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1. Conceito
Bens são todos aqueles objetos materiais ou imateriais que sirvam de utilidade
física ou ideal para o indivíduo.
2. Bens x coisas
3. Patrimônio
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3.1. Bens corpóreos e incorpóreos
Considerados em si mesmos:
I - Dos bens imóveis.
II - Dos bens móveis.
III - Dos bens fungíveis e consumíveis.
IV - Dos bens divisíveis.
V - Dos bens singulares e coletivos.
Reciprocamente considerados:
I - Bens principais.
II – Bens acessórios.
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De acordo com a titularidade:
I – Bens públicos
II – Bens particulares
Os bens imóveis são aqueles bens que não se pode transportar de um lugar para o
outro sem o destruir, conhecidos assim como bens raiz, também os bens imóveis por
determinação legal, aqueles que o código traz expresso que serão imóveis independentemente
de suas características, e aqueles bens, por características imóveis, que devido ao avanço
tecnológico da ciência de engenharia é possível sua locomoção conservando sua integridade.
O Código Civil atual descreve, no art. 79, os bens imóveis:
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente.
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ele natural como uma plantação ou uma construção de uma casa, de modo que se não possa
retirar sem destruição, modificação, fratura ou dano.
d) Imóveis por determinação legal — Aquele bem, que independentemente de
sua característica, o Código Civil traz expresso ser bem imóvel. O direito, pelo Código,
determina a natureza daquele bem mesmo que não confira com sua realidade física/material.
O código ainda traz os bens que não perdem o caráter de imóveis no art. 81:
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por
força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. Assim,
compreende os bens móveis, os bens que podem mudar de um local para outro sem causar
dano ao bem ou local.
Os bens móveis podem ser classificados por natureza, por antecipação e por
determinação legal.
a) Bens móveis por natureza: Os bens móveis por natureza são aqueles que, por
força própria ou estranha, podem ser transportados sem deterioração e se dividem em
semoventes e propriamente ditos, sendo ambos corpóreos.
I - Semoventes: São aqueles que se movem por força própria, como os animais.
II - Propriamente ditos: São aqueles que sem danificar admitem remoção por força
alheia.
b) Bens móveis por antecipação: São aqueles transformados em bens móveis pelo
ser humano tendo como finalidade o lucro, a economia. (Exemplos: fruta colhida,
madeira cortada, pedra extraída, etc). Por serem tratados como bens móveis, não
requerem escritura pública para serem comercializados.
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c) Bens móveis por determinação legal: São bens imateriais, que adquirem essa
qualidade jurídica quando o Código Civil traz expresso no art. 83:
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma
espécie, qualidade e quantidade.
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dos bens imóveis, mas também se encontra presente em alguns bens móveis como, por exemplo,
os veículos automotores (individualizados por seu chassi, placa etc). A infugibilidade poderá
resultar da natureza do bem ou mediante a vontade das partes.
O Código Civil ressalta a importância da diferenciação dos bens fungíveis e
infungíveis, diferenciando os tipos de empréstimo. No caso de bens fungíveis, o empréstimo
chama-se de mutuo (art. 586, CC/02) e em se tratando de bens infungíveis o empréstimo se
chama de comodato (art. 579, CC/02).
Ao contrário dos bens consumíveis, os bens inconsumíveis são aqueles que podem
ser usados de forma contínua e reiterados sem que isso importe na sua destruição imediata. O
bem inconsumível pode se tornar um bem consumível pela vontade do detentor, como exemplo
o vinho que é consumível, porém, pela vontade do detentor do mesmo que torna objeto de
exposição não podendo assim ser consumível ou alienada.
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua
substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam
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São divisíveis, portanto, os bens que podem sofrer divisão em partes homogêneas e
distintas sem a perda considerável de seu valor. Como exemplo uma barra de ouro partida em
duas partes, cada qual ainda será considerada ouro, ou seja, não perdeu seu caráter substancial
mesmo com a divisão.
Dispõe o art. 88 do Código Civil que os bens naturalmente divisíveis podem
tornar-se indivisíveis por duas hipóteses:
São aqueles bens no qual não é possível sua divisão sem alterar consideravelmente
seu valor econômico, de substância, qualidade ou utilidade essencial.
Os bens indivisíveis são classificados por natureza, por determinação legal ou
vontade das partes.
a) por natureza: aqueles que não se pode dividir sem diminuição do seu valor
econômico ou alteração de sua substância. Como exemplo uma motocicleta, que ao dividir no
meio, perderia seu valor econômico, alteraria sua substância e não seria mais utilizável.
b) por determinação legal: quando a lei traz expresso impedimento do bem,
como exemplo tem-se o art. 1.791, parágrafo único no qual diz que o direito à sucessão aberta
(herança) é considerado indivisível até o momento da partilha, ou seja, por mais que os bens da
herança em si sejam bens distintos, o conjunto é indivisível até o momento da partilha. Outros
exemplos que podemos extrair do texto legal são os das servidões prediais (Art. 1.386, CC/02) e
direito de hipoteca (art. 1.421, CC/02).
c) por vontade das partes (convencional): A vontade das partes definirá a
indivisibilidade do bem com um acordo/contrato. Uma hipótese legal que poderíamos dá seria a
do art. 1.320, § 1º que nos diz que se duas ou mais pessoas tiverem a posse de um mesmo bem
(ou seja, tiverem em condomínio) poderão requerer a indivisibilidade desse bem por até cinco
anos, sendo lícita sua prorrogação ulterior.
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Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si,
independentemente dos demais.
Os bens são, em regra, singulares sendo coletivos apenas por determinação legal ou
vontade das partes. São singulares, portanto, quando considerados na sua individualidade, como
um cavalo, uma árvore, uma caneta, um papel ou um crédito. Importante relevar que o bem é
singular quando observado na sua individualidade e pode se tornar coletivo quando houver
vários da mesma espécie. Essa regra não se aplica a todos, como exemplo uma caneta e uma
árvore. A árvore, agregada a outras, forma um todo, uma universalidade de fato (uma floresta),
mas a caneta só pode ser bem singular, porque a reunião de várias delas não daria origem a um
bem coletivo, ainda que reunidas, seriam consideradas de per si, independentemente das demais.
Os bens singulares podem ser classificados como:
a) Simples: são aqueles bens que, reunidos, estão ligados pela própria natureza,
como um cavalo, uma árvore.
b) Compostos: são aqueles bens que são ligadas pela indústria humana, como um
edifício.
A universalidade de fato distingue-se dos bens compostos pelo fato de ser uma
pluralidade de bens autônomos a que o proprietário dá uma destinação unitária, podendo ser
alienados conjuntamente, em um único ato, ou individualmente, na forma do citado parágrafo
único.
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A universalidade de direito tem a presença dos bens singulares incorpóreos. Nesse
caso, reúnem-se os direitos existentes sobre os bens corpóreos como, por exemplo, o direito de
herança.
A distinção fundamental entre a universalidade de fato e a de direito está em que a
primeira se apresenta como um conjunto ligado pelo entendimento particular (decorre da
vontade do titular), enquanto a segunda decorre da lei, ou seja, da pluralidade de bens corpóreos
e incorpóreos a que a lei, para certos efeitos, atribui o caráter de unidade, como na herança, no
patrimônio, etc.
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; ...
Os bens principais são aqueles que tem sua existência própria, autônoma, que
existe por si.
Quanto aos bens imóveis, o solo é o bem principal e tudo que se incorporar nele de
forma permanente é acessório. No caso dos imóveis, o bem principal é aquele para o qual se
destina um acessório. Por exemplo, a caneta é um bem principal e sua tampa um bem acessório.
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b) Civis: aqueles que aderem ao bem principal por determinação legal, não
dependendo de vinculação material. Exemplos: Juros, aluguel etc.
c) Industriais: aqueles que aderem ao principal por força de engenho humano.
Como exemplo pode ser citado um prédio que é erguido sobre um lote de terra.
4.2.2.1.1. Fruto
É toda utilidade que um bem produz de forma periódica e cuja percepção mantém
intacta a substância. Embora sejam bens acessórios, podem ser objetos de relações jurídicas
próprias. Os frutos têm duas classificações distintas:
I) Com relação à sua natureza: (segue as definições já supracitadas)
a) naturais ou verdadeiros (por exemplo a fruta de uma arvore);
b) civis (determinação legal – por exemplo o aluguel);
c) industriais (por exemplo uma caneta fabricada)
II) Com relação a vinculação com o bem principal e seu estado:
A) percebidos ou colhidos: aqueles que já foram colhidos, separados do bem
principal.
B) pendentes: aqueles que ainda estão unidos naturalmente ao bem principal.
Exemplo: uma fruta que ainda está ligada à arvore que a produziu.
C) percipiendos: aqueles que deveriam ter sido colhidos, mas ainda não foram.
D) estantes: são os frutos que já foram colhidos e encontram-se armazenados ou
acondicionados para venda.
E) consumidos: são os frutos que não existem mais por sua condição natural de
consumo ou por perecerem.
4.2.2.1.2. Produto
O produto pode ser confundido com o fruto, porém existe uma diferença.
Enquanto os frutos são bens que se reproduzem periodicamente, os produtos são
bens que se retiram da coisa desfalcando a sua substância e diminuindo a sua quantidade. Uma
fruta de uma arvore, por exemplo, ao ser colhido nascerá outro periodicamente, por isso são
tidos como frutos. Por outro lado, os minerais extraídos de uma jazida e o petróleo extraído de
um poço, são produtos por não haver essa reprodução periódica.
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O art. 95 do Código civil traz:
Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos
podem ser objeto de negócio jurídico.
4.2.2.1.3. Benfeitoria
É válido ressaltar que a benfeitoria não cria coisa nova, apenas incrementa. Como o
art. 97 do Código Civil expressa:
4.2.2.1.4. Pertenças
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se
destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Em regra, são os bens móveis que servem aos imóveis, como, por exemplo, um ar-
condicionado em um estabelecimento comercial, mas excepcionalmente, um bem imóvel
também pode ser pertença.
É importante destacar o que diz o art. 94 do Código civil:
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Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem
as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das
circunstâncias do caso.
O código Civil, na primeira parte do art. 98, considera os bens públicos como:
É válido já dizer que, para a doutrina majoritária, a definição de bem público não
deveria ser tratada pelo direito civil, tendo em vista ser esta uma vertente do direito privado.
Para eles, o mais correto seria que essa definição e classificações fossem tratadas pelo direito
constitucional e administrativo.
a) Bens públicos de uso comum: Os bens de uso comum do povo são aqueles
bens que, embora pertençam a uma pessoa jurídica de direito público, podem ser utilizados pelo
povo. Ou seja, o domínio do bem é do poder público, mas o seu uso é estendido a qualquer
pessoa do povo como, por exemplo, os mares, rios, ruas etc. Esse bem de uso comum pode ser
gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração
pertencerem como estabelece o Código Civil em seu art. 103:
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Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído,
conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
Sobre a alienação dos bens públicos o Código Civil expressa nos artigos 100 e 101:
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Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as
exigências da lei.
São aqueles bens que não pertencem a nenhum órgão ou entidade de domínio
público. Ou seja, aqueles bens que não pertença à União, aos Estados, aos Municípios, ao DF,
às autarquias, às fundações públicas de direito público, etc.
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4.4. Bens quanto à possibilidade de serem ou não comercializados: bens fora
do comércio e bem de família
O bem de família foi deslocado, no novo Código Civil, para o direito de família,
estando regulamentado nos arts. 1.711 a 1.722.
O vocábulo comércio era empregado no sentido jurídico, significando a
possibilidade de compra e venda, a liberdade de circulação, o poder de movimentação dos bens.
Coisas no comércio são, por conseguinte, as que se podem comprar, vender, trocar, doar, dar,
alugar, emprestar etc.; fora do comércio são aquelas que não podem ser objeto de relações
jurídicas, como as mencionadas.
Esse capítulo não foi reproduzido no Código de 2002.
Todavia, pode-se dizer que se encontram na situação de bens extra commercium,
por não poderem ser objeto de relações jurídicas negociais, mesmo não mencionados
expressamente, os bens:
a) naturalmente inapropriáveis: os insuscetíveis de apropriação pelo homem, como
o ar atmosférico, a luz solar, a água do mar etc.;
b) legalmente inalienáveis: bens públicos de uso comum e de uso especial, bens de
incapazes, bens das fundações, lotes rurais de dimensões inferiores ao módulo regional (Lei n.
4.947/66, art. 10, § 2º), bem de família (CC, art. 1.711), bens tombados, terras ocupadas pelos
índios (CF, art. 231, § 4º) etc.; e
c) indisponíveis pela vontade humana: deixados em testamento ou doados, com
cláusula de inalienabilidade (CC, arts. 1.848 e 1.911).
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5. Referências
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