caixa através
de um macaco hidráulico, para transferência da carga para o colchão foi utilizado uma
espécie de air bags, ao mesmo tempo que sobre o subleito havia sacos-bolhas
contendo ar, nas laterais da caixa foram usados water bags, sacos também em
formato de bolhas preenchidos com água para darem maior deformabilidade ao
conjunto. Os resultados obtidos demonstraram que a geocélula é capaz de minimizar a
fluência do solo mole dando a este maior capacidade de carga, como também, obteve-
se uma redução de 44% da deformação comparada ao subleito não reforçado.

3.2 Ensaios de placa em geocélulas

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Mandal e Gupta (1994), realizaram ensaios de placa em laboratório utilizando tanques,
solo de fundação composto por argila marinha, geocélula de polipropileno produzida
por tiras de geotêxtil, material de preenchimento empregado era areia, onde estudou-
se a variação da razão de forma da geocélula. A placa utilizada no ensaio era corrida e
possuía uma largura de 7,3cm.
Obtiveram como resposta que: a rigidez do solo aumenta com o aumento da
espessura da camada; a geocélula depois de uma relação de assentamento de 20%
exibe uma ação de membrana; a capacidade de carga aumenta com o aumento do
tamanho da abertura e a espessura da geocélula, porém menores aberturas devem
ser usadas em estrutura de baixa assentamento (ex: estrada pavimentada) e maiores
aberturas em estrada de terra.
Mhaiskar e Mandal (1996), estudaram o comportamento de um solo composto por
argila marinha com e sem reforço de geocélula. Os ensaios foram produzidos em
laboratório em dois tanques de aço. O solo era colocado nos tanques em 8 camadas
de 0,06m cada, onde eram compactadas com 3 golpes do martelo de Proctor
Modificado. Dois tipos de geocélula foram empregados no ensaio, uma composta de
geotêxtil não tecido soldadas e a outro geotêxtil tecido costurado por fio de nylon; as
alturas das células adotadas foram 10, 15, 20 e 25cm. O material de preenchimento
utilizado era areia e apresentavam densidades relativas iguais a 15 e 80%.
O ensaio de placa, foi realizado com placa retangular de dimensões iguais a 0,25
e 0,35m, a carga era aplicada por meio de um macaco hidráulico. Os resultados
encontrados foram comparados com resultados de simulações numéricas
computacionais tridimensionais obtidos por meio do software ANSYS.
Os autores concluíram que, a geocélula produzida com geotêxtil de tecido
apresentava valores de capacidade de carga superiores a geocélula produzida com
geotêxtil não tecido. Por meio da análise de elementos finitos, mostrou-se que, a
fundação com camada de reforço de geocélula apresenta uma capacidade de carga 3
vezes superior do que a fundação sem reforço e para altura crítica da geocélula o
bulbo de pressão encontra-se dentro da mesma, transferindo tensões mais baixas à
camada de fundação.
Dash et al. (2001a), realizaram estudos sobre o comportamento dos solos quando
reforçados com geocélulas. Os ensaios foram conduzidos em um tanque, o solo tanto
de fundação como de preenchimento da geocélula era composto por areia de rio.
Para o ensaio de placa, utilizou-se placa corrida que apresentavam espessura de
2,5cm, comprimento 33cm e largura igual a 10cm. As cargas foram aplicadas em
pequenos incrementos por meio de um macaco hidráulico, cada incremento era
mantido constante até que o recalque se estabilizasse.
Por meio dos ensaios Dash et al. (2001a) concluíram que: com o aumento da
densidade aumenta a capacidade de suporte do solo; as geocélula que apresentavam
formato Chevron possuíram fatores de melhora um pouco mais elevados que as
geocélula Diamante, segundo os autores, isso se deve a maior rigidez da geocélula
Chevron resultante de um maior número de articulações; as geocélulas que possuem
tamanhos de células menores oferecem melhores desempenhos de capacidade de
suporte; as alturas das geocélulas iguais a 2 vezes a largura das células proporcionam
melhoria no desempenho, a partir dessa proporção a melhoria é somente marginal;
mesmos com geocélula com tamanho igual a largura da base já há melhoria na
capacidade de suporte, a largura ideal é 4B, além disso a melhoria do desempenho é
insignificante; os resultados sugerem que, para se obter resultados mais benéficos, a
geocélula deve ser colocada no solo a uma profundidade 0,1B; as geocélula feitas de
geogrelha biaxiais com polímeros ordenados (BX), apresentaram melhores
desempenhos para assentamentos maiores; a resistência de atrito entre a geocélula e
o material de preenchimento aumenta com o aumento da densidade do solo de
preenchimento, além do que, esse solo tende a dilatar mais, mobilizando tensões mais
elevadas da camada da geocélula, melhorando assim a capacidade de carga.

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Dash et al. (2001b), realizaram ensaios de placa complementando Dash et al
(2001ª), onde um ensaio era de referência, ou seja, situação não reforçada, 3 ensaios
apresentavam variação das alturas (h) das geocélulas e 5 ensaios utilizavam
geogrelhas como reforço planar. Desses 5, 3 apresentavam geogrelha instalada
abaixo das geocélulas de diferentes alturas; um a geogrelha era empregada acima da
geocélula; e num adicionou-se uma camada de geotêxtil entre a geocélula e a
geogrelha.
Os autores chegaram à conclusão que, a adição do reforço planar de geotêxtil
melhora a capacidade de carga da fundação quando empregado abaixo da geocélula,
quando aplicado acima não apresenta um efeito muito benéfico. Porém, o efeito
somente é favorável para geocélulas que apresentem h/B no máximo igual a dois,
valores acima dessa relação o uso de geogrelha torna-se insignificante. A camada de
geotêxtil aplicada entre a geocélula e a geogrelha não apresentou bons resultados,
reduzindo a melhoria do desempenho.
Dash et al. (2003), desenvolveram ensaios de placa para analisar a melhoria de
reforços planares e celulares, utilizando um tanque; fundação de solo composta por
argila siltosa, geocélula produzidas com geogrelha de poliéster preenchidas com areia
e reforço planar de geogrelha (sozinho ou na base das geocélula).
Nos ensaios, a placa utilizada era circular, com diâmetro de 15 cm. As variáveis
estudadas eram: espessura da camada sobrejacente de areia (H); largura (b) e altura
(h) da geocélula.
Através dos resultados gerados a partir dos ensaios de placa, os autores
concluíram que, o reforço com geocélula melhora a capacidade de carga e reduz o
esforço da superfície da fundação substancialmente; há uma melhora do desempenho
global a uma altura da geocélula cerca de duas vezes o diâmetro da placa e uma
largura até b = D de 5, valores acima desses, a melhoria é apenas marginal; e a
camada adicional de geogrelha na base da geocélula aumenta a melhoria de
capacidade de carga e rigidez do leito de fundação.
Thallak et al. (2007), realizaram ensaios de placa em uma fundação de solo mole
argiloso reforçada com geocélula, produzida por geogrelha biaxial de poliéster, e
preenchida com o solo da fundação, também utilizou-se a adição de uma camada de
geogrelha na base da geocélula.
O ensaio foi executado em um tanque, onde primeiramente, colocava-se a
camada de fundação, em seguida, era montada a estrutura da geocélula e estas eram
preenchidas por meio da técnica de “pulverização de areia” a fim de se obter a
densidade do material desejada pelos autores. A placa utilizada, nos ensaios, era
circular com diâmetro de 15cm. Desses ensaios, um estudava o solo sem reforço, 7
estudavam a profundidade, 7 a largura, 4 a altura, e 3 analisavam o comportamento de
diferentes alturas com a adição de um reforço planar.
Os resultados dos ensaios indicam que o reforço de geocélula aumenta a
capacidade de carga do solo e reduz o assentamento da fundação de argila mole
substancialmente. A melhoria acentuada no desempenho, é obtida mesmo com uma
largura de geocélula quase igual ao diâmetro da placa, e a melhoria também é obtida
com a disposição de uma camada adicional de geogrelha na base.
Sireesh et al. (2009), estudaram o comportamento de um solo argiloso que
apresentava um vazio (vácuo) em seu interior, através de ensaios de placas realizadas
em laboratório. As camadas da fundação, foram preparadas, em uma caixa, nessa
deixou-se na parede lateral, a uma altura de 11cm, uma janela com diâmetro de 9,5cm
que possui a finalidade de criar o vácuo na fundação.
Durante a pesquisa foram realizados 24 ensaios de placas, no qual a placa era de
15cm de diâmetro, onde: 4 eram ensaios de referência, sem reforço; 14 apresentavam
somente reforço com geocélula; e 6 ensaios possuíam reforço planar na base da
geocélulas.
As geocélulas utilizadas eram construídas com geogrelhas biaxiais, com abertura
de malha 35mmx35mm, no formato Chevron. As mesmas foram colocadas a uma

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profundidade de 0,05 preenchidas com areia pela técnica de “pulverização de areia”,
onde alcançavam as compacidades desejadas pelos autores.
Através do ensaio de placa, os autores encontraram os seguintes resultados: com
o aumento da espessura da camada de areia, houve também, um aumento na
capacidade de carga da fundação; a capacidade de carga aumenta com o aumento da
densidade do solo de preenchimento; a largura da geocélula próxima ao dobro do
diâmetro da placa aumenta mais de 60% a capacidade de carga do solo; a capacidade
de carga da fundação aumenta com o aumento da altura da camada da geocélula; o
reforço planar de geotêxtil na base da geocélula melhora o desempenho da
capacidade de suporte da fundação, porém, a influência da camada de geotêxtil reduz
com o aumento da altura da geocélula.
Thakur et al. (2012) tendo em vista avaliar a performance e os benefícios do
reforço com geocélulas realizaram, através da construção de uma caixa em
laboratório, empregando resíduo de fresagem de rodovias como preenchimento das
geocélulas. Como subleito, uma mistura com 75% de areia e 25% de caulim tendo sua
densidade controlada no momento do preenchimento da caixa.
As geocélulas eram do tipo NPA (Novel Polymeric Alloy) uma liga polimérica que
possui características flexíveis, em baixas temperaturas, e elasticidade.
O método utilizado para teste foi através da aplicação de carga sobre este leito por
meio de uma placa com 300 mm de diâmetro e 30 mm de espessura, juntamente com
esta, acoplou-se na parte inferior uma borracha com cerca de 10 mm para simular o
contato do pneu sobre este. Cargas cíclicas com picos máximos de 40 KN foram
aplicadas por meio de um sistema hidráulico, simulando a carga dissipada através de
uma roda, além disto, a frequência da aplicação buscou simular a velocidade média de
tráfego. Strain Gages localizados em meio à geocélula foram utilizados para a aferição
da tensão dissipada verticalmente.
Os autores concluem que o resíduo RAP atende as necessidades de
preenchimento como também, os locais em que foram reforçados por meio de
geocélula contendo 0,30 m de altura tiveram um desempenho aumentado cerca de 20
vezes mais comparado aos locais sem reforço. Ganhos como estabilidade, resistência
a deformação, redução da tensão vertical também foram assinalados na pesquisa.
Referente a densidade do material esta tende a influenciar substancialmente no
desempenho da geocélula.

3.3 Análise das pesquisas


Analisando os estudos de caso empregando ensaio de placa em solo reforçado com
geocélulas, no que se refere as geocélulas todos os autores afirmam que o uso da
mesma melhora a capacidade de suporte do solo. A sua altura influencia no seu
desempenho, uma vez que a capacidade de carga aumenta com o aumento da altura.
A largura da base da geocélula também melhora a resistência do solo, porém a uma
certa largura, cujo valor diverge entre os autores, a melhora passa ser insignificante.
Avaliando o material de preenchimento das geocélulas tem-se que com o aumento
da densidade do solo/material de preenchimento, há aumento na resistência de atrito
entre a geocélula e o mesmo.
Se tratando de adição de reforços planar, seja de geotêxtil ou geogrelha, ambos
melhoram a capacidade de carga da fundação quando empregados na base da
geocélula, quando aplicados na superfície não apresentam um efeito benéfico.

4 Conclusão
Ao compararem-se diferentes estudos, mas conceitualmente similares, evidenciam-se
os vários benefícios da utilização dos materiais sintéticos, em especial as geocélulas.

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Notam-se claros acréscimos no suporte de carga dos solos, relacionados
principalmente com a abertura das geocélulas, com o aumento da rigidez do solo em
relação à espessura da camada, com a vantagem da utilização do reforço
tridimensional em comparação com os planares e ainda com o melhor desempenho do
reforço como um todo devido à densidade do material utilizado como preenchimento.
As aplicações mostraram-se favoráveis tanto em ensaios laboratoriais quanto em
empregos de campo, além de outros benefícios, como flexibilidade para acompanhar
as possíveis deformações do solo e facilidade da dissipação de poropressões.
Em virtude das vantagens apresentadas pelo material, conclui-se que a pequena
parcela de utilização no país pode-se explicar pelo fator custo devido à patentes
internacionais, tipo de materiais sintéticos e também pela falta de pesquisas e estudos
mais profundos sobre as formas de emprego.

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