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Diário da República, 1.ª série — N.

º 52 — 16 de março de 2015 1559

Artigo 3.º funções de regulação da atividade económica dos setores


Entrada em vigor
privado, público, cooperativo e social (lei-quadro das en-
tidades reguladoras) determinou que os estatutos das enti-
A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua dades reguladoras atualmente existentes fossem adaptados,
publicação. por decreto-lei, ao disposto na referida lei.
Aprovada em 30 de janeiro de 2015. Volvida mais de uma década sobre a aprovação dos
estatutos do ICP — Autoridade Nacional de Comunica-
A Presidente da Assembleia da República, Maria da ções (ICP-ANACOM), publicados em anexo ao Decreto-
Assunção A. Esteves. -Lei n.º 309/2001, de 7 de dezembro, justifica-se também,
Promulgada em 2 de março de 2015. nesta oportunidade, refletir as alterações decorrentes da
evolução legislativa no setor das comunicações, ocorrida
Publique-se. maioritariamente em virtude do desenvolvimento do qua-
O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA. dro normativo da União Europeia.
A natureza da redenominada Autoridade Nacional de
Referendada em 5 de março de 2015. Comunicações (ANACOM), enquanto entidade adminis-
O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho. trativa independente com funções de regulação do setor das
comunicações, está há muito consolidada, pelo que importa
agora adaptar os seus estatutos às exigências decorrentes
Declaração n.º 6/2015 da lei-quadro das entidades reguladoras, assegurando a
Para os efeitos previstos no artigo 4.º da Lei n.º 24/2009, manutenção da independência e a eficiência exigíveis a
de 29 de maio, na redação que lhe foi dada pela Lei esta entidade, de forma a não comprometer a sua atuação,
n.º 19/2015, de 6 de março, declara-se que foram desig- quer enquanto autoridade reguladora independente quer
nados ou eleitos para o Conselho Nacional de Ética para nas suas funções de coadjuvação ao Governo.
as Ciências da Vida os seguintes membros: Neste contexto, os novos estatutos da ANACOM que
agora se aprovam têm presente a sua especificidade e
a) Professor Doutor António Manuel de Sousa Pereira, em particular que lhe incumbe prosseguir os fins e de-
Professora Doutora Lucília Rosa Mateus Nunes, Mestre sempenhar as funções que o direito da União Europeia
Luís António Proença Duarte Madeira, Mestre Daniel Tor- confere às autoridades reguladoras nacionais no âmbito
res Gonçalves, Professor Doutor José Tolentino Calaça de das comunicações.
Mendonça e Professor Doutor André Gonçalo Dias Pereira, Procede-se ainda à integração plena nas atribuições da
eleitos pela Assembleia da República; ANACOM da matéria do planeamento civil de emergên-
b) Professor Doutor José Manuel Silva, designado pela cia no setor das comunicações em virtude da extinção,
Ordem dos Médicos; Professor Doutor Sérgio Joaquim por fusão, da Comissão de Planeamento de Emergência
Deodato Fernandes, designado pela Ordem dos Enfermei- das Comunicações (CPEC) determinada pelo Decreto-Lei
ros; Dr.ª Maria Francisca Trigueiros Acciaioli de Avillez n.º 11/2014, de 22 de janeiro.
Corsino Caldeira, designada pela Ordem dos Biólogos; Foram ouvidos os órgãos do governo próprio das Re-
Professor Doutor Carlos Maurício Barbosa, designado giões Autónomas.
pela Ordem dos Farmacêuticos; Dr.ª Sandra Horta e Silva,
Foi promovida a audição do Conselho Nacional do
designada pela Ordem dos Advogados; Professora Doutora
Consumo.
Ana Sofia Carvalho, designada pelo Conselho de Reitores
Assim:
das Universidades Portuguesas; Professor Doutor José
Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da Cons-
Esperança Pina, designado pela Academia das Ciências de
Lisboa; Professor Doutor Jorge Manuel Matias da Costa tituição, o Governo decreta o seguinte:
Santos, designado pelo Conselho Médico-Legal do Ins-
tituto Nacional de Medicina Legal, ouvido o respetivo Artigo 1.º
conselho técnico-científico; Professor Doutor Jorge Soares, Objeto
designado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, I. P.;
c) Professor Doutor João Lobo Antunes, Professor O presente decreto-lei procede à aprovação dos estatutos
Doutor Filipe Nuno Alves dos Santos Almeida, Professor da Autoridade Nacional de Comunicações, em conformi-
Doutor Pedro Luís de Oliveira Martins Pita Barros, Pro- dade com o regime estabelecido na lei-quadro das entidades
fessora Doutora Maria Rita Aranha da Gama Lobo Xavier, reguladoras, aprovada em anexo à Lei n.º 67/2013, de 28
Dr.ª Maria Regina Amorim Tavares da Silva, designados de agosto.
por Resolução do Conselho de Ministros. Artigo 2.º
Assembleia da República, 13 de março de 2015. — Aprovação dos estatutos e referências
O Secretário-Geral, Albino de Azevedo Soares. 1 — São aprovados os estatutos da Autoridade Nacional
de Comunicações (ANACOM), anteriormente designada
de ICP — Autoridade Nacional de Comunicações, que
MINISTÉRIO DA ECONOMIA constam do presente decreto-lei e que dele fazem parte
integrante.
2 — As referências feitas ao ICP — Autoridade Na-
Decreto-Lei n.º 39/2015 cional de Comunicações constantes de lei ou contrato
de 16 de março consideram-se feitas à Autoridade Nacional de Comuni-
cações ou ANACOM.
A Lei n.º 67/2013, de 28 de agosto, que aprova a lei- 3 — O presente diploma é título bastante para compro-
-quadro das entidades administrativas independentes com vação da redenominação do ICP — Autoridade Nacional
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de Comunicações, para todos os efeitos legais, incluindo 5 — O disposto no n.º 4 do artigo 19.º dos estatutos
os de registo, devendo os serviços competentes realizar, da ANACOM, constantes do anexo ao presente decreto-
com isenção de quaisquer taxas ou emolumentos e me- -lei, quanto à remuneração dos membros do conselho de
diante simples comunicação do presidente do conselho administração da ANACOM, não prejudica as alterações
de administração, os atos necessários à regularização da de remuneração que se apliquem, de modo transversal, à
situação. globalidade das entidades públicas.
Artigo 3.º 6 — Os trabalhadores em exercício de funções na ANA-
COM à data da entrada em vigor do presente decreto-lei
Sucessão
mantêm a sua situação jurídico-funcional.
1 — A ANACOM sucede nas atribuições e competên- 7 — Até à publicação do regulamento interno previsto
cias da Comissão de Planeamento de Emergência das Co- no n.º 3 do artigo 44.º dos estatutos constantes do anexo
municações, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 34.º ao presente decreto-lei mantém-se em vigor o atual mo-
do Decreto-Lei n.º 11/2014, de 22 de janeiro. delo de cartões de identificação, aprovado pela Portaria
2 — Para efeitos do disposto no número anterior, é apli- n.º 126/2002, de 9 de fevereiro.
cável à ANACOM o regime constante dos artigos 4.º a 8.º 8 — A entrada em vigor do presente decreto-lei não
do Decreto-Lei n.º 73/2012, de 26 de março, bem como o prejudica a manutenção em vigor dos regulamentos da
que vier a ser definido em legislação especial. ANACOM, na medida em que estes os não contrariem.

Artigo 4.º Artigo 6.º


Resolução extrajudicial de conflitos Norma revogatória

1 — Cabe à ANACOM desenvolver as diligências ne- Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 5.º, é re-
cessárias ao estabelecimento de acordos de cooperação com vogado o Decreto-Lei n.º 309/2001, de 7 de dezembro, à
entidades que tenham por objeto assegurar mecanismos de exceção dos artigos 3.º e 5.º, este último na parte em que
resolução extrajudicial de conflitos ou, em alternativa, à mantém em vigor o n.º 3 do artigo 28.º do Decreto-Lei
constituição de entidades que tenham por objeto a reso- n.º 283/89, de 23 de agosto.
lução extrajudicial de conflitos de carácter especializado
no setor das comunicações, tendo por fim promover a Artigo 7.º
resolução de conflitos entre as entidades sujeitas à sua Entrada em vigor
regulação e os consumidores e demais utilizadores finais
de comunicações eletrónicas e postais. O presente diploma entra em vigor no 1.º dia do mês
2 — Os mecanismos a que se refere o número ante- seguinte ao da sua publicação.
rior devem permitir a resolução equitativa e imparcial Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 23 de
de conflitos em termos processuais simples, expeditos e dezembro de 2014. — Pedro Passos Coelho — Hélder
tendencialmente gratuitos. Manuel Gomes dos Reis — António de Magalhães Pires
3 — Compete à ANACOM definir o apoio logístico, de Lima.
financeiro, técnico e humano a prestar para efeitos do
disposto nos números anteriores e, bem assim, divulgar Promulgado em 6 de março de 2015.
os mecanismos de resolução de conflitos em causa e pro- Publique-se.
mover a adesão das entidades sujeitas à sua regulação aos
mesmos. O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
Referendado em 11 de março de 2015.
Artigo 5.º
O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho.
Disposições transitórias
1 — Os mandatos dos membros do conselho de admi- ANEXO
nistração em curso não cessam com a entrada em vigor
do presente decreto-lei, mantendo a duração inicialmente (a que se refere o artigo 2.º)
definida, sem possibilidade de renovação.
2 — O conselho fiscal em exercício à data da entrada ESTATUTOS DA AUTORIDADE NACIONAL DE COMUNICAÇÕES
em vigor do presente diploma mantém-se em funções até
à designação do fiscal único a que se refere a secção II do
CAPÍTULO I
capítulo III dos estatutos constantes do anexo ao presente
decreto-lei, cessando o respetivo mandato na data de pro- Disposições gerais
dução de efeitos da referida designação.
3 — Para efeitos do disposto no número anterior, é apli- Artigo 1.º
cável ao conselho fiscal, até à efetiva cessação de funções,
Natureza jurídica e missão
o regime constante dos estatutos do ICP — Autoridade Na-
cional de Comunicações, publicados em anexo ao Decreto- 1 — A Autoridade Nacional de Comunicações, abrevia-
-Lei n.º 309/2001, de 7 de dezembro, salvo no que respeita damente designada por ANACOM, é uma pessoa coletiva
ao estatuto remuneratório dos respetivos titulares, ao qual de direito público, com a natureza de entidade adminis-
é aplicável o disposto no número seguinte. trativa independente, dotada de autonomia administrativa,
4 — Ao estatuto remuneratório dos titulares dos órgãos financeira e de gestão, bem como de património próprio.
da ANACOM é aplicável o disposto nos n.os 5 e 6 do ar- 2 — A ANACOM tem por missão a regulação do setor
tigo 5.º da Lei n.º 67/2013, de 28 de agosto. das comunicações, incluindo as comunicações eletrónicas
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e postais e, sem prejuízo da sua natureza, a coadjuvação Governo dirigir recomendações ou emitir diretivas aos
ao Governo no domínio das comunicações, nos termos dos seus órgãos ou a qualquer trabalhador sobre a sua atividade
presentes estatutos e da lei. reguladora, nem sobre as prioridades a adotar na respetiva
3 — O âmbito de atuação da ANACOM abrange todo prossecução.
o território nacional. 2 — A ANACOM é financeiramente independente,
dotada dos recursos financeiros e humanos necessários e
Artigo 2.º adequados ao desempenho das suas funções.
Sede e delegações
3 — O disposto no n.º 1 não prejudica a coadjuvação
ao Governo no domínio das comunicações, nos termos
A ANACOM tem sede em Lisboa, podendo instalar dos presentes estatutos e da lei, bem como a definição de
delegações, agências ou qualquer outra forma de repre- orientações pelo Governo quando a ANACOM atue em
sentação no território nacional, sempre que o conselho de representação do Estado e a sujeição a aprovação prévia
administração o considerar adequado à prossecução das dos atos previstos nos presentes estatutos.
respetivas atribuições.
Artigo 6.º
Artigo 3.º
Princípio da especialidade
Regime jurídico
1 — A capacidade jurídica da ANACOM abrange a prá-
1 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, a tica de todos os atos jurídicos, o gozo de todos os direitos e
ANACOM rege-se pelo direito da União Europeia que lhe a sujeição a todas as obrigações necessárias à prossecução
seja diretamente aplicável, pelas normas constantes da lei- das suas atribuições.
-quadro das entidades reguladoras, pela legislação setorial, 2 — A ANACOM não pode exercer atividades ou usar
pelos presentes estatutos, pelos regulamentos internos e os seus poderes fora do âmbito das suas atribuições nem
demais disposições legais que lhe sejam aplicáveis. afetar os seus recursos a finalidades diversas das que lhe
2 — Sem prejuízo do disposto nos presentes estatutos estão cometidas.
e em legislação especificamente aplicável à atividade da 3 — A ANACOM não pode garantir a terceiros o cum-
ANACOM, são subsidiariamente aplicáveis, no âmbito do primento de obrigações de outras pessoas jurídicas, pú-
exercício de poderes públicos: blicas ou privadas.
a) O Código do Procedimento Administrativo e quais-
quer outras normas e princípios de âmbito geral respeitan- Artigo 7.º
tes aos atos administrativos do Estado; Princípios de gestão
b) As leis do contencioso administrativo, quando estejam
em causa atos praticados no exercício de funções públicas 1 — A ANACOM observa os seguintes princípios de
de autoridade e contratos de natureza administrativa. gestão:
a) Exercício da respetiva atividade de acordo com ele-
3 — São ainda aplicáveis à ANACOM, designada- vados padrões de qualidade;
mente: b) Garantia de eficiência económica no que se refere à
a) O regime da contratação pública; sua gestão e soluções adotadas nas suas atividades;
b) O regime da responsabilidade civil do Estado; c) Gestão por objetivos devidamente determinados e
c) Os deveres de informação decorrentes do Sistema de quantificados e avaliação periódica em função dos resul-
Informação da Organização do Estado (SIOE); tados;
d) O regime de jurisdição e controlo financeiro do Tri- d) Transparência na atuação, nomeadamente através da
bunal de Contas; discussão pública de projetos de documentos que conte-
e) O regime de inspeção e auditoria dos serviços do nham normas regulamentares e da disponibilização pública
Estado. de documentação relevante sobre as suas atividades e fun-
cionamento com impacto sobre os utilizadores e entidades
Artigo 4.º destinatárias da sua atividade, incluindo sobre o respetivo
custo para o setor regulado;
Autoridade reguladora nacional e) Respeito dos princípios da prévia cabimentação e
À ANACOM incumbe prosseguir os fins e desempenhar programação da realização de despesas subjacentes à as-
as funções que o direito da União Europeia e a legislação sunção de compromissos e aos pagamentos em atraso das
nacional confiram às autoridades reguladoras nacionais entidades públicas.
no âmbito das comunicações, incluindo, nos termos apli-
cáveis, a cooperação com a Comissão Europeia e com 2 — Na sua gestão financeira e patrimonial a ANA-
as autoridades reguladoras das comunicações dos outros COM rege-se pelos presentes estatutos, pela lei-quadro
Estados-membros da União Europeia. das entidades reguladoras e, supletivamente, pelo regime
aplicável às entidades públicas empresariais.
Artigo 5.º 3 — Os órgãos da ANACOM asseguram que os recur-
sos de que dispõem, os quais devem ser os necessários e
Independência
adequados à prossecução das suas atribuições, são admi-
1 — A ANACOM é orgânica, funcional e tecnicamente nistrados de forma eficiente, devendo sempre adotar ou
independente no exercício das suas funções e não se en- propor as soluções organizativas e os métodos de atuação
contra sujeita a superintendência ou tutela governamental que representem o menor custo na prossecução eficaz das
no âmbito desse exercício, não podendo os membros do atribuições públicas a seu cargo.
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4 — A ANACOM não pode criar ou participar na cria- o) Participar ativamente nas atividades e decisões dos
ção de entidades de direito privado com fins lucrativos, organismos de entidades reguladoras, designadamente o
nem adquirir participações em tais entidades. Organismo de Reguladores Europeus das Comunicações
Eletrónicas e o Grupo de Reguladores Europeus dos Ser-
viços Postais;
CAPÍTULO II p) Proceder à avaliação da conformidade de infraestru-
Atribuições e poderes turas de telecomunicações, de materiais e de equipamentos,
neste caso nomeadamente através de ensaios laboratoriais,
Artigo 8.º bem como definir os requisitos necessários para a sua
colocação no mercado e instalação;
Atribuições q) Promover a normalização técnica, em colaboração
1 — São atribuições da ANACOM, enquanto autoridade com outras organizações, no setor das comunicações e
reguladora, nos termos da legislação aplicável: áreas relacionadas;
r) Proceder à divulgação do quadro regulatório em vi-
a) Promover a concorrência na oferta de redes e ser- gor e das suas competências e iniciativas, bem como dos
viços; direitos e obrigações das entidades destinatárias da sua
b) Garantir o acesso a redes, infraestruturas, recursos atividade e dos utilizadores finais;
e serviços; s) Colaborar com outras entidades públicas e privadas
c) Assegurar a garantia da liberdade de oferta de redes na promoção da investigação científica aplicada às co-
e de prestação de serviços; municações;
d) Contribuir para o desenvolvimento do mercado in- t) Assegurar a realização de estudos na área das comu-
terno das redes e serviços de comunicações eletrónicas e nicações;
dos serviços postais da União Europeia; u) Prosseguir as demais atribuições que lhe sejam con-
e) Assegurar a gestão eficiente do espectro radioelétrico, feridas por lei.
envolvendo a planificação, a atribuição dos recursos es-
pectrais, a sua supervisão e a coordenação entre as radio- 2 — Incumbe ainda à ANACOM no cumprimento da
comunicações civis, militares e paramilitares; sua missão:
f) Aprovar o Plano Nacional de Numeração, nomea- a) Exercer funções de consulta à Assembleia da Repú-
damente as suas linhas orientadoras e os seus princípios blica, a pedido desta, no domínio das comunicações;
gerais, bem como assegurar a gestão eficiente dos recursos b) Coadjuvar o Governo no domínio das comunicações,
de numeração e endereçamento, incluindo a atribuição de a pedido deste e por iniciativa própria, incluindo através da
recursos e definição de condições de utilização; prestação do apoio técnico necessário e da elaboração de
g) Proceder à resolução administrativa de litígios entre pareceres, estudos, informações e projetos de legislação;
as entidades sujeitas à sua regulação, nomeadamente entre c) Participar e, a pedido do Governo, assegurar a repre-
entidades que oferecem redes ou serviços de comunicações sentação do Estado, em articulação com o Ministério dos
eletrónicas e entre prestadores de serviços postais, nos Negócios Estrangeiros, em organismos e fóruns nacionais
termos previstos na legislação aplicável; e internacionais com relevância para a respetiva atividade;
h) Proteger os direitos e interesses dos consumidores e d) Apoiar tecnicamente os organismos e serviços aos
demais utilizadores finais; quais incumbe o acompanhamento do processo de esta-
i) Assegurar o acesso ao serviço universal de comuni- belecimento e gestão da rede integrada de comunicações
cações eletrónicas e postal, designadamente garantindo o de emergência;
cumprimento das obrigações de serviço universal; e) Contribuir para a definição e permanente atualização
j) Promover a resolução extrajudicial de conflitos entre das políticas de planeamento civil de emergência no setor
entidades sujeitas à sua regulação e os consumidores e das comunicações;
demais utilizadores finais, em termos processuais simples, f) Assegurar a execução de projetos no âmbito da promo-
expeditos e tendencialmente gratuitos, dinamizando e coo- ção do acesso à sociedade digital, nomeadamente quando
perando com os mecanismos extrajudiciais de resolução envolvam a introdução ou utilização de redes e serviços
de conflitos existentes ou, por sua iniciativa ou em cola- avançados, a redução de assimetrias regionais e a adoção de
boração com outras entidades, criando outros mecanismos, medidas aplicáveis a cidadãos com necessidades especiais,
cabendo-lhe promover a adesão das entidades sujeitas à quer diretamente quer sob a forma de apoio a entidades
sua regulação; públicas ou privadas.
k) Contribuir para garantir um elevado nível de proteção
dos dados pessoais e da privacidade; 3 — Os órgãos da entidade reguladora não podem dele-
l) Assegurar que seja mantido o acesso aos serviços de gar ou concessionar a entidades públicas ou privadas, por
emergência; prazo determinado ou indeterminado, com ou sem remu-
m) Zelar pela manutenção da integridade e segurança neração, contrapartida ou renda periódica, a prossecução
das redes de comunicações públicas e dos serviços aces- de quaisquer das suas atribuições e poderes, sem prejuízo
síveis ao público, incluindo as interligações nacionais e da possibilidade de contratação de serviços e de tarefas
internacionais; de suporte e instrumentais relativamente às respetivas
n) Acompanhar a atividade das entidades reguladoras decisões.
afins e as experiências estrangeiras de regulação das co- Artigo 9.º
municações e estabelecer relações com outras entidades
Poderes
reguladoras, bem como com organismos da União Europeia
e outros organismos internacionais com relevância para a 1 — Para prosseguir as suas atribuições, a ANACOM
prossecução da sua missão; dispõe de poderes de regulamentação, supervisão, fiscali-
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zação e sancionatórios, nos termos da legislação aplicável, atribuições, bem como instruções ou outras normas de ca-
cabendo-lhe nomeadamente: ráter particular referidas a interesses, obrigações ou direitos
das entidades ou atividades reguladas ou dos utilizadores;
a) Impor obrigações específicas, designadamente às
empresas que declare com poder de mercado significativo b) Emite ordens, instruções e determinações e formula
e impor obrigações aos prestadores de serviço universal; recomendações;
b) Atribuir, alterar e revogar direitos de utilização de c) Divulga, semestralmente, um quadro estatístico sobre
frequências e de números; as reclamações dos consumidores e demais utilizadores
c) Emitir declarações e títulos de exercício da atividade, finais recebidas pela ANACOM, as entidades mais recla-
efetuar registos de prestadores de serviços e manter, atualizar madas e os resultados decorrentes da sua atuação;
e divulgar os registos das entidades sujeitas à sua regulação; d) Emite medidas técnicas de execução;
d) Emitir, no âmbito das infraestruturas de telecomu- e) Divulga informações sobre a sua atividade e sobre o
nicações em loteamentos, urbanizações, conjuntos de setor das comunicações, incluindo informação estatística;
edifícios (ITUR) e edifícios (ITED), títulos profissionais f) Publica estudos e relatórios;
de projetista e instalador, bem como certificar entidades g) Propõe e ou homologa, quando adequado, códigos
formadoras de projetistas e instaladores; de conduta e manuais de boas práticas das entidades des-
e) Prestar informação, orientação e apoio aos consu- tinatárias da sua atividade;
midores e demais utilizadores finais, cooperando reci- h) Promove processos de consulta pública e de manifes-
procamente com a Direção-Geral do Consumidor e com tação de interesse, nomeadamente no âmbito da introdução
outras entidades relevantes no âmbito da proteção dos de novos serviços ou tecnologias, possibilitando a parti-
consumidores, na promoção dos seus direitos e interesses cipação das entidades representativas dos interesses dos
no setor das comunicações; consumidores e demais utilizadores finais nos processos
f) Implementar as leis e os regulamentos, bem como de consulta e audição públicas a realizar no decurso da
os atos da União Europeia aplicáveis ao setor das comu- tomada de decisões suscetíveis de afetar os seus direitos
nicações; e interesses;
g) Verificar o cumprimento das leis, dos regulamentos i) Emite as regras técnicas que lhe compete aprovar;
e dos demais atos a que se encontram sujeitos os destina- j) Aprova os formulários que se mostrem adequados ao
tários da sua atividade; exercício das suas atribuições.
h) Verificar o cumprimento de qualquer orientação ou
determinação por si emitida, ou de qualquer outra obriga- Artigo 10.º
ção relacionada com o setor das comunicações; Procedimento regulamentar
i) Monitorizar a atividade das entidades sujeitas à sua su-
pervisão e o funcionamento dos mercados das comunicações; 1 — Os regulamentos da ANACOM devem observar
j) Inspecionar, regularmente, os registos das queixas e os princípios da legalidade, da necessidade e da clareza,
reclamações dos consumidores e demais utilizadores finais devendo ainda os regulamentos com eficácia externa res-
apresentadas às entidades destinatárias da sua atividade, peitar os princípios da participação e da publicidade.
as quais devem preservar adequados registos das mesmas; 2 — Previamente à aprovação ou alteração de regula-
k) Apreciar as queixas ou reclamações dos consumidores mentos com eficácia externa, a ANACOM deve, em simul-
e demais utilizadores finais de que tome conhecimento no tâneo, dar conhecimento do respetivo projeto ao membro
exercício das suas funções e, nos casos em que esteja em do Governo responsável pela área das comunicações e
causa o incumprimento de disposições cuja observância lhe proceder à sua divulgação na respetiva página eletrónica,
caiba supervisionar, emitir recomendações ou determinar proporcionando assim a intervenção do Governo, das en-
a adoção de medidas corretivas; tidades reguladas e outras entidades destinatárias da sua
l) Determinar ou promover a realização de auditorias e atividade, das associações de utentes e consumidores de
proceder a inspeções e inquéritos; interesse genérico ou específico na área das comunicações,
m) Solicitar as informações que considere necessárias bem como dos utilizadores e do público em geral.
ao exercício das suas atribuições, nos termos da lei; 3 — Para efeitos do disposto no número anterior, podem
n) Fiscalizar o cumprimento das obrigações a que, nos os interessados emitir os seus comentários e apresentar su-
termos da lei, regulamentos, demais normas aplicáveis gestões durante um período mínimo de 30 dias úteis, salvo
e determinações por si emitidas, os destinatários da sua se por motivos de urgência, devidamente fundamentados,
atividade se encontrem sujeitos; for definido prazo inferior.
o) Fiscalizar o cumprimento dos contratos que respeitem 4 — Findo o período de discussão pública a ANACOM
a obrigações de serviço universal ou de serviço público, elabora um relatório contendo referência às respostas rece-
quando aplicável; bidas, bem como uma apreciação global que reflita o seu
p) Praticar todos os atos necessários ao processamento entendimento sobre as mesmas e fundamente as opções
e punição das infrações às leis e os regulamentos cuja tomadas e disponibiliza-o na sua página eletrónica jun-
implementação ou supervisão lhe compete, bem como tamente com as respostas que tenham sido apresentadas
as resultantes do incumprimento das suas determinações, nos termos do presente artigo, expurgadas dos elementos
incluindo, quando aplicável, adotar medidas cautelares, fundamentadamente identificados como confidenciais.
aplicar sanções, nomeadamente sanções pecuniárias com- 5 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, o
pulsórias, e cobrar coimas. relatório preambular dos regulamentos fundamenta as de-
cisões tomadas, com necessária referência aos comentários
2 — No exercício dos seus poderes, e sem prejuízo de ou sugestões que tenham sido feitas ao projeto durante o
outros previstos na lei, a ANACOM:
período de discussão pública.
a) Elabora e aprova regulamentos nos casos previstos na 6 — Os regulamentos da ANACOM que contenham
lei e quando se mostrem indispensáveis ao exercício das suas normas de eficácia externa são publicados no Diário da
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República e imediatamente disponibilizados na página tivas atribuições e desde que isso não implique delegação
eletrónica da ANACOM, sem prejuízo da sua publicitação ou partilha das suas competências de regulação.
por outros meios considerados adequados à situação. 3 — Em matérias relacionadas com a aplicação do re-
gime jurídico da concorrência no setor das comunicações,
Artigo 11.º a ANACOM e a Autoridade da Concorrência devem coo-
perar e colaborar entre si, no respeito pelas respetivas
Procedimento aplicável às medidas com impacto
significativo no mercado atribuições.
Artigo 15.º
A adoção pela ANACOM de medidas com impacto
significativo no mercado no âmbito das comunicações Obrigações de colaboração
eletrónicas e dos serviços postais segue o regime previsto, 1 — As entidades destinatárias da atividade da ANA-
respetivamente, na Lei n.º 5/2004, de 10 de fevereiro, e na COM devem prestar toda a colaboração que esta lhes so-
Lei n.º 17/2012, de 26 de abril, alterada pelo Decreto-Lei licite para o cabal desempenho das suas funções, designa-
n.º 160/2013, de 19 de novembro, e pela Lei n.º 16/2014, damente providenciando as informações e os documentos
de 4 de abril e demais legislação aplicável. que lhes sejam solicitados, que devem ser fornecidos dentro
dos prazos, na forma e com o grau de pormenor fixado
Artigo 12.º nos termos legais.
Procedimento de fiscalização 2 — A ANACOM pode proceder à divulgação das infor-
mações obtidas, salvo se se tratar de informação abrangida
1 — A ANACOM deve efetuar pontualmente inspeções por regime legal de confidencialidade, sempre que isso
e auditorias, em execução de planos previamente aprovados seja relevante para a regulação do setor.
e sempre que se verifiquem circunstâncias que indiciem 3 — A ANACOM pode divulgar a identidade das enti-
perturbações no respetivo setor de atividade. dades públicas e privadas sujeitas a processos de investi-
2 — Para efeitos do disposto no número anterior, a gação ou sancionatórios, bem como a matéria a investigar,
ANACOM pode mandatar trabalhadores que devem ser nomeadamente quando desencadeados por efeito de queixa
portadores de um cartão de identificação, nos termos do ou reclamação, devendo nesse caso divulgar o resultado
disposto do n.º 3 do artigo 44.º. daqueles processos, quando concluídos.
3 — A ANACOM pode ainda mandatar pessoas ou
entidades especialmente qualificadas e habilitadas para
realizar ou acompanhar inspeções e auditorias, devendo os CAPÍTULO III
respetivos colaboradores ser portadores de credencial e do Órgãos
cartão de identificação referido no número anterior.
Artigo 16.º
Artigo 13.º
Órgãos
Procedimentos sancionatórios
São órgãos da ANACOM:
1 — Os procedimentos sancionatórios respeitam o prin-
cípio da audiência dos interessados, do contraditório e a) O conselho de administração;
demais princípios constantes do Código do Procedimento b) O fiscal único.
Administrativo.
2 — Os processos de contraordenação respeitam as SECÇÃO I
normas do regime-quadro das contraordenações do setor
das comunicações, aprovado pela Lei n.º 99/2009, de 4 de Conselho de administração
setembro, e demais disposições aplicáveis às contraorde-
nações do setor das comunicações e, subsidiariamente, as Artigo 17.º
normas do regime geral das contraordenações, aprovado
Função
pelo Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de outubro.
3 — Incumbe à ANACOM denunciar às autoridades O conselho de administração é o órgão colegial res-
competentes as infrações de que tome conhecimento no ponsável pela definição e implementação da atividade da
desempenho das suas funções e cuja punição não caiba ANACOM, bem como pela direção dos respetivos ser-
no âmbito das suas atribuições, bem como colaborar com viços.
essas autoridades. Artigo 18.º
Composição e nomeação
Artigo 14.º
1 — O conselho de administração é constituído por um
Cooperação com outras entidades
presidente e dois ou quatro vogais, devendo, neste último
1 — A ANACOM pode solicitar a cooperação das au- caso, um deles ser designado vice-presidente.
toridades e serviços competentes em tudo o que for ne- 2 — Os membros do conselho de administração são
cessário ao desempenho das suas funções, devendo estes designados por resolução do Conselho de Ministros, após
oferecer a cooperação necessária. audição da comissão competente da Assembleia da Repú-
2 — A ANACOM estabelece formas de cooperação blica, a pedido do Governo, que deve ser acompanhado
ou associação com outras entidades públicas ou privadas, de parecer da Comissão de Recrutamento e Seleção da
nacionais ou estrangeiras, nomeadamente com outras en- Administração Pública relativo à adequação do perfil do
tidades reguladoras ou grupos de reguladores, a nível da indivíduo às funções a desempenhar, incluindo o cumpri-
União Europeia ou internacional, quando isso se mostre mento das regras de incompatibilidade e impedimentos
necessário ou conveniente para a prossecução das respe- aplicáveis.
Diário da República, 1.ª série — N.º 52 — 16 de março de 2015 1565

3 — Os membros do conselho de administração são conselho de administração fica sujeita ao regime definido
designados de entre pessoas com reconhecida idoneidade, no Decreto-Lei n.º 71/2007, de 27 de março, alterado pela
competência técnica, aptidão, experiência profissional e Lei n.º 64-A/2008, de 31 de dezembro, e pelo Decreto-Lei
formação adequadas ao exercício das respetivas funções, n.º 8/2012, de 18 de janeiro.
competindo a sua indicação ao membro do Governo res- 6 — As situações de inerência de funções ou cargos por
ponsável pela área das comunicações. membros do conselho de administração em entidades ou
4 — A Assembleia da República, através da comissão outras estruturas relacionadas com as entidades reguladoras
competente, elabora e aprova relatório referente à audi- não conferem direito a qualquer remuneração adicional ou
ção a que se refere o n.º 2, de que dá conhecimento ao quaisquer outros benefícios e regalias.
Governo. 7 — É aplicável aos membros do conselho de adminis-
5 — A resolução de designação a que se refere o n.º 2, tração o regime geral da segurança social, salvo quando
devidamente fundamentada, é publicada no Diário da pertencerem aos quadros da função pública, caso em que
República, juntamente com uma nota relativa ao currículo lhes é aplicável o regime próprio do seu lugar de ori-
académico e profissional dos designados. gem.
6 — Em caso de designação simultânea de dois ou mais 8 — Os membros do conselho de administração exer-
membros do conselho de administração, o termo dos res- cem as suas funções em regime de exclusividade não po-
petivos mandatos não pode coincidir, devendo divergir dendo, designadamente:
entre eles pelo menos seis meses, através, se necessário, a) Ser titulares de órgãos de soberania, das regiões au-
da limitação da duração de um ou mais mandatos. tónomas ou do poder local, nem desempenhar quaisquer
7 — Não pode ocorrer a designação ou proposta de de- outras funções públicas ou profissionais, salvo o exercício
signação entre a convocação de eleições para a Assembleia de funções docentes ou de investigação, desde que não
da República ou a demissão do Governo e a investidura remuneradas;
parlamentar do Governo recém-designado, salvo se se veri- b) Manter, direta ou indiretamente, qualquer vínculo
ficar a vacatura dos cargos em causa e a urgência da desig- ou relação contratual, remunerada ou não, com empresas,
nação, caso em que a designação ou proposta de designação grupos de empresas ou outras entidades destinatárias da
de que não tenha ainda resultado designação dependem de atividade da ANACOM ou deter quaisquer participações
confirmação pelo Governo recém-designado. sociais ou interesses nas mesmas;
8 — Não pode ser nomeado quem seja, ou tenha sido, c) Manter, direta ou indiretamente, qualquer vínculo ou
membro dos corpos gerentes das empresas do setor das relação contratual, remunerada ou não, com outras enti-
comunicações nos últimos dois anos, ou seja, ou tenha sido, dades cuja atividade possa colidir com as suas atribuições
trabalhador ou colaborador permanente das mesmas com e competências.
funções de direção ou chefia no mesmo período de tempo.
9 — O provimento do presidente do conselho de admi- 9 — Os membros do conselho de administração estão
nistração deve garantir a alternância de género e o provi- sujeitos ao regime de incompatibilidades e impedimentos
mento dos vogais deve assegurar a representação mínima dos titulares de altos cargos públicos, em tudo o que não
de 33 % de cada género. esteja especificamente regulado nos presentes estatutos ou
10 — O mandato dos membros do conselho de adminis- na lei-quadro das entidades reguladoras.
tração tem a duração de seis anos, sem prejuízo do disposto
no n.º 6, e não é renovável, sem prejuízo do disposto no Artigo 20.º
número seguinte.
11 — Os membros do conselho de administração podem Comissão de vencimentos
ser providos nos órgãos da ANACOM decorridos seis anos 1 — A comissão de vencimentos funciona junto da
após a cessação do mandato anterior. ANACOM e é composta por três membros, designados
da seguinte forma:
Artigo 19.º
a) Um indicado pelo membro do Governo responsável
Estatuto pela área das finanças;
1 — Os membros do conselho de administração estão b) Um indicado pelo membro do Governo responsável
sujeitos ao regime fixado nos presentes estatutos. pela área das comunicações;
2 — A remuneração dos membros do conselho de admi- c) Um terceiro indicado pela ANACOM, que tenha
nistração integra um vencimento mensal e, para despesas preferencialmente exercido cargo num dos seus órgãos,
de representação, um abono mensal pago 12 vezes ao ano, ou, na falta de tal indicação, cooptado pelos membros
o qual não pode ultrapassar 40 % do respetivo vencimento referidos nas alíneas anteriores.
mensal.
3 — O vencimento mensal e o abono mensal para des- 2 — Na determinação das remunerações a que se refere
pesas de representação dos membros do conselho de admi- o artigo anterior, a comissão de vencimentos deve observar
nistração são fixados pela comissão de vencimentos. os seguintes critérios:
4 — A fixação nos termos do número anterior do venci- a) A dimensão, a complexidade, a exigência e a respon-
mento mensal e do abono mensal para despesas de repre- sabilidade inerentes às funções, e a necessidade de dispor
sentação dos membros do conselho de administração não de recursos humanos qualificados e de reconhecido mérito
tem efeitos retroativos, nem, tendo em conta o princípio para o respetivo exercício;
da confiança, deve ser alterada no curso do mandato. b) O impacto no mercado regulado do regime de taxas
5 — A utilização de cartões de crédito e outros instru- ou contribuições que a ANACOM aufere;
mentos de pagamento, viaturas, comunicações, prémios, c) As práticas habituais de mercado no setor das co-
suplementos e gozo de benefícios sociais pelos membros do municações;
1566 Diário da República, 1.ª série — N.º 52 — 16 de março de 2015

d) A conjuntura económica, a necessidade de ajusta- 2 — Nas situações de cessação do mandato pelo decurso
mento e de contenção remuneratória em que o País se do respetivo prazo e por renúncia, os membros do conselho
encontre e o vencimento mensal do Primeiro-Ministro de administração mantêm-se no exercício das suas funções
como valor de referência; até à sua efetiva substituição.
e) Outros critérios que entenda adequados atendendo 3 — Após o termo das suas funções, os membros do
às especificidades do setor das comunicações, designa- conselho de administração ficam impedidos, pelo período
damente o nível de complexidade técnica e regulatória de dois anos, de estabelecer qualquer vínculo ou relação
da atividade do setor e o seu ritmo de evolução, em par- contratual com as empresas, grupos de empresas ou outras
ticular no que se refere ao potencial de transformação e entidades destinatárias da atividade da ANACOM.
de inovação. 4 — Durante o período de impedimento estabelecido no
número anterior, a entidade reguladora continua a abonar
3 — Os membros da comissão de vencimentos não são
aos ex-membros do conselho de administração metade do
remunerados nem têm direito a qualquer outra vantagem
ou regalia. vencimento mensal, cessando essa compensação a partir
4 — A determinação das remunerações deve preceder do momento em que estes passem a desempenhar qualquer
o procedimento de designação a que se refere o n.º 2 do outra função ou atividade remunerada e enquanto desem-
artigo 18.º penhem essa atividade.
5 — A compensação prevista no número anterior não é
Artigo 21.º
atribuída nas situações em que os membros do conselho
Dever de transparência de administração tenham direito a pensão de reforma ou
Os membros do conselho de administração devem pres- de aposentação e optem por esta.
tar todos os esclarecimentos e todas as informações que 6 — A compensação prevista no n.º 4 não é atribuída
julguem necessários relativamente à atividade da ANA- nos casos em que o mandato do membro do conselho de
COM tendo em conta o interesse público inerente à sua administração cesse por outro motivo que não o decurso
missão, salvaguardado o disposto no artigo 45.º do respetivo prazo.
7 — Em caso de incumprimento do disposto no n.º 3,
Artigo 22.º o membro do conselho de administração fica obrigado à
Dever de reserva
devolução do montante equivalente a todas as remunera-
ções líquidas auferidas durante o período em que exerceu
1 — Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, os funções, bem como da totalidade das compensações líqui-
membros do conselho de administração não podem fazer das recebidas nos termos do n.º 4, aplicado o coeficiente
declarações ou comentários sobre processos em curso ou de atualização resultante das correspondentes taxas de
questões concretas relativas a entidades destinatárias da variação média anual do índice de preços no consumidor
atividade da ANACOM, salvo para defesa da honra pessoal apurado pelo Instituto Nacional de Estatística, I. P.
ou institucional ou para a realização de outro interesse
legítimo.
2 — Não são abrangidos pelo dever de reserva a divul- Artigo 24.º
gação da identidade das entidades sujeitas a processos de Dissolução do conselho de administração
investigação ou sancionatórios e a matéria a investigar, nos ou destituição dos seus membros
termos do disposto no n.º 3 do artigo 15.º, as declarações
relativas a processos já concluídos e a prestação de infor- 1 — O conselho de administração só pode ser dissolvido
mações que visem a realização de direitos ou interesses e a destituição de qualquer dos seus membros só pode ocor-
legítimos, nomeadamente o do acesso à informação. rer por resolução do Conselho de Ministros fundamentada
em motivo justificado.
Artigo 23.º 2 — Para efeitos do disposto no número anterior, existe
Cessação de funções motivo justificado sempre que se verifique falta grave,
responsabilidade individual ou coletiva, apurada em in-
1 — O mandato dos membros do conselho de admi- quérito instruído por entidade independente do Governo, e
nistração cessa: precedendo audição da comissão parlamentar competente,
a) Pelo decurso do respetivo prazo; nomeadamente em caso de:
b) Por morte ou incapacidade física ou psíquica perma- a) Desrespeito grave ou reiterado das normas legais e
nente ou com uma duração que se preveja ultrapassar a dos presentes estatutos, designadamente o não cumpri-
data do termo da comissão de serviço ou do período para mento das obrigações de transparência e informação no
o qual foram designados;
que respeita à atividade da entidade reguladora, bem como
c) Por incompatibilidade superveniente do titular;
d) Por renúncia, através de declaração escrita apresen- dos regulamentos e orientações da ANACOM;
tada ao membro do Governo responsável pela área das b) Incumprimento do dever de exercício de funções
comunicações; nos termos do n.º 8 do artigo 19.º ou a violação grave ou
e) Por motivo de condenação, por sentença transitada em reiterada do dever previsto no artigo 22.º;
julgado, em crime doloso que ponha em causa a idoneidade c) Incumprimento substancial e injustificado do plano
para o exercício do cargo; de atividades ou do orçamento da ANACOM.
f) Por cumprimento de pena de prisão;
g) Por dissolução do conselho de administração ou des- 3 — No caso de vacatura por um dos motivos previstos
tituição dos seus membros nos termos do artigo 24.º; no presente artigo ou no artigo 23.º, a vaga é preenchida
h) Por extinção da ANACOM. no prazo máximo de 45 dias após a sua verificação.
Diário da República, 1.ª série — N.º 52 — 16 de março de 2015 1567

Artigo 25.º b) Fixar, nas situações previstas na legislação setorial


Independência dos membros
aplicável, o montante dos encargos com a fiscalização a
suportar pelas entidades responsáveis pelas não confor-
Os membros do conselho de administração são indepen- midades verificadas;
dentes no exercício das suas funções, não estando sujeitos c) Gerir o património da ANACOM, podendo adquirir,
nesse exercício a instruções ou orientações específicas. alienar ou onerar bens móveis e imóveis e aceitar dona-
tivos, heranças ou legados a benefício de inventário, nos
Artigo 26.º termos dos presentes estatutos;
d) Elaborar o orçamento anual e assegurar a respetiva
Competências
execução;
1 — São competências do conselho de administração, e) Elaborar o relatório e contas do exercício;
no âmbito da orientação e gestão: f) Submeter à aprovação dos membros do Governo
responsáveis pelas áreas das finanças e das comunicações
a) Definir a orientação geral da ANACOM e dirigir a o plano plurianual de atividades, o orçamento e o relatório
respetiva atividade; e contas da ANACOM;
b) Aprovar os regulamentos e tomar as deliberações ne- g) Determinar a criação ou encerramento de delega-
cessários ao exercício das suas funções, nos termos da lei; ções, agências ou outras formas de representação da ANA-
c) Elaborar e aprovar pareceres; COM;
d) Elaborar o relatório de atividades e o plano plurianual h) Assegurar as condições necessárias ao exercício do
de atividades, assegurando a sua execução; controlo financeiro e patrimonial pelas entidades legal-
e) Definir e aprovar a organização interna e o funcio- mente competentes, nos termos dos presentes estatutos;
namento da ANACOM; i) Exercer as demais competências fixadas nos presentes
f) Constituir mandatários da ANACOM, em juízo e fora estatutos.
dele, incluindo com poder de substabelecer, bem como desig-
nar representantes da ANACOM junto de outras entidades; 3 — Sem prejuízo do disposto na alínea f) do n.º 1, o
g) Acompanhar e avaliar sistematicamente a atividade conselho de administração pode sempre optar por solicitar
desenvolvida, designadamente responsabilizando os dife- o apoio e a representação em juízo por parte do Ministério
rentes serviços pela utilização eficiente dos meios postos Público, ao qual compete, nesse caso, defender os interes-
à sua disposição e pelos resultados atingidos; ses da ANACOM.
h) Elaborar o balanço social, nos termos da lei apli-
cável; Artigo 27.º
i) Exercer os poderes de direção, gestão e disciplina Delegação de competências e poderes
do pessoal;
j) Praticar atos respeitantes ao pessoal previstos na lei, 1 — O conselho de administração pode deliberar delegar
nos presentes estatutos e nos regulamentos internos; competências em um ou mais dos seus membros, incluindo
k) Aprovar, ouvida a entidade à qual compete assegurar com a faculdade de subdelegação, estabelecendo em cada
a coordenação do sistema nacional de arquivos, o regula- caso os respetivos limites e condições.
2 — Sem prejuízo da inclusão de outros poderes, a
mento arquivístico da ANACOM, o qual compreende, no-
atribuição de um pelouro implica a delegação das com-
meadamente, a classificação, avaliação, seleção, remessa,
petências necessárias para dirigir e fiscalizar os serviços
eliminação e substituição de suporte de documentos;
respetivos e para praticar os atos de gestão corrente das
l) Exercer funções de consulta à Assembleia da Repú-
unidades organizacionais envolvidas.
blica nos termos dos presentes estatutos e prestar infor-
3 — Os membros do conselho de administração po-
mações e esclarecimentos sobre a respetiva atividade, nos
dem deliberar delegar determinados poderes em um ou
termos do artigo 49.º; mais dos seus trabalhadores, e autorizar que procedam à
m) Coadjuvar o Governo, nomeadamente através de subdelegação desses poderes, estabelecendo os respetivos
apoio técnico, elaboração de pareceres, estudos, informa- limites e condições.
ções e projetos de legislação; 4 — As deliberações que envolvam delegação de po-
n) Assegurar a representação da ANACOM e, a pedido deres são objeto de publicação na 2.ª série do Diário da
do Governo, do Estado, em articulação com o Ministé- República.
rio dos Negócios Estrangeiros, em organismos e fóruns
nacionais e internacionais relacionados com a respetiva Artigo 28.º
atividade, sem prejuízo do disposto nos artigos 27.º e 31.º; Funcionamento
o) Designar um secretário a quem cabe certificar os
atos e deliberações; 1 — O conselho de administração reúne ordinariamente
p) Praticar os demais atos de gestão decorrentes da uma vez por semana e extraordinariamente quando for
aplicação da lei e dos estatutos e necessários ao bom fun- convocado pelo seu presidente, por iniciativa sua ou a
cionamento dos serviços; solicitação de qualquer dos restantes membros.
q) Praticar todos os demais atos necessários à realização 2 — O conselho de administração só pode deliberar
das atribuições da ANACOM para que não seja competente validamente com a presença da maioria dos seus membros.
outro órgão. 3 — As deliberações do conselho de administração são
tomadas por maioria dos membros presentes nas respetivas
2 — São competências do conselho de administração, reuniões, cabendo ao presidente, ou a quem o substituir,
no âmbito da gestão financeira e patrimonial: quando tenha direito de voto, voto de qualidade.
4 — As reuniões do conselho de administração podem
a) Arrecadar e gerir as receitas e autorizar a realização realizar-se através de meios telemáticos, considerando-
das despesas necessárias ao seu funcionamento; -se presentes os membros do conselho que utilizem este
1568 Diário da República, 1.ª série — N.º 52 — 16 de março de 2015

recurso, desde que a ANACOM assegure a autenticidade Artigo 30.º


das declarações e a segurança das comunicações, proce- Responsabilidade dos membros
dendo ao registo do seu conteúdo e dos respetivos inter-
venientes. 1 — Os membros do conselho de administração são
5 — Consideram-se validamente convocadas as reu- solidariamente responsáveis pelos atos praticados no exer-
niões que se realizem periodicamente em local, dias e horas cício das suas funções.
preestabelecidos e ainda as reuniões cuja realização tenha 2 — São isentos de responsabilidade os membros que,
sido deliberada em reunião anterior, na presença ou com tendo estado presentes na reunião em que foi tomada a
conhecimento de todos os membros do órgão convocados deliberação, tiverem votado contra, em declaração regis-
e com indicação do local, dia e hora. tada na respetiva ata, bem como os membros ausentes
6 — Nas votações não há abstenções, mas podem ser que tenham declarado por escrito o seu desacordo, que
proferidas declarações de voto. igualmente é registado na ata.
7 — De todas as reuniões do conselho de administra-
ção é lavrada ata, a qual deve ser assinada por todos os Artigo 31.º
membros presentes, podendo os membros discordantes do
Representação e vinculação
teor das deliberações tomadas exarar na ata as respetivas
declarações de voto. 1 — A ANACOM é representada, designadamente, em
8 — O conselho de administração pode ser assessorado juízo ou na prática de atos jurídicos, pelo presidente do
por área organizacional, a quem compete, entre outras conselho de administração, por dois dos seus membros, ou
tarefas, promover as convocatórias das reuniões e elaborar por mandatários especialmente designados por eles.
as respetivas atas. 2 — A ANACOM obriga-se pela assinatura:
Artigo 29.º a) Do presidente do conselho de administração ou de
Presidente outros dois membros, se outra forma não for deliberada
pelo mesmo conselho;
1 — Compete ao presidente do conselho de adminis- b) De quem estiver habilitado para o efeito, nos termos
tração: e âmbito do respetivo mandato.
a) Convocar e presidir ao conselho de administração,
estabelecer a agenda e dirigir as suas reuniões, bem como 3 — O disposto no número anterior quanto à exigência
assegurar o cumprimento das respetivas deliberações; de assinatura não prejudica outras formas de vinculação
b) Coordenar a atividade do conselho de administra- previstas, nomeadamente, nos procedimentos aplicáveis
ção; nos organismos e fóruns nacionais e internacionais em
c) Assegurar as relações da ANACOM com a Assem- que participe.
bleia da República, o Governo, outras autoridades e os 4 — Os atos de mero expediente podem ser assinados
demais serviços e organismos públicos; por qualquer membro do conselho de administração ou por
d) Solicitar pareceres ao fiscal único; trabalhadores da ANACOM a quem tal poder tenha sido
e) Exercer as competências que lhe sejam delegadas expressamente conferido.
pelo conselho de administração;
f) Exercer as demais competências fixadas nos presentes SECÇÃO II
estatutos.
Fiscal único
2 — O presidente do conselho de administração, quando
não haja vice-presidente, designa o vogal que o substitui Artigo 32.º
nas suas ausências e impedimentos, sendo substituído, na Função
falta de tal designação, pelo vogal mais antigo ou, em caso
de igual antiguidade, pelo vogal de maior idade. O fiscal único é o órgão responsável pelo controlo da
3 — Por razões de urgência devidamente fundamenta- legalidade, da regularidade e da boa gestão financeira e
das, o presidente do conselho de administração ou quem o patrimonial da ANACOM e de consulta do conselho de
substituir nas suas ausências e impedimentos, pode praticar administração nesses domínios.
quaisquer atos da competência do conselho de administra-
ção, os quais devem, no entanto, ser sujeitos a ratificação Artigo 33.º
na primeira reunião ordinária seguinte do conselho. Designação, mandato e estatuto
4 — O presidente do conselho de administração pode
delegar ou subdelegar o exercício de parte da sua compe- 1 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, o
tência em qualquer dos restantes membros do conselho. fiscal único é designado por despacho dos membros do
5 — Sem prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo 14.º Governo responsáveis pelas áreas das finanças e das co-
do Código do Procedimento Administrativo, o presidente municações, por um período de quatro anos, não renovável.
ou quem o substituir pode vetar as deliberações do con- 2 — O fiscal único pode ser provido nos órgãos da
selho de administração que repute contrárias à lei, aos ANACOM decorridos quatro anos após a cessação de
presentes estatutos ou ao interesse público, devendo o mandato anterior.
veto ser objeto de uma declaração de voto fundamentada 3 — O fiscal único é designado obrigatoriamente de
e lavrada em ata. entre auditores registados na Comissão do Mercado de
6 — Nos casos previstos no número anterior, as delibe- Valores Mobiliários ou, quando tal não se mostrar ade-
rações só podem ser aprovadas após novo procedimento quado, de entre revisores oficiais de contas ou sociedade
decisório, incluindo a audição das entidades que o presi- de revisores oficiais de contas inscritos na respetiva lista
dente ou quem o substituir repute convenientes. da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas por despacho
Diário da República, 1.ª série — N.º 52 — 16 de março de 2015 1569

dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das 3 — Para o exercício das suas competências, o fiscal
finanças e das comunicações. único tem direito a:
4 — O fiscal único tem sempre um suplente, que é
a) Obter do conselho de administração todas as infor-
igualmente auditor registado na Comissão do Mercado
mações e esclarecimentos que considere necessários;
de Valores Mobiliários ou, quando tal não se mostrar ade-
b) Ter livre acesso a todos os serviços e à documen-
quado, revisor oficial de contas ou sociedade de revisores
tação da ANACOM, podendo requisitar a presença de
oficiais de contas inscritos na respetiva lista da Ordem dos
responsáveis e solicitar os esclarecimentos que considere
Revisores Oficiais de Contas.
necessários;
5 — No caso de cessação do mandato, o fiscal único
c) Promover a realização de reuniões com o conselho
mantém-se no exercício de funções até à efetiva substitui-
de administração para análise de questões compreendidas
ção ou emissão de despacho de cessação de funções por
no âmbito das suas atribuições, sempre que a sua natureza
parte dos membros do Governo responsáveis pelas áreas
ou importância o justifique;
das finanças e das comunicações.
d) Tomar ou propor as demais providências que consi-
6 — O fiscal único tem direito a um vencimento mensal,
dere indispensáveis.
pago 12 vezes ao ano, no valor de ¼ do vencimento mensal
fixado para o presidente do conselho de administração.
7 — O fiscal único não pode: CAPÍTULO IV
a) Manter, direta ou indiretamente, qualquer vínculo Gestão financeira e patrimonial
ou relação contratual, remunerada ou não, com empresas,
grupos de empresas ou outras entidades destinatárias da Artigo 35.º
atividade da ANACOM ou deter quaisquer participações
sociais ou interesses nas mesmas; Regras gerais
b) Manter, direta ou indiretamente, qualquer vínculo ou 1 — A ANACOM dispõe de autonomia quanto à gestão
relação contratual, remunerada ou não, com outras enti- financeira e patrimonial, a qual se traduz nas competências
dades cuja atividade possa colidir com as suas atribuições do conselho de administração para elaborar o plano pluria-
e competências; nual, o orçamento anual e assegurar a respetiva execução,
c) Manter qualquer vínculo laboral com o Estado. gerir o património, arrecadar e gerir as receitas, bem como
autorizar a realização das despesas necessárias ao seu
Artigo 34.º funcionamento.
Competência 2 — A contabilidade e o orçamento da ANACOM são
elaborados de acordo com o Sistema de Normalização
1 — Compete, designadamente, ao fiscal único: Contabilística.
a) Acompanhar e controlar com regularidade o cum- 3 — Não são aplicáveis à ANACOM as regras da conta-
primento das leis e regulamentos aplicáveis, a execução bilidade pública e o regime dos fundos e serviços autóno-
orçamental e a situação económica, financeira, patrimonial mos, nomeadamente as normas relativas à autorização de
e contabilística da ANACOM; despesas, à transição e utilização dos resultados líquidos e
b) Dar parecer sobre o relatório e contas do exercício, às cativações de verbas, sem prejuízo do disposto no n.º 5
incluindo documentos de certificação legal de contas; e do n.º 5 do artigo 49.º
c) Emitir parecer sobre a aquisição, oneração, arrenda- 4 — Os resultados líquidos da ANACOM transitam para
mento e alienação de bens imóveis; o ano seguinte, podendo ser utilizados, designadamente,
d) Emitir parecer sobre o orçamento e as suas revisões em benefício dos consumidores ou do setor regulado,
e alterações, bem como sobre o plano de atividades na salvo quando sejam provenientes da utilização de bens
perspetiva da sua cobertura orçamental; do domínio público, caso em que devem reverter para o
e) Emitir parecer sobre a aceitação de doações, heranças Estado, nos termos a definir por portaria dos membros
ou legados; do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e das
f) Emitir parecer sobre a contratação de empréstimos, comunicações.
quando a ANACOM esteja habilitada a fazê-lo; 5 — Às verbas provenientes da utilização de bens do
g) Manter o conselho de administração informado sobre domínio público é aplicável o regime orçamental e finan-
os resultados das verificações e exames a que proceda; ceiro dos fundos e serviços autónomos, designadamente em
h) Elaborar relatórios da sua ação fiscalizadora, in- matéria de autorização de despesas, transição e utilização
cluindo um relatório anual global; dos resultados líquidos e cativação de verbas.
i) Propor a realização de auditorias externas, quando 6 — À ANACOM é aplicável o regime da Tesouraria
isso se revelar necessário ou conveniente; do Estado, em particular o princípio e as regras da unidade
j) Emitir parecer sobre qualquer assunto que lhe seja de tesouraria.
submetido pelo conselho de administração, pelo Tribunal 7 — A prestação de contas rege-se, fundamentalmente,
de Contas ou outras entidades públicas encarregues da pelo disposto na Lei de Organização e Processo do Tribunal
inspeção e auditoria dos serviços do Estado; de Contas e respetivas disposições regulamentares.
k) Participar às entidades competentes as irregularidades
que detete. Artigo 36.º
Património
2 — O prazo para elaboração dos pareceres referidos
no número anterior é de 30 dias a contar da receção dos 1 — O património da ANACOM é constituído pela uni-
documentos a que respeitam, ressalvadas as situações de versalidade dos bens, direitos e obrigações que adquira ou
urgência imperiosa devidamente fundamentada pelo órgão contraia na prossecução das suas atribuições e por aqueles
ou entidade que solicita tais pareceres. que lhe sejam atribuídos por lei.
1570 Diário da República, 1.ª série — N.º 52 — 16 de março de 2015

2 — A ANACOM elabora e atualiza, anualmente, o f) As receitas provenientes da prestação de serviços,


inventário do seu património imobiliário. designadamente pelos seus laboratórios,
3 — Pelas obrigações da ANACOM responde apenas g) As receitas provenientes da emissão de certidões e
o seu património, mas os credores, uma vez executada a reprodução de documentos em qualquer suporte, bem como
integralidade do património da mesma, podem demandar dos encargos com a sua remessa;
o Estado para satisfação dos seus créditos. h) Quaisquer outras receitas, rendimentos ou valores
4 — A ANACOM rege-se pelos regimes jurídicos do que provenham da sua atividade ou que por lei ou contrato
património imobiliário público, dos bens móveis do Estado lhe venham a pertencer ou a ser atribuídos, bem como
e do parque de veículos do Estado, relativamente aos bens quaisquer doações, subsídios ou outras formas de apoio
que lhe tenham sido ou venham a ser afetos pelo Estado, financeiro;
quando existam, e pelo direito privado em relação aos i) O produto da alienação de bens próprios e da consti-
demais bens. tuição de direitos sobre eles;
Artigo 37.º j) Os juros decorrentes de aplicações financeiras.
Taxas e contribuições
2 — A ANACOM não pode recorrer ao crédito, salvo
1 — A ANACOM, nos termos da lei, cobra taxas às em circunstâncias excecionais expressamente previstas
empresas e outras entidades sujeitas aos seus poderes de na lei de enquadramento orçamental ou com autorização
regulação, bem como às empresas e outras entidades des- prévia dos membros do Governo responsáveis pelas áreas
tinatárias da sua atividade e dos seus serviços. das finanças e das comunicações.
2 — A incidência subjetiva e objetiva, o montante ou a
alíquota, a periodicidade e, quando aplicável, as isenções Artigo 39.º
e reduções, totais ou parciais, os prazos de vigência e os
Despesas
limites máximos e mínimos da coleta das taxas a que se
refere o número anterior, são fixados, ouvida a ANACOM, 1 — Constituem despesas da ANACOM as que, rea-
por portaria dos membros do Governo responsáveis pelas lizadas no âmbito da prossecução das suas atribuições e
áreas das finanças e das comunicações. competências que lhe estão cometidas, respeitem a encar-
3 — A ANACOM estabelece, por regulamento, os mo- gos decorrentes da sua atividade e à aquisição de bens do
dos e prazos de liquidação e cobrança das taxas. ativo fixo tangível e do ativo intangível.
4 — A cobrança coerciva das taxas cuja obrigação de 2 — Constituem ainda despesas da ANACOM as
pagamento esteja estabelecida na lei segue o processo de contribuições que lhe estiverem legalmente cometidas
execução fiscal, regulado pelo Código do Procedimento no âmbito do regime de financiamento da Autoridade da
e de Processo Tributário, sendo os créditos da ANACOM Concorrência.
equiparados a créditos do Estado.
5 — A cobrança coerciva de créditos prevista no número Artigo 40.º
anterior pode ser promovida pela Autoridade Tributária e
Sistema de indicadores de desempenho
Aduaneira, nos termos a definir por protocolo a celebrar,
para o efeito, entre este serviço e a ANACOM. 1 — Cabe à ANACOM adotar e utilizar um sistema
6 — Para efeitos do n.º 4, constitui título executivo bas- de indicadores de desempenho que reflita o conjunto das
tante a certidão de dívida extraída pelos serviços competen- atividades prosseguidas e dos resultados obtidos.
tes da ANACOM, nos termos e para os efeitos do disposto 2 — O sistema previsto no número anterior engloba
no Código de Procedimento e de Processo Tributário. indicadores de eficiência, eficácia e qualidade.
3 — Compete ao fiscal único aferir a qualidade dos
Artigo 38.º sistemas de indicadores de desempenho, bem como ava-
Receitas
liar, anualmente, os resultados obtidos pela ANACOM
em função dos meios disponíveis, cujas conclusões são
1 — Constituem receitas próprias da ANACOM: reportadas aos membros do Governo responsáveis pelas
áreas das finanças e das comunicações.
a) As taxas e outras receitas cobradas no âmbito da
gestão do espectro radioelétrico e do plano nacional de
numeração, nos termos da legislação setorial; CAPÍTULO V
b) As taxas e outras receitas cobradas no âmbito da
emissão de declarações de exercício da atividade, da atri- Serviços e pessoal
buição de títulos de exercício de atividade e do registo de
prestadores, bem como da fiscalização das entidades desti- Artigo 41.º
natárias da sua atividade, nos termos da legislação setorial; Serviços
c) Outras taxas cobradas às entidades destinatárias da
atividade da ANACOM, nos termos da legislação setorial; A ANACOM dispõe dos serviços administrativos e téc-
d) As taxas cobradas pela atribuição de títulos profissionais nicos organizados e aprovados pelo conselho de adminis-
e pela certificação de entidades formadoras, no âmbito das tração que sejam necessários e adequados à prossecução
infraestruturas de telecomunicações em loteamentos, urba- das suas atribuições.
nizações, conjuntos de edifícios (ITUR) e edifícios (ITED); Artigo 42.º
e) O produto da aplicação de multas contratuais, em
Regime do pessoal
conformidade com o previsto nos contratos para a prestação
de serviço público ou serviço universal, quando aplicável, 1 — O pessoal da ANACOM está sujeito ao regime
bem como das coimas aplicadas, nos termos dos regimes jurídico do contrato individual de trabalho e está abrangido
sancionatórios aplicáveis; pelo regime geral da segurança social.
Diário da República, 1.ª série — N.º 52 — 16 de março de 2015 1571

2 — A ANACOM pode ser parte em instrumentos de 5 — Em caso de cessação de funções e durante um


regulamentação coletiva de trabalho. período de dois anos os titulares de cargos de direção ou
3 — O recrutamento de trabalhadores segue procedi- equiparados da ANACOM não podem estabelecer qualquer
mento de tipo concursal que, em qualquer caso, deve ob- vínculo ou relação contratual com as empresas, grupos de
servar os seguintes princípios: empresas ou outras entidades destinatárias da atividade da
respetiva entidade reguladora.
a) Publicitação da oferta de emprego na página eletró- 6 — Em caso de incumprimento do disposto no número
nica da ANACOM e na Bolsa de Emprego Público; anterior, os titulares de cargos de direção ou equiparados
b) Igualdade de condições e de oportunidades dos can- da ANACOM ficam obrigados à devolução de todas as
didatos; remunerações líquidas auferidas, até ao máximo de três
c) Aplicação de métodos e critérios objetivos e detalha- anos, aplicado o coeficiente de atualização resultante das
dos de avaliação e seleção; correspondentes taxas de variação média anual do índice
d) Fundamentação da decisão tomada. de preços no consumidor apurado pelo Instituto Nacional
de Estatística, I. P.
4 — A adoção do regime do contrato individual de tra- 7 — Ficam excluídas do disposto no n.º 5 as situações de
balho não dispensa os requisitos e as limitações decorren- cessação de funções por caducidade de contrato de trabalho
tes da prossecução do interesse público, nomeadamente a termo, cessação de comissão de serviço, quando regres-
os respeitantes a acumulações e incompatibilidades nos sem ao lugar de origem, ou por iniciativa da ANACOM.
termos previstos no artigo seguinte.
5 — São estabelecidas por regulamento da ANACOM Artigo 44.º
as regras relativas à disciplina do trabalho, avaliação de
desempenho e mérito, código de ética e de conduta, regime Funções de fiscalização
de carreiras, estatuto remuneratório e regime de proteção 1 — Os trabalhadores da ANACOM mandatados para
social aplicável ao pessoal. o desempenho de funções de fiscalização, quando se en-
6 — As matérias constantes do número anterior podem contrem no exercício das suas funções, são equiparados
ser objeto de instrumento de regulamentação coletiva de a agentes de autoridade e gozam, nomeadamente, das se-
trabalho. guintes prerrogativas:
7 — A ANACOM deve garantir a formação contínua e
especializada dos seus trabalhadores e titulares de cargos a) Aceder a todas as instalações, terrenos, equipamentos,
de direção ou equiparados, de modo que a atuação dos infraestruturas, meios de transporte e serviços das entidades
mesmos seja reconhecida e aceite no exercício das suas sujeitas a inspeção e controlo da ANACOM e a quem com
funções e sejam cumpridas, nesta matéria, as obrigações elas colabore;
nacionais e internacionais aplicáveis. b) Inspecionar os livros e outros registos relativos às
empresas e outras entidades destinatárias da atividade da
Artigo 43.º ANACOM e a quem com elas colabore, independente-
mente do seu suporte;
Incompatibilidades e impedimentos c) Requisitar documentos para análise, bem como equi-
1 — O pessoal da ANACOM não pode: pamentos e materiais para a realização de testes;
d) Obter, por qualquer forma, cópias e extratos dos
a) Manter, direta ou indiretamente, qualquer vínculo documentos controlados;
ou relação contratual, remunerada ou não, com empresas, e) Solicitar a qualquer representante legal, trabalhador
grupos de empresas ou outras entidades destinatárias da ou colaborador das empresas ou das entidades destinatárias
atividade da ANACOM, ou deter quaisquer participações da sua atividade e a quem com elas colabore, esclareci-
sociais ou interesses nas mesmas; mentos sobre factos ou documentos relacionados com o
b) Manter, direta ou indiretamente, qualquer vínculo ou objeto e a finalidade da inspeção ou auditoria e registar
relação contratual, remunerada ou não, com outras enti- as respostas;
dades cuja atividade possa colidir com as suas atribuições f) Identificar, para posterior atuação, as entidades e os
e competências. indivíduos que infrinjam a legislação e regulamentação
cuja observância devem respeitar e que se encontram su-
2 — O disposto no número anterior é aplicável a todos jeitos à fiscalização da ANACOM;
os prestadores de serviços relativamente aos quais possa g) Reclamar a colaboração das autoridades policiais e
existir conflito de interesses, designadamente quando se administrativas competentes quando o julguem necessário
trate da prestação de serviços nas áreas jurídica e económico- ao desempenho das suas funções.
-financeira, cabendo ao conselho de administração da
ANACOM aferir e acautelar a existência de conflito. 2 — A ANACOM não está obrigada a notificar a reali-
3 — Os trabalhadores não podem prestar a terceiros, zação de inspeções às entidades destinatárias.
por si ou por interposta pessoa, em regime de trabalho 3 — Aos trabalhadores da ANACOM e às pessoas ou
autónomo ou subordinado, serviços no âmbito do estudo, entidades qualificadas devidamente credenciadas que de-
preparação ou financiamento de projetos, candidaturas ou sempenhem as funções a que se referem o n.º 1 e o n.º 3
requerimentos que devam ser submetidos à sua apreciação do artigo 12.º, são atribuídos cartões de identificação, cujo
ou decisão ou de unidades orgânicas colocadas sob sua modelo e condições de emissão constam de regulamento
direta influência. interno a aprovar pela ANACOM.
4 — Os trabalhadores não podem beneficiar, pessoal e 4 — Os cartões de identificação referidos no número
indevidamente, de atos ou tomar parte em contratos em anterior devem ter explícita a referência «Livre Trânsito»,
cujo processo de formação intervenham unidades orgânicas de forma a facilitar a investigação e a realização de todas
colocadas sob sua direta influência. as diligências necessárias à eliminação de interferências
1572 Diário da República, 1.ª série — N.º 52 — 16 de março de 2015

prejudiciais, nos termos internacionalmente definidos, em CAPÍTULO VI


redes de comunicações eletrónicas, nomeadamente as que
concorrem para o suporte da vida ou para a manutenção Transparência, aprovações prévias, responsabilidade
e controlo judicial
da integridade física de pessoas e bens.
Artigo 47.º
Artigo 45.º
Preparação do plano plurianual
Sigilo e diligência
1 — No âmbito da preparação do plano plurianual de
1 — Os titulares dos órgãos da ANACOM, respetivos atividades, a ANACOM submete anualmente a consulta
mandatários, os seus trabalhadores, bem como as pessoas pública as principais orientações estratégicas para o triénio.
ou entidades, públicas ou privadas, que lhe prestem, a título 2 — Para efeitos do disposto no número anterior, as
permanente ou ocasional, quaisquer serviços, e respetivos principais orientações estratégicas para o triénio são dis-
colaboradores, estão sujeitos, nos termos da legislação ponibilizadas na página eletrónica da ANACOM, correndo
penal e dos presentes estatutos, a sigilo profissional sobre a consulta por prazo não inferior a 20 dias úteis.
os factos cujo conhecimento lhes advenha do exercício das 3 — Findo o prazo da consulta, a ANACOM elabora o
suas funções ou da prestação dos serviços referidos e, seja respetivo relatório e disponibiliza-o na sua página eletró-
qual for a finalidade, não podem divulgar nem utilizar, em nica juntamente com os contributos recebidos.
proveito próprio ou alheio, diretamente ou por interposta
pessoa, o conhecimento que tenham desses factos. Artigo 48.º
2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, o
dever de sigilo profissional mantém-se ainda que as pessoas Aprovações prévias
a ele sujeitas, nos termos do número anterior, deixem de 1 — O orçamento, o plano plurianual de atividades e
colaborar com a ANACOM ou por qualquer forma deixem o relatório e contas da ANACOM carecem de aprovação
de estar ao seu serviço. prévia dos membros do Governo responsáveis pelas áreas
3 — Sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal das finanças e das comunicações, a qual deve ser emitida no
que dela resulte, a violação do sigilo previsto no presente prazo de 60 dias após a receção daqueles documentos.
artigo, pelos trabalhadores da ANACOM, implica para o 2 — As aprovações previstas no número anterior apenas
infrator ao exercício dos correspondentes poderes discipli- podem ser recusadas mediante decisão fundamentada em
nares laborais, e quando praticada por pessoa ou entidade ilegalidade ou, salvaguardada a independência da ANA-
vinculada à ANACOM por um contrato de prestação de COM no exercício das suas atribuições de regulação, pre-
serviços, confere ao conselho de administração o direito juízo para os fins desta ou para o interesse público.
a resolver imediatamente esse contrato sem qualquer con- 3 — Decorrido o prazo previsto no n.º 1 sem que seja
trapartida para a outra parte. proferida decisão expressa, consideram-se os respetivos
4 — As pessoas ou entidades referidas no n.º 1 estão documentos tacitamente aprovados.
ainda sujeitas ao dever de diligência sobre todos os as- 4 — Carecem ainda de aprovação prévia por parte dos
suntos que lhes sejam confiados. membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças
5 — As pessoas ou entidades referidas no n.º 1 são, para e das comunicações, sob pena de ineficácia jurídica:
efeitos de garantia da segurança da informação classificada a) A aceitação de doações, heranças ou legados;
no âmbito nacional e das organizações internacionais de b) A aquisição ou alienação de bens imóveis, nos termos
que Portugal é parte, credenciados na marca e grau de clas- da lei.
sificação de segurança exigidos pelo respetivo conteúdo
funcional e em função da informação classificada com que Artigo 49.º
trabalhem ou necessitem de conhecer para o desempenho
de funções. Prestação de informações
1 — No primeiro trimestre de cada ano de atividade a
Artigo 46.º ANACOM apresenta na comissão parlamentar competente
Mobilidade da Assembleia da República o plano plurianual de ativida-
des e a programação do seu desenvolvimento.
1 — A ANACOM pode solicitar, para o exercício de 2 — O membro do Governo responsável pela área das
funções na mesma, a colaboração de trabalhadores da comunicações pode solicitar informações à ANACOM
administração direta, indireta e autónoma do Estado, das sobre a execução do plano plurianual de atividades e do
entidades administrativas independentes e de outras enti- orçamento.
dades públicas, através do recurso aos meios legalmente 3 — Anualmente a ANACOM envia à Assembleia da
aplicáveis em termos de mobilidade. República e ao Governo o relatório de atividades.
2 — A designação de trabalhadores da ANACOM na 4 — Os membros do conselho de administração devem
situação inversa à prevista no número anterior está sujeita apresentar-se, sempre que lhes for solicitado, perante a co-
a autorização do conselho de administração. missão parlamentar competente, para prestar informações
3 — Os trabalhadores da ANACOM, bem como os tra- ou esclarecimentos sobre as suas atividades.
balhadores referidos no n.º 1, podem ser destacados para 5 — Sem prejuízo das obrigações anuais inscritas na
prestar funções em instituições da União Europeia ou em lei que aprova o Orçamento do Estado, a ANACOM
entidades e organismos estrangeiros e internacionais com deve observar o disposto no artigo 67.º da lei de enqua-
atribuições na área das comunicações, mediante autoriza- dramento orçamental, aprovada pela Lei n.º 91/2001, de
ção do conselho de administração. 20 de agosto.
Diário da República, 1.ª série — N.º 52 — 16 de março de 2015 1573

Artigo 50.º instrução dos correspondentes pedidos e condições para


Responsabilidade jurídica
a obtenção dos efeitos jurídicos pretendidos com o pe-
dido;
1 — Os titulares dos órgãos da ANACOM e os seus tra- b) Meios de pagamento por via eletrónica das taxas
balhadores e agentes respondem civil, criminal, disciplinar devidas, quando seja caso disso;
e financeiramente pelos atos e omissões que pratiquem no c) Informação completa sobre a disciplina jurídica dos
exercício das suas funções, nos termos da Constituição e procedimentos administrativos que se podem realizar atra-
demais legislação aplicável. vés da página eletrónica;
2 — A responsabilidade financeira é efetivada pelo Tri- d) Informação sobre os meios de reação judiciais e
bunal de Contas, nos termos da respetiva legislação. extrajudiciais de resolução de eventuais litígios.
3 — A ANACOM pode assegurar a cobertura de riscos
profissionais associados ao exercício das funções dos titu- Decreto-Lei n.º 40/2015
lares dos seus órgãos, dos seus trabalhadores e dos titulares
de cargos de direção ou equiparados. de 16 de março
4 — Quando sejam demandados judicialmente por ter- A Lei n.º 67/2013, de 28 de agosto, que aprova a lei-
ceiros nos termos do n.º 1, os titulares dos órgãos da ANA- -quadro das entidades administrativas independentes com
COM e os seus trabalhadores têm direito a apoio jurídico funções de regulação da atividade económica dos setores
assegurado pela ANACOM, sem prejuízo do direito de privado, público e cooperativo (lei-quadro das entidades
regresso desta nos termos gerais. reguladoras) veio reconhecer como entidade reguladora,
para efeitos de aplicação do regime jurídico ali contido,
Artigo 51.º o Instituto Nacional de Aviação Civil, I. P. (INAC, I. P.).
Controlo judicial O reconhecimento legal expresso relativamente à natu-
reza jurídica do INAC, I. P., enquanto entidade reguladora
1 — A atividade de natureza administrativa dos órgãos independente permite conferir-lhe um estatuto que acolhe,
e agentes da ANACOM fica sujeita à jurisdição adminis- formalmente, as atribuições que materialmente já estavam
trativa, nos termos da respetiva legislação. cometidas àquele Instituto e que já vinham sendo exer-
2 — As sanções por infrações contraordenacionais são cidas, sob a supervisão direta de entidades e organismos
passíveis de recurso para o Tribunal de Concorrência, internacionais e europeus de que o Estado Português faz
Regulação e Supervisão. parte, e relativamente aos quais assumiu responsabilidades,
3 — Das decisões proferidas no âmbito da resolução no âmbito do transporte aéreo e do setor da aviação civil.
de litígios cabe recurso para os tribunais, nos termos pre- Neste contexto, e em cumprimento do disposto no n.º 2
vistos na lei. do artigo 3.º da referida lei impõe-se agora, por um lado,
Artigo 52.º reafirmar os objetivos da autoridade nacional em matéria
Página eletrónica de aviação civil e, por outro, reequacionar os meios organi-
zativos e os poderes de autoridade vigentes, à luz do novo
1 — A ANACOM deve disponibilizar um sítio na Inter- regime jurídico enquadrador das entidades reguladoras.
net, com todos os dados relevantes, nomeadamente: Importa referir que a complexidade dos problemas do
a) Os atos da União Europeia e a legislação nacional setor da aviação civil internacional, nos planos técnico e
que lhe sejam especificamente aplicáveis, incluindo a lei- económico, requer a existência de mecanismos que pro-
-quadro das entidades reguladoras, bem como o diploma movam, desde logo, o reconhecimento da atividade de
de criação, os estatutos e regulamentos internos; regulação e supervisão da autoridade nacional da aviação
b) A composição dos seus órgãos, incluindo os respe- civil, a existência de processos internos de atuação efica-
tivos elementos biográficos e valor das componentes do zes, de modo a promover o desenvolvimento continuado
estatuto remuneratório aplicado; deste setor económico, que se apresenta como um mercado
c) Os planos plurianuais, os relatórios de atividades e promissor para os investidores privados e para o emprego
o balanço social; qualificado, e ainda a adequada resposta à crescente pri-
d) Orçamentos e relatórios e contas; vatização do setor, factos perante os quais urge garantir
e) Informação referente à sua atividade regulatória e uma regulação robusta, isenta e independente, sendo essa
sancionatória, nomeadamente os regulamentos e as deli- uma realidade distinta daquela hoje verificada, por força
berações emitidos; de insuficiências estatutárias e orgânicas do INAC, I. P.
f) Informação estatística sobre o setor e de apoio à sua Importa assim adaptar, de forma simples e eficaz, os
atividade; estatutos do INAC, I. P., ao novo quadro jurídico aprovado
g) O mapa de pessoal, sem identificação nominal, e pela referida lei, aumentando a autonomia, a flexibilidade
respetivo estatuto remuneratório e sistema de carreiras. de gestão e as responsabilidades da entidade reguladora
para a aviação civil, simplificando os processos de deci-
2 — A página eletrónica serve de suporte para a divul- são, desburocratizando os procedimentos, designadamente
gação de modelos e formulários para a apresentação de no domínio financeiro e quanto à contratação externa de
requerimentos por via eletrónica, visando a satisfação dos quadros especializados.
respetivos pedidos e obtenção de informações online, nos Importa realçar que, por exigências internacionais, o
termos legalmente admitidos. pessoal que exerce funções de inspeção, auditoria e inves-
3 — Para efeitos do disposto no número anterior, deve tigação nesta entidade deve possuir experiência acumulada
a página eletrónica da ANACOM disponibilizar: enquanto pilotos, controladores de tráfego aéreo, técnicos
de manutenção aeronáutica, ou outras carreiras técnicas
a) Informação clara e acessível a qualquer interessado altamente especializadas, pelo que a entidade reguladora
sobre os documentos necessários para a apresentação e da aviação civil tem de recorrer, necessariamente, a traba-

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