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Saúde Pública

Saúde Pública, na conceção mais tradicional, é a aplicação de conhecimentos (médicos


ou não) com o objetivo de organizar sistemas e serviços de saúde, atuar em fatores
condicionantes e determinantes do processo saúde-doença controlando a incidência
de doenças nas populações através de ações de vigilância e intervenções
governamentais. Por outro lado, como destaca Rosen, a aplicação efetiva de tais
princípios depende de elementos não-médicos principalmente de fatores económicos
e sociais.

Saúde coletiva

O objetivo da investigação e das práticas da Saúde Coletiva são as seguintes


dimensões:

1. o estado de saúde da população ou condições de saúde de grupos


populacionais específicos e tendências gerais do ponto de vista epidemiológico,
demográfico, socioeconómico e cultural;
2. os serviços de saúde, enquanto instituições de diferentes níveis de
complexidade (do posto de saúde ao hospital especializado), abrangendo o
estudo do processo de trabalho em saúde, a formulação e implementação de
políticas de saúde, bem como a avaliação de planos, programas e tecnologias
utilizada na atenção à saúde;
3. o saber sobre a saúde, incluindo investigações históricas, sociológicas,
antropológicas e epistemológicas sobre a produção de conhecimentos nesse
campo e sobre as relações entre o saber "científico" e as conceções e práticas
populares de saúde, influenciadas pelas tradições, crenças e cultura de modo
geral
Saúde pública no mundo

Brasil

O estudo da Saúde Pública no Brasil necessariamente passa por uma série de nomes e
instituições como Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, o Instituto Manguinhos ou Vital Brazil,
o Instituto Butantã, Adolfo Lutz e o instituto que leva o seu nome. Instituições que se
mantêm até hoje como ilhas de competência do poder público na construção de um
sistema de saúde de natureza pública e equitativo, no Brasil, o SUS - Sistema Único de
Saúde, capaz de dar conta das ações de saúde tanto no âmbito da atenção primária e
da promoção da saúde como nas ações curativas e necessárias à reabilitação (níveis
secundário e terciário da atenção em saúde).

No início, "não havia nada" considerando-se o que poderia ter sido feito. A saúde no
Brasil praticamente inexistiu nos tempos de colônia. O modelo exploratório nem
pensava nessas coisas. O pajé, com suas ervas e cantos, a medicina dos jesuítas e os
boticários, que viajavam pelo Brasil Colônia, eram as únicas formas de assistência à
saúde. Para se ter uma ideia, em 1789, havia no Rio de Janeiro apenas quatro médicos.

Além das enfermarias de cuidados dos jesuítas as únicas instituições que podemos
destacar no vazio assistencial desse período é a criação das Santas Casas de
Misericórdia. É controversa a data de criação da primeira Santa Casa no Brasil, para
alguns autores teria sido a do porto de Santos fundada por Brás Cubas (1507-1592) em
1543 para outros teria sido a da Bahia ou de Olinda. [16]

Entre as descrições das patologias e medicamentos utilizados no Brasil Colônia


destaca-se as contribuições do médico naturalista Guilherme Piso (1611-1678), que
participou, como médico, de uma expedição nos anos 1637 - 1644 para o Brasil, com
patrocínio do conde Maurício de Nassau (1604-1679) que administrou a conquista
holandesa do nordeste do país entre 1637 e 1644. [17]. Observe-se a continuidade da
catalogação de espécies de uso medicinal, já iniciada pelos jesuítas e outros viajantes,
comparando o uso das espécies nativas às já conhecidas na farmacopeia europeia.

Com a chegada da família real portuguesa, em 1808, as necessidades da corte


forçaram a criação das duas primeiras escolas de medicina do país: o Colégio Médico-
Cirúrgico no Real Hospital Militar da Cidade de Salvador e a Escola de Cirurgia do Rio
de Janeiro. E foram essas as únicas medidas governamentais até a República. [18]

Foi no primeiro governo de Rodrigues Alves (1902-1906) que houve a primeira medida
sanitarista no país. O Rio de Janeiro não tinha nenhum saneamento básico e, assim,
várias doenças graves como varíola, malária, febre amarela e até a peste bubônica
espalhavam-se facilmente. O presidente então nomeou o médico Oswaldo Cruz para
dar um jeito no problema. Numa ação policialesca, o sanitarista convocou 1.500
pessoas para ações que invadiam as casas, queimavam roupas e colchões. Sem
nenhum tipo de ação educativa, a população foi ficando cada vez mais indignada. E o
auge do conflito foi a instituição de uma vacinação anti-varíola. A população saiu às
ruas e iniciou a Revolta da Vacina. Oswaldo Cruz acabou afastado.
Uma das mais citadas definições de Saúde Pública foi apresentada pelo americano
Charles-Edward Amory Winslow (1877–1957) fundador do Departamento de Saúde
Pública da Universidade de Yale, em 1920:

Evolução do conceito

"A arte e a ciência de prevenir a doença, prolongar a vida, promover a saúde e a


eficiência física e mental mediante o esforço organizado da comunidade. Abrangendo
o saneamento do meio, o controle das infecções, a educação dos indivíduos nos
princípios de higiene pessoal, a organização de serviços médicos e de enfermagem
para o diagnóstico precoce e pronto tratamento das doenças e o desenvolvimento de
uma estrutura social que assegure a cada indivíduo na sociedade um padrão de vida
adequado à manutenção da saúde". [3]

A persistência do uso dessa definição é reforçada pela ampla difusão da definição de


saúde da Organização Mundial de Saúde - organização internacional que propôs a
realização das Conferências Mundiais de Saúde com integração de todos os países na
persistente busca do completo bem-estar físico, psíquico e social e não penas na
ausência de doenças.

Saúde publica em Portugal

A definição de saúde da O.M.S. é uma das mais interessantes utopias. Quem a


escreveu não pode ter sido um médico, nem ninguém ligado à saúde pública, só pode
ter sido um político. Ao analisá-la cai por terra o seu significado e alcance à primeira
observação. Ninguém neste planeta consegue encaixar-se dentro daquelas balizas. A
utopia humana ao serviço da utopia política.
A saúde e o bem-estar perfeitos não existem, e nem nunca existirão, porque só o facto
de se viver em sociedade constitui uma forma de compromisso e de tensão que leva
ao desconforto e à patologia. De qualquer modo, a sociedade, construída por homens
e mulheres, necessita de pessoas saudáveis e tem de propiciar meios para que a
"saúde" possa vingar. Nenhuma sociedade e, sobretudo, nenhuma civilização
alcançaram o estatuto de soberania sem que na sua base houvesse esse respeito e
vontade de proteger a saúde dos seus cidadãos.

A saúde pública foi e continua a ser o determinante número um para o crescimento,


bem-estar e desenvolvimento civilizacional. A história ilustra de forma inquestionável
esta conquista que dá cor e honra ao conceito de humanidade.

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