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De modo geral, a oponibilidade pressupõe a cognoscibilidade, ou seja, só se pode opor aquilo que,
antes de ser oposto pudesse ser previamente conhecido.
Pressupõem-se assim a publicidade, pois, em geral só se pode opor aquilo que é publico, ou seja,
que possa ser conhecido. Há, no entanto, situações onde se obtém oponibilidade mesmo que a
situação não pudesse ser anteriormente conhecido antes de ser oposto.
1º - Espontânea: Quando o meio que se utiliza para dar conhecimento não está especialmente
concebido para esse efeito
2º - Provoca: Quando é feita por meios próprios que existem para dar conhecimento
2.1º - Registal – Esta da a conhecer uma situação jurídica global e não apenas um simples
acontecimento. Ex: Registo Predial
2.2º - Não Registal – Apenas da a conhecer um acontecimento. Ex: Diário da República
3º - Registo Predial
Segundo o seu Art.1º, a função do registo predial é dar publicidade à situação jurídica dos imoveis.
Este registo contém dois tipos de informação, uma é a descrição do imóvel e a segunda é os factos
que sucederam sobre esse imóvel. As estas últimas chamam-se inscrições.
Ora são as inscrições que beneficiam da presunção do Art.7º, sendo que, a descrição do imóvel
não beneficia desta presunção, e como tal, ninguém pode invocar direitos pelo facto de aquele
imóvel não ter as caraterísticas descritas no registo.
O registo predial é dotado de fé publica, ou seja, quem consulta o registo pode assumir que o que
la esta inscrito é a reprodução fiel daquilo que realmente aconteceu sobre o dito imóvel.
Ora O pedido de registo é sempre submetido a uma apreciação por parte da conservatória, ou
seja, o registo não é feito automaticamente.
A esta apreciação chama-se Qualificação, e consiste no juízo formulado pela conservatória acerca
da viabilidade do registo. Esta apreciação não se limita aos aspetos do registo, mas analisa também
a validade formal dos documentos apresentados e a validade substancial. Assim, tudo o que possa
impedir a produção de efeitos, ou interferir com a validade do próprio ato sujeito a registo deve ser
apreciado pela conservatória.
Esta qualificação esta, no entanto, limitada em função dos documentos apresentados e dos
registos anteriores (Art.68º do Cod.Predial), não podendo recorrer a outros meios de prova. Por sua
vez, a conservatória só pode fundamentar a recusa de registo com fundamento num dos casos
previsto no Art.69º.
3.2º - O Registo
Terminada a qualificação este pode tomar uma de duas decisões:
A) Recusa o registos com fundamento nos casos previstos do Art. 69º
B) Regista.
O registo pode ser um de dois tipos:
1º - Definitivo (Aqueles que tem prazos longos)
2º - Provisório (Estes tem prazos de 6 meses)
2.1º - Por Natureza: É assim quando a lei o define (Art. 92º do Cod.Predial)
2.2º - Por Duvida: É assim quando o conservador tenha dúvidas sobre a viabilidade do pedido de
registo.
Ora, o provisório por duvidas não faz fé-publica, pois, tal como o próprio nome indica, o próprio
conservador ter dúvidas sobre a viabilidade do registo, não faz sentido que lhe seja dado esse
efeito.
Por sua vez, segundo o Art.7º do Cod.Predial, só o registo definitivo é que é dotado de fé-publica.
No entanto, tem-se entendido que o Provisório por natureza também é dotado de fé-publica na
medida em que o pode ser.
4º - Direito de Propriedade
O direito de propriedade é visto como o principal direito real.
Em rigor, não é possível dar-se uma definição de direito de propriedade, uma vez que este apenas
se consegue delimitar pela negativa. Este é aquele que atribui todos os poderes e faculdades que a
lei não tiver retirado.
A definição de propriedade data no CC, é de que a propriedade é aquele direito que atribui
plenamente o uso, a fruição e a disposição.
No entanto, não é impossível que exista propriedade, sem que se verifique um desses elementos.
Ex: Se o proprietário constitui usufruto, este não deixa de o ser, apesar de não ter uso ou fruição
Tal como esta no CC, o direito de propriedade esta concebido para incidir sobre coisas corpóreas.
Dai se extrai, que o mesmo sucede para os outros direitos reais, uma vez que, o direito de
propriedade é a matriz de todos os outros. Assim, por exemplo, o Usufruto só possa incidir sobre
coisas corporais.
Ora, existem disposições no CC, que no entanto parecem desmentir esta ideia de que os direitos
reais apenas podem incidir sobre coisas corporais (ex: 1467º). Nestas situações, tem-se entendido
que estes não são direitos reais
Outra caraterística do direito de propriedade, que se retira do Art.1307 nº2, é que esta é um
direito tendencialmente perpetuo. Assim, este não pode ser temporário.
Este só pode ser temporário em duas hipóteses (não unanimes):
Os casos de propriedade superficiária.
Este é o direito de usar o solo de pessoa alheia com vista a construir ou plantar. Feita uma das
duas, estas coisas pertencem ao superficiário. Estes tem assim dois direitos, o de sobre o solo
superfície e de propriedade sobre a coisa de construiu ou plantou.
Este direito, posse ser construído temporariamente ou perpetuamente.
Se este for temporário, a propriedade sobre a construção ou sobre a plantação também é
temporária, uma vez que, findo o prazo, este direito transfere-se para o dono do solo (Art.1538º).
Quando através de testamento tenha sido instituída a substituição fideicomissária.
Ex: A proprietário de X, por testamento designa um sucessor (B) e ao mesmo tempo nomeia C para
este suceder quando B falecer.
Assim quando B falecer, o bem vai passar a pertencer a C e não aos herdeiros de B.
Por isso, a propriedade de B é temporária.
Porquê?
Juridicamente os sucessores mortis causa podem ser de duas espécies, ou herdeiros ou legatários.
Os legatários são aqueles que sucedem em bens determinados. Os herdeiros são aqueles que
sucedem em bens indeterminados.
Os legatários são credores da herança, e por isso tem o direito de exigir aos herdeiros o que lhes
foi deixado.
Os herdeiros, juridicamente, são tidos como continuadores do autor da susceção, logo,
juridicamente, é como fossem a mesma pessoa. É por isto que a propriedade se pode afirmar como
perpetua.
Ora, no caso, B não tem continuadores para aquele bem, uma vez que, quando este falecer, o bem
ira passar para C.
4.1º - Self-Ownership
Tem-se perguntado se nos somos o corpo, ou se o corpo apenas é um instrumento ao serviço de
cada um?
De ponto de vista jurídico, o corpo pertence a cada um, ou seja, nos somos donos do nosso corpo.
No entanto, dizer que somos donos do nosso próprio corpo, não significa ser dono no sentido de
proprietário.
Se ser dono significa sermos proprietários, iria implicar que estávamos sujeitos ao regime da
propriedade e todas as consequências que esse regime implica.
Para evitar os exageros desta for de ver o corpo humano, tem-se entendido que a pertença do
corpo humano é um direito de personalidade.
Pode perguntar-se se, quando uma parte do corpo é separada, se o direito que incide sobre esta é
o direito de propriedade ou não. A resposta é afirmativa, desde que, essas partes tenham sido
licitamente retiradas.
5º - Contitularidade (Compropriedade)
Distinção de comunhão em mão comum e comunhão por quotas
Na comunhão em mão comum, a contitularidade é apenas o efeito da existência de uma outra
comunhão (Social) que serve de fundamento a contitularidade.
Ex: Terrenos baldios. Estas são os terrenos que pertencem a um grupo designado de pessoas,
designadamente as pessoas de uma determinada freguesia.
Nestas situações, ninguém tem direitos individuas de participação e por isso, ninguém pode
alienar individualmente as suas percentagens de participação enquanto esta realidade subsistir.
Por sua vez, na comunhão por quotas cada contitular tem um direito de participação expresso
numericamente que permite praticar atos de alienação ou de oneração.
Distinção entre comunhão pro diviso ou comunhão pro indiviso
Na comunhão pro indiviso, o direito de cada um dos contitulares incide sobre a totalidade da
coisa, sem individualizar alguma parte.
Ex: Se duas pessoas são comproprietários de um terreno, as duas são titulares da totalidade do dito
terreno. Ainda que dividam o seu uso, não significa que deixem de ser comproprietários do terreno
no seu todo.
Na comunhão pro diviso, o direito de cada um dos titulares incide sobre parte especifica da coisa
comum.
Ex: Paredes de Meação
6º - Propriedade Horizontal
A propriedade horizontal resulta de uma união entre a propriedade individual e a
compropriedade.
Esta esta pensada para um edifício juridicamente fracionado em unidades autónomas (frações
autónomas), propriedade singular de uma pessoa e com partes comuns do edifício que se
encontram ao serviço das frações e que pertencem a todos os proprietários dessas frações.
Esta serve igualmente para quando estamos presentes um conjunto de edifícios que entre eles
tenha partes comuns (Art.1438º-A).
6.1º - Constituição
A constituição da propriedade horizontal deve respeitar requisitos materiais e requisitos jurídicos.
Requisitos Materiais (Art.1415º)
É necessário que a parte que se pretenda autonomizar, permita uma utilização independente das
outra e que essa não interfira com as outras.
Requisitos Jurídicos (Art’s 1417 e 14128º)
Negócio unilateral.
Esta supõem que o edifício esteja e compropriedade, e que os comproprietários queiram dividir o
objeto da compropriedade, mas que essa seja feita através da constituição da propriedade
horizontal.
Usucapião.
Supõem-se que existe um regime de compropriedade e que os comproprietários se tenham
comportados, durante os prazos do usucapião, como certa fração pertence-se a cada um deles
exclusivamente. No entanto, até que os prazos se verifiquem, estes não deixam de ser
comproprietários.
Por decisão judicial.
Ora, o título constitutivo da propriedade horizontal deve especificar ao pormenor cada fração, isto
porque, existe uma presunção que tudo o que não seja identificado como fração, é parte comum.
Se esta especificação não for feita com este tipo de pormenor, corre-se o risco de algo que deveria
ser excluído da compropriedade não o ser.
O título constitutivo, pode também, designar o fim a que se destina cada fração comum. No
entanto, esta não é obrigatória, sendo que, esta menção é obrigatória sim no projeto de construção
que foi aprovado, uma vez que a sua aprovação pela Camara Municipal fica dependente do seu fim.
Havendo divergência entre o que esta entre o título e o projeto, prevalece o que esta no projeto, e
o título é nulo nesse ponto me que esteja desconforme.
7º - Usufruto
O Usufruto, é aquele direito que da ao Usufrutuário os poderes de usar e fruir uma coisa
(Art.1439º). Este pode também transmitir ou onerar o seu direito de usufruto pela duração que o
usufruto tiver (Art.1444º). Salvo se o pacto constitutivo impedir algum desses atos.
Este não tem, no entanto, o poder de disposição material, ou seja, não pode alterar a forma ou a
substância da coisa. Quando ao que significa a alteração da forma, tem-se entedio que isto significa
que o usufrutuário não pode alterar a estrutura material da coisa. Quanto a substância, isto
significa que este não pode alterar o valor económico da coisa.
No entanto, se a alteração da forma for benéfica para o proprietário, esta não tem quaisquer
consequência para o usufrutuário, podendo até gerar uma obrigação de restituir com fundamento
no enriquecimento sem causa contra o proprietário.
Se por sua vez, a alteração prejudica a forma ou a substância esta pode ter consequência. Sendo a
alteração prejudicial, mas sem que seja substancial, haverá no máximo responsabilidade extra-
obrigacional para o usufrutuário. Por sua vez, se a alteração prejudicial for considerável, o
proprietário pode exigir que a coisa lhe seja a ele restituída ou entregue a 3º, ficando o usufrutuário
apenas com direito aos rendimentos da coisa, pressupondo que este existam. O usufrutuário perde,
assim, o poder de usar a coisa.
Quanto ao tempo de duração do Usufruto, este pode ser estabelecido de forma vitalícia, ou seja
até a morte do usufrutuário. Por sua vez pode também ser estabelecido no prazo máximo de 30
anos. Por sua vez, sendo este um direito intuitu personae, ou seja, é concedido em atenção a
pessoa do usufrutuário. Logo, quando o usufrutuário morre este direito extingue-se.
Pode o Usufruo ser constituído a favor de mais do que uma pessoa.
Quando assim seja, se o usufruto delas todas for exercido simultâneo, aplica-se a esta as regras da
compropriedade uma vez que estamos perante um caso de contitularidade.
Por sua vez admite-se o chamado Usufruto sucessivo. Este ocorre quando temos vários
usufrutuários em simultâneo, mas o exercício do seu direito está hierarquizado no tempo.
No entanto, a lei dispõem que a constituição do usufruto sucessivo só é valido para aqueles que, a
altura em que o primeiro começa a exercer estejam vivos. Evita-se, assim que se nomeia pessoas
por sucessão, tornando este um direito perpetuo. Não se considera, assim aqueles que ao
momento em que o primeiro começa a exercer o direito inda não estejam vivos.
Tendo em conta o facto de este ser um direito intuitu personae, dai retira-se que o usufruto não
possa ser transmitido por sucessão mortis causa, uma vez que o usufrutuário quando morre, o seu
direito extingue-se. Há, no entanto uma exceção a esta regra. Tem-se admitida a transmissão do
usufruto por mortis causa, por se entender que esta não prejudica o proprietário de raiz, sempre
que exista um prazo de duração e haja transmissão do usufruto para outra pessoa.
Ex: A constitui usufruto a favor de B e por sua vez este transmite a C. Como o que marca o usufruto é
o B, uma vez que é a favor deste que ele se constitui, se o C falece antes do B não há prejuízo para o
A se o usufruto se transmitir para os herdeiros de C. Isto porque, o prazo do direito é marcado pela
vida de B e não pela vida de C, e é com esse prazo que A tem de contar.
8º - Uso e Habitação
Estes são direitos de usufruto uma vez que dão direitos de uso e fruição e distinguem-se tendo em
conta o seu objeto. O direito de habitação incide sobre uma casa de morada enquanto o uso incide
sobre qualquer outro objeto que não seja uma casa de morada.
A grande especialidade deste é que são constituídas em função das necessidades quer do seu
titular, quer da sua família.
Como consequência desta especialidade, dispõem a lei que estes são direitos que:
A) Não podem ser transmitidos ou onerados
B) Não podem ser adquiridos por usucapião
Por sua vez, tendo em conta que estes são direitos constituídos tento em conta as necessidades
do seu titular, deixando essas necessidades de existir, o direito extingue-se por desnecessidade. No
entanto, isto não é automático, é necessário provar essa desnecessidade.
9º - Habitação Periódica
Este é uma modalidade do time sharing do uso e fruição de um imóvel durante um certo período
em cada ano civil.
É também um direito que só pode ser constituído sobre empreendimentos turísticos. O que
significa que se integra num conjunto imobiliário.
Pergunta-se, assim, como é que se trata da conservação e da administração quer das unidades
habitacionais quer das partes comuns dessas unidades.
Tendo isto em conta, no extremo poderíamos ter numa só unidade habitacional 52 titular de um
direito, isto a multiplicar ainda pelo número de unidades habitacionais existentes em cada conjunto
imobiliário.
Ora, em termos de administração, isto iria levantar grandes problemas se vise-mos isto como
compropriedade, uma vez que sempre que fosse necessário tomar uma decisão importante seria
reunir todos, o que em termos logísticos pode levar ao exagero.
Inventou-se, assim, um esquema em que os utentes são titulares de um direito menos parecido
com o usufruto. Assim, há um proprietário, que há de ser aquele construiu/adquiriu/etc., o
empreendimento turístico em causa.
Consegue-se, assim arranjar alguém para administrar e conservar as unidades habitacionais e as
partes comuns, sendo que os utentes apenas tem o direito de usar e fruir da coisa com os limites
do usufruto.
O titular do direito de habitação periódica tem o dever de contribuir para o proprietário para as
suas despesas de administração e conservação. A esta contribuição pode acrescer até 20% de
renumeração para o proprietário pelo facto de explorara o empreendimento.
A prestação devida configura-se como um ónus real. Esta tem uma como garantia o próprio direito
de habitação periódica sem necessidade de um ato constitutivo prévio.
10º - Servidão Predial
A servidão é um direto subjetivamente real, uma vez que a respetiva titularidade não é defenda
pela pessoa que beneficia, mas sim pela titularidade de outro direito real a que a servidão esta
associada.
Para haver servidão predial pressupõem-se:
A) Dois imoveis
B) Pertencentes a pessoas diferentes
C) Um dos prédios deve estar a proporcionar uma utilidade qualquer ao outro imóvel
Essa utilidade é dada ao titular do prédio que beneficia da utilidade. O prédio que da a utilidade é
o prédio serviente, o prédio que beneficia da servidão é o prédio dominante.
Só é servidão predial aquele que é concedida a um prédio. Se a servidão for concedia a uma
pessoa será uma servidão pessoal. A grande diference entre estas duas, é que, a servidão pessoal
não é um direito real, mas sim um direito de crédito.
Ex: Num café o proprietário queria conceder o direito de frequentar uma piscina que pertencia ao
prédio de um vizinho e esse estava disponível para permitir o acesso mediante uma renumeração.
Poem-se assim a questão de saber se a servidão é pessoal ou real. Se o direito de utilizar a piscina é
concedido ao prédio dominante onde esta esse café, trata-se de um benéfico para esse prédio. Por
sua vez se este fosse concedido ao proprietário do café para sua utilização exclusiva o direito que
esta a ser concedido já não é real.
As servidões legais são aquelas que, na falta de outro ato de constituição podem ser constituídas
por decisão judicial ou decisão administrativa. Ora, estas tem sempre de ser constituídas, no
entanto, se não forem constituídas por negócio jurídico podem ser constituídas por decisão judicial
ou decisão administrativa.
As servidões voluntarias são aquelas que não poem ser constituídas por decisão judicial ou decisão
administrativa.
A relevância da distinção é de que as legais estão tipificas, no sentido de que, a concretização das
leais é diferente das voluntarias. Enquanto as segundas apenas necessitam de seguir a tipificação
do Art. 1543º, as primeiras devem cumprir no só esse modelo mas também o modelo específico
dessa servidão.
Quando as servidões legais tenham sido constituídas por decisão judicial, representam uma forma
de expropriação para utilidade particular. Sendo assim, aquele que constitui unilateralmente o
direto (servidão) tem de indemnizar pelos danos causados.
Quer as servidões legais quer as servidões voluntarias podem extinguir-se pelos modos do 1569º,
nº1. Já as legais, podem ainda extinguir-se por desnecessidade qualquer que tenha sido a sua forma
de constituição. Quando as voluntarias, só as constituídas por usucapião é que podem ser extintas
por desnecessidade.
As servidões aparentes são àquelas que se revelam por sinais visíveis e permanentes.
As servidões não aparentes são aquelas que não se revelam por sinais visíveis e permanentes.
Estas não podem ser constituídas por usucapião nem por destinação do pai de família.
Outra consequência da distinção entre as servidões aparentes, é que, para as aparentes, o efeito
do registo é o enunciativo, sendo que para as não aparentes o efeito é o consolidativo.
Finalmente, as servidões aparentes podem ser defendidas por ações petitórias como por ações
possessórias. Tratando-se de servidões não aparentes, estas só podem ser defendidas por ações
petitórias.
Estas limitações legais podem ser impostas para defesa de interesses privados ou interesses
públicos. As primeiras podem ser afastadas através da constituição de uma servidão predial que
seja desvinculativa.
12º - Posse
Distinção entre Posse Formal e Posse Causal
Há posse é causal quando a aparência da titularidade esta justificada na titularidade efetiva do
direito que aparenta ter. A causa da posse é assim o direito que esta subjacente.
Há posse é formal quando a aparência da titularidade não se fundamenta na titularidade efetiva,
ou seja, quando existe a aparência do direto que realmente não existe. Não há assim, um direito
que justifique a posse.
A relevância entre esta distinção é que o possuidor tem os benefícios que a posse possa dar,
enquanto o detentor não pode servir-se desse benefícios
A ação de prevenção é aquela que se intenta quando o possuidor antecipa a possibilidade da sua
posse ser perturbada ou esbulhada, ou seja, receio que isso aconteça.
Tem legitimidade ativa para essa ação o possuidor e legitimidade passiva a pessoa que se
apresente como o possível esbulhador ou perturbador.
Em termos de prazo, este não existe e pode ser intentada enquanto o receio do possuidor
subsistir.
Ação de Restituição
Este é uma incidência de instância, mas funciona como uma ação declarativa enxertada no
processo principal.
Ora, esta pressupõe que a posse tenha sido afetada, ou haja o perigo de ser afetada por causa de
um ato judiciário.
Tem legitimidade para a ação o terceiro cuja posse seja afetada e tem legitimidade passiva a
pessoa que tenha dado causa aquela diligencia judicial.
Quanto aos prazos, este tem de ser deduzido no prazo de 30 a contar da data em que o ofendido
tenha conhecimento da sua execução, mas nunca depois do processo dentro do qual a diligencia foi
executada estar extinto.
12.4º - Usucapião
O usucapião tem dois pressupostos, a posse e o prazo. A posse é requisito uma vez que o
possuidor não pode invocar usucapião e o prazo porque a aquisição por usucapião não só uma
atividade por parte do possuidor, mas pressupõem também uma inercia das pessoas afetadas por
aquele que esta em condições de invocar o usucapião.
A posse tem de ser Efetiva, Publica e Pacifica.
Efetividade
De um modo geral, a posse para se conservar não tem de ser efetiva, bastando a possibilidade de
esta ser exercida (Art. 1257º).
Mas, para efeitos de usucapião o que esta em causa, e a concessão de um direito ao possuidor e
não apenas a manutenção da posse, mas sim, ter a posse para adquirir um direito.
Ora, a lei em lado nenhum diz que a posse para efeitos de usucapião tem de ser efetiva, sendo que
a única menção do assunto é feita no 1257º que refere que a posse se mantém ainda que não seja
efetiva.
Só que, de um modo geral, tirando a propriedade, os direitos reais extinguem-se pelo seu não
exercício do direito. O normal é que o não exercício de um direito provoque a sua extinção (Art.
298).
Logo, seria ilógico que o possuidor pudesse adquirir um direito pelo não exercício da posse. A
consequência seria afirmar que se podia adquirir um direito pelo seu não exercício, ainda que, regra
geral, o não exercício provoque a sua extinção.
Dai se entender que o primeiro requisito da possibilidade de invocar o usucapião é ter atuado de
forma efetiva.
Publica e Pacifica
A consequência de a posse ao ser publica e/ou pacifica é de que os prazos do usucapião não
começam a contar (Art. 1297º).
Prazo
A distinção principal é saber se a coisa objeto da posse é imóvel ou móvel, e dentro dos moveis
interessa saber se é um móvel sujeito a registo. Os prazos sãos mais longos para os imóvel e dentro
dos moveis, os prazos são mais longos para os moveis sujeitos a registo.
Subjacente aos prazos está e ideia de que os prazos são mais longos para aqueles bens que são
economicamente mais importantes.
Outros fator que mexe com os prazos é se a posse é de boa ou de má-fé, sendo mais curtos no
primeiro caso e mais longos no segundo.
Tratando-se de imoveis ou de moveis registáveis, a posse titulada só por si não tem relevância. O
título da posse só diminui o prazo se esse título for a registo. Ainda que haja título, se este não tiver
sido registado, o prazo é o mais longo.
Por sua vez, no casos dos móveis não sujeitos a registo, a mera existência do título tem relevância
nos prazos, sendo que este diminui os prazos de usucapião.
Existe ainda a possibilidade no caso dos imoveis ou dos moveis sujeitos a registo, chamado registo
da mera posse. É possível fazer o registo da mera posse.
Esta é a posse não titulada ou a titulada em que não houve registo do título. Para que esta posse
proceder, aquele que pretende o registo da mera posse tem de, perante o registo, através de um
processo de justificação, provar que é possuidor a mais de 5 anos e que essa posse é publica e
pacífica.
O possuidor que tiver cumprido o prazo aplicável ao caso, pode invocar o usucapião, não sendo
este um efeito automático, sendo que este só produz efeitos apos a sua invocação.
Sobre coisas imoveis não há ocupação, uma vez que as coisas imoveis sem dono fazem parte do
património do estado.
A diferença entre o apossamento para a aquisição da propriedade do apossamento para a
aquisição da posse (formal) esta em saber qual a situação da coisa. Se a coisa não tem dono então é
para a aquisição da posse, se por sua vez a coisa tem dono então é para a aquisição da posse
(formal).
2º - Achamento
Este é, na sua essência, o mesmo que a ocupação. Este dá-se, essencialmente quando alguém se
apossa de coisa móvel que tenha dono, mas que esta perdida.
Como tem dono a simples ocupação não aquisição da propriedade. Por isso é necessário cumprir
um procedimento para que o achador possa ser proprietário.
Para tal, o achado tem de ser anunciado ou tem de se dar aviso aos autoridades. Sobre a data em
que o achado seja anunciado ou que sejam avisadas as autoridades conta-se um ano, ao fim do qual
se a coisa não for reclamada o autor adquire a propriedade.
Em relação aos animais, há regras especiais. Aquele que encontra animal perdido tem o dever de
restituir ao dono se este o reclamar. Ora se o achador tiver suspeitas de que o proprietário que
reclama o ira maltratar pode não proceder a entrega. Isto não quer dizer que isto faça dele
proprietário.
3º - Acessão
Esta dá-se quando duas coisas pertencentes a donos diferentes unem-se de uma forma
inseparável, seja qual for a razão.
A acessão pode ser natural ou industrial. A natural revolta de factos da natureza. A industrial
pressupõem a ação humana.
A acessão distingue-se em mobiliaria e imobiliária. Esta é mobiliaria quando as coisas que se unem
são moveis, por sua vez, é imobiliária quando uma das coisas é imóvel.
Tratando-se de acessão mobiliaria importa saber se a junção é feita de boa ou de má-fé. Se atuou
de má-fé tem de indemnizar o outro pelo valor que este perdeu e por outros prejuízos que tenha
causado. Se atuou de boa-fé, ai importa saber o que é que valia mais antes da incorporação, sendo
que, o dono da coisa de maior valor passa a ser o dono do todo e tem de compensar o outro pelo
valor que este perdeu.
Tratando-se acessão imobiliária as regras são diferentes.
Classicamente segue-se o a regra de superfícies solo cedit, quer isto dizer que o que esta instalado
a superfície cede perante a propriedade do solo. Assim, o que for incorporado no solo passa a
pertencer ao seu proprietário. Ora, esta regra só vale perante nos caos do 1339º e do 1341º
quando a incorporação seja feita de má-fé.
Se o incorporador, que não o proprietário do solo, esta de má-fé o dono do solo tem dois direitos
pelos quais pode optar. Ou exige que as coisas sejam repostam da forma como estavam antes da
incorporação, ou em alternativa pode ficar proprietário do que foi incorporado indemnizando pelo
enriquecimento sem causa.
Havendo boa-fé de quem incorpora importa saber quais dais coisas é que vale, ficando
proprietário o dono da parte que vale mais, ficando na obrigação de indemnizar o outro pelo valor
que perdeu.
A acessão em sempre um beneficiário, uma vez que, dos dois proprietário, um deles vai ficar dono
do todo. A este chama-se o beneficiário da acessão.
A questão é de saber se esse beneficiário adquire automaticamente ou potestativamente, ou seja,
este adquire a direito logo que se de a junção das coisas ou se é necessário que o beneficiário
apareça a declarar que quer adquiri.
A opinião tradicional é no primeiro sentido, sendo que em algumas hipóteses a lei determina que
tenha de ser assim. No entanto, isto implica dizer que o beneficiário mesmo que não o queira tem
de adquirir. Ora, isto para alem de quebrar a regra de que qualquer aquisição depende do
consentimento do seu beneficiário, no caso concreto o beneficiário fica automaticamente com uma
obrigação de compensar o outro pelo valor que este perdeu, ou então pelo seu enriquecimento
sem causa.
Por força deste argumento, o professo entende que a acessão deve ser potestativa. Ora sendo ela
potestativa, isto significa que o montante da indemnização é determinado pelo valor das coisas ao
momento em que o beneficiário da acessão declara que quer adquirir e não o valor que as coisas
tinham a altura da sua junção.
Outra questão é saber quando é que estamos perante benfeitoria ou acessão, uma vez que esta
primeira também se da quando existe a junção de coisas pertencentes a pessoas diferentes. Isto
porque as regras para o levantamento das benfeitorias e para determinação de compensações são
diferentes da acessão.
O critério tradicional é o da existência de uma relação jurídica que justifica a realização da
benfeitoria. Assim, se aquele que faz a incorporação a faz porque tem uma relação jurídica
qualquer que lhe atribui o domínio de ato sobre a coisa, o caso é de benfeitoria. Logo, haverá
acessão quando a relação jurídica não exista que justifique o domínio de facto sobre a coisa.
O problema deste critério é de que, muito raramente se aplica o regime da acessão,
principalmente no caso dos imoveis. O segundo é que se altere as regras normais da avaliação, ou
seja, há certas coisas que já podem ultrapassar o que se entende como simples melhoria.
Dai que, para o professor, será mais adequado utilizar o critério que faz a distinção pela definição
de benfeitoria. Ora, há letra, benfeitoria é melhoramento. Assim só se pode de melhoramento
enquanto for possível distinguir uma coisa principal de uma coisa acessória. Assim que essa
distinção não for possível, trata-se de acessão.
No entanto, mesmo quando se trate de um caso de benfeitoria, se o levantamento da coisa não
for possível o proprietário da coisa que recebe a melhoria adquire por acessão, uma vez que este é
o modo de aquisição por junção de coisas.
4º - Especificação
A questão surge quando alguém, mediante o seu trabalho, transforma coisa móvel pertencente a
outra pessoa. O problema é saber é a quem pertence a coisa transformada.
Ora, antes de mais importa saber se o especificador esta e boa ou má-fé, ou seja, se sabe que a
coisa que esta a transforma é, ou não, alheia.
Estando de má-fé não adquire qualquer direito sobre aquilo que transformo.
Estando de boa-fé é necessário saber o que vale mais. Se o trabalho valer mais que a coisa, o
especificador adquire a propriedade para si e tem de compensar o dono da coisa. Se por sua vez a
coisa valer mais, o proprietário da coisa mantem-se, tendo este que compensar o especificador.
5º - Consolidação
Se na titularidade da mesma pessoa se reúnem direito real maior e direito real menor, o direito real
menor extingue-se.
No enanto, havendo direitos de terceiros, a extinção por consolidação pode não ocorrer durante
algum tempo.
6º - Perda ou Desaparecimento
A perda da coisa, ou ato equiparável implica a extinção dos direitos que incidiam sobre essa coisa.