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STEPHEN BIKO

Personagem de destaque na oposição ao Apartheid sul africano, Stephen Biko é uma das figuras mais
proeminentes do século XX na defesa dos direitos humanos.
Para que possamos ter uma idéia de quem foi e qual a importância de Biko, vejamos como surgiu a
República Sul Africana; a seguir, uma breve biografia e, por fim, uma bonita homenagem prestada ao
ativista.

TEXTO I
Um Pouco de História

O território que hoje constitui a África do Sul foi descoberto por navegadores portugueses do séc. XV.
Ao fim do séc. XVI, ingleses e holandeses começaram a usar a rota do Cabo no comércio com a Ásia.
Em 1647, o holandês Leendert Janssen naufragou no Cabo da Boa Esperança e ao voltar à sua terra
recomendou que a Companhia das Índias Orientais ali fundasse uma estação de reabastecimento.
Aceita a sugestão, armou-se uma expedição colonizadora que, comandada por Jan van Riebeek,
aportou no Cabo a 7 de abril de 1652, fundando um forte. Dez anos depois, a colônia tinha apenas 250
habitantes brancos, mas censo realizado em 1707 registrou a presença de 1.779 pessoas, sem contar
os funcionários da Companhia. A maior parte dessa população era de origem holandesa ou alemã,
havendo ainda cerca de 200 huguenotes franceses. Dessa gente descende a maioria dos atuais
afrikaners. Até fins do séc. XVIII, foi pequena a imigração para a colônia. A população branca dividiu-se
em três grupos:
1. Os moradores da Cidade do Cabo (funcionários, comerciantes, etc.).
2. Os agricultores da região Sudoeste.
3. Os pastores nômades do interior, os trekboeren, que foram expandindo o território através de lutas
contra os nativos. Ao encontrarem a vanguarda das tribos da numerosa nação banto, que migrava
para o Sul, com elas entraram em guerra. Tendo a princípio sofrido derrotas, apelaram para a
metrópole, não recebendo auxílio, proclamaram em 1795 as “repúblicas” de Graaff-Reinet e de
Swellendam.

Conquista Britânica

Mesmo com a dominação britânica de 1814, os afrikaners ainda ocupavam grande espaço nas decisões
políticas locais, muitas vezes criticando medidas adotadas pelo governo inglês.
Após 1870 a economia da África do Sul sofreu rápida transformação determinada pela descoberta de
diamante nos rios Vaal e Orange, pela abertura das minas de Kimberley e pelo aparecimento de ouro
em Witwatersrand. Grandes indústrias mineiras surgiram, formando-se cartéis.
A descoberta de ouro e diamantes atraiu para o Transvaal grande número de estrangeiros, na maioria
súditos britânicos, que em breve tornaram-se mais numerosos que os afrikaners que buscaram afastar
os indesejáveis ingleses do poder político provocando diversos atritos com as autoridades inglesas. Por
fim, os afrikaners conseguiram o direito de auto-adminstração em 1907.

A União Sul-Africana

Em 1908 e 1909 uma Assembléia Constituinte debateu e aprovou unanimemente uma Constituição
estabelecendo a União Sul-Africana. De 1910 a 1924, a nova União foi governada pelo Partido Sul-
Africano, coalizão dos antigos partidos afrikaners, sob a liderança de Louis Botha e J.C. Smuts. O fator
dominante nesse governo, como em toda a história do país, foi a política racial.
Em 1933 o governo fez votar a legislação segregacionista de seu programa e expandiu a assistência
social do Estado e seu sistema educacional.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o país foi palco de uma grande revolução industrial. A
crescente urbanização da população branca e dos bantos aguçou o problema racial. Em 1948 foi
lançada a teoria do apartheid, segundo a qual as raças branca e negra deveriam desenvolver-se
segundo suas próprias tendências em regiões separadas. Vencendo as eleições, os nacionalistas
votaram uma série de leis segregacionistas que retiraram aos negros os direitos civis nas regiões
ocupadas pelos brancos. Distúrbios raciais sucederam-se através dos anos, à medida que crescia a
consciência política dos bantos. O mais grave deles ocorreu em 1960, em Shaperville, quando numa
manifestação contra o sistema de passes, 67 negros foram massacrados pela polícia; os distúrbios
culminaram com um atentado a tiros contra o Primeiro-Ministro Hendrik F. Verwoerd.

A Oposição ao Regime

Nas eleições gerais de abril de 1974, o Partido Nacionalista, formado por afrikaners conservadores e
criador da teoria do apartheid, conquistou sua sétima vitória sucessiva desde 1948. Durante os quase
30 anos em que se encontravam no poder, os nacionalistas já haviam consolidado sua política de
desenvolvimento separado para brancos e negros, mediante todo um conjunto de leis visando a
assegurar a supremacia branca e através de medidas políticas destinadas a sufocar a oposição. Além
da oposição interna, o governo sul-africano enfrentava a oposição externa, esta feita principalmente
através da O.N.U., cuja Assembléia-Geral recomendou aos países-membros, em 1962, a aplicação de
sanções econômicas à África do Sul, assim como o rompimento de relações diplomáticas. Contudo,
fatores diversos aliaram-se para tornar essas resoluções pouco efetivas. Entre tais fatores destacam-se
o fato de a África do Sul ser o produtor mundial de ouro - o que empresta importância vital à sua
participação no sistema monetário internacional -, sua ferrenha posição anticomunista e sua condição
de guardiã natural da rota marítima do Cabo.

Apartheid
O conceito de apartheid surgiu na década de 40 com base na idéia de que deveria haver um
“desenvolvimento separado” de brancos e negros na República da África do Sul. Na prática, isso
significou um racismo que, por ser institucionalizado e oficializado por leis até 1991, não encontrava
paralelo no restante do mundo.
Os direitos, até essa data, eram distribuídos de forma desigual, de acordo com a cor dos indivíduos: os
brancos usufruíam do direito de propriedade, de votarem e serem eleitos, de salários maiores; em
seguida, vinham os asiáticos e mestiços, com direitos mais restritos e, por último, os negros, os mais
desfavorecidos do ponto de vista legal, conforme se pode observar nesses dois exemplos de leis até há
pouco vigentes:

Ø Nenhum africano podia atuar como membro de um júri eleito para juízo criminal, mesmo que o
acusado fosse um africano.
Ø Uma pessoa branca e uma negra estavam proibidas de tomarem juntas uma xícara de chá em
qualquer estabelecimento comercial do gênero em toda a África do Sul, exceto se tivesse autorização
especial para isso.

Entre 1983 e 1988, algumas conquistas importantes foram conseguidas pelos movimentos anti-
apartheid. Entre elas: o fim da lei do passe ou passaporte, que obrigava os negros a usarem crachás
para circularem pelas ruas, e da lei dos matrimônios mistos, que proibia os casamentos entre grupos
raciais diferentes. Também nesse período foram abolidas a proibição de partidos políticos multirraciais e
as cortes de justiça especiais para negros. Além disso, foram criadas áreas residenciais multirraciais
(mestiços e asiáticos).
Outras vitórias importantes na luta contra o racismo podem ser citadas:
- legalização do Congresso Nacional Africano (CNA), um partido político negro presidido por Nelson
Mandela e proscrito desde 1960;
- legalização do Partido Comunista;
- diminuição da censura à imprensa;
- regulamentação para a realização de atos públicos por negros, até então proibidos;
- permissão para os negros abrirem estabelecimentos comerciais fora dos bantustões (áreas
destinadas aos negros).

Embora as autoridades sul-africanas tenham decretado o fim legal do apartheid, isso não significa que a
segregação social e econômica tenha realmente chegado ao seu final. Tanto negros quanto brancos
“progressistas” terão que enfrentar ainda uma luta que ultrapassa a questão racial - a luta pela
democratização de todos os direitos políticos, sociais e econômicos, o que só acontecerá com a
promulgação de uma constituição que confira os mesmos direitos a todas as raças. Se isso ocorrer
haverá uma probabilidade maior de harmonia entre negros e brancos e, acima de tudo, de uma união
entre os próprios negros, vítimas da fragmentação imposta em sua identidade pelos brancos.

Adaptado de http://sites.uol.com.br/mafujii/conheca/geografia/africadosul.htm

TEXTO II

QUEM FOI STEVE BIKO?

O líder sul-africano Banto Stephen Biko, também conhecido como Steve Biko, nasceu em 18 de
dezembro de 1946, em King William’s Town, próximo da Cidade do Cabo, no extremo sul da África do
Sul, e foi morto no dia 12 de setembro de 1977 após ser preso e torturado, por quase 24 horas
ininterruptas, pela polícia política sul-africana. Os cinco policiais que o torturaram só confessaram o
crime vinte anos depois de sua morte, em troca de anistia.
Após ter completado com sucesso os estudos secundários, em 1966 ingressou no curso de Medicina da
Universidade de Natal. Logo em seguida, começou, de forma ativa e entusiasmada, a atividade política.
No ano seguinte, já participava ativamente do movimento estudantil, destacando-se nas conferências
devido a sua inteligência e poder de argumentação. Fundou e foi o primeiro presidente da OESA –
Organização dos Estudantes da África do Sul.
Foi um dos grandes idealizadores e articuladores do Movimento de Consciência Negra, que objetivava o
resgate da auto-estima e dos valores ancestrais do seu povo, preparando-os para o combate ao
sistema de opressão e submissão a que estavam subjugados. Biko trabalhava por compulsão, varando
noites, na leitura e na produção intelectual de textos que justificassem a sua ideologia de luta.
Publicava-os em panfletos chamados ESCREVO O QUE EU QUERO, assinados com o pseudônimo de
Frank Talk.
Foi um dos principais líderes sul-africanos, juntamente com Nelson Mandela. Deixou um legado de luta
calcado no Movimento de Consciência Negra e no desenvolvimento dos Programas de Assistência à
Comunidade, voltado para atender às necessidades básicas de sua gente.
"A Consciência Negra é, em essência, a percepção pelo homem negro da necessidade de
juntar forças com seus irmãos em torno da causa de sua atuação – a negritude de sua pele –
e de agir como um grupo, a fim de se libertarem das correntes que os prendem em uma
servidão perpétua. Procura provar que é mentira considerar o negro uma aberração do
“normal”, que é ser branco. É a manifestação de uma nova percepção de que, ao procurar
fugir de si mesmos e imitar o branco, os negros estão insultando a inteligência de quem os
criou negros. Portanto, a Consciência Negra toma conhecimento de que o plano de
Deus deliberadamente criou o negro negro. Procura infundir na comunidade negra um
novo orgulho de si mesma, de seus esforços, seus sistemas de valores, sua cultura,
religião e maneira de ver a vida. "
Steve Biko

Extraído de http://www.stevebiko.org.br/quem_foi.html

TEXTO III BIKO

Setembro de 1977
Biko Clima agradável no Porto Elizabeth
September '77 A rotina era a mesma
Port Elizabeth weather fine Na sala policial 619
It was business as usual Oh, Biko, Biko, Por que Biko?
In police room 619 Oh, Biko, Biko, Por que Biko?
Oh Biko, Biko, because Biko Yihla Moja, Yihla Moja –O Homem está morto.
Oh Biko, Biko, because Biko
Yihla Moja, Yihla Moja -The man is dead Quando tento dormir à noite
Meus sonhos são vermelhos
When I try to sleep at night Lá fora o mundo é negro e branco
I can only dream in red Com apenas uma cor morta.
The outside world is black and white Oh, Biko, Biko, Por que Biko?
With only one colour dead Oh, Biko, Biko, Por que Biko?
Oh Biko, Biko, because Biko Yihla Moja, Yihla Moja –O Homem está morto.
Oh Biko, Biko, because Biko
Yihla Moja, Yihla Moja -The man is dead Você pode assoprar uma chama
Mas não pode fazê-lo com uma fogueira
You can blow out a candle Uma vez que as fagulhas incendeiam algo
But you can't blow out a fire O vento as tornará maiores.
Once the flames begin to catch Oh, Biko, Biko, Por que Biko?
The wind will blow it higher Oh, Biko, Biko, Por que Biko?
Oh Biko, Biko, because Biko Yihla Moja, Yihla Moja –O Homem está morto.
Yihla Moja, Yihla Moja -The man is dead
E os olhos do mundo
And the eyes of the world are watching now Agora estão vigilantes
watching now Agora estão vigilantes

Compositor: Peter Gabriel Compositor: Peter Gabriel


Álbum: Melt Álbum: Melt
Ano: 1980. Ano: 1980.
Gravadora: Real World Gravadora: Real World

Tradução – Jorge Claudio Bastos

Roteiro de leitura

1) Como ficou dividida a população da África do Sul a partir da colonização européia iniciada no século
XVIII?

2) Descreva, em linhas gerais, as características da política do Apartheid.

3) Segundo o Texto I, a extinção do Apartheid promoveu a igualdade entre brancos e negros na África
do Sul? Justifique sua resposta.

4) Descreva o objetivo do Movimento Consciência Negra.

5) Existe alguma relação entre Stephen Biko e Nelson Mandela?

6) O que Biko quis dizer com “negro negro” ?

7) Faça uma breve redação inspirada nas idéias contidas na música “Biko” de Peter Gabriel.
- Apresente aos alunos a música “Biko” e, juntamente com o Professor de Inglês, tente fazer uma outra
tradução livre da letra.

- Com o apoio do Professor de Geografia, descreva a economia sul africana e sua importância para a
economia mundial.

- Caso queira trabalhar com outras músicas relativas ao tema, uma sugestão interessante é “Mandela
Day”, do grupo Simple Minds/ Álbum Street Fighting Years, de 1989.

- Quanto a filmes, “Um Grito de Liberdade” (Cry Freedom), de Richard Attenborough, Inglaterra, 1987
é uma dica interessante, pois trata da vida de Stephen Biko. Assista também “O poder de um jovem”
(Power of One, EUA, 1992) sobre o regime do Apartheid na África do Sul.

Sites para pesquisa:

http://geocities.yahoo.com.br/siteafricadosul/APARTHEID2.htm - A origem do regime


http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u13355.shtml - A África do Sul pós-apartheid
http://www.historianet.com.br/main/mostraconteudos.asp?conteudo=50 - A injustiça do regime africano
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2002/020912_bikors.shtml - O legado de Stephen Biko

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