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Coronavírus: ‘Pobres morrerão


nas portas dos hospitais’, diz o
professor da USP Miguel Srougi
‘Há pessoas que estão flertando com as trevas’, afirma um dos cirurgiões mais
respeitados do país

Henrique Gomes Batista


23/03/2020 - 04:35 / Atualizado em 23/03/2020 - 07:10

O médico Miguel Sroug prevê um colapso do sistema hospitalar brasileiro no auge da pandemia Foto: Folhapress /
Daniel Guimarães

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RIO — Aos 73 anos, Miguel Srougi, Anúncio

um dos cirurgiões mais celebrados


do país, critica a forma como o
governo federal tem conduzido a
crise do coronavírus. Para o
professor da USP, nossa A Melhor Opção para Saneamento

infraestrutura hospitalar sinaliza


Sanear Brasil ABRIR
que os mais vulneráveis ficarão sem
atendimento no pico da pandemia.

Qual é a sua perspectiva com a pandemia?

Eu sou urologista, não sou um infectologista, não posso fazer uma revisão
científica profunda. Mas vemos os dados quantitativos e eles se pautaram
por curvas que vão sendo construídas por autoridades médicas do mundo
inteiro, que acompanharam a evolução da disseminação do coronavírus
no mundo. Eles mostram que quando um país passa de cem casos, a
curva que vinha subindo de forma lenta de repente empina e, a cada dois
ou três dias, dobra os números dos casos. E nessas horas isso
desorganizou todos estes países do ponto de vista de recursos e de
capacidade para atender os doentes. Aqui no Brasil a gente está assistindo
a este processo como espectador, no mundo inteiro morrendo gente, todo
mundo assustado, e o Brasil otimista.

Quais exemplos podem servir para o Brasil?

As autoridades não estão falando mais em número de mortos, de casos,


mas em arrumar hospital, leitos. Temos exemplos emblemáticos. Estas
medidas de fazer o chamado lockdown (proibir as pessoas de saírem às
ruas) não impedem o vírus de se difundir, ela apenas achata a curva dos
casos, ela continua lentamente, e isso permite que o sistema de saúde vá
se readequando e dando apoio aos doentes. Mas estas medidas não curam
a pandemia, que só vai ser resolvida quando descobrirem remédio ou
vacina. O Brasil pôde assistir ao que ocorria na China e na Itália, e perdeu
tempo de se preparar, por exemplo, transformando fábricas para fazer
respiradores.

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sobre o coronavírus

A política atrapalha o combate ao coronavírus?

O problema do Brasil está muito claro: existem no governo federal


pessoas que estão flertando com as trevas. O presidente, de forma
incompetente e imoral, menosprezou a gravidade da pandemia, julgou
que com palavras poderia desviar a atenção popular e impedir uma
constatação óbvia: a ruína da assistência médica no Brasil,
principalmente a dos mais necessitados. Os grupos mais bem
posicionados socialmente vão sobreviver, pois têm mecanismos de defesa
mais fortes.

O Brasil já deveria estar todo em lockdown?

O lockdown representa medida extrema, que deve ser deve ser adotada o
mais cedo possível, já que a demora implica em mais pessoas infectadas e
mais mortes. Contudo, a decisão para sua implementação não é simples,
nem todos aceitam a perda da liberdade. O que se observou na presente
pandemia é que os países mais atingidos implementaram inicialmente o
distanciamento social e recorreram ao lockdown quando a situação
sanitária e social alcançou níveis críticos insustentáveis. Ao final, todos
reconhecem a pertinência dessa ação.

E quanto a nossa infraestrutura hopitalar?

Há um estudo muito curioso: nos países com mais de 10 leitos


hospitalares por mil habitantes, todos tiveram baixo índice de mortes no
coronavírus, coisa de 0,2% a 0,3%. Nos países que têm menos de 4 ou 5
leitos para cada grupo de mil habitantes, todos estão tendo alta
mortalidade. Hong Kong tem 14 leitos para cada mil habitantes, o Japão,
tem 10 leitos para cada mil habitantes e nestes países não morreu quase
ninguém. A Itália tem 3,2 leitos para cada grupo de mil habitantes e foi
esse desastre. O Brasil tem 1,95 leitos para cada mil habitantes. Estes
números mostram que na hora que chegarmos no pico, não vai ter
hospital para colocar este pessoal, não há leitos.

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Infográfico: Os números do coronavírus no Brasil e no mundo

Está correto criar leitos em estádios?

É a forma que se tem agora de rapidamente melhorar a assistência. Quem


vai sofrer mais são os pobres, mais vulneráveis. Eles vão morrer nas
portas dos hospitais, não vão conseguir entrar, muito menos receber um
tubo para respirar e sobreviver à pneumonia. O pobre vai morrer na
calçada.

O senhor prevê algum choque entre hospitais públicos e


privados?

Os hospitais já estão reduzindo o número de cirurgias eletivas, o que não


for urgente será adiado. Hospitais estão se preparando para receber
pacientes. Em áreas específicas, este pessoal é muito competente e está
fazendo isso direitinho. Mas como teremos aumentos de casos, isso pode
afetar muito. Nos últimos dez anos foram fechados de 40 mil a 50 mil
leitos no país do SUS, por falta de recursos. Um sistema combalido,
degradado em um país que tanto necessita. Os governos que recorrem aos
hospitais privados têm uma lógica, mas nenhum deles vai transformar
suas estruturas, caras e complexas, em hospitais de campanha. Mas
certamente eles terão que colaborar.

E no “day after”, qual será o legado do coronavírus?

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Na área política vai surgir um consenso claro: só as empresas privadas


não conseguem fazer um país progredir. É importante ter um Estado forte
também. Estamos vendo isso agora. Estado forte consegue conter esta
ameaça à nação e estados que não são fortes não conseguem . Aquela
história de entregar tudo para as empresas privadas não dá certo. A
grande consequência social é que as pessoas vão aprender que a
solidariedade e a compaixão são muito importantes dentro de qualquer
sociedade. A gente não pode mais ficar impassível quando um morro
despenca e morrem pessoas simples, que não têm capacidade para
sobreviver dignamente, que moram nestes locais por absoluta falta de
opção. Acho que o coronavírus vai unir a sociedade e deixar as pessoas
um pouco mais solidárias e dotadas de compaixão. Agora mesmo os fortes
estão ameaçados, os pobres vão morrer mais, mas os ricos também vão
morrer.

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